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Número 110 3
GERENCIAMENTO DE ATIVOS artigo
GERENCIAMENTO DE ATIVOS APLICADO À GESTÃO DE SOFTWAREAlessandro Barbosa Shirahige ([email protected]), Engenheiro de Aplicações; Carlos Eduardo Gurgel Paiola ([email protected]); Gerente de Contas; e Márcia Campos ([email protected]), Gerente Comercial, todos da Aquarius Software.
Quando falamos em gerenciamento de
ativos na área de automação indus-
trial, fica evidente a intenção de cui-
dar e manter bens materiais da empre-
sa, como equipamentos ou instrumentos
(sensores / atuadores). No entanto, den-
tro desse contexto, é importante tam-
bém ressaltar como ativo o software, que
ganha importância como um bem à me-
dida que é cada vez mais utilizado para
controlar, supervisionar e gerenciar ope-
rações e produção.
O termo “ativo” tem origem na ciência
contábil, onde se atribui ao ativo o con-
trole dos recursos e a capacidade de
proporcionar benefícios futuros para a
organização.
Antes do final do século passado, a con-
tabilidade só dava importância aos ati-
vos materiais, tangíveis; no entanto, re-
centemente, a discussão sobre ativos in-
tangíveis evoluiu de maneira significati-
va. Em 2007, com a finalidade de atua-
lizar conceitos e adequar-se aos modos
atuais de produção, foi decretada a Lei
11.638/07 [Ref. 1] sobre elaboração e di-
vulgação de demonstrações financeiras.
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artigo GERENCIAMENTO DE ATIVOS
Nessa lei, os ativos são separados em
ativos circulantes e ativos não-circulan-
tes. Os ativos não-circulantes englobam
ativo realizável em longo prazo, investi-
mentos, imobilizado e intangível. Den-
tro desta última classificação, define-se
como ativo intangível os direitos que te-
nham por objeto bens incorpóreos desti-
nados à manutenção da companhia ou
exercidos com essa finalidade.
Esse conceito também é discutido por
autores como Johnson e Kaplan [Ref. 2],
que afirmam que o valor da entidade não
se restringe à soma dos valores de seus
ativos tangíveis, mas inclui também os
valores de ativos intangíveis: o surgi-
mento de produtos inovadores, o conhe-
cimento de processos de produção fle-
xíveis e de alta qualidade, o talento e a
moral dos empregados, a fidelidade dos
clientes, a imagem dos produtos, rede de
distribuição eficiente, etc.
Nessa mesma tendência, o International
Accounting Standard Board (IASB) [Ref.
3], organismo internacional de emissão
de padrões contábeis, estabelece que
ativos intangíveis são aqueles que não
tem substância física, ou tem um valor
que não é convertido para aquelas subs-
tâncias físicas que estes possuem, a
exemplo de um software, o qual não é ra-
zoavelmente mensurado em relação ao
custo dos disquetes que o contém (EPS-
TEIN e MIRZA, 2004 [Ref. 4]).
As empresas têm preocupação perma-
nente em conservar seus ativos, incluin-
do máquinas e equipamentos, de modo
a manter sua produtividade. Porém, os
equipamentos de produção, como con-
troladores industriais, robôs e instru-
mentações inteligentes, utilizam cada
vez mais software em sua programação
e configuração. Sistemas fundamentais
para a operação, como IHMs (Interfaces
Homem-Máquina) e supervisórios, são
ferramentas de software. Assim sendo,
torna-se natural estender o conceito de
gerenciamento de ativos também para
o ativo intangível software, pois se sua
perda ou falha acarreta prejuízos diretos
e indiretos, é imprescindível garantir sua
preservação, integridade e atualização.
CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS DO ATIVO INTANGÍVEL SOFTWARE
Além do aspecto da continuidade opera-
cional, é importante observar que custos
de desenvolvimento da aplicação, de im-
plementação, de ajustes e de manuten-
ção incidem sobre software e aplicati-
vos, além do tempo, da experiência e da
inteligência aplicados a estes. Ou seja,
os programas de CLPs (Controladores
Lógicos Programáveis), os aplicativos de
supervisão e a documentação relativa a
esses softwares reúnem conhecimento,
procedimentos e otimizações do proces-
so produtivo.
Assim, quando se observa o universo de
software utilizado numa indústria, per-
cebe-se a importância desse conheci-
mento, que posto em execução e ajusta-
do por experiência, deve ser reconhecido
como bem crítico da empresa e não pode
simplesmente ser perdido. Pelo contrá-
rio, o software deve ser cuidado e con-
servado como qualquer outro ativo.
