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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE AGRONOMIA DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS Trabalho de Graduação Caracterização Petroquímica das rochas ígneas De um Poço Exploratório na Bacia do Parnaíba, Brasil. Aluno Nicholas Machado Lima 2010040257-0 Orientador Prof. Dr. Rubem Porto Junior Dra. Janaína Lobo (DG/IA/UFRuralRJ) Dezembro de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE AGRONOMIA

DEPARTAMENTO DE GEOCIÊNCIAS

Trabalho de Graduação

Caracterização Petroquímica das rochas ígneas De um Poço Exploratório na Bacia do Parnaíba, Brasil.

Aluno

Nicholas Machado Lima

2010040257-0

Orientador

Prof. Dr. Rubem Porto Junior

Dra. Janaína Lobo

(DG/IA/UFRuralRJ)

Dezembro de 2014

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1 – LIMA, NICHOLAS MACHADO

Caracterização Petroquímica das rochas ígneas de um Poço Exploratório na Bacia do Parnaíba, Brasil. Curso de Geologia / Departamento de Geociências

Instituto de Agronomia / Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro –

UFRRJ

[Seropédica] Ano 2014

Trabalho de Graduação Monografia Área de Concentração: Petrografia

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente aos meus pais: Josane e Gil, e minha família pelo apoio incondicional que

perante todas as adversidades permitiu que eu cursasse minha graduação, meu muito

obrigado.

Agradeço ao meu professor e orientador Dr. Rubem Porto Jr. por toda a ajuda, sem a qual a

realização desse trabalho não seria possível, e pela grande colaboração em ter tornado a

geologia ainda mais interessante pra mim.

Agradeço a todo pessoal da Petrobras em especial: Minha co-orientadora Drª Janaína Lobo

pela disponibilidade em esclarecer minhas dúvidas tanto na elaboração deste trabalho, quanto

durante meu estágio na Petrobras e ao Jeferson de Andrade que também muito colaborou

neste trabalho.

E agradeço a galera da Geologia da Rural, que fez inesquecível minha experiência

universitária, especialmente meus companheiros da turma de 2010: André Magalhães ( Pink),

Clara Farias, Flávia Tavares, Henrique Lemke (Alemão), Leonardo Couto (Leo), Lucas Bastos,

Maurício Ervilha, Renan Vasconcellos, Wagner Travassos ( Vavá). Obrigado pelas risadas, pelas

broncas, pela companhia nas festas e nos estudos, por ouvir meus desabafos e por tornar

minha vida ruralina mais feliz.

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“Somewhere, something incredible is waiting to be known.”

Carl Sagan

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RESUMO

O presente estudo tem como principal objetivo estudar as rochas ígneas presentes em

um poço exploratório na Bacia do Parnaíba. Para tal foram utilizadas análises

petrográficas de lâminas delgadas ao microscópio de amostras de calha e o perfil

composto do poço, para a amarração das características petrográficas e com suas

respectivas profundidades. Também foi utilizada a análise de dados geoquímicos

(elementos maiores e traços), presentes no banco de dados da Petrobras, que levou a

classificação dos litotipos do poço como rochas basálticas a andesíticas, subalcalinas

de médio a alto-K, que foram divididas em duas suítes de alto-Ti distintas, com base

em razões de elementos traços e ETRs. O estudo visou contribuir com a literatura

sobre o magmatismo da Bacia do Parnaíba, e a aplicação dos conhecimentos

adquiridos durante meu período de estágio da Petrobras.

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ÍNDICE GERAL

Agradecimentos

Resumo

Índice Geral

Índice Figuras

Índice de Tabelas

CAPÍTULO 1. Introdução

1.1. Apresentação 1

1.2. Objetivo e Relevância 1

1.3. Localização da Área de Estudo 1

1.4. Metodologia Aplicada ao Estudo 3

CAPÍTULO 2. O Conhecimento Geológico da Bacia do Parnaíba

2.1. A Geologia da Bacia do Parnaíba 4

2.1.1. O Embasamento 7

2.1.2. O Registro Sedimentar 7

CAPÍTULO 3. O Magmatismo na Bacia do Parnaíba - Uma breve revisão

3.1. Introdução 10

3.2. Magmatismo na Bacia do Parnaíba 10

CAPÍTULO 4: Petrografia dos litotipos basálticos

4.1. Introdução 14

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4.2. Amostras sem Olivina 14

4.3. Amostras com Olivina 22

4.4. Sumário das características petrográficas 25

CAPÍTULO 5: Caracterização Geoquímica dos litotipos basálticos

5.1. Aspectos introdutórios 26

5.2. Apresentação e Interpretação dos dados Geoquímicos 29

5.3. Diagramas de elementos terras raras 33

5.4. Diagramas de discriminação de ambiente tectônico 35

CAPÍTULO 6: Conclusões 37

CAPÍTULO 7: Referências Bibliográficas

Índice de Figuras

Figura Legenda Página Figura 1 Mapa de localização das principais Bacias Sedimentares do Brasil 2 Figura 2 Principais feições estruturais associadas à Bacia do Parnaíba. 5 Figura 3 Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba 6 Figura 4 Diagramas R1-R2 e TAS mostrando a variação composicional das rochas magmáticas da bacia do

parnaíba 13

Figura 5 Glomerocristal de plagioclásio com hábitos diversos e grãos zonados e não zonados.

16

Figura 6 Fenocristal de plagioclásio fortemente alterado para saussurita.

16

Figura 7 Grãos subédricos de plagioclásio na matriz 16 Figura 8 Fenocristal apresentando terminação em rabo-de andorinha.

16

Figura 9 Plagioclásio com textura plumosa.

17

Figura 10

Grãos esqueléticos e com textura rabo-de-andorinha.

17

Figura 11

Fenocristais de clinopiroxênio.

17

Figura 12

Plagioclásio e clinopiroxênio gerando textura ofítica.

17

Figura Grão de augita uralitizada 18

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13 Figura 14

Grão de augita subédrico.

18

Figura 15

Grão de pigeonita subédrico.

18

Figura 16

Minerais opacos subédricos a euédricos.

18

Figura 17

Minerais opacos secundários, produtos de alteração do clinopiroxênio.

20

Figura 18

Grãos euédricos hexagonais de apatita.

20

Figura 19

Quartzo anédrico intersticial.

