Influência Da Ditadura Militar No Serviço Social

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A INFLUÊNCIA DA DITADURA MILITAR NO SERVIÇO SOCIAL Amanda Nogueira Serra Silva* Elícia Borges Mendes* Erica Maria Soares Santos* Gicelly Mendes Viegas Santos* Resumo O presente artigo tem como objetivo apresentar contribuições para a análise do processo de renovação e as influências do Serviço Social durante a Ditadura Militar ocorrido no Brasil no período de 1964 a 1985, a redemocratização na década de ’80 e o movimento de reconceituação, pois este momento histórico brasileiro reflete muitas concepções a serem debatidas. A análise da reconceituação tornou- se um desafio para os pesquisadores devido as suas várias razões, motivos e aspectos, pois resgata o desenvolvimento, o funcionamento e o fim do sistema ditatorial burguês como um todo. No entanto a equipe sentiu a necessidade de apresentar pontos importantes da história desta profissão no Brasil, antes, durante e após este movimento, na busca de produzir um conteúdo baseado no posicionamento dos autores estudados e na contextualização histórica, política, econômica, conjuntural e social para melhor compreensão do mesmo. Abstract This article aims to present contributions to the analysis of the renewal process and the influences of social work during the military dictatorship in Brazil occurred from 1964 to *Acadêmicas do 3º período do Curso de Serviço Social do IESF.

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A INFLUNCIA DA DITADURA MILITAR NO SERVIO SOCIAL

Amanda Nogueira Serra Silva*Elcia Borges Mendes*Erica Maria Soares Santos*Gicelly Mendes Viegas Santos*

ResumoO presente artigo tem como objetivo apresentar contribuies para a anlise do processo de renovao e as influncias do Servio Social durante a Ditadura Militar ocorrido no Brasil no perodo de 1964 a 1985, a redemocratizao na dcada de 80 e o movimento de reconceituao, pois este momento histrico brasileiro reflete muitas concepes a serem debatidas. A anlise da reconceituao tornou-se um desafio para os pesquisadores devido as suas vrias razes, motivos e aspectos, pois resgata o desenvolvimento, o funcionamento e o fim do sistema ditatorial burgus como um todo. No entanto a equipe sentiu a necessidade de apresentar pontos importantes da histria desta profisso no Brasil, antes, durante e aps este movimento, na busca de produzir um contedo baseado no posicionamento dos autores estudados e na contextualizao histrica, poltica, econmica, conjuntural e social para melhor compreenso do mesmo.AbstractThis article aims to present contributions to the analysis of the renewal process and the influences of social work during the military dictatorship in Brazil occurred from 1964 to 1985, the return to democracy in the late '80 and the movement of reconceptualization, as this Brazilian historical moment reflects many concepts to be discussed. The analysis of reconceptualization has become a challenge for researchers due to its several reasons and reasons aspects, for rescues the development, functioning and the end of the Bourgeois dictatorial system as a whole. However the staff felt the need to present important points of the history of this profession in Brazil, before, during and after this movement, seeking to produce content based on the positioning of the studied authors and historical context, political, economic, and social conjuncture for a better understanding thereof.1. INTRODUOO objetivo deste artigo apresentar contribuies para a anlise do processo de renovao e as influncias do Servio Social durante a Ditadura Militar ocorrido no Brasil no perodo de 1964 a 1985, a redemocratizao na dcada de 80 e o movimento de reconceituao, pois este momento histrico brasileiro reflete muitas concepes a serem debatidas. A anlise da reconceituao tornou-se um desafio para os pesquisadores devido as suas vrias razes, motivos e aspectos, pois resgata o desenvolvimento, o funcionamento e o fim do sistema ditatorial burgus como um todo.Para tanto faz-se necessrio entender as transies histricas que o Servio Social sofreu. Deste modo, iremos discorrer no surgimento do Servio Social, que se deu dentro da Igreja Catlica e visava preparar a grande massa operria para a o capitalismo industrial, perodo este chamado de conservador. Dessa forma, o objetivo era preparar essa populao para sistema scio econmico poltico da poca.No Brasil, o Servio Social nasceu por volta de 1930, como afirma Olema Pellizzer:O servio social nasce no Brasil, na terceira dcada do sculo XX, em resposta evoluo do capitalismo, sob a influncia europeia (em especial sob o influxo belga, francs e alemo), como fruto direto de vrios setores particulares da burguesia fortemente respaldados pela Igreja Catlica. Nessa dcada, o Brasil vivia um processo incipiente de industrializao de importaes, num contexto de capitalismo dependente e agroexportador. No perodo de 1930 a 1935, o governo brasileiro sofre presses da classe trabalhadora, que ento controlada atravs da criao de organismos normatizadores e disciplinares das relaes de trabalho, em especial atravs do Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio.Em meio a presses populares, reassume o governo Getlio Vargas (1935), cuja opo pelo crescimento urbano industrial fez emergir, na sua gnese capitalista, a Questo Social, que tambm decorre das presses e dos questionamentos da sociedade da poca, que passava por grandes transformaes, no plano do conhecimento cientfico, sob a influncia de Durkheim, Darwin, Marx, Freud e outros (PELLIZZER, 2008, p. 15).O espao de tempo que sustentado pela durao da Ditadura Militar determinou um perodo que se traduz de extrema importncia na evoluo do Servio Social no pas. Pode-se sustentar com segurana que esse momento histrico restringe uma etapa do desenvolvimento da profisso nas quais refletem de modo imediato e indireto, uma falta de opinio em momentos anteriores de sua histria com exceo da transio do Servio Social durante as dcadas de 30 aos 