Interpretação de exames em medicina legal

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Interpretação de Exames em Medicina Legal Dr. Sami A R J El Jundi, MD, MSc Especialista em Clínica Médica - Especialista em Toxicologia Forense Master of Science em Medicina Forense pela Universitat de Valencia Prof. de Medicina Forense do Curso de Especialização em Toxicologia Forense da Feevale [email protected] II Congresso Internacional de Bioanálises V Congresso Sul-Brasileiro de Biomedicina IX Semana Gaúcha de Biomedicina

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Interpretação de Exames em

Medicina Legal

Dr. Sami A R J El Jundi, MD, MSc Especialista em Clínica Médica - Especialista em Toxicologia Forense

Master of Science em Medicina Forense pela Universitat de Valencia

Prof. de Medicina Forense do Curso de Especialização em Toxicologia Forense da Feevale

[email protected]

II Congresso Internacional de Bioanálises

V Congresso Sul-Brasileiro de Biomedicina

IX Semana Gaúcha de Biomedicina

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• Edmund Locard nasceu na França em 1877 e trabalhou como assistente de Alexandre Lacassagne, na época Professor de Medicina Forense em Lyons.

• Formulou o Princípio da Transferência de Locard, que aplicou efetivamente no caso de Emile Gourbin em 1912.

• Aplicou seu próprio sistema de poroscopia à recente disciplina da datiloscopia.

• Nos sete volumes do clássico Traité de criminalistique afirmou que “escrever a história da identificação é escrever a história da criminologia".

• Locard se manteve ativo em suas pesquisas até falecer em 1966.

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• Arthur Conan Doyle nasceu em 22/05/1859, em Edinburgh, Scotland. De 1876 a 1881 estudou medicina na University of Edinburgh. Em 1890 estudou oftalmologia em Viena e voltou a Londres em 1891. Escreveu em sua autobiografia que nenhum paciente cruzou sua porta.

• Conan Doyle era um ativista pela justiça e, pessoalmente, investigou 2 casos encerrados, que levaram à soltura de dois presos.

• O 1º caso, em 1906, envolvia um advogado meio-inglês, meio-indiano, George Edalji, condenado por enviar cartas ameaçadoras e mutilar animais, mesmo as mutilações tendo continuado após sua prisão. Graças a isso foi criada a corte de apelações em 1907.

• O 2º caso, de Oscar Slater, um judeu-alemão e operador de casas de jogos acusado de espancar uma mulher de 82 anos em Glasgow em 1908. Doyle ficou curioso com as inconsistências da acusação e teve a impressão que haviam “armado” para Slater.

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• Joseph Bell, (02/12/1837-04/10/1911) era um professor escocês da escola de medicina da University of Edinburgh no século XIX.

• Em suas aulas, enfatizava a importância da observação minuciosa para fazer o diagnóstico. Para ilustrar isso, costumava escolher um estranho e, pela observação, deduzir sua ocupação e atividades recentes.

• Essas habilidades fizeram com que fosse considerado um pioneiro nas ciências forenses e na patologia forense em particular, em uma época na qual a ciência não era ainda usada nas investigações criminais.

• Foi a inspiração para a o personagem Sherlock Holmes.

• Arthur Conan Doyle conheceu Bell em 1877, e foi seu assistente na enfermaria Real de Edinburgh.

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• Sherlock Holmes veio a público pela primeira vez em histórias publicadas na Strand Magazine em 1891.

• Essas histórias retratam Sherlock Holmes trabalhando como detetive particular entre 1881-1904, enquanto residia no nro. 221b da Baker Street com seu colega Doutor Watson.

• De acordo com as histórias, Sherlock Holmes nasceu em 06/01/1854.Suas características enigmáticas incluíam seu perfil de falcão, os olhos penetrantes, a capa e o chapéu de caça, além da lente de aumento o tronaram um dos personagens mais bem conhecidos de todos os tempos.

• Holmes tinha um raciocínio e capacidade de observação espetaculares. Apreciava ópera e música clássica.

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Medicina Legal

“O conjunto de conhecimentos médicos

necessários à resolução dos

problemas propostos pelo direito,

tanto para a aplicação prática das

leis, quanto para seu

aperfeiçoamento e evolução” Calabuig, G.

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Prova Pericial

“A demonstração da verdade de uma afirmação, da existência de uma coisa ou

da realidade de um fato” Gomez de Liaño, 1979.

“É a relação concreta entre a verdade e o espírito humano nas suas especiais

determinações de credibilidade, probabilidade e certeza”

Nicola Framarino Dei Malatesta, 2004

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• "O dever de um perito é dizer a verdade; no entanto, para isso é necessário: primeiro saber encontrá-la e, depois querer dizê-la. O primeiro é um problema científico, o segundo é um problema moral." Nerio Rojas

• “O laudo pericial, muitas vezes, é o prefácio de uma sentença.” Hélio Gomes

• “A soberania do juiz é, na maioria dos casos, mais teórica que real...” Ambroise Paré

• “... os juízes decidem de acordo com o que são informados...” Ambroise Paré

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• Judicial Extrajudicial

• Criminal Cível Trabalhista Previdenciária

• Crimes contra a vida Crimes contra o patrimônio Crimes de trânsito Crimes contra o meio-ambiente Crimes contra a saúde

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Fundamentos da prova pericial

1. Coleta, identificação e armazenamento

2. Cadeia de custódia em todas as etapas

3. Controle de qualidade da análise

4. Interpretação adequada (vestígios =>

evidências => provas)

5. Contra-prova (refutação)

MOTIVO – OPORTUNIDADE - MEIOS

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Abortamento

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Talidomida

Talidomida no Brasil: vigilância com responsabilidade compartilhada?

Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 15(1):99-112, jan-mar, 1999

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Embriaguez • TÍTULO III

DA IMPUTABILIDADE PENAL

• Art. 28 - Não excluem a imputabilidade penal: (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

• Embriaguez

• II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

• § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

• § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

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Embriaguez • Não acidental: voluntariosa ou culposa

– Não isenta de pena

– Actio libera in causa ad libertatem relata

• Acidental: caso fortuito ou força maior

– Inimputável se completa

– Estabelecer nexo causal

– Redução de pena se parcial

– Inusitadas, raríssimas

• Preordenada

– Actio libera in causa ad libertatem relata

– Punição com agravamento da pena

• Habitual e patológica

– Doença mental

– Inimputável ou semi-imputável

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Estudos Clássicos (EUA) • Grand Rapids, Michigan (200.000h)

(Borkenstein et al., 1964) – 6.000 motoristas acidentados

– 7.600 motoristas controle

• Resultados – Probabilidade de causar acidentes cresce exponencialmente

com a CAS

– CAS 0,10 g/dL: > 600%

– CAS 0,15 g/dL: > 2.500%

– CAS < 0,04 g/dL em motoristas entre 16 e 17a de idade: > 500%

– Sem diferenças entre CAS=0 e CAS<0,04 g/dL*

Hurst, P.M., Harte, D. and Frith, W.J. (1994). "The Grand Rapids Dip revisited." Accident Analysis and Prevention, 26, 647-654.

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• Widmark, 1981 (Suécia)

CAS versus Testes Comportamentais

– CAS 0,15 g/dL = 50% +

– CAS 0,26 g/dL = 100% +

• Perper et al., 1986 (EUA)

– CAS ≥ 0,20 g/dL = 76% +

– CAS ≥ 0,30 g/dL = 26% (parcial -)

Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.

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• Urso, 1981 (EUA) – Sóbrios: CAS média 0,272 g/dL

– Caso de “sobriedade”: CAS 0,54 g/dL

• Borkenstein et al., 1963 (EUA) – Probabilidade de detecção de embriaguez por um

policial: <1%

• Wells et al., 1997 (EUA) – CAS 0,05-0,079 g/dL: 87% liberados

– CAS 0,08-0,99 g/dL: 62% liberados

– CAS 0,10-0,119 g/dL: 64% liberados

– CAS > 0,12 g/dL: 62% liberados Moskowitz, H. Alcohol Effects and Driver Impairment. In: Garriott, J.C. Medical-Legal Aspects of Alcohol, 4th Ed. Lawyers & Judges, USA, 2003.

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Efeitos Farmacológicos • Alcoolemia vs. embriaguez clínica (em % da

população):

– CAS 0,1 g/dL: 10%;

– CAS 0,12 g/dL: 20%;

– CAS 0,15 g/dL: 50%;

– CAS 0,175 g/dL: 75%;

– CAS 0,2 g/dL: 100%;

– CAS 0,4 g/L: coma em 100%;

– CAS > 0,5 g/dL, justifica-se o diagnóstico de morte por

embriaguez aguda.

Cañadas, EV. Estudio toxicológico y medico-legal del alcohol etílico. In: Cañadas, EV (Ed.). Gisbert Calabuig: Medicina legal y toxicología. 6ª Ed., Masson, Barcelona, 2004.

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População com DST

Percebem os sintomas

Procuram atendimento

Correto diagnóstico

Tratamento correto

Cura

Tratamento completo

Doenças Sexualmente Transmissíveis

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Complicações do abuso sexual • Clamídia (4% a 17%)

• Gonorréia (6% a 12%)

• HIV (0,1% a 0,2% vaginal; 1% a 2% pênis-ânus)

• Sífilis (0,5% a 3%)

• Hepatites (B, C)

• Vaginose bacteriana (Gardenerella)

• Tricomoníase

• HPV

• Herpes genital

• Gestacão (1%)

• Follow-up <30%

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HPV • DST “epidêmica”: 50% das mulheres;

• Formas diferentes: – alto risco neo colo (16,18,31,33,35,39,45,51,52,56,58)

– baixo risco (6,11,42,43,44)

– verrugas cutâneas ou genitais

– evidência coloposcópica

• Contágio por múltiplas vias: – perinatal

– auto-inoculação

– hetero-inoculação

– fômites

• DNA detectado em 16% de 31 meninas vítimas de abuso

Stevens-Simon, C; Nelligan, D; Breese, P; Jenny, C; Douglas Jr, JM The prevalence of

Genital Human Papillomavirus Infections in Abused and Nonabused Preadolescent Girls.

Pediatrics 106(4): 645-649, Oct/2000.

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• Ramos da Toxicologia:

1. Testagem forense de drogas.

2. Toxicologia postmortem;

3. Toxicologia de performance

humana / antidoping;

• Tipos de casos:

– Suspeita de morte por

intoxicação;

– Mortes violentas e sua relação

com o uso de drogas ou álcool.

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Ação tóxica

• Sobre sistemas enzimáticos – Inibição irreversível (OP);

– Inibição reversível (carbamatos);

– Indução.

• Sobre as células – Sobre a membrana (digital, DDT);

– Ação intracelular (arsênico, fluoroacetato);

– Sobre as organelas celulares • Mitocôndrias (barbitúricos, dinitrofenol);

• Sistema microssomal (formaldeído, paraoxon, fenol);

• Núcleo - DNA (radicais tiol).

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Formas de intoxicação • Intoxicação aguda

– Exposições de curta duração, com absorção rápida do tóxico. Obedece a uma única dose ou doses múltiplas, mas em um período breve, que pode ser fixado arbitrariamente em 24h.

• Intoxicação sub-aguda – Não se refere à gravidade do quadro, mas ao

momento do surgimento dos sintomas em relação com absorção do agente. Costuma ser causada por exposições freqüentes e repetidas em um período de vários dias ou semanas, antes do surgimento dos sintomas.

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Formas de intoxicação • Intoxicação crônica

– Aquele que ocorre pela exposição repetida ao

tóxico durante muito tempo. O mecanismo

pode ocorrer por:

• Acúmulo do tóxico no organismo (eliminação <

absorção) – p.ex. saturnismo crônico;

• Efeitos aditivos com ou sem acumulação. É o

mecanismo de ação da maioria das substâncias

cancerígenas.

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Intoxicação crônica • Processos agudos dentro da intoxicação

crônica. Ocorre com substâncias biologicamente inativas acumuladas em tecidos inertes (chumbo nos ossos, DDT no tecido adiposo);

• Quadros crônicos por dose tóxica única. Fenômeno imprevisível, ocorre com TOCP (neurite), azobenzenos (necrose hepática quase 1 mês depois).

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Toxicidade • Querosene

– DL50 VO em ratos: 30-40ml

– DL50 Inalado em ratos: gotas

DL50 (via oral) 140

---------------------------- = -------

DL50 (via traqueal) 1

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Tipos de intoxicação • Execução

– Cicuta

– CNH

– Pentotal EV

• Criminosa – Sem propriedades organolépticas (sabor, odor);

– Fácil aquisição, sem despertar suspeitas;

– Eficácia a doses baixas;

– Quadros agudos ou subagudos fáceis de confundir com doenças;

– Solúvel e de fácil aplicação.

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Tipos de intoxicação • Criminosa

– eróticos;

– abortivos;

– imobilização da vítima ou de doentes;

– espionagem;

– “lavagem cerebral”;

– guerra química;

– repressão de greves e motins;

– doping;

– rituais fanáticos;

– etc.

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Tipos de intoxicação • Voluntárias

– Autolesão;

– Drogadição;

– Terapêutica.

• Acidentais – Alimentares;

– Picadas de animais;

– Absorção acidental (CO, produtos de limpeza);

– Medicamentosas • Automedicação;

• Erros de doses e esquema posológico;

• Confusão de produtos;

• Acesso de crianças

• Iatrogênicos

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Estabilidade das amostras – Muitas drogas não são quimicamente estáveis e

podem estar sujeitas à degradação química, física ou microbiana.

– Degradação química pode resultar na perda da droga pura pela decomposição à outro composto (como cocaína para o metabólito benzoilecgonina)

– Decomposição física pode resultar em: • mudanças na forma cristalina de um fármaco

• agregação de partículas sólidas em uma suspensão

• perda de compostos voláteis para a atmosfera e para o frasco (álcool etílico)

– Contaminação microbiana pode ocorrer em qualquer amostra contendo água.

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Estabilidade e artefatos • THC

– Carbóxi-THC se perde na urina a temperatura ambiente por vários dias ou congelada por longos períodos;

• Morfina – 6-AM se desacetila a M em temperatura ambiente;

– 6-AM perde <2% em 12m se congelada, até 3m não se espera perda;

– Desconjugação de metabólitos no fígado = > concentração de M em amostras de fígado;

– Morfina instável se conservada a 4oC ou + por vários dias.

• Heroína – > concentração de M no fígado coletado 8-9h postmortem e

armazenado 10d em temperatura ambiente (conversão de glucoronídeos / desconjugação?)

– E. coli é fonte de B-glucoronidases.

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Estabilidade e artefatos • Benzodiazepínicos

– Nitrobenzodiazepinas (nitrazepam, flunitrazepam,

clonazepam): perdem seus metabólitos 7-amino

► analisar prontamente;

– Mudanças são minimizadas em outras BZD se

conservadas a -20oC.

• Cocaína e BZE são instáveis

– podem sofrer hidrólise espontânea;

– em urina até <37% em 12m a -20oC;

– estável até 6m.

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Estabilidade e artefatos • Clorpromazina

– instável em amostras armazenadas por longos períodos.

• Tioridazina – instável em amostras armazenadas por longos

períodos.

• Dotiepina – degrada por ação bacteriana.

• Metaqualona – Recuperados 72% depois de 26m;

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Estabilidade e artefatos • Paraquat

– 42% recuperados em estômago no 7o dia;

– 11% recuperados em ceco no 7o dia;

– no fígado, a concentração sobe no 3o dia

(redistribuição / desconjugação?) e cai depois;

• Paratión / Malatión

– variação menor que do Paraquat.

• Organoclorados

– muito estáveis, recuperáveis > 72% em material

putrefato.

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Redistribuição • Podem ocorrer mudanças de até 10x em

sangue cardíaco ante e postmortem;

• Mais afetados: digoxina, propoxifeno, ATCs, metadona, fluoxetina, anfetaminas / metanfetaminas;

• Sangue femural também distribui, mas menos;

• Não ocorre somente em sangue: o lobo hepático Esq pode ter concentrações > que o Dir.

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Redistribuição • Importante em:

– sustâncias com alta lipossolubilidade e com alta

concentração em tecidos em relação a sangue;

– drogas básicas com grande VD, que demonstram maior

faixa de razão C/P (p.ex. doxepina: 1-20) e maior razão C/P;

– Considerar exceções:

• Imipramina tem C/P < 2 (droga básica, com alto VD);

• Propranolol e triazolam tem C/P > 2 (drogas ácidas, com baixo

VD).

