Iroko

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Iroko (Chlorophora excelsa) - Árvore africana, também conhecido como Rôco, Irôco, é um Orisa, cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponderia ao Nkisi Tempo na Angola/Congo. Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da terra (Oduduwa) aos homens. Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu, a tudo resistirá. Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Oduduwa, a Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da vida. É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital, que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz, desde que saibamos reverencia-la e louvá-la. É também conhecido, nos candomblés como "Tempo", embora esta seja uma designação própria do rito angola. Senhor do dia, da tarde e da noite. Este Orixá está sempre em movimento, se assemelhando àExú neste aspecto, pois ambos são dinâmicos. Irôko está ligado às árvores e aos quatro elementos da natureza (ar, terra, água e fogo). Por isso representa as estações do ano. Iroko é considerado um Orixá e tratado como tal, principalmente nas casas tradicionais de nação ketu. É tido como Orixá raro, ou seja, possui poucas filhas e raramente se vê Irôko manifestado. Para alguns, possui fortes ligações com os Orixá chamados Iji, de origem daomeana: Nanã, Obaluaiyê, Oxumarê. Para outros, está estreitamente ligado a Xangô. Seja num caso ou noutro, o culto a Irôko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias. desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem. Iroko está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos. É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o

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Iroko (Chlorophora excelsa) - Árvore africana, também conhecido como Rôco, Irôco, é um Orisa, cultuado no candomblé do Brasil pela nação Ketu e, como Loko, pela nação Jeje. Corresponderia ao Nkisi Tempo na Angola/Congo. Iroko representa o tempo. É a árvore primordial. A primeira dádiva da terra (Oduduwa) aos homens.

Existe desde o princípio dos tempos e a tudo assistiu, a tudo resistiu, a tudo resistirá.Iroko é a essência da vida reprodutiva. Do poder da terra. Alguns mitos dizem que Iroko é o cajado de Oduduwa, a Terra, que através dele ensina aos homens o sentido da vida.

É também a permanência dentro da impermanência e impermanência na permanência. O ciclo vital,que não muda com o transcorrer da eternidade. A infinita e generosa oferta que a natureza nos faz,desde que saibamos reverencia-la e louvá-la. É também conhecido, nos candomblés como "Tempo",embora esta seja uma designação própria do rito angola. 

Senhor do dia, da tarde e da noite. Este Orixá está sempre em movimento, se assemelhando àExú neste aspecto, pois ambos são dinâmicos.Irôko está ligado às árvores e aos quatro elementos da natureza (ar, terra, água e fogo). Por isso representa as estações do ano.

Iroko é considerado um Orixá e tratado como tal, principalmente nas casas tradicionais de nação ketu. É tido como Orixá raro, ou seja, possui poucas filhas e raramente se vê Irôko manifestado. Para alguns, possui fortes ligações com os Orixá chamados Iji, de origem daomeana: Nanã, Obaluaiyê, Oxumarê. Para outros, está estreitamente ligado a Xangô. Seja num caso ou noutro, o culto a Irôko é cercado de cuidados, mistérios e muitas histórias.  desagradar Iroko, pois ele costuma perseguir aqueles que lhe devem. Iroko está ligado à longevidade, à durabilidade das coisas e ao passar do tempo pois é árvore que pode viver por mais de 200 anos. É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. 

Conhecido e respeitado na Mesopotâmia e Babilónia como Enki, o Leão Alado, que acompanha todos os seres do nascimento ao infinito; cultuado no Egito como Anúbis, o deus Chacal que determina a caminhada infinita dos seres desde o nascimento até atravessar o Vale da Morte. Também venerado como Teotihacan entre os Incas e Viracocha entre os Maias como o Senhor do Início e do Fim; também presente no Panteão Grego e Romano, onde era conhecido e respeitado como Cronus, o Senhor do Tempo e do Espaço, que abriga e conduz a todos inexoravelmente ao caminho da Eternidade. É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade. 

Iroko representa a ancestralidade, os nossos antepassados, pais, avós,

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bisavós, etc., representa também o seio da natureza, a morada dos Orixás. Desrespeitar Iroko (a grande e suntuosa árvore) é o mesmo que desrespeitar a sua dinastia, os seus avós, o seu sangue" Iroko representa a história do Ylê (casa), assim como do seu povo" protegendo-o sempre das tempestades. Em todas as reuniões dos Orixás está sempre presente Iroko, calado num canto, anotando todas as decisões que implicam diretamente na sua ação eterna. É um Orixá pouco conhecido dos seres vivos ou mortos, nascidos ou por nascer. Toda a criação está nos seus desígnios. É o Orixá Iroko, implacável e inexorável, que governa o Tempo e o Espaço, que acompanha, e cobra, o cumprimento do Karma de cada um de nós, determinando o início e o fim de tudo. É o Tempo também das mudanças climáticas, as variações do tempo-clima. Guardião das florestas centenárias é o coletivo das árvores grandiosas, guardião da ancestralidade.

Em África, a sua morada é a árvore iroko, Milicia excelsa (antes classificada como Chlorophora excelsa), chamada “amoreira africana” na África de língua portuguesa. É uma árvore majestosa, encontrada da Serra Leoa à Tanzânia, que atinge 45 metros de altura e até 2,7 metros de diâmetro.

No Brasil, onde essa árvore não existe, diz-se que Iroko habita a gameleira branca, Ficus gomelleira ou Ficus doliaria (também chamada figueira-branca, guapoí, ibapoí, figueira-brava e gameleira-branca-de-purga). Nos terreiros, costuma-se manter uma dessas árvores como morada de Iroko, assinalada por um “ojá” (laço de pano branco) ao seu redor. Já Kitembo é o Nkisi das transformações o que guia o seu povo nômade através da sua bandeira branca, assim todos, por longe que esteja pode se unir ao líder, por que o mastro da sua bandeira é tão alto que pode ser visto de qualquer lugar. O que não deixa os caçadores perdidos (pois os Nkisis são, em sua natureza primeira todos caçadores e guerreiros, pois assim a aldeia e seus descendentes estariam garantidos). Nzara Ndembu (gloria ao tempo) ou Zaratempô. Ligado à ancestralidade, devido a sua ligação com Kaviungo. Este é o menos sincretizado, embora muitos o concebam como Irôko/Loko, da mitologia Jeje/Nagô. É representado, nas casas Angola e Congo, por um mastro com uma bandeira branca, também chamada de Bandeira de Tempo.