Impactos de derramamentos de óleo em linhas de costa · Os muitos benefícios que o homem desfruta...

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Impactos de derramamentos de óleo em linhas de costa Guia de boas práticas para gestão de incidentes e para profissionais de resposta a emergências

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A associação global da indústria de óleo e gás para assuntos sociais e ambientais

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Relatório 534 da IOGP

Data de publicação: 2016

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Impactos dederramamentos de óleoem linhas de costaGuia de boas práticas para gestão de incidentes e para profissionais de resposta a emergências

Todas as fotografias são reproduzidas sob cortesia de Jon Moore, exceto caso indicado de outra forma.

Essa publicação faz parte da série Guia de boas práticas da IPIECA-IOGP, que resume a visão atual sobreboas práticas para diversos temas de prontidão e resposta de derramamentos de óleo. A série visa ajudara alinhar atividades e práticas de indústria, informar grupos de interesse e atuar como uma ferramenta decomunicação para promover conscientização e educação.

A série atualiza e substitui a bem estabelecida 'Série de relatórios de derramamento de óleo' da IPIECApublicada entre 1990 e 2008. Ela trata de temas que são amplamente aplicáveis aos setores deexploração e produção, além de atividades de navegação e transporte.

As revisões estão sendo realizadas pelo Projeto conjunto da indústria (JIP – do inglês Joint IndustryProject) para resposta a derramamentos de óleo da IOGP-IPIECA. O JIP foi criado em 2011 a fim deimplementar oportunidades de aprendizado com relação a prontidão e resposta de derramamentos deóleo após o incidente no Golfo do México ocorrido em 2010.

Observação sobre boas práticas

O termo 'boas práticas' é uma declaração de diretrizes, práticas e procedimentos reconhecidosinternacionalmente que permitem que a indústria de petróleo e gás tenha um desempenho aceitável naárea de saúde, segurança e meio ambiente.

As boas práticas para um determinado tópico mudarão ao longo do tempo diante de avanços detecnologia, experiência prática e compreensão científica, além das mudanças nos ambientes político e social.

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Prefácio

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Índice

Prefácio 2

Introdução 4

Ecossistemas e serviços das linhas de costa 4

Finalidade desse documento 4

Óleo nas linhas de costa: destino, 6persistência e remoção natural

Índice de sensibilidade ambiental 12

Impactos ecológicos do óleo 14em linhas de costa

Vida litorânea e sua suscetibilidade ao óleo 14

Plantas e invertebrados de litoral 15

Animais vertebrados do litoral 17

Costões rochosos 19

Costas sedimentares 22

Marismas 26

Manguezais 33

Recifes de corais 35

Restauração e tratamento de linhas 36de costa

Análise de benefício ambiental líquido 36

Opções típicas de limpeza 38

Restauração de litorais 43

Avaliação e monitoramento de linhas 45de costa oleadas

Distribuição e quantificação do óleo em 45linhas de costa

Avaliação e monitoramento dos impactos 46nas comunidades e biota

Referências e leituras adicionais 48

Manuais e documentos de orientação 48

Literatura sobre a trajetória e efeitos 49

Sites úteis 52

Agradecimentos 53

Ecossistemas e serviços das linhas de costa

Os ecossistemas de linhas de costa englobam uma grande variedade de habitats, incluindo rochasíngremes, seixos móveis e areia limpa de litorais abertos à lama macia, pântanos salgados e manguesdensos com estuarinas e outras enseadas abrigadas. Eles são colonizados por diversas espécies deplantas e animais e proporcionam alimentos e abrigo para muitas outras. Eles também proporcionaminúmeros benefícios para os ecossistemas próximos e para o meio ambiente como um todo. Os muitosbenefícios que o homem desfruta desses habitats e comunidades são chamados de serviçosecossistêmicos.

Os habitats litorâneos são geralmente áreas de alta produtividade biológica (isso é, a quantidade dematerial orgânico produzido por plantas e animais), podendo ser tão alta que há uma exportação líquidaconsiderável para ecossistemas marinhos próximos. Isso ocorre em sua maioria na forma de ovos ematerial de plantas em decomposição, esporos e larvas.

Além da grande variedade de plantas, algas (algas do mar) e invertebrados que vivem permanentementeem linhas de costa, muitos animais vertebrados também contam com recursos litorâneos. Muitos aves,peixes, mamíferos e répteis usam as linhas de costa para se alimentar da grande variedade deorganismos presentes. Algumas espécies, como tartarugas e diversos peixes, depositam seus ovos emlitorais. Outras, como focas, morsas e diversos aves, saem e descansam na área. Alguns litorais,especialmente marismas e mangues, são importantes como áreas de berçário para muitos peixes,incluindo espécies comerciais, ao proporcionar abrigo, proteção e alimentos para as etapas iniciais devida conforme crescem até se juntarem aos grupos adultos.

As linhas de costa fornecem proteção naturais para litorais contra os efeitos do mar. Mangues emarismas, em especial, formam uma camada dinâmica entre terra e mar, fornecendo uma defesa contrainundações e proteção contra erosão. Outros serviços importantes para os seres humanos incluemtratamento de água (remoção de contaminantes, nutrientes e sedimentos que são escoados da terra) eprovisão de pescado (especialmente mariscos), aquicultura (especialmente mariscos e algas marinhas),recreação, cultura e estética.

Os derramamentos de óleo de transporte, exploração e produção offshore, oleodutos ou instalações em terra podem ser uma ameaça para as linhas de costa. Uma vez que a maior parte do óleo flutua emanchas de óleo são movidas pelo vento e pelas correntes, o óleo derramado muitas vezes pode acabarchegando à costa. A contaminação das linhas de costa pelo óleo pode ter um impacto sério sobre asdiversas funções e serviços fornecidos por esses habitats, além de poder também afetar as populações deespécies associadas com as linhas de costa afetadas.

Finalidade desse documento

Este documento fornece uma visão geral sobre como derramamentos de óleo podem afetar recursos efunções de linhas de costa e quão rapidamente esses recursos e funções podem se recuperar. Ele tratados habitats e espécies características da zona entre-marés (isso é, a zona que está acima da água namaré baixa e abaixo da água na maré alta) de costas estuarinas e marinhas. Ele é baseado em evidênciascientíficas documentadas, inclui referências para estudos específicos e visa a comunidade de respostacomo um todo, composta por operadores, governos, empresas e o público.

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Introdução

A primeira seção, chamada "Óleo nas linhas de costa: destino, persistência e remoção natural", descreve a trajetória do óleo em diferentes litorais e as características que são relevantes para o impacto e arecuperação. Destaca-se as características e processos que afetam a persistência do óleo, uma vez que eles provavelmente influenciarão os efeitos de longo prazo.

