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LONDRINA 2011 CARLOS JUNIO RIBEIRO SILVA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MATERIAS PROVISÓRIOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO A DENTINA

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LONDRINA 2011

CARLOS JUNIO RIBEIRO SILVA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MESTRADO EM ODONTOLOGIA

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MATERIAS

PROVISÓRIOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO A DENTINA

Londrina 2011

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Norte do Paraná (UNOPAR), como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, Área de Concentração Dentística Preventiva e Restauradora. Orientador: Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior

CARLOS JUNIO RIBEIRO SILVA

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MATERIAS PROVISÓRIOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO A DENTINA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central

Setor de Tratamento da Informação

Silva, Carlos Junio Ribeiro.

S579i Influência de diferentes tipos de materiais provisórios na resistência de união a

dentina / Carlos Junio Ribeiro Silva. Londrina: [s.n], 2011.

viii; 38p.

Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística Preventiva e Restauradora.

Universidade Norte do Paraná.

Orientador: Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior

1- Odontologia - dissertação de mestrado – UNOPAR 2- Selamento imediato 3-

Cimento temporário 4- Resina I- Gonini Júnior, Alcides, orient. II- Universidade Norte do

Paraná.

CDU 616.314-089.27/.28

Londrina, 25 de fevereiro de 2011.

Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior Universidade Norte do Paraná

Prof. Dr. Edwin Fernando Ruiz Contreras Universidade Estadual de Londrina

Prof. Dr. Murilo Baena Lopes Universidade Norte do Paraná

CARLOS JUNIO RIBEIRO SILVA

INFLUÊNCIA DE DIFERENTES TIPOS DE MATERIAS

PROVISÓRIOS NA RESISTÊNCIA DE UNIÃO A DENTINA

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Norte do Paraná

(UNOPAR), Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, como requisito parcial

para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, Área de Concentração

Dentística Preventiva e Restauradora, com nota final igual a ______________,

conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

Ao supremo Arquiteto do Universo, que torna

os dias possíveis.

A minha família que em todos os momentos

esteve presente, mesmo com toda a ausência

que a distância proporciona. A vocês o meu

mais sincero muito obrigado.

AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

A minha mãe Raquel, por ser minha maior referência de entrega,

amor e solicitude.

Ao meu pai, José Carlos que mesmo sem dizer uma palavra é meu

maior incentivador e aquele que sempre depositou confiança em tudo o que realizei.

Aos meus irmãos pela torcida e apoio constante. O amor que nos

une me torna mais confiante.

Aos cunhados pelo apoio manifestado em todas as fases dessa

caminhada. Sobretudo ao Boni que foi o lançador da pedra fundamental.

Aos meus sobrinhos por serem tão generosos comigo, cada sorriso

de vocês me inspiram a continuar.

Aos amigos Rodrigo, Jorge, Bruno, Régis, Matheus por sempre

estarem ao meu lado.

A vocês o meu muito obrigado.

AGRADECIMENTOS AOS PROFESSORES E AMIGOS

Ao meu orientador Alcides Gonini Júnior pela paciência e por me

incentivar na busca pela excelência.

A todos os professores das disciplinas básicas e específicas,

sobretudo a professora Sandra Kiss Moura.

Aos colegas da turma do mestrado Renata, Nathalia e Sérgio.

A Klissia cuja ajuda e dedicação tornou possível a realização desse

projeto.

A vocês o meu agradecimento.

AGRADECIMENTOS

A Universidade Norte do Paraná, representada pelo chanceler, Prof.

Marco Antônio Laffranchi, e pela Reitora Elizabeth Bueno Laffranchi.

À Pró- Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação, representada pelo

Prof. Dr. Hélio Hiroshi Suguimoto.

À Direção do Centro de Ciências Biológicas e da Saúde,

representada pelo Prof. Ruy Morerira da Costa Filho.

Á coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelos

Profs. Drs. Alcides Gonini Júnior e Fernão Hélio Campos Leite Junior.

À todos os funcionários da UNOPAR em especial a Marcia e

Fernanda.

Por terem possibilitado a realização desta dissertação.

SILVA, Carlos Junio Ribeiro. Influência de diferentes tipos de materiais provisórios na resistência de união a dentina. 2011. 38 f. Dissertação (Mestrado em Dentística Preventiva) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2011.