SISTEMAS PARA BACKUP E GERENCIAMENTO DE VERSÃO DE SOFTWARE INDUSTRIAL SÃO UMA TENDÊNCIA
Na área de informática, sistemas para
backup (cópia de segurança) e gerencia-
mento de versão de software são rotinei-
ros e parte do dia a dia dos programado-
res. Sua utilização segue a normas como
a ISO/IEC 27002 [Ref. 5], recente atuali-
zação da ISO/IEC 17799 [Ref. 6], de ges-
tão de segurança da informação, basea-
da em três pilares básicos: confidenciali-
dade, integridade e disponibilidade das
informações. Esta norma fornece um
conjunto de recomendações que visam
conscientizar e orientar os funcionários,
clientes, parceiros e fornecedores de tec-
nologia de informação para o uso segu-
ro do ambiente, tanto físico quanto o in-
formatizado, com informações sobre ge-
renciamento, distribuição e proteção da
informação.
No entanto, o mesmo ainda não ocor-
re de forma sistemática no ambiente in-
dustrial. O gerenciamento de versão de
software é um tema mais comum na in-
dústria alimentícia e farmacêutica, de-
vido a requisitos da norma FDA 21 CFR
Part 11 [Ref. 7], que exige controle dos
programas e aplicativos de forma rígida.
Em outros setores da indústria, a bus-
ca por soluções para backup e gerencia-
mento de versões de software, em geral,
visa evitar a repetição de problemas an-
teriores (paradas de produção, dificul-
dades por uso de versões antigas, etc.)
ou é devida à percepção de que há fa-
lhas nos mecanismos empregados. Mas,
seja para aplicar as normas exigidas pelo
mercado, ou por necessidade do dia a
dia da empresa, a tendência que se ob-
serva de controlar de maneira segura os
softwares industriais é inexorável.
Com a intenção de orientar as ações de
segurança na área de tecnologia da au-
tomação, a ISA (International Society of
Automation) criou uma série de normas,
cada qual cobrindo um aspecto especí-
fico do tema “segurança de sistemas de
manufatura e controle” [Ref. 8]. São elas:
•ISA 99.00.01 – Escopo, conceitos, mo-
delos e terminologia;
•ISA 99.00.02 – Estabelecendo a segu-
rança de sistemas de manufatura e
controle;
Número 110 5
GERENCIAMENTO DE ATIVOS artigo
•ISA 99.00.03 – Operando um progra-
ma de segurança de sistemas de ma-
nufatura e controle;
•ISA 99.00.04 – Requisitos específicos
de segurança para sistemas de manu-
fatura e controle.
Adicionalmente, o comitê responsável
desenvolveu dois relatórios técnicos que
auxiliam na compreensão e execução
das normas, identificando e avaliando
as tecnologias atualmente disponíveis e
como elas podem ser utilizadas nos sis-
temas de controle:
•ISA TR 99.00.01 – Tecnologias para a
proteção dos sistemas de manufatura
e controle;
•ISA TR 99.00.02 – Integrando seguran-
ça eletrônica ao ambiente dos siste-
mas de manufatura e controle.
Com necessidades mais amplas do que
os usuários de TI, os usuários da tecno-
logia de automação industrial já dis-
põem de ferramentas para auxiliá-lo no
backup e gerenciamento de ativos de
software: os Sistemas de Backup e Ge-
renciamento de Versão de Softwares
Industriais. Esses sistemas também
são conhecidos como CMS (do inglês,
Change Management System, ou seja,
Sistema Gerenciador de Mudanças).
Os CMSs funcionam como uma apólice
de seguro, onde se faz um investimento
para reduzir custos em caso de aciden-
te. E o retorno sobre o investimento (em
inglês, ROI – Return On Investiment) em
um sistema desse tipo é extremamente
rápido, pois, ao garantir disponibilidade
de backup e identificar mudanças inde-
vidas, reduz tempos de parada, com im-
pacto direto na produtividade da empre-
sa e na segurança operacional.