40, ou seja, o surgimento da profisso no cenrio brasileiro.O Servio Social surgiu a partir dos anos 1930, quando se iniciou o processo de industrializao e urbanizao no pas. A emergncia da profisso encontra-se relacionada articulao dos poderes dominantes (burguesia industrial, oligarquias cafeeiras, Igreja Catlica e Estado varguista) poca, com o objetivo de controlar as insatisfaes populares e frear qualquer possibilidade de avano do comunismo no pas. O ensino de Servio Social foi reconhecido em 1953 e a profisso foi regulamentada em 1957 com a lei 3252.Sob a tica profissional, a renovao do Servio Social torna-se a expresso mais caracterstica desse momento poltico do pas. No campo da qualificao e funcionalidade representativa, alteram-se muitas demandas do exerccio profissional e de sua colocao no mercado de trabalho; sofrem-se modificaes na formao dos quadros tcnicos; e as referncias tericas, ideolgicas e metodolgicas recebem influncias considerveis. Este novo modo de lidar com essas novas determinaes ordena, especialmente, uma distino e uma resignificao da profisso sem antecedentes na sua prpria histria.A profisso manteve um vis conservador, de controle da classe trabalhadora, desde seu surgimento at a dcada de 1970. Com as lutas contra a ditadura e pelo acesso a melhores condies de vida da classe trabalhadora, no final dos anos 1970 e ao longo dos anos de 1980, o Servio Social tambm experimentou novas influncias: a partir de ento, a profisso vem negando seu histrico de conservadorismo e afirma um projeto profissional comprometido com a democracia e com o acesso universal aos direitos sociais, civis e polticos (cf., dentre outros, Iamamoto e Carvalho, 1995; Netto, 1996; Pereira, 2008).Durante a dcada de 80, a liderana do Servio Social apresenta de forma contraditria e simultnea, correntes construdas durante a formao profissional desde a sua origem: a mudancista, o conservadorismo e a inteno de ruptura. A partir da dcada de 80, com a abertura poltica no Brasil, o servio social apresenta-se ecltica no seu pensamento ideolgico, mas o marxismo se afirma como o pensamento mais hegemnico e crtico realidade poltica e social brasileira.Diante deste contexto, a Amrica Latina neste perodo se tornou o principal foco de ateno das superpotncias. Esse interesse, natural por causa da proximidade geogrfica dos Estados Unidos, aumentou bastante a partir de 1959, quando Fidel Castro chegou ao poder em Cuba, instaurado no pas o socialismo. Outros regimes militares se instalavam na Amrica Latina com apoio do governo norte-americano.A partir desse momento, no demorou para que as superpotncias se preocupassem com o Brasil, o maior pas da Amrica Latina. O golpe militar no Brasil, em maro de 64, atendia estratgia poltica dos Estados Unidos para a Amrica Latina.Assim, o Brasil, viveu por 21 anos uma ditadura militar, caracterizada pelo autoritarismo falta de democracia, supresso de direitos constitucionais, censura, perseguio poltica e represso (priso, tortura e muitos mortos) aos que eram contra o regime militar.Paralelamente ao regime instaurado pela ditadura militar no Brasil, onde a sociedade foi calada pela fora, inicia-se a articulao do movimento de reconceituao do servio social na Amrica Latina, fundamentado na insatisfao dos profissionais que se conscientizavam de suas limitaes tanto no campo terico instrumentais quanto nas poltica-ideolgicas.Com a conscientizao da opresso e dominao institucionalizada uma perspectiva de mudana social. A ditadura militar no Brasil com o modelo poltico e econmico controle social, baseado na cultura do medo, represso as classes populares atinge tambm os profissionais do servio social onde a sua atuao limitada.Diante dessa conjuntura da sociedade brasileira o Servio social busca assumir uma prtica com tendncias modernizadoras que prioriza as demandas e interesses da clientela do Servio Social.2. RESGATE HISTRICO SOBRE O SURGIMENTO DO SERVIO SOCIAL NO BRASILA histria do Servio Social est ligada aos fatos histricos, segundo SILVA (1995), a histria do Servio Social: (...) no deve ser entendida como uma cronologia de fatos, mas na sua ligao com o contexto geral da sociedade (...) isto , a histria dos processos econmicos, das classes e das prprias cincias sociais. (p. 35) Inicialmente, o Servio Social se apresenta envolvido com os interesses da classe dominante, mas, antagonicamente, tambm est sujeito classe subalterna sendo o mediador entre ambas as classes. A contradio uma caracterstica presente em pases industrializados assim como os altos ndices de pauperismo na zona urbana. Por volta da dcada de 30, comea haver no Brasil uma urbanizao crescente, e as contradies da industrializao fazem surgir as lutas reivindicativas, a classe trabalhadora passa a se organizar resultando na hostilidade do outro grupo. Nasce neste momento atravs do papel pacificador por parte do Estado, a institucionalizao do Servio Social que, movido pelas profundas alteraes sociais atravs do processo de transio do modelo agrrio-comercial para o modelo industrial, atua frente "questo social" que apresentada diante de todos, e, segundo Iamamoto (2004, p. 18) "o debate sobre a 'questo social' atravessa toda a sociedade e obriga o Estado, as fraes dominantes e a Igreja a se posicionarem diante dela". A Igreja Catlica torna-se fundamental na abertura das duas primeiras escolas de Servio Social: a Escola de Servio Social de So Paulo, em 1936 e a Escola de Servio Social do Rio de Janeiro, em 1937, sendo essas duas escolas as pioneiras do Servio Social no Brasil. Segundo Silva (1995) afirma que desde o ano da criao das primeiras escolas de Servio Social at 1945, so definidos trs eixos para a formao profissional do assistente social, que so eles: 1-Formao cientfica, no qual era necessrio o conhecimento das disciplinas como Sociologia, Psicologia, Biologia, Filosofia, favorecendo ao educando uma viso holstica do homem, ajudando-o a criar o hbito da objetividade; 2-Formao tcnica, cujo objetivo era preparar o educando