Informativo Mensal do Fórum Suape Espaço Socioambiental...O falecimento de seu Biu foi antecedido...
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Informativo Mensal do Fórum Suape Espaço Socioambiental
Edição de Fevereiro de 2017 – nº 08
As reuniões do Fórum Suape com as comunidades tem
sido espaço de diálogo, onde as comunidades trazem informes,
discutem sobre a continuidade da mesa de diálogo com CIPS,
sobre a viabilidade de novas audiências públicas, ato público e
buscam encontrar estratégias para pressionar o governo do
Estado, maior acionista do Complexo Suape.
O protagonismo é das comunidades, o Fórum está para
apoiar ações coletivas que estejam em sintonia com suas linhas
de ação. Além disso, o Fórum está organizando um processo
formativo com o tema: “Garantia de direitos e organização
comunitária”, por considerar imprescindível o processo de
capacitação, planejamento e organização das comunidades.
Esse trabalho, além de favorecer para que se avance no diálogo
com as comunidades, vai ajudá-las a expressar sua indignação
de forma qualificada e eficaz. No atual contexto, mais do que
nunca se faz necessária a formação, para superar a barreira do
desconhecimento dos direitos e do descrédito em uma
sociedade justa.
A manhã do dia 5 de fevereiro de
2017 fica marcada pela morte oficial de
Severino Cassiano da Silva, conhecido
como Biu. Passou os últimos meses
hospitalizado, numa Unidade de
Tratamento Intensivo, em Olinda.
Porém, sua luta pela vida começou muito
antes, juntamente com a luta justa por
permanecer em sua casa e pelo direito a
sua terra. Artesão, pescador e último
morador nativo expulso da Ilha de
Tatuoca.
Homem forte, lúcido e independente.
Artesão, pescador nasceu e viveu em
Tatuoca, sempre acreditou que ali morreria no curso natural da vida.
Dia 4 de abril de 2016 foi surpreendido por dezenas de homens
armados. Foi arrancado de sua casa e obrigado a testemunhar sua
demolição. Viu os veículos oficiais esmagarem seus bens e artefatos
de pesca. As árvores sendo derrubadas. Naquele momento Biu foi
privado de sua vida, restaram os escombros, soterrados pela areia do
tempo. Que a luta de Biu, o último morador de Tatuoca, nunca seja
esquecida.
Seu destino seria traçado pela mão criminosa e gananciosa do
Complexo Industrial e Portuário de Suape, com a cobertura do
Estado. Dezenas de homens armados, metralhadoras às claras,
carros, tratores foram usados em mais esse ato de total desrespeito
aos direitos daquele morador indefeso, no final deixaram apenas os
escombros. Durante vários meses, seu Biu permaneceu em uma
cama de hospital entre a vida e a morte. Nunca se recuperou de
tamanha violência.
O falecimento de seu Biu foi antecedido pela morte do Sr. Luís
Abílio da Silva, em dezembro do ano passado. Na época, com 83
anos, seu Abílio e sua esposa dona Maria Luiza da Silva, cinco anos
mais velha, tiveram a casa derrubada no sítio do Engenho de Tiriri, no
dia 22 de maio de 2013. Ao prestar um depoimento ao Forum Suape
na época, cercado dos filhos e dos 18 netos, seu Abílio relembrou
como tudo aconteceu. “Estava em casa com minha esposa, nora,
filhos e netos quando a guarda chegou com o oficial de Justiça para
nos retirar de lá. Eu estava sentado, fui retirado pelo braço. Minha
nora com meu neto de 15 dias, também, foram obrigados a sair. A
casa foi derrubada”. Seu Abilio acabou morrendo de tanto desgosto.
Estes são apenas dois casos, dos muitos que chegam quase que
diariamente ao Fórum Suape contados por aquelas famílias que
vivem o pesadelo que entrou em suas vidas sem pedir permissão.
Dois casos exemplares que mostram a que ponto esta empresa
estatal promove a destruição de vidas e sonhos.