QUANDO O GERENCIAMENTO DO ATIVO SOFTWARE É NECESSÁRIO
Quando uma das situações abaixo ocor-
re, há indicação de que o gerenciamento
do ativo software é necessário:
•Não havia backup atualizado dos pro-
gramas quando ocorreu uma falha;
•A empresa já teve problemas para en-
contrar um programa ou uma configu-
ração quando precisava colocar um
equipamento em funcionamento;
•A empresa percebeu um problema no
programa de configuração do equipa-
mento e, quando procurou o backup,
encontrou-o com o mesmo problema;
•O programa do controlador industrial
foi modificado sem que a mudança te-
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artigo GERENCIAMENTO DE ATIVOS
nha sido devidamente documentada;
•Alguém esqueceu um ponto “for-
çado” no CLP e causou problemas
posteriores;
•Uma pessoa não autorizada ou não
identificada fez uma modificação em
um programa de configuração;
•Perderam algumas alterações no pro-
grama de configuração porque outra
pessoa sobrescreveu o trabalho;
•A versão errada do programa de confi-
guração foi editada.
Qualquer dessas situações em uma
empresa indica que não existe pro-
cedimento de criação e controle de
backups ou que tais criações e contro-
les são feitos de forma ineficaz. Para
estes casos, é fortemente indicado
um sistema para backup e gerencia-
mento dos programas e aplicativos de
software.
Esse gerenciamento evita conseqüên-
cias trabalhosas e até mesmo caras,
como uma parada de produção prolon-
gada, e ainda horas adicionais de tra-
balho, refazendo ou revendo progra-
mas, devido a dificuldades na compa-
ração destes. Com o uso dessa tecnolo-
gia, situações ainda mais graves tam-
bém podem ser evitadas, como aciden-
tes operacionais causados por uso de
versões antigas do software do CLP,
por exemplo.
ASPECTOS ESPECÍFICOS DO GERENCIAMENTO DO ATIVO SOFTWARE
O gerenciamento do software requer
cuidados distintos de outros ativos:
•Backup – para garantir que possa ser
recuperado fácil e rapidamente em
casos de falha de hardware ou outra
ocorrência que leve à perda da ver-
são em uso;
•Proteção, para evitar “furtos” e mu-
danças indevidas – o que se traduz
no controle de acesso;
•Gerenciamento de mudanças – para
permitir rastrear a autoria das altera-
ções e quais foram essas alterações.
A seguir, os três aspectos principais do
sistema de backup e gerenciamento de
versões de software são detalhados.
BACKUP
O primeiro aspecto tratado por um bom
CMS é a cópia de segurança.
É indiscutível que a falta de backup
tem custo direto (ex. nas paradas de
produção) ou indireto (ex. com aumen-
to de horas trabalhadas para recuperar
a perda). No entanto, o aspecto mais
importante na perda de programas e
aplicativos é que equivale (ou até mes-
mo supera) a perda de um equipamen-
to de campo, com custos e prazos asso-
ciados à sua reposição, além do tempo
de parada da produção.
O que se pretende com um sistema
que permite backup automático para
softwares industriais é garantir que a ver-
são que é executada no controlador in-
dustrial ou no sistema supervisório este-
ja disponível em um repositório comum,
com fácil acesso e sem criar a dúvida de
qual seria a última versão validada.
Para atingir este objetivo, os tradicio-
nais agendadores de tarefa dos siste-
mas operacionais podem até atender
a necessidade de realizar os backups
de sistemas supervisórios, mas estes
não são suficientes para realizar os
backups dos programas de configura-
ções dos controladores industriais. Isso
se deve ao fato de que é necessário ob-
ter o programa de configuração direta-
mente da CPU do controlador, ou seja,
é necessário fazer um upload (descar-
ga ou leitura) do controlador industrial.
Mesmo que os tradicionais agenda-
dores realizassem o upload e, por con-
seqüência, obtivessem o backup do
aplicativo, isso ainda não seria o bas-
tante para obter-se uma cópia con-
fiável, pois nada indicaria ao usuá-
rio se este backup é diferente ou igual
à versão anterior. Um CMS permi-
te que, caso a versão seja igual à an-
terior, não seja arquivado este novo
backup, evitando assim o armazena-
mento de informação desnecessária;
além disso, se o novo backup do pro-
grama obtido for diferente, o sistema
pode armazená-lo momentaneamente
e notificar um responsável de que uma
nova versão foi obtida. O responsá-
vel validará a mudança para manter o
backup, afinal, a nova versão tanto
pode estar correta, quanto pode ser
indevida, por exemplo, trazendo um
ponto que não deveria permanecer
forçado.
Embora o backup se relacione ao con-
trole de acesso e ao gerenciamento de
mudanças, que será explanado adian-
te, já se percebe que não se trata aqui
apenas de agendamento e upload, mas
sim, da necessidade de uma inteligên-
cia adicional para resultar em confiabi-
lidade e robustez de informação.