RESUMO

Restaurações adesivas indiretas exigem duas consultas: uma para a obtenção da restauração provisória e outra para cimentação com cimento resinoso e adesivos dentinários (AD). A camada de adesivos dentinários pode ser obtida por meio do

selamento tardio da dentina (STD) após a fase provisória ou por meio um selamento

imediato de dentina (SID) após o preparo do dente e repetido na fase de cimentação. O objetivo deste estudo foi comparar o efeito do material provisório à base de resina (MPBR) na adesão à dentina humana por meio do STD e SID. Superfícies planas de dentina foram preparadas em 48 molares para o teste de microtração. Os espécimes foram restaurados utilizando um adesivo convencional de 3 passos e resina composta (RC). No grupo controle (G1) utilizou-se AD e RC, enquanto nos restantes utilizou-se previamente uma restauração provisória por 2 semanas: STD + resina acrílica (RA) + cimento de hidróxido de cálcio (CHC) [G2], STD + RA + cimento livre de eugenol (G3), STD + MPBR (G4), SID + glicerina + MPBR (G5), ou SID + MPBR (G6). Após armazenagem da restauração final em água por 24 h, os dentes foram seccionados a fim de se obter bastões com área de 0,8 mm2. A resistência de união foi testada a uma velocidade de 0,5 mm/min. Os

resultados foram analisados por meio de ANOVA e de Tukey (α = 0,05). A

resistência média (desvio-padrão) em MPa para os grupos G1 a G6 foram 42,18 (±

2,63), 40,14 (± 3,46), 37,77 (± 0,93), 37,16 (± 2,61), 34,11 (± 1,08) e 23,79 (± 0,49).

A resistência média do grupo G6 foi significativamente menor (p <0,05), sugerindo

que a adesão à dentina é influenciada pelo uso dos MRBR com SID previamente à colocação de uma restauração definitiva.

Palavras-chave: Selamento imediato de dentina. Cimentos temporários. Resina composta.

SILVA, Carlos Junio Ribeiro. Influence of different types of temporary materials on bond strength to dentin. 2011. 38 p. Dissertação (Mestrado em Dentística Preventiva) – Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Norte do Paraná, Londrina, 2011.

ABSTRACT

Bonded indirect restorations require 2 appointments: one for provisional treatment and one for luting with resin cement and dentin bonding agents (DBA). The DBA layer may be accomplished during a delayed dentin sealing (DDS) step following the provisional phase or an immediate dentin sealing (IDS) step after tooth preparation and during final luting procedures. The purpose of this study was to compare the effect of resin-based provisional material (RBPM) on the tensile bond strength to human dentin developed using DDS and IDS procedures. Flat dentin surfaces were prepared on 48 molars for microtensile testing. The specimens were restored using a 3-step etch-and-rinse DBA and composite resin (CR). A set of control specimens (G1) was directly restored using DBA and CR, while the remaining samples were treated using a provisional restoration procedure after 2 weeks: DDS + acrylic resin (AR) + calcium hydroxide cement (CHC) (group G2), DDS + AR + eugenol-free cement (G3), DDS + RBPM (G4), IDS + glycerin + RBPM (G5), or IDS + RBPM (G6). After storage of the final restoration in water for 24 h, the specimens were serially sectioned to obtain bonded sticks 0.8 mm2 in area. The tensile strength was tested at a crosshead speed of 0.5 mm/min. The results were analyzed using ANOVA and Tukey’s post hoc tests (α = 0.05). The mean (standard-deviation) bond strengths for groups G1-G6 were 42.18 (± 2.63); 40.14 (± 3.46); 37.77 (± 0.93); 37.16 (± 2.61); 34.11 (± 1.08) and 23.79 (± 0.49) MPa. The mean bond strength of group G6 was significantly lower (p < 0.05), suggesting that adhesion to dentin is influenced by use of RBPM with IDS prior to placement of a definitive restoration.

Key-words: Immediate sealing. Temporary cements. Resin

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Politriz ...................................................................................................... 21

Figura 2 – Estufa ....................................................................................................... 23

Figura 3 – Maquina de corte - Isomet ........................................................................ 24

Figura 4 – Emic (ensaio universal) ............................................................................ 24

Figura 5 – Áreas de dentina supostamente contaminadas em G4 (setas),

analisadas por microscopia eletrônica de varredura em aumento de

35X (A) e 1000X (B) ................................................................................. 29

Figura 6 – Camada híbrida preservada (DBA) após a remoção mecânica parcial

do material provisório a base de resina (RBPM) em G5. Imagem

topográfica da transição entre o material provisório e a camada híbrida

analisada por microscopia eletrônica de varredura (setas). ..................... 31

Figura 7 – Imagem microscópica (1.000X) do material restaurador provisório a

base de resina aderido ao agente de união em G6. Exposição dos

túbulos dentinários após a remoção mecânica parcial do material

provisório (setas). ..................................................................................... 32

Figura 8 – Microscopia eletrônica de varredura da superfície selada de dentina em

um corpo-de-prova em G6 (aumento de 35X). As setas mostram as

marcas na camada adesiva (DBA) após a remoção mecânica parcial do

material provisório a base de resina (RBPM) ........................................... 33

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................... 12

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................... 15

3 PROPOSIÇÃO ......................................................................................... 20

4 MATERIAL E MÉTODO ........................................................................... 21

5 RESULTADOS ......................................................................................... 26

6 DISCUSSÃO ............................................................................................ 28

7 CONCLUSÃO .......................................................................................... 34

REFERÊNCIAS ........................................................................................ 35

ANEXOS .................................................................................................. 38

Anexo A - Folha de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ............ 39

12

1 INTRODUÇÃO

Os cimentos resinosos em conjunto com os sistemas adesivos

podem ser utilizados na fixação definitiva de restaurações indiretas de metal,

cerâmica ou resina composta1, o que até certo ponto possibilita a aplicação dos

mesmos princípios das restaurações minimamente invasivas2, onde partes

ausentes das estruturas dentárias perdidas por fratura ou cárie dentes podem

ser substituídas por meio da adesão de materiais restauradores aderidos na

estrutura dental remanescente sadia3.

