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INSTITUTO SUPERIOR DE TEOLOGIA DE VORA

INFOPDIA

Miguel ngelo Cavaca de Jesus

VORA2012

EUROPA DO RENASCIMENTO (SCS. XIV-XVI)

Renascimento um termo atribudo ao tratadista Giorgio Vasari, que o utilizou pela primeira vez em 1550, para explicar o contexto artstico do seu tempo. Para este terico assistia se a uma rinasciata da Arte. No sculo XIX o termo voltou a ser usado por Stendhal, Michelet e Burckhardt.Nos sculos XIV a XVI o Ocidente vivia um perodo de grandes mudanas, sobretudo a nvel cultural e mental, pois estava a surgir uma nova viso do mundo e do prprio homem.O movimento renascentista nasceu em Itlia em meados do sculo XIV devido, em parte, ao interesse despertado pelos elementos artsticos e culturais da Antiguidade Clssica, num pas onde a tradio clssica estava ainda muito presente. Alm disso, a herana do mundo clssico grego comeava tambm a ser assimilada na Europa, particularmente aps a tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453, facto que atraiu muitos eruditos para a Itlia, o local de acolhimento dos guardies da cultura grega da antiguidade. Estes intelectuais foram os responsveis pela fundao de Academias, seguidoras do modelo platnico.Escritores italianos classicistas, como Dante (1265-1321) e Petrarca (1304-1374), escreviam em latim antigo e italiano inspiravam-se nas obras de autores do mundo clssico como Ccero e Tito Lvio. So muitos aqueles que considera mestes dois intelectuais os grandes precursores deste movimento.Por volta de 1440-1450 a inveno da tipografia pelo alemo Gutenberg permitiu a "democratizao" da cultura, tornando-a acessvel a um maior nmero de pessoas atravs da publicao de livros em srie. A escrita de obras em italiano e no apenas em grego e latim - lnguas compreendidas apenas por uma minoria erudita -, assim como uma rpida circulao da cultura que, graas aos povos que realizaram a expanso martima extraeuropeia, chegava a toda a Europa, so aspetos de um fecundo lan de valorizao do saber. No entanto, o classicismo, ou seja, a valorizao e cpia crtica da cultura clssica, uma das caractersticas bsicas do Renascimento tal como o Humanismo, uma atitude otimista que tem confiana nas capacidades do homem e que acredita que o mundo uma realidade "mensurvel" e no infinita como anteriormente se pensava. Esta nova viso est intimamente ligada com os descobrimentos, que abriram um mundo at ento fechado sobre si mesmo, permitindo, a partir de ento, o contacto com povos e culturas desconhecidos.Na altura em que surgiu o Renascimento, a Itlia vivia num clima de grande instabilidade, pois os estados que compunham este pas estavam em guerra entre si, recorrendo ao auxlio de mercenrios (Condottieri). A guerra, o comrcio e os prprios estados permitiram a ascenso de um grupo de homens empreendedores, os burgueses, que favoreceram as Artes atravs do fenmeno do mecenato como forma de fazerem reconhecer a sua riqueza e a sua notoriedade numa sociedade cada vez mais adepta do individualismo. Passaram, ento, a ser vulgares os prncipes e outras grandes personalidades que sustentavam e mantinham junto de si uma srie de artistas que trabalhavam para a glorificao do seu patrono, produzindo um sem nmero de obras de arte. Veneza, Milo, Pisa e Gnova, por exemplo, enriqueceram devido ao desenvolvimento comercial facultado pelas Cruzadas e pela constituio de uma forte burguesia capitalista. A promoo das artes e das letras seria uma forma de os prestigiar.A arte renascentista nasceu em Itlia e transmitiu por toda a Europa as suas principais caractersticas, inclusive as suas obras e os seus autores; como centro gerador desta renovao cultural e artstica, Itlia forjou os princpios gerais deste movimento assimilados de acordo com a natureza de cada pas que acolheu este novo posicionamento artstico.O Renascimento significou a reinveno das formas artsticas, assente num regresso aos temas e formas clssicos, interpretadas segundo uma perspetiva humanista e naturalista que despreza o estilo Gtico, considerado "brbaro", dispondo ao mesmo tempo de inovaes tcnicas e cientficas como a utilizao das leis matemticas da perspetiva (area e linear).O Classicismo, ou seja, o "Humanismo artstico", recupera o mundo clssico pela via da paixo pela arqueologia, trazendo para a arte elementos das culturas grega e romana que servem de modelos para esta nova arte. Recuperam-se temas e figuras da mitologia, acentua-se o gosto pela harmonia e pela simetria, inicia-se a representao "pag" do corpo humano, que a medida da arte. O Homem , a partir de ento, "a medida de todas as coisas".Para o artista renascentista tem mais valor o autor individual do que a escola ou o grupo a que pertence, porque a celebrao do homem e a sua valorizao tambm passa pela exaltao do indivduo criador.Este individualismo inscrevia-se na mentalidade burguesa expressa, por exemplo, no referido mecenato artstico. O patrocnio da construo de um palcio, de um mausolu, de uma escultura individual ou de um retrato eram formas de exaltao da vaidade e do conforto dos seus promotores e, muitas vezes, tambm dos seus autores.A captao da natureza e do homem, na Arte, obedecem a critrios naturalistas, que implicam o estudo da botnica, da anatomia e da geologia para que se consiga transmitir a realidade o mais fielmente possvel. O Naturalismo foi responsvel pela descoberta da perspetiva, que d a iluso das trs dimenses, e da pintura a leo, inventada pelos flamengos, uma conquista que permite, por sua vez, o repinte, o detalhe e uma maior riqueza de cores.A poca renascentista a poca da emancipao da pintura europeia prenunciada pelo pintor Giotto. Este artista libertou-se das construes gticas e passou a utilizar, nas suas tbuas ou frescos, enquadramentos paisagsticos. No final do sculo XIV, a Flandres era outro dos focos artsticos mais ativos. Aqui, os duques da Borgonha investiam na arte de pintores como Van der Weyden (1399-1464), Van der Goes (1440-1482) e Jan Van Eyck, mestres do desenho, da cor e da pintura a leo.A pintura clssica a arte renascentista por excelncia, a arte da sntese, que denota o amor pelos elementos clssicos, responsvel pelo desenvolvimento e introduo de novas tcnicas cientficas e de pintura: a perspetiva; os esquemas geomtricos como a composio triangular; a veracidade dos cenrios; a pintura a leo, uma inveno atribuda a Jan Van Eyck; e influncias arquitetnicas e escultricas, como as encontradas, por exemplo, em Michelangelo Buonarroti, conhecido tambm por Miguel ngelo, e Leonardo da Vinci.A arquitetura renascentista introduz a ordenao matemtica das formas arquitetnicas, utiliza uma gramtica decorativa romana baseada no tratado de Srlio (1475-1552), que recupera as ordens toscana, drica, jnica, corntia e compsita. As realizaes arquitetnicas so simtricas e equilibradas, apresentam preocupaes urbansticas e tm como elementos essenciais a abbada de bero, a cpula, o arco de volta perfeita e a apresentao de loggias efachadas almofadadas pelos palcios.A escultura naturalista e clssica, interessada na figura humana, gozando de um aperfeioamento tcnico e da aplicao de leis da geometria e da matemtica. Os nomes mais sonantes da escultura foram, sem dvida, Michelangelo Buonarroti, um artista multifacetado, Donatello, o autor de David, e Ghiberti, o artista da Porta do Paraso de Florena.