A seção sobre impactos ecológicos do óleo em litorais proporciona uma descrição geral da suscetibilidadede diferentes organismos litorâneos ao óleo, além de descrições para cada habitat dos impactos típicos,resiliência, taxas de recuperação esperadas e os principais fatores que as determinam.

A terceira seção, com o título "Tratamento e restauração de litorais", considera a boa prática da atualidadepara a limpeza de litoral e como ela foi projetada para maximizar o benefício ambiental líquido.Descrições das possíveis vantagens e desvantagens das principais opções de tratamento são fornecidas,juntamente com exemplos de projetos de restauração realizados.

A quarta seção, chamada "Avaliação e monitoramento de linhas de costa oleadas", resume algumas das abordagens e requisitos fundamentais da avaliação de impacto, com foco na técnica de avaliação delimpeza de costa (SCAT).

Por fim, a seção Referências e leituras complementares fornece uma lista de referências e publicaçõesrelevantes.

A série Guia de boas práticas IPIECA-IOGP (GPG) inclui vários outros títulos, em especial o GPG com títuloImpactos de derramamentos de óleo sobre a ecologia marinha (IPIECA-IOGP, 2015a) que fornece umadiscussão mais ampla sobre o tópico de impactos dos derramamentos de óleo sobre a vida marinha.Outros títulos de relevância direta tratam de temas que incluem análise de benefício líquido ambiental(IPIECA-IOGP, 2015b), mapeamento de sensibilidade para a resposta a derramamentos de óleo(IPIECA/IMO/IOGP, 2012) e levantamentos de avaliação de litoral oleado (SCAT: IPIECA-IOGP, 2014). Para uma discussão sobre os impactos dos derramamentos de óleo em ambiente terrestre, lagos e riosconsulte o GPG sobre resposta em terra (IPIECA-IOGP, 2015c).

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

O petróleo cru e a maioria dos produtos de óleo são misturas complexas de hidrocarbonetos (para finsdeste documento, o termo hidrocarboneto é usado de forma genérica para incluir todos essescompostos orgânicos) com diferentes pesos moleculares e características físicas e químicas. Sederramado no ambiente marinho, o óleo fica exposto a diversos processos que mudam suascaracterísticas de forma rápida e progressiva e o redistribuem em outras partes no meio ambiente. Ascaracterísticas de diferentes óleos e os processos da trajetória do óleo que ocorrem no mar são descritosno Guia de boas práticas com o título Impactos de derramamentos de óleo sobre a ecologia marinha(IPIECA-IOGP, 2015a). Ao longo do tempo, todo o óleo restante na superfície do mar normalmente setorna mais viscoso e com menor toxicidade aguda - um processo conhecido como intemperismo. Emalgumas circunstâncias, o óleo pode permanecer no mar e nunca chegar à costa. Em climas muito frios,onde há formação de gelo ao longo da costa nos meses de inverno, ele pode formar uma barreira queimpede o oleamento do litoral. No entanto, em outras circunstâncias, ele pode chegar à costa, e issopode ocorrer de muitas e diferentes formas. Entre elas, estão: camadas finas; óleos leves frescos, quetendem a apresentar um efeito de toxicidade aguda maior; óleos e emulsões que passaram por forteintemperismo (muitas vezes chamados de mousse), que tendem a apresentar um efeito de recobrimento;e pequenos pedaços de óleo que sofreu intemperismo, chamados de bolas de alcatrão. Além disso, osorganismos litorâneos também podem ser expostos a hidrocarbonetos dispersos ou dissolvidos na água.O processo de dispersão é aprimorado ainda mais pelas ondas que atingem as linhas de costa.

Se o óleo chegar ao litoral, seu destino depende de diversos fatores adicionais, incluindo a topografia,composição e exposição do óleo a ondas e à energia de marés, além das características do óleoquando ele chega. A Figura 1 ilustra alguns desses fatores. Um exemplo extremo é aquele de uma

parede de rochas vertical em uma costaexposta a ondas, que provavelmente nãoserá atingida pelo óleo se uma mancha forimpedida pela ação das ondas refletidas. No entanto, a maioria dos mangues emarismas são tão abrigados das ondas ecorrentes litorâneas que, depois que o óleo é depositado, ele pode persistir pormuitos anos.

Em algumas condições, as ondas nas praiaspodem misturar o óleo que flutua comsedimentos suspensos na zona dearrebentação. O sedimento oleoso fica entãomais pesado do que a água e afunda, algoque pode resultar na formação de pelotas deóleo e camadas de piche na zona infralitoralperto da praia. Esse foi o resultado dooleamento de litoral em algumas áreas após oincidente de Macondo que ocorreu em 2010,no Golfo do México.

Os complexos padrões do movimento daságuas perto das costas tendem a concentrar oóleo em algumas áreas. Alguns litorais sãoconhecidos por agir como locais de coletanatural para lixo e algas soltas, e o óleo étransportado na região de forma similar. Adistribuição de diferentes substratos, além de

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Óleo nas linhas de costa: destino, persistência e remoção natural

Litoral oleado elimpeza (escavadorese tanques de águavisíveis) na costasuperior da Baia deAngle, em MilfordHaven, País de Gales,ilustrando umadistribuição dispersa de óleo noderramamento do Sea Empress, em 1996.

Camadas de óleo semisturaram com areia,depositando-se nolitoral inferior einfralitoral raso deGrande Isle, naLouisiana, durante o incidente com opoço de Macondo no Golfo do México em 2010.

pontos artificiais e naturais, como penínsulas, recifes, cordilheiras rochosas, margens de cascalho,correntes, gelo no mar, quebra-mares e paredões, em diversos de níveis, também afeta onde o óleo seconcentra em um litoral. O oleamento é normalmente disperso, até mesmo em litorais relativamenteuniformes; a maior parte do óleo normalmente se concentra em uma pequena parte do litoral totalafetado, enquanto a maior parte do litoral fica exposta a apenas oleamento leve ou camadas.

O óleo tende a não permanecer em superfícies permanentemente úmidas, incluindo na maioria dasalgas, mas costuma se prender firmemente se o substrato secar depois da maré ter recuado. As zonasentre-marés inferior e intermediária são expostas ao óleo flutuante e hidrocarbonetos dissolvidosdurante os ciclos de marés, mas há menor chance do óleo derramado permanecer nas áreas litorâneasinferiores. No entanto, ao longo da marca de maré alta e dentro da zona entre-marés superior,sedimentos costumam ser menos saturados com água e o óleo acaba se tornando mais pegajoso emsuperfícies quentes e ásperas; isso faz com que haja menor potencial de remobilização do óleodepositado pela ação subsequente das marés e das ondas. Litorais cobertos por gelo proporcionam certaproteção contra o óleo e podem limitar sua persistência, mas o óleo também pode ficar preso nas linhasde costa pelo gelo.