20

Figura 20

Intercrescimento micrográfico 20

Figura 21

Grãos de biotita verde, lamelares de origem hidrotermal. Epidoto de hábito quadrático e coloração amarelada

21

Figura 22

Aglomerado de epidoto ( Cor de interferência rosa/verde) e biotita (hábito lamelar) na borda de um fenocristal de plagioclásio.

21

Figura 23

Grãos anédricos de carbonato intersticial. 21

Figura 24

fenocristal de plagioclásio sericitizado 23

Figura 25

Grão subédricos de plagioclásio geminação pela lei da albita e carlsbad 23

Figura 26

intercrescimento entre augita e plagioclásio 23

Figura 27

Grão de augita apresentando zonamento.

23

Figura 28

Grão de olivina parcialmente substituida por iddingsita agrupado com plagioclásio 24

Figura 29

Grão bem preservado de olivina isolado do plagioclásio.

24

Figura 30

Grão euédrico de olivina parcialmente substituido por esmectita

24

Figura 31

Opacos anédricos associados a biotita de coloração marrom 24

Figura 32

Grãos finos de apatita ( marcados em vermelho) subédricos a euédricos com hábito hexagonal.

24

Figura 33

: Diagrama classificatório TAS (total de álcalis versus sílica)

29

Figura 34

Diagramas classificatórios usando elementos imóveis

29

Figura 35

Diagramas classificatórios usando elementos imóveis

29

Figura 36

Diagrama TAS para discriminação das séries: alcalina e subalcalina.

30

Figura 37

Diagrama AFM para discriminação das séries: toteiítica e calci-alcalina.

30

Figura 38

Diagrama para discriminação das séries de alto, médio e baixo-K.

30

Figura 39

Diagramas tipo Harker 31

Figura 39(cont.)

Diagramas tipo Harker 32

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Figura 40 Diagrama de elementos terras raras normalizado segundo o Condrito de Thompson.

34

Figura 41 Diagrama La/Yb x MgO

35

Figura 42

Diagramas trivariantes de discriminação de ambiente tectônico. 36

Figura 43

Diagrama bivariante discriminante de ambiente tectônico. 37

Índice de Tabelas

Tabela Legenda Página Tabela 1 Tabela 1: Sumário das características petrográficas

25

Tabela 2 Tabela 2: Composição química elementos maiores 27

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Capítulo 1 - Introdução

1.1 Apresentação Os resultados da pesquisa que aqui estão vinculados à disciplina Trabalho de

Graduação (IA - 243), disciplina obrigatória do curso de Geologia da Universidade

Federal Rural do Rio de Janeiro.

O trabalho teve início em agosto de 2014 sendo orientado pelo Prof. Dr. Rubem

Porto Junior do DEGEOC-UFRRJ e pela Drª Janaina Teixeira Lobo, Geóloga da

PETROBRAS.

A pesquisa foi realizada utilizando-se dados da PETROBRAS obtidos a partir de

perfuração e perfilagem de um poço exploratório na Bacia do Parnaíba.

1.2- Objetivo e Relevância

O objetivo deste trabalho é dar desenvolvimento ao estudo relacionado às

rochas ígneas ocorrentes em bacias sedimentares. Visa a obtenção e interpretação de

dados petrográficos, litogeoquímicos e a análise de perfis.

A relevância do estudo está na necessidade da aplicaçãoe de aperfeiçoamento

de métodos relativos ao estudo de rochas ígneas na exploração petrolífera, assunto

que vem ganhando espaço na indústria petrolífera e no contexto da evolução

geodinâmica das bacias.

1.3 – Localização da área de estudo

O foco do estudo é um poço estratigráfico, perfurado pela Petrobras, localizado no

estado do Piauí, no Leste da Bacia do Parnaíba (Figura 1). Possui 2274m de

profundidade, sendo que cerca de 500m de espessura são formadas por rochas ígneas

básicas intrusivasdivididas em 4 corpos principais cujos dados serão analisados no

presente trabalho.

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Figura 1: Mapa de localização das principais Bacias Sedimentares do Brasil ( Extraido de Zalán, 2004)

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1.4 – Metodologia utilizada no Estudo

A metodologia utilizada deu-se através das seguintes etapas:

1- Levantamento bibliográfico da Geologia da Bacia do Parnaíba com ênfase nos seus

eventos magmáticos.

2- Análise ao microscópio de 20 lâminas petrográficas feitas a partir de amostras de

calha, e levantamento e interpretação de dados litogeoquímica existentes no banco de

dados da Petrobras. As lâminas delgadas foram analisadas no laboratório da

Exploração e Produção do Edifício Ventura (EDIVEN) utilizando-se microscópios de luz

transmitida AXIO Imager A2 da Carl Zeiss com objetivas de 5x, 10x, 20x e 40x

aumentos. Também foram obtidas fotomicrografias através da AxioCamHRccom as

imagens sendo trabalhadas com o software AxioVision SE64, Ambos da Carl Zeiss.

3- Integração e interpretação dos dados obtidos anteriormente para conclusão

dapesquisa. Nessa etapa foram utilizados os softwares NewPet e Excel para a

produção dos gráficos e avaliação dos dados de geoquímica.

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Capítulo 2 O Conhecimento Geológico da Bacia do Parnaíba

2.1 – A Geologia da Bacia do Parnaíba

A Bacia Sedimentar do Parnaíba ocupa uma área de cerca de 600 mil km²

estando localizada na porção noroeste do Nordeste brasileiro abrangendo os estados

do Maranhão, Piauí, .

Seu desenvolvimento ocorreu sobre um embasamento continental durante o

Estágio de Estabilização da Plataforma Sul-Americana (Almeida e Carneiro, 2004), com

sua subsidência inicial provavelmente ligada a deformações e eventos térmicos fini a

pós orogênicos do Ciclo Brasiliano ou Estádio de Transição da Plataforma, na

terminologia de Almeida e Carneiro (2004).

A Bacia é limitada estruturalmente pelo Arco Ferrer-Urbano Santos ao Norte,

pela Falha de Tauá a leste, a sudeste pelo lineamento Senador Pompeu, a oeste pelo

lineamento Tocantins-Araguaia, e a noroeste pelo Arco Tocantins (Figura 2).

Sobre seu embasamento, de idades predominantemente Proterozóica ao início

do Paleozóico, encontra-se uma sucessão de rochas sedimentares e magmáticas de

até 3500m de espessura, que podem ser dispostas em cinco Superssequências:

Siluriana, Mesodevoniana-Eocarbonífera, Neocarbonífera-Eotriássica, Jurássica e

Cretácea limitadas por discordâncias regionais a inter regionais que podem abranger

toda a bacia. Esses eventos de preenchimento estão aqui representados na carta

estratigráfica da bacia (Figura 3).