quanto sua ao no combate aos males sociais; e a 3-Formao moral e doutrinria, fazendo com que os princpios inerentes profisso sejam absorvidos pelos alunos. A expanso da economia externa (norte-americana) na Amrica Latina resultou na adoo do Brasil pelo desenvolvimentismo que monopolizava a economia e a poltica, havendo influncia norte-americana tambm no Servio Social. Foi no mbito das influncias externas (norte-americana e Europia) que importamos progressivamente, os mtodos de Servio Social de Caso, Servio Social de Grupo, Organizao de Comunidade e, posteriormente, Desenvolvimento de Comunidade. (SILVA, 1995, p. 41) No decorrer das dcadas de 50 e 60, o assistente social preparado como mo-de-obra capaz de colocar em prtica os programas sociais, com grande importncia na realizao do modelo desenvolvimentista assumido pelo pas. Em meados da dcada de 60, na Amrica Latina nota-se a ineficcia da proposta desenvolvimentista, nasce ento a proposta de transformao da sociedade, onde so questionados a metodologia, os objetivos e os contedos necessrios para a formao profissional e como resultado muitas escolas em crise ideolgica. Surge assim, o movimento de reconceituao, cujo objetivo da ao profissional do Servio Social seria os problemas estruturais da sociedade, no apenas relacionados aos problemas individuais, grupais e comunitrios. Diante do clima repressivo e autoritrio, fruto das mudanas polticas da dcada de 60, os Assistentes Sociais refugiam-se, cada vez mais, em uma discusso dos elementos que supostamente conferem um perfil peculiar profisso: objeto, objetivos, mtodos e procedimentos de interveno, enfatizando a metodologia profissional. A tecnificao eufemiza o paternalismo autoritrio presente na ao profissional e desenvolve mtodos de imposio mais sutis que preconizam a 'participao' do 'cliente' nas decises que lhe dizem respeito. (IAMAMOTO, 2004, p. 33) Surge com o movimento de reconceituao a construo de uma teoria e de uma prtica, compromisso com a realidade latino-americana, ao profissional, posio ideolgica engajada na luta com a classe oprimida e explorada. As conquistas do movimento de reconceituao foram a interao profissional continental que respondessem as problemticas comuns da Amrica Latina sem as tutelas confessionais ou imperialistas, crticas ao modelo tradicional e inaugurao do pluralismo profissional. O profissional do Servio Social busca no final da dcada de 70 e incio da dcada de 80, novas prticas para atender camadas populares. Iniciam-se novas discusses em relao formao profissional, currculo e a questo metodolgica (Iamamoto, 2004). Com a Constituio Federal de 1988, inicia-se um novo tempo em que a sociedade civil avana em busca da legitimao dos seus direitos e o assistente social deixa de ser um agente da caridade e caminha em direo execuo das polticas pblicas, atuando no desenvolvimento de prticas auxiliares como pesquisa, aconselhamentos, esclarecendo aos seus usurios os seus direitos e deveres. 3. O CONTEXTO HISTRICO DA DITADURA MILITAR E O SERVIO SOCIALO Brasil passou por um regime Militar que podemos comparar com o regime totalitrio acontecido na Alemanha, esta poca amarga aconteceu no perodo de 1964 a 1985 e caracterizou-se pela falta de democracia, suspenso dos direitos constitucionais, censura, concentrao de renda, pensamentos capitalistas, perseguio poltica e represso a todos que eram contra o regime militar. Para compreendermos melhor, necessrio voltar um pouco a histria precisamente ao ano de 1964, quando o Presidente Joo Goulart apresentou um projeto de reformas econmicas e sociais o que aborreceu os conservadores capitalistas, pois os mesmos tinham medo que a nao vivenciasse um regime socialista e assim providenciaram a derrubada de Joo Goulart por meio de um golpe militar. Da ento as eleies para cargos mais importantes, como presidente, foram suspensas, assim como muitas liberdades individuais e tendo incio um longo perodo da ditadura militar que considerado um dos acontecimentos mais marcantes da histria recente do Brasil neste contexto muitas pessoas foram presas, torturadas e assassinadas, casas eram invadidas, entre muitas outras violaes dos direitos humanos. Ainda nos dias atuais existem muitos brasileiros que no sabem o destino de seus filhos, filhas, maridos, esposas, pais, desaparecidos nesta poca por ousarem se opor aos pensamentos egostas que geraram a Ditadura Militar.Neste perodo o pas foi governado por militares como os generais Castello Branco, Arthur da Costa e Silva, Emilio Garrastazu Mdici, Ernesto Geisel e Joo Baptista Figueiredo. Vale ressaltar que no governo Mdici conhecido como Anos de Chumbo devido o aumento da represso e censura o pas tambm passou por um Milagre Econmico com o objetivo de desenvolvimento era conseguido com grandes projetos financiados pelo capital externo, com isso, de 1968 a 1973 a economia brasileira cresceu de forma acelerada, os fatores que contriburam foram os emprstimos externos e investimentos estrangeiros, a expanso industrial (automveis e eletrodomsticos), aumento das exportaes industriais e produtos agrcolas (soja, laranja), mas os salrios ficaram baixos, a mortalidade infantil aumentou, cresceu a misria da populao e tambm foi a poca das grandes obras entre elas, a ponte Rio Niteri e a estrada Transamaznica. Esses fatores positivos era usado pelo governo militar como propaganda a seu favor. O fim do Milagre se deu em 1973, ltimo ano do governo de Mdici, pois o Milagre Econmico internamente comeou a dar sinais de esgotamento, devido as classes mdia e alta j no conseguiam comprar a enorme quantidade de mercadorias produzidas pela indstria, e as classes populares com os seus baixos salrios, continuavam com o poder aquisitivo reduzido. J externamente, o preo do barril de petrleo aumentou quatro vezes, o que provocou um forte abalo na economia brasileira, pois cerca de 80% do combustvel que o pas consumia era importado. Para este petrleo, o Brasil gastava quase a metade do que conseguia com as exportaes.Finalizando a