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ÍNDIOS EM SALVADOR: IDENTIDADE, MEMÓRIA E

ALTERIDADE

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LINGUAGEM, MEMÓRIA E MITO“A linguagem da imagem sempre

será um signo em sua identidade e interpretação. Cabe ao mito assumir o signo da realidade histórica e sua transformação

etérea onde o tempo é apenas um passatempo. Tribos da liberdade

em que cada gesto e atitude assumem o caráter da virtude e da

ilicitude. O país onde cada tribo expõe a chaga e a ferida [...] É

preciso acreditar, sonhar e conseguir decifrar a existência. Vã

ilusão [...] A certeza do fim, e o começo do tropeço. O mito do

medo”Orlando Azevedo, in Expedição o Coração do Brasil –

MITOEditora Francisco Alves, 2002, pg.14

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RESUMO

Palavras-chave:Salvador, cultura, identidade, memória e alteridade

O contato colonial eurotupinambá iniciado antes da fundação de Salvador, ampliado após a chegada dos

escravos africanos, causou um brutal impacto e desorganização sócio-cultural na vida dos tupinambá. O processo civilizatório sob coação, a cristianização compulsória e a conjuntura econômico-operacional

consolidada entre os séculos XVI e XVIII plasmou uma sociedade mestiça. É certo que a população de

Salvador é mestiça; no entanto é possível levantar dados humanos, históricos e culturais (materiais e

simbólicos) comprobatórios da veracidade da declaração dos “indígenas” e dos “índiodescendentes”

domiciliados, hoje, em Salvador, tanto no censo do IBGE/2000 quanto no banco de dados da UNID – União

Nacional dos Índiodescendentes.

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Anônimo, “O prisioneiro ao centro bebe em companhia dos seus

executores,que também fumam sentados à sua roda”, in Staden, 1974: 183.

Theodore De Bry, “Abate do Prisioneiro”, in Belluzzo, 1994: 51.

SALVADOR 1500?

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SALVADOR 1549?

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CurumimSalvador - 2008

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SALVADOR, ÁREA INDÍGENA (Início do século XVI)Fonte: DE CUNHÃ À MAMELUCA, de João Azevedo Fernandes, Universitária,

João Pessoa, 2003, pg. 283.

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SALVADOR, ÁREA INDÍGENA (informações de meados do século XVIII)Fonte: Mapa Etno-Histórico do Brasil, adaptado do mapa de CURT

NIMUENDAJU(1944), editado pelo IBGE (2º impressão, 1987)

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Digitalização com base no “Mapa Etno-Histórico do Brasil e Regiões Adjacentes”

(Curt Nimuendaju / IBGE) destacando Salvador e regiões adjacentes.

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SALVADOR, ÁREA INDÍGENA (Primeira metade do século XX)Fonte: INDIOS DO BRASIL, de Júlio Cezar Melatti, Edunb/Hucitec, SP/Brasília,

1993

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O TUPI NA NOSSA LÍNGUA LUSO-AFRO-INDÍGENA

Houaiss, célebre filólogo, afirma, no prefácio-estudo do “Dicionário Histórico das Palavras de

Origem Tupi” (organizado por Antônio Geraldo da Cunha): “... único milagre da nossa história é que temos uma língua comum [...] que potencializa

mais de um milhar de milhões de seres humanos, acaso linguisticamente indianizados, mas no

outro sentido do índio, o primeiro (pg.12)”. Enfim, a língua de qualquer povo tem um enorme peso

cultural, difícil de ser mensurado em todas as suas dimensões, pois ajuda “... à compreensão da nossa demografia, da nossa economia histórica, lingüística, histórica, literária, cultural e o que

mais for nas amplas áreas das chamadas ciências sociais” (pg. 11)

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ARQUEOLOGIA CULTURAL* 

Esse campo de conhecimento tem importante função para o estudo da cultura indígena e dos índiodescendentes. Tais

conhecimentos poderão estar conectados em sub-áreas diversas, tais como história, antropologia, etnologia, geografia, demografia, sociologia, biologia/genética,

expressões artísticas, lingüística, literatura etc. 

Além dos autores notoriamente ligados à sócio-antropologia e à história (Gilberto Freire, Florestan

Fernandes, Darcy Ribeiro etc) as seguintes obras foram de grande importância para o ordenamento das idéias

contidas na monografia Índios em Salvador: Identidade, Memória e Alteridade :

 

- Semiótica – A Estratégia dos Signos (Lucrécia d’Aléssio Ferrara)

 

- O Simbolismo da Cultura (Ordep José Trindade Serra)

 

- O Indivíduo e a sua Marca (Giorgio Prodi)

*Item 3.5 da monografia citada.

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RUPESTRE BRASILEIRO ( I ) Monumento concebido e construído por Siron Franco, localizado no Dique do Tororó

Fotografia de Getúlio Vargas de Menezes, associado da UNID, em 24/abr/2004

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RUPESTRE BRASILEIRO ( II ) - “CADÊ MEUS FILHOS?”Fonte: Jornal A Tarde de 01/set/07

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FONTE ORNAMENTAL COM ÍNDIALargo dos Aflitos – Fotografia de Maria Angélica Guedes Alves, associada da UNID

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Mural de Caribé no Condômino do Edf. Residencial “Tupinambá”, Rua João das Botas,

bairro Canela. Fotografia de Maria Angélica Guedes Alves (associada da UNID)

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Estátua de Índio com Arco e FlechaFachada, 2º andar da CASA CABOCLO (Rua Conselheiro Dantas, bairro do

Comércio)Foto de Maria Angélica Guedes Alves (associada da UNID)

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Algumas disposições estatutáriasda UNID:

 

- Art. 1: A UNID – União Nacional dos Índiodescendentes [...] é uma associação civil, sócio-cultural, laica, de direito privado, sem fins lucrativos,

fundada em 27/11/2002, com sede na cidade de Salvador [etc] 

- Art. 3 – São objetivos sociais da UNID, visando resgatar, preservar e desenvolver valores culturais e da vida dos seres indígenas e dos

índiodescendentes: 

I – Humanos: estudar, analisar, pesquisar, divulgar e conscientizar as pessoas em geral com relação à verdadeira história dos povos nativos [etc]

 

II – Social: congregar pessoas consideradas índiodescendentes ou identificadas com essa etnia e com os objetivos da entidade [etc]

 

III – Político: vigiar, cobrar ações do Estado e promover ações [...] relacionadas aos índios e aos índiodescendentes.

 

IV – Holístico-espiritual: promover ações humanitárias em favor da paz, da justiça, da fraternidade e da cooperação entre os povos [etc]

 

V – Científico-cultural: estudar meios de incorporar o desenvolvimento científico à cultura dos índios e dos índiodescendentes sem o

comprometimento dos seus valores e da sua cultura.

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MILITÂNCIA DE ÍNDIODESCENDENTES

 

AS IMAGENS QUE SE SEGUEM (5) ESTÃO ASSOCIADAS AO TÓPICO

“6.ÍNDIOS EM SALVADOR, HOJE - 6.3. – Ações promovidas pela UNID”, da

monografia apresentada no IV ENECULT – Encontro de Estudos

Multidisciplinares, organizado pela Faculdade de Comunicação e pela CULT (UFBA), em Salvador, no

período de 28 a 30 de maio de 2008.

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Evento de lançamento do livro POVOS INDÍGENAS NO SUL DA BAHIA(Posto Indígena Caramuru – Paraguaçu / 1910-1967), editado pelo Museu do Índio –

FUNAI, no mês de dezembro de 2002, na reitoria da UFBA, presentes na foto(da esquerda para a direita): Getúlio Vargas de Menezes*, cacique Gerson Pataxó,

Deputado Estadual/PT Zilton Rocha, Eduardo Almeida (Presidente da FUNAI), JumaraTeodoro da Silva*, Naomar de Almeida Filho, José Carlos Levinho

(Diretor do Museu do Índio - RJ), Juvenal Teodoro da Silva*, José de Arimatéa N. Alves*(Presidente da UNID), Olympio José Trindade Serra* e Paulo Carvalho Mendes*.

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GRITO DOS EXCLUÍDOS-SALVADOR, EM 7/SET/03Foto de Getúlio Vargas de Menezes

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GRITO DOS EXCLUÍDOS – SALVADOR, em 7/SET/04Fotografia de Michel Brum

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I CAMINHADA DOS ÍNDIODESCENDENTESDIQUE DO TORORÓ – SALVADOR, EM 24/ABR/04

Da esquerda p/direita: Edgar Velame, vereador Odiosvaldo Vigas, José de Arimatéa

e grupo de jovens caracterizados (alunos do Colégio Estadual Odorico Tavares)

Foto de Getúlio Vargas de Menezes

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II CAMINHADA DOS ÍNDIODESCENDENTESDIQUE DO TORORÓ, SALVADOR, em 21.ABR.05

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O CARNAVAL 

OBJETO DE ESTUDO DA MONOGRAFIA “ÍNDIOS EM SALVADOR: IDENTIDADE, MEMÓRIA E ALTERIDADE”

(IV ENECULT – FACOM/CULT/UFBA, de 28 a 30.05.08): “6.4.4.-CARNAVAL NA (DA) BAHIA”.

Comissão de Frente da Escola de Samba Rosa de Ouro (SP), no Carnaval de 2004

Fonte: O Livro de Ouro do Carnaval Brasileiro, de Felipe Ferreira, Ediouro, 2004.

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COMERCIALIZAÇÃO DE MARCAS E SÍMBOLOS INDÍGENAS

 - Para os membros das comunidades indígenas

tradicionais, nomes, pinturas corporais e de artefatos diversos possuem um valor sagrado, espiritual,

tradicional e simbólico. 

- A sociedade “não indígena”, organizada a partir (e em torno ) de valores econômicos, utiliza elementos de todas as culturas para fins lucrativos, comerciais.

 

- Os nomes e imagens das culturas indígenas são utilizados comercialmente por “não-índios”; algumas criações possuem direitos reservados, como é o caso

da pintura kussiwa.  

As seguintes imagens foram citadas no ítem “6.4.5” da monografia “Índios Em Salvador: Identidade,

Memória e Alteridade”.

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CRÉDITOS 

Roteiro, texto e seleção de imagens:

José de Arimatéa Nogueira Alves

Layout e edição:Natássia Guedes Alves

Digitalização do mapa Etno-histórico de Curt Nimuendaju Línguas

Indígenas:Michel Brum