INFLUÊNCIA DA DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA · PDF filecimento CP IV...

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  • INFLUNCIA DA DISTRIBUIO GRANULOMTRICA DO AGREGADO MIDO E DO TEOR DE FLER NAS PROPRIEDADES

    DE ARGAMASSAS COM AREIA DE BRITAGEM

    Daiana Cristina Metz Arnold , Claudio de Souza Kazmierczak

    Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Programa de Ps-graduao

    em Engenharia Civil

    Avenida Unisinos, 950, So Leopoldo(RS), [email protected]

    RESUMO

    Este trabalho tem o objetivo de avaliar as propriedades de argamassas com

    areia de britagem, confeccionadas com agregados com diferentes distribuies

    granulomtricas e teores de filer. Produziu-se seis misturas de argamassas com

    areia de britagem, no trao em volume de cimento, cal e areia, 1:1:6, com ndice de

    consistncia fixado em 240 mm + 10 mm na mesa de consistncia. Utilizou-se

    cimento CP IV 32 e cal CH-I. Observou-se que medida que o mdulo de finura

    do agregado aumenta h acrscimos na resistncia compresso, na densidade de

    massa aparente no estado fresco e no mdulo de elasticidade dinmico da

    argamassa, e diminuio do teor de ar incorporado e do coeficiente de capilaridade.

    O aumento no teor de fler aumentou o valor de todas as propriedades das

    argamassas, exceto o teor de ar incorporado, que diminui.

    Palavras-chave: areia de britagem; distribuio granulomtrica; fler, argamassa,

    reciclagem.

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    ABSTRACT

    This study has the objective to evaluate the properties of mortars with crushing

    sand made with aggregates with different grain sized distributions and filler content. It

    was produced six mixtures of mortars with sand crushing in the proportion in volume

    of cement, lime and sand, 1:1:6, and consistence of 240+10mm. It was used cement

    CP IV-32 and CH-I lime. It was observed that increasing the modulus of fineness of

    the aggregate the resistance of compression, the density of apparent mass in the

    fresh state and the dynamic modulus of elasticity of the mortar increases and the air

    incorporated and the coefficient of capillarity decreases. The increase of filler content

    increased the value of all the properties of mortars except the air incorporated.

    Keywords: crushed sand; grain sized distributions; filler; mortars; recycling.

    INTRODUO

    A crescente busca por sustentabilidade na construo civil tem resultado na

    pesquisa de alternativas que possam minimizar o consumo de recursos naturais,

    como a reciclagem de resduos transformando-os em co-produtos para a construo

    civil. A areia de britagem, proveniente do beneficiamento do p de pedra, um

    resduo do processo de britagem de rocha para a produo de agregado grado cujo

    uso, na forma de agregados midos para argamassas e concretos, est em

    crescimento. O volume de p de pedra gerado em uma pedreira varia de 10 a 42%

    do total de material britado, dependendo das caractersticas geolgicas da rocha e

    do sistema de britagem empregado (CUCHIERATO e SANTAGOSTINO, 2000).

    Em funo da escassez de jazidas de areia natural, do incremento da

    fiscalizao pelos rgos ambientais e dos custos crescentes de transporte

    associados sua explorao (SBRIGHI NETO, 2005), a frao fina da areia de

    britagem, denominada pedrisco, associada a determinados teores de fler, tem sido

    utilizada como substituto parcial ou total da areia natural. Nos ltimos anos, diversos

    estudos tm sido realizados sobe o uso da areia de britagem, como os de Pandolfo

    e Masuero (2005), Gonalves et al. (2007), Klein, Carbonari e Guizilini (2008).

    Entretanto, a maioria das empresas que vem explorando o resduo desprovida de

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    um estudo cientfico que embase sua aplicao, o que resulta em grande quantidade

    de manifestaes patolgicas nas obras onde so utilizadas.

    Dentre as caractersticas que mais diferenciam as areias naturais das

    provenientes do processo de britagem, destacam-se a diferena morfolgica entre

    os gros de areia e os do pedrisco, assim como a maior quantidade de fler inerente

    aos gros de pedrisco. A menor esfericidade dos gros de pedrisco proporciona

    argamassa maior demanda de gua e altera a sua reologia, comparativamente s

    argamassas com areia natural, resultando em modificaes substanciais nas demais

    propriedades das argamassas. A morfologia dos gros do pedrisco, entretanto, vem

    sendo alterada nos ltimos anos, em funo da adoo de equipamentos de

    britagem mais eficientes, tais como os britadores do tipo VSI (Vertical Shaft Impact),

    que permitem a produo de gros mais esfricos, o que exige uma contnua

    readequao dos resultados das pesquisas j realizadas.

    O objetivo deste trabalho avaliar as propriedades de argamassas com areia

    de britagem proveniente de rocha basltica da regio de Campo Bom RS, com o

    uso de britadores do tipo VSI, confeccionadas com agregados com diferentes

    distribuies granulomtricas e teores de fler.

    MATERIAIS E MTODOS

    As argamassas utilizadas foram confeccionadas com cimento Portland CP IV-

    32, por ser comumente utilizado para argamassas de revestimento, ser facilmente

    encontrado e de ampla utilizao em argamassas no estado do Rio Grande do Sul, e

    cal hidratada classe CH I. A caracterizao destes aglomerantes consta na tabela 1.