Mais uma vez, denunciamos e questionamos o modelo de
desenvolvimento que está por trás do Complexo Industrial e Portuário
de Suape - CIPS, em Pernambuco, que comprova a cada dia o quanto
ele funciona como uma usina geradora de violência e violações dos
direitos humanos contra a população
nativa e tradicional que habita aquela
região. Esta é a realidade de Suape que
não estamos acostumados a ver na
imprensa ou nas propagandas oficiais
de governos e eleitorais de candidatos.
Ao contrário, o que vemos é uma
propaganda aos quatro cantos do
mundo da empresa sustentável, que
recebe inclusive prêmios internacionais.
Porém, o CIPS mantém em sua
estrutura interna uma Diretoria de
Gestão Fundiária e Patrimônio cuja
missão é desorganizar e destruir o
mínimo de organização existente dos moradores, vulnerabilizando
assim as reivindicações coletivas e a resistência as expulsões
ocorridas em massa. Além disso, age com truculência, violência,
assediando os moradores daquele território, tornando suas vidas
insuportáveis.
Denúncias não faltam ao “modus operandi” do que se
convencionou denominar de “milicias de Suape”. Quer através de
boletins de ocorrência (mais de 90 desde 2010) subestimados pelo
medo; quer pelos inúmeros depoimentos por aqueles e aquelas que
sofrem no dia a dia com a presença da mão forte do CIPS e de seus
algozes.
Ao contrário de ser uma empresa sustentável, como mostra a
propaganda, o que se constata é que o CIPS não está nem aí com a
vida. Gerador de tanto sofrimento deixa um rastro de doenças físicas
e psicológicas, para além da destruição ambiental e de sonhos de
milhares de trabalhadores que foram para Suape iludidos com
promessas desenvolvimentistas e de melhoria financeira e material.
Para nós, do Fórum Suape é doloroso saber que uma pessoa
como seu Biu, antes cheio de energia e esperança, tenha falecido
dessa forma, longe da sua terra, privado da pesca, do rio e do mar.
Mais uma vez, questionamos o CIPS, que sustentabilidade é essa que
destrói e promove o desequilíbrio socioambiental? Que
sustentabilidade é essa que, ao invés de preservar e proteger, mata?
A humanidade perde um homem da natureza, defensor dos
bichos, conhecedor dos peixes, sabedor dos rios e do mar. Biu era
homem simples, econômico com palavras, sempre sábias. Nas
poucas vezes que sorria, seus olhos iluminavam e sua risada acolhia
a vida. Fazia do mangue uma arte, com troncos talhados em mesas e
cadeiras para receber visitantes. Vivia no que ele mesmo considerava
um paraíso, a Ilha de Tatuoca no município de Ipojuca, PE. Lá,
mantinha sua casa, seu bar e restaurante. Estava sempre ocupado
com seus afazeres, do barco, da pesca e de cada árvore que lhe fazia
companhia. Registramos aqui nossos sentimentos de pesar à toda
família e amigos/as de seu Biu, que o seu espírito descanse em paz e
ele possa, de alguma maneira, reencontrar a sua Tatuoca. Biu,
presente!
Há dois anos, o governo de Pernambuco prometeu
recuperar o Riacho Algodoais no trecho que corta o Complexo
Industrial Portuário de Suape, no Cabo de Santo Agostinho. Fez a
maior propaganda dizendo ser o objetivo do programa Águas de
Suape, instalado pelo governador Paulo Câmara, em março de
2015. O que a mídia e a propaganda oficial divulgaram aos quatro
ventos era que a iniciativa também promoveria um trabalho de
educação ambiental com as famílias residentes no entorno do
curso d'água que passa pelas zonas industrial e de preservação
ecológica de Suape, com o investimento de R$ 8 milhões.