Alguns óleos podem penetrar em sedimentos litorâneos, dependendo de fatores como porosidade (comrelação ao tipo e tamanho de sedimento), a profundidade do lençol freático, a viscosidade do óleo e apresença de refúgios de animais ou poros deixados por raízes decompostas. Há pouca probabilidade dehaver penetração de óleo em planícies, devido às partículas finas e uma vez que normalmente sãosaturados em água. No entanto, um óleo de baixa viscosidade pode penetrar a profundidades de cercade um metro em um litoral de cascalho ouarena bem drenado ou nas tocas decaranguejos. Praias de seixos/pedrasapresentam a maior probabilidade depenetração e são mais comuns em latitudesmais altas, especialmente onde sãoabastecidas por detritos glaciais e onde hámenos materiais finos para preencher osespaços vazios. O óleo que penetra essessedimentos grossos pode então formar umasuperfície ou camada inferior que pode seraltamente persistente. Isso foi demonstradopelo projeto do derramamento de óleo daIlha de Baffin (BIOS; 1980-1983) na parte lestedo Ártico do Canadá. O projeto BIOS foi umdos maiores experimentos de camporealizados para observar a trajetória e osefeitos do óleo derramado, demonstrandotambém que, em climas frios, onde aviscosidade do óleo é relativamente alta e há poucas tocas de animais grandes, hápouca probabilidade de penetração emsedimentos finos.

O óleo derramado pode acabar enterradopor meio de diversos processos,especialmente durante tempestades. Ele também pode ficar preso em pântanos e ser enterrado pelos sedimentos recebidos.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

O óleo viscoso doderramamento deóleo de Worthy em1989 não penetrounos sedimentosarenosos deSouthampton Water,na Inglaterra.

O óleo doderramamento daGuerra do Golfo, em1991, contaminoutocas de caranguejosnas áreas demarismas do litoralsuperior da ArábiaSaudita, permitindoque o óleo penetrassea fundo essessedimentos finos.

Peter T

aylor

O óleo enterrado foi uma característica notável demuitas linhas de costa arenosas durante oderramamento de óleo da Guerra do Golfo, em1991, e do incidente de Prestige, em 2002, comcamadas de óleo chegando a ser cobertas por ummetro de areia em alguns locais. Também épossível que os depósitos de óleo enterradossejam expostos novamente pelos processosopostos de erosão.

Depois que o óleo atinge o litoral, as ondas emarés que o trouxeram realizam sua remoçãogradualmente de novo, em uma taxa quedepende de diversos fatores. A exposição do óleoa ondas, correntes de maré, tempo e clima, além

das características do litoral, são fatores significativos. Uma mancha de óleo exposta à intensas ondasprovavelmente não permanecerá no litoral por muito tempo, especialmente se sedimentos móveisproporcionarem uma ação de lavagem adicional. Em litorais Árticos, o gelo flutuante também poderemover resíduos de óleo. No entanto, quando o óleo fica preso em uma enseada abrigada, como umpântano ou mangue, podem ser necessários muitos anos para que o movimento limitado das águasremova o óleo preso. Mesmo em litorais relativamente expostos, aspectos topográficos pequenos erochas estáveis fornecem um abrigo localizado onde os resíduos de óleo podem persistir. As condiçõesdo tempo, como águas pluviais ou escoamento de tempestades, calor e luz do sol se combinam aoprocesso de intemperismo do óleo depositado em um litoral, enquanto a presença de argila na águapode ajudar a remover o óleo de substratos litorâneos por meio de um processo de floculação.

A biodegradação do óleo para dióxido de carbono e água é o destino final da maioria do óleo dosderramamentos, mas a taxa de degradação depende de diversos fatores, especialmente do tipo e pesomolecular dos hidrocarbonetos e da área de superfície disponível para que micróbios ataquem o óleo. O óleo que foi remobilizado da costa, seja em pequenas gotas ou fragmentos, ou que se prendeu apartículas de argila, fica disponível para biodegradação relativamente rápida por bactérias na coluna de água. Fragmentos maiores podem se depositar no leito do mar.

Se o óleo penetrar em sedimentos ou for enterrado abaixo da superfície, sua persistência seráprovavelmente maior uma vez que está menosexposto ao movimento das águas que poderiaremovê-lo e devido à menor disponibilidadede oxigênio e nutrientes que diminuem adegradação microbiana. Em sedimentoslamosos com pouca drenagem, apermeabilidade do oxigênio pode ser tão baixaque pode-se desenvolver condições anóxicas.As bactérias que vivem em condições anóxicaspodem degradar os hidrocarbonetos, masfazem isso mais lentamente em comparaçãocom os sedimentos oxigenados. A degradaçãode depósitos de óleo enterrados pode ser tãolenta que, dependendo das condições locais,eles podem manter característicasreconhecíveis de sua composição químicaoriginal por muitos anos. O mesmo óleo

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Uma camada de óleoenterrada abaixo da areia perto deManifah, ArábiaSaudita, durante oderramamento deóleo da Guerra doGolfo em 1991. Essafotografia foi tiradahá 11 anos após oderramamento (olápis foi usado parauma noção dasdimensões).

Nessa areia lamosa, a camada escuraanóxica natural podeser vista abaixo dacamada superioroxigenada de 1-2 cmde profundidade.Sedimentos lamososanóxicos sãonaturalmente pretosdevido à formação desulfetos de ferro ondenão há oxigêniosuficiente para aformação de óxidosferrosos, sendo àsvezes confundidoscom óleo. Elestambém podemapresentar o odor desulfato de hidrogênio(o cheiro de 'ovopodre'), que pode serconfundido comumodor de óleo.

Vulnerabilidade e sensibilidade ao óleo: a vulnerabilidade descreve a probabilidade de um recurso serexposto ao óleo. A sensibilidade presume que o recurso está exposto ao óleo e descreve o efeitorelativo de tal exposição. Dessa forma, um coral em alto-mar pode ser sensível mas não vulnerável a um derramamento de óleo na superfície, enquanto uma alga marinha de costões rochosos pode servulnerável mas não sensível.

Toxicidade é o potencial ou capacidade inerentes de um material causar efeitos adversos emorganismos vivos; a toxicidade aquática é o potencial de uma substância química ter efeitos tóxicos em organismos aquáticos.

Exposição é a combinação da duração da exposição à substância química e da concentração dasubstância.

A rota de exposição é a maneira pela qual o organismo é exposto à substância, incluindo ingestão(diretamente ou no alimento), absorção por guelras ou contato com a pele.