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Figura 2: Principais feições estruturais associadas a Bacia do Parnaíba.

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Figura 3: Carta Estratigráfica da Bacia do Parnaíba (extraída de Vaz et.al.,2007).

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2.1.1 - Embasamento

Se deduz ser formado pelas rochas ígneas metamórficas e sedimentares

Arqueanas a Ordovicianas por correlação com os maciços, faixas de dobramentos e

outras entidades complexas adjacentes.

Duas unidades sedimentares fazem parte do embasamento da bacia. São elas:

a Formação Riachão: composta por ignimbritos, arcósios, grauvacas e siltitos de idade

proterozóica análoga as coberturas dos crátons Amazonas e São Francisco, e Grupo

Jaibaras: conjunto formado por depósitos fluviais, aluviais e lacustres preenchendo

calhas e grábens provavelmente ligados a gênese da própria bacia do Parnaíba. (Vaz

et al. 2007)

2.1.2 – Registro Sedimentar

Os aspectos básicos relativos à sequencia sedimentar aqui relatados

correspondem a proposta apresentada por Vaz et al. 2007.

# Sequência Siluriana

Corresponde litoestratigraficamente ao Grupo Serra Grande e possui litologias

diversas (arenitos com seixos, conglomerados, folhelhos entre outros) representando

diversos ambientes de sedimentação compreendendo um ciclo trasgressivo-regressivo

completo.

# Sequência Mesodevoniana - Eocarbonífera

Corresponde litoestratigraficamente ao Grupo Canindé que por sua vez está

dividido em quatro Formações: Itaím, Pimenteiras, Cabeças e Poti. Seus estratos foram

depositados discordantemente sobre a sequência sotoposta. Essa Sequência possui

rochas depositadas durante a Grande Transgressão Devoniana (Almeida e Carneiro,

2004) denotando participação de ambientes marinho, deltaico, fluvial e de planícies de

maré. Durante esta transgressão foram depositadas as rochas geradoras potenciais da

Bacia, como os folhelhos radioativos da Formação Pimeiteiras que marcam a

invasãomarinha mais importante da bacia. O final da sequência é marcadopor uma

discordância de âmbito inter regional provavelmente ligada a atividade epirogênica

geradas pela orogênese Eo-Herciniana que causaram regressão dos mares

epicontinentais ( Almeida e Carneiro, 2004).

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# Sequência Neocarbonífera - Eotriássica

Corresponde litoestratigraficamente ao Grupo Balsas. Trata-se de uma

sequência clástica - evaporítica depositada em discordância sobre o Grupo Canindé. É

constituída pelas formações Piauí, Pedra de Fogo, Motuca e Sambaíba.

A Formação Piauí é dividida em duas sucessões: a inferior composta de arenitos

rosados, médios, maciços ou com estratificação cruzada de grande porte e

intercalações de folhelhos vermelhos. A superior formada de arenitos vermelhos e

amarelos, finos a médios, contendo intercalações de folhelhos vermelhos, calcários e

finas camadas de sílex, siltitos e lentes conglomeráticas. Este conjunto é Interpretado

como representativos de ambientes fluvial, desértico e litorâneo.

A Formação Pedra de Fogo é caracterizada por camadas de sílex, calcário

oolítico e pisolítico eventualmente estromatolítico, de cor creme a branco, intercalado

com arenito fino a médio amarelado folhelho cinza siltito anidrita e eventualmente

dolomito. Interpretada como depositada em ambiente marinho raso a litorâneo com

planícies de sabhka, sob a ocasional influência de tempestades.

A Formação Motuca é composta por siltito marrom e vermelho, arenito branco

fino e médio, subordinadamente folhelhos. Anidrita e calcários ocorrem raramente sob

lentes delgadas nos pelitos. Interpretada como ambiente desértico com lagos

associados.

A Formação Sambaíba é composta por arenitos vermelhos a rosados, creme a

brancos com estratificação cruzada de grande porte. Essa formação é contemporânea

aos derrames inferiores dos basaltos da Formação Mosquito, e em algumas áreas na

porção superior dos arenitos, notam-se disjunções colunares devido a influência

térmica do capeamento basáltico. Essa formação é interpretada como depositada em

ambiente desértico( Almeida e Carneiro, 2004).

# Sequência Jurássica

Esta sequência, é constituída apenas pela Formação Pastos Bons. A

subsidência que a ela está relacionada, associa-se a flexura, pelo peso, das rochas

básicas da Formação Mosquito. Os litotipos podem ser divididos em três segmentos:

na base predomina arenito branco esverdeado ou amarelado, fino a médio, com

estratificação paralela e raras lentes de calcário. Na parte média siltito, folhelho/ argilito

cinza a verdes intercalados com arenito. A porção superior arenito vermelho a cor de

rosa fino gradando para siltito, contendo níveis de folhelho.

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Foi depositada em paleodepressões continentais lacustrinas com contribuição

fluvial, em clima semi-árido a árido. Vaz et al.(2007) atenta para o fato de que sua

posição estratigráfica ainda é duvidosa e sugere estudos para reanalisar sua idade e

seus contatos, principalmente com as Formações Sambaíba e as rochas ígneas das

Formações Mosquito e Sardinha.

# Sequência Cretácea

Sua deposição está relacionada com movimentação tectônica causada pela

abertura do Atlântico, e é constituída pelas Formações: Codó, Corda, Grajaú e

Itapecuru, sendo que as três primeiras são consideradas contemporâneas, e

posteriores ao magmatismo Sardinha.

A Formação Corda é composta essencialmente por arenitos avermelhados muito

finos a médios de regular a bem selecionados, ricos em óxidos de ferro e zeólitas.

Quando ocorrem sobrepostos a basaltos é comum fragmentos dessa rocha no

arcabouço. Estratificações cruzadas de grande porte, "climbings transladantes" e

outras estruturas típicas de dunas eólicas são encontradas nessa unidade.

A Formação Grajaú consiste de arenitos de coloração clara mal selecionados

com seixos e níveis conglomeráticos. As vezes são observadas de arenitos finos/muito

finos e pelitos. São abundantes estratificações acanaladas e marcas de carga.

A Formação Codó é constituída principalmente de folhelhos, calcários, siltitos,

gipsita/ anidrita e arenito. São frequentes também níveis de sílex e estromatolito.

