Invente Seu Próximo Emprego _ Daniel Whately _ LinkedIn

3
Invente seu próximo emprego 11 de dez de 2015 7.017 visualizações 418 pessoas gostaram 88 comentários Em 2010 comecei a ler, por acaso, o livro O Ócio Criativo do sociólogo italiano Domenico de Masi. Quase abandonei a leitura quando, ainda na introdução, descobri que o lema do autor é “O homem que trabalha perde tempo precioso”. Absurdo, pensei, não é o trabalho que dignifica o homem? Não é para o trabalho que somos criados desde criancinhas? Maternal, préescola, ensino médio, vestibular, faculdade e... Trabalho? E justo no momento em que eu estava a todo vapor em uma grande empresa de consultoria, coordenando uma equipe grande com metas ousadas, prazos apertados, orçamento idem, havia devorado alguns livros de gestão do guru Peter Drucker, assinava revistas onde apareciam na capa aqueles super executivos de 30 anos de idade com aparência de 50, me aparece esse italiano que tem como filosofia de vida trabalhar o menos possível! Pois é, como costumava ler no metrô, no caminho para o trabalho e não havia outra atividade mais interessante a fazer, dei uma chance ao gringo e prossegui com a leitura. O resultado disso foi uma mudança radical da minha percepção sobre as relações de trabalho, a qualidade do meu tempo livre e do meu futuro profissional. Na teoria de De Masi “o futuro pertence a quem souber libertarse da ideia tradicional do trabalho como obrigação e for capaz de apostar numa mistura de atividades onde o trabalho se confundirá com o tempo livre e o estudo, exercitando o ócio criativo”. E hoje, em plena era pósindustrial, ou era do conhecimento toda essa filosofia do ócio criativo se aplica perfeitamente e arrisco dizer que não viveremos plenamente essa sociedade da criatividade, como se referia Alvin Toffler ainda em 1998, sem as mudanças

description

xcvx

Transcript of Invente Seu Próximo Emprego _ Daniel Whately _ LinkedIn

Invente seu próximo emprego

11 de dez de 2015 7.017 visualizações

418 pessoas gostaram 88 comentáriosEm 2010 comecei a ler, por acaso, o livro O Ócio Criativo do sociólogo italiano Domenico

de Masi. Quase abandonei a leitura quando, ainda na introdução, descobri que o lema do

autor é “O homem que trabalha perde tempo precioso”.

Absurdo, pensei, não é o trabalho que dignifica o homem? Não é para o trabalho que

somos criados desde criancinhas? Maternal, pré­escola, ensino médio, vestibular,

faculdade e... Trabalho?

E justo no momento em que eu estava a todo vapor em uma grande empresa de

consultoria, coordenando uma equipe grande com metas ousadas, prazos apertados,

orçamento idem, havia devorado alguns livros de gestão do guru Peter Drucker, assinava

revistas onde apareciam na capa aqueles super executivos de 30 anos de idade com

aparência de 50, me aparece esse italiano que tem como filosofia de vida trabalhar o

menos possível!

Pois é, como costumava ler no metrô, no caminho para o trabalho e não havia outra

atividade mais interessante a fazer, dei uma chance ao gringo e prossegui com a leitura.

O resultado disso foi uma mudança radical da minha percepção sobre as relações de

trabalho, a qualidade do meu tempo livre e do meu futuro profissional.

Na teoria de De Masi “o futuro pertence a quem souber libertar­se da ideia tradicional do

trabalho como obrigação e for capaz de apostar numa mistura de atividades onde o

trabalho se confundirá com o tempo livre e o estudo, exercitando o ócio criativo”.

E hoje, em plena era pós­industrial, ou era do conhecimento toda essa filosofia do ócio

criativo se aplica perfeitamente e arrisco dizer que não viveremos plenamente essa

sociedade da criatividade, como se referia Alvin Toffler ainda em 1998, sem as mudanças

profundas nas relações de trabalho que o sociólogo italiano sugere.

O mais incrível é que a leitura do Ócio Criativo, ao invés de contrapor, complementou o

livro de Peter Drucker, o pai da administração moderna, que já previa essa mudança com

a substituição do poder por responsabilidade, isto é, ao invés da combinação de posição e

poder, na organização do futuro a mistura tem de ser de compreensão mútua e

responsabilidade. Segundo ele “está na hora de deixarmos de pensar em empregos ou

carreiras como no passado e pensar em termos de assumir atribuições uma depois da

outra”.

Nesta nova sociedade o poder claramente se deslocou dos donos das empresas para os

donos do conhecimento inovador, o patrimônio físico, os bens materiais perderam

posição para os bens imateriais, o design, a estética, os valores inovadores que dependem

da criatividade. Por isso esta será a sociedade da criatividade.

E como seremos inovadores, criativos se vivemos / trabalhamos como os operários da

época da revolução industrial no século XVIII? Acordamos todos na mesma hora,

seguimos em procissão para o trabalho realizado, geralmente, em ambientes

monocromáticos, termicamente controlados e motivados à base daquele cafezinho

intragável. Almoçamos todos na mesma hora e retornamos de tarde à mesma rotina

matinal até que se cumpram as horas contratuais ou além, para demonstrar

comprometimento ou a convicção (equivocada) de que quanto mais tempo se passar no

local de trabalho mais se produzirá.

De Masi defende que a quantidade total de ideias produzidas não é diretamente

proporcional à quantidade de horas de permanência no interior da empresa. É

exatamente o contrário: quanto menos se sai da empresa, menos se recebe estímulos

criativos.

E é aí que o lema “O homem que trabalha perde tempo precioso” começa a fazer sentido.

Quem exerce o trabalho contemporâneo ao qual fomos educados segundo o modelo

americano, que só será feliz aquele que trabalhar bem (ou muito) certamente não tem

tempo para desenvolver outras atividades alheias àquelas voltadas ao seu objeto de

trabalho e que podem contribuir para seu desenvolvimento pessoal, sua capacidade

cognitiva, enfim, sua criatividade. Na maioria dos casos o sujeito não tem tempo para

cuidar da própria saúde!

Como este profissional se manterá competitivo em um mercado onde a inovação é a

maior virtude? Hierarquias flexíveis irão surgir para acompanhar o poder descentralizado

das redes de produção. A era da criatividade também será a era do trabalho freelance,

colaborativo e, de certa forma, inseguro. O trabalho já não é mais o lugar aonde você vai

todos os dias, trabalho já é o que você faz, as atividades que você desempenha. As pessoas

não serão mais remuneradas apenas pela presença física, cada vez mais o desempenho e a

performance serão considerados.

E você? Está se preparando para viver nesta sociedade da criatividade e do

empreendedorismo como um profissional do conhecimento ou um operário do século

XVIII?