gesto de Mdici durante o seu governo a dvida externa brasileira aumentou, causando desequilbrios e desigualdades sociais, pois o Brasil ocupava os ltimos lugares quando se tratava de concentrao de renda, mortalidade infantil e de acesso sade, educao e ao lazer. Posterior ao governo de Mdici teve como presidente o general Ernesto Geisel que deu inicio a abertura poltica e posterior a ele o tambm general Joo Baptista Figueiredo que decretou a lei da Anistia e consolidou esta abertura poltica com a redemocratizao. importante lembrar que neste mesmo perodo iniciou-se a articulao do Movimento de Reconceituao do Servio Social na Amrica Latina, exibindo fundamentalmente a longa insatisfao dos profissionais que se conscientizavam de suas limitaes tericos instrumentais como poltico- ideolgicas e instituiu-se uma perspectiva de mudana Social. Os reflexos resultaram na desmobilizao e mudana dos movimentos polticos que se fortaleciam no perodo populista, tais como o MEB (Movimento de Educao de Base), sindicalismo rural e movimentos de alguns segmentos da categoria dos assistentes sociais que atuavam buscando os interesses dos setores populares sendo que aps o Golpe Militar de 64, o espao de atuao profissional dos assistentes sociais se limita na execuo das polticas sociais em expanso dos programas de Desenvolvimento da Comunidade e atuando na eliminao da resistncia cultural que representasse obstculos ao crescimento econmico, e a integrao aos programas de desenvolvimento do Estado. A poltica social torna-se uma estratgia para minimizar as consequncias do capitalismo monopolista marcado pela super explorao da fora do trabalho e pela grande concentrao de renda.A circunstncia da sociedade brasileira neste perodo de regime militar e apresentao da poltica social remetem o Servio Social a assumir uma pratica com tendncias modernizadoras, visando aes profissionais modernas e assim com essa mudana na postura da prtica do Servio Social foi marcado o momento inicial do Movimento de Reconceituao do Servio Social no Brasil e posteriormente a Renovao do Servio Social este processo de renovao assume trs pontos que norteia: Perspectiva modernizadora, Perspectiva de reatualizao do conservadorismo e Perspectiva da ruptura. Neste quesito os assistentes sociais comeam a desenvolver um intenso processo de discusses interna na busca de um novo perfil profissional e de uma identidade com as classes trabalhadoras j que a formao profissional do assistente social pautada pela eficincia e modernizao da profisso, considerando-se fundamental o planejamento, a coordenao, a administrao, a capacitao profissional para atuao a nvel de micro, macro e participao em equipes interprofissionais, sendo isso conceitos fundamentais para a formao do assistente social a partir destas definies foram imprescindveis as realizaes dos Seminrios que trataram da Teorizao do Servio Social: Arax Teorizao do Servio Social , Terespolis Metodologia do Servio Social, Sumar e Alto da Boa Vista Cientificidade do Servio Social. Os documentos utilizados nestas discusses so considerados marcos histricos do Servio Social.4. A RENOVAO DO SERVIO SOCIAL SOB A AUTOCRACIA BURGUESAO estabelecimento e as novas situaes impostas pela ditadura militar burguesa contribuem para as bases histrico-sociais do Servio Social e antecipam uma lista de portadores que se desenvolvem a partir da segunda metade da dcada de 50 para a perda da tradicional prtica conservadora do exerccio profissional anteriores ditadura. Pois o avano da industrializao no cenrio econmico e social ocorrido no final da dcada de 50, ampliava as demandas de interveno na questo social que se desenvolveu e incrementou-se s prticas profissionais concretizadas nas intervenes de abordagem individual e de grupo e o desenvolvimento da abordagem de comunidades. Essa elevao terica e interventiva se fazem em sintonia com a nova realidade social, provocando mudanas significativas no desempenho do profissional para questes mais amplas na sociedade. Mesmo que ainda acrtico e no manifestando rompimento com o tradicionalismo, permitiu uma pequena abertura num espao de questes microssociais. O assistente social foi inserido em equipes multiprofissionais, elevando o status da profisso nos quadros administrativos e decisrios do Estado.O cenrio poltico brasileiro contribua para o novo processo profissional dado pela era do desenvolvimentismo. O Desenvolvimento de Comunidades se desenvolvia porque a questo social no Brasil exigia uma interveno tcnica mais eficiente e qualificada. O assistente social desejava sair da condio caritativa para agente de mudana, o II Congresso Brasileiro de Servio Social, realizado no Rio de Janeiro, 1961, exprime como o servio social exalta a interveno no desenvolvimento de Comunidades como a forma mais eficaz para atender as demandas da sociedade brasileira. A crise no servio social tradicional apenas se apresenta como sinalizadora de sua eroso. Posteriormente, o amadurecimento de setores da categoria profissional; a articulao com outros profissionais e com movimentos sociais, e outras instncias (setores administrativos), provocam a eroso do tradicionalismo do servio social de forma mais intensa. Como conseqncia, a profisso desvincula-se de segmentos da Igreja Catlica devido ao conservadorismo cristo. O surgimento de catlicos progressistas e de uma esquerda catlica militante influi fortemente na profisso. Outro desenvolvimento influente foi uma extenso do movimento estudantil nas escolas de servio social. Por fim, as cincias sociais exercem referencial significativo no servio social, carregado por formas de expresso crtica e nacional populares.O resultado dos elementos caracterizadores do processo de renovao do servio social faz crtica s prticas tradicionais da profisso ao mesmo tempo em que traz diferenas s novas exigncias, com destaque ao Desenvolvimento de Comunidades devido a mudanas socioeconmicas na estrutura poltica do Brasil, dinamizado pelo sistema capitalista. Em abril de 1965, o golpe