A magnitude de um efeito tóxico depende da sensibilidade de um organismo às substâncias químicas, mas também é uma função de ambas concentração e duração da exposição à substância.

Toxicidade aguda e crônica: a toxicidade aguda envolve efeitos nocivos em um organismo por meio de exposição única ou curta. A toxicidade crônica é a capacidade de uma substância, ou mistura desubstâncias, causar efeitos nocivos ao longo de um período prolongado, normalmente após exposiçãocontínua ou repetida, às vezes durante toda a vida do organismo exposto.

A biodisponibilidade é a extensão a qual uma substância química está disponível para absorção em um organismo e determina a capacidade da substância de expressar sua toxicidade e sua taxa debiodegradação.

Caixa 1 Terminologia

enterrado em um sedimento bem oxigenadosofrerá degradação mais rapidamente, masainda pode permanecer como uma camadade subsuperfície persistente em algunsambientes litorâneos. Com o tempo, abiodegradação reduz a toxicidade dosedimento e possibilita a recolonização por um número cada vez maior de animais e plantas.

A persistência também é afetada pelatemperatura da água e do clima, uma vezque o óleo é mais viscoso em ambientes friose processos biológicos podem ser maislentos. A biodegradação do óleo porbactérias pode ocorrer rapidamente na águae sedimentos em qualquer clima, mas o retrabalho de sedimentos contaminados por plantas e animais émais lento em regiões polares, especialmente durante os períodos de inverno. Em locais onde ossedimentos litorâneos podem congelar, a penetração do óleo pode ser limitada.

Conforme o óleo sofre intemperismo, ele se torna mais viscoso e menos tóxico, às vezes permanecendocomo um resíduo de alcatrão no litoral superior. Tais resíduos normalmente contêm uma grandeproporção de hidrocarbonetos de alto peso molecular que podem sofrer biodegradação apenaslentamente. A persistência de resíduos de óleo também é uma função de sua espessura, uma vez que aatividade bacteriana e o intemperismo só podem ocorrer na superfície do óleo. Em situações onde o óleose mistura com cascalho solto no topo de um litoral, ele pode formar uma 'camada asfáltica'. Taisresíduos e camadas podem resistir por muitos anos, alterando significativamente o habitat e impedindo

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Resíduos de óleo doderramamento deMetula, em 1974, em Tierra del Fuego,Chile, aindapermanecem emáreas de marismas.Em climas maisamenos, o óleo teriase rompido maisrapidamente edegradado pelacolonização ecrescimento maisativos de plantas emicro-organismos.

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a colonização. Em Milford Haven, no País de Gales, resíduos de alcatrão resultantes do bombeamento detanques de estocagem de óleo em agosto de 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, ainda estãopresentes em um litoral rochoso próximo. Depois que as superfícies dessas manchas de alcatrão sesolidificam e passam por intemperismo, qualquer toxicidade restante fica efetivamente presa. Apercolação gradual de hidrocarbonetos por resíduos de óleo pode resultar em uma exposiçãoprolongada de baixo nível (crônica) a organismos marinhos próximos. No entanto, quanto maispersistente o óleo, mais lenta será tal percolação e, como resultado, as concentrações de hidrocarbonetos

na água ao redor podem ser tão baixas que não terãonenhum efeito tóxico significativo.Essa é considerada uma situação similar àquela dealgumas áreas entre-marés de Prince William Sound,no Alasca, onde quantidades relativamente pequenasde resíduos de óleo do derramamento de ExxonValdez, de 1989, ainda persistem abaixo de grandesrochas. Evidências de estudos com biomarcadoressobre a exposição contínua de lontras e alguns aves a hidrocarbonetos, até nove anos após oderramamento, foram ligadas por alguns dospesquisadores aos resíduos de óleo persistentes,enquanto outros concluíram que esses resíduos nãolevaram a nenhum efeito ecológico significativo. Uma discussão mais aprofundada sobre a toxicidadeaguda e crônica é fornecida no Guia de boas práticasIPIECA-IOGP sobre os impactos dos derramamentos de óleo sobre a ecologia marinha (IPIECA-IOGP, 2015a).

A recuperação de habitats contaminados normalmente ocorre por um processo de sucessão gradual.Conforme a toxicidade diminui devido aos processos de intemperismo e biodegradação, um númerocada vez maior de animais e plantas realiza a recolonização. Algumas espécies são capazes de suportaraltas concentrações de óleo e longos períodos de exposição ao óleo sem sofrer os efeitos tóxicos; essascostumam ser as primeiras espécies a recolonizar o habitat de forma oportunista. Essas espécies

oportunistas podem então ajudar a romper o óleo emelhorar a degradação, abrindo o caminho para acolonização para espécies mais sensíveis.

As interpretações atuais da recuperação ecológica seconcentram nas funções fornecidas pelo habitatcontaminado em vez da própria contaminação, mas, nocaso de impactos de derramamentos de óleo de longoprazo, elas ocorrem geralmente devido à contaminaçãopersistente. Compreender a persistência do óleo emdiferentes situações é então o segredo para a avaliaçãodo tempo de recuperação. No entanto, o porte e aforma da contaminação persistente são importantes aolevar em conta o significado ecológico, juntamentecom uma noção dos níveis secundários naturais dehidrocarbonetos e do contexto de outros fatoresnaturais e antropogênicos que causam estresse. Arápida recuperação após os derramamentos de óleo écomum na maioria das áreas afetadas. A recuperação

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Cobertura de picheem rocha de praia nacosta do Egito no Mar Vermelho. Aspoucas espécies quesão adaptadas paraviver nesses litoraisprecisam de refúgiosescuros fora doalcance do sol. Os resíduos de pichepodem cobrir essascavidades e reduzir a disponibilidade do habitat.

Óleos residuais doderramamento daExxon Valdez, em1989, continuam emalguns litorais depedras grandes emPrince William Sound,no Alasca, onde ogrande processo deoleamento penetrouem camadas desedimentos porososprotegidos contraprocessos deintemperismo porcamadas de rochas eestrutura de seixos.