Ao contrário do que tanto se divulgou, o que se vê é a
degradação cada dia maior do Riacho Algodoais e nenhuma
política pública inovadora de melhoria do meio ambiente, conforme
prometera o senhor governador. Circula a informação de que na
área do Sítio Serraria se planeja a construção de um açude que
expulsará as 38 famílias que ainda resistem na localidade. A
COMPESA vem fazendo estudos técnicos na área para provável
implantação desse açude na região, onde existem cerca de seis
nascentes. O que se comenta é que a Coca Cola está de olho na
Bica do Catonho, que sempre serviu a comunidade de Serraria e o
seu entorno.
O Fórum Suape encaminhou à Secretaria de
Planejamento e Meio Ambiente do Cabo de Santo Agostinho,
reiterando o ofício encaminhado em setembro do ano passado,
sem resposta, o pedido de providência para a devolução pelo
Complexo Industrial Portuário de Suape - CIPS dos materiais
apreendidos nas comunidades e pedidos de informações acerca
do convênio entre CIPS e Prefeitura, que o CIPS
costumeiramente utiliza para justificar as suas ações ilegais
contra os posseiros.
A cobrança se refere à devolução por parte do
CIPS dos materiais de construção apreendidos no Parque
Metropolitanov Armando Holanda Cavalcanti pela Prefeitura
e guardados em depósito disponibilizado pelo CIPS em
face do noticiado convênio com a PMCSA. Informações
obtidas com representantes da Prefeitura e o próprio Secretário
de Planejamento de Meio Ambiente, Arthur Albuquerque,
a quem o ofício foi encaminhado, diziam que os posseiros do
A água desviada da comunidade pela Compesa para servir
à Coca Cola prejudica a vida de quase a metade das 718 famílias
de Serraria e Massangana. A água é um recurso natural esgotável,
bem que deveria ser de uso comum e sustentável, porém está
sendo destinada para uso indiscriminado pela empresa. A
comunidade do Alto da Paz, atualmente só tem acesso à água
através de bomba elétrica, pois o dispositivo instalado no local
cortou principalmente a água da parte alta das comunidades.
Parque, portando o documento expedido pela Prefeitura
quando da apreensão, conseguiriam ter o seu material
liberado pelo CIPS do depósito onde ficam guardados. Mas, o
que vem de fato ocorrendo de uns tempos para cá é a
negativa, por parte do CIPS, de liberar os materiais a quem
comparece ao galpão da empresa munido deste documento,
contrariando as afirmações feitas tanto por membros da
Prefeitura do Cabo de Santo Agostinho, quanto por
membros do próprio CIPS.
Recentemente, os posseiros obtiveram informações do
Diretor de Gestão Fundiária e Patrimônio de Suape, Sebastião
Pereira Lima Filho, de que os materiais só poderiam ser
liberados mediante uma ordem do Secretário de Planejamento e
Meio Ambiente. Nesse sentido, o Fórum Suape solicita
providências da Prefeitura Municipal no que se refere a essa
conduta abusiva do CIPS, a fim de que ela cesse e os materiais
possam ser devolvidos aos seus proprietários.
Acesse a nossa página na internet: Telefones: (81) 99102.3883 (Claro) e 98536.2204 (Oi). E-mail: / Coodenador: Heitor Scalambrini Costa. Assessor de Comunicação: Gerson Flávio da Silva (DRT/PE 1.659). Assessoria Jurídica: Luísa Duque e Mariana Maia. Assessoria em Políticas e Relações Externas: Rafaela Nicola. Colaboração: Karine Raquel. Secretária Executiva: Betânia Araújo. Contato com a Assessoria de Comunicação: (81) 99509.3043.
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Editado pela Assessoria de Comunicação do Fórum Suape - Espaço Socioambiental. Endereços: Rua Padre Antonio Alves de Souza, 20, Centro - Cabo de Santo Agostinho/PE (ao lado do Centro das Mulheres do Cabo). Escritório Recife: Rua do Espinheiro, 812 - sala 101 (1º andar) - Galeria Francisco Accioly, bairro do Espinheiro, Recife/PE.