da ditadura militar interrompeu o programa de Desenvolvimento de Comunidade modificando sensivelmente o seu ambiente de desdobramento. Isso se deu contraditoriamente: no incio, a ditadura militar instalada suprimiu os atores sciopolticos que sustentavam o ideal crtico e progressista crise em desenvolvimento no servio social tradicional e que estavam envolvidos com a democratizao da sociedade e do Estado. Porm, a ditadura com o cumprimento de seu projeto de modernizao conservadora, propiciou a antecipao dessa crise na categoria profissional. Mesmo que as formas tradicionais tenham seus fundamentos de legitimao esgotados, o conservadorismo scio-poltico ligado a essas prticas produziu outros elementos de apoio e legitimao para suas concepes profissionais.A crise do servio social tradicional que emergiu no incio da dcada de 60, no se limitou ao contexto histrico da poltica social brasileira manifestando-se sob vrios aspectos em muitos pases dado ao seu envolvimento na organizao social do trabalho e da unio com bases de legitimao. Uma srie de fatores favoreceu a crise ocorrida no tradicionalismo da profisso. O esgotamento do desenvolvimento capitalista originado a todo vapor desde o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, vigorou at a dcada de 60. O estado de incerteza das sociedades capitalistas e os avanos tecnolgicos no mundo favoreceram os movimentos sociais dos trabalhadores que reivindicaram seus interesses imediatos de polticas sociais para a classe operria. Este quadro extremamente favorvel ao movimento de reconceituao contra as prticas profissionais tradicionais. A ordem burguesa do sistema capitalista discutida, o aparente conjunto de processos tecnicamente oficializados visa evitar manifestaes polticas e so negados pelos resultados expostos pela interveno institucional.A mudana no interior da profisso se d pelo novo exame crtico que as cincias sociais com cunho socialista em negao ao funcionalismo, quantitativismo e superficialidade acadmica; pela desvinculao do pensamento cristo catlico em sua maioria, e protestante em sua menor representao. Por fim, o movimento estudantil se destaca pela atuao dos alunos na capacidade em atrair professores dos cursos de servio social.A reconceituao do servio social divide particularidades tanto no Brasil como nos outros pases da Amrica Latina, porm, deve ser analisados dentro do contexto histrico poltico e social de cada pas. Na Amrica Latina, a reconceituao do servio social est ligada ao circuito poltico na dcada de 60, o que vai demandar a funo da profisso na superao das expresses da questo social e nas relaes sociais com aumento da sua clientela pauperizada, principalmente sob o colapso dos acordos polticos do ps-guerra e o surgimento de novos atores no cenrio poltico. Nesse movimento que os profissionais do servio social se unem para a renovao da profisso nas dimenses do continente sul-americano. Mas num prazo de 50 anos, essa unio latino-americana de desfaz pela imposio da ditadura pela sua imposio repressiva para impedir as alternativas de reforma e democrtica por meios revolucionrios. O crescimento do movimento de reconceituao que se esgota por volta do ano de 1975, explicita a heterogeneidade de correntes tericas e ideolgicas, eliminando assim a homogeneidade que determinou o seu surgimento. O pensamento marxista emerge mais claramente aos assistentes sociais. A partir desse aumento de pensamentos mais pluralista, o marxismo cria espao para interlocuo com os assistentes sociais e realizar anlises crticas da realidade social. Outro elemento importante para a reconceituao da profisso a articulao dos assistentes sociais nos limites intercontinentais com o intuito de intervir nas questes e problemas inerentes Amrica Latina com a apropriao das teorias marxistas.A perspectiva modernizadora um esforo no sentido de adaptar o servio social como instrumento de interveno para aplicar estratgias desenvolvimentismo do capitalismo e s exigncias postas pelos processos scio-poltico surgidos na ditadura, pice da formulao ideolgica modernizadora. Os seminrios de Arax MG em 1967, e Terespolis RJ em 1970, revelam o pensamento do Estado fundado na predominncia do tcnico burocrata social. O desenvolvimento da modernizao profissional apresenta fortes vinculaes com a ditadura vigente atravs de contrataes dos assistentes sociais nas instituies e organizaes estatais e paraestatais, o assistente social deixa de exercer funes nas obras sociais para desempenhar funes na estrutura administrativa estatal. A caracterstica principal desta perspectiva modernizadora o seu papel acrtico ordem societria capitalista e ditadura instaurada em abril de 1965, e a preocupao em aperfeioar as tcnicas, instrumentos e apropriao das referncias positivistas para atender as demandas sociais.A reatualizao do conservadorismo aponta para uma vertente que recupera os elementos extrados na origem da histria da profisso; apresenta uma auto-afirmao e autojustificao com a negao do positivismo dominante e do marxismo dialtico. Assume a corrente fenomenolgica distanciando-se da ideologia positivista da ditadura e uma ausncia nos debates promovidos no interior do servio social.5. MOVIMENTO DE RECONCEITUAONa dcada de 60, os assistentes sociais organizaram vrios encontros nacionais e regionais para por em pauta assuntos de grande interesse para a categoria. Em 1961, no Rio de Janeiro ocorreu o II Congresso Brasileiro, onde o tema central foi Desenvolvimento nacional para o bem-estar social. No ano seguinte A conferncia internacional ocorrida em 1962, ocorrida em Petrpolis enfocou o tema Desenvolvimento de comunidades urbanas e rurais. Estes fatos foram apresentados para mostrar o posicionamento da categoria mediante a iniciativa internacional que neste perodo apoiava as estratgias desenvolvimentistas do pas: Configura-se ento, o que passa a denominar de Movimento de Reconceituao do Servio Social, determinado por uma conjuntura de crise e de dependncia poltico-econmica em relao ao imperialismo