    Tabela 1 Resultados dos ensaios para caracterizao do cimento e da cal.

    Ensaios Cimento CP IV-32 Cal CH I Massa unitria - NBR NM 23 (ABNT, 2001) 0,87 g/cm 0,74 g/cm Massa especfica - NBR 7251 (ABNT, 1987) 2,78 g/cm 2,40 g/cm rea Especfica Blaine - NBR NM 76 (ABNT, 1998) 3975 cm/g 13508 cm/g Finura - Resduo na Peneira de 0,075 mm (#200) NBR 11579 (ABNT, 1991)

    0,6 % -

    Resistncia compresso aos 28 d - NBR 7215 (ABNT, 1996) 39,2 MPa - Incio de pega - NBR NM 65 (ABNT, 2003) 03h 58min - Fim de pega - NBR NM 65 (ABNT, 2003) 05h 09min -

    Como agregado mido, foi utilizada uma areia de britagem basltica, obtida

    por britador VSI, produzida em uma unidade de britagem instalada na localidade de

    Quatro Colnias, no municpio de Campo Bom-RS. A distribuio granulomtrica e a

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    relao comprimento/largura da areia de britagem utilizada constam na tabela 2. A

    forma do gro foi determinada com o auxlio de lupa, a partir de uma amostragem de

    40 gros em cada faixa granulomtrica.

    Tabela 2 Distribuio granulomtrica e relao comprimento/largura da areia de britagem, no estado original.

    Peneira # % Retido acumulado Forma do gro ( c / l )

    4,8 1 1,30

    2,4 21 1,39

    1,2 43 1,52

    0,6 62 1,52

    0,3 74 1,37

    0,15 83 1,38

    0,075 100 1,37

    Na tabela 3 esto descritos os resultados dos ensaios de caracterizao do

    agregado.

    Tabela 3 Caracterizao do agregado utilizado.

    Ensaio Areia de Britagem Massa unitria no estado solto - NM 45 (ABNT, 2006) 1,63 g/cm Massa unitria no estado compactado - NM 45 (ABNT, 2006) 1,72 g/cm Massa especfica - NBR NM 52 (ABNT, 2003). 2,60 g/cm Dimenso mxima - NBR NM 248 (ABNT, 2003). 4,8 mm Mdulo de finura - NBR NM 248 (ABNT, 2003). 3,84 Teor de fler - Adaptado da NBR NM 46 (ABNT, 2003) 6,92

    Foram elaborados seis tipos de agregado mido, alterando-se a distribuio

    granulomtrica e o teor de fler da areia de britagem. As distribuies

    granulomtricas foram elaboradas de modo a simular misturas de pedriscos grossos,

    mdios e finos (a primeira foi composta pelos agregados passantes na peneira 4,8

    mm e retidos na peneira 0,075 mm, a segunda a partir dos agregados passantes na

    peneira 2,4 mm e retidos na peneira 0,075 mm e a terceira foi formada pelos

    agregados passantes na peneira 1,2 mm e retidos na peneira 0,075 mm); e tambm

    o teor de fler, com o intuito de se estudar o comportamento de uma argamassa com

    baixo teor de fler e outra com um teor elevado de fler. Estes agregados foram

    utilizados para a confeco de seis argamassas, no trao em volume de cimento, cal

    e areia, 1: 1: 6. A areia utilizada, foi submetida a peneiramento na malha # 0,075

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    mm, retirando-se o excesso de fler, o que resultou numa areia com 6,92% de fler,

    denominada F0. Nas demais composies de areia de britagem, alm dos 6,92%

    existentes, adicionaram-se mais 10% de fler, o que resultou numa argamassa com

    um elevado teor de fler, denominada F10.

    A granulometria das areias utilizadas nas argamassas est detalhada na

    tabela 4.

    Tabela 4 Granulometria das areias utilizadas nas argamassas estudadas

    Designao do agregado Granulometria Mdulo de finura Teor de fler (%) 4,8 F0 4,8 mm - 0,075 mm 3,83 6,92 2,4 F0 2,4 mm - 0,075 mm 3,62 6,92 1,2 F0 1,2 mm - 0,075 mm 3,19 6,92 4,8 F10 4,8 mm - 0,075mm 3,83 16,92 2,4 F10 2,4mm 0,075 mm 3,62 16,92 1,2 F10 1,2 mm - 0,075 mm 3,19 16,92

    Na figura 1 podem-se visualizar as curvas de distribuio granulomtrica das

    areias obtidas a partir do fracionamento da areia original.

    CURVA GRANULOMTRICA DA AREIA - NBR 7211/2005

    0

    10

    20

    30

    40

    50

    60

    70

    80

    90

    100

    0,1 0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8 6,3 9,5Abertura das Peneiras em mm

    Porc

    enta

    gem

    Acu

    mul

    ada

    em P

    eso

    ZONA UTILIZVEL

    ZONA TIMA

    MF= 3,83

    MF= 3,62

    MF= 3,19

    Figura 1 Curvas de distribuio granulomtria das areias.

    As argamassas foram produzidas em uma argamassadeira de eixo horizontal.

    Visto que so fatores determinantes nas propriedades das argamassas, a seqncia

    e o tempo de mistura dos materiais foram definidos e mantidos em todas as

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    dosagens. Para garantir a melhor seqncia de mistura, foi util