• Relação C/P está influenciada por:

– Tipo de droga, VD, concentração, aderência a proteínas, pK,

intervalo postmortem.

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Toxicologia Postmortem

?

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Matrizes 1. Sangue: 2 amostras (central e periférica) para

drogas e álcool, até 5 para CO;

2. HV: estável e resistente à contaminação,

putrefação e ação do calor e do fogo;

3. Urina: altas concentrações de muitas drogas, por

longos períodos. Boa para screening;

4. Bile: concentra drogas como narcóticos e

benzodiazepínicos. Substitui a urina SN;

5. Fígado: sítio metabólico principal. ATCs são

seqüestrados no fígado;

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Matrizes 6. Pulmão: interessante em substâncias voláteis;

7. Baço: alta concentração de hemácias, bom para

CO;

8. Conteúdo gástrico: overdose por via oral, venenos,

nitratos;

9. Cabelos, pêlos, unhas: bom indicador de exposição

prévia, concentra metais, arsênico, grupos

sulfidrila;

10. Músculos, gordura, ossos, medula óssea, liquido

pleural ou ascítico, liquido cefaloraquídeano, etc.

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Análise diferencial • Bile / sangue

– tóxico / insignificante para paracetamol;

– Rel de 3-6 para coca, BZE, EME, CE;

– Rel de 1 para anfetamina;

– Rel de 2000 para desmetilclobazan.

• HV / sangue – importante para distinguir formação postmortem de álcool.

Inútil para estimar álcool em sangue.

• Fígado / sangue – cuidado com álcool postmortem.

• Álcool postmortem – cerca de 12% de todos os casos;

– 20% dos descompostos;

– sugere-se limite superior de alcoolemia em cerca de 0,15%.

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Interpretação dos dados • Aspectos pré-

analíticos: – Pedido;

– Seleção de amostras;

– Coleta (sítios, técnica, material);

– Armazenagem;

– Transporte;

– Registro;

– Preparação e testagem (prazos, técnicas de extração e análise;

– Cadeia de custódia;

– Contra-prova.

• Considerar:

– Uso prévio: agudo /

crônico : tolerância /

nível tóxico;

– Medicação utilizada

em emergência

médica;

– Associações entre

drogas e drogas /

álcool.

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Interpretação dos dados A análise de drogas de

espécimes postmortem

depende de processos que

ocorrem durante autólise e

putrefação. A degradação

ou concentração

postmortem de drogas e

venenos pode ocorrer como

resultado de processos

metabólicos, decomposição

química ou ação bacteriana.

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Álcool • EUA em 2000 (NHTSA):

– 38% de acidentes de tráfego fatais;

– 7% de todos os acidentes de tráfego.

• Tipos de álcool: – Etanol ou álcool etílico – acetaldeído – acetato

– Metanol – formaldeído – ác formico – acidose metabólica

– Isopropanol – acetona – depressão marcada do SNC

– Etilenoglicol – ác dicarboxílico – ác oxalico – oxal Ca

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Álcool • Absorção

– pele, inalação, EV, oral (100% absorção);

– aumenta com % de álcool (máx 30%);

• Distribuição

– intestino – sistema porta – fígado – coração

direito – pulmões – coração esquerdo – cérebro e

demais órgãos.

• Eliminação

– Baixa conc: cinética de primeira ordem

(percentual)

– Alta conc: cinética de ordem zero (quantidade)

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Álcool • Fases de

absorção /

distribuição

– absortiva:

arterial > venoso

– completa:

arterial = venoso

– pós absortiva:

arterial < venoso

• Razão de concentração

Matriz / Sangue para

álcool

– Saliva 1,1

– HV 1,2

– Bile 1,0

– LCR 1,1

– Fígado 0,6

– Rim 0,7

– Cérebro 0,8

– Urina 1,3

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“as with any poisoning, the chemical form of the

arsenic compound, the age and physical condition of

the individual exposed, and the dose are critical

issues” Science et vie, Ed. 1026

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Ensaios Clínicos Randomizados

(ECR)

Estudos de Coorte

Estudos de Casos e Controles

Estudos Transversais

Estudos Ecológicos

Estudos Experimentais não controlados

Estudos de Incidência

Estudos de Prevalência

Estudos de Casos / Série de Casos