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Leitos de rochas transversais expostos

Praias de pedras grandes/rochas abrigadas

óleo jogado na linha preamarem condições de agitação

leitos de rochas

turfa

pedras/rochas

o óleo enterrado pode persistir por décadas

lixiviação de óleo em sedimentos por meio da lavagem pelas marés

extensão máxima da ação das ondas em condiçõesde calmaria durante a maré de sizígia

erosão no óleo derramado pela ação das ondas

óleo mantido na região o�shore pela re�exão das ondas

média de nível alto da água

média de nível alto da água

média de nível baixo de água

evaporação e biodegradaçãopenetração e persistência do óleo aumentam com o tamanho de grãos de sedimentos

sem ondas quebrando, então erosão apenas limitada do óleo derramado

nova suspensão pela elevação causada pelas marés

média de nível baixo da água

Fonte: IP

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lenta normalmente limita-se a pequenas partes do litoral onde o óleo é mais persistente. Um objetivoprimário da resposta a derramamentos de óleo é limitar o risco do óleol Óleo combustível pesado dos derramamentos de Arrow, em 1970, contaminou mais de 300 km do

litoral da Baia de Chedabucto na Nova Escócia, Canadá. A maioria das áreas ficou intocada para alimpeza natural, e um levantamento detalhado realizado em 1992 detectou óleo residual em 13,3 kmde linhas de costa, com oleamento pesado restrito a 1,3 km das costas com baixa presença de energiadas ondas. Estudos sobre as comunidades entre-marés afetadas foram realizados na época doderramamento e demonstraram níveis significativos de mortalidade de muitas espécies, incluindomoluscos em Black Duck Cove. O recrutamento desse molusco foi significativamente afetado pelacontaminação persistente, mas melhorou conforme o óleo sofreu intemperismo e a toxicidade caiu.Seis anos depois do derramamento, os níveis tóxicos de óleo permaneceram em sedimentos da áreade Cove e as taxas de crescimento de moluscos caíram significativamente. Estudos posteriores,realizados 23 e 27 anos após o derramamento, descobriram que sedimentos dessas áreas aindacontinham altas concentrações de hidrocarbonetos, mas a toxicidade era bastante inferior, conformemedido pelos indicadores de efeitos de exposição em peixes chatos e outros testes de toxicidade.

l Óleo cru leve do Mar do Norte do derramamento do Sea Empress, em 1996, atingiu cerca de 200 kmdo litoral de Pembrokeshire no País de Gales. As operações de limpeza removeram óleo de algunslitorais e se concentraram em praias turísticas, mas a maior parte do óleo que atingiu o litoral foideixada para a limpeza natural. Estudos documentaram os impactos agudos significativos sobre a vidalitorânea, mas quantidades quase insignificativas de óleo eram evidentes dentro de menos de trêsanos, compostas por algumas pequenas manchas de alcatrão e camadas asfálticas em locais muitoabrigados. Quase todos os impactos conhecidos sobre habitats costeiros e a vida selvagemdesapareceram dentro de cinco anos.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Figura 1 Exemplo da trajetória do óleo em litorais

Índice de sensibilidade ambiental

O índice de sensibilidade ambiental (ISL), possui uma escala de 10 pontos que integra todos os fatoresdescritos acima, além de outros, para classificar litorais de acordo com a provável persistência do óleo.Quanto mais alto é o número de ISL, maior é o potencial de persistência do óleo. Uma vez que apersistência do óleo é a principal causa de impactos a longo prazo, a escala pode ser usada para avaliar opotencial de recuperação. No entanto, ela foi projetada principalmente para categorizar tipos de litoraisem mapas de sensibilidade usados durante uma resposta de emergência, para auxiliar na tomada dedecisões de resposta, na priorização e na seleção das técnicas de tratamento de litoral mais adequadas. É possível obter mais informações no Guia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre mapeamento desensibilidade para resposta a derramamento de óleo (IPIECA/IMO/IOGP, 2012).

A Tabela 1 resume as características gerais da escala de ESI. A escala também foi adaptada para algunslitorais regionais, com subcategorias específicas dessas regiões; elas, no entanto, não foram incluídas no presente documento.

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Tabela 1 Características gerais da escala de ESI

ESI Descrições de linhas de costa

1 a) Costões rochosos expostos Declividade íngreme. O óleo normalmente fica mantido na regiãooffshore pelas ondas reflexivas. Todo o óleo depositado é rapidamente removido pela ação dasondas. Impactos em comunidades entre-marés são normalmente de curto prazo, exceto caso aexposição aguda a um produto de óleo leve e fresco cause altas taxas de mortalidade.

b) Estruturas artificiais expostas Inclui paredões, quebra-mares, etc. Similar ao acima.

2 a) Plataformas em leitos de rocha expostas e lapidadas pelas ondas. Plataforma de largura variável e declive leve. Muitas vezes protegidas por uma escarpa íngreme, às vezes com sedimentos na base. Piscinas e fendas são comuns, possivelmente com cascalho solto. O óleo não gruda na plataforma, mas pode se acumular em cascalho na linha de preamar. A persistência énormalmente de curto prazo.

b) Escarpas expostas e taludes em argila. Normalmente ocorrem ao longo de canais por pântanosonde as correntes cortam uma margem íngreme. O óleo não se prende à superfície de argila, mas possivelmente em uma marca superior de água. Todo o óleo depositado é rapidamenteremovido pelo movimento das ondas.

3 a) Praias arenosas de grãos finos a médios. Topografia plana ou declive moderado com grãos bemcompactados. Algas marinhas podem se acumular ao longo da faixa litorânea. O óleo pode cobrirgrandes áreas, mas ele vai subir a praia inferior e se concentrar ao longo da zona entre-maréssuperior. O óleo pode penetrar na areia ou ser enterrado, causando uma queda na fauna emsedimentos. Essas praias normalmente são as mais fáceis de serem limpas.

b) Escarpas e taludes que sofreram erosão em areia ou turfa. Ocorre quando há passagem inferior deágua em ribanceiras de areia. Podem ter uma praia estreita ao longo da base, mas seu uso pelafauna é limitado. Podem ter importância sazonal para aves. O óleo derramado se concentrará nalinha de preamar e pode penetrar na areia. O tempo de estadia do óleo é normalmente curto.

4 Praias arenosas de areia grossa Declive moderado de sedimentos macios. A fauna em sedimentos é limitada. O óleo pode cobrir grandes áreas, mas ele vai subir a praia inferior e se concentrar aolongo da zona entre-marés superior. O óleo pode penetrar na areia ou ser enterrado a mais de 1 m de profundidade, causando uma queda na fauna em sedimentos. O sedimento é muito maciopara a passagem de veículos.

continuação...

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Tabela 1 Características gerais da escala de ESI (continuação)

ESI Descrições de linhas de costa

5 Praias mistas de areia e cascalho Podem haver zonas de areia, seixos ou rochas móveis e adistribuição pode variar. A fauna e a flora são normalmente limitadas, exceto pelos substratos mais estáveis. O óleo pode cobrir toda a praia, mas ele vai subir a praia inferior e se concentrar ao longo da zona entre-marés superior. O óleo pode penetrar nos sedimentos ou ser enterrado. Uma camada asfáltica pode se desenvolver em locais abrigados.