Considerando que durante a preparação do remanescente

dentário há uma exposição substancial de uma área para o acondicionamento

da restauração indireta, estabelece-se um desafio crítico na tentativa de se

estabelecer uma forte união com a dentina, uma vez que é caracterizado como

um tecido heterogêneo, onde há um alto conteúdo inorgânico e umidade

intrínseca4.

Com o desenvolvimento de agentes adesivos bifuncionais,

tornou-se possível a união das restaurações à dentina, já que tais moléculas

promovem uma interface de união entre a estrutura dentária exposta, hidrofílica

por natureza, e os agentes cimentantes resinosos, hidrofóbicos por natureza5.

Nestas circunstâncias o princípio de união envolve duas fases.

A primeira consiste na remoção de fosfato de cálcio por meio de um

condicionamento ácido da superfície dentinária exposta, por meio da qual se

obtém uma rede microscópica de colágeno3. A segunda consiste na formação

de uma camada híbrida que é obtida pela deposição, interpenetração e

polimerização de monômeros nesta matriz de dentina desmineralizada, selando

a superfície contra microinfiltração e proporcionando um alto grau de

resistência ácida. Esta hibridização acaba por criar uma camada de transição

por meio de um entrelaçamento mecânico entre duas substâncias distintas em

nível molecular, a qual não é totalmente dente nem resina6.

No caso das restaurações adesivas indiretas, tais como

restaurações do tipo inlays, onlays, facetas e coroas totais, decorre a

necessidade de confecção em laboratório, demandando ao menos duas

13

sessões para a sua finalização: uma sessão para o preparo dentário, a

moldagem, e a instalação de uma restauração provisória e uma sessão para o

ajuste e cimentação propriamente dita7.

O tratamento mediante uma restauração provisória consiste na

restauração temporária do dente, a qual proporciona a estabilização do dente

preparado durante a mastigação e proteção dos tecidos dentais em função da

exposição às severas condições da cavidade oral, enquanto a restauração

definitiva é confeccionada8.

Como um cimento provisório é necessário para a fixação da

restauração provisória, a restauração definitiva não será aderida a uma

superfície dentinária recém exposta e consequentemente será colocada sobre

uma dentina possivelmente contaminada por certa quantidade de cimento

residual. Durante a execução da técnica restauradora tradicional, o selamento

tardio da dentina (STD) por meio da hibridização é realizado após a fase de

provisionalização e imediatamente antes dos procedimentos de cimentação

definitiva. A utilização desta técnica pode reduzir a resistência de união em

função da contaminação com o material provisório9.

A fim de se evitar a contaminação dentinária e os problemas

resultantes, tal como a redução da resistência de união, a técnica de dupla

união ou do selamento imediato da dentina (SID) foi proposta. Durante esta

técnica o agente de união dentinária aplicado sobre a dentina recém exposta

antes da colocação da restauração provisória, requerendo, portanto, a

hibridização da dentina imediatamente exposta e também no momento da

cimentação definitiva da restauração10,11.

Os cimentos provisórios são comumente compostos por uma

combinação de óxido de zinco e sulfato de cálcio ou de fórmulas a base de

óxido de zinco e eugenol. Mesmo após uma limpeza mecânica da superfície

dentinária, provavelmente ingredientes dos agentes de cimentação penetram

na superfície dentária, alterando características como o ângulo de contato e a

permeabilidade dentinária12.

Recentemente materiais temporários a base de resina

composta fotopolimerizável foram desenvolvidas e colocadas no mercado.

14

Estes materiais são aplicados sobre a superfície dentinária sem a utilização de

agentes de cimentação temporária e pretendem ter uma interação menos

adversa dom a superfície dentinária antes da cimentação definitiva9, mas

alguns investigadores tem sugerido que tais materiais não deveriam ser

utilizados quando a técnica de STD fosse indicada1. Outros autores suspeitam

do potencial adesivo de superfícies seladas de dentina aos materiais

provisórios a base de resina composta e aos cimentos resinosos durante o SID,

recomendando o isolamento do dente preparado com um meio separador antes

do procedimento provisório11. A ausência de trabalhos comprovando tal

potencial adesivo motivou o presente trabalho.

Portanto, o propósito do presente trabalho foi o de comparar o

efeito de um material provisório à base de resina composta na resistência

adesiva na dentina humana seguido dos procedimentos de selamento tardio e

imediato da dentina.