As Formações Grajaú e Codó foram depositadas em ambientes marinho raso,

lacustre e fluvio deltaico.

A Formação Itapecuru é formada por estratos arenosos e pelíticos de idade

Mesoalbiana - Neocretácea depositados em ambiente estuarino-lagunar atingido por

ondas de grande porte episodicamente.

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Capítulo 3

O Magmatismo na Bacia do Parnaíba - Uma breve revisão 3.1 - Introdução

Com o início da ruptura do Pangea, devido a eventos distensionais que atuaram

durante o Neo-triássico ao Eo-Jurássico (230-175 Ma) culminando na abertura do

Atlântico Norte, as primeiras manifestações magmáticas básicas começam a ocorrer

profusamente na Plataforma Sul Americana (Zalán, 2004).

Este magmatismo está bem representado pelos diques e soleiras associados ao

magmatismo Penatecaua nas Bacias do Solimões e Amazonas, e pela Formação

Mosquito na Bacia do Parnaíba.

Durante o Neocomiano, ocorreu intensa atividade magmática ligada a quebra do

Supercontinente Gondwana, representada nas bacias paleozóicas pelos derrames da

Formação Serra Geral da Bacia do Paraná, e pelos diques e soleiras da Formação

Sardinha na Bacia do Parnaíba (Thomaz Filho et al.,2008).

3.2 - Magmatismo na Bacia do Parnaíba

O magmatismo associado ao desenvolvimento da Bacia do Parnaíba

corresponde às rochas das Formações Mosquito e Formação Sardinha.

Os termo Formação Mosquito foram primeiramente propostos por Aguiar (1971)

para designar os derrames basálticos com intercalação de arenitos que afloram no Rio

Mosquito, ao Sul da Cidade de Fortaleza dos Nogueiras (MA).

O termo Formação Sardinha foi descrito para os corpos de basalto preto a roxo

mapeados entre as cidades de Fortalezados Nogueiras e Barra do Corda. O nome

homenageia o local da primeira observação: A Aldeia do Sardinha.

Segundo Fodor et al.(1990) as rochas magmáticas da Bacia do Parnaíba podem

ser individualizadas em toleítos de alto-Ti e baixo-Ti. O mesmo estudo a partir de

características litogeoquímicas (elementos traço) e dados isotópicos, apresenta

evidências que ambas as Formações podem ter tido uma mesma fonte mantélica

submetida a diferentes graus de fusão parcial, durante os dois eventos magmáticos.

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Na Bacia do Parnaíba as atividades magmáticas podem ser divididas, segundo

Góes e Feijó (1994), em dois pulsos magmáticos principais variando de 110 a 215 Ma.

Esses pulsos são individualizados em duas unidades litoestratigráficas distintas: a

Formação Mosquito, de idade Juro-Triássica, e a Formação Sardinha, de idade

Eocretácea. Ambos os magmatismos são constituídos majoritariamente por rochas de

composição basáltica toleítica, com predominância de diques e soleiras a leste na

Formação Sardinha, e derrames na Formação Mosquito (Baksi e Archibald,1997).

Baksi e Archibald (1997) propõem, baseados em datações Ar/ Ar, que, além dos

dois eventos magmáticos relatados, há um possível evento intermediário. Assim a

distribuição de eventos para as rochas ígneas se apresentaria da seguinte forma:

> evento 1: ~199-191Ma, gerador dos basaltos de Baixo-Ti da Formação

Mosquito);

> evento 2: ~129-124Ma, gerador dos basaltos de Alto-Ti da Formação

Sardinha; e

> evento 3: intermediário aos anteriores, a ~160Ma gerador de basaltos de

Baixo-Ti da Formação Sardinha).

Segundo Bellieni et al. (1990) as rochas das Formações Mosquito e Sardinha

possuem características petrográficas e composicionais distintas, quais sejam:

Petrografia: Os basaltos da Formação Mosquito são levemente porfiríticas com 5

a 10% de fenocristais (1.1-1.4mm) e microfenocristais (0.4-0.9mm). Os

fenocristais são compostos por augita ( Wo30-40), plagioclásio (An54-80), pigeonita

(Wo6-11) e escassa Ti-magnetita (ulvoespinélio = 69%). A matriz é formada por

plagioclásio (An 65-42), augita ( Wo36-26), pigeonita ( Wo7-13), abundante Ti-

magnetita ( ulvoespinélio =61%) e ilmenita. A Olivina , que ocorre como

esparsos fenocristais e na matriz, está completamente alterada. Os basaltos

contém frequentemente amigdalas preenchidas por zeólitas e carbonatos. As

intrusivas da Formação Sardinha são levemente porfiríticas a inequigranulares

seriadas apresentando granulação de fina a média. A assembléia mineral

consiste de augita ( Wo38-31), plagioclásio ( An72-31), pigeonita ( Wo8-14), Ti-

magnetita( ulvoespinélio =63%), ilmenita, olivina completamente alterada e

apatita. As amostras de granulação mais grossa apresentam frequentemente

intercrescimentos de quartzo e álcali-feldspato e grãos de anfibólio e biotita de

cristalização tardia, raros carbonatos podem ocorrer. Para fins de distinção, os

toleítos da Formação Sardinha apresentam maior conteúdo modal de Ti-

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magnetita, ilmenita, olivina e pigeonita. Apenas nos toleítos da Formação

Sardinha ocorre apatita.

Classificação química: Bellieni et al.(1990) classificaram as rochas das

Formações Sardinha e Mosquito utilizando um diagrama TAS (Zanettin 1984, Le

Bas 1986) e o diagrama R1-R2 modificado de Dela Roche ( 1980) chegaram a

conclusão que as rochas da Formação Sardinha são classificadas como

essencialmente andesitos basálticos, plotando próximo ao campo dos traqui-

basaltos e traqui-andesitos no TAS; e as rochas da Formação Mosquito são

composicionalmente basaltos toleíticos com andesitos basálticos subordinados

(figura 4). Em geral os toleítos Mosquito apresentam uma razão (SiO2/ Na2O +

K2O) maior que os análogos Sardinha, porém ambas apresentam natureza

toleítica pois são caracterizadas pela associação augita + pigeonita. Todas as

amostras possuem quartzo normativo (CIPW).