6 a) Praias de cascalho, de seixos e grandes rochas. Podem ser íngremes com bermas formadas pelasondas. A fauna e a flora são normalmente limitadas, exceto pelos substratos mais estáveis napraia inferior. O óleo derramado pode penetrar a fundo, pode ser empurrando sobre a linha depreamar e ser bastante persistente. Uma camada asfáltica pode se desenvolver em locaisabrigados. Potencial para oleamento crônico.

b) Enrocamento. Blocos de rochas ou concreto para proteção do litoral. O óleo pode penetrar afundo e se prender em superfícies ásperas. Potencial para oleamento crônico.

7 Planícies de maré expostas Áreas planas e amplas de areia com alguma combinação de lama ouconchas. Normalmente em enseadas de maré. Saturado por água, exceto em cordilheiras mais altas.Pode apresentar organismos vivos em sedimentos densos e ser importante para aves palustres. O óleo não se prende ao sedimento molhado, mas se acumula na linha de preamar e pode penetrarno topo de cordilheiras. Pode haver uma queda significativa na fauna de sedimentos.

8 a) Costões rochosos protegidos Permeabilidade variável de acordo com os substratos. Podeapresentar altas densidades de fauna e flora presas. O óleo se prende em superfícies ásperas aolongo da linha de preamar, mas não nas superfícies de litorais molhados inferiores. O óleopenetra em pedregulhos dispersos, com possibilidade de persistência a longo prazo.

b) Estruturas artificiais abrigadas Inclui paredões, quebra-mares, etc. Similar ao acima.

9 a) Planícies de maré abrigadas Lama macia, com presença de areia e conchas. Frequentementeprotegidas por pântanos. Pode apresentar organismos vivos em sedimentos densos e serimportante para aves palustres. O óleo não se prende ao sedimento molhado, mas se acumula na linha de maré alta e pode penetrar em tocas. Possibilidade de deposição de sedimentoscontaminados. Pode haver uma queda significativa na fauna de sedimentos.

b) Margens baixas, abrigadas e com vegetação. Margens baixas de canais com grama ou raízes deárvores expostas. O óleo pode cobrir as gramíneas e as árvores com o alto nível de água.

10 a) Pântanos de água salobra e água salgada. Áreas alagadiças temperados e subtropicais dominados por plantas pantanosas. Sedimentos são lamas ricas em conteúdo orgânico, exceto na extremidade de canais de maré, onde podem ser arenosos. Abundância de flora e fauna. O óleo se prende à vegetação em crescimento. Camada de óleo pesado restrita à margem dopântano, mas óleos mais leves podem penetrar mais a fundo. Óleos médios e pesados nãopenetram em sedimentos úmidos, mas podem se agrupar em depressões. Óleos leves podempenetrar nos primeiros centímetros. Pode haver uma queda significativa na fauna e na flora.

b) Manguezais Pântanos arbustivos-arbóreos tropicais e subtropicais. Substratos variáveis, masnormalmente lamosos. Abundância de flora e fauna. O óleo se prende na vegetação emcrescimento e tende a se concentrar em bermas elevadas ou litoral, onde possa penetrar.Potencial para oleamento crônico. Pode haver uma queda significativa na fauna e na flora.

(nível de água extremamente alto das marés grades)EHWS

(média de nível alto de água nas marés de sizígia)MHWS

(média de nível alto de água das marés de quadratura)MHWN

Alcancede marés

de quadratura

Alcancede marésde sizígia

Curva demaré de

quadratura

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sizígia

12,4 horasDadográ�co

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(nível médio das marés)

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(média de nível baixo de águadas marés de quadratura)

MLWS(média de nível baixo de água

das marés de sizígia)

ELWS(nível extremamente baixo de água

das marés de sizígia)

Vida litorânea e sua suscetibilidade ao óleo

Espécies animais e vegetais que vivem nas linhas de costa devido aos alimentos, abrigo e substratosproporcionados também sofrem muitos problemas ambientais. Esses problemas estão relacionados àação das ondas, movimento de sedimentos e mudanças de maré (consulte a Figura 2) que resultam emgrandes flutuações diárias e sazonais em temperatura, salinidade, dessecação, predadores e adisponibilidade de alimentos e oxigênio. Uma vez que as linhas de costa são muito dinâmicas, cadaespécie consegue encontrar sua própria janela ideal. Os benefícios e problemas levam a sólidos padrõesde zonas verticais entre o topo do litoral, onde muitos dos organismos são robustos, e o litoral inferior,onde há uma tendência por maior biodiversidade. As comunidades litorâneas também são estruturadaspor outros fatores ambientais relacionados ao seu habitat, incluindo tipo de substrato, erosão edeposição, aspecto (em relação ao sol) e zona biogeográfica. Em regiões polares, as linhas de costatambém são altamente influenciadas pelo gelo flutuante. Os efeitos da contaminação de óleo emespécies e comunidades são altamente influenciados por todos esses fatores físicos, além dasensibilidade biológica que varia de espécie para espécie.

A ecologia da zona infralitoral rasa está associada com seu litoral adjacente e, como descrito na seçãoanterior, alguns dos processos que afetam o óleo no litoral podem resultar em maior exposição ao óleona zona infralitoral rasa. Essas áreas são muitas vezes caracterizadas por alta biodiversidade eprodutividade. Mais referências sobre comunidades e habitats de águas rasas são fornecidas nas seções

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Impactos ecológicos do óleo em linhas de costa

Figura 2 Ciclo típico de marés diurnas

O ciclo de marés écontrolado pela forçagravitacional da lua edo sol, de forma que ociclo lunar de cerca dequatro semanas vaidas marés de sizígia(lua cheia) até marésde quadratura (luaminguante, baixa) amarés de sizígia (sem lua) e marés de quadratura (lua crescente,enchimento) de voltaà lua cheia.

abaixo e no guia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre os impactos de derramamentos de óleo sobre aecologia marinha (IPIECA-IOGP, 2015a).

Lagoas costeiras também são estritamente associadas aos seus litorais adjacentes e são especialmenteimportantes em algumas partes do mundo, como, por exemplo, no Ártico. Elas estão expostas aflutuações ambientais que tendem a limitar sua biodiversidade, mas podem ter alta produtividade emuitas vezes são caracterizadas pelas espécies mais especializadas. A troca de água com o mar é, pordefinição, restrita, de forma que a penetração significativa do óleo também pode ser limitada. Noentanto, o óleo que não penetra provavelmente persistiria e teria impactos ecológicos.