15

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Analisando a literatura referente a contaminação dentinária por

cimentos temporários Terata13 concluiu que a remoção de cimentos

temporários com brocas ou por ataque ácido não remove totalmente os restos

de cimento da dentina. Essa constatação parece uma explicação para

resultados já encontrados onde foi observada uma significativa diferença de

contração em cavidades preenchidas previamente com óxido de zinco-eugenol,

enquanto o cimento sem eugenol não influenciou significantemente a

contração. Sabe-se que o eugenol inibe a polimerização de adesivos. Embora

o ataque ácido aumente a abertura dos túbulos dentinários, ele não remove

totalmente o cimento temporário.

Para o sucesso da cimentação adesiva, a aplicação de um

agente adesivo sobre a dentina preparada é conhecida como procedimento de

“primeira escolha”. Vários estudos relatam dificuldade na obtenção de um

vínculo ideal para a superfície da dentina sob tais circunstâncias. Oleosa, e

aditivos gordurosos contidos em cimentos provisórios não são fáceis de

remover. Não basta limpeza da superfície dentinária com pedra pomes. Em

estudo ficou demostrado uma menor resistência de união e foi atribuído este

fato a não remoção completa de restos de cimentos provisórios através da

limpeza de surpefície com pedra pomes. Esta situação é agravada quando

cimentos provisórios contendo eugenol são utilizados, pois o Eugenol inibe a

polimerização dos adesivos dentinários e resinas14.

Foi proposto que o estresse da contração de polimerização das

resinas pode provocar alterações na camada de adesivo aplicada, dependendo

da configuração cavitária, tendendo ao tracionamento do adesivo, prejudicando

tanto o vedamento quanto a retenção da restauração. O trabalho utilizou vários

sistemas adesivos e constatou através de microscopia eletrônica de varredura

que nenhum deles foi capaz de previnir completamente a formação de

microfissuras na interface resina/dentina15.

Restaurações indiretas costumam exigir uma restauração

provisória que é cimentada ao dente com um cimento provisório. Relatos

16

demonstraram que a resistência ao cisalhamento de adesivos dentinários em

dentina contaminada com cimentos provisórios apresentaram valores de

resistência adesiva diminuído16.

Na técnica convencional de selamento a exposição dentinária é

inicialmente ignorada. O sistema adesivo é aplicado apenas no ultimo processo

anterior a cimentação definitiva. Neste caso o sistema adesivo deixa espaço

para permitir completo assentamento da restauração. Deve ser mencionado

que a pressão aplicada à restauração no momento da cimentação pode criar

um colapso das fibras de dentina desmineralizada (colágeno) e posteriormente

afetar a coesão da interface adesiva. Anterior à aplicação do agente

cimentante, a camada de adesivo pré-existente deve receber uma limpeza

profilática pouco antes da segunda aplicação do adesivo17.

O sistema adesivo parece ter um potencial superior para

aderência quando é polimerizado e aplicado a dentina recém preparada, a sua

aplicação é recomendada imediatamente após a conclusão do preparo do

dente, antes da moldagem final18.

A importância da formação da camada híbrida foi reforçada por

Bouillaguet 19 relataram que os adesivos convencionais produzem uma grande

adesão que pode ser influenciada por alguns fatores; por exemplo, o excesso

de condicionamento ácido e a não impregnação completa dos monômeros na

rede de fibras colágenas faz com que seja menor a adesão.

Há um risco de ocorrer colapso das fibras colágenas após

secagem da dentina; o controle dessa umidade é bem crítico. Os adesivos

convencionais testados de três passos obtiveram melhores resultados de

adesão, entre 22 e 32 mpa; os adesivos autocondicionantes obtiveram

resultados entre 13 e 18 mpa; e os adesivos autocondicionantes de um passo

obtiveram resultados entre 9 e 18 mpa19.

Estudo demonstra que se os túbulos dentinários expostos pelo

condicionamento ácido não forem protegidos pelo sistema adesivo, isto pode

ocasionar sensibilidade pós-operatória20.

Pesquisas relataram que o mecanismo de união da interface

denina-resina mediado pelo uso de um adesivo dentinário é baseado na

17

formação de uma zona de interface infiltrada por resina. A formação dessa

zona requer geralmente o desenvolvimento de passos individuais ou

combinados: a) passo de condicionamento ácido; b) aplicação de primers; e c)

aplicação de um adesivo de baixa viscosidade. Antes do procedimento adesivo

propriamente dito, pode ser realizado um condicionamento ácido das estruturas

dentárias. Diferentes ácidos são recomendados para condicionar a dentina e

facilitar a penetração do adesivo. Estes mesmos autores também relataram

que estão disponíveis sistemas adesivos de três-passos, dois-passos e

sistemas de passo único, que dependem dos três passos fundamentais

(condicionamento ácido, primer e adesivo com componentes resinosos

hidrofílicos ou hidrofóbicos), que posteriormente são aplicados ao substrato

dentário. Os sistemas de dois passos são subdivididos em adesivos self-

priming, que requerem o passo de condicionamento ácido separado, e self-

etching primers, que requerem o passo adesivo separado. Recentemente,

foram introduzidos os adesivos all-in-one, combinando os três pontos em um

passo único de aplicação21.

Relatos mostraram que durante a polimerização a resina

composta sofre contração. Se a força de contração gerada for maior que a

força de adesão, ocorrerá a fenda marginal. Afirmou-se que a aplicação do

cimento de hidróxido de cálcio, cimento de ionômero de vidro e sistemas

adesivos como materiais protetores do complexo dentino-pulpar, é indicada

pelo baixo módulo de elasticidade que apresentam, podendo absorver a tensão

gerada pela contração de polimerização da resina composta e

consequentemente, melhorar a adaptação marginal, porém a adesão dos

materiais protetores às restaurações pode provocar o seu deslocamento e

formação de fendas internas entre a dentina e material protetor e/ou

restauração e material protetor22.

Sempre que uma área substancial de dentina for exposta

durante o preparo do dente para restaurações adesivas indiretas, a aplicação

de um agente de união é indicada. A aplicação deste agente a dentina recém

cortada antes da impressão é chamado de vedação imediata. Essa vedação

parece conseguir uma melhor resistência de união, diminuição de infiltração

18

bacteriana, e sensibilidade dentinária reduzida. O selamento imediato permite o

desenvolvimento de ligações sem stress a dentina. A resistência de união a

dentina desenvolve-se progressivamente, provavelmente devido ao final da co-

polimerização23.

Selamento imediato da dentina é uma nova estratégia onde o

agente adesivo é aplicado a dentina recém cortada e polimerizado antes da

moldagem. Em estudos uma camada substancial de resina não polimerizada

foi encontrada o que gerou 100% de falhas nas moldagens. O mesmo estudo

afirma que selamento dentinário imediato deve ser seguido por profilaxia com

pedra pomes e o material de escolha deve ser o Extrude, já que Impregum não

é recomendado para o selamento imediato24.

Cimentos temporários, mesmo após sua remoção mecânica,

podem influenciar na adesão de materiais resinosos à dentina de duas formas

principais. A primeira seria sua interferência nas propriedades físicas do

substrato, alterando sua energia superficial. Componentes químicos

representam a segunda forma de interferência de cimentos temporários na

adesão à dentina. Quando ocorre a incorporação do óxido de zinco ao eugenol,

na presença de pequena quantidade de água, inicia-se uma reação quelante,

que resulta em uma massa constituída por uma matriz de eugenolato de zinco

com partículas de óxido de zinco não reagido e eugenol livre em pequena

quantidade. Álem disso, essa reação é reversível quando o cimento, mesmo

endurecido, entra em contato com a água, liberando ainda mais componentes.

O eugenol é um composto fenólico com radical desoxidante que impregna a

dentina superficial, especialmente em áreas de grande permeabilidade. Assim

como outros compostos fenólicos, o eugenol atua como consumidor de radicais

livres, inibindo a polimerização de materiais resinosos25.

Della Bona26 declarou que a qualidade da adesão nas

restaurações indiretas e o reparo das mesmas dependem dos mecanismos

adesivos que são, em parte, controlados pelo tratamento de superfície.

Bagis27 demonstrou em estudos, através de testes de

microtração que cimentos para cimentações definitivas, cimentos provisórios e

interações entre estes dois tipos de cimentos causam influencia significativa na

19

resistência adesiva.

20

3 PROPOSIÇÃO

O presente trabalho se propôs a avaliar o efeito de um material

provisório à base de resina composta na resistência de união na dentina

humana seguido dos procedimentos de selamento tardio e imediato da dentina.

21

4 MATERIAL E MÉTODO

O projeto de pesquisa foi avaliado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da UNOPAR (Anexo A). Um total de 48 molares humanos íntegros e

recém extraídos foram usado neste estudo. Os dentes foram armazenados em

uma solução desinfetante de cloramina-T (0,5%) antes de sua utilização, onde

permaneceram por um período de 7 dias, para então serem armazenados em

água destilada a 4ª C por um período máximo de 6 meses.

A superfície oclusal dos dentes foi desgastada com uma lixa de

papel de granulação 180 em uma politriz até que fosse removido o esmalte das

superfícies oclusais, expondo uma superfície plana de dentina. As superfícies

expostas foram avaliadas na busca por porções de esmalte remanescente, os

quais foram removidos mediante um desgaste adicional. As superfícies

resultantes em dentina foram então polidas com lixas de papel de granulação

200, 400 e 600 respectivamente (Figura 1).