norte-americano. (Ozanira, pg.71)Para a autora Sandra Pires, a mola propulsora que impulsionou a aproximao norte-americana, seria a valorizao da profisso desde os meados da dcada de 30 at a dcada de 60. Os profissionais baseavam-se no iderio norte-americano que propunha uma maior racionalidade tcnica:Sob o ponto de vista dos assistentes sociais brasileiros, assim como dos europeus, essa aproximao se justificava pela necessidade de corrigir a fragilidade em termos operativos, do projeto profissional hegemnico de orientao neotomista-crist. (Pires, 2005). importante salientar que o Servio Social baseou-se na teoria das Cincias Sociais, bem como em outras disciplinas a exemplo a sociologia, medicina e direito: "[...] a interao das preocupaes tcnicas profissionais com as disciplinas vinculadas com as cincias sociais ; ento que a formao recebe de fato o influxo da sociologia ,da psicologia social e da antropologia .e absolutamente inegvel o aspecto positivo da decorrente principalmente se leva-se em conta o fato, consensualmente reconhecido, da ausncia de forte s tradies intelectuais e de investigao na formao profissional (Netto, pg. 126)Em meados da dcada de 70, um grupo de assistentes sociais comea a pensar sua prtica a partir da vertente instrumental tcnico, na busca de alcanar a eficcia de sua ao. Este perodo denominado por Netto de Processo de Renovao do Servio Social. Segundo Netto, a partir da dcada de 80, sob a influncia crtica da vertente Marxista, a profisso aponta a Perspectiva de Inteno de Ruptura de um profissional engendrado em oriundas perspectivas de atuao. possvel encontrar a inspirao do pensamento de Marx, nas pesquisas e na teoria poltica ideolgica, tendo em vista que o assistente social, pertencente classe assalariada, tambm vai alm, quando percebemos que a categoria se especializou no trabalho coletivo, em vigor na lei 8662/93 e no cdigo de tica atual. E a partir de uma perspectiva dialtica possvel apanhar a intrnseca relao entre os elementos contrrios presentes na continuidade e a ruptura de uma profisso inserida na diviso social e tcnica do trabalho. No que tange as concepes acerca da Reconceituao, percebe-se o esforo da profisso em caminhar na perspectiva de sua prtica, sendo que esta no meramente executiva, burocrtica subalterna e paliativa, mas sim "desvela a dimenso poltica". Conclumos que a interveno profissional pode contribuir tanto para uma "nova imagem quanto para "auto-imagem da profisso, tendo como proposta a defesa dos direitos, proporcionando a transformao de uma nova sociedade, por meio dos projetos societrios:"[...]cabe aos profissionais do servio social a superao das limitaes e dos equvocos, num permanente esforo de reconstruo histrica da profisso, sendo esse o verdadeiro significado desse movimento. (Ozanira, pg. 96)A Auto-imagem do Servio Social se inicia a partir do instante em que se reconhece como trabalhador assalariado, apontando a caracterstica de uma profisso com limitaes. Porm a condio de depender de sua fora de trabalho, no (e nem pode ser) um entrave ao enfrentamento de suas funes mpares, tendo como base terica o reconhecimento do indivduo enquanto cidado portador de direitos, dentro da sociedade que sempre perpassa por transformaes, a luz de sua luta na defesa de direitos norteia como prioridade de sua ao profissional:A construo dessa nova proposta supe todo um processo de discusso e reviso critica, em nvel terico metodolgico, no sentido de fomentar uma ao articulada com as lutas dos segmentos populares, tendo como perspectiva a transformao social. De acordo com a autora Sandra Pires, diz que: O conjunto desses e de outros condicionamentos acaba por impulsionar parte significativa dos profissionais que se auto-proclamam marxistas, a uma postura voluntarista que considera o assistente social como agente da transformao, atribuindo equivocadamente incumbncia de transformar a sociedade e o homem. (Pires, 2005)Compartilhamos com Netto quando este menciona que a "renovao de servio social" um dos fenmenos marcantes da histria da profisso, sob o ponto de que inmeras transformaes que ocorreram entre as dcadas de 60 at 90 e atualmente influenciaram na formao profissional acadmica e tambm na organizao poltica da categoria profissional de assistentes sociais, bem como da sociedade.6. DA DITADURA REDEMOCRATIZAO NA DCADA DE 80Uma nova histria do Servio Social no Brasil comea a ser escrita, a partir de 1970, com o Encontro de Terespolis, o desencadear da verso brasileira do Movimento de Reconceituao. Em 1977, teve incio o movimento de organizao poltica dos assistentes sociais, sinalizando os primeiros passos do movimento mudancista da profisso.A dcada de 1980 foi palco de manifestaes de lutas atravs de mltiplas formas de organizao poltica, tendo como fio condutor e objetivo principal a redemocratizao da sociedade brasileira. Nesse contexto, a organizao poltica dos assistentes sociais, em nvel nacional, foi um dos movimentos vigorosos, articulado aos demais sujeitos polticos coletivos, especialmente ao novo sindicalismo surgido na dcada anterior.O enfrentamento da ditadura era o eixo principal nesses movimentos, mas foi no movimento sindical que se deu o embate mais aguerrido contra o regime militar. Esse movimento mudancista do Servio Social configurou a constituio deuma nova e explcita vontade poltica da categoria, iniciada no final da dcada de 1970. Aqui, o ressurgir dos movimentos sociais e a ascenso do novo sindicalismo classista no contexto da luta geral da sociedade civil em prol da redemocratizao do pas so referncias principais de respaldo e motor de ecloso do movimento poltico dos assistentes sociais dessa poca.Por outro lado, tambm alguns fatores, de mbito interno profisso, so determinantes, em propores diferenciadas, desse movimento de mudana da profisso. Em primeiro lugar, as repercusses e influncias do Movimento de Reconceituao, sobretudo o seu momento final, a partir de 1975, que culminou com o repensar desse movimento e, como resultado dessa anlise, a expresso de novas alternativas de prtica profisso com referncias tericas nos marcos da tradio marxista. Nessa direo, afirma-se um segundo fator determinante, tambm interno, no seio da categoria, qual seja, o incio dos cursos de Mestrado no Rio deJaneiro e em So Paulo e seus efeitos sobre a formao profissional, constituindo-se uma ferramenta de instrumentalizao terico-poltica da formao profissional,contribuindo para embasar e sustentar a ao poltica dos profissionais em termosdessa nova mudana. Tanto faz sentido tal pressuposto que, por exemplo, o Mestrado da PUC/RJ, em que pese sua direo no-marxista poca, congregou profissionais do Servio Social, que tiveram acesso literatura marxista, e vrios deles ocuparam papis-chave na organizao poltica do Servio Social. O terceiro fator interno que influenciou tais mudanas, refere-se ao perfil organizativo dos assistentes sociais. At final dos anos 1970, a expresso poltico-organizativa da categoria, atravs de suas entidades, apresentava uma de lutas por status e reconhecimento profissional e ausncia ou pouca expresso na luta sindical, por um lado, em razo de sua constituio majoritariamente feminina com caractersticas histrico-culturais de passividade e de desvalorizao frente ao gnero masculino; seja por outro prisma, isto , pelos elementos constitutivos da origem da profisso, inclusive a vinculao de emprego majoritria dos profissionais do Servio Social ao Estado, o que causava limitaes em termos da organizao sindical, pelas razes histricas conhecidas de atrelamento sindical ao Estado, gerando a inexistncia ou a fragilidade na organizao sindical de categorias do funcionalismo pblico.Assim, esses fatores internos e o rebatimento na profisso de fatores externos, ocorridos nessa conjuntura da ditadura militar, determinaram a gesto e ecloso desse movimento na profisso, entre eles, um dos mais prximos e desencadeante imediato, a perda dos nveis salariais e, consequentemente, o empobrecimento das camadas mdias e da pequena burguesia, de onde se originava o assistente social, o que contribuiu para a sua insero na organizao poltica sindical daquela poca. Esse foi um dos elementos que desenvolveram a conscincia dos profissionais de sua no-condio de profissionais liberais, como rezava a compreenso sobre a natureza da profisso at ento, mas sim de trabalhadores assalariados e, portanto, vitimados tambm pelo arrocho salarial imposto pelo modelo de desenvolvimento econmico do regime militar.Tal conjuntura scio-poltico-econmica vai justificar o desencadeamento das greves por categoria das camadas mdias, em resposta a essa conjuntura, atingindo contingentes expressivos e importantes como as empresas estatais e setores do funcionalismo pblico, entre eles o do Servio Social. Enfim, comeava a haver, no interior do Servio Social, de maneira nova e explcita, uma relao orgnica da categoria com a sociedade civil. Essa relao se expressaria nos anos seguintes por meio da organizao poltica dos assistentes sociais e da sua articulao com os rgos e instncias de lutas da sociedade civil, materializando, a partir do final dos anos 70, o que configurou mudanas na organizao poltica da profisso.Diante desse contexto, a profisso passou pela inteno de ruptura do servio social que manifesta o propsito de romper com suas origens terico-metodolgicos do pensamento conservador e positivista, e com os padres interventivos e reformista. Na sua formao, emerge a crtica social desenvolvidas no incio da dcada de 60 que supunham rupturas com o sistema poltico dominante, mas a ditadura isolou esta vertente at a segunda metade da dcada de 70. No incio da dcada de 80, esta perspectiva direcionava o pensamento politizado da profisso. Muitos profissionais aderiram a esta nova vertente, tornando-a hegemnica. O Congresso Brasileiro de 1979 e os congressos seguintes confirmam esta tendncia. As atividades desenvolvidas no final da dcada 70 e durante a dcada de 80 permitiram as pesquisa, seminrios, aumento das publicaes para a conscientizao e enriquecimento da anlise crtica do servio social. A reconceituao marcou de forma definitiva o servio social latino-americano.O movimento aponta para algumas conquistas que se interam da atuao profissional na Amrica Latina como um todo: A unificao de uma nova concepo ideolgica, negando as influncias confessionais das ideologias religiosas e da tutela dos organismos internacionais, com integrao profissional e intercmbio cultural para atender as demandas da realidade sul-americana. Explicitao da atuao poltica profissional em geral, esquerdista. Nova interlocuo crtica com as cincias sociais, abrindo espao para novas tendncias do pensamento social atual. A inaugurao do pluralismo profissional como recurso para a aplicao de prticas terico-metodolgicas na sua atuao. Recusa do assistente social como mero executor tcnico das polticas sociais para se tornar profissional de atividades de planejamento, valorizando o intelecto adquirido nas pesquisas como atributo do assistente social tambm.A anistia aos exilados polticos aprovada em 1979 pelo presidente General Joo Baptista Figueiredo se tornou um marco na histria da abertura poltica e instaurao da democracia no pas. O incio da dcada de 1980 ficou marcado pelo endividamento interno e externo do Brasil, dificuldades de aplicao de polticas econmicas para conter a inflao exorbitante. Como conseqncia, o Estado restringiu gastos pblicos, imprimiu dinheiro e emitiu ttulos do Tesouro. Com isso, gerou desemprego em massa, colapso nos servios pblicos, restrio aos direitos sociais. Em 1980, surge a fundao do Partido dos Trabalhadores PT, recriando a esquerda brasileira. Em 1984, a sociedade participou do movimento das Diretas J. No dia 15 de janeiro de 1985, o Colgio Eleitoral escolheu o deputado Tancredo Neves que concorre com Paulo Maluff, ganhando como novo presidente da Repblica. Porm Tancredo adoece antes de tomar posse, vindo a falecer. O vice-presidente Jos Sarney assume a presidncia terminando assim, o regime militar.

7. CONCLUSOO elaborao deste trabalho apresenta-se como uma contribuio para anlise e reconhecimento dos fundamentos histricos e metodolgicos do servio social no contexto da ditadura militar, onde a sociedade foi calada pela fora, momento de grande opresso e censura onde os cidados no tinha liberdade alguma para expressar seus sentimentos em relao ao governo, passamos por vrias crises econmicas e a renovao do Servio Social no Brasil.O descontentamento da classe trabalhadora com a ditadura imposta se organiza em movimentos na luta contra a opresso e explorao. Esse grito coletivo exige do profissional de servio social uma postura de superao de sua prtica antes baseada na manuteno do poder e assistencialismo, para uma prtica de neutralidade, com uma ao articulada com as lutas de movimentos populares, objetivando a transformao social.A partir do Movimento de reconceituao, o servio social priorizou em suas discusses um novo profissional com uma ao social voltada para o um pblico-alvo sofredor das mazelas sociais. A renovao surge sobre a crise e o esgotamento da legitimao das constituies profissionais tradicionais, recuperando os pontos centrais, como tambm surge a restrio das opes de escolha inseridas nos contextos da crise. Se a ditadura afligiu o poder de um grupo sociopoltico que comps as tendncias profissionais mais avanadas e de pensamento crtico em abril de 1964, essa mesma autocracia societria no conseguiu eliminar de fato com as influncias que os movimentos democrticos, progressistas e marxistas exerceram sobre a sociedade brasileira.A importncia do Movimento de Reconceituao para o Servio Social brasileiro a transformao, a renovao dos conceitos e do agir profissional, que buscava uma formao qualificada, com tcnicas precisas, fundamentao terica e cientificidade para a profisso. Disso tudo resulta na Reforma Curricular e na conduo dos destinos das organizaes profissionais e interveno profissional expressas no Cdigo de tica Profissional que faz uma opo clara pela defesa dos direitos da classe trabalhadora e seus interesses.A prtica do assistente social acontece no espao das relaes do ser humano, nas diversos aspectos de sua vida: afetiva, social, poltica: na famlia, nos grupos de trabalho, os grupos comunitrios etc., e tambm a partir dos organismos sociais e estruturas que se constituem em espao e processo de vida coletiva. E o profissional do Servio Social ainda enfrenta uma imposio de manuteno do poder em sua prtica, em algumas realidades de atuao.A busca permanente por uma sociedade menos desigual e por um mundo onde o respeito ao diferente possa se expressar, faz parte do cotidiano dos assistentes sociais, ainda que marcado por pssimas condies de trabalho e muitas vezes pelo desrespeito por parte de seus Gestores. Numa sociedade que predomina a concentrao da propriedade e da riqueza socialmente produzida, que geram violncia, atitudes individualistas e antiticas e a degradao da forma de fazer poltica, o assistente social deve lutar para que sua prtica seja uma constante luta pela construo de uma sociedade sem explorao e dominao e garantia dos direitos sociais do cidado.O Servio Social foi uma das profisses mais impactadas pelos fatos histricos a partir da ditadura, pois sua ao sempre foi colocada sob a tenso da relao capital versus trabalho. De um lado os dominantes, Estado e Instituies, querendo mais poder e lucro e de outro os trabalhadores, lutando contra a explorao a alienao e a mais valia, deste antagonismo surgiu a questo social, resultantes das lutas no combate as desigualdades e explorao social. neste contexto que impossvel o profissional se manter dentro da neutralidade to difundida no incio da profisso, e assim a categoria pode identificar a ideologia poltica dos dominantes e dominados. Outro grande impacto foi que os profissionais se tornaram mais progressistas, vendendo a sua fora de trabalho, se reconheceram como trabalhadores, e com compromisso de defender os direitos dos trabalhadores.Apenas a partir da Constituio de 1988, que a assistncia social passa a assumir o formato na perspectiva da construo de um padro pblico e universal de proteo social, visando atender a quem dela necessitar, e neste sentido, reafirma-se que os profissionais de servio social so chamados a protagonizar uma poltica que se consolida como construo coletiva da sociedade.Referncias BibliogrficasIAMAMOTO, Marilda Villela. Servio Social na Contemporaneidade: trabalho e formao profissional. 9. ed. So Paulo: Cortez, 2005. SILVA, Maria Ozanira da Silva e. Formao Profissional do Assistente Social: insero na realidade social e na dinmica da profisso. 2. ed. So Paulo: Cortez, 1995. FUNDAMENTOS HISTRICOS TERICOS E METODOLGICOS DO SERVIO SOCIAL I, Modulo 3, Londrina 2008.JUNIOR. Alfredo Boulos, 2006. 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*Acadmicas do 3 perodo do Curso de Servio Social do IESF.