Infertilidade como factor de risco para infecção por HIV... Poster

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Realidade actual: A infertilidade é comum em Moçambique Mulheres inférteis têm maior risco de instabilidade marital Metodologia: Este estudo foi feito no C.S.São Lucas na cidade da Beira. Comparada positividade de HIV em mulheres inférteis com a de mulheres nas consultas pré-natais. Resultados: Positividade de HIV em mulheres inférteis foi maior (39%) em comparação com a das consultas pré-natais (20.6%). Conclusões: A infertilidade pode ser um factor de risco para infecção por HIV. São necessários estudos adicionais. INFERTILIDADE COMO FACTOR DE RISCO PARA INFECÇÃO POR HIV Autores e Afiliações: Carlos Amade¹̛ ² (*); Maria del Carmen Eldidy ; António Jara²; Cruz Tavares²; Hassan Gulamo²; José Júlio Sizola²; Maria da Graça Augusto²: 1-Ministério da Saúde (Maputo), 2-Faculdade de Ciências da Saúde da UCM (Beira). A positividade para o HIV foi superior (1.9 vezes) em mulheres inférteis, situando-se quase ao dobro de mulheres férteis (39% versus 20.6%). Foi realizado um estudo retrospectivo. Foi comparada a prevalência de HIV em 77 mulheres inférteis (casos) com a prevalência em 325 mulheres testadas nas consultas pré-natais (controles). Para os casos, os dados foram recolhidos nos processos clínicos e para os controles nos livros de registo. Posteriormente calculou-se a frequência de HIV nas duas populações. Os resultados foram avaliados a partir de cálculos de Proporções e Taxas e apresentados por forma gráfica e tabelas. Por um lado a diferença de positividades nas 2 populações estudadas pode ser entendida usando a tradicional justificação de que a infecção por HIV leva a infertilidade, mas por outro lado, por ser grande, pode denunciar o comportamento de risco que os casais inférteis adoptam para resolver a sua situação. Neste caso pode pensar-se que a infertilidade é um factor de risco para ter HIV. Entretanto, precisa ser feito um estudo prospectivo para avaliar esta associação. Cerca de 25% de casais do "Cinturão da Infertilidade" do qual Moçambique faz parte, são inférteis (Gijsels, 2001). Entretanto, não existem dados da prevalência de HIV em pessoas inférteis. Estudos antropológicos na África mostraram que mulheres inférteis têm maior risco de instabilidade marital e possivelmente têm mais parceiros sexuais do que mulheres férteis. Em Gabão, Zimbabwé e Tanzania, estudos mostraram prevalência maior de HIV em mulheres inférteis comparativamente a mulheres férteis, sendo 18.2 contra 6.6%, respectivamente, na Tanzania, (Favot,1995) . Tem sido considerado que a infecção por HIV causa infertilidade. A pergunta é: e o contrário? Não será que, em Moçambique, um país agarrado a tradições pró-natalistas, deixando-se levar pela pressão social, os casais inférteis correm mais risco de ter HIV? O presente estudo aborda a relação entre infertilidade e infecção por HIV. Mediu-se a prevalência de infecção por HIV em mulheres com infertilidade comparando com a prevalência em mulheres férteis, no Centro de Saúde de São Lucas, de 2009 até 2012. RESUMO METODOLOGIA CONCLUSÕES RESULTADOS Gráfico 1: Peso de infertilidade nas consultas externas. ABSTRACTO Carlos Armando Amade Email: [email protected] Telefone: 825374040 CONTACTO Populaçã o Testada s Positiv as Percentage m Razão Mulheres infértei s 77 30 39% 1.9 Consulta s pré- natais 325 67 20.6% Estado do processo avaliado Frequênci a Percentagem Processo não localizado 71 26% Erro de diagnóstico 11 4% Teste de HIV não feito 110 40% Com critérios 84 30% Total 276 100% Tabela 2: Distribuição dos pacientes com infertilidade Tabela 3 e gráfico 1: Positividade comparativa Teste de HIV Frequência Percentagem Feito 84 43% Não feito 110 57% Total 194 100% Tabela 3: Hábito de testagem De Junho de 2009 a Dezembro de 2012, num total de 42.336 pacientes atendidos nas consultas feitas no C.S.São Lucas, 0.7% tiveram como diagnóstico a infertilidade. Dos 276 pacientes com infertilidade, somente 84 tinham critérios de inclusão, correspondendo a 30%. A maior razão de exclusão foi a falta do resultado do teste de HIV no processo pessoal Apenas 43% dos 194 doentes que tinham diagnóstico correcto de infertilidade, foram testados para HIV PALAVRAS CHAVES: Infertilidade, HIV, Factor de risco

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Realidade actual: A infertilidade é comum em MoçambiqueMulheres inférteis têm maior risco de instabilidade marital Metodologia: Este estudo foi feito no C.S.São Lucas na cidade da Beira. Comparada positividade de HIV em mulheres inférteis com a de mulheres nas consultas pré-natais.Resultados: Positividade de HIV em mulheres inférteis foi maior (39%) em comparação com a das consultas pré-natais (20.6%).Conclusões: A infertilidade pode ser um factor de risco para infecção por HIV. São necessários estudos adicionais.

INFERTILIDADE COMO FACTOR DE RISCO PARA INFECÇÃO POR HIV

Autores e Afiliações: Carlos Amade¹̛1 ² (*); Maria del Carmen Eldidy ; António Jara²; Cruz Tavares²; Hassan Gulamo²; José Júlio Sizola²; Maria da Graça Augusto²: 1-Ministério da Saúde (Maputo), 2-Faculdade de Ciências

da Saúde da UCM (Beira).

A positividade para o HIV foi superior (1.9 vezes) em mulheres inférteis, situando-se quase ao dobro de mulheres férteis (39% versus 20.6%).

Foi realizado um estudo retrospectivo. Foi comparada a prevalência de HIV em 77 mulheres inférteis (casos) com a prevalência em 325 mulheres testadas nas consultas pré-natais (controles). Para os casos, os dados foram recolhidos nos processos clínicos e para os controles nos livros de registo. Posteriormente calculou-se a frequência de HIV nas duas populações. Os resultados foram avaliados a partir de cálculos de Proporções e Taxas e apresentados por forma gráfica e tabelas.

Por um lado a diferença de positividades nas 2 populações estudadas pode ser entendida usando a tradicional justificação de que a infecção por HIV leva a infertilidade, mas por outro lado, por ser grande, pode denunciar o comportamento de risco que os casais inférteis adoptam para resolver a sua situação. Neste caso pode pensar-se que a infertilidade é um factor de risco para ter HIV.

Entretanto, precisa ser feito um estudo prospectivo para avaliar esta associação.

Cerca de 25% de casais do "Cinturão da Infertilidade" do qual Moçambique faz parte, são inférteis (Gijsels, 2001). Entretanto, não existem dados da prevalência de HIV em pessoas inférteis. Estudos antropológicos na África mostraram que mulheres inférteis têm maior risco de instabilidade marital e possivelmente têm mais parceiros sexuais do que mulheres férteis.

Em Gabão, Zimbabwé e Tanzania, estudos mostraram prevalência maior de HIV em mulheres inférteis comparativamente a mulheres férteis, sendo 18.2 contra 6.6%, respectivamente, na Tanzania, (Favot,1995) .

Tem sido considerado que a infecção por HIV causa infertilidade. A pergunta é: e o contrário? Não será que, em Moçambique, um país agarrado a tradições pró-natalistas, deixando-se levar pela pressão social, os casais inférteis correm mais risco de ter HIV?

O presente estudo aborda a relação entre infertilidade e infecção por HIV. Mediu-se a prevalência de infecção por HIV em mulheres com infertilidade comparando com a prevalência em mulheres férteis, no Centro de Saúde de São Lucas, de 2009 até 2012.

Cerca de 25% de casais do "Cinturão da Infertilidade" do qual Moçambique faz parte, são inférteis (Gijsels, 2001). Entretanto, não existem dados da prevalência de HIV em pessoas inférteis. Estudos antropológicos na África mostraram que mulheres inférteis têm maior risco de instabilidade marital e possivelmente têm mais parceiros sexuais do que mulheres férteis.

Em Gabão, Zimbabwé e Tanzania, estudos mostraram prevalência maior de HIV em mulheres inférteis comparativamente a mulheres férteis, sendo 18.2 contra 6.6%, respectivamente, na Tanzania, (Favot,1995) .

Tem sido considerado que a infecção por HIV causa infertilidade. A pergunta é: e o contrário? Não será que, em Moçambique, um país agarrado a tradições pró-natalistas, deixando-se levar pela pressão social, os casais inférteis correm mais risco de ter HIV?

O presente estudo aborda a relação entre infertilidade e infecção por HIV. Mediu-se a prevalência de infecção por HIV em mulheres com infertilidade comparando com a prevalência em mulheres férteis, no Centro de Saúde de São Lucas, de 2009 até 2012.

RESUMO

METODOLOGIACONCLUSÕES

RESULTADOS

Gráfico 1: Peso de infertilidade nas consultas externas.

ABSTRACTO

Carlos Armando AmadeEmail: [email protected]: 825374040

CONTACTO

População Testadas Positivas Percentagem Razão

Mulheres inférteis

77 30 39%  

1.9

Consultas

pré-natais

325 67 20.6%

Estado do processo avaliado Frequência Percentagem

Processo não localizado 71 26%Erro de diagnóstico 11 4%Teste de HIV não feito 110 40%Com critérios 84 30%Total 276 100%

Tabela 2: Distribuição dos pacientes com infertilidade Tabela 3 e gráfico 1: Positividade comparativa

Teste de HIV Frequência Percentagem

Feito 84 43%

Não feito 110 57%

Total 194 100%

Tabela 3: Hábito de testagem

De Junho de 2009 a Dezembro de 2012, num total de 42.336 pacientes atendidos nas consultas feitas no C.S.São Lucas, 0.7% tiveram como diagnóstico a infertilidade.

Dos 276 pacientes com infertilidade, somente 84 tinham critérios de inclusão, correspondendo a 30%. A maior razão de exclusão foi a falta do resultado do teste de HIV no processo pessoal

Apenas 43% dos 194 doentes que tinham diagnóstico correcto de infertilidade, foram testados para HIV

PALAVRAS CHAVES: Infertilidade, HIV, Factor de risco