Figura 1 – Politriz

Fonte:Do autor

Após o aplainamento, os dentes foram divididos aleatoriamente

em 6 grupos experimentais (n=8) de acordo com o pré-tratamento dentinário e

a técnica restaurativa temporária indicada. O grupo 1 (G1), considerado o

grupo controle, recebeu a restauração definitiva sem a indicação de uma

restauração temporária. Os grupos 2, 3, e 4 (G2, G3, e G4), receberam uma

22

restauração definitiva após a contaminação da dentina exposta com uma

restauração provisória e a realização do STD. Os grupos 5 e 6 (G5 e G6)

receberam uma restauração definitiva após a realização do SID e a realização

de uma restauração temporária. Os parâmetros específicos para o tratamento

dos grupos estão listados na Tabela 1.

Nos corpos-de-prova do grupo controle (G1) a dentina foi

selada imediatamente após a planificação da superfície utilizando-se uma

sistema adesivo convencional de três passos (Adper ScotchBond Multi-

Purpose, 3M ESPE, St. Paul, MN, USA) e restaurados com uma resina

composta (Z350 XT, 3M ESPE, St. Paul, MN, USA). A hibridização consistiu da

aplicação sucessiva do condicionador ácido (ataque ácido), primer (promotor

da adesão), e agente adesivo (resina adesiva), seguidos da polimerização

induzida por luz [3]. As restaurações de resina composta foram preparadas em

incrementos sucessivos de 2,0mm de espessura. Todos os materiais foram

utilizados de acordo com as normas dos fabricantes.

Tabela 1 – Grupos experimentais considerando a sequência restauradora

Fonte: Do autor.

Já os corpos-de-prova dos grupos G2 e G3 foram inicialmente

restaurados com uma restauração provisória de resina acrílica fixados com

cimento temporário a base de hidróxido de cálcio e óxido de zinco sem eugenol

respectivamente, enquanto os corpos-de-prova no grupo G4 foram inicialmente

restaurados com um material a base de metacrilato.

23

Após a obtenção dos corpos-de-prova, estes foram imersos em

uma solução salina por duas semanas, após o que todas as restaurações

provisórias e qualquer vestígio de material residual foram removidos da

superfície de dentina por meio de uma cureta. As superfícies foram limpas com

pedra pomes livre de flúor com uma escova de Robinson por 10s, e então

seladas e restauradas de maneira similar ao grupo controle.

Nos corpos-de-prova do grupo G5 e G6, a dentina foi selada

imediatamente após a planificação da superfície com o mesmo sistema adesivo

utilizado nos grupos anteriores e então restaurados com um material

temporário a base de metacrilato. Em G5 a superfície selada foi isolada com

glicerina antes da aplicação da restauração temporária, enquanto em G6 o

material restaurador temporário foi aplicado diretamente à superfície dentinária

selada. Os demais procedimentos restauradores foram realizados em

semelhança aos grupos STD.

Após a restauração final, todos os corpos-de-prova foram

armazenados em água destilada a 37 ºC por 24 h (Figura 2) para então serem

seccionados perpendicularmente nos sentidos mesodistal e vestibulolingual da

interface restauradora por meio de uma cortadeira Isomet 1000 (Buhler, Lake

Bluff, IL, USA) (Figura 3), a fim de constituir amostras retangulares com área

seccional resultante me torno de 0.8 mm2.

Figura 2 – Estufa

Fonte: Do autor.

24

Figura 3 – Maquina de corte - Isomet

Fonte: Do autor.

Os palitos resultantes dos cortes foram fixados em dispositivo

próprio (Odeme Biotechnology, Joaçaba, SC, Brazil) para o teste de micro-

tração (Figura 4) por meio de um adesivo de cianoacrilato (Super Bonder Gel,

Loctite, Itapevi, SP, Brazil) e testados na máquina de ensaio universal (EMIC

DL 2000, São José dos Pinhais, PR, Brazil) a uma velocidade de 0.5 mm/min.

A razão para indicar o método de microtração para verificar a resistência de

união das restaurações adesivas28 se deve ao fato de ser o melhor método

disponível para determinar a capacidade adesiva dos sistemas utilizados, e

possibilitar por meio dele determinar a longevidade e sobrevida clínica das

restaurações3.

Figura 4 – Emic (ensaio universal)

Fonte: Do autor.

Os valores resultantes da resistência de união (MPa) foram

analisados estatisticamente por meio da análise de variância e do teste de

25

Tukey com um nível de significância de 5%. Os fragmentos resultantes da

fratura dos corpos-de-prova foram observados em microscópio ótico com um

aumento de 40x e os padrões de fratura foram classificados como adesivos,

coesivos em dentina ou no substrato restaurador, ou misto. Imagens de

microscopia eletrônica foram obtidas de forma representativa com imagens dos

corpos-de-prova dos grupos G4, G5, and G6.

26

5 RESULTADOS

A pesquisa procurou avaliar a influência de diferentes tipos de

materiais provisórios na resistência de união a dentina. A análise foi realizada

por meio do teste de microtração e os resultados em MPa estão expressos na

Tabela 2 e Gráfico 1.

Tabela 2 – Média dos valores de resistência de união (MPa) e o desvio padrão (DP)

Grupos identificados com letras diferentes são estatisticamente distintos (p<0,05) Fonte: Do autor.

Gráfico 1 – Média de resistência

G6G5G4G3G2G1

pinos

44,00

42,00

40,00

38,00

36,00

34,00

Mean

of

resis

tên

cia

Fonte: Do autor.

27

Em relação ao padrão de fratura resultante em cada corpo-de-

prova, os resultados podem ser verificados na Tabela 3.

Tabela 3 – Distribuição dos padrões de falhas (%) observados por microscopia ótica

Fonte: Do autor.

28

6 DISCUSSÃO

O princípio fundamental da adesão dos materiais restauradores

não metálicos ao substrato dentinário baseia-se num processo onde os

componentes inorgânicos da estrutura dentária são substituídos por

componentes sintéticos5. No caso das restaurações indiretas, o sucesso clínico

depende enormemente do procedimento adesivo, e particularmente do preparo

da superfície dentinária10,11. Um dos requisitos primários para adesão ótima é a

disponibilidade de substratos livres de substâncias contaminantes, como no

momento em que a dentina apresenta-se recém-cortada5,9.

O procedimento tradicional de selamento tardio de dentina é

realizado quando o agente de adesão dentinária é aplicado logo após o período

em que a restauração temporária permanece em posição, imediatamente antes

da cimentação da restauração permanente. Este procedimento pode resultar

em uma resistência de união ao substrato dentinário mais baixa devido à

presença de contaminação proveniente dos materiais residuais da restauração

temporária29.

Apesar desta possibilidade em potencial, não houve uma

redução significante na resistência de união comparativamente entre os grupos

submetidos ao selamento tardio de dentina e o grupo controle (Tabela 2),

mesmo quando o material resinoso temporário foi utilizado (G4).

A união das restaurações definitivas aos dentes por meio de

cimentos resinosos pode ser afetada desfavoravelmente pelo cimento

temporário de qualquer natureza12. Este efeito é mais crítico quando são

utilizados agentes de cimentação provisória a base de óxido de zinco e

eugenol, em função de sua possível inibição da reação de polimerização dos

agentes de união e dos cimentos resinosos30. Contudo, mesmo cimentos

provisórios a base de eugenol podem ser utilizados, desde que a dentina seja

vigorosamente limpa com pedra pomes não fluoretada antes de qualquer tipo

de cimentação definitiva9. A fim de se evitar qualquer distorção dos resultados

devido aos possíveis efeitos dos cimentos provisórios a base de eugenol,

somente materiais livres desta substância foram utilizadas na presente

29

pesquisa.

Ainda assim é questionável se a limpeza da superfície

dentinária somente com pedra pomes é suficiente para remover o material

temporário antes da cimentação da restauração definitiva9, assim como a

aplicação de ácido fosfórico30. Neste estudo, propôs-e a remoção mecânica do

material temporário com cureta previamente a limpeza da superfície dentinária

com pedra pomes e a realização do condicionamento ácido. Neste contexto,

observa-se que os valores de resistência adesiva após o procedimento de

limpeza estabelecido foram similares aqueles obtidos no grupo controle, ao

contrário de alguns resultados prévios. É possível que o esforço despedido

para a limpeza mecânica tenha sido seja o responsável para a melhora na

resistência de união em geral.

Mesmo após a definição e a adoção do procedimento para a

remoção do material temporário, área escuras puderam ser observadas

microscopicamente ao longo da superfície dentinária, particularmente em

algumas amostras de G4, sugerindo a presença residual de algum material

restaurador temporário (Figura 5). Contudo, mesmo se a penetração de algum

ingrediente na superfície dentinária tenha ocorrido ou íons tenham penetrado

nas regiões mais profundas, além do limite superficial da dentina9, tal

ocorrência não foi o suficiente para afetar a adesão da restauração final, o que

foi observado diversamente em outras situações1.

Figura 5 – Áreas de dentina supostamente contaminadas em G4 (setas), analisadas por microscopia eletrônica de varredura em aumento de 35X (A) e 1000X (B)

Fonte: Do autor.

30

Em relação aos modos de fratura observados nos fragmentos

dos corpos-de-prova obtidos após o teste de microtração, os dados foram

compilados e apresentam-se na Tabela 3. Verificou-se que as fraturas do tipo

mista foram as mais prevalentes nos grupos G2, G3, e G4. Especificamente em

G4, houve um número três vezes maior de fraturas do tipo adesiva que em G2

e nove vezes maior que em G3, sugerindo que materiais a base de metracrilato

tem um maior potencial de interação com a superfície dentinária submetida ao

processo adesivo que os cimentos provisórios, uma vez que o primeiro

dispensa o uso de cimentos para sua fixação.