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Figura 4: Diagramas R1-R2 e TAS mostrando a variação composicional das rochas magmáticas da bacia do Parnaíba ( extraído de Bellieni et. al. 1990)

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Capítulo 4 Análise petrográfica ao microscópio

4.1- Introdução

As 20 lâminas de amostra de calha foram descritas com base nos critérios

petrográficos apresentados por Mackenzie et al. (1982). As texturas foram

classificadas com base no grau de cristalinidade (holocristalina, hipocristalina,

hipohialina e holohialina), os grãos classificados quanto a forma (euédrico, subédrico e

anédrico) e aos hábitos diversos e relações entre grãos.A classificação granulométrica

adotada foi: grossa (>5mm), média (1-5mm), fina (<1mm) e muito fina (<0,1mm).

As rochas estudadas podem ser divididas em dois grupos com base na

petrografia: rochas com e sem olivina, diferenças que serão corroboradas também por

padrões geoquímicos distintos para estes agrupamentos.

4.2 - Amostras sem olivina As rochas sem olivina são mais abundantes no poço, já as com olivina estão

restritas a lâminas de profundidades: 158,00m; 119,00m; 56m e a quatro lâminas de

profundidades abaixo de 2000m.

As rochas sem olivina são mesocráticas, holocristalinas, inequigranulares

seriadas a microporfiríticas e glomeroporfiríticas. Sua granulação varia de fina (<1mm)

a média (1-3mm) principalmente.

As fases minerais presentes nessas rochas são:

# Minerais essenciais: Augita, Pigeonita (?), plagioclásio, ortopiroxênio

(801,00m).

# Minerais acessórios: Apatita, quartzo e minerais opacos.

# Minerais secundários: Carbonato, ‘’saussurita”, minerais opacos, “uralita”,

biotita, epidoto.

O plagioclásio é encontrado tanto como microfenocristais,zonados ou não,

como em glomerocristais dispersos na matriz da rocha, possuindo diversos hábitos:

tabular (mais comuns nos microfenocristais), ripiforme ,plumoso e esquelético (apenas

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na matriz) (Figura 5). É caracterizado pela geminação pela Lei da Albita e de

CarlsbadSão incolores de relevo baixo e coloração de interferência de primeira ordem. Os fenocristais de plagioclásio são euédricos e por vezes se mostram alterados

para produtos de saussuritização (figura 6) enquanto os da matriz são subédricos a

anédricos e se apresentam menos alterados (figura 7).

A ocorrência de microfenocristais euédricos de plagioclásio mas com terminação

em rabo-de-andorinha (figura 8) e a granulação fina e plumosa do plagioclásio na

matriz (figura 9) indica claramente duas fase distintas de resfriamento, uma mais lenta

que levou a formação dos fenocristais e outra, mais rápida, que gerou texturas típicas

de rápido resfriamento (figura 10)como os grãos de textura plumosa, esqueléticos e

com terminação em rabo-de-andorinha (Cox et al. 1979).

O clinopiroxênio presente possui coloração bege a incolor e cor de

interferência de segunda ordem. Ocorre tanto como fenocristal de hábito prismático de

granulação média (2-3mm) (figura 11), quanto preenchendo os interstícios dos grãos

ripiformes de plagioclásio, gerando textura ofítica e subofítica (figura 12) indicadores de

uma cristalização tardia em relação ao plagioclásio.

A maioria dos grãos de clinopiroxênio apresenta alteração de coloração em tons

de marrom, aqui denominada pelo nome genérico de uralita (figura 13). É provável a

associação de dois clinopiroxênios: um de composição referente à augita, de cor de

interferência lilás a azulada e pouco homogênea, ocorrendo por vezes em grãos

zonados (figura 14),e outro, provavelmente um piroxênio de composição referente à

pigeonita,com cor de interferência mais baixa e homogênea sem zonamento

composicional (figura 15).

Os minerais acessórios mais abundantes nestas rochas são os minerais

opacos. Os minerais opacos são euédricos a anédricos e possuem granulação fina a

média, hábito irregular de quadrático à esqueletal e ocorrem tanto como mineral

primário (grãos euédricos) (figura 16) , como produto de alteração (grãos anédricos)

dos minerais máficos (augita principalmente) (figura 17). Não foram estudadas lâminas

polidas que permitissem a classificação destes minerais do ponto de vista

composicional. Entretanto, com base na literatura, deve se tratar de uma mistura de

ilmenita, magnetita e pirita.

A apatita ocorre frequentemente como grãos finos a muito finos de hábito

acicular a prismático hexagonal (figura 18) e de percentagem modal desprezível.

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O quartzo é incolor e de relevo baixo. Sua cor de interferência varia de branco a

cinza de primeira ordem. Ocorre como grãos finos e anédricos preenchendo os

interstícios (figura 19) ou intercrescido com álcali-feldspato formando textura

micrográfica (figura 20) principalmente na profundidade 752,00m.

Os minerais secundários são bastante representativos em algumas amostras

estudadas já que se mostram fortemente alteradas (amostra referente à profundidade

de 801,00m, por exemplo). Neste caso, apresentam extensiva formação de minerais

secundários por percolação de fluidos hidrotermais.

A biotita ocorre como produto de alteração hidrotermal. Possui coloração

esverdeada, é pleocróica de hábito lamelar, geralmente associada a grãos de epidoto

quadráticos e alta cor de interferência(figura 21).

A alteração do clinopiroxênio gera como produto secundário uma massa amorfa

e de coloração em tons de marrom tanto nos fenocristais como na matriz aqui chamada

de uralita (figura 22).

O carbonato ocorre na matriz raramente, de hábito anédrico grãos finos e

percentagem modal desprezível (figura 23).

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4.3 - Amostras com olivina As amostras com olivina são representadas por olivina diabásiosholocristalinos,

inequigranulares, microporfiríticos, com granulação variando de média (1-3mm) a fina

(<1mm). Texturas intergranular, ofítica, subofítica e glomeroporfirítica são observadas.

As fases minerais presentes nessas rochas são

# Minerais essenciais: plagioclásio (45%), augita (40%) e olivina (10%).

# Minerais acessórios: minerais opacos (3%) e apatita (traços).

# Minerais secundários: sericita, serpentina, esmectita e biotita.

O Plagioclásio é observado em cristais euédricos e bem preservados (Figura

24) e em esparsos fenocristais tabulares, isolados ou agrupados, com tamanhos de até

4,8 mm e intensamente alterados para sericita (figura 25). Os grãos estão geminados

pela Lei da Albita e Carlsbad. Possuem relevo baixo e cor de interferência de primeira

ordem.

O clinopiroxênio presente foi determinado como sendo uma Augita. Ocorre

como grãos finos, bem preservados de caráter intergranular, formando intercrescimento

típico com plagioclásio gerando texturas ofítica e subofítica (figura 26). Os grãos

mostram-se eventualmente zonados composicionalmente (figura 27) e cor de

interferência de segunda ordem.

A Olivina ocorre em cristais agrupados ao plagioclásio (Figura 28) ou em grãos

isolados (figura 29).Têm granulação fina (0,5 mm) e variam de euédricos a subédricos;

encontram-se, em geral, bem preservados mas com alguns cristais parcialmente

substituídos por serpentina e esmectita (figura 30).

Os minerais acessórios são basicamente minerais opacos de hábitoanédrico e

com granulação fina, localmente bordejados por filmes de biotita (figura 31). Apatita

ocorre como finos cristais aciculares e hexagonais (figura 32).

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4.4. Sumário das características petrográficas As rochas amostradas se encontram em quatro diferentes corpos magmáticos

intrusivos (soleiras), aqui relacionados segundo suas características petrográficas:

Tabela 1:Características petrográficas

Corpo magmático (profundidade) Feições petrográficas características

50m até 245m

Diabásio dominantemente, sem olivina (apenas nas profundidades de56m,119m e 158m apresentam olivina). Cristais de plagioclásio tabular zonado com até 3mm e augita prismática maclada com tamanho médiode 1,2mm. Quartzo residual e texturas de resfriamento híbrido (domínios que apresentam texturas de resfriamento rápido e de resfriamento lento).

715m até 880m

Diabásio com textura micrográfica abundante e alteração hidrotermal muito expressiva.

1880m até 1960m

Diabásio com textura ofítica/subofítica dominante. Possui também textura micrográfica granulação fina a média. Fenocristais de plagioclásio levemente sericitizados.

2220m até 2274,9m

Olivina basalto holocristalino, inequigranular, com granulação fina a média e texturas intergranulares glomeroporfirítica/porfirítica subordinada. A associação mineral essencial é constituída por plagioclásio,augita e olivina. Os minerais acessórios são minerais opacos. Os minerais secundários sãosericita, serpentina,e esmectita.

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Capítulo 5 Caracterização Geoquímica dos Litotipos Basálticos

5.1. Aspectos introdutórios: classificação A base de dados geoquímicos corresponde a 16 amostras coletadas a partir da

execução de um poço estratigráfico. As amostras foram analisadas no laboratório

ACTLABS, no Canadá, por ICP-MS. Os resultados estão apresentados Tabela 2.

A checagem da qualidade dos resultados foi realizada a partir da análise do

fechamento das amostras em 100%. O exame demonstrou que parte das amostras tinha

erro maior que 1% (máximo considerado aceitável), portanto os cálculos, para efeito de

interpretação, foram feitos em base anídrica, uma vez que essa distorção provavelmente foi

gerada por efeitos de alteração hidrotermal das amostras.

O primeiro fato a ser observado é que as amostras correspondem a líquidos

basálticos evoluídos, uma vez que possuem MgO entre 1,9 e 6,5% em peso. É importante

frisar também que possuem TiO2 variando entre 2,0 e 3,9% em peso. Assim, esses

basaltos seriam considerados, segundo Bellieni et. al.(1990), rochas de alto-Ti uma vez que

o limite estabelecido pelo autor para as rochas assim serem consideradas é de TiO2 acima

de 2,0% em peso.

As rochas estudadas, utilizando-se a base química anídrica, são classificadas

segundo o diagrama TAS (Le Maitre, 1989) variando desde basaltos a andesitos

transicionando por tipos como traquiandesitos basálticos e traquiandesitos (figura 33).

Uma vez que as amostras possivelmente foram afetadas por um processo

hidrotermal intenso, uma classificação que utilize elementos móveis (como sódio e

potássio, por exemplo), pode causar uma distorção considerável no processo

classificatório. Por esse fato, optou-se pela utilização de dois diagramas que usam

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elementos relativamente imóveis (Zr, Ti, Nb, Y) para se chegar a uma classificação mais

apropriada.

Assim, utilizando-se os diagramas propostos por Winchester & Floyd (1977), os

litotipos estudados foram classificados como variando de basaltos sub-alcalinos a

andesitos (figura 34) e como basaltos sub-alcalinos, álcali-basaltos e traquiandesitos (figura

35). Neste último caso, a informação obtida pode estar relacionada a uma eventual

contaminação crustal, marcada pelo incremento em Nióbio, que justificaria a classificação

de algumas das amostras analisadas como sendo do tipo álcali-basaltos. Devemos

observar que, em ambos os diagramas, é possível estabelecer uma clara divisão entre dois

Tabela 2: Composição química elementos maiores

Tabela 2(cont.): Composição química para elementos menores e traço

SiO2 TiO2 Al2O3 Fe2O3(T) MgO MnO CaO Na2O K2O P2O5 LOI Total NM/158 55,3 2,0 12,8 11,3 1,9 0,2 5,1 3,4 2,9 0,8 2,5 98,2 NM/182 53,4 2,7 12,9 13,0 2,8 0,2 6,1 3,4 2,5 1,2 2,2 100,3 NM/55 52,8 3,2 13,0 13,3 3,4 0,2 7,1 2,9 2,2 0,8 1,4 100,2 NM/179 52,7 2,4 12,7 12,5 2,6 0,2 5,7 3,5 2,5 1,1 2,8 98,7 NM/191 52,6 3,1 13,1 13,4 3,1 0,2 6,9 3,1 2,2 0,9 1,7 100,3 NM/185 52,4 2,8 12,5 13,3 2,9 0,2 6,2 3,2 2,4 1,1 1,9 99,0 NM/218 51,4 2,8 13,4 13,0 4,8 0,2 8,7 2,9 1,7 0,5 1,4 100,9 NM/200 51,1 3,6 13,1 13,7 3,9 0,2 7,8 2,9 1,9 0,6 1,3 100,1 NM/206 50,5 3,9 13,3 14,5 4,2 0,2 8,4 2,8 1,7 0,6 0,9 101,0 NM/203 50,5 3,8 13,3 14,0 4,0 0,2 8,1 2,9 1,8 0,6 0,8 99,8 NM/209 49,6 3,8 12,9 14,2 3,9 0,2 8,1 2,8 1,7 0,6 1,2 98,8 NM/2223,56 49,1 2,5 14,1 15,7 5,8 0,2 10,0 2,5 0,6 0,2 0,1 100,7 NM/2223,5 49,0 2,5 13,9 15,9 5,9 0,2 10,0 2,5 0,6 0,2 0,0 100,6 NM/56 48,6 3,4 13,1 14,5 4,3 0,1 5,7 2,4 1,9 0,7 4,2 98,9 NM/2223,4 48,5 2,5 13,0 16,3 6,0 0,2 10,3 2,4 0,4 0,2 0,0 99,7 NM/2140,64 48,3 2,3 13,4 15,5 6,5 0,2 10,3 2,6 0,3 0,2 0,8 100,4

Co Ni Cu Rb Sr Y Zr Nb NM/158 30

20 61 547 53,2 437 36,1

NM/182 35

20 48 588 48,9 364 31,8 NM/55 40 20 70 42 583 42,4 309 26,8 NM/179 37

20 50 572 51,5 390 32,6

NM/191 40 20 30 43 617 41,7 311 27,3 NM/185 33

20 48 568 46,8 350 30,6

NM/218 42 60 140 33 601 31,8 236 19,1 NM/200 47 40 120 35 599 35,5 265 22,9

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Tabela 2 (cont.): Composição química para elementos menores e traço

NM/206 52 50 160 35 627 34,2 267 24,3 NM/203 48 50 150 36 610 34,7 276 23,8 NM/209 49 30 130 35 592 34,9 276 24,4 NM/2223,56 64 120 310 17 214 29,4 135 7,7 NM/2223,5 73 70 320 15 210 30,3 140 7,9 NM/56 42 30 90 37 468 39,1 297 26,2 NM/2223,4 65 80 330 9 204 31,5 147 8,2 NM/2140,64 61 90 240 9 233 28,5 129 7,3

La Ce Pr Nd Sm Eu Gd Tb Dy Ho Er Tm Yb Lu NM/158 64,8 144 17,9 79,8 15,9 4,12 12,7 2,04 11,4 2,01 5,53 0,754 4,79 0,729 NM/182 60,1 132 16 71,5 15,3 3,82 12,1 1,93 10,2 1,87 5,03 0,703 4,32 0,651 NM/55 50,5 109 13,2 59,1 12,7 3,36 9,99 1,62 8,74 1,59 4,32 0,576 3,64 0,567 NM/179 59,7 135 16,3 71,8 15,6 3,86 12,4 1,94 10,6 1,89 5,12 0,722 4,48 0,661 NM/191 47,7 105 13 57,9 12,8 3,42 10 1,64 8,91 1,63 4,41 0,594 3,76 0,595 NM/185 52,9 122 15,1 66,9 14,8 3,73 11,4 1,82 9,85 1,78 4,85 0,669 4,23 0,627 NM/218 36,9 73,7 9,21 40,4 8,8 2,75 7,69 1,14 6,33 1,14 3,14 0,411 2,64 0,393 NM/200 41,2 90,5 11 49,2 10,8 2,91 8,64 1,39 7,6 1,38 3,8 0,514 3,17 0,507 NM/206 37,7 78,6 9,78 43,3 9,61 2,93 8,2 1,24 6,62 1,19 3,29 0,434 2,74 0,403 NM/203 38,6 84,5 10,6 46,3 10,2 3,11 8,81 1,29 6,92 1,25 3,37 0,465 2,83 0,411 NM/209 38,4 85,2 10,6 46,3 10,3 3,04 8,87 1,34 7,05 1,27 3,51 0,464 2,89 0,439 NM/2223,56 13,5 25,5 3,55 17,9 5,28 1,78 5,52 0,95 5,39 1,07 2,99 0,426 2,67 0,405 NM/2223,5 14 26,2 3,7 18,2 5,48 1,84 5,97 1,01 5,87 1,13 3,12 0,445 2,79 0,426 NM/56 48,8 103 12,5 55,3 12,1 3,18 9,72 1,54 8,45 1,53 4,12 0,559 3,61 0,557 NM/2223,4 9,96 25,1 3,62 18,2 5,39 1,83 5,89 1 5,84 1,13 3,17 0,433 2,82 0,421 NM/2140,64 15,4 25,2 3,49 17,3 5,19 1,73 5,48 0,94 5,33 1,03 2,86 0,419 2,63 0,388

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agrupamentos sendo que o agrupamento de rochas de caráter mais básico corresponde a

tipos pouco variados em termos de classificação, concentrando-se no campo dos basaltos

sub-alcalinos, enquanto um segundo agrupamento apresenta uma variação composicional

maior (mais expandida) indo desde tipos básicos até tipos intermediários. Nos diagramas, o

primeiro agrupamento está representado pelas amostras plotadas na cor preta e o segundo

agrupamento pelas amostras plotadas na cor vermelha.

5.2. Apresentação e Interpretação dos dados Geoquímicos O estudo geoquímico para os dois agrupamentos, aponta para a presença de

rochas sub-alcalinas (figura 36), evoluídas ao longo de um “trend” toleiítico (figura 37).

Entretanto uma importante separação se apresenta quando os dois agrupamentos são

avaliados em relação ao seu conteúdo em K. Um deles, o agrupamento de rochas

essencialmente basálticas, menos evoluídas, é classificado como de médio-K,

enquanto o agrupamento representante das composições mais expandidas é

classificado como de alto-K (figura 38). Outra correlação possível é aquela que mostra

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que as rochas coletadas em maior profundidade (de 2220m até 2274,9m)

correspondem àquelas classificadas como de médio-K (agrupamento 1) e aquelas

classificadas como de alto-K representam as amostras coletadas nas demais

profundidades (agrupamento 2).

As amostras foram analisadas em diagramas de variação binários (tipo Harker -

figura 39). Optou-se pelo uso, como elemento discriminante, o MgO, uma vez que, para

rochas básicas, este assume um conjunto de valores algo mais expandido. Deve ainda

ser levado em conta que valores decrescentes de MgO ao longo do processo de

diferenciação magmática seria o comportamento esperado para o conjunto analisado,

desde que se tratassem de rochas cogenéticas, e considerando ainda que para o

conjunto, não houvesse contaminação ou assimilação significativas. No caso aqui

estudado, fica claro a existência de dois agrupamentos não cogenéticos.

A análise dos diagramas mostrou que os elementos Al, Ni, Ca, Fe(t), Cu

apresentam correlação positiva permanente, com o MgO, enquanto correlações

negativas permanentes são observadas, para K, Na, Zr, Y, SiO2.

Os elementos Ti e P, não apresentam correlações permanentes possuindo

“pontos de inflexão” sugerindo possivelmente uma mudança na assembleia fracionante

( fracionamento provável de Ilmenita e/ou Titanomagnetita no caso do titânio, e Apatita

36 37

38

Figura 36: Diagrama TAS para discriminação das séries: alcalina e subalcalina.

Figura 37: Diagrama AFM para discriminação das séries: toleiítica e calci-alcalina.

Figura 38: Diagrama para discriminação das séries de alto, médio e baixo-K.

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no caso do fósforo). As amostras mais ricas em MgO apresentam correlação

inicialmente positiva para TiO2 gradando para uma correlação negativa posterior, um

comportamento similar ocorre para o P2O5.

As amostras do agrupamento 1 possuem maior teor de MgO em peso e são

enriquecidas, comparativamente, as do agrupamento 2 em elementos compatíveis

(como Ni, Cu, Co), e empobrecidos em elementos incompatíveis, portanto mais

próximas do que possa ser chamado de líquido parental.

Figura 39: Diagramas Tipo Harker

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Figura 39 (cont.): Diagramas tipo Harker.

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5.3 Diagramas de elementos terras raras

A análise dos padrões normalizados pelos elementos terras-raras (Condrito de

Thompson) nos permite assumir que as amostras da série de alto-K (linhas azuis) se

encontram comparativamente enriquecidas em elementos terras-raras leves em

relação as amostras da série de médio-K (linhas vermelhas) que apresentam uma

curva com um comportamento mais próximo dos basaltos de dorsais oceânicas (figura

40).

Como a razão de elementos terras raras pesados é similar em ambas as suítes, é

lícito dizer que as rochas da série de alto-K são mais evoluídas e apresentarão valores

de razão La/Yb mais elevados.

Quando plotado num diagrama bivariante utilizando uma razão entre elementos

traço (La/Yb) e MgO em peso como discriminantes (figura 40) ocorre a individualização

de dois agrupamentos bem distintos, um com razão La/Yb entre 12,686 e 13,977 e

outra de 3,531 e 5,855.

Ao efetuar-se as razões normalizadas de La/Yb (fatores de normalização: 0,33

para o La e 0,22 para o Yb) nas amostras parentais de ambos os agrupamentos, fica

evidente que se tratam de suítes diferentes, embora ambas sejam suítes de alto-Ti,

pois a razão La/Yb(n) para o agrupamento 1 (quadrados vermelhos) é igual a 3,92 e a

razão La/Yb para o agrupamento 2 (losangos azuis) é igual a 9,33 e essas razões não

são capazes de variação maior que 1,5 vezes por processos de cristalização

fracionada.

O fato de que as razões La/Yb e La/Nb sejam maiores que a unidade também

sugere que a fonte do magmatismo teve participação do manto litosférico

subcontinental (fonte enriquecida) embora esse fato só possa ser confirmado com o

auxílio de análises isotópicas posteriores.

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Figura 40: Diagrama de elementos terras raras normalizado segundo o Condrito de Thompson.

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Figura 41: Diagrama La/Yb x MgO

5.4 Diagramas de discriminação de ambiente tectônico Alguns autores sugerem a utilização de diagramas bi e trivariantes (figuras 41 e

42) para a discriminação geoquímica dos ambientes geotectônicos que podem ser aqui

associados ao conjunto de rochas aqui estudado.

Tem-se aceito que os ambientes geotectônicos do tipo oceânico e intraplaca

possam ser bem estudados e compreendidos a partir da análise de rochas de

composição basáltica.

Ao analisarmos o conjunto de amostras das duas suítes aqui definas, podemos

observar que as duas possuem diferenças em seu quimismo que são corroboradas nos

diagramas tectônicos.

Nos diagramas de Pearce & Cann (1973) as amostras da suíte mais evoluída

(círculos vermelhos) plotam como basaltos calcialcalinos e basaltos de fundo oceânico

no diagrama Zr, Ti/100, Sr/2, é importante frisar que por utilizar um elemento móvel (Sr)

os resultados desse diagrama podem não ser precisos. Já no diagrama Zr, Ti/100, Y*3

as amostras da suíte mais evoluída são classificadas como basaltos calcialcalinos e

basaltos intraplaca, e as da suíte menos evoluída são classificadas respectivamente

como basaltos de fundo oceânico e basaltos intraplaca.

Já o diagrama de Mullen (1983) apresenta uma informação distoante uma vez que

as amostras menos evoluídas são classificadas como basaltos de dorsais oceânicas e

as amostras mais evoluídas como basaltos alcalinos de ilhas oceânicas devido ao

enriquecimento dessa suíte no teor de P2O5.

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O diagrama de Meschede (1986) classifica as amostras como basaltos

calcialcalinos a intraplaca (suíte mais evoluída) e basaltos intraplaca (suíte menos

evoluída), se mostrando coerente com as outras classificações.

Figura 42: Diagramas trivariantes de discriminação de ambiente tectônico.

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Figura 43: Diagrama bivariante discriminante de ambiente tectônico.

Por fim o diagrama bivariante de Pearce & Norry (1979) classifica ambas as suítes

como basaltos intraplaca (classificação mais precisa), porém indicando claramente o

caráter mais próximo aos basaltos de dorsais oceânicas (MORBs) da suíte menos

evoluída, corroborando os dados do diagrama do ETRs.

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Capítulo 6 Conclusões

A partir do estudo efetuado, pode se chegar as seguintes conclusões:

1- A ocorrência das rochas ígneas encontradas no poço, deve-se às profusas

atividades magmáticas ligadas a abertura do oceano Atlântico.

2- Os litotipos estudados são rochas de tendência toleiítica indicada pela presença

de quartzo e piroxênio pobre em cálcio (pigeonita) distribuídas sob a forma de

quatro corpos magmáticos principais, petrográficamente não homogêneos.

3- A geoquímica indica que se tratam de litotipos subalcalinos, básicos à

intermediários, com duas suítes de alto-Ti identificadas a partir da razão entre

elementos traços e ETRs, embora sejam necessárias análises mais

aprofundadas para efetiva confirmação dessa hipótese.

4- São necessários análises geocronológicas e isotópicas para o entendimento

das relações temporais entre as intrusões, e para determinar a qual evento ( ou

eventos) estão relacionadas: Ao magmatismo Mosquito ou Sardinha, ou se a

intrusão menos diferenciada pertence a eventos ígneos relacionados a evolução

do embasamento.

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