Introdução - Sicomércio · O saldo de admissões e desligamentos1, calculado a partir dos dados...

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IntroduçãoO Instituto Fecomércio de Pesquisa e Análises (IFec RJ) atua na produção de informações socioeconômicas com foco regional e setorial, com a finalidade de auxiliar empresários e gestores públicos no processo de tomada de decisões baseadas em evidências, ao identificar e acompanhar as condições de vida e demandas da população.

O Boletim Analítico Estadual é uma das publicações periódicas que compõem o Mapa de Indicadores IFec RJ. Tem por objetivo monitorar trimestralmente os dados socioeconômicos do estado do Rio de Janeiro (ERJ), utilizando como parâmetro os dados agregados do Brasil e, sempre que possível, os desagregados da Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ) e interior do Rio.

A presente publicação, tal como as duas edições anteriores, traz uma sucinta análise dos indicadores sobre o mercado de trabalho, com ênfase no desemprego, informalidade e rendimento laboral. O estudo foi elaborado em parceria com o Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (IETS).

As fontes de informação utilizadas são a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad-C), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), divulgado pelo Ministério da Economia. Como dito, esta análise é uma atualização do Boletim que é produzido trimes-tralmente, tendo como referência os últimos dados disponíveis das bases de referência.

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Emprego

EVOLUÇÃO DA TAXA DE DESEMPREGO (%), BRASIL E ERJ - 2012/1T A 2019/3T

Conforme já apontada nas edições anteriores do Boletim, a depreciação do emprego torna-se substancial a partir de 2015 até meados de 2017, tanto no Brasil quanto no estado do Rio. Entre outras variáveis que expressam a crise laboral, a taxa de desemprego cresce de forma vertiginosa nesse período, ocorrendo de forma muito mais acelerada no ERJ. A partir do segundo trimestre de 2016, período que marca o fim das Olimpíadas 2016, a taxa média fluminense ultrapassa a nacional.

Segundo dados da Pnad-C, do início do ano ao terceiro trimestre é possível verificar um decréscimo dos níveis de desemprego em todas as regiões analisadas. A taxa de desem-prego do Brasil é de 11,8%, enquanto no ERJ, 14,5%. No segundo trimestre do ano, as taxas eram 12,0% e 15,1%, respectivamente – revelando uma recuperação ligeiramente maior no ERJ. Ainda assim, os números permanecem expressivos: são 12,5 milhões de pessoas desempregadas no Brasil, e cerca de 1,3 milhão, no estado do Rio.

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 1T2T 2T3T 3T4T4

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2019

11,8

14,5

Brasil ERJ RMRJ Interior

Fonte: Pnad-C

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TAXA DE DESEMPREGO (%) POR GRUPOS DE IDADE, BRASIL E ERJ - 2019/3T

Analisando o desemprego por grupos de idade, nota-se que há um forte viés juvenil, entre 14 e 24 anos de idade, especialmente no ERJ. Nesta faixa etária, verifica-se as maiores diferenças em relação às médias nacionais. No terceiro trimestre deste ano, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos, do estado do Rio, alcançou 33,7%, ligeiramente inferior ao verificado no segundo trimestre, 35,6%. Entre os adolescentes de 14 a 17 anos, que podem trabalhar sob condição específica de Jovem Aprendiz, o desemprego: 53,7%. No Brasil, a taxa também é alta: 40,6%.

Todavia, considerando a proporção de jovens entre 14 e 24 anos no total de desocupados, existe uma considerável diferença entre Brasil e ERJ. Em nível nacional, este grupo etário responde por praticamente 40% dos desocupados. Já os jovens fluminenses correspondem 32,1% dos desocupados no estado.

Brasil Rio de Janeiro

Total 14 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 39 anos 40 a 59 anos 60 anos ou +

11,814,5

40,6

53,6

25,7

33,7

10,014,7

7,19,5

4,67,1

Fonte: Pnad-C

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O saldo de admissões e desligamentos1, calculado a partir dos dados do CAGED, também é outro indicador utilizado para acompanhar a evolução do emprego. De janeiro a outubro de 2019, o estado do Rio passa a apresentar saldo positivo, o que indica a criação de novos postos de trabalho (+7.255). Em relação aos setores de atividades, serviços apresentou bom desempenho com a criação de 11.392 postos de trabalho, resultado acumulado entre janeiro e outubro. Na contramão, o setor de comércio segue demitindo mais do que contratando, com fechamento de 10.235 postos de trabalho no mesmo período.

A tabela a seguir elenca as dez ocupações que mais admitiram e aquelas que mais de-mitiram, entre janeiro e outubro do ano corrente, no estado do Rio. Entre as ocupações que mais contrataram, destacam-se as ocupações de faxineiro, auxiliar de escritório e servente de obras – corroborando com os resultados positivos de serviços e construção civil. Por outro lado, entre as ocupações que mais demitiram colocam-se as relacionadas ao setor do comércio: vendedor de comércio varejista, supervisor administrativo e operador de caixa.

1 O saldo é a diferença entre as contratações e a demissões registrados no CAGED.

SALDO ACUMULADO DE ADMISSÕES E DEMISSÕES POR SETOR, ERJ – JANEIRO A OUTUBRO 2019

Font

e: C

AGED

TotalOutrosAdministraçãoPública

AgropecuáriaServiços

Comércio

ConstruçãoCivil

Indústria

-822

600

6.133

-10.235

11.392

59 128

7.255

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RANKING DAS 10 OCUPAÇÕES COM MAIORES E MENORES SALDOS DE ADMISSÕES E DEMISSÕES, ERJ – JANEIRO A OUTUBRO 2019

Fonte: CAGED

Nota:última consulta em 04/12/19. http://bi.mte.gov.br/bgcaged/caged_perfil_municipio/index.php

OCUPAÇÕES COM MAIORES SALDOS SALDO OCUPAÇÕES COM MENORES SALDOS SALDO

Faxineiro 4.348 Vendedor de Comercio Varejista -5.456

Servente de Obras 3.860 Operador de Caixa -2.880

Auxiliar de Escritorio, em Geral 3.805 Supervisor Administrativo -2.637

Recepcionista, em Geral 2.425 Operador de Telemarketing Ativo e Receptivo -2.222

Assistente Administrativo 1.925 Motorista de Onibus Urbano -1.584

Atendente de Lojas e Mercados 1.850 Gerente de Loja e Supermercado -1.572

Repositor de Mercadorias 1.654 Agente Comunitario de Saude -1.571

Tecnico de Enfermagem 1.631 Cobrador de Transportes Coletivos (Exceto Trem) -1.357

Auxiliar de Desenvolvimento Infantil 1.586 Cozinheiro Geral -1.341

Atendente de Lanchonete 1.495 Gerente Administrativo -1.322

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InformalidadeComo observado anteriormente, a partir de 2015, o desemprego cresceu de forma bastante acelerada no Brasil, ainda mais expressivamente no estado do Rio. Com isso, muitos trabalhadores buscam na informalidade uma possibilidade de trabalho e renda. No terceiro trimestre de 2019, os dados da Pnad-C apontam para um aumento do número de ocupados que trabalhavam por conta própria ou sem carteira de trabalho assinada – posições consideradas informais. No Brasil, os informais somam 43,4 milhões de pessoas, correspondente a 46,1% do total de ocupados.

A informalidade também é crescente no estado do Rio: 43,8% dos ocupados trabalham na posição de conta própria ou sem carteira. No estado, há cerca de 3,3 milhões de ocu-pados informais. Destes, 64% são trabalhadores por conta própria. Pode-se dizer, ainda, que o crescimento da informalidade fluminense se deveu muito mais ao crescimento de trabalhadores por conta própria.

Comparando os terceiros trimestres de 2012 e 2019, revela-se que o trabalho por conta própria cresceu 32,2%, ao passo que o trabalho sem carteira assinada, pelo contrário, diminuiu (-1,3%). Com o fim das Olimpíadas Rio 2016, em meados daquele ano, o per-centual de conta própria no total de ocupados do estado ultrapassa a média nacional. Os últimos dados divulgados indicam que 28% dos ocupados no ERJ trabalham por conta própria. No Brasil, abrangem 26% do total de ocupados.

Os trabalhadores por conta própria concentram-se nos setores de comércio e serviços. Juntos abrangem 60,4% dos conta própria no Brasil. No estado do Rio, a proporção é ainda maior: 70,2% dos trabalhadores por conta própria se encontram nestes setores - sendo que na RMRJ, essa proporção é 73,6%.

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EVOLUÇÃO DO PERCENTUAL DE TRABALHADORES POR CONTA PRÓPRIA E SEM CARTEIRA NO TOTAL DE OCUPADOS BRASIL E ERJ - 2012/1T A 2019/3T

26,0

20,1

15,8

28,0

Conta própria Brasil Conta própria ERJSem carteira Brasil Sem carteira ERJ

10

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16

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22

24

26

28

30

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 1T2T 2T3T 3T4T

2019

A próxima seção irá apresentar a evolução do rendimento do trabalho nos últimos sete anos.

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Rendimento do trabalhoO estado do Rio apresenta o terceiro maior rendimento do trabalho2 do País (R$ 2.677), cerca de 20% maior que a média nacional (R$ 2.223). Entre o primeiro e terceiro trimestre deste ano, o rendimento real do trabalhador fluminense permaneceu praticamente estável – apresentando pequeno crescimento de 1,2% no período. Impressionam, contudo, as disparidades de renda no estado: a RMRJ apresenta rendimento médio do trabalho principal 45,6% maior que o interior (R$ 2.941 contra R$ 2.019).

2 Rendimento médio real do trabalho principal, habitualmente recebido por mês, pelas pessoas de 14 anos ou mais de

idade, ocupadas na semana de referência, com rendimento de trabalho (Reais)

EVOLUÇÃO DO RENDIMENTO MÉDIO REAL DO TRABALHO PRINCIPAL (EM REAIS), BRASIL E ERJ - 2012/1T A 2019/3T

Fonte: Pnad-C

2.223

2.677

2.941

2.019

1.900

2.100

2.300

2.500

3.100

2.900

2.700

Brasil ERJ RMRJ Interior

2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018

1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 2T 3T 4T 1T 1T2T 2T3T 3T4T

2019

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De acordo com dados da Pnad-C, a remuneração real média do trabalhador fluminense apresentou aumento de 15,8% entre os terceiros trimestres de 2012 e 2019 – ao passo que para o trabalhador brasileiro o crescimento médio foi bem mais modesto: 4,3%. Os dados revelam ainda que, no interior do estado, os trabalhadores sofreram uma perda de 9,3% na sua renda laboral, enquanto na RMRJ percebeu-se ganho extraordinário de 23,7%.

Os dados apontam que, independentemente da posição, ocupações informais implicam menores rendimentos. No ERJ, entre os empregados do setor privado, não ter carteira de trabalho assinada, por exemplo, implica uma remuneração 28,9% menor que os empre-gados formalizados. Há também uma grande discrepância entre os empregados do setor público onde, em média, a diferença entre os rendimentos dos empregados sem carteira e com carteira é de -67,2%. No contingente de empreendedores informais também se verificam diferenças substanciais em torno da formalização (neste caso, a inscrição ou não no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica - CNPJ): os trabalhadores por conta própria sem CNPJ auferem, em média, rendimento 55% menor do que os formalizados; entre os empregadores, a diferença por não ser inscrito no CNPJ chega a 41,7%.

RENDIMENTO DO TRABALHO POR POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO (EM REAIS), ESTADO DO RIO DE JANEIRO - 2019/3T

Font

e: P

nad-

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Co

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Sem

car

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a

Co

m c

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ira

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Est

atut

ário

ou

Mili

tar

Co

m C

NP

J

Sem

CN

PJ

2.4401.735

1.326957

6.330

5.143

6.995

4.079

EMPREGADO SETOR PRIVADO

TRABALHADORDOMÉSTICO

FUNCIONÁRIOPÚBLICO

EMPREGADOR CONTAPRÓPRIA

2.077

Co

m C

NP

J

Sem

CN

PJ

3.567

1.604

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Considerações FinaisO desemprego fluminense tem crescido de forma acelerada desde 2015, ultrapassando a taxa média nacional após segundo trimestre de 2016 - marco das Olimpíadas Rio 2016. Como provável consequência da destruição de postos de trabalho em todo o estado do Rio, percebe-se a evolução do trabalho por conta própria como componente relevante do aumento da informalidade. Os números do terceiro trimestre de 2019 apresentam modesta melhora em relação ao primeiro trimestre, por conta da redução das taxas de desemprego. No entanto, o número de trabalhadores informais segue em ascensão. Observa-se que o contingente de desempregados e de ocupados na informalidade ainda é bastante expressivo. No estado do Rio, essa recuperação foi contundente nos setores de serviços e construção civil que alavancaram as admissões desde janeiro até outubro.

No setor de comércio fluminense, os dados apontam um fechamento de postos de trabalho, com demissões persistentes desde 2012. Vale reforçar que a destruição de postos de trabalho formais pode afetar diretamente a renda do trabalhador e, por consequência, poder de compra enquanto consumidores. No âmbito geral, um provável efeito da crise laboral recai sobre o setor de comércio de bens, serviços e turismo, como efeito do círculo vicioso: maio-res taxas de desemprego levam a uma diminuição da renda do consumidor, e menos renda disponível leva a um menor consumo. Essa queda reforça a diminuição de investimento dos empresários, retroalimentando o ciclo de demissões. Analogamente, o mesmo raciocínio vale para informalidade, porque impõe ao trabalhador menores rendimentos.

Em suma, o acompanhamento contínuo dos indicadores socioeconômicos realizado pelo IFec RJ é relevante para que o setor e gestores públicos possam priorizar ações e alocar recursos de forma mais eficiente, especialmente relacionadas ao setor de comércio.

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