IN INFOPDIA Europa do Renascimento (scs. XIV-XVI). Porto: Porto Editora, 2003-2012. http://www.infopedia.pt/europa-do-renascimento-(secs.-xiv-xvi). 25-04-2012, 14:10h

IDADE MDIA

Perodo histrico entre a Antiguidade e a poca Moderna, a Idade Mdia, como qualquer outra diviso cronolgica, apresenta datas discutveis quanto ao seu incio e fim. Tradicionalmente, os manuais de Histria apontam para incio o ano de 476, data da deposio do ltimo imperador romano do Ocidente, Rmulo Augusto, por Odoacro, que transferiu mesmo as insgnias imperiais para Constantinopla. Porm outras datas so avanadas usualmente: 395, morte de Teodsio I e diviso do imprio; 406, incio das invases germnicas; 410, queda de Roma s mos de Alarico, rei germnico. Se o incio da Idade Mdia polmico, o fim no claro tambm: para alm de 1453, ocupao de Constantinopla pelos Otomanos, tambm se aponta 1492, ano da primeira viagem de Colombo Amrica, ou at as Guerras da Religio, ocorridas aps a Reforma Protestante de 1517 at ao dito de Nantes, em 1598.Mas, afinal, o que foi a Idade Mdia? A civilizao medieval caracterizou-se por um fracionamento da autoridade poltica e um enfraquecimento da noo de Estado, tendo em conta a organizao e centralidade romanas. A economia baseava-se na agricultura, embora o comrcio e as manufaturas tenham lentamente progredido. Socialmente, existia uma diviso em trs grupos distintos: dois poderosos, a nobreza, guerreira e proprietria, e o clero, dominador mental e culturalmente, e um pobre, servil e maioritariamente campons, o povo.A Idade Mdia pode ser dividida em trs perodos, ainda que com variaes cronolgicas e regionais. Se o Leste da Europa se manteve sob a influncia de Constantinopla e da cultura grega, sem grandes mutaes polticas e religiosas, o Ocidente europeu acabou por ser a rea de definio e desenvolvimento da chamada civilizao medieval. Assim, a Alta Idade Mdia inicia-se com as invases germnicas e com a gradual rutura com Constantinopla, capital do Imprio Romano do Oriente, que se manter at 1453. A oeste, a fuso das populaes romanizadas com os invasores germnicos acentua o declnio econmico que se verifica desde o sculo III na regio. A insegurana, a falta de mo-de-obra, os abusos de poder e a estagnao das cidades, que se comeam a fortificar ento e se resumem cada vez mais a funes episcopais, so traos comuns da poca. As populaes das cidades retornam ao campo. Os fracos submetem-se aos ricos e poderosos, aristocracia proprietria, com mais poder que o rei, distante e sem influncia. O sistema administrativo romano perde-se gradualmente, restando a Igreja como nica herdeira do mundo antigo, voltada agora para a catequizao dos campos e dos povos germnicos. Uma das marcas assinalveis e de maior projeo da Cristandade em crescimento e da prpria civilizao medieval a difuso da vida monstica no Ocidente a partir da elaborao da Regra de S. Bento, figura exponencial do seu tempo, fundador da primeira Ordem religiosa ocidental, os beneditinos, e considerado o pai da Europa. Os mosteiros beneditinos passam a ser os herdeiros da cultura latina e fiis depositrios do mundo antigo, criadores do estilo romnico e modelo de administrao e unidade. A monarquia carolngia (dinastia a que pertencia Carlos Magno, rei dos Francos) serve-se desse exemplo. O sonho de retorno ao Imprio Romano ilumina a ao dos reis desses tempos, como Carlos Magno. Porm, as partilhas sucessrias (como em 843, em Verdun, com a diviso da Frana em trs reinos) e o estado da sociedade tornam-no difcil. O perodo entre os sculos X e XIII marca o apogeu da feudalidade, do senhorialismo. As tentativas centralizadoras - como a dos carolngios - enfraquecem-se desde o sculo IX: os reis, para manterem alguma autoridade e fidelidade dos seus vassalos, fazem inmeras concesses de terras (benefcios), fortalecendo os senhores feudais. Nessa poca, regressa a insegurana e o medo das populaes, devido s incurses de Normandos, rabes e Hngaros. A nica defesa possvel em torno do castelo senhorial: para se protegerem, os camponeses renegam a sua liberdade e rendem-se vassalidade ou ao servilismo, fortalecendo ainda mais o senhorialismo. Assim, o poder e a autoridade do rei esfumam-se, com a classe guerreira a dominar, apoiada nos benefcios (os feudos). A Alemanha um exceo: Otton I restaura em 962 o imprio, agora designado Sacro Imprio Romano-Germnico. Tambm a aproximao do ano 1000 animar o Ocidente, semeando medos e incertezas, tumultos, heresias e radicalismos: o refgio a Igreja, que da tira partido e se torna mais poderosa. O reforo do papado e da Igreja marca o segundo perodo da Idade Mdia, compreendido entre o ano 1000 e o sculo XIII. Com a reforma gregoriana, em finais do sculo XI, que elimina certos abusos papais, a par da expanso monstica (nascimento de novas ordens - Cister, Premontr, Cartuxa - e reforma de outras - como a beneditina, com Cluny), da suavizao da brutalidade militar (com a "paz" ou "trguas" de Deus e os ideais de cavalaria), do apelo s cruzadas (com S. Bernardo) e da luta contra as heresias (por exemplo, os ctaros no sul de Frana), a Igreja ganha um grande fulgor e assume-se como o "farol" da Idade Mdia, moldando mentalidades, difundindo cultura e impondo uma influncia poltica determinante. O papa sobrepe-se mesmo aos prncipes, entrando em conflito com os imperadores alemes: qualquer rei, para o ser, teria que ter a aprovao de Roma, por exemplo.As cruzadas e as vitrias no mar sobre o Islo, bem como o crescimento demogrfico resultante de certas melhorias na produo agrcola, reanimam o comrcio e o artesanato. D-se, consequentemente, um grande impulso s cidades, elemento definidor por excelncia da Europa dos sculos XII e XIII, anunciando j o Renascimento em certas regies da Itlia e da Provena. Autonomizam-se cada vez mais as cidades, refreando a tutela senhorial e lanando as bases do movimento comunal, principalmente no Norte de Itlia e na Flandres. Nasce margem da sociedade feudal, no povo, um novo grupo social, a burguesia, urbana, mercantil e manufatureira, dedicada finana, acumulando riquezas, poder e importncia cultural.Com o seu apoio, constri-se um dos baluartes do mundo medieval, principalmente dos sculos XII a XV: a renovao da intelectualidade, desde sempre remetida ao clero e fechada nas abadias europeias. Assim, a atividade intelectual abre-se ao exterior, ainda que de forma lenta, absorvendo elementos das culturas judaica, rabe e persa, redescobrindo os autores clssicos, como Aristteles e, em menor escala, Plato. Novos focos de cultura e de ensino nascem um pouco por toda a Europa a partir dos sculos XII e XIII: as universidades. Tambm de assinalar a importncia crescente dos mosteiros medievais, em cujos scriptoriae os copistas e bibliotecrios se dedicavam conservao e traduo dos clssicos: sem eles, no teria havido, talvez, Renascimento e Humanismo. As Ordens Mendicantes so outra marca da civilizao medieval, em virtude da sua atividade assistencial, caritativa e apostlica, revolucionando a atitude da Igreja perante o Homem e o mundo: S. Francisco de Assis e S. Domingos de Gusmo so duas das luminrias do seu tempo. A partir do sculo XIV, comeo do fim da Idade Mdia, enfraquece-se a autoridade moral da Igreja (cismas, papas em Avinho e Roma simultaneamente, abusos vrios). A atividade intelectual laiciza-se em parte: as Cincias comeam a rivalizar com a Teologia. A Guerra dos Cem Anos consagra o estilhaar da Cristandade e o comeo da ideia de nao, com tentativas de criao de estados fortes. Na Frana, a monarquia emancipa-se do papa, com conflitos entre Filipe, o Belo, e o papa Bonifcio VIII. Um duro golpe inflingido Europa em 1347-50, com a peste negra a dizimar mais de um tero da populao, para alm de outras epidemias e mortandades comuns nestes tempos. A sociedade continua maioritariamente rural, com a burguesia citadina cada vez mais ativa, empreendedora e individualista, gnese e motor das novas ideias que triunfaro no sculo XVI, merc do progresso cultural, intelectual e artstico iniciado na Idade Mdia, cujo auge , para muitos, a inveno dos caracteres mveis (a imprensa) por Gutenberg.ver artigo dito de Nantes...

Idade Mdia. In Infopdia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2012. 2012-04-30.Disponvel na www: . 11:06h

DESCOBRIMENTOS

As primeiras tentativas portuguesas de explorar o Atlntico devem poder datar-se do reinado de D. Afonso IV, que em 1336 e 1341 lana duas expedies que chegam s Ilhas Canrias. Mas foi s aps a conquista de Ceuta em 1415 que se desenvolveu sistemtica e persistentemente o esforo de explorao dos mares desconhecidos e das novas terras, sempre sob a liderana de membros da famlia real, entre os quais avulta o infante D. Henrique, filho de D. Joo I, que durante os primeiros decnios centralizou todas as decises. As motivaes para a empresa de descoberta foram essencialmente, embora no unicamente, de carcter econmico: procurar acesso direto a fontes de fornecimento de trigo, de ouro ou de escravos e, mais tarde, das especiarias orientais. Para alm da necessidade de alcanar as fontes de bens escassos ou caros na Europa, havia a inteno poltica de atacar ou debilitar pela rectaguarda o grande poderio islmico, adversrio da Cristandade (neste desiderato se confundindo a estratgia militar e diplomtica e o esprito de evangelizao herdado das Cruzadas).A consecuo desses objetivos genricos s foi possvel mediante um estudo rigoroso do regime de ventos martimos e da astronomia, e o aperfeioamento de mtodos de orientao, num esforo cientfico sem precedentes na poca. As novas terras descobertas ao longo da costa africana e sul-americana, as novas rotas passaram a ser minuciosamente registadas em cartas geogrficas que vo assinalando com rigor antes desconhecido o progresso do conhecimento cientfico. Em simultneo com os avanos cientficos e com o alargamento do saber nutico, da astronomia e da cartografia, desenvolvia-se o conhecimento da fauna e flora africana, sul-americana e asitica (o que permitia progressos e inovaes na farmacopeia e na medicina), bem como das novas etnias e seus usos, costumes, tradies e sistemas polticos e sociais. Em todas estas reas o conhecimento cientfico acumulado em Portugal e dado a conhecer por toda a Europa legitimou a afirmao de que se aprendia ento mais num dia com os portugueses (o "saber de experincia feito") do que em toda a Antiguidade. O impulso inicial das descobertas levou os navegadores a percorrerem toda a costa ocidental da frica, contactando com as respetivas populaes e estabelecendo feitorias e outros pontos de apoio ao comrcio intercontinental, mas foi a entrada no Oceano ndico, no final do sculo XV, com o dobrar do Cabo da Boa Esperana (Bartolomeu Dias, 1487-1488) e com a viagem de Vasco da Gama at ndia em 1498 (viagem de descoberta, mas tambm empresa diplomtica com bem claros objetivos polticos e comerciais), que permitiu um maior alargamento dos horizontes, abrindo o caminho influncia e ao domnio portugueses num vasto mundo que ia da costa de Moambique ao Japo. Pouco depois do regresso de Vasco da Gama, uma armada acha ou descobre a costa do Brasil (Pscoa de 1500), dando maior dimenso de grandeza a um imprio que a partir de ento se espalha por trs continentes.

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ARTE HELENSTICA

Introduo

O termo helenismo designa o perodo histrico que medeia entre o desaparecimento da cidade-estado grega e a formao do imprio romano. Iniciando-se com a conquista das cidades do Peloponeso, o imprio estende-se, sob ao de Alexandre Magno, at sia, englobando o imprio Persa, e o Egito. Logo aps a morte de Alexandre Magno, uma srie de disputas levaram diviso do imprio em trs dinastias principais: Selucida na Prsia, Ptolomaica no Egito e Antignida na Macednia. Mais tarde surgiu uma outra dinastia, sediada em Prgamo, que dominou a sia Menor. Frequentemente considerada a poca de declnio da arte grega, o helenismo deve ser antes entendido como um estilo autnomo, cujos princpios estticos resultaram da fuso da racional e rgida arte grega com as intuitivas e altamente criativas manifestaes artsticas dos outros povos integrados no imprio. Perdendo o carcter unitrio e homogneo da arte clssica, o Helenismo diluiu-se em inmeras expresses diferentes, localizadas nas diversas regies do imprio, de entre as quais se destacam as produes artsticas das ricas cidades da sia Menor e do Egito.

Arquitetura

Inspirada diretamente na arte clssica, a arquitetura helenstica manteve o uso das ordens gregas (drica, jnica e corntia) e a forma cannica do templo, como se verifica nos grandes templos construdos na sia Menor. Para alm dos templos, o imprio helenstico teve necessidade de novas tipologias (ginsios, teatros, grandes palcios e altares monumentais) que respondessem vontade de monumentalidade e s novas funes exigidas pela vida cultural e poltica do Imprio. O gosto helenstico pelo conhecimento ditou a constituio de enormes bibliotecas, como as de Prgamo e de Alexandria. De entre os edifcios erguidos neste perodo destacam-se as estruturas realizadas no vasto santurio da cidade de Prgamo (um dos centros regionais mais ativos do imprio de Alexandre Magno), que procuraram competir em monumentalidade e beleza com a Acrpole de Atenas. Este conjunto culminava no altar de Zeus, uma estrutura arquitetnica construda em 180 a. C., em estilo jnico, formada por um plinto decorado com longos relevos sobre o qual se erguiam trs alas porticadas, s quais se acedia por uma ampla escadaria.

Artes plsticas

Durante a poca helenstica, tal como se verificara na Grcia clssica, foi a escultura em pedra ou em bronze o gnero artstico que atingiu um maior nvel de desenvolvimento. Abandonando, desde o sculo III a. C., o rgido grupo tipolgico e o ideal clssico que caracterizou a estaturia grega, o artista helenstico torna-se mais livre e naturalista. Produz obras de arte sedutoras e fortemente expressivas, de grande destreza e virtuosismo tcnico, algumas das quais de grande monumentalidade, como o celebrado Colosso de Rodes. O seu ecletismo permite-lhe copiar e fundir de forma livre os estilos do passado.A "Vitria de Samotrcia", esttua comemorativa de uma batalha, realizada em mrmore aproximadamente em 200 a. C., representava uma deusa alada que fazia parte de um vasto conjunto que se perdeu. A complexidade barroquizante e a riqueza plstica transmitida pela toro do corpo e pelo movimento e agitao dos panejamentos foram algumas das caractersticas fundamentais do estilo helenstico. Outra pea importante deste perodo, "O gauls moribundo", encontrado em Prgamo e realizado no sculo III a. C., demonstra a importncia conferida individualizao da representao, atravs de um realismo capaz de traduzir emoes fortes.

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ARTE ROMANA

Introduo

A fundao da cidade de Roma data de meados do VIII a. C., numa altura em que o povo romano se concentrava em vrias povoaes, implantadas ao longo do rio Tibre. A partir da constituio da repblica em 509 a. C., Roma transformou-se numa grande cidade, a partir da qual teve origem o movimento de expanso territorial que, num primeiro momento se estendeu a toda a pennsula itlica, dominando os Etruscos, para posteriormente englobar a Grcia, Cartago, a Glia, a Hispnia e o Egito. A pax romana implementada durante o perodo imperial, por Augusto, durou at ao sculo IV a. C., estendendo-se desde as ilhas britnicas at ao litoral africano e sia Menor.A arte romana divide-se em dois momentos principais, determinados pelo contexto poltico: o perodo republicano que, iniciado em 509 a. C., se prolongou at metade do sculo I a. C.; e o perodo imperial, iniciado por Augusto em 27 a. C. e terminado em 476 d. C., data da Queda do Imprio Romano do Ocidente. As primeiras expresses artsticas que se podem considerar especificamente romanas datam do sculo II a. C. A partir dessa data, as conquistas territoriais trouxeram inmeras influncias que foram gradualmente assimiladas de forma a criar um estilo nico que, posteriormente, seria imposto a todas as regies do imprio, originando um processo de uniformizao cultural sem paralelo at ento no mundo mediterrnico. A arte romana, desenvolvida por um povo de guerreiros e de construtores , apesar das pequenas diferenciaes regionais, uma arte de sntese e essencialmente prtica, pragmtica e realista.

Arquitetura

A arquitetura romana absorveu as ordens gregas, s quais acrescentou duas novas variantes. No entanto, as suas manifestaes arquitetnicas, os edifcios e tipologias que inventou e a forma como utilizou os sistemas construtivos e gramaticais afastam-se radicalmente das experincias gregas. Para alm do sistema triltico grego, os romanos empregaram abundantemente o arco, a abbada e a cpula, elementos construtivos que alcanaram uma monumentalidade pouco comum at esta altura.A cultura romana encontrava-se essencialmente ligada cidade e aos seus equipamentos privados e pblicos. De entre os equipamentos pblicos distinguiam-se aqueles que se implantavam junto ao Frum (a praa central da cidade), como o templo e a baslica, e os que se localizavam noutros pontos do tecido urbano ou mesmo no exterior do recinto amuralhado, como as termas, os teatros e os anfiteatros.O templo romano, resultante do cruzamento da soluo etrusca com a tipologia grega, continha um prtico com colunas a partir do qual se passava para uma cella fechada. Colocado, tal como os congneres gregos, sobre um alto envasamento, possua igualmente cobertura de duas guas, rematada por frontes triangulares. Um dos mais bem conservados templos romanos a Maison Carre de Nmes, construdo no sculo IV d. C.O Panteo de Roma (118 e 128 d. C.), um templo construdo para venerar todos os deuses, constituiu uma das mais notveis excees ao plano retangular. Possuindo planta circular e cobertura em forma de cpula semiesfrica, neste templo o espao interior ganhou um desenvolvimento e uma qualidade pouco frequentes nestes edifcios.A Baslica, grande sala de reunies para a administrao pblica e para a justia, apresenta a mesma vontade de exaltao do carcter ulico e monumental do espao interior. Apresentava geralmente planta retangular alongada, dividida em vrias naves atravs de sries de colunas, e rematada, nos lados menores, por absides semi-cilndricas. A grande Baslica, erguida em Roma pelo imperador Maxncia representou o apogeu tcnico e formal deste tipo de edifcios.O teatro romano era normalmente construdo, formando um volume semi-cilndrico, contrariamente ao teatro grego que se ajustava ao relevo. Para alm do teatro, os romanos criaram um novo edifcio, o anfiteatro, uma estrutura complexa formada por uma bancada de forma elptica que circunda uma arena. Esta tipologia teve o seu exemplo mximo no enorme Coliseu de Roma, construdo entre 70 e 80 d. C. Para alm deste edifcio de carcter pblico, os romanos desenvolveram vrias tipologias residenciais, como o palcio, a domus e a villa, que atingiram neste perodo um altssimo nvel de conforto.A villa ou domus eram as residncias dos altos funcionrios e das famlias nobres do imprio. Derivadas da tipologia etrusca, estas habitaes voltavam-se para o interior, organizando-se simetricamente em torno de um ptio e eram geralmente rematadas por um jardim murado. A mais notvel villa construda no perodo romano foi o grande palcio de Adriano, em Tivoli, iniciado em 118 d. C. Em Portugal conservam-se alguns vestgios de villae romana, de entre os quais se destaca o conjunto de casas de Conmbriga.Nas grandes cidades era frequente a existncia de edifcios de habitao coletiva com comrcio no piso trreo, chamados insulae. De entre as grandes construes de engenharia erguidas pelos romanos destacam-se, pelo seu nvel de desenvolvimento tcnico, as pontes e os aquedutos, geralmente formados por vrios nveis de arcadas, como se observa no aqueduto de Pont du Gard, construdo prximo da cidade francesa de Nmes.

Artes plsticas

A escultura romana partiu dos modelos gregos, infinitamente copiados e difundidos por todo o imprio, sendo geralmente utilizadas como ornamento de edifcios. Dois dos mais interessantes exemplos de associao da escultura com estruturas arquitetnicas so o Ara Pacis e as Colunas de Trajano. O altar Ara Pacis, erguido entre 13 a 9 a. C., para comemorar a pax romana de Augusto, apresentava planta quadrangular e era encerrado por paredes em mrmore, revestidas por baixos-relevos que misturavam elementos ornamentais gregos com cenas figurativas.As colunas historiadas, comemorativas de campanhas militares, erguidas em 113 d. C. no centro de Roma pelo imperador Trajano, eram integralmente revestidas por relevos historiados em espiral, formando um friso contnuo.Para alm destas esculturas de carcter monumental, uma das mais originais criaes romanas no campo da estaturia foi o retrato. Contrariando a perfeio ideal dos gregos ou a estilizao dos egpcios, os retratos romanos procuravam maior naturalismo e individualizao das personagens representadas atravs da identificao dos traos mais especficos do modelo. Durante o perodo imperial assistiu-se a uma maior idealizao da representao, como o atesta o retrato de "Augusto de Prima Porta" (executado no sculo I a. C.).Para alm da pedra, os romanos desenvolveram alguns trabalhos em bronze, dos quais se destaca a notvel esttua equestre do imperador Marco Aurlio em bronze dourado, erguida em Roma no Capitlio.Ao nvel pictrico, os romanos desenvolveram trabalhos muito variados, baseados em duas tcnicas fundamentais: a pintura mural e o mosaico.As pinturas murais eram aplicadas sobre as paredes interiores dos edifcios (geralmente residncias privadas) e apresentavam caractersticas como a procura de realismo, o desejo de representar a profundidade para dar iluso de realidade, a associao de painis figurativos com molduras, frisos e cornijas que simulavam estruturas arquitetnicas. Os mosaicos, aplicados em pavimentos, podiam assumir caracteres abstratos ou figurativos, sendo frequente a integrao de elementos figurativos com motivos geomtricos. Embora denunciem certa preferncia pelas naturezas mortas com animais ou vegetais, os artistas romanos representavam tambm episdios mitolgicos. Os mosaicos da Casa do Repuxo, de Conmbriga constituem um dos mais significativos conjuntos de mosaicos conservados em territrio portugus.

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HISTRIA DA ARTE

Ramo do conhecimento histrico que se dedica investigao da evoluo das artes visuais. Tradicionalmente organizadas em grandes grupos perfeitamente definidos - como a arquitetura, a pintura, a escultura e as artes aplicadas - as artes plsticas foram gradualmente alargando os seus limites por forma a incluir novos tipos de expresso como o cinema, a fotografia, a cenografia, a instalao, as artes multimdia, as artes grficas e a performance. A esta diluio conceptual do objeto de estudo, a Histria da arte vem respondendo com a constante reviso dos seus prprios fundamentos metodolgicos.Integrando o campo das designadas cincias sociais e humanas, encontra apoio disciplinar em reas prximas como a Histria (social, econmica e poltica), a Filosofia (esttica), a Psicologia (da perceo), a Antropologia, a Sociologia e a Geografia.O mais antigo testemunho da atividade historiogrfica ao nvel da arte o tratado enciclopdico de Histria Natural de Plnio, o Velho, escrito em 77 a. C., cujos livros 33 a 36 apresentam uma compilao de textos antigos gregos e romanos assim como de algumas biografias de artistas, descries de obras de arte e alguma teorizao sobre as origens e conceitos da arte. Pelo seu carcter generalista, este livro revela-se uma das mais significativas fontes escritas sobre a arte da antiguidade clssica.No sculo XV, em pleno renascimento, a investigao de histria de arte passou a ser protagonizada por artistas, de entre os quais se salientaram o arquiteto Leon Battista Alberti (que redigiu tratados no campo da arquitetura, da pintura e da escultura) e o escultor Lorenzo Ghiberti, autor do livro "Commentaries", no qual procurou explicar o desenvolvimento da arte italiana desde o gtico final ao protorrenascimento. Um sculo mais tarde, surgiu um dos marcos fundamentais da historiografia da arte, pela mo do italiano Giorgio Vasari: o livro Le vite de Pi Eccellenti Architetti, Pittori et Scultori Italiani (Vidas dos Maiores Arquitetos, Pintores e Escultores Italianos, publicado em 1550 e novamente em 1568) que continha inmeras biografias de artistas, acompanhadas pela anlise das suas principais obras. Neste ensaio, Vasari estabeleceu uma classificao crtica que determinou, at ao sculo XVIII, uma desigual valorizao e apreciao dos perodos artsticos do passado (estabelecendo o apogeu artstico na antiguidade clssica e no renascimento, identificou o gtico como uma poca de declnio artstico).A partir do sculo XVI, muitos autores aplicaram metodologias prximas da de Vasari, realizando trabalhos que consistiam essencialmente na compilao de biografias. Destacam-se entre estes o italiano G. P. Lomazzo com o seu Trattato dell'arte della pittura, (Tratado da Arte da Pintura, 1584), o holands Karel van Mander com o Het Schilder-Boeck (Livro dos Pintores, 1604), o francs Andr Flibien, o alemo Joachin von Sandrart e o espanhol Antnio Palomino.Durante o perodo romntico assistiu-se revalorizao e redescoberta de outras manifestaes e perodos artsticos, como as artes orientais e egpcia, consideradas exticas ou a revalorizao do gtico e do barroco. A Histria da arte teve neste perodo um importante apoio de disciplinas ento em desenvolvimento como o Antiquarismo e a Arqueologia Clssica e Antiga. S nesta altura foram definidas as bases metodolgicas de cariz moderno para a anlise do passado, permitindo que a Histria de arte se tornasse uma disciplina autnoma, dotada de reconhecimento acadmico. Neste aspeto teve um papel determinante a ao cientfica do alemo Johann Joachim Winckelmann (1717-1768) de cuja obra terica se destaca Geschichte der Kunst des Altertums (Histria da Arte Antiga, 1764). Winckelmann, entendendo a arte como parte integrante da cultura, procurou explicar os artefactos e os estilos pelo seu contexto social e religioso, estabalecendo assim os principios cientficos da investigao em Histria de arte e inaugurando o protagonismo da Alemanha nesta rea (que se estendeu at aos incios do sculo XX). A partir desta altura generalizou-se a adoo das ideias taxinmicas e do conhecimento enciclopdico prprios das cincias exatas, acompanhada pela exaustiva publicao de documentos e de crnicas.O sculo XIX foi marcado pelo aprofundamento do conhecimento do perodo medieval. Particular importncia teve o vasto estudo formal e construtivo, de carcter arqueolgico, realizado por Viollet-le-Duc, sobre a arquitetura romnica e gtica e reunido no Dictionnaire Raisonn de l'architecture franaise du 11 au 16 sicle (1858-68).No sculo XX, formaram-se duas linhas divergentes no desenvolvimento da Histria de arte. Uma delas procurou analisar formal e psicologicamente o estilo, entendendo existir uma relao direta entre as formas artsticas e a cultura dos vrios perodos histricos. Este movimento foi protagonizado pelo suo Henrich Wlfflin (1864-1945) que, de entre os inmeros ensaios que publicou, se destaca o Kunstgeschichtliche Grundbegriffe (Princpios de Histria de Arte, 1915). A segunda linha de desenvolvimento apontou para a rea da iconografia, ou seja o estudo da histria intelectual e cultural de cada poca. Pioneiro desta corrente foi o alemo Aby Warburg que criou o Warburg Institute. Seguiram-se os trabalhos de Ernst Gombrich (1909-), de Emile Mle e de Erwin Panofsky, um dos principais historiadores do sculo.Outros autores importantes neste perodo foram os historiadores Adolfo Venturi (1856-1941), Max Dvorak (1874-1921) e o francs Henri Focillon (1881-1943), responsvel pela abordagem formalista e estilstica dos estilos medievais.J nos meados do sculo surgiram as teorias sociolgicas da Histria de arte, movimento protagonizado pelo historiador francs Pierre Francastel. Desde a dcada de setenta, a reao contra os mtodos tradicionais e a influncia de outras abordagens (como o feminismo, o marxismo, o estruturalismo ou a psicanlise), culminam no que se designou por "nova Histria de arte".No final do sculo, o desenvolvimento da Histria da arte acompanhado e apoiado pelas novas tecnologias, como a fotografia e os processos informticos de gesto da informao.ver definio de arte...

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MODERNIDADE

Modernidade algo que est inevitavelmente ligado a tudo aquilo que recente e actual, expresso daquilo que "moderno". De um ponto de vista histrico, modernidade refere-se histria dos "Tempos Modernos", desde o Renascimento at actualidade.O termo modernidade designa, assim, no s uma poca como tambm a perceo da humanidade indissocivel nossa filosofia e cultura europeia.Segundo Husserl, modernidade refere-se Europa e sua civilizao e histria, no s como espao geogrfico, mas comum "formato" moral e espiritual.A modernidade surge no sculo XVI na Europa com o protestantismo e as grandes descobertas e cincias e culmina no sculo das Luzes. Num plano filosfico culmina com o racionalismo e o positivismo.Em termos civilizacionais, a modernidade tem um carcter de conquista pelo Homem moderno, da sua autonomia e da vontade de inventar e criar tcnicas novas, ou seja, projetos racionalistas que tm o seu auge com a filosofia cartesiana. Nos nossos tempos, a modernidade associada a ideias de positivismo, otimismo e f no progresso, inspira as maiores reservas e algumas crticas por parte de alguns filsofos contemporneos de diversas correntes de pensamento.

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ANTROPOCENTRISMO

toda a doutrina que considera o Homem o centro do cosmos. Todas as religies se podem considerar simultaneamente teocntricas e antropocntricas, na medida em que, muito embora o centro absoluto da criao seja Deus, o Homem aquele que, entre todas as criaturas, deve cumprir os preceitos divinos e, desse modo, salvar-se a si prprio.Nas religies do livro, quer dizer, nas religies que tm por base o Antigo Testamento (Judasmo, Cristianismo e Islamismo), o antropocentrismo evidente, pois a a criao, segundo diz o Genesis, existe para o Homem. No deixa de ser curioso notar que foi uma interpretao materialista dessa expresso espiritual que levou errada compreenso de que caberia ao homem a explorao material da natureza - que a base da conceo ocidental desde, pelo menos, a modernidade.O antropocentrismo encontra-se mesmo nas doutrinas orientais, como o Budismo ou o Hindusmo, que muito embora faam do Homem apenas um ser entre todos os outros, to imortal como eles, porque em todos os seres existe o princpio divino e imortal que vai reencarnando para um aperfeioamento gradual, reconhece que esse aperfeioamento culmina no homem, pois o nico ser que pode libertar-se da cadeia da reencarnao. Por esta razo se considera a o Homem superior mesmo s divindades ou anjos, que s se podem libertar da corrente do tempo se encarnarem na forma de homem.Num certo sentido, em filosofia encontramos como exemplo de antropocentrismo o sistema edificado por Kant, na medida em que a o homem que ordena e d sentido catica natureza, pois ele que, tendo em si o espao, o tempo e as categorias, confere ordem ao mundo exterior. Deste modo, podemos verificar aqui uma forma especial de antropocentrismo, porque o Homem o centro regulador do cosmos, que em si mesmo parece catico.

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HUMANISMO

Movimento intelectual europeu do Renascimento que procurou vigorosamente descobrir e reabilitar a literatura e o pensamento da Antiguidade Clssica e que tem como interesse central o homem, no pleno desenvolvimento das suas virtualidades e empenhado na ao, havendo aqui uma ntida oposio conceo hierrquica e feudalista do homem medieval.

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RACIONALISMO

O racionalismo consiste em acreditar nas ideias inatas e no raciocnio lgico, atravs da razo. , de certo modo, a prpria filosofia desde a sua origem pois, de facto, a razo a condio de todo o pensamento terico. A filosofia constitui-se pelo reconhecimento da razo como a faculdade do conhecimento das coisas e do domnio de si.O racionalismo muda de aspeto conforme se ope a cada filosofia. Ope-se ao pensamento arcaico pelo seu estilo, j que est atento ideia e visa uma coerncia inteligvel. Ope-se ao empirismo, tornando-se metdico, armando-se com a lgica e a matemtica.Toda a doutrina da razo se apoia em dois pilares: a experincia que nos dada pelos sentidos insuficiente para se poder atingir o conhecimento; o pensamento atravs da razo capaz de atingir a verdade absoluta, pois as suas leis so tambm as leis que regem os objetos do conhecimento, tal como Hegel descrevia: "Tudo o que racional real e tudo o que real racional".O racionalismo surgiu com os Eleatas e teve um papel central no platonismo, com a Teoria das Ideias de Plato, que distinguia o mundo inteligvel do mundo sensvel. Desenvolveu-se no sculo XVII, segundo o qual o paradigma do conhecimento era a intuio intelectual que Deus tem das coisas, e da qual os seres humanos experienciam atravs da matemtica.Descartes o criador e impulsionador do racionalismo moderno. Ele preocupa-se com a investigao prvia do conhecimento. A dvida corresponde a uma exigncia da fundamentao das possibilidades do conhecimento. H uma vastido imensa de ideias inatas (intuio). Estas so isentas de dvidas, Descartes no recusa a existncia de informaes vindas pelos sentidos mas no pode ter por elas carcter de evidncia pois so obscuras e confusas. Descartes admite nos seres humanos a existncia de ideias factcias (imaginao). classificado de racionalista inatista pois s as ideias inatas so garantia de certeza. No racionalismo, o edifcio do saber constri-se por deduo a partir das ideias inatas. Tem, como modelo, a matemtica, que raiz do modelo do funcionamento do conhecimento no ser humano.Kant admite que as formas a priori de todo o conhecimento limitam as possibilidades da razo e distingue as duas fontes de conhecimento, sensibilidade e entendimento, em que a sensibilidade limitada pelas intuies puras.O racionalismo pode limitar-se a um aspeto da experincia humana: racionalismo moral (Rauh), racionalismo religioso (Feuerbach), racionalismo poltico (Montesquieu) e racionalismo esttico (Valry).Com o desenvolvimento do pensamento experimental, o racionalismo tende a passar de metafsico a positivo. Em vez de incidir sobre a verdade concebida como um absoluto, recorre experincia para controlar hipteses que ope aos grandes sistemas. O positivismo a consequncia natural de um racionalismo.Nos nossos dias, o racionalismo , de certa forma, um princpio segundo o qual a razo pode penetrar cientfica e filosoficamente o real, possibilitando aos homens normas de conduta e regras de ao.Pode-se ainda distinguir, dentro do racionalismo, um racionalismo fechado, que luta contra a imaginao, e um racionalismo aberto, defendido por Gaston Bachelard.

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EXPERIMENTALISMO

Por experimentalismo, termo que apenas surge com a conotao atual no sculo XVII, entende-se tudo o que diga respeito experincia emprica das coisas. Tal se advogava largamente nos sculos XV e XVI no que expanso portuguesa se referia, como alis testemunham diversos cronistas, entre os quais Gomes Eanes de Zurara. Assim, era compreensvel e bvio que o experimentalismo, - que implicava um estmulo ou provocao com o intuito de conseguir uma resposta - fosse um elemento do quotidiano daqueles que contactavam com novas civilizaes. Alis, sem a iniciativa que leva experincia no tinham sido to vastos os territrios descobertos para a Coroa de Portugal. Grandemente valorizado no Renascimento, como atestam os conhecidos inventos de Leonardo da Vinci, era o mais corrente entre os homens de cincia considerar que a verdade provinha do contacto com a natureza das coisas, sem qualquer alterao. Apesar disso, importante frisar que em Portugal na centria de 1500 se conotava ainda a experincia com a observao. Foi este mtodo extremamente importante para a arte de marear, uma vez que a contnua observao e comparao dos astros e de fenmenos naturais apuraram cada vez mais a cincia, dando origem aos diversos tratados. Como a experincia era a madre das coisas, segundo Duarte Pacheco Pereira, iam os navegadores testando as teorias criadas e verificando as variaes e especificidades.

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O GTICO AO RENASCIMENTO (SCS. XII-XIV)O sculo XII por excelncia um sculo do florescimento da vida urbana - as cidades aumentaram, ento, o seu permetro e libertaram-se da cinta amuralhada primitiva absorvendo a populao, que se fixara para l das muralhas. Ao mesmo tempo, a cidade tornava-se no s o foco da vida comercial mas igualmente da vida intelectual, que deixa de pertencer em exclusivo aos mosteiros isolados para se instalar tambm nas escolas urbanas. Tambm dependentes do clero, as escolas (catredalcias conventuais, paroquiais ou capitulares) estruturam-se em outros moldes. Redescobriu-se a cultura da Antiguidade Clssica atravs dos autores rabes - Plato, Aristteles e outros sbios chegam atravs de Averris ou Avicena - e estabeleceu-se o programa de estudos no ensino das "Letras" (trivium) e das "Cincias" (quadrivium). No sculo seguinte, surgem as primeiras universidades corporativas, como Paris, Oxford ou Bolonha. O tipo de ensino aqui lecionado trar a lume as contradies entre os dogmas impostos pelo cristianismo e a filosofia pag. Como resultado do esforo da ortodoxia, a doutrina escolstica probe e/ou reinterpreta certos autores, difundindo um saber filtrado sob os princpios da Igreja Romana.Enquanto se elaboravam as grandes sumas teolgicas, a Igreja veiculava os seus ideais atravs dos seus edifcios, agora expressos por um estilo mais leve, mais articulado e lgico, o gtico. Este estilo vai refletir-se igualmente na pintura e na escultura, que ganham maior liberdade em relao ao romnico, mais hiertico, "pesado" e "defensivo". Conhecida pelas suas catedrais, a arquitetura gtica surge graas ao avano da teorizao arquitetnica, que descobre novos meios tcnicos: a inveno da ogiva e a sua utilizao na criao de abbadas mais leves em que o peso distribudo uniformemente. As paredes deixam de ser um elemento de suporte das cargas, permitindo a abertura de largas janelas decoradas por vitrais coloridos que filtram a luz para o interior. Com paredes mais ligeiras, a estrutura eleva-se desmesuradamente, desafiando as leis da gravidade nas agulhas que rematam as torres. Este estilo arquitetnico, que comeou, para muitos autores, pela mo do abade Suger na igreja da abadia de Saint-Denis, em Paris, espalhou-se rapidamente pela Europa assumindo diversas nuances regionais (em Inglaterra com as catedrais de cabeceira plana, como Durham; em Espanha, com a influncia da arte mudjar, que aponta a utilizao de diferentes materiais) e temporais. Das primeiras igrejas, como Notre Dame de Paris, evolui-se para um estilo mais rebuscado, o gtico flamejante da Baixa Idade Mdia, que em Portugal assumir uma variao muito prpria atravs do designado estilo "manuelino". Digno de nota tambm o estilo preconizado pelas Ordens Mendicantes, com as suas "igrejas salo" (o chamado "gtico mendicante", visivelmente em Portugal na Batalha e em S. Francisco do Porto). Dentro deste panorama destacam-se as cidades do Norte e Centro de Itlia, onde a civilizao do Trecento prepara o Renascimento italiano. Esta evoluo parte do resto da Europa teve origem essencialmente no poder comercial e poltico que as cidades italianas possuam, instituindo-se verdadeiros Estados. Aqui, o Renascimento preparado na literatura, com vultos como Petrarca, Dante ou Bocaccio. As universidades insurgem-se contra o Latim da igreja (escolstico) e procuram a pureza da lngua "italiana", para alm de reabilitar os autores gregos e romanos. Em termos arquitetnicos, o gtico francs faz eco na catedral de Milo, mas a grande maioria das igrejas adotam um estilo prprio, socorrendo-se da ogiva mas adotando um trao mais depurado (fachadas simples ritmadas pelo contraste polcromo das pedras. Aproveitando os materiais italianos, e tetos antiga). O gtico ter eco sobretudo na arquitetura civil, atravs dos seus palcios, e nas artes plsticas. A pintura e a escultura do Trecento italiano adotam muitas das caractersticas da arte gtica fundida com a esttica bizantina. O gnio de homens como Giotto, Simone e Cimabue na pintura, Giovanno e Andrea Pisano ou Adolfo di Cambio, na escultura, prepara de forma decisiva o Renascimento quatrocentista, que revolucionar o panorama artstico europeu com uma nova conceo esttica.

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NDICE

A Europa do Renascimento2Idade Mdia6Descobrimentos10Arte Helenstica12Arte Romana14Histria da Arte18ModernidadeAntropocentrismoHumanismoRacionalismoExperimentalismo

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