A maioria das espécies passa por etapas sazonais em seu comportamento ou biologia (por exemplo,migração, alimentação, desova e troca de penas), algo que pode afetar significativamente suavulnerabilidade a um derramamento de óleo. Em litorais, isso fica mais aparente nos padrões migratórios de aves palustres, o comportamento de nidificação das tartarugas e o crescimento e asecagem de ramos sazonais de plantas de marismas. Esses e outros pontos são discutidos mais a fundo nas subseções abaixo.

Plantas e invertebrados de litoral

Todas as espécies entre-marés podem ser afetadas direta ou indiretamente pela contaminação de óleo,mas algumas são mais vulneráveis ou sensíveis do que outras. A maioria das algas marinhas, porexemplo, são naturalmente protegidas por uma camada mucosa que resiste ao óleo, e há diversasobservações de algas gravemente oleadas que foram limpas e sobreviveram aparentemente inalteradassem nenhuma assistência de humanos. Por outro lado, mangues podem ser mortos por qualquer óleoviscoso que sufoca os poros de respiração em suas raízes de suporte; os mangues dependem dessesporos para levar oxigênio até a planta.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Essa fotografiamostra uma árearetangular de rochas(centro) que foideixada intocada,rodeada por rochas que foram lavadassob pressão pararemover o óleo após oderramamento do Sea Empress em1996. A lavagem sobpressão tambémremoveu algas eoutros seres vivos dolitoral que levaram nomínimo dois anospara se recolonizar.Algas que foramoleadas mas nãolimpas, pareceramnão ser afetadas pelacontaminação.D

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Dependendo de onde e como um organismo vive, ele pode ser exposto ao oleamento de litoral emdiversas formas e os mecanismos de efeito também podem variar. O oleamento físico direto de plantas eanimais na superfície do litoral pode asfixiar e interferir com a alimentação. Além disso, a exposiçãoprolongada a altas concentrações de óleo pode resultar em toxicidade. Se o óleo não penetrar nossedimentos, os animais nesses sedimentos são muito menos afetados. Da mesma forma, a exposição aoóleo disperso na água em habitats infralitorais rasos e entre-marés será maior para filtradores, masmuitos animais que mantêm tocas em sedimentos estarão relativamente protegidos.

Mexilhões, moluscos e ostras são bivalves filtradores, filtrandoativamente grandes volumes de água por seus corpos paracapturar partículas de matéria orgânica. Consequentemente, elespodem acumular concentrações de hidrocarbonetos em seutecido que não podem metabolizar imediatamente, podendolevar semanas ou meses para expulsar a substância de seussistemas em um processo chamado de depuração. Dessa forma,bivalves são usados como indicadores da exposição ahidrocarbonetos e recuperação. Os bivalves podem sobreviver aaltas concentrações de óleo em seus tecidos, mas alguns estudostoxicológicos demonstraram que podem haver efeitos subletais,incluindo redução de crescimento, na capacidade reprodutiva eoutros efeitos a tecidos.

Muitos caracóis marinhos se alimentam de grama que sãovulneráveis e sensíveis a óleo de toxicidade aguda nas superfícies onde se alimentam. Os impactos sobreas populações dessas espécies, e os efeitos consequentes sobre a abundância de plantas e algas dasquais eles se alimentam, foram descritos após muitos incidentes de derramamento de óleo.

Pequenos crustáceos, especialmente anfípodes (um grupo altamente diversificado de animais que separecem com camarões pequenos), apresentam efeitos tóxicos agudos quando expostos a óleo fresco.Estudos dos sedimentos entre-marés de comunidades de turfa de alga que são colonizadas normalmentepor altas densidades de anfípodes descobriram que suas populações são muitas vezes dizimadas se esseshabitats são expostos a grandes concentrações de hidrocarbonetos dispersos ou solúveis em água porlongas durações.

Muitos outros seres invertebrados, incluindo esponjas, corais e esguichos do mar, se prendem a rochas,plantas ou outros substratos imóveis, de forma que mesmo se forem expostos a hidrocarbonetos edemonstrarem efeitos tóxicos, eles não serão lavados. A maioria dessas espécies prefere habitats que nãosecam na maré baixa, como, por exemplo, no litoral inferior em habitats molhados ou ao abrigo do sol,como poças ou saliências. A maioria dessas espécies, mesmo em concentrações relativamente altas de hidrocarbonetos, costuma sobreviver, exceto onde há exposição prolongada e localizada ourecobrimento por óleo persistente. Muitos estudos pós-derramamento demonstraram impactoslimitados sobre esses invertebrados sésseis, exceto caso os substratos nos quais eles vivem sejam afetados.

Como descrito na seção anterior, a recuperação lenta de uma comunidade litorânea muitas vezes sedeve ao óleo persistente, e a recuperação do habitat contaminado normalmente passa por etapassucessivas. No entanto, a recuperação ainda pode ser lenta em situações nas quais o óleo não épersistente. A taxa de recuperação é então determinada pela velocidade dos processos ecológicos,incluindo recrutamento de novos colonizadores, competição entre espécies e crescimento. Arecolonização de algas litorâneas e a maioria dos invertebrados se dá através de colônias de esporose larvas dos plânctons que normalmente ocorre anualmente ou com maior frequência. A taxa de

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Mexilhões filtradorescobertos por água namaré alta. A água éinalada pelo sifãoinalador grande (emforma de babado) eexpulsa pelo sifãoexalador menor. O óleo também pode ser inalado,absorvido pelo corpo e depoisgradualmenteliberado.

colonização por esse meio depende demuitos fatores biológicos e ambientais, masprovavelmente será significativamenteafetada por um derramamento de óleo senão houver resíduos persistentes. Outrasespécies invertebradas não possuem umestágio larval planctônico, e suarecolonização se dá através da migração deáreas litorâneas próximas. Novamente, ataxa de recuperação depende de diversosfatores, mas pode ser mais lenta se aspopulações tiverem sido dizimadas em umaárea ampla. Uma das razões por trás darecuperação lenta de algumas comunidadesem costões rochosos após o derramamentode Torrey Canyon, em 1967, foi a lenta recolonização por espécies de lapas (um molusco) no limite deseu alcance geográfico. A lenta taxa de crescimento também pode resultar em impactos a longoprazo, especialmente quando as espécies afetadas desempenham um papel estrutural essencial emuma comunidade que cresce com os organismos individuais. O melhor exemplo vem dos mangues,que desenvolvem grandes comunidades associadas conforme crescem, mas seu tamanho também éimportante no papel ecológico de outros organismos com crescimento lento. Um bivalve grande, porexemplo, possui capacidade muito maior de filtrar água, expelir e produzir ovos e esperma do quequalquer número de jovens colonizando a mesma área do leito do mar. Por fim, os impactos dasatividades de limpeza também podem resultar em uma recuperação lenta, e isso é discutido napróxima seção deste documento.

Animais vertebrados do litoral

Os litorais proporcionam um importante habitat para alimentação, criação e berçário para diversasespécies de peixes quando a maré está alta, enquanto diversos peixes jovens e alguns adultos serefugiam em piscinas ou habitats litorâneos inferiores quando a maré está baixa. Algumas espéciesmigratórias, como salmão e enguias, podem cruzar áreas entre-marés enquanto se deslocam de ou para habitats de água fresca. A contaminação de habitats litorâneos com óleo pode acabar afetandoessas espécies, e estudos pós-derramamento descreveram os impactos sobre as populações de peixes de litoral. Os arenques do Pacífico depositam seus ovos em macroalgas no litoral inferior e zonainfralitoral rasa, onde são vulneráveis ao óleo disperso e dissolvido na água. O óleo do derramamento de Cosco Busan, em 2007, apresentou efeitostóxicos sobre os embriões de arenques e foiligado às altas taxas de mortalidade deembriões na Baia de San Francisco Bay. Larvas e peixes em etapas iniciais de vida são sensíveisa hidrocarbonetos, mas as estratégiasreprodutivas da maioria das espéciespossibilitam que grandes perdas de jovensnormalmente aconteçam devido a predadores e outras causas de mortalidade. Uma pequenaproporção precisava sobreviver para manter aspopulações adultas.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Habitat litorâneoinferior com diversasespécies, com raízesde macroalgas,esponjas, esguichosdo mar, algascoralinas incrustadase ovos de peixes.

Ovos de arenque nolitoral inferior.

Lobos marinhos do sul agrupadosna terra.

Litorais, especialmente planícies de maré e asmargens lamosas de enseadas abrigadas, tambémproporcionam importantes áreas de alimentação,abrigo e nidificação para diversas espécies depernaltas, aves selvagens e outras espécies deaves. Muitas espécies são migratórias e podemmigrar em grandes números logo antes e duranteseus movimentos sazonais. Elas são maisvulneráveis a derramamentos de óleo nessasépocas. No entanto, sua vulnerabilidade aderramamentos de óleo depende amplamente daquantidade de tempo que elas ficam na superfíciedo mar, e, uma vez que a maioria das espéciesmigratórias não passa muito tempo na superfície,seu potencial de oleamento é bastante inferior

àquele de muitos outros aves costeiros. Dessa forma, as taxas de mortalidade são normalmente baixasem relação às populações regionais no momento do derramamento. As aves selvagens que habitamestuários e enseadas abrigadas são mais vulneráveis uma vez que ficam sobre a água, embora a maioriaprefira água fresca. Foi levantada a hipótese de que impactos sobre a disponibilidade de alimentos podelevar a efeitos indiretos sobre as populações de aves litorâneos para algumas espécies após certosderramamentos. Em um cenário de pior caso, isso pode afetar os requisitos de energia de uma populaçãode pernaltas. A perturbação por atividades extensas de limpeza de derramamento de óleo também podeafetar o comportamento de alimentação de aves litorâneos em áreas úmidas e, dessa forma, atrapalharsua capacidade de se alimentar de forma eficiente. Elas são especialmente vulneráveis logo após longosvoos de migração, quando suas reservas de energia estão baixas. A limpeza também pode afetar aatividade de nidificação de algumas espécies, incluindo andorinhas do mar e gaivotas, que aninham em poços de areia, cordilheiras de seixos de praia e outros habitats logo acima da água e perto de praias arenosas.

Focas, leões marinhos e morsas (coletivamentechamados de pinípedes) passam quantidadesdiversas de tempo no litoral, dependendo de suaespécie, sexo, idade e época do ano. As maioresagregações sazonais tendem a se formar em áreasde lazer bem estabelecidas, onde descansamdepois de se alimentar, criar e trocar de penas.Embora seus corpos sejam relativamenteinsensíveis à toxicidade do óleo, as membranasmucosas de seus olhos e bicos podem se inflamar,e os pinípedes serão mais vulneráveis quandoestão nas áreas de lazer ou perto delas. A maioriadas espécies também dá a luz no litoral e, emalgumas espécies, os mais jovens, que podem ser

vulneráveis a recobrimento por oleamento, podem permanecer em terra por vários dias. As carcaças depequenos números de focas, especialmente filhotes, foram encontradas após vários derramamentos, masefeitos significativos sobre as populações não foram identificados.

IEm algumas partes do mundo, tartarugas fêmeas se aninham acima da linha de maré alta de praias arenosas, retornando ao mesmo local na mesma época todos os anos. Seus ovos e os jovensrecém-nascidos ficariam vulneráveis ao óleo se atingidos pela substância durante sua estação denidificação. Os ninhos são enterrados de forma que os ovos são normalmente protegidos, mas os

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Pilrito-comum sealimentando namaré baixa.

recém-nascidos são mais vulneráveis enquantocruzam a praia juntos. Esses recém-nascidos sãomais sensíveis à toxicidade do óleo do queadultos. Há relatos de mortes de tartarugas jovens após alguns derramamentos. Os níveispopulacionais locais podem ser afetados no caso de um impacto grave na área de nidificaçãode tartarugas na época de reprodução, masnenhum efeito assim foi relatado ainda. Isso é discutido mais a fundo no Guia de boaspráticas IPIECA-IOGP sobre os impactos dosderramamentos de óleo sobre a ecologia marinha (IPIECA-IOGP, 2015a).

Costões rochosos

Os costões rochosos englobam uma grande variedade de habitats. Eles são normalmente classificados deacordo com a exposição a ondas e à zona de marés, mas outros fatores também são importantes parasua ecologia e para os possíveis impactos de um derramamento de óleo. Seres invertebrados e plantasque vivem nas superfícies expostas de rochas ficam desprotegidos contra o tempo e a energia do mar;mas costões rochosos são normalmente sólidos em diversas escalas, com declives variáveis, saliências,fissuras, fendas, cavernas, piscinas, superfícies debaixo de pedras grandes e diversas texturas desuperfície. Boa parte da riqueza de espécies em costões rochosos está associada a essas características,uma vez que proporcionam uma ampla variedade de habitats e micro-habitats com diversos níveis deabrigo contra o sol e a energia do mar.

A exposição às ondas e a intensidade do movimento das águas são fatores essenciais, uma vez quemuitas plantas e animais não estão adaptados para suportar fortes ondas e correntes que podem retirá-los das rochas. A persistência do óleo também depende amplamente das mesmas forças. Dessaforma, superfícies rochosas expostas à forte ação das ondas são normalmente dominadas por cracas elapas que se prendem firmemente e pequenos caracóis móveis capazes de se abrigar em fendaspequenas. Se o óleo derramado atingir essas superfícies, isso pode resultar na mