Introdução ao pensamento e aos termos de Deleuze e Guattari _ Mil platôs.docx

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1 Deleuze I Antes de considerar o filósofo no sentido estreito da palavra, lendo seus textos vemos que Deleuze é poeta, é literato, é leitor de Literatura. Sua ligação com Guattari caracterizou uma virada nos estudos, para a política e a psiquiatria. Além disso, nota-se que há um substrato de filosofia oriental, de Artaud, de ideias livres de formulações racionalistas estruturadas. Seus textos são uma literatura de caráter metalinguístico, o que, neste caso quer dizer que se voltam para sua própria construção, como trabalho com as palavras, conceitos, por meio do qual vai tecendo um modo de pensar o discurso, sua importância e constituição. Mil platôs é escrito com Guattari, com subtítulo Capitalismo e esquizofrenia, indica os limites do campo. Do primeiro ao último volume, dos cinco em que a obra foi publicada em português, dá conta de uma série de termos de tal modo que os conteúdos de que trata vão se tornando desdobramentos. “Tudo é coextensivo a tudo”, como diz François Ewald na orelha do livro 1. Para que se compreenda seu vocabulário é necessário saber que “Deleuze e Guattari concebem ontologia como geologia: ao invés do ser, a terra, com seus estratos fisicoquímicos, antropomórficos.[...] A filosofia de Mil platôs não concebe oposição entre o homem e a natureza, entre a natureza e a indústria, mas simbiose e aliança. [...]Continua ele, na segunda orelha, “Não há dúvida de que , antes de MP, nunca se tinha ido tão longe na crítica da representação e da significação, na revelação de que se relaciona à representação. Não um significante, mas sempre uma ato, uma ação”. Os cinco livros têm 15 capítulos. Não capítulos mas platôs, que podem ser lidos independentemente uns dos outros, exceto a concluão – que deverá ser lida no final já que é uma espécie de glossário. Dizem os autores sobre a coleção, no prefácio à edição italiana, que é um projeto construtivista. (L.1, p,8). E continuam: “É uma teoria das multiplicidades por elas mesmas, no ponto em que o múltiplo passa ao estado de substantivo [...]. As multiplicidades são a própria realidade, e não supõem nenhuma unidade, não entram em nenhuma totalidade e tampouco remetem a um sujeito. As subjetivações, as totalizações, as unidades são, ao contrário, processos que se produzem e aparecem nas multiplicidades” (L1, p.8). É preciso limpar a cabeça antes de ler. Porque o pensamento precisa ficar solto, livre de qualquer pré-conceito, maleável e atento.

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Deleuze I

Antes de considerar o filósofo no sentido estreito da palavra, lendo seus textos vemos que Deleuze é poeta, é literato, é leitor de Literatura. Sua ligação com Guattari caracterizou uma virada nos estudos, para a política e a psiquiatria. Além disso, nota-se que há um substrato de filosofia oriental, de Artaud, de ideias livres de formulações racionalistas estruturadas. Seus textos são uma literatura de caráter metalinguístico, o que, neste caso quer dizer que se voltam para sua própria construção, como trabalho com as palavras, conceitos, por meio do qual vai tecendo um modo de pensar o discurso, sua importância e constituição.

Mil platôs é escrito com Guattari, com subtítulo Capitalismo e esquizofrenia, indica os limites do campo. Do primeiro ao último volume, dos cinco em que a obra foi publicada em português, dá conta de uma série de termos de tal modo que os conteúdos de que trata vão se tornando desdobramentos. “Tudo é coextensivo a tudo”, como diz François Ewald na orelha do livro 1. Para que se compreenda seu vocabulário é necessário saber que “Deleuze e Guattari concebem ontologia como geologia: ao invés do ser, a terra, com seus estratos fisicoquímicos, antropomórficos.[...] A filosofia de Mil platôs não concebe oposição entre o homem e a natureza, entre a natureza e a indústria, mas simbiose e aliança. [...]Continua ele, na segunda orelha, “Não há dúvida de que , antes de MP, nunca se tinha ido tão longe na crítica da representação e da significação, na revelação de que se relaciona à representação. Não um significante, mas sempre uma ato, uma ação”.

Os cinco livros têm 15 capítulos. Não capítulos mas platôs, que podem ser lidos independentemente uns dos outros, exceto a concluão – que deverá ser lida no final já que é uma espécie de glossário. Dizem os autores sobre a coleção, no prefácio à edição italiana, que é um projeto construtivista. (L.1, p,8). E continuam: “É uma teoria das multiplicidades por elas mesmas, no ponto em que o múltiplo passa ao estado de substantivo [...]. As multiplicidades são a própria realidade, e não supõem nenhuma unidade, não entram em nenhuma totalidade e tampouco remetem a um sujeito. As subjetivações, as totalizações, as unidades são, ao contrário, processos que se produzem e aparecem nas multiplicidades” (L1, p.8).

É preciso limpar a cabeça antes de ler. Porque o pensamento precisa ficar solto, livre de qualquer pré-conceito, maleável e atento.

1. O livro 1 é constituído de três platôs: Introdução – Rizoma; 2. 1914 – um só ou vários lobos?; 3. 10.000 A.C. A Geologia da moral (quem a terra pensa que é?)

No primeiro platô está o Rizoma onde já trabalham as noções que serão imprescindíveis a partir da ideia de multiplicidades: linhas de articulação ou segmentaridade, estratos, territorialidades, linhas de fuga, movimentos de desterritorialização e desetratificação.

“Linhas e velocidades mensuráveis constituem um agenciamento.” P.12

É aí que introduz a ideia de que um livro é um tal agenciamento e, como tal, inatribuível (porque está dizendo que foi escrito a quatro mãos, não somos mais nós mesmos. Tema paralelo: autoria – livro

Então usa os outros termos necessários a seu pensar, começando por um corpo sem órgãos, “que não para de desfazer o organismo, de fazer

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passar e circular partículas a-significantes, intensidades puras, e não para de atribuir-se os sujeitos aos quais não deixa senão um nome como rastro de uma intensidade” (p.12)1; para chegar ao que fala “exclusivamente” disto: multiplicidade, linhas, estratos2 e segmentaridades,3 linhas de fuga e intensidades, agenciamentos maquínicos e seus diferentes tipos, os corpos sem órgãos e sua construção, sua seleção, o plano de consistência, as unidades de medida em cada caso (p.12). As palavras voltam, as mesmas, renovadas. E conclui o parágrafo, (p.13):

Escrever nada tem a ver com significar, mas com agrimensar, cartografar, mesmo que sejam regiões ainda por vir.

Segundo ele, Tipos de livro:

Livro-raiz, fundado na lógica binária, da dicotomia, ou da unidade principal, a do pivô, que se torna duas: A lógica binária e as relações biunívocas dominam ainda a psicanálise [...] , a linguística e o estruturalismo e até a informática (p.13).

Livro sistema radícula ou raiz fasciculada, em a raiz principal abortou em seu lugar surgindo uma série de raízes secundárias, modelo do qual se serve bastante o livro na modernidade. Dá exemplos na literatura de como esse modelo na verdade não quebra totalmente com a unidade, apenas a contraria, a impede no objeto, enquanto que um novo tipo de unidade triunfa no sujeito (p.14)

Nem o primeiro nem o segundo modelo de livro permitem a multiplicidade. O mundo perdeu seu pivô, o sujeito não pode nem mesmo fazer sua dicotomia, mas acede a uma mais alta unidade, de ambivalência ou sobredeterminação, numa dimensão sempre suplementar àquela de seu objeto. [...] Não basta dizer viva o múltiplo [...] é preciso fazer o múltiplo.

Livro rizoma, assim como os bulbos, os tubérculos, as gramas: o rizoma tem formas diversas, da extensão superficial ramificada (grama) até as concreções em bulbo e tubérculo.

1 Aqui está referindo ao cap.6 da obra, que está no vol.3, “28 de novembros de 1947 – como criar para si um corpo sem órgãos”, de escrita difícil, escorregadia, uma vez que CsO “Não é uma noção, um conceito, mas antes uma prática, um conjunto de práticas.” (p.9) Para, mais adiante, depois de falar da fonte de inspiração em Como acabar com o juízo de Deus, e 28 de novembro de 1947. A data que o texto é atribuído à Artaud é a mesma usada por Deleuze e Guattari para nomear o capítulo.

2 Para Estratos v. Livro 5, Conclusão: regras concretas e máquinas abstratas, p. 215-232. “Os estratos são fenômenos de espessamento no Corpo da terra, ao mesmo tempo moleculares e molares: acumulações, coagulações, sedimentações, dobramentos. São Cintas, Pinças ou Articulações.”[...] Apesar de suas distintas formas de organização e desenvolvimento, nem por isso um estrato qualquer deixa de ter uma unidade de composição. A unidade de composição diz respeito aos traços formais comuns a todas as, formas ou códigos de um estrato, [...]”3

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Princípios: 1º e 2º Princípios de conexão e de heterogeneidade: qualquer ponto de um rizoma pode ser conectado a qualquer outro e deve sê-lo (p.15). Os exemplos são evidentes: Um rizoma não cessaria de conectar cadeias semióticas, organizações de poder, ocorrências que remetem às artes, às ciências, às lutas sociais. Uma cadeia semiótica é como um tubérculo que aglomera atos muito diversos, linguísticos, mas também perceptivos, mímicos, gestuais, cogitativos: não existe língua em si, nem universalidade da linguagem, mas um concurso de dialetos, de patoás, de gírias, de línguas especiais.[...] Não existe língua-mãe, mas tomada de poder por uma língua dominante dentro de uma multiplicidade política. A língua se estabiliza em torno de uma paróquia, de um bispado, de uma capital. Ela faz bulbo.[...] um método de tipo rizoma é obrigado a analisar a linguagem efetuando um descentramento sobre outras dimensões e outros registros (p.16).

3º Princípio de multiplicidade: o múltiplo tratado como substantivo – multiplicidade – sem relação com o uno, como sujeito ou como objeto. As multiplicidades são rizomáticas e denunciam as pseudomultiplicidades arborescentes. Inexistência de unidade. Uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza à medida que ela aumenta suas conexões. [...] Todas as multiplicidades são planas [...] ocupam todas as dimensões [...] falar-se-á em plano de consistência das multiplicidades[...] As multiplicidades se definem pelo fora: pela linha abstrata: linhas de fuga ou de desterritorialização segunda a qual elas mudam de natureza ao se conectarem com as outras. [...](p.17)

O ideal de um livro seria expor toda a coisa sobre um tal plano de exterioridade, sobre uma única página, sobre uma mesma paragem: acontecimentos vividos, determinações históricas, conceitos pensados,

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indivíduos, grupos e formações sociais. (Dá exemplo com Kleist). Os livros assim pensados se opõem ao clássico e romântico, constituído pela interioridade de uma substância ou de um sujeito. (Chama o primeiro de livro-máquina de guerra, e ao clássico livro-aparelho de Estado) (p.18.)

4º Princípio de ruptura a-significante: pode ser rompido em qualquer parte e retoma segundo uma de suas outras linhas (dá exemplo do formigueiro).

Todo rizoma compreende linhas de segmentaridade segundo as quais ele é estratificado, territorializado, organizado, significado, atribuído; mas compreende também linhas de desterritorialização pelas quais ele foge sem parar. [...] É por isso que não se pode contar com um dualismo ou uma dicotomia, nem mesmo sob a forma rudimentar do bom e do mau. [...] O bom e o mau são somente o produto de uma seleção ativa e temporária a ser recomeçada (p.18).

Dá exemplo da vespa e da orquídea que fazem rizoma em sua heterogeneidade.

Ver a continuação na p. 19, de como se dá a desterritorialização de um dos termos e a reterritorialização do outro: explosão de duas séries heterogêneas (uma animal outra vegetal) na linha de fuga composta de um rizoma comum que não pode mais ser atribuído nem submetido ao que quer que seja de significante.

(Essa noção de ação simbiótica rompe com a ideia de dualidade, significante-sinificado, que será melhor entendida por acumulação, mas é preciso se deter no quadro de Hjelmslev)

A frase final do parágrafo p. 19-20 é fundamental: O rizoma é uma antigenealogia.

O livro e o mundo – o livro não é a imagem do mundo segundo uma crença enraizada. Ele faz rizoma com o mundo, há evolução a-paralela do livro e do mundo, o livro assegura a desterritorialização do mundo, mas o mundo opera uma reterritorialização do livro, que se desterritorializa por sua vez em si mesmo no mundo (se ele é disto capaz e se ele pode).

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Enfim: “Seguir sempre o rizoma por ruptura, alongar, prolongar, revezar a linha de fuga, fazê-la variar, até produzir a linha mais abstrata e mais tortuosa, com n dimensões, com direções rompidas” (p.20).

VER COMO ELE DESCERVE UM MÉTODO DE TRABALHO NA p.20 A PARTIR DA PLANTA, LENDO COM CASTAÑEDA. OU A MÚSICA, COM MULTIPLICADADES DE TRANSFORMAÇÃO.

5º e 6º Princípio de cartografia e de decalcomania, segundo o qual um rizoma não pode ser justificado por nenhum modelo estrutural ou gerativo. Ele é estranho a qualquer ideia de eixo genético ou de estrutura profunda. Um eixo genético é como uma unidade pivotante sobre a qual se organizam estados sucessivos; uma estrutura profunda é, antes, como uma sequência de base decomponível em constituintes imediatos; Do eixo genético ou da estrutura profunda dizemos que eles são princípios de decalque, reprodutíveis ao infinito.

Diferente é o rizoma: um mapa e não um decalque. [...] O mapa é aberto, é conectável em todas as suas dimensões, desmontável, reversível, suscetível de receber modificações constantemente. Ele pode ser rasgado, revertido, adaptar-se s montagens de qualquer natureza, ser preparado por um indivíduo, um grupo, uma formação social.[...]Um mapa tem múltiplas entradas, contrariamente ao decalque que volta sempre ao mesmo. (p.22).

Menciona o método Deligny4 ”produzir o mapa dos gestos e dos movimentos de umaa criança autista, combinar vários mapas para a mesma criança.

Esta preocupação com o mapa, de fugir á geneloagia se traduz na frase: (p.28) “É curioso como a árvore dominou a realidade ocidental e todo o pensamento ocidental, da botânica à biologia, a anatomia, mas também a gnoseologia [validade do conhecimento em função do sujeito cgnoscente – origem, fim], a teologia, a ontologia, toda a filosofia...:o fundamento-raiz, Grund [do dinamarquês razão, causa, fundação, base], roots e fundations [...] “cultura de linhagens”.

Numa passagem seguinteesclarece bastante a diferença ocidente oriente na maneira de pensar, quando fala sobre agricultura (p.29): “Ocidente, agricultura de uma linhagem escolhida com muitos indivíduos variáveis; Oriente, horticultura de um pequeno número de indivíduos remetendo a uma grande gama de ”clones”. Não existiria no Oriente, notadamente na Oceania, algo como que um modelo rizomático que se opõe sob todos os aspectos ao modo ocidental da árvore?

A partir daí o capítulo segue um interessante rumo de rastreamento da cultura americana, como fronteira entre Ocidente e Oriente, misturando política e literatura (v. p.29-31) Até chegar a: “Um impasse, tanto melhor”. Frase de onde se inicia uma longa digressão sobre as contradições e impasse do pensamento rizomático, que inclui sempre o contrário: “Nem outro nem novo dualismo. Problema de escrita: são absolutamente necessárias expressões anexatas para designar algo exatamente. E de modo algum porque seria necessário passar por isto, nem porque poder-se-ia proceder somente por aproximações: a inexatidão não é de forma alguma uma aproximação; ela é, ao contrário, a passagem exata daquilo que se faz [...] p.32.

4 Refere a Fernand Deligny, Cahiers de l’Immuable. Paris: Recherches, avril, 1975, cap. “Voix et voir”.

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“Resumamos os principais caracteres de um rizoma: diferentemente das árvores ou de suas raízes, um rizoma conecta um ponto qualquer com outro ponto qualquer e cada um de seus traços não remete necessariamente a traços de mesma naturez\a; ele põe em jogo regimes de signos muito diferentes [...] ele não é um múltiplo que deriva do Uno, nem ao qual o Uno se acrescentaria (n + 1). Ele não é feito de unidades, mas de dimensões, ou antes, de direções movediças. Ele não tem começo nem fim mas sempre um meio pelo qual ele cresce e transborda.[...] Oposto a uma estrutura, que se define por um conjunto de pontos e relações biunívocas entre essas posições, o rizoma é feito somente de linhas: linhas de segmentaridade, de estratificações, como dimensões, mas também linhas de fuga ou de desterritorialização como dimensão máxima segundo a qual, em seguindo-a, a multiplicidade se metamorfoseia, mudando de natureza.” [linhas não são linhagens, lembrar] (p.32) [...] O rizoma procede por variação, , expansão, conquista, captura, picada. Oposto ao grafismo, ao desenho, à fotografia, oposto aos recalques, o rizoma se refere a um mapa que deve ser produzido, construído, sempre demonstrável, conectável, reversível, modificável, com múltiplas entradas e saídas, com suas linhas de fuga. [...] Contra os sitemas centrados (e mesmo policentrados) de comunicação hierárquica e ligações preestabelecidas, o rizoma é um sistema a-centrado não hierárquico e não significante, sem General, sem memória organizadora ou autômato central, unicamente definido por uma circulação de estados. Em relação [...] com todo tipo de devires” (p.33).

Metalinguisticamente, continua:

“Contrariamente, o que acontece a um livro de platôs que se comunicam uns com os outros através de microfendas, como num cérebro? Chamamos platô toda multiplicidade conectável com outras hastes subterrâneas superficiais de maneira a formar e estender um rizoma. Escrevemos este livro como um rizoma. Compusemo-lo com platôs. Demos a ele uma forma circular, mas isto foi feito para rir. Cada manhã levantávamos e cada um de nós se perguntava que platô ele ia pegar, escrevendo cinco linhas aqui, dez linhas alhures. Tivemos experiências alucinatórias, vimos linhas, como fieiras de formiguinhas, abandonar um platô para ir a um outro. [...] Cada platô pode ser lido em qualquer posição e posto em relação com qualquer outro.[...] [>micropolítica] (p.33)

[...] Não reconhecemos nem cientificidade, nem idologia, somente agenciamentos. [...] Um agenciamento em sua multiplicidade trabalha forçosamente, ao mesmo tempo, sobre fluxos semiíticos, fluxos materiais e fluxos sociais.[...] Um livro rizoma, e não mais dicotômico,pivotante ou fasciculado. (p.34)

(p.35) O que falta é uma Nomadologia, o contrário de uma História. [Fluxos]

(p.36) A imperceptível ruptura em vez do corte significante. [...] Ler o último parágrafo da p.36 Escerver...

Um rizoma não começa nem conclui, ele se encontra sempre no meio, entre as coisas, inter-ser, intermezzo. (p.37) (Cita Kleist, Büchner, Lenz, como aqueles que sabem partir do meio, “pelo meio, entrar e sair, não começar nem terminar” (p.37). Fla da literatura americana e a inglesa que souberam mover-se entre as coisas, “instaurar a lógica do E, reverter a ontologia, destituir o fundamento, anular começo e fim.” (p.37)

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No platô 3, temos a conferência-delírio do Dr. Challenger, reescritura do personagem cientista criado por Conan Doyle para The lost Word5.

2. No platô 2 estão: 4. 20 DE NOVEMBRO DE 1923 – Postulados da Linguística; 5. 587 a. C. 70 D. C. – Sobre alguns regimes de signos

3. No platô 3 estão: 6. 28 de novembro de 1947 – Como criar para si um corpo sem órgãos (que em parte comentamos); 7. Ano Zero – Rostidade (sobre o rosto e sobre os teoremas de desterritorialização ou Proporções maquínicas); 8. 1874 – Três novelas ou “O que se passou?” (a novela como gênero sobre o qual se pergunta o que se passou?; será a novela Na gaiola, de Henry James; The crack up, de Scott Fritzgerald, e História do abismo e da luneta, de Pierrette Fleutiaux; a novela é contrária ao conto, em que o leitor fica ansioso quanto ao que acontecerá; e do romance que contém elementos dos dois anteriores. Nesse platô volta a Deligny para falar das linhas, p.76-80, onde fala tb de Thcekhov) ; 9. 1933 – Micropolítica e segmentaridade – aprece o tema político mais claramente)

4. No platê 4 estão: 10. 1730 – Devir-intenso, Devir animal, Devir-imperceptível; 11. 1837 – Acerca do Ritornello. É muito naturalista, mas sempre passando pelo literário.

5. No platô 5 estão: 12. 1227 - Tratado de Nomadologia : A máquina de guerra; 13. 7000 – Aparelho de captura; 14. 1440 – O liso e o Estrido; 15. Conclusão Regras concretas e Máquinas Abstratas (do qual falamos um pouco em rizoma – é o glossário de termos. É o platô mais político.

5 Deu origem a um filme mudo de ficção científica, 1925, dirigido por Harry Hoyt, com efeitos de stop-motion feitos pelo mesmo Willis O’Brien que trabalhou os efeitos de King Kong. Na versão adaptada para o cinema o próprio Conan Doyle faz uma ponta.

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Referências

DELEUZE, G. & GUATTARI, F.. Mil platôs. Capitalismo e esquizofrenia. São Paulo: Editora 34, 1995, vol.1 5ª reimpressão 2007; vol.2 4ª reimpressão 2007, vol 3 1996, 3ª reimpressão 2007, vol.4 1997 3ª reimpressão 2007, vol. 5 3ª reimpressão 2007.