Apoio:
MUDANÇA NO PLANTÃO JURÍDICO
Calendário de Atendimento Jurídico
Fevereiro 13/02/2017
Março 13/03/2017
Abril
10/04/2017
Maio
08/05/2017
Junho
12/06/2017
Julho
10/07/2017
Aproveitamos também para informar que agora contamos com mais uma colaboradora que se chama Aulete, ela estará na sede do Fórum Suape no Cabo todas as segundas e quintas-feiras, porque Bety centrará seu trabalho em outras atividades demandadas pelo Fórum Suape. Caso tenham dúvidas, por favor, entrem em contato pelo telefone que estaremos a disposição para os esclarecimentos.
Informamos a todos que, a partir do mês de fevereiro de 2017, o Plantão Jurídico na sede do Fórum Suape - Espaço Socioambiental no Cabo, será apenas uma vez ao mês, ou seja, na 2ª segunda-feira de cada mês, no horário das 09 às 12h e de 13 às 16h. Segue abaixo o calendário dos plantões para os próximos seis meses deste ano.
Nos dias 24 e 31 de janeiro, o Fórum Suape esteve reunido com as organizações da articulação “Bota o pé”, para traçar ações conjuntas em relação à questão da criminalização da produtora Jacaré Vídeo Produções e do Centro Luiz Freire, assim como em relação à questão da atuação da milícia em Suape. O objetivo da rede Bota o Pé é que as organizações se encontrem, possam se apoiar nas temáticas e lutas onde se aproximam e que possuem expertises. Estiveram presentes Instituto PAPAI, Caranguejo Uçá, Fórum Suape, GAJOP e Rede Meu Recife.
O principal ponto de pauta foi a denúncia feita pelo CIPS contra a Jacaré Produções e o Centro de Cultura Luiz Freire em relação
ao vídeo sobre a situação de seu Biu de Tatuoca, onde faz referência a milícias e ao trabalho sujo praticado por Suape na expulsão das famílias de suas terras.
A denúncia de calúnia por parte do CIPS contra a Jacaré Vídeo e Centro de Cultura Luiz Freire foi provocada pela produção e veiculação do Vídeo # Milícia de Suape. O CIPS alega que a expulsão de Biu se deu mediante uma ordem judicial de reintegração de posse, porém é de conhecimento público que o processo se deu de forma arbitrária e violenta, com a presença de muitos policias armados, além da segurança privada de Suape. Não à repressão e criminalização de quem luta por direitos!
O sítio Serraria dispõe atualmente de uma Rádio Comunitária que é sintonizada através da 104,3 Gospel FM. O estúdio fica no Engenho Massangana e impulsiona discussões em geral de interesse das comunidades do entorno. O Sítio Serraria também está empenhado em fazer uma reformulação na associação de moradores local, e para estimular a renovação de lideranças vem apostando nos jovens.
#Um problema sério provocado pela COMPESA é a estação de tratamento de esgoto, implantada na comunidade de Cepovo, que vem
paulatinamente forçando os pescadores a deixarem suas posses, já que a referida estação vem despejando dejetos no mangue inviabilizando a pesca de mariscos e crustáceos. Esses dejetos também estão contaminando o mar, fazendo com que a produção de marisqueiras e pescadores não tenha valor comercial, levando-os à miséria e ao abandono de suas terras em busca de sustento para suas famílias.
#Nem bem começou o ano e o CIPS já praticou suas atrocidades. No dia 12/01, quatro sítios tiveram casas e cercas derrubadas. No
Engenho Ilha a milícia voltou a atacar ostensivamente com motocicletas sem placas e seus tripulantes encapuzados, aconteceram diversas explosões por coquetel molotov. Acredita-se ser uma retaliação de Suape à resistência da população. Também estão destruindo as lavouras, e estão acontecendo diversos incêndios no Engenho Jurissaca.
#Depois da posse da nova diretoria de Suape, o Fórum Suape fez contato com o CIPS, internamente está sendo feito o repasse de
informações para os novos membros, e até o final de fevereiro farão contato para estabelecer uma nova data para reunião com as comunidades e Fórum.