Verificou-se que dentro dos limites do presente estudo, os

procedimentos de selamento tardio de dentina proporcionam condições ótimas

para a adesão mesmo sobre superfícies dentinárias contaminadas. Por sua

vez, o selamento imediato de dentina sugerido pela literatura, proporciona

algumas vantagens, tais como a proteção contra infiltração bacteriana durante

a fase de restauração provisória, redução do risco de sensibilidade pós-

operatória em potencial, minimização do procedimento anestésico durante a

cimentação da restauração da restauração definitiva, e melhorar a adesividade

a estrutura dentária10, minimizando os problemas primários com a redução da

resistência de união associada ao uso de restaurações provisórias. Segundo

estes princípios o elemento chave do selamento imediato de dentina é o de

desenvolver uma união efetiva entre a camada resinosa existente de resina e o

componente resinoso do agente de cimentação definitivo11.

Considerando estes conceitos, e com base nos resultados

decorrentes do presente trabalho, pode-se supor que a efetividade desta união

pode ser comprometida, uma vez que a superfície dentinária selada tem o

potencial de se unir fortemente ao material provisório a base de resina,

sugerindo que este tipo de material provisório deva ser evitado10, devido às

dificuldades subsequentes que a remoção das restaurações provisórias desta

natureza podem acarretar. Mesmo assim, esta dificuldade pode ser minimizada

pela aplicação de um agente isolante sobre a dentina selada imediatamente

antes do procedimento provisório10,11.

Isto foi confirmado no presente estudo, uma vez que reduções

31

significantes na resistência de união foram observadas na comparação dos

grupos submetidos ao selamento imediato de dentina (G5 e G6) entre si e com

o grupo controle (Tabela 2). A glicerina, isolante solúvel em água, foi utilizada

ao invés da vaselina sólida como sugerido na literatura8,9, uma vez que seus

aditivos oleosos são mais difíceis de remover da superfície dentinária selada31.

Como resultado, supõe-se que as características da camada híbrida tenham

sido pode ser preservadas após a remoção mecânica do material provisório a

base de resina em G5 (Figura 6).

Figura 6 – Camada híbrida preservada (DBA) após a remoção mecânica parcial do material provisório a base de resina (RBPM) em G5. Imagem topográfica da transição entre o material provisório e a camada híbrida analisada por microscopia eletrônica de varredura (setas).

Fonte: Do autor.

Entre os métodos adotados para a remoção mecânica dos

materiais restauradores fixados sobre a superfície dentinária selada,

obviamente os materiais temporários a base de metacrilato tendem a aderir

bem a esta superfície e sugere-se que sua remoção efetiva possa ser realizada

somente com uma cureta31. Ainda assim, a remoção mecânica parece não ser

o meio mais efetivo, o que se conclui ao comparar a resistência de união dos

32

grupos G5 e G6 (Tabela 2). Em função da forte interação adesiva, parte da

camada híbrida pode ter sido removida juntamente com o material restaurador

provisório, resultando numa menor resistência de união, mesmo após uma

segunda aplicação do sistema adesivo (Figura 7 e 8). Estes achados podem

ser suportados pela média elevada de falhas adesivas em G6 quando

comparadas com as observações realizadas em G5 (Tabela 3), indicando que

a camada híbrida possivelmente foi a ligação mais frágil.

Figura 7 – Imagem microscópica (1.000X) do material restaurador provisório a base de resina aderido ao agente de união em G6. Exposição dos túbulos dentinários após a remoção mecânica parcial do material provisório (setas).

Fonte: Do autor.

Em G6 os valores de resistência a união foram

significativamente mais baixos, conforme pode ser observado na Tabela 2. As

fraturas do tipo mista foram as mais comuns em todos os grupos, com exceção

do grupo G6, no qual as fraturas adesivas foram as mais prevalentes (Tabela

3).

33

Figura 8 – Microscopia eletrônica de varredura da superfície selada de dentina em um corpo-de-prova em G6 (aumento de 35X). As setas mostram as marcas na camada adesiva (DBA) após a remoção mecânica parcial do material provisório a base de resina (RBPM)

Fonte: Do autor.

Até o momento não havia dados na literatura consultada

suportando o fato de que o material provisório a base de resina não poderia ser

aplicado com em conjunto com a técnica do selamento imediato de dentina.

Para tanto, o presente trabalho realizou uma avaliação quantitativa a respeito

do assunto. Pode ser observado que a remoção mecânica do material

provisório a base de resina foi de difícil execução e não somente os dados

comparativos entre técnicas demonstram a possível interação entre os

substratos. De fato, os resultados demonstram que qualquer preparo dentário

com exposição de superfície dentinária deve ser rigorosamente isolado quando

a fim de associar as técnicas em questão, e não necessariamente com o

selamento tardio de dentina.

34

7 CONCLUSÃO

A resistência de união das restaurações a dentina humana foi

relativamente constante independentemente do material restaurador provisória

utilizado na técnica do selamento tardio da dentina, enquanto o uso do material

restaurador temporário em conjunto com o selamento imediato de dentina pode

reduzir a resistência em questão, a menos que a camada de união provisória

seja isolada com um meio hidrosolúvel.

35

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ANEXOS

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Anexo A - Folha de Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa