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Rio de Janeiro, ano XX, abril de 2015, nº 191 Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ) Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180 Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected] ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal BOLETIM informativo A diretoria da SOBED-RJ convida seus associados para a reunião científica de maio da entidade a ser realizada no dia 4, segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da Casa de Saúde São José, no Humaitá. O evento contará com apresentação de caso clínico do Hospital Federal de Ipanema e terá como palestra principal Sedação em Endoscopia Digestiva: prática diária e situações especiais, com os Dr. Gustavo Francisco de Souza e Mello, médico endoscopista do Instituto Nacional do Câncer e membro titular da SOBED-RJ, e o Dr. Guilherme Iso, membro da Reunião de maio ocorre no dia 4 e abordará Sedação em Endoscopia Digestiva SBA/SAERJ. A moderação ficará a cargo da Dra. Huang Ling Fang, médica do serviço de Gastroenterologia do HUCFF/UFRJ e médica do serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Federal de Ipanema. A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21. NOTÍCIAS O site da SOBED-RJ conta com uma área exclusiva para os associados, com mais informações, notícias e conteúdo exclusivo. Para acessá-la é necessário que o associado faça seu recadastramento junto à SOBED-RJ. Após o envio dos dados e a confirmação dos mesmos por parte da Secretaria da entidade, serão criados nome de usuário e senha, que serão enviados para o email do associado. FAÇA SEU RECADASTRAMENTO: http://sobedrj.com.br/novo/sobed-rj/recadastramento/ Área restrita do site para associados: saiba como acessar

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Rio de Janeiro, ano XX, abril de 2015, nº 191

Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva – Estadual Rio de Janeiro (SOBED-RJ)Rua da Lapa, n° 120, salas 309 a 311, Lapa, Rio de Janeiro, RJ. CEP: 20021-180

Telefones: (21) 2507-1243 | Fax: (21) 3852-7711 | www.sobedrj.com.br | [email protected]ÓRGÃO INFORMATIVO SOBED-RJ Edição mensal

BO LET IMinformativo

A diretoria da SOBED-RJ convida seus associados para a

reunião científica de maio da entidade a ser realizada no dia 4,

segunda-feira, a partir das 19h, no auditório da Casa de Saúde

São José, no Humaitá.

O evento contará com apresentação de caso clínico do

Hospital Federal de Ipanema e terá como palestra principal

Sedação em Endoscopia Digestiva: prática diária e situações

especiais, com os Dr. Gustavo Francisco de Souza e Mello,

médico endoscopista do Instituto Nacional do Câncer e membro

titular da SOBED-RJ, e o Dr. Guilherme Iso, membro da

Reunião de maio ocorre no dia 4 e abordará Sedação em Endoscopia Digestiva

SBA/SAERJ. A moderação ficará a cargo da Dra. Huang Ling Fang, médica do serviço de Gastroenterologia do HUCFF/UFRJ e

médica do serviço de Endoscopia Digestiva do Hospital Federal de Ipanema.

A Casa de Saúde São José fica na Rua Macedo Sobrinho, 21.

NOTÍCIAS

O site da SOBED-RJ conta com uma área exclusiva para os

associados, com mais informações, notícias e conteúdo

exclusivo.

Para acessá-la é necessário que o associado faça seu

recadastramento junto à SOBED-RJ. Após o envio dos dados e a

confirmação dos mesmos por parte da Secretaria da entidade,

serão criados nome de usuário e senha, que serão enviados para

o email do associado.

FAÇA SEU RECADASTRAMENTO:

http://sobedrj.com.br/novo/sobed-rj/recadastramento/

Área restrita do site para associados: saiba como acessar

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ÍNDICE

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PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA Dr. Ronaldo Taam

associados, como o acesso a diversos periódicos através do sistema RIMA e descontos especiais em atividades

científicas, como o programado para o curso de pós-graduação da ASGE durante a SBAD.

O nível de inadimplência da SOBED RJ é de 13,95%, considerando os últimos 2 anos, número semelhante

ao observado em nível nacional (14%). A inadimplência ocorre mais frequente com sócios aspirantes, embora

alguns titulares também estejam na lista. Situação pior é representada por endoscopistas que não são associados.

Torna-se necessário resgatar e cooptar esses colegas, convencendo-os de que reuniões científicas, boletins,

simpósios, congressos, consultoria econômica para cálculo de custos em endoscopia, assessoria jurídica, reuniões

frequentes com as operadoras da saúde suplementar, além de outras atividades, são realizadas pela sociedade em

prol de seus filiados. A participação das empresas patrocinadoras será menor esse ano e a previsão orçamentária

considerando as anuidades se mostra, no momento, como o caminho mais seguro.

O cotidiano atribulado muitas vezes nos impede de uma reflexão mais profunda ou participação mais

efetiva, porém é papel da diretoria agregar os endoscopistas.

Está programada para este mês uma reunião com a Unimed Rio para discutir as alterações impostas pela

cooperativa em virtude dos ajustes administrativos. Uma contraproposta com os valores dos procedimentos

endoscópicos mais frequentes foi enviada ao grupo UNIDAS e uma reunião deve ser realizada para acertos finais.

Os resultados dessas negociações com as operadoras serão informados aos associados.

O site da SOBED RJ dispõe de um canal de comunicação para sugestões e críticas. Convido os sócios a

realizarem o recadastramento.

página 1 NOTÍCIAS | REUNIÃO CIENTÍFICA DE MAIO página 2 PALAVRAS DA PRESIDÊNCIA

página 3 CONDUTA ENDOSCÓPICA NA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO-VARICOSA E NÃO-ULCEROSA

GESTÃO 2014 - 2016

presidente RONALDO TAAM

vice-presidente LUIZ ARMANDO RODRIGUES VELLOSO

1ª secretária LILIAN MACHADO SILVA

2ª secretária PAULA PERUZZI ELIA

1º tesoureiro FLAVIO ABBY

2º tesoureiro JOÃO CARLOS DE ALMEIDA SOARES

página 10 RESIDÊNCIA MÉDICA EM ENDOSCOPIA

Insisto, mais uma vez, na necessidade de conscientização dos endoscopistas em se

filiarem à SOBED visando ao fortalecimento da sociedade. Ela atua como instrumento de

reivindicações da especialidade em suas diversas esferas, além dos programas e cursos de

aperfeiçoamento técnico-profissional. A palavra união perde a força de seu sentido quando

interesses diversos se contrapõem a um objetivo maior. Em função da redução de

patrocínios, nesse momento de incertezas econômicas do país, o maior número de

associados permitirá a manutenção das atividades da SOBED.

A SOBED Nacional está envidando esforços para disponibilizar benefícios aos seus

página 7 CASO CLÍNICO DO MÊS página 9 PRÓXIMOS EVENTOS

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, abril de 2015, nº 191

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INTRODUÇÃO

A conduta endoscóp ica na hemorrag ia

digestiva consiste na terapia de injeção (com

e p i n e f r i n a , c i a n o c r i l a t o o u o u t r o a g e n t e

esc lerosante) , terap ia térmica , moda l idades

mecânicas como hemoclipes e over-the-scope-clips

e, mais recentemente, hemospray. Existem sólidas

evidências do seu uso tanto no sangramento

ulceroso quanto no varicoso, entretanto, para outras

modalidades, isso não é tão bem estabelecido. Esse

artigo aborda o tratamento endoscópico de causas

não-ulcerosas e não-var icosas na hemorragia

digestiva alta (HDA).

CAUSAS EROSIVAS DE HDA

Os anti-inflamatórios não esteroidais são a

principal causa de erosão induzida por droga. Eles

são responsáveis por petéquias hemorrágicas

intramucosa, erosões hemorrágicas superficiais,

gast roduodeni te e u lceração. Em um estudo

endoscópico em 187 pacientes utilizando aspirina

em dose baixa por pelo menos três meses, com ou

sem agente gastroprotetores, foram observadas

erosões em 34 a 63% dos casos respectivamente.

Outras classes de drogas, são os inibidores

s e l e t i v o s d a r e c a p t a ç ã o d a s e r o t o n i n a ,

corticoesteróides, bifosfonatos, comprimidos de

potássio, alguns antibióticos (eritromicina, ácido

nalidíxico, sulfonamidas e derivados) e vários

agentes quimioterápicos.

Grandes hérnias de hiato podem resultar em

erosões lineares e ulcerações, chamadas de lesões

de Cameron, dentro do estômago, na impressão

diafragmática. Elas ocorrem predominantemente ao

longo da pequena curvatura, sendo geralmente

secundária à trauma mecânico e a dano ácido.

Ocorrem em aproximadamente 10 a 20% dos

pacientes com hérnia maior ou igual a 5,0cm.

Há muitas possibilidades para ocorrência de

êsofagogastroduodenite erosiva tais como consumo

excessivo de álcool, uso de drogas causadoras de

erosão (ver acima), ref luxo gastroesofágico e

i n fe c c çã o p e l o H e l i co b a c te r py l o r i . E ro s õ e s

ga s t ro d u o d e n a i s i n f re q u e n t e m e n t e c a u s a m

sangramento significativo.

Conduta Endoscópica de Causas Erosivas de HDA

A endoscopia tem papel secundár io. O

tratamento de escolha é a supressão ácida, levando à

cicatrização de mucosa e estabilização dos níveis de

h e m o g l o b i n a . Eve nt u a l m e nte , o t rata m e nto

e n d o s c ó p i c o é n e c e s s á r i o . U m a a b o rd a g e m

diferente pode ser o controle do sangramento com

Hemospray, que é um novo pó desenvolvido para o

tratamento da HDA, cujo mecanismo de ação seria a

absorção de líquidos no sítio de sangramento,

formando uma barreira adesiva e coesiva no local.

Quando usado como monoterapia primária, a taxa de

h e m o sta s i a i m e d i ata é d e 8 5 % co m taxa d e

ressangramento em sete dias de 15%. Quando usado

como terapia de resgate, após falhas de métodos

tradicionais, a hemostasia inicial é de 100%, com

ressangramento em 25%, refletindo a natureza

refratárias dessas lesões. Causas de HDA não-

ulcerosa e não-varicosa incluem esofagite, gastrite

e/ou duodenite erosiva, lesões de Dieulafoy, ectasia

vascular gástrica antral (GAVE) e lesões de Mallory-

Weiss. O uso de antirombóticos não influencia no

sucesso da terapia com Hemospray.

HDA CAUSADA POR ANOMALIAS VASCULARES

As causas mais comuns são angiodisplasias,

lesão de Dieulafoy e GAVE. Embora não seja uma

verdadeira anomalia, mas um resultado de uma

congestão, a gastropatia hipertensiva portal é

c l a s s i f i ca d a n a m e s m a cate go r i a d a s l e s õ e s

vasculares.

Angiodisplasia

Angiodisplasia é definida como uma lesão

vascular bem delimitada dentro da mucosa, com

típica aparência avermelhada, com superfície plana

ou discretamente elevada. É geralmente adquirida,

m a s s u a e t i o l o g i a e x a t a é i n c e r t a . S ã o

frequentemente múltiplas e vistas no cólon, mas que

também podem acometer estômago e intestino

delgado, incluindo o duodeno. Pacientes podem

CONDUTA ENDOSCÓPICA NA HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO-VARICOSA E NÃO-ULCEROSA

TJWA, Eric T.T.L.; HOLSTER, Lisanne I.;KUIPERS, Ernst J. Endoscopic Management of Nonvariceal, Nonulcer Upper Gastrointestinal Bleeding. Gastroenterol Clin N Am, n.43, p.707-719, 2014.

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, abril de 2015, nº 191

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apresentar anemia ferropriva crônica, assim como

quadro agudo de sangramento gastrointestinal (GI)

com melena e, mais raramente, hematêmese.

Lesão de Dieulafoy

L e s õ e s d e D i e u l a f o y o c o r r e m m a i s

comumente no estômago proximal, ao longo da

pequena curvatura, podendo ser identificadas no

esôfago, intestino delgado e cólon. Consiste numa

artéria tortuosa e dilatada, que se projeta através da

mucosa e pode causar hemorragia GI maciça pela

erosão da artéria. Acredita-se que seja causada por

uma combinação de fatores, como o estiramento da

p a r e d e v a s c u l a r d u r a n t e o s m o v i m e n t o s

peristálticos e pela erosão da parede causada pela

digestão péptica. Correspondem a 1 a 6% dos casos

de HDA não-varicosa.

Ectasia Vascular Gástrica Antral

GAVE é endoscopicamente reconhecida

como um padrão linear de listras avermelhadas no

antro, separadas por mucosa normal. Tem sido

assoc iada a condições auto imunes d iversas ,

insuficiência renal e transplante de medula óssea.

G AV E ta m b é m é c h a m a d a d e “e stô m a go e m

melancia” (watermelon stomach) e é confundida

frequentemente com gastropatia hipertensiva

p o r t a l . E m b o r a a G A V E s e j a i n t i m a m e n t e

relacionada à hipertensão portal, ela pode ocorrer

mesmo na sua ausência e geralmente não responde

aos tratamentos que reduzem a pressão portal.

Gastropatia Hipertensiva Portal

A g a s t r o p a t i a h i p e r t e n s i v a p o r t a l o u

gastropat ia congest iva portal , corresponde a

ca p i l a re s d i l ata d o s d a m u co s a gá st r i ca s e m

inflamação. É observada apenas em paciente com

hipertensão portal. Quando presentes no intestino

de lgado e no có lon , é chamada enteropat ia

hipertensiva portal e colopatia hipertensiva portal.

O grau de hipertensão portal necessário para o

desenvolvimento de gastropatia hipertensiva portal

permanece controverso. O sangramento nessas

condições é geralmente lento, difuso e “em lençol” ,

podendo ser agudo e até mesmo maciço.

Conduta Endoscópica Nas Anomalias Vasculares e

Gastropatia Hipertensiva Portal

O t r a t a m e n t o e n d o s c ó p i c o a t u a l n o

sangramento das angiodisplasias consiste na terapia

de coagulação. Embora as taxas de sucesso sejam

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altas, alguns paciente podem apresentar anemia

recorrente ou sangramento evidente. Em caso de

s a n g ra m e nto n o i n te st i n o d e l ga d o, s e s s õ e s

repetidas de coagulação com plasma de argônio

(APC) por via enteroscópica demonstrou ser um

método factível e bem sucedido.

Nas lesões de Dieulafoy, o tratamento

endoscópico com hemoclipe ou ligadura elástica,

consegue atingir hemostasia em 90% dos casos.

O tratamento de escolha para tratamento ativo ou

recorrente secundário a GAVE são sessões repetidas

de APC. Publicações mais recentes têm sugerido que

o tratamento com ligadura elástica resultaria em um

m e n o r n ú m e ro d e s e s s õ e s n e c e s s á r i a s p a ra

controlar o sangramento e uma menor taxa de

recorrência quando comparado ao tratamento com

APC.

Em relação à gastropatia hipertensiva portal,

não há terap ia endoscóp ica estabe lec ida . O

tratamento consiste em reduzir a pressão venosa

portal pelo uso de β bloqueadores não-seletivos,

drogas vasoativas e/ou shunt portossistêmico intra-

hepático (TIPS).

SANGRAMENTO EM LESÕES NEOPLÁSICAS

Lesões neoplásicas (tanto primárias quanto

metastáticas) do trato digestivo alto correspondem

a 2 e 8% dos casos de HDA, sendo o adenocarcinoma

gástrico o mais prevalente entre os pacientes que se

apresentam com HDA.

Conduta Endoscópica no Tratamento de Neoplasias

Sangrantes

A terapia endoscópica convencional não

costuma ser efetiva, pois os tumores estão além do

alcance dos métodos térmicos ou mecânicos em

virtude de sua complexa angiogênese. A conduta

endoscópica foi estudada em 42 pacientes com

câncer GI primário. Em aproximadamente metade

dos pacientes, HDA grave foi a primeira manifestação

da doença, e a maioria se apresentava em estágio

avançado com grandes massas tumorais ulceradas. A

hemostasia endoscópica só foi conseguida nos casos

menos avançados e não difusos.

A radioterapia e a embolização transarterial

( TA E ) fo ra m p o r l o n g o te m p o o t ra ta m e n to

alternativo para controle do sangramento nestes

casos. A radioterapia tem um efeito demorado e

ta nto e sta co m o a e m b o l i za çã o te m efe i to s

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transitórios.

O uso do Hemospray têm sido cada vez mais

preconizados no t ratamento endoscópico de

sangramentos neoplás icos em virtude de sua

capacidade em parar hemorragias difusas. Em duas

séries de casos, do Canadá e da França, incluindo 10

pacientes, o uso do Hemospray na hemorragia

neoplásica esofagiana, gástr ica e pancreática

demonstrou resultados promissores a curto prazo.

Nos dois estudos, a hemostas ia imediata fo i

alcançada em 100% dos pacientes e a taxa de

ressangramento depois de três dias foi de 20%. Tendo

em vista que o Hemospray pode ser administrado por

v ia endoscópica , já no pr imeiro exame, i s so

representa uma modalidade rápida e efetiva de

tratamento na fase aguda do sangramento em

pacientes oncológicos.

HDA CAUSADA POR TRAUMA

Laceração de Mallory-Weiss

A laceração de Mallory-Weiss é uma causa

comum de HDA, apresentando-se tipicamente como

hematêmese depois de episódios de vômitos sem

sangue. É definida como uma laceração de mucosa na

junção esôfago-gástrica ou no cárdia, usualmente

causada por esforço para vomitar ou por vômitos

vigorosos. Várias fatores tem sido associado, como

consumo de álcool, uso de aspirina e cumarínicos,

paroxismos de tosse, gravidez, levantamento de

peso, esforço, trauma abdominal fechado, lavagem

d e có l o n e re s s u s c i ta çã o ca rd i o p u l m o n a r. O

sangramento é normalmente pequeno.

Síndrome de Boerhaave e Outras Causas de

Perfuração Transmural

A síndrome de Boerhaave é a ruptura do

esôfago causada pelo aumento rápido na pressão

intraluminal no esôfago distal, associada à pressão

intratorác ia negat iva,causada por esforço ou

vômito . Outras causas inc luem manipu lação

cirúrgica e endoscópica e impactação de corpo

estranho. Em alguns casos, o sangramento pode

estar acompanhando a sintomatologia.

Lesões Cáusticas e Ingestão de Corpo Estranho

A ingestão de corpo estranho e de substâncias

tóxicas pode ser acidental ou intencional. A ingestão

de álcali forte resulta em necrose de liquefação, a

qual é associada à profunda lesão tecidual podendo

levar à perfuração acompanhada de sangramento.

Agentes ácidos levam a necrose de coagulação, que é

mais superficial, com a extensão da injúria mais

limitada. Pode ocorrer sangramento em virtude de

ulcerações difusas. Hemorragia grave é, entretanto,

rara. Merecem destaques a ingestão de baterias e de

ímãs levando a vazamento e lesão por adesão,

podendo cursar com ulceração local e perfuração. A

hemorragia é uma complicação frequente depois da

ingestão de corpo estranho e é consequência da

a d e s ã o l o c a l o u d a p e r f u ra ç ã o d a m u c o s a ,

ocasionalmente com formação de fístula para um

vaso adjacente.

C o n d u t a e n d o s c ó p i c a n a h e m o r r a g i a p ó s -

traumática

Na maioria dos casos de lesões de Mallory-

Weiss, o sangramento cessa espontaneamente. Uma

m e n o r p a r t e d o s c a s o s r e q u e r t r a t a m e n t o

endoscópico. Numa série de casos franceses de 218

pacientes com sangramento por lesão de Mallory-

Weiss, 56 (26%) apresentaram sangramento ativo à

e n d o s c o p i a . Vá r i o s e s t u d o s i nv e s t i ga ra m o

tratamento endoscópico ideal. Em um estudo

randomizado com 63 pacientes submetidos a

t r a t a m e n t o d e s u p o r t e o u a t r a t a m e n t o

endoscópico, a taxa de ressangramento foi maior no

primeiro grupo, quando comparado aos pacientes

tratados com injeção endoscópica de epinefrina (25

vs 6%). Injeção de epinefrina, hemoclipe e ligadura

e l á s t i c a f o r a m e q u i v a l e n t e s p a r a a t i n g i r a

hemostasia primária. Taxa de ressangramento após a

ligadura elástica e hemoclipe foram similares num

e s t u d o ra n d o m i za d o c o r e a n o ( 6 - 1 0 % ) , m a s

s igni f icat ivamente mais baixos após l igadura

elástica num estudo realizado na França (0%vs18%).

Não se sabe se a prescrição de inibidores de bomba

de prótons consegue acelerar a cicatrização.

O sistema “bear-claw” ou over-the-scope-

clip é um novo tipo de clipe destinado a fechar

grandes defeitos luminais do TGI, os quais podem ser

espontâneos, como na síndrome de Boerhaave, ou

iatrogênicos como após a dissecção endoscópica de

submucosa ou deiscência de anastomose cirúrgica.

Até o momento, as evidências quanto ao seu uso vem

apenas de série de casos, mas espera-se que o over-

the-scope-clip seja promissor em substituir a terapia

cirúrgica convencional para lesões traumáticas. A

colocação endoscópica de uma prótese metálica

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auto-expansível (SEMS) pode ser considerada na

síndrome de Boerhaave. As próteses necessitam ser

removidas em até 6 semanas após sua colocação,

porque um tempo maior dificulta a sua retirada.

Quando a perfuração persiste após a retirada da

mesma, a colocação de uma nova prótese deve ser

considerada.

N o c a s o d e l e õ e s c á u st i c a s , a t e ra p i a

endoscópica é limitada. A colocação profilática de

uma prótese de forma a prevenir a formação de

estenose está sob investigação.

HEMORRAGIA DE ORIGEM HEPATOPANCREÁTICA

Hemobilia

H e m o b i l i a o u s a n g r a m e n t o d o t r a t o

hepatobiliar é uma rara causa de HDA. As causas

i n c l u e m b i ó p s i a h e p á t i c a , c o l a n g i o g r a f i a

percutânea, colecistectomia, endoscopia biliar com

biópsia ou colocação de próteses e tumores biliares

ou hepát icos. Numa revisão de 222 casos de

hemobilia, 65% eram iatrogênicas, com trauma

acidental contando com apenas 6%. Em raros casos, o

sangramento pode ocorrer em virtude de fístula

entre o sistema porta e a veia hepática, o que pode

levar ao rápido desenvolvimento de icterícia. Na

maioria dos casos, esses sangramentos são auto-

limitados e não requerem intervenção outra que não

prevenir a obstrução biliar devido à formação de

coágulos.

Sintomas de hemobilia podem ser variados. A

tríade clássica de icterícia, cólica biliar e HDA

evidente foi observada em 22% dos pacientes. A

colangiografia endoscópica retrógrada é útil para

confirmar o diagnóstico e estabelecer a causa

subjacente. Ela também pode auxiliar a manter o

clearance no trato biliar, através da colocação de

prótese, prevenindo o risco de obstrução. Em raros

casos, a lesão da veia hepática pode estabelecer uma

conexão entre ela e a árvore biliar e, ao invés de

hemobilia, leva a fluxo contrário de bile para a veia.

Tamanha bilemia pode levar ao surgimento evidente

e agudo de icterícia. Nesse caso, a prótese biliar pode

reverter o fluxo, levando a rápida redução da icterícia

e permitindo o fechamento da fístula.

Hemosuccus Pancreaticus

Hemosuccus pancreaticus é causado por

s a n g ra m e n t o o r i g i n a d o n o p â n c r e a s , d u c t o

pancreático e estruturas adjacentes como a conexão

da artéria esplênica com o duto pancreático.

Hemosuccus é mais frequentemente causado por

um pseudoaneurisma pancreático resultante de um

q u a d r o d e p a n c r e a t i t e a g u d a o u c r ô n i c a .

Normalmente envolve a erosão da artéria esplênica

levando a a hemorragia para dentro do ducto

pancreático. As complicações mais frequentes são

m e l e n a , h e m a t o q u e z i a , h e m a t ê m e s e e

epigastralgia. Os pacientes podem desenvolver

sintomas de náuseas e vômitos, perda de peso e

icterícia , quando o sangramento também levar à

obstrução do ducto biliar comum. Em um estudo

o b s e r v a c i o n a l i n c l u i n d o 3 1 p a c i e n t e s c o m

h e m o s u c c u s p a n c re á t i c o , e m 5 0 % d e l e s fo i

observado sangue à EDA.

C o n d u t a E n d o s c ó p i c a d a H e m o b i l i a e d o

Hemosuccus Pancreático

Como a hemobi l ia é gera lmente auto-

l imitada, o papel da endoscopia se resume à

colocação de próteses para promover o clearance da

via biliar. Para o hemosuccus também não há um

papel importante da endoscopia. Em 50% dos casos,

a embolização arterial seletiva é bem sucedida, ao

passo que a cirurgia é frequentemente necessária

em situações de emergência ou em casos de falha de

tratamento pela TAE.

MISCLE NIA

Em raros casos, a HDA pode ser causada por

vasculite de grandes ou pequenos vasos. As lesões

são t ipicamente tópicas, afetando áreas bem

delimitadas, ainda que ocorram em vários lugares. A

biópsia endoscópica pode demonstrar ulceração e

inflamação, mas são geralmente insuficientes para

demonstrar a vasculite subjacente. O diagnóstico da

doença de base é mandatório. O tratamento inicial é

n o r m a l m e n t e fe i t o c o m c o r t i c o s t e r o i d e s e

imunossuprossores, bem como inibidores da bomba

de prótons em pacientes com lesões GI altas.

A isquemia gástrica aguda é rara já que o

estômago possui uma rica rede vascular. Entretanto,

o seu reconhecimento é importante, porque a

progressão para necrose pode levar à ulceração, com

complicações como sangramento, perfuração e

sepse. Isso também pode ocorrer em caso de

estenose do tronco celíaco, com circulação colateral

insuficiente. HDA secundária à isquemia tem sido

relatada em poucos casos.

Conduta Endoscópica

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, abril de 2015, nº 191

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Esse tipo de sangramento impede uma terapia

e n d o s c ó p i c a b e m s u c e d i d a p o i s , s e n d o u m

sangramento difuso, há dificuldade em terapias-alvo

como hemoclipe, ligadura elástica e terapia térmica.

A terapia com hemospray está sob investigação, com

relatos bem sucedidos. O tratamento da doença de

base é o principal tratamento.

RESUMO

E m b o ra a ú l c e ra p é p t i c a e a s v a r i ze s

gastroesofágicas continuem sendo as causas mais

comuns de HDA, 25 a 50% se deve a outras causas. A

endoscopia é o pilar para o diagnóstico desses

sangramentos, assim como no tratamento de grande

parte deles. O tratamento endoscópico faz uso das

mesmas modalidades utilizadas para o tratamento

da úlcera péptica e das varizes. O uso de novas

modalidades como o hemospray, SEMS e o over-the-

scope-clips vêm se expandido e, algumas vezes,

substituindo outras modalidades de tratamento.

Traduzido do original em inglês por Dra.

Yolanda Tolentino, Dra. Priscila Pollo, Dr.

Rodrigo Dias e Dra. Viviane Fittipaldi

CASO CLÍNICO DO MÊS

Paciente, masculino, de 61 anos, hipertenso, é admitido no hospital com relato de dois episódios de

hematêmese.

À endoscopia digestiva alta, evidencia-se uma protuberância vascular, envolta por mucosa normal, com

sangramento em jato. Opta-se, então, pela injeção de 6 ml de solução de adrenalina na diluição de 1:20.000,

seguida de colocação de um hemoclipe, com parada total do sangramento. O paciente evoluiu bem clinicamente,

tendo alta hospitalar sem novos episódios de hemorragia.

O Dieulafoy corresponde a uma artéria da submucosa que acaba exposta na superfície mucosa do trato

digestório. Sua apresentação clínica geralmente se dá com sangramento intermitente e repercussão

hemodinâmica. Pode ser encontrado por todo o trato, porém, sua localização mais comum é na porção proximal

do estômago. Diversas modalidades terapêuticas estão disponíveis: banda elástica, hemoclipe, injeção de

adrenalina, cianoacrilato, eletrocauterização, heater probe. Não há, ainda, um método terapêutico preferível,

todavia, está provado que a injeção de adrenalina, como monoterapia, apresenta altos índices de

ressangramento.

Dra. Priscila Pollo, Dr. Rodrigo Dias, Dra. Viviane Fittipaldi e Dra. Yolanda Faia

Imagem 2 aspecto endoscópico após injeção desolução de adrenalina e colocação de hemoclipe

Imagem 1 sangramento arterial em jato

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, abril de 2015, nº 191

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PRÓXIMOS EVENTOS

21-23MAI

CONGRESSO SUDESTE DE VIDEOCIRURGIALOCAL Vila Galé, Angra dos Reis, RJINFORMAÇÕES www.videocirurgiasudeste.com.brTEL/FAX: (21) 2215-4476 [email protected]

4-6JUN

11º CONGRESSO INTERNACIONAL DE CÂNCER GÁSTRICOLOCAL World Trade Center São Paulo, Brooklin Novo, São Paulo, SP.INFORMAÇÕES www.11igcc.com.br | [email protected]/FAX: (11) 3061-1495

15-16MAI

I CONGRESO INTERNACIONAL E INTERDISCIPLINARIO ARGENTINO DE DISFAGIA Y TRASTORNOS DEGLUTORIOS DE LA PREVENCION A LA RECUPERACIONLOCAL Universidad Cattolica Argentina (UCA), Puerto Madero, Buenos Aires, ArgentinaINFORMAÇÕES www.congresodisfagia.com

16-19MAI

DIGESTIVE DISEASE WEEK - DDW 2015LOCAL Washington, EUAINFORMAÇÕES www.ow.ly/GRXaj

BOLETIM SOBED-RJ, ano XX, abril de 2015, nº 191

28-30MAI

GASTROMINAS 2015LOCAL Associação Médica de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG.INFORMAÇÕES www.gastrominas2015.com.br

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