CONTROLE DE ACESSO
Quando se fala em controle de aces-
so, pensa-se imediatamente em usu-
ários, senhas e privilégios (Figura 1).
Estes são fundamentais e indispen-
sáveis, porém, para gerenciar progra-
mas e aplicativos eficientemente, de-
ve-se possuir recursos adicionais que
permitam restringir o acesso de usuá-
rios considerando a função específica
a cada um. Por exemplo, um técnico de
manutenção pode recuperar o progra-
Número 110 7
ma arquivado da sua área, mas não pode alterá-lo, enquanto
o administrador possui acesso para todas as operações pos-
síveis sobre este programa. Pode-se ter também a necessi-
dade de aprovar ou validar mudanças. Tal procedimento é
exigido na norma FDA 21 CFR Part 11.
FIGURA 1 - Controle de Acesso.
Uma vez que o controle de acesso é realizado, pode-se obter
algumas funcionalidades adicionais. Um ganho ao gerenciar
acessos é evitar que duas pessoas alterem simultaneamen-
te o mesmo programa, evitando que uma delas tenha seu tra-
balho sobrescrito. Para isso, quando alguém precisa modifi-
car um software, o sistema reserva o respectivo projeto para
o usuário solicitante e o bloqueia para os demais. Durante a
modificação do projeto, os outros usuários poderão lê-lo, mas
não editá-lo (Figura 2).
FIGURA 2 - Acesso bloqueado por outro usuário.
Outro aspecto importante em qualquer controle de versão é a
documentação. Devem existir mecanismos que incentivem a
inclusão de comentários, informando o que e por que foi modi-
ficado. Logicamente, obrigar um usuário a incluir um comen-
tário não garante que este seja claro e completo, mas quando
é possível identificar quem deixa de comentar adequadamen-
te suas mudanças, pode-se também criar formas de motivá-lo
a adotar o procedimento correto.
GERENCIAMENTO DE MUDANÇAS
O gerenciamento de mudanças visa manter todas as versões
e alterações realizadas na empresa, com o registro histórico
de quem fez cada modificação (Figuras 3 e 4). O histórico ga-
rante informações para diversos tipos de análise: gerenciais,
auditorias, freqüência de alterações em programas, etc.
FIGURA 3 - Exemplo de histórico de versões.
FIGURA 4 - Exemplo de histórico de versões via web.
A manutenção de versões intermediárias tem diversas apli-
cações. Durante o desenvolvimento de um programa, compa-
rar versões auxilia a identificar em que ponto um problema re-
GERENCIAMENTO DE ATIVOS artigo
8 InTech | www.isadistrito4.org
artigo MEDIÇÃO DE NÍVEL
cém-diagnosticado não ocorria, podendo reduzir drasticamente
o tempo gasto nesse diagnóstico e no restabelecimento da ope-
ração desejada.
Na prática, em qualquer trabalho mais demorado, é interessante
que o usuário possa salvar versões intermediárias do programa.
Mas é importante diferenciar a última versão (aquela que está
sendo modificada) da versão corrente, que é a versão que está ro-
dando efetivamente em campo. Por exemplo, o engenheiro pre-
para a inclusão de um novo equipamento no processo, o progra-
ma que está rodando no CLP somente será trocado após as mu-
danças no programa, testes e adaptações. Durante essa fase de
desenvolvimento, o engenheiro quer manter seus backups, mas
o programa validado para a produção é a versão corrente, ante-
rior à expansão. Nesse caso, a versão original e a modificada de-
vem ser mantidas e, ao fazer o upload, a versão do CLP deverá
ser comparada à versão corrente, que não é a última versão.
CARACTERÍSTICAS IMPORTANTES PARA O SISTEMA DE BACKUP E CONTROLE DE VERSÃO DE SOFTWARE
Conceitualmente simples, o sistema de backup e controle de
versão requer características que garantam abrangência e fle-
xibilidade para que possa ser implementado com sucesso. Algu-
mas dessas características são detalhadas a seguir.
SUPORTE A DIFERENTES CLPS E SUPERVISÓRIOS
Os CMS encontram uma restrição relevante. Tipicamente as
plantas industriais possuem uma grande diversidade de contro-
ladores industriais e supervisórios. E cada um destes possui um
formato proprietário e níveis diferentes de recursos de acesso e
de comparação de versão (Figura 5).
FIGURA 5 - Árvore de projetos.
Desta forma, o CMS não deve se limitar a um fabricante es-
pecífico, mas sim abranger um número grande de fabrican-
tes e tipos de equipamentos.
Para garantir algum nível de controle para todos os
softwares industriais, criou-se a possibilidade de personalizar
o controle para os programas e aplicativos que não são supor-
tados em modo nativo. Neste caso, o controle é mais eficiente,
ou menos, dependendo do grau de abertura para personaliza-
ção oferecido pelo próprio CMS e dos padrões de abertura que
programadores de cada equipamento oferecem.
Nesse aspecto, ao escolher um CMS, é importante obser-
var o conjunto de programas e aplicativos existentes na em-
presa, bem como considerar a possibilidade de inclusão de
novos softwares e definir qual o nível mínimo de controle
aceitável.
ARQUITETURA
Uma arquitetura do tipo cliente/servidor é desejável nesta
aplicação, pois garante que a informação mais recente fi-
que disponível para todos. Na Figura 6 está um exemplo de
arquitetura cliente/servidor para um software gerenciador
de mudanças. Pode-se notar a comunicação direta com os
diversos programas atendidos pelo servidor, incluindo a co-
municação com os dispositivos de campo, como CLPs, IHMs
etc. Esta comunicação pode ser feita de forma manual ou
automática.
FIGURA 6 - Arquitetura cliente/servidor.
Quando existe conexão on-line com as aplicações geren-
ciadas, a partir do servidor ou de algum cliente da rede, po-
de-se realizar backup e comparação automáticos das apli-
cações, em períodos determinados pelo usuário, através
de um agendador de tarefas (Figura 7), também conhecido
como scheduler.
artigo GERENCIAMENTO DE ATIVOS
Número 110 9
FIGURA 7 - Agendador de tarefas.
METODOLOGIA DE CONTROLE DE ACESSO
Não basta ter um CMS, é necessário implementar uma metodo-
logia de controle de acesso e treinar os usuários para que enten-
dam a necessidade e os benefícios desse controle.
O melhor método a ser implementado em uma empresa depen-
de da realidade e dos costumes empresariais da mesma, sendo
muito específico para cada caso. Em alguns ambientes, o aces-
so direto ao controlador industrial é considerado uma operação
emergencial válida e essa premissa tem que ser respeitada. Em
outros casos, o controlador industrial não possui recursos que
impeçam um acesso direto, como pela porta serial e, mesmo que
tal procedimento não seja permitido, na prática será necessário
verificar se isso ocorreu (através dos uploads programados).
Quando o gerenciador de mudanças tem acesso on-line aos
controladores industriais e supervisórios da rede, o controle de
acesso é mais simples e eficiente (Figura 8).
FIGURA 8 - Arquitetura do gerenciador de mudanças on-line.
Mas existem situações em que o equipamento fica isolado, sem
acesso via rede. Neste caso, a solução típica é trabalhar off-line
(Figura 6), onde o usuário faz acesso primeiramente ao servidor
GERENCIAMENTO DE ATIVOS artigo
do sistema de gerenciamento e recupera a última versão exis-
tente para edição. Então, este se desconecta do servidor que,
por sua vez, reserva a edição desse projeto para este usuário
por um tempo pré-determinado, evitando assim que algum tra-
balho seja sobrescrito. O usuário do aplicativo terá esse tem-
po específico para carregar as devidas alterações no dispositivo
remoto e, então, devolver a última versão do programa, liberan-
do o acesso para a próxima necessidade de edição.
Caso o programa não seja devolvido no tempo pré-determina-
do, o responsável poderá prorrogar o prazo, caso contrário, a re-
serva do programa será cancelada, exigindo que o usuário faça
nova reserva, verificando se houve alteração por outro usuário
nesse intervalo.
OUTRAS FUNÇÕES IMPORTANTES
A possibilidade de criar telas com interface gráfica e com o tipo
de árvore de projeto mais intuitivo pode ser um fator facilitador
da aceitação do sistema, uma vez que não basta instalar um
bom produto para gerenciar mudanças, pois o verdadeiro con-
trole vem da utilização ampla e adequada do sistema.
Uma vez implementado, o sistema deve fazer parte do cotidia-
no de cada usuário, sendo, portanto, extremamente desejável
que possua uma interface de uso amigável, intuitiva. A inter-
face deve proporcionar agilidade e diminuir a possibilidade de
erros na operação do sistema. Na Figura 9 há um exemplo de
tela baseada em HTML, que permite a fácil navegação dentro
de cada área gerenciada, indicando os respectivos projetos ge-
renciados: CLP, IHM, supervisório e documentação.
FIGURA 9 – Exemplo de tela personalizada.
RELATÓRIOS
Um aspecto a ser considerado no CMS é a oferta de relató-
rios prontos e parametrizáveis, pois quanto mais comple-
tos forem, menor será a engenharia necessária e maior a
10 InTech | www.isadistrito4.org
FIGURA 10 - Relatório para auditoria.
agilidade para implantação do gerenciamento de ver-
são. A lista de programas bloqueados, o histórico para
auditorias (Figura 10) e relação de acessos são al-
guns exemplos de relatórios básicos. É importante que
haja flexibilidade para determinar filtros, períodos, etc.
A comparação entre versões do mesmo programa, abordada
aqui anteriormente, também gera relatórios com diferentes
níveis de detalhamento. Na Figura 11, temos um exemplo de
FIGURA 11 – Relatório de comparação entre versões de um programa de CLP.
relatório de comparação entre versões de um programa de CLP,
com um índice de diferenças entre as duas versões compara-
das, dividido em: lógica de ladder, configuração do controla-
dor, registros de entrada/saída e tabela de forces. As Figuras
12 e 13 mostram o detalhamento de ladder e tabela de forces,
respectivamente.
FIGURA 12 – Relatório de comparação da lógica de ladder entre versões de um programa de CLP.
artigo GERENCIAMENTO DE ATIVOS
Número 110 11
FIGURA 13 - Comparação da tabela de forces entre versões de um CLP.
Em muitos casos, é possível até mesmo o detalhamento das
linhas de uma lógica de ladder, permitindo analisar a inclu-
são, exclusão ou modificação na lógica entre duas versões
quaisquer, sejam do mesmo projeto ou de projetos distintos.
Quando o CMS permite acionar comparações entre diferen-
tes projetos, este tipo de relatório também tem grande utili-
dade para comparar programas similares, rodando em CLPs
distintos, como os de máquinas iguais ou linhas de produção
semelhantes.
CONCLUSÃO
A implementação de um CMS traz retornos significativos para
as indústrias e variam de acordo com o perfil da empresa. Os
ganhos mais comuns estão descritos a seguir.
•Centralizando o backup e garantindo a freqüência e robus-
tez da sua realização, em caso de falha em um equipamen-
to ou sistema e existindo a necessidade de restauração de
backup, o processo se torna mais rápido e seguro, com re-
dução real do tempo de parada da planta ou área – o que
geralmente afeta diretamente a produtividade;
•A identificação de mudanças, sejam elas indevidas ou não,
permite detectar situações que requerem interferência. É o
caso de pontos que são sistematicamente forçados. A maior
visibilidade obtida através do gerenciamento de versão per-
mitirá que a empresa identifique a situação e aplique a so-
lução correta. Neste caso, é possível que seja feita uma re-
visão do programa do CLP para adequá-lo às práticas ope-
racionais com maior controle e segurança.
•Há uma tendência de diminuição na taxa de mudanças em
programas. A redução do volume de mudanças significa
redução direta de horas de trabalho com alterações, além
da redução dos riscos inerentes a essas alterações. Essa
tendência é decorrente de vários fatores:
a) maior controle de acesso no que tange as permissões de
usuário; isto leva o administrador do sistema a um melhor
planejamento das permissões e privilégios, de acordo com
a função de cada usuário;
b) possibilidade de exigir que a mudança requeira aprovação
de um supervisor;
c) a identificação do autor das mudanças e necessidade de co-
mentar cada alteração, com possibilidade de auditoria pos-
terior, inibem mudanças isoladas e conduzem a uma prá-
tica adequada de concentrar alterações, implementá-las e
testá-las de forma mais planejada.
A utilização de um CMS resulta no controle sistemático e ro-
busto das práticas de manutenção e implantação de sistema
de automação industrial. Tal sistema confere ao cotidiano dos
usuários e responsáveis pela manutenção uma metodologia
segura de uso de cada tecnologia existente em uma planta in-
dustrial. Mais do que uma tendência de mercado, essa tecno-
logia é uma necessidade real!
REFERÊNCIAS
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2. JOHNSON, H. T.; KAPLAN, R. S. (1993) - Contabilidade Gerencial - a restauração da relevância da contabilidade nas empresas. Rio de Janeiro, ed. Campus.
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GERENCIAMENTO DE ATIVOS artigo