Intertextualidade Implícita e Explícita
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Intertextualidade implícita:
Leia a letra da canção "Hora do mergulho" da banda engenheiros do hawaii:
Feche a porta, esqueça o barulho
feche os olhos, tome ar: é hora do mergulho
eu sou moço, seu moço, e o poço não é tão fundo
super-homem não supera a superfície
nós mortais viemos do fundo
eu sou velho, meu velho, tão velho quanto o mundo
eu quero paz:
uma trégua do lilás-neon-Las Vegas
profundidade: 20.000 léguas
"se queres paz, te prepara para a guerra"
"se não queres nada, descansa em paz"
"luz" - pediu o poeta
(últimas palavras, lucidez completa)
depois: silêncio
esqueça a luz... respire o fundo
eu sou um déspota esclarecido
nessa escura e profunda mediocracia
Na letra da canção há a presença do intertexto "se queres paz, te prepara para a
guerra", retomada de um famoso ditado romano: si uis pacem, para bellum, que,
em uma tradução livre seria: "se queres paz, prepara-te para a guerra".
P O S T A D O P O R J A N E X I M E N E S À S 0 9 : 3 0 N E N H U M C O M E N T Á R I O :
Diálogo III
ESTUDO DA INTERTEXTUALIDADE
BREVE INTRODUÇÃO:
O capítulo 9 do livro Introdução à Linguística Textual analisa, de forma restrita, o
assunto Intertextualidade, teoria que nasceu no interior dos estudos literários, mas
que hoje vem sendo amplamente estudada pela Linguística Textual. De acordo com
Igedore Koch, grosso modo, Intertextualidade é a “presença do outro naquilo que
dizemos ou escrevemos” (Koch, p.145). Essa “presença do outro” é constitutiva do
discurso, isto quer dizer que a Intertextualidade é um fenômeno característico do
discurso, já que tudo o que dissemos ou iremos dizer não é de todo inédito.
A Intertextualidade em sua forma mais ampla, isto é, lato sensu, confunde-se com
polifonia (presença de vozes diversas no discurso), porém, a Intertextualidade
strictu sensu – analisada por Igedore Koch – é validada pela presença do
Intertexto.
Koch detêm-se ao estudo da Intertextualidade stricto sensu analisando sua
importância para a construção de sentidos no interior de um discurso. Para melhor
alcançar este fim, Koch permitiu-se a estudos tipológicos da Intertextualidade, isto
é, observando e catalogando os principais tipos de ocorrência e sua importância
para a garantia de coerência textual.
A Intertextualidade stricto sensu ocorre quando, em um texto, está inserido outro
texto (intertexto) anteriormente produzido, que faz parte da memória social de
uma coletividade ou da memória discursiva (domínio entendido de referência cf.
Garrot, 1985) dos interlocutores. Isto é, em se tratando de Intertextualidade stricto
sensu, é necessário que o texto remeta a outros textos ou fragmentos de textos
efetivamente produzidos, com os quais estabelece algum tipo de relação. ( KOCH,
p. 145- 146)
No volume Introdução à Linguística Textual, a autora Koch faz apenas menção aos
diversos tipos de Intertextualidade, assunto que ela desenvolve com maior critério
e minúcia no volume Intertextualidade: diálogos possíveis, com a co-autoria das
autoras Anna Cristina Bentes e Mônica Magalhães Cavalcante. Adentraremos em
breve à análise da tipologia intertextual, cabe-nos, antes, uma pequena ressalva:
além dos diversos tipos de intertextualidade, Maingueneau acrescenta aos estudos
da Intertextualidade os conceitos de “captação” e “subversão”. A captação ocorre
quando o autor do texto deseja corroborar com o intertexto, ou seja, quando ele
concorda com a “voz” do texto fonte; já a subversão, como o próprio nome sugere,
ocorre quando, ao contrário, o autor do texto é contrário à voz do texto fonte. Mais
adiante listaremos aqui alguns exemplos dessa ocorrência.
Intertextualidade temática
Comecemos a análise da tipologia intertextualidade temática com a insubstituível
definição das autoras Koch, Bentes e Cavalcante:
“A intertextualidade temática é encontrada, por exemplo, entre textos científicos
pertencentes a uma mesma área do saber ou a uma mesma corrente de
pensamento, que partilham temas e se servem de conceitos e terminologias
próprios, já definidos no interior dessa área ou corrente teórica...” (KOCH,
BENTES e CAVALCANTE, 2007, P. 18)
As autoras, além dessa definição, listam ainda uma série de condições discursivas
propícias para a ocorrência desse fenômeno. A análise da intertextualidade
temática é concluída pelas autoras com a exposição de alguns exemplos
apreendidos por elas: é o caso do tema de Medéia de Eurípedes, que é retomado
na peça A gota d’água, de Chico Buarque.
Intertextualidade estilística
“A intertextualidade estilística ocorre, por exemplo, quando o produtor do texto,
com objetivos variados, repete, imita, parodia certos estilos ou variedades
linguística...”
Intertextualidade explícita
De forma ampla, temos a intertextualidade explícita quando, no próprio texto em
que é observada a intertextualidade, encontramos a referência do texto fonte.
Como analisam as autoras:
“É o caso das citações, referências, menções, resumos, resenhas e traduções; em
textos argumentativos, quando se emprega o recurso à autoridade; e, em se
tratando de situações face-a-face, nas retomadas do texto do parceiro, para
encadear sobre ele ou contraditá-lo, ou mesmo para demonstrar atenção ou
interesse na interação”
Intertextualidade implícita
Há um caso de intertextualidade implícita quando, por um determinado motivo, o
autor do texto em que a intertextualidade é observada não “credita” a referência
do texto fonte. Muitas vezes o autor do texto espera ou acredita que a
intertextualidade seja captada, nesses casos, a apreensão do intertexto torna-se,
como afirmam as autoras, “crucial” para o entendimento do texto como um
complexo coeso.
Temos a intertextualidade em caso de “captação” e de “subversão”. Sobre esses
dois conceitos já comentamos acima, portanto, não nos tornaremos redundantes.
Cabe-nos, apenas, uma pequena ressalva: há casos em que a captação de um texto
fonate pode ser classificada como um crime; estamos falando do plágio.
(Aqui, utilizar algum dos exemplos de um sábado qualquer)
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Q U I N T A - F E I R A , 1 5 D E A B R I L D E 2 0 1 0
Diálogo II
Neste segundo diálogo, abordaremos as noções relacionadas ao estudo dos fatores
de textualidade. Para isso, serão expostas as concepções de Maria da Graça Costa
Val, presentes no livro Redação e textualidade. Além das definições, abordaremos
questões pertinentes ao assunto, bem como ilustraremos tais conceitos a partir de
alguns exemplos selecionados especialmente para esse fim.
Para adentrarmos aos conceitos concernentes aos fatores textuais, convém, antes
de tudo, sabermos o que vem a ser textualidade.
O que é textualidade?
Para alguns estudiosos, o texto permeia toda a nossa atividade comunicativa, pois
é através dele que realizamos a contento a atividade de comunicar. Assim,
podemos dizer, embasados em Bakhtin e, de uma maneira bem ampla, que nós nos
comunicamos através de textos e não apenas através de frases e palavras, como já
se acreditou antes.
Mas, o que faz com que uma sequência de frases e palavras tenha o caráter de
texto? Vimos no “diálogo I”, uma série de fatores que caracterizam um texto,
vimos, por exemplo, que um texto deve ter uma unidade semântica, servir como
meio de interação e vimos ainda que um texto precisa ter, para ser considerado
como tal, uma certa estruturação formal. Estes fatores sublinhados estão
correlacionados, de uma bem direta, aos fatores de textualidade.
De uma maneira didática, podemos dizer que textualidade é tudo aquilo que
fornece a um construto linguístico o caráter de texto. Portanto, É O QUE FAZ UM
TEXTO SER CONSIDERADO COMO TAL.
Falando assim é fácil compreender, mas, além de compreender, é necessário para
nós (como futuros professores) não só compreender e identificar como também
analisar a textualidade, analisando, mais especificamente, os fatores responsáveis
pela textualidade, verificando se eles garantem a integridade semântica de uma
redação escolar, por exemplo. Essa é uma tarefa muito difícil porque, muitas
vezes, esses fatores não são visíveis na superfície textual, nós que devemos
reconstruí-los a partir de nossos conhecimentos prévios, assim, não podemos
simplesmente apontá-los e sublinhá-los.
Antes de começarmos a definição, cabe-nos uma ressalva: a divisão dos fatores
textuais que será feita aqui, como alerta muitos teóricos, é puramente didática,
visto que tais fatores coatuam e, muitas vezes, são indissociáveis na tessitura
textual.
Beaugrande e Dressler (1983) dividem em dois grandes grupos os sete fatores
responsáveis pela textualidade.
A) Neste primeiro grupo, estão inseridos os fatores responsáveis pela composição
semântico-conceitual e pela materialização lingüística, estes são: coerência e
coesão.
B) No segundo grupo, estão compreendidos mais cinco fatores que são
responsáveis pelo caráter pragmático de um texto, entre eles temos:
intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e
intertextualidade.
Iniciaremos então a conceituação e analise de cada fator, começando pela
coerência, que, como já dissemos, diz respeito à integridade semântico-conceitual
de um texto.
Atualmente há, porém, um “novo olhar” sobre a coerência. De acordo com essa
visão, coerência não é apenas a unidade semântica, “mas também todas as
inferências que precisam ser feitas para que os sentidos sejam construídos”. Ainda,
segundo tal perspectiva, não há um texto totalmente incoerente, visto que todo
locutor tem por intenção a de se fazer compreendido, o que ocorre, muitas vezes -
por conta do desempenho não desenvolvido do locutor que tem por consequência a
não compreensão do sentido por parte do interlocutor - são incoerências locais.*
O que é coerência?
Segundo Costa Val, a coerência é:
• Um fator subjacente, isto é, anterior à superfície textual;
• De todos os fatores, o mais relevante, por garantir o sentido;
• Envolve em seu bojo, além de aspectos lógicos e semânticos, também aspectos
cognitivos.
Dizemos que um discurso é coerente quando seu sentido é recuperado pelo
interlocutor, pois como já deixamos claro, um texto é feito de lacunas e cabe ao
interlocutor fazer inferências para preencher essas lacunas.
Vamos a um exemplo:
Ex 1:
• Considerando o texto da campanha acima, você acha que o fato de estar
dirigindo após ter ingerido bebida alcólica tem alguma relação com o elemento
“igreja” e “daqui a sete dias”? Por que?
• Há alguma relação entre as expressões “igreja lotada” e “que coisa linda!”?
Qual? Por que?
• Em sua opinião, qual foi a intenção do produtor do texto?
• Você consegue apontar alguma informação que é sugerida pelo texto, mas que
não está explicitada no cotexto? Tente pensar em palavras ou ideias que são
fundamentais para a compreensão desse texto, mas que não vêm expressas.
Exercício do texto “tragetória da linguística textual” (Ingedore Koch)
• Explique as concepções de texto, de acordo com cada momento da Linguística
Textual, traçado por Koch.
• Em que consistia as “análises interfrásticas” e com qual momento da Linguística
Textual podemos relacioná-las?
• Qual foi a contribuição da “virada pragmática” para os estudos relativos à
Linguística de Texto?
• Utilize a piada abaixo para ilustrar como, à luz da Linguística Textual, existe uma
negociação entre entorno socio-cultural e cognição.
MANUEL
O Manuel está andando na rua, quando vê uma casca de banana a uns cinco
metros de distância. Na mesma hora ele pensa:
- Ai, Jesus! La vou eu cair de novo!