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1 INCÊNDIO FLORESTAL NO PICO DA IBITURUNA NA CIDADE DE GOVERNADOR VALADARES MG: IMPACTOS AMBIENTAIS E PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA. Flávio Ferreira da Silva, aluno do 5º período de Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia - IFMG, campus Governador Valadares, [email protected] Lenício Dutra Marinho Júnior Professor Msc. do Instituto Federal de Ciências e Tecnologia - IFMG, campus Governador Valadares, [email protected] RESUMO Os incêndios florestais em todo o planeta vêm causando danos ao meio ambiente, impactos ambientais como: perda da cobertura vegetal, mudança no micro clima, desequilíbrio ecológico, dentre outros, são sentidos nos locais de maior frequência destes incêndios. No Brasil não podia ser diferente, onde a prática agropastoril, que consiste no uso do fogo para aumentar a área de plantio e eliminação de pragas das pastagens, são repassadas por gerações, se tornando uma prática comum. O pico da Ibituruna, cartão postal da cidade de Governador Valadares situada no leste do estado de Minas Gerais, todos os anos é atingida por incêndios florestais de várias origens. Diante do exposto, o presente trabalho vem apontar alguns dos impactos sentidos, direta ou indiretamente, causados por estes incêndios e propor a recuperação da área degradada através da revegetação. Portanto, este trabalho apresenta uma análise documental dos bancos de dados do Corpo de Bombeiros Militar, Polícia Militar do Meio Ambiente e do Instituto Estadual de Florestas. Foram utilizados como recursos metodológicos pesquisas literárias, consultas à legislação vigente e aos órgãos estaduais e trabalho de campo na área para fotografar. Portanto, verificou-se a real necessidade de recuperação da área, que conforme orientação do IEF, deve ser realizada com plantio de espécies nativas da região. Palavras-chave: Incêndio florestal, degradação ambiental, recuperação de área degradada e revegetação. ABSTRACT Wildfires across the planet are causing environmental damage, environmental impacts such as loss of vegetation cover change in micro climate, ecological imbalance, among others, are felt in places of higher frequency of these fires. In Brazil could not be otherwise, where agropastoral practice, consisting in the use of fire to

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INCÊNDIO FLORESTAL NO PICO DA IBITURUNA NA CIDADE DE GOVERNADOR

VALADARES – MG: IMPACTOS AMBIENTAIS E PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO

DA ÁREA DEGRADADA.

Flávio Ferreira da Silva, aluno do 5º período de Tecnologia em Gestão Ambiental do

Instituto Federal de Ciências e Tecnologia - IFMG, campus Governador Valadares,

[email protected]

Lenício Dutra Marinho Júnior – Professor Msc. do Instituto Federal de Ciências e

Tecnologia - IFMG, campus Governador Valadares, [email protected]

RESUMO

Os incêndios florestais em todo o planeta vêm causando danos ao meio

ambiente, impactos ambientais como: perda da cobertura vegetal, mudança no micro

clima, desequilíbrio ecológico, dentre outros, são sentidos nos locais de maior

frequência destes incêndios. No Brasil não podia ser diferente, onde a prática

agropastoril, que consiste no uso do fogo para aumentar a área de plantio e

eliminação de pragas das pastagens, são repassadas por gerações, se tornando uma

prática comum. O pico da Ibituruna, cartão postal da cidade de Governador Valadares

situada no leste do estado de Minas Gerais, todos os anos é atingida por incêndios

florestais de várias origens. Diante do exposto, o presente trabalho vem apontar

alguns dos impactos sentidos, direta ou indiretamente, causados por estes incêndios e

propor a recuperação da área degradada através da revegetação. Portanto, este

trabalho apresenta uma análise documental dos bancos de dados do Corpo de

Bombeiros Militar, Polícia Militar do Meio Ambiente e do Instituto Estadual de

Florestas. Foram utilizados como recursos metodológicos pesquisas literárias,

consultas à legislação vigente e aos órgãos estaduais e trabalho de campo na área

para fotografar. Portanto, verificou-se a real necessidade de recuperação da área, que

conforme orientação do IEF, deve ser realizada com plantio de espécies nativas da

região.

Palavras-chave: Incêndio florestal, degradação ambiental, recuperação de

área degradada e revegetação.

ABSTRACT

Wildfires across the planet are causing environmental damage, environmental

impacts such as loss of vegetation cover change in micro climate, ecological

imbalance, among others, are felt in places of higher frequency of these fires. In Brazil

could not be otherwise, where agropastoral practice, consisting in the use of fire to

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increase the planting area and elimination of pests of pastures, are passed on for

generations, becoming a common practice. The peak Ibituruna postcard city of

Governador Valadares located in eastern Minas Gerais state, each year is affected by

forest fires of various origins. Given the above, this paper has pointed out some of the

senses, directly or indirectly impacts caused by these fires and propose the recovery of

degraded areas through revegetation. Therefore, this paper presents a documentary

analysis of databases Fire Brigade, Military Police of the Environment and the State

Forestry Institute (SFI). We used as resources literary research, consultations with

current legislation and state agencies and field work in the area to photograph.

Therefore, there was a real need for restoration of the area, which according to the

orientation of the SFI is to be performed by planting native species.

Keywords: Forest fire, environmental degradation, restoration and revegetation

of degraded area.

1 INTRODUÇÃO

Os incêndios florestais têm sido considerados em todo o mundo, um dos

fatores responsáveis pela diminuição das florestas. De acordo com Silva (1998), ao

dominar o fogo, há aproximadamente quinhentos mil anos, o homem marcou sua

história alcançando novos espaços, modificando ecossistemas e sofrendo as

consequências dessas atividades. “O homem contemporâneo continua a utilizá-lo em

suas atividades. O fogo em si não é bom nem ruim, é apenas um instrumento a nossa

disposição. Usá-lo corretamente é uma questão de inteligência” (SILVA; IBAMA, p.

15).

O Manual de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais do Instituto

Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA 1998),

aponta o homem como principal causador dos incêndios florestais, que em sua maioria

tem iniciado em decorrência de alguma atividade humana e enumerado algumas

destas atividades, tais como: Prática Agropastoril, que é o uso do fogo para limpeza do

terreno para fins florestais, agrícolas ou pecuários, renovação da pastagem, controle

fitossanitário de pragas e ervas daninhas, prática que tem repassado por gerações;

Fogueiras em áreas de visitação pública, excursionistas, trabalhadores rurais,

caçadores, pescadores e lenhadores têm a necessidade de acender fogueiras, porém

ao deixarem o local não apagam o fogo corretamente; fumantes, que atiram cigarros

ou fósforos acesos na vegetação seca; ferrovias, que com suas atividades sobre os

trilhos, manutenção, atritos liberando faíscas que, direta ou indiretamente podem ser

causas de incêndios; intencionais, ateiam fogo em florestas, pastagens e margens de

vias públicas, por rebeldia ou vandalismo, para satisfazerem desejos pessoais ou má

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interpretação, por parte dos proprietários rurais, sobre medidas restritivas de proteção

aos recursos naturais e criação de áreas de proteção ambiental, parques, reservas

pelo governo, põem fogo intencionalmente nessas áreas por vingança.

A prática agropastoril é comumente utilizada nesta região de Governador

Valadares pelos pecuaristas para a renovação de pastagens, combate a pragas e

controle de plantas invasoras, porém, cuidados para o confinamento do fogo dentro de

suas propriedades, como o aceiro, que consiste segundo Silva (1998), numa barreira

natural ou construída causando a descontinuidade do material combustível, não estão

sendo tomadas, fazendo com que se propague o fogo, invadindo outros terrenos,

dificultando ou até impossibilitando seu controle ou extinção.

Ao longo dos anos, o Pico da Ibituruna, monumento de excepcional beleza,

segundo dados da Polícia Ambiental do Estado de Minas Gerais, tem sido alvo de

incêndios intencionais e de práticas agropastoril descuidadas, empobrecendo o solo

daquela área, destruindo as brotações, impedindo e dificultando a regeneração da

vegetação nativa, deixando visível a exposição do solo e o processo de erosão laminar

e a formação das voçorocas.

Segundo o Artigo 1º da Resolução nº 001/86 do Conselho Nacional do Meio

Ambiente (CONAMA), degradação ambiental é a alteração das propriedades físicas,

químicas e biológicas do meio ambiente afetando a saúde, a segurança e o bem-estar

da população; as condições estéticas do meio ambiente e a qualidade dos recursos

ambientais.

Para Lemos (2001) a degradação pode ser entendida como uma destruição,

deterioração ou desgaste do meio ambiente. São os efeitos ambientais considerados

negativos ou adversos e que decorrem principalmente de atividades ou intervenções

humanas. Raramente o termo se aplica às alterações decorrentes de fenômenos ou

processos naturais.

De acordo com a NBR 10703 da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), a degradação do solo é a alteração das características do solo em relação

aos seus diversos usos possíveis, tanto os estabelecidos em planejamento, como os

potenciais.

Conforme Martins (2009), área degradada é aquela que, após sofrer um forte

impacto, perdeu a capacidade de retornar naturalmente ao estado original ou a um

equilíbrio dinâmico, ou seja, perdeu sua resiliência.

O termo recuperação é o retorno do sítio degradado a uma forma de utilização,

de acordo com um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de

uma estabilidade do meio ambiente. (Decreto Federal 97.632/89).

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De acordo com Majer (1989), reabilitação é o retorno da área degradada a um

estado biológico apropriado, podendo não significar o uso produtivo da área em longo

prazo, como a implantação de uma atividade com fins lucrativos, visando, por

exemplo, a recreação ou a valorização estético-ecológica.

Restauração é a obrigatoriedade do retorno ao estado original da área, antes

da degradação. Entendendo como estado original, todos os aspectos relacionados à

topografia, vegetação, fauna, solo, hidrologia, etc., apresentando as mesmas

características de antes da degradação (TAVARES, et al 2008).

Segundo a lei 9985/00 e decreto 4340/02 do Sistema Nacional de Unidades de

Conservação da Natureza – SNUC, a recuperação é a restituição de um ecossistema

ou de uma população silvestre degradada a uma condição não degradada, podendo

ser diferente da condição original, já a restauração é a restituição ao mais próximo

possível a condição original,

Conforme Martins (2007), as florestas apresentam capacidade de se

recuperarem de distúrbios naturais ou antrópicos. Quando uma determinada área de

floresta sofre um distúrbio, como desmatamento ou incêndio, a sucessão secundária

promove a colonização da área aberta e conduz a vegetação através de uma série de

estágios sucessionais. Em áreas onde a degradação não foi muito intensa, e o banco

de sementes do solo não foi perdida e, ou, quando existem fontes de sementes

próximas, a regeneração natural pode ser suficiente para a restauração florestal.

Galvão (2000) destaca a incorporação de sementes de espécies arbóreas ao

banco de sementes do solo, através da semeadura direta, técnica conhecida como

enriquecimento e adensamento do banco de sementes; em algumas áreas, o simples

revolvimento do solo, através da abertura de sulcos de pequena profundidade, cerca

de 3 a 5 cm, é suficiente para estimular a germinação do banco e desencadear o

processo de regeneração natural.

Tavares (et al 2008) recomenda a utilização de uma mistura de espécies capaz

de incorporar certo nível de diversidade e haja maximização no uso dos recursos

disponíveis e posteriormente, possibilite a evolução natural da floresta para um

sistema mais avançado de sucessão e mais próximo da estabilidade. Na seleção das

espécies devem ser priorizadas aquelas com funções específicas, mas com elevada

tolerância a fatores adversos presentes nestas áreas, como elevada temperatura,

baixa umidade, elevada incidência de radiação, competição com invasoras, baixa

disponibilidade de nutrientes e etc.

A categoria Monumento Natural, segundo o Sistema Nacional de Unidade de

Conservação – SNUC, pertence ao grupo das Unidades de Proteção Integral que

objetiva preservar sítios naturais raros, únicos ou de grande beleza cênica, podendo

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ser constituído por áreas particulares, desde que o uso da terra e seus recursos

naturais estejam em acordo com os objetivos da Unidade e a visitação pública está

sujeita às condições e restrições estabelecidas no Plano de Manejo. Já a Categoria de

Área de Proteção Ambiental, pertence ao grupo das Unidades de Uso Sustentável,

visa proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e assegurar

a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

Os incêndios florestais retiram a cobertura vegetal do solo deixando-o exposto

às intempéries, sujeitando-o à lixiviação e à erosão, retarda ou até anula a sequência

do processo ecológico sucessivo, não permitindo o acúmulo da biomassa, da matéria

orgânica no solo, que com o fluxo de nutrientes e energias, se interagem para o

surgimento de micro organismos, imprescindíveis nas sucessões primárias e

secundárias de uma floresta.

Segundo estatística do Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG),

em Governador Valadares, a APA Ibituruna, principal cartão postal da cidade, é a área

mais atingida por incêndios florestais, tanto acidentais como criminosos, por este fator,

foi escolhida para ser a área de estudo deste trabalho. Nesse sentido, qual foi a área

atingida em hectares por incêndios florestais nos últimos dez anos na APA Ibituruna?

O presente trabalho tem como objetivo apresentar a área atingida por incêndios

florestais no Pico da Ibituruna para uma proposta de recuperação da área degradada

através da revegetação. E como objetivos específicos mensurar a área queimada em

hectares e apontar os impactos ambientais decorrentes dos incêndios florestais.

2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

2.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A cidade de Governador Valadares está localizada a leste do Estado de Minas

Gerais às margens do Rio Doce e constitui um polo com grande vocação logística.

Sua localização geográfica é estratégica, por ser um ponto no qual cruzam três

importantes rodovias, sendo elas a BR-116, BR-381 e BR-259. Essas rodovias dão ou

facilitam acesso a grandes centros tais como Belo Horizonte, Vitória e Rio de Janeiro,

também é cruzada pela Estrada de Ferro Vitória-Minas da Companhia Vale S.A. A

cidade tem como principais atividades econômicas o comércio, o beneficiamento de

produtos regionais e a extração de pedras semipreciosas.

Hoje, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE,

2010), Governador Valadares possui uma população aproximada de 263.689

habitantes, distribuídos em área de 2.342 km2. Seu clima é o tropical quente úmido,

com temperatura média anual de 25ºC. Faz limites com os municípios de Sardoá,

Periquito, Coroaci, Marilac, Mathias Lobato, Frei Inocêncio, Nova Módica, Divino das

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Laranjeiras, Galiléia, Tumiritinga, Alpercata e São Geraldo da Piedade. Nesta cidade

se encontra uma afloração rochosa denominada Pico do Ibituruna, que compõe a

paisagem do local.

O Pico da Ibituruna, com uma altitude de 1123 metros, constitui um importante

ponto turístico da cidade de Governador Valadares. Foi decretado em 14 de janeiro de

1983, pelo Decreto Estadual 22.662/83, como Área de Proteção Especial – APE,

definindo como de proteção especial, para preservação de mananciais e do patrimônio

histórico e paisagístico, área de terreno situada no pico do Ibituruna, Município de

Governador Valadares.

Foi reconhecido como área de proteção ambiental – APA, segundo a lei

municipal 3.530 de 28 de maio de 1992, que definiu como de proteção ambiental para

fins de preservação de mananciais, da flora e da fauna silvestres e de proteção do

patrimônio histórico e paisagístico, concomitante com a lei nº 3.862, de 04 de janeiro

de 1994, que dispôs sobre a proteção e o parcelamento do solo na área de proteção

ambiental. Mais recentemente foi transformado em Monumento Natural Estadual, de

acordo com a lei 21158 de 17 de janeiro de 2014, passando a ser uma Unidade de

conservação integral, atualmente a área é uma APE estadual, uma APA municipal e

Monumento Natural estadual, devendo agora seguir a legislação do Sistema Nacional

de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC.

De acordo com a gestora do Instituto Estadual de Florestas – IEF, o pico da

Ibituruna apresenta fragmentos importantes de Mata Atlântica em estágio avançado de

regeneração, abrigando espécies da flora características dessa vegetação que são

importantes matrizes de disseminação de sementes e espécies da fauna que fazem

dali o seu habitat, apesar do avançado estágio de degradação que existe em toda a

sua área e seu entorno. A figura 1 mostra uma visão aérea do Pico da Ibituruna.

Figura 1 – Fotografia aérea do pico Ibituruna

Fonte: Google earth, 2014.

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A figura 2 mostra uma visão aérea do Pico da Ibituruna, porém com a

delimitação do Monumento Natural e a Zona de Amortecimento.

Figura 2 – Delimitação do Monumento Natural e Zona de Amortecimento

Fonte: IEF, 2014.

A localidade estudada é denominada “rojão”, a qual possui um curso d’água, o

qual dá nome ao local. Este local é utilizado para a prática de esportes radicais como o

motocross, bicicross e paintball, para acampamentos e piquenique, usado também por

jovens e adolescentes para acesso à pé, ao pico. Foi escolhida para estudos, devido

ser a área que se avista da cidade e por ser a parte da Ibituruna com maior índice de

focos de incêndios.

No entorno da área de estudo está localizado o Parque Natural Municipal de

Governador Valadares, que será inaugurado em breve. Limitando com a área, existe

um loteamento denominado Parque das Aroeiras, que está ao lado do bairro Elvamar.

A área estudada também possui propriedades rurais no seu entorno que exercem a

pecuária de corte e leite e é cortada por uma estrada que dá acesso a várias fazendas

e ao distrito de Derribadinha.

2.2 TIPO DE ESTUDO

A abordagem da pesquisa realizada, quanto ao objetivo, foi do tipo exploratório,

pois segundo Gil (2008), este tipo de pesquisa proporciona maior familiaridade com o

problema, podendo envolver levantamento bibliográfico, e quanto aos procedimentos

técnicos, a pesquisa é do tipo bibliográfica, onde esta forma é desenvolvida com base

em material já elaborado.

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2.3 TÉCNICAS DE COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Os dados foram obtidos por participação direta do autor nas fases de

elaboração e levantados através de boletins de ocorrências do Corpo de Bombeiros

Militar e da Polícia Militar Ambiental, bibliografia e internet. Foram usadas também

imagens dos arquivos do Sexto Batalhão de Bombeiros Militar de Minas Gerais (6º

BBM) e da Oitava Companhia Independente do Meio Ambiente e Trânsito da Polícia

Militar de Minas Gerais (8ª Cia Ind PM MaT). Para identificar os impactos ambientais

foi utilizado o método conhecido como chec-list.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

De acordo com os dados obtidos na Polícia Militar do Meio Ambiente, Instituto

Estadual de Florestas e Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais, a área queimada

nos últimos dez anos foi de 23.519 ha. A tabela 1 mostra a área queimada entre os

anos de 2003 a 2013.

Em análise a esta tabela, verifica-se que o ano de 2003 foi o de maior

quantidade de área afetada por incêndio florestal em hectare no Pico do Ibituruna na

década estudada. Segundo o Corpo de Bombeiros, este incêndio teve início às

margens da Estrada Férrea Vitória Minas da Companhia Vale S.A., quando uma

máquina utilizada para manutenção, que ao esmerilar os trilhos as fagulhas vieram a

cair sobre a vegetação seca devido ao longo período de estiagem, provocando um

incêndio que atingiu não somente a área do Pico da Ibituruna, como também toda

zona de amortecimento e várias propriedades rurais em seu entorno. A medição, como

o Estado não possuía o GPS (Global Positioning System), a área atingida foi calculada

através das documentações das propriedades atingidas por completo, as atingidas

parcialmente e as do Pico da Ibituruna foram por estimativa, toda a área atingida foi

percorrida à cavalo e à pé, por militares do Corpo de Bombeiros em vistoria pós

sinistro. Os anos de 2004, 2005 e 2006 tiveram uma quantidade menor de área

atingida, segundo o IEF, isto se explica pela pouca disponibilidade de material

combustível (vegetação) e que a empresa Vale S.A., estaria executando o projeto de

recuperação da área atingida pelo incêndio florestal causado em 2003 e mantinham

brigadistas para a proteção da área em recuperação. Nos anos subsequentes, os

focos dos incêndios voltaram a surgir nos meses de menor incidência de chuvas e

atingiram grandes proporções de área de vegetação. No ano de 2013, o Pico da

Ibituruna (APA), em processo para se tornar Monumento Natural, no mês de agosto

teve um foco de incêndio que iniciou próximo às torres de comunicações e devido às

condições do tempo, da vegetação e a área ser de difícil acesso, espalhou suas

chamas rapidamente, consumindo grande quantidade de vegetação.

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Tabela 1 - Área queimada entre os anos de 2003 a 2013

INCÊNDIOS NO PICO DA IBITURUNA

ANO MESES ÁREA QUEIMADA

2003 Março a Outubro 22.146,3 ha

2004 Setembro 17,4 ha

2005 Julho a Outubro 8, 3 ha

2006 Julho a Outubro 5,2 ha

2007 Junho a Outubro 102,2 ha

2008 Julho 200,5 ha

2009 Junho a Outubro 56,04 ha

2010 Agosto a Outubro 90,21 ha

2011 Junho a Novembro 120,3 ha

2012 Maio a Outubro 545,1 ha

2013 Julho a Outubro 235,7 ha

TOTAL 23.519 ha

Fonte: Polícia do Meio Ambiente, IEF e Corpo de Bombeiros.

3.1 IMPACTOS SENTIDOS APÓS INCÊNDIO FLORESTAL

A Figura 3 retrata um incêndio florestal ocorrido em agosto de 2013, no qual

foram consumidos aproximadamente 30ha (trinta hectares) de vegetação e segundo

dados da Polícia do Meio Ambiente, o foco teria dado início próximo às torres e um

casal de namorados são suspeitos de terem ateado o fogo, isto segundo testemunhas,

e que devido às condições do tempo e a vegetação seca alastrou rapidamente, pelo

local ser de difícil acesso, dificultou as ações do corpo de Bombeiros na sua extinção.

Figura 3 - Incêndio Florestal no Pico da Ibituruna

Fonte: Arquivo 6º BBM (agosto/2013).

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A imagem de figura 4 foi capturada durante a visita pós sinistro realizada pela

Polícia Militar do Meio Ambiente para mensuração da área atingida pelo incêndio.

Figura 4 - Visita para mensuração da área queimada.

Fonte: Arquivo 8ª Cia Ind PM MaT, 2013.

Segundo Araújo (et al 2013), com a perda da cobertura vegetal, o processo

erosivo do solo é agravado, pois com a vegetação a velocidade do escoamento

superficial diminui, evitam o impacto direto das gotas da chuva com o solo e suas

raízes ajudam a retê-lo.

A figura 5, retrata o solo com processos erosivos como deslizamento de

encosta e voçoroca, demonstrando alguns dos efeitos do impacto sofrido pelos

incêndios florestais nesta localidade.

Figuras 5 - Processos erosivos do solo.

Fonte: Flávio (2014).

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De acordo com Araújo (et al 2013), a falta de vegetação no solo, também reduz

o nível de infiltração na bacia hidrográfica, diminuindo a carga hídrica das nascentes e

reduzindo o nível do lençol freático.

A figura 6 mostra um dos córregos do Pico da Ibituruna, com um volume ainda

razoável.

Figura 6 – Córrego de nome desconhecido.

Fonte: Flávio (2014).

A figura 7 mostra o leito do córrego do rojão, local onde proporcionava a

diversão dos jovens, porém o volume de suas águas eram maiores e formavam

algumas piscinas naturais, suas águas antes, cristalinas, serviam para abastecer os

cantis antes da subida ao Pico.

Figura 7 - Córrego do Rojão.

Fonte: Flávio (2014)

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Segundo Martins (2013), as gramíneas braquiária (Urocloa decumbens) e o

Capim gordura (Melinis minutiflora), são espécies inibidoras da regeneração de

espécies arbustivo-arbóreas. Estas espécies invasoras se espalham com facilidade e

dificultam ou até mesmo impossibilitam a germinação, ploriferação ou rebrota das

espécies nativas que necessitam de uma quantidade maior de nutrientes no solo e

pontos maiores de luz solar. Outra espécie invasora é o Capim Colonião (Panicum

maximum), que foi introduzido na região pelos pecuaristas, segundo Espíndola (2005),

devido ao seu manejo (queimada), relevo e clima se alastrou de maneira incontrolada.

As terras cobertas pela floresta foram tomadas pelo

capim-colonião (Panicum maximum Jacq. Var. maximum)

num rítmo maior que o avanço da atividade humana. A

gramínea africana encontrou condições excepcionais

para se alastrar, dadas pelo relevo, pelo clima e pelo

manejo praticado por agricultores e fazendeiros. As suas

características biológicas favoreceram o avanço das

pastagens (ESPÍNDOLA, 2005).

A figura 8 traz a imagem de uma das espécie de vegetação invasora, trazidas

pelos pecuaristas da região, presentes em toda a extensão do Pico da Ibituruna.

Figura 8 – Capim braquiária.

Foto: Flávio (2014)

Segundo o Corpo de Bombeiros, nos meses em que ocorrem os incêndios

florestais, observa-se o aumento da evasão dos animais silvestres para as áreas

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urbanas, quando não são atingidos pelas chamas dos incêndios.

A figura a 9, mostra uma raposa que surpreendeu uma equipe do Corpo de

Bombeiros que seguiam para uma das frentes de combate ao incêndio florestal, que

saindo da área queimada veio a óbito poucos metros a frente da Guarnição de

Bombeiros, como não possuía nenhum sinal de queimadura, levantou a suspeição de

morte por asfixia.

Figura 9 – Raposa morta em decorrência do incêndio florestsl.

Fonte: Arquivo do 6º BBM.

3.2 PROPOSTA DE RECUPERAÇÃO DA ÁREA DEGRADADA.

Segundo recomendações básicas de sistema de manejo de solos do curso de

recuperação de áreas degradadas da Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuária

– Embrapa, a providência mais importante a ser tomada, é a de preparação do solo,

com o objetivo de fornecer condições ideais para a semeadura, germinação,

desenvolvimento e produtividade da vegetação, tendo como primeira providência a

supressão do uso da queimada, visando o acúmulo de substrato para a produção de

microrganismos, estes imprescindíveis na capacidade produtiva do solo, tornando o

ambiente propício às sequencias dos processos ecológicos de sucessões.

Segundo Tavares (et al 2008), a sucessão primária é o processo ecológico que

ocorre em área sem a cobertura vegetal, que tem o objetivo a formação de um

ecossistema mais complexo como acúmulo de biomassa e matéria orgânica no solo,

onde o fluxo de nutrientes e energia torna estável o processo. Já a secessão

secundária ocorre em ambientes já estabelecidos e está associada à renovação.

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A estratégia de manejo a se propor, em consenso com a equipe técnica do IEF,

é a de revegetação para recuperação de área degradada, utilizando várias espécies

para possibilitar a evolução natural, avançando na sucessão para o mais próximo da

estabilidade. Devendo ser selecionadas para a revegetação, as espécies que

apresentem funções ecológicas específicas e de alta tolerância a elevadas

temperaturas, baixa umidade, competição com invasoras e etc. As utilizações de

espécies típicas da região garantem o sucesso do processo, pois as mudas se

desenvolverão adequadamente e com baixo índice de mortalidade pós-plantio

(TAVARES, et al 2008).

A técnica proposta é a de plantio direto, que consiste em introduzir diretamente

no solo a muda ou semente, mantendo uma cobertura e contato adequado com a

terra.

A figura 10 traz imagens de espécies existente no local de estudo que servirão

de indicadores para novas espécies ali introduzidas.

Figuras 10 - Espécies existentes no local.

Fonte: Flávio (2014)

3.2.1 ESPÉCIES SUGERIDAS

Segundo Bertoni e Lombardi Neto (2008) o uso de leguminosas é uma prática

recomendada para recuperação de áreas degradadas, pois estas espécies utilizam a

própria vegetação para proteger o solo da erosão, produzem a matéria orgânica

através de sua incorporação, estimula diversos processos químicos e biológicos

melhorando sua fertilidade, exibem um sistema radicular profundo e ramificado

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aprofundando nas camadas do solo e que são capazes de formar simbiose com

bactérias fixadoras de nitrogênio atmosférico e com fungos micorrízicos. De acordo

com Azevedo (et al 2007), esta técnica de utilização de leguminosas na recuperação

de áreas degradadas, pode ser considerada de baixo custo e com bons resultados,

devido à existência de um grande número de espécies que ocorrem em várias regiões

do Brasil e à relativa facilidade na obtenção de sementes. A tabela 2 relaciona

algumas das espécies de leguminosas florestais, para dar início a um processo de

recuperação da área degradada.

Tabela 2 - Espécies de Leguminosas florestais:

Nome comum Nome científico

Acácia Acacia auriculiformis

Acácia Acacia crassicarpa

Acrocarpo Acrocarpus fraxinifolius

Albizia Albia lebeck

Calliandra Calliandra calothirsus

Cássia Cassia reticulata

Cássia Cassia siamea

Gliricidia Gliricidia sepium

Mimosa Mimosa acustistipula

Sabiá Mimosa caesalpiniaefolia

Fedegosão Senna maranthera

Sesbania Sesbania grandiflora

Fonte: IEF.

Segundo Kageyama e Gandara (2001), as pioneiras ou sombreadoras, são as

espécies de rápido crescimento que criam um ambiente adequado e favorável às

espécies que compõem o processo de sucessão natural nos ecossistemas. Por seu

porte, atraem dispersores de sementes, como aves, roedores dentre outros. A tabela 3

relaciona algumas espécies de Pioneiras florestais.

Tabela 3 – Espécies de Pioneiras:

Nome comum Nome científico

Paineira Bombacopsis stenopetala

Imbaúba Cecropia pachystachya

Paineira de espinho Chorisia glaziovii

Pau pra tudo Dimorphandra jorgei

Gameleira Ficus guianensis

Mamão jacatiá Jacatia spniosa

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Boleira Joannesia princeps

Quaresminha Miconia lepidota

Paineira rosa Pseudobombax grandiflorum

Cajá mirim Spondias macrocarpa

Cajá Spondias purperea

Quaresmeira Tibouchina stenocarpa

Angélica Vochysia tucanorum

Fonte: IEF.

De acordo com Martins (2013), As espécies pioneiras só se desenvolvem com

radiação solar direta, durante todo o ciclo de vida, crescem mais rápido que as

secundárias e clímax, fornecendo a sombra necessária para a sobrevivência e o

desenvolvimento destas, que necessitam de menos luz. As climácicas, árvores

predominantes na vegetação adulta (clímax), têm pouquíssima tolerância à luz durante

seu desenvolvimento e as secundárias, que necessitam de mais luz que as climácicas,

porém, não suportam tão bem o excesso de luz quanto as pioneiras. A tabela 4 traz

em sua relação algumas espécies de Secundárias.

Tabela 4 – Espécies de Secundárias:

Nome comum Nome científico

Angico Preto Acacia glomerosa

Jequitibá branco Cariniana estrelensis

Jequitibá rosa Cariniana legalis

Jequitibá cravinho Cariniana parvifolia

Cedro rosa Cedrela odorata

Imbiruçú Eriotheca macrophylla

Pau d’alho Gallesia integrifólia

Farinha seca Pterygota brasiliensis

Angico branco Senna multijuga

Caxeta Simarouba amara

Ipê felpudo Zeyhera tuberculosa

Angelim Pedra Andira ormosioides

Pequi vinagreiro Cariocar edule

Copaíba Copaifera langsdorffi

Louro Cordia trichotoma

Jacarandá Dalbergia nigra

Peroba amarela Paratecoma peroba

Roxinho Peltogyne angustifólia

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Pequi preto Qualea megalocarpa

Cinco folhas Sparattosperma leucanthum

Ipê roxo Tabebuia heptaphylla

Ipê amarelo Tabebuia riodocencis

Bicuiba Viola gardneri

Fonte: IEF.

A tabela 5 cita algumas espécies Climácicas, espécies estas, que

definem o desenvolvimento final da sucessão vegetal. Têm seu crescimento mais lento

e um ciclo de vida mais longo.

Tabela 5 – Espécies de Climácicas:

Nome comum Nome científico

Peroba osso Aspidosperma cylindrocarpon

Pau ferro Caesalpinia férrea

Gabiroba Campomanesis guazumifolia

Sapucaia Lecythis pisonis

Açoita cavalo Luehea mediterrânea

Parajú Manilkara bella

Parajú mirim Manilkara salzmannii

Braúna Melanoxilom braúna

Sucupira amarela Sweetia fruticosa

Orelha de onça Zollernia ilicifolia

Fonte: IEF.

3.2.2 MANUTENÇÃO

Segundo Martins (2013), para o sucesso de um projeto de recuperação de área

degradada é essencial a manutenção desta área, tendo como práticas principais o

controle permanente das formigas cortadeiras com a utilização de iscas granuladas

em dias não chuvosos e com umidades baixas, controle de espécies invasoras, roçada

dos cipós e capina manual ou química da área mantendo o plantio livre de

competições, devendo ocorrer duas vezes por ano ou de acordo com a necessidade,

aceiramento no período de seca para evitar a ação do fogo sobre o plantio,

cercamento da área para evitar o pisoteio das mudas, adubação de cobertura,

irrigação nas épocas de déficit hídrico acentuado e monitoramento periódico para

replantio no caso de mortandade de mudas.

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4 CONSIDERAÕES FINAIS

O presente trabalho aponta alguns dos impactos diretos ou indiretos sentidos

com os incêndios florestais no Pico da Ibituruna, tais como, a perda da cobertura

vegetal, a diminuição das espécies arbórea, diminuição da carga hídrica das

nascentes e dos cursos d’água, processos erosivos e evasão da fauna silvestre.

São imprescindíveis a realização de medidas mitigadoras que amenizem os

impactos ou solucionem os problemas aqui apresentados, será necessário também, a

elaboração de um plano de educação ambiental para a população, tanto para a

circunvizinhança e usuários, como para proprietários e funcionários de propriedades

daquela região, para a extinção do uso da queimada, associada a um monitoramento

rígido para a diminuição do número de ocorrências de incêndio e sua área atingida,

visando a proteção de espécies raras, endêmicas, vulneráveis, ou em perigo de

extinção, preservar os recursos hídricos, contribuir para o monitoramento ambiental,

criando para esta finalidade um programa de preservação e conservação e um plano

de manejo para gerenciar o Pico da Ibituruna.

A implantação desta proposta será de suma importância, visto solucionar os

impactos aqui apresentados, pois além de recuperar a flora do Pico do Ibituruna,

haverá o retorno da fauna dali evadida, que certamente retornará ao seu habitat,

recuperando também a estética do monumento natural, que em longo prazo estará

coberto com o bocel da mata atlântica.

Medidas como estas contribuem para que os nossos recursos hídricos, fauna e

flora sejam preservados e próprios para o uso humano e a manutenção dos processos

ecológicos, fazendo assim com que o homem conviva com a natureza de forma sadia

e sustentável.

5 REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Gustavo Henrique de Sousa; ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; GUERRA,

Antônio José Teixeira. Gestão ambiental de áreas degradadas. 10ª ed. – Rio de

Janeiro: Bertrand Brasil, 2013.

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Degradação do solo. Rio de Janeiro, 1989.

AZEVEDO, R.L.; RIBEIRO, G.T.; AZEVEDO, C.L.L. Feijão Guandu: Uma Planta

Multiuso. Revista da Fapese, v.3, n. 2, p. 81-86. 2007.

BERTONI, J; LOMBARDI NETO, F. Conservação do Solo, 7ª Edição, Editora Ícone.

São Paulo, SP. 2008, 355p.

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BRASIL, DECRETO Nº 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002 - Regulamenta artigos da

Lei no 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema Nacional de

Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras providências.

BRASIL, DECRETO No 97.632, DE 10 DE ABRIL DE 1989 - Dispõe sobre a

regulamentação do Artigo 2°, inciso VIII, da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, e

dá outras providências.

BRASIL, LEI No 9.985, DE 18 DE JULHO DE 2000 - Regulamenta o art. 225, § 1o,

incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, institui o Sistema Nacional de Unidades

de Conservação da Natureza e dá outras providências.

ESPINDOLA, Haruf Salmen. Sertão do Rio Doce. Bauru; Edusc, 2005. V. 1. 485 p.

GALVÃO, A. P. M. Reflorestamento de Propriedades Rurais para fins Produtivos e

Ambientais. Colombo, PR: Embrapa, 2000.

GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas,

2008.

GOVERNADOR VALADARE, LEI Nº 3.862, DE 04 DE JANEIRO DE 1994. Dispõe

sobre a proteção e o parcelamento do solo na área de proteção ambiental do Pico do

Ibituruna, Município de Governador Valadares.

GOVERNADOR VALADARES, LEI Nº 3.530, DE 28 DE MAIO DE 1992. Define como

de proteção ambiental para fins de preservação de mananciais, da flora e da fauna

silvestres e de proteção do patrimônio histórico e paisagístico, área situada no pico do

Ibituruna.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE. Cidades:

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recuperação. 2.ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo; FAPESP, p.

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LEMOS, J. J. S. Níveis de Degradação no Nordeste Brasileiro. Revista Econômica do

Nordeste, Fortaleza, v.32, n. 3, p. 406-429, 2001.

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MARTINS, Sebastião Venâncio. Recuperação de Áreas Degradadas. Viçosa, MG.

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MARTINS, Sebastião Venâncio. Recuperação de Áreas Degradadas: como recuperar

áreas de preservação permanente, voçorocas, taludes rodoviários e áreas de

mineração. 3.ed. - Viçosa, MG. Editora Aprenda Fácil. 2013.

MINAS GERAIS, DECRETO Nº 22.662, DE 14 DE JANEIRO DE 1983. Define como

de proteção especial, para preservação de mananciais e do patrimônio histórico e

paisagístico, área de terreno situada no pico do Ibituruna, Município de Governador

Valadares.

MINAS GERAIS, LEI 21158, DE 17 DE JANEIRO DE 2014. Estabelece os limites do

Monumento Natural Estadual Pico do Ibituruna, no Município de Governador

Valadares, e dá outras providências.

Resolução CONAMA Nº 001/1986 - "Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais

para a avaliação de impacto ambiental." - Data da legislação: 23/01/1986 - Publicação

DOU, de 17/02/1986, págs. 2548-2549 Status: Alterada pelas Resoluções nº 11, de

1986, nº 05, de 1987, e nº 237, de 1997.

SILVA, Romildo Gonçalves da .Manual de prevenção e combate aos incêndios

florestais.- Brasília : Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais

Renováveis, 1998.

TAVARES, Silvio Roberto de Lucena, MELO Adoildo da Silva, ANDRADE, Aluisio

Granato de, ROSSI, Celeste Queiroz, CAPECHE, Claudio Lucas. Curso de

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