Informativo do Clube Excursionista Carioca C.E.C. ABERTURA ... filepara a primeira investida de fato...

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E a œltima da Mari: Essa estria de que o sol nasce no norte Ø a maior mentira que jÆ inventaram! Mais uma da Ana Carolina:durante a aula de n ela pede ao Bagre que lhe ensine aquele n de peixe! Conversando sobre como trocar de roupa na praia, Jayme diz que acha incrvel como as mulheres conseguem tirar o sutiª por bai- xo da blusa...explicamos como se faz, e ele calmamente nos diz que irÆ tentar fazer szinho em casa... Pra quŒ?! Na aula de CBM, AndrØa pergunta: Aonde Ø o cume? Respondo: LÆ em cima. Mais tarde, pergunta: Como a gente chega no cume? Repondo: Subindo, que Ø o que estamos fazendo... Enquanto Jayme dava segurana pra ela, ele gritava: -Espera por mim! Nªo vÆ embora! JÆ estou chegando!!! Informativo do Clube Excursionista Carioca C.E.C. É notícia Ano 59 - N o 5 - Junho/2005 8 - C.E.C. C.E.C. C.E.C. C.E.C. C.E.C. É notícia Alta Sociedade Alta Sociedade Alta Sociedade Alta Sociedade Alta Sociedade ABERTUR ABERTUR ABERTUR ABERTUR ABERTUR A DE TEMPOR A DE TEMPOR A DE TEMPOR A DE TEMPOR A DE TEMPOR AD AD AD AD AD A DE MONT A DE MONT A DE MONT A DE MONT A DE MONT ANHISMO 2005 ANHISMO 2005 ANHISMO 2005 ANHISMO 2005 ANHISMO 2005 Juliana Fell, AndrØ Iha, Rosane Camargo, Fernando Barroso, Priscila Botto e FlÆvio Carneiro sªo alguns voluntÆrios da montanha homenageados durante a ATM 2005. Clube Excursionista Carioca Fundado em 21 de fevereiro de 1946 Rua HilÆrio de Gouveia, 71 / 206 Copacabana - Rio de Janeiro CEP: 22040-020 Tel: 2255-1348 ACESSE: www.carioca.org.br Reuniıes sociais s quintas a partir de 20:30h

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� E a última da Mari: Essa estória de que osol nasce no norte é a maior mentira que jáinventaram!�Mais uma da Ana Carolina:durante a aulade nó ela pede ao Bagre que lhe ensine aquele�nó de peixe�!

�Conversando sobre como trocar de roupana praia, Jayme diz que acha incrível comoas mulheres conseguem tirar o sutiã por bai-xo da blusa...explicamos como se faz, e elecalmamente nos diz que irá tentar fazersózinho em casa... Pra quê?!�Na aula de CBM, Andréa pergunta: Aondeé o cume? Respondo: Lá em cima.Mais tarde, pergunta: Como a gente chegano cume? Repondo: Subindo, que é o queestamos fazendo...Enquanto Jayme dava segurança pra ela, elegritava: -Espera por mim! Não vá embora!Já estou chegando!!!

Informativo do Clube Excursionista Carioca

C.E.C.É notíciaAno 59 - No 5 - Junho/2005

8 - C.E.C. C.E.C. C.E.C. C.E.C. C.E.C. É notícia

Alta SociedadeAlta SociedadeAlta SociedadeAlta SociedadeAlta Sociedade

ABERTURABERTURABERTURABERTURABERTURA DE TEMPORA DE TEMPORA DE TEMPORA DE TEMPORA DE TEMPORADADADADADA DE MONTA DE MONTA DE MONTA DE MONTA DE MONTANHISMO 2005ANHISMO 2005ANHISMO 2005ANHISMO 2005ANHISMO 2005

� Juliana Fell, André Iha, Rosane Camargo, Fernando Barroso, Priscila Botto e FlávioCarneiro são alguns �voluntários da montanha� homenageados durante a ATM 2005.

Clube Excursionista CariocaFundado em 21 de fevereiro de 1946

Rua Hilário de Gouveia, 71 / 206Copacabana - Rio de Janeiro

CEP: 22040-020 Tel: 2255-1348

ACESSE: www.carioca.org.br

Reuniões sociais às quintas a partir de 20:30h

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Uma publicação do Clube Excursionista Carioca

Presidente: Claudio MartinsVice-Presidente: Pablo Costa

Tesoureiro: Ana Claudia NioacDiretor Técnico: Miguel Monteza

Diretor Social: Patrícia DufflesSecretária: Katherine Benedict

Capa:Christian Sens na �Sika em frente�

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POR DENTRO DO CECPOR DENTRO DO CECPOR DENTRO DO CECPOR DENTRO DO CECPOR DENTRO DO CEC� �Cetificado de Cume�A fim de não deixar esquecida e deincentivar a escalada de uma de nossasmais belas conquistas � Chaminé Gallotti,um dos conquistadores, Tadeusz E. Hollup,com a aquiescência dos demais, solicitouao Ricardo Barcellos que confeccionasseum �Cetificado de Cume� que seráconferido, na festa de fim de ano do CEC,a todos os que escalaram aquela via emexcursões OFICIAIS, despois dacomemoração dos 50 anos da conquista.O �Certificado� será conferido também atodos os que escalaram oficialmente aquelavia a partir da data da sua inauguração (24/12/1954). Na impossibilidade de localiza-los, pedimos que entrem em contato com oClube.Quem já viu o �Certificado� diz que ele é�fora de serie�. Candidatem-se.

� Fim do CBM (ufa...)Finalizado mais um CBM para desesperodos alunos e para alegria dos guias do Ca-rioca que mais uma vez não sabem se usamo prussik francês ou o convencional....

� Agradecimento à EquinoxO CEC agradece a Marcelo Ramos(Equinox) pela doação de 4 bauldriers damarca Black Diamond.

A primeira vez que fui ao CEC foi numa quarta feira à tarde, afinal tinham me dito queera um clube. Para minha sorte, o Cristiano Requião estava batendo um relatório deexcursão e informou-me os horários das reuniões. Na sexta-feira seguinte voltei ànoite e fui logo inscrito numa excursão ao XV de Novembro para o dia seguinte. Istofoi no dia dois de março de mil novecentos e setenta e nove. Lembro-me que a enor-me foto do Jean Pierre Von der Weid conquistando o artificial do Lagartão me impres-sionou e por algum tempo me serviu de inspiração.Como tinha dezesseis anos e nada para fazer além da escola, me tornei um verdadeirorato do CEC. Logo conheci o Sergio Bruno com que fiz uma ótima parceria e enormeamizade. Com ele participei da minha primeira conquista, o Paredão IV Sol no Babilônia,que nesta época só tinha quatro vias (isto mesmo!), pois era proibido escalar devido àárea militar. A escalada foi conquistada totalmente em livre com paradas em cliff esem o uso dos famosos �fusons�, um tipo de parafuso muito usado na época paraprogressão. Esta conquista mexeu com os meus sentimentos, uma coisa inexplicável ecom o Sergio Bruno conquistei uma serie de vias em homenagem ao Astro Rei. Os anos foram passando, as escaladas evoluindo, os parceiros mudando e novasamizade e conquistas sendo feitas. Limiar da Loucura, Cavalo Louco, As Lacas Tam-bém Amam, Revolta..., Xeque Mate, alguns Ácidos e Salinas. Ah Salinas, eu já tinhafeito em 1980 a CERJ no Capacete, e no dia seguinte a Face Leste do Pico Maior emapenas um dia com o Sergio Bruno. Já conhecia a Chaminé Pelegrine, o Pontão do Sole fazia uma Face Leste por ano, mas faltava uma conquista.O Sergio Tartari comentou comigo que ele e um escalador da época conhecido porBruno Blau-blau tinham ido dar uma olhada em uma possível linha no Pico Maior e seeu não estaria afim de ir. Foi o que faltava. Serginho já era um amigão e lá fomos nospara a primeira investida de fato do Arco da Velha. Nesta investida o Sergio, hoje meucumpadre, levou um tombo fenomenal não se quebrando por sorte. Vendo o tamanhodo que nos esperava, chamamos outro amigo e companheiro para dar uma forcinha, oAlexandre Portela. Época boa essa.Na segunda metade dos anos oitenta, surgiu o que talvez tenha sido o embrião doprofissionalismo nas escaladas, a conquista do Paredão Verdura da Gávea com patro-cínio e ampla cobertura da imprensa. Foi, mais uma vez, uma brincadeira entre jávelhos amigos.Vieram os anos noventa, o novo milênio e os adolescentes tornaram-se homens feitos,cada um para o seu lado, novos objetivos de vida e, apesar disso tudo a mesma neces-sidade de conquistar novas vias e claro não deixar de se divertir.Com o passar dos anos, as coisas mudaram e continuarão mudando, mas eu me per-gunto: o que será que ainda hoje nos faz ir para uma conquista, carregar aquele montede ferros nas costas, parar no sufoco naquele cliff sinistro que pode pular a qualquermomento e dormir mal na noite anterior de tanta ansiedade?

PORQUE SERÁ? Por Sergio PoyaresPORQUE SERÁ? Por Sergio PoyaresPORQUE SERÁ? Por Sergio PoyaresPORQUE SERÁ? Por Sergio PoyaresPORQUE SERÁ? Por Sergio Poyares� Nova Via no Dona MartaFoi finalizada no ultimo dia 14 a conquistada via "Feios, sujos e malvados", no morrodo Dona Marta. Foram utilizados 19 gram-pos de inox e a via ficou com 150m, grausugerido de 4º/VIsup.A conquista de autoria de André Ilha e YuriBerezovoy. Não perca na proxima ediçãodo boletim um relato completo desta con-quista.Outra conquista na parede é a variante�Striptease� que inicia em aderência logoapós o diedro da via Unicec.Conquista deKika, André e Yuri.� Reforma na via Pai GranitoO escalador Sérgio Tartari fez uma peque-na reforma na nova e pouco conhecida viado Pico Maior chamada Pai Granito, con-quistada em 2003. Foram batidas cincochapeletas, sendo duas em meio de lancese três em paradas, tornando assim a via bemmais segura. Esta escalada, cujo grau giraem torno de 5º VIsup E3, é uma grandevariante da via Arco da Velha (6º VII E3)e consta de sete enfiadas de corda com vá-rios lances apimentados.

POR DENTRO DPOR DENTRO DPOR DENTRO DPOR DENTRO DPOR DENTRO DA MONTA MONTA MONTA MONTA MONTANHAANHAANHAANHAANHA

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HISTORIAS DE ANTIGHISTORIAS DE ANTIGHISTORIAS DE ANTIGHISTORIAS DE ANTIGHISTORIAS DE ANTIGAMENTE PAMENTE PAMENTE PAMENTE PAMENTE Por Cyonira Hollupor Cyonira Hollupor Cyonira Hollupor Cyonira Hollupor Cyonira HollupOi gente! Voltei. Desta vez para contar uma história dramática que contei aqui há 50anos atrás, mais precisamente no Boletim de julho/agosto de 1951. Não costumo citarnomes, mas vou abrir uma exceção para homenagear um dos maiores montanhistas dahistória do excursionismo.Foi meu guia na primeira vez que escalei a Agulha do Diabo, uma escalada que quasetermina em tragédia e onde por várias vezes quase perdemos a vida. Ele guiou a Agu-lha por 37 vezes, um recorde que dificilmente será igualado.Amigo, puro de coração,tem sempre no rosto um sorriso para todos que o procuram. É admirado por quantos oconhecem. Seu nome: Salomyth Smith. A ele dedico esta narrativa:

ODISSEIA NA AGULHA DO DIABOFoi numa quinta-feira qualquer de fevereiro que o Salomyth apareceu no Clube comaquela idéia de jerico: "Vamos na Semana Santa à Agulha do Diabo?!"Foi um reboliço tremendo. Todos queriam ir e, ainda na véspera, se faziam substituiçõesde participantes. Por fim o grupo ficou constituído de 6 pessoas: Salomyth (Guia), Tadeusz(Auxiliar de Guia), Cionyra, Orlando Lacorte, Lucy (do CEB) e Jarcy, que arranjouvaga à última hora.Na sexta-feira, às 6 horas da manhã, nos encontramos na Leopoldina. Lucy adoecerae, no seu lugar, feliz com aquela "chance" que lhe caíra do céu, apareceu o irmão,Hamilton. Depois de um "curto" atraso de 2 horas, o trem saiu da estação levandoexcursionistas do CEC e outros Clubes que iam para Barreiras, Abrigo 2, S.João, S.Pedroe Vale Azul, aproveitar assim aqueles 3 dias para "descansar". Ninguém, porém, ia maisesperançoso e animado do que qualquer de nós seis. No meio da viagem, Jacy desco-briu a ponta da Agulha, erguendo-se fina como um espinho. Ao meio-dia estávamos emTherezópolis e, depois de almoçar, seguimos de caminhão, passando pelo Parque Naci-onal da Serra dos Órgãos, até o caminho do Abrigo 2 interrompido. Lá saltamos e,depois das últimas despedidas, vestimos a roupa "de briga" e entramos pelo mato.Às 5 horas, chegávamos à clareira onde devíamos acampar; depois de armada a barra-

que mal podia comigo, tinha que agüentar o Tadeusz que vinha dormindo em pé. Por fimachamos o "Mirante do Inferno". Estávamos no caminho certo. Meia hora depois determos continuado a caminhada, descendo do Mirante, Jarcy virou a lanterna para tráse deu um grito: "Segura o Salomyth!"Era tarde, porém: Salomyth dera um passo em falso para um lado e se despencara. Porsorte uma arvore evitara que o tombo fosse maior, e além do susto, ele nada sofrera.Quando já pensávamos que tínhamos passado do acampamento e que iríamos levartoda a noite andando pelo mato, Orlando gritou: --"Olha a barraca!" -"Que nada, vocêestá vendo coisas", disseram Jarcy e Salomyth. "É a barraca sim, apoiou o Hamilton".Precipitamo-nos naquela direção e entramos loucos de alegria naquela bendita barraca.Trocamos as roupas por outras menos molhadas e comemos alguma coisa. De repenteolhei em volta: "Onde está o Tadeusz?" Depois de muito gritarmos por ele, um resolveusair paras ver o que tinha acontecido. Sentado numa pedra, debaixo da chuva, Tadeuszdormia. --" Tadeusz, acorda, vem para dentro". -"Ué! Eu não estou na barraca não?" Arisada foi geral.Dormimos como justos até às dez horas da manhã e, depois de outra "refeiçãozinha", noestilo da primeira, tomamos o caminho de volta. Menos molhados, alimentados e maisdescansados, voltamos alegres, pois tudo terminara bem. Os apelidos sobravam: eu erao "Anjo Louco", Tadeusz era o "Tatá", Hamilton , "Mr. Cheira-Bife", Orlando, o "Furio-so", Jarcy, o "Guia Mateiro", e Salomyth o "Perna-Boba", pois levou tombos durante

todo o caminho, tropeçando até nas formigas.Chegamos em Therezópolis à tarde, assus-tando toda a população com nossos trajes: decalção de banho, embrulhados nos coberto-res.Conseguimos lugares no trem e já nos apron-távamos para dormir durante a viagem quan-do o Jarcy soltou a última piada: --"Ulisses,na sua Odisséia, devia ter subido a Agulha doDiabo, para de lá ver o "Inferno". E levou todaa viagem contando a Odisseia do tal do Ulisses,como se já não nos bastasse a nossa. EsseJarcy devia ser espetado na ponta da Agulha.Bem, Amigos, se quiserem fazer essa esca-lada, preparem-se para sofrer; mas não dei-xem de ir, pois apesar de merecer o nomeque tem, a Agulha do Diabo é verdadeiramenteinfernal!. "Anjo Louco".É isso aí, Salomyth... Um grande abraço daAmiga "Anjo Louco"

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vam-se a fazer qualquer movimento, enquanto as botas resvalavam pelas pedras mo-lhadas. O infeliz que levasse um escorregão maior e caísse dali morreria de fome antesde acabar de cair. Parecíamos uns "pintos", de tão ensopados, mas nenhum de nós falouem desistir.Ao chegar no sexto lance, numa chaminé horizontal estreitìssima, deitado entre duaspedras, metade do corpo e uma das pernas pendurada no abismo, o Jarcy ficou entala-do; puxa a segurança daqui, puxa dali e por fim conseguiu sair. Resultado: rasgou ascalças.Enquanto isso Salomyth fazia o lance da Chaminé da Unha, o maior e mais cansativo detodos. Atrás dele subiu o Tadeusz e chegou a minha vez. Cheguei à Unha quase mortade cansaço; Olhei em volta procurando um lugar melhor para descansar e quase tiveuma coisa: Tadeusz e Salomyth, sentados, ocupavam quase todo o lugar que havia; emvolta só abismo. Fizeram um lugarzinho para mim e, todos três amarrados com cordasà um grampo, discutimos a possibilidade de se fazer o último lance. Chovia tanto que aágua escorrendo de nossas cabeças ate o nariz aí formava uma goteira, e o ventofininho nos fazia bater queixo. Jarcy, Orlando e Hamilton, vendo que Salomyth e Tadeusznão agüentavam mais e que se todos subissem ao topo iríamos terminar a escalada ànoite, pois já eram quase 4 horas, resolveram desistir. Eu e Tadeusz, depois de muitorelutar, visto que para nós faltava apenas um lance, tivemos que desistir também.Salomyth, apesar de nossos conselhos, reuniu as poucas forças que lhe restavam e, pororgulho, foi até o topo da Agulha.Descemos quase correndo, e conseguimos chegar à base às 6 horas da noite. Num doslances, uma faixa de terra, amolecida pela chuva, cedeu sob os pés do Orlando e se elenão se agarrasse a um mato próximo... adeus! Tadeusz, que estava perto, foi socorre-lo.A volta foi tétrica. Perdemos o caminho logo de saída. Jarcy tomou a frente e passou aguiar a excursão, pois Salomyth machucara a perna no último cabo de aço e não estavaem condições. Com apenas 2 lanternas, procuramos seguir o curso de um riacho, quecom a chuva se transformara em verdadeira cachoeira. Tremíamos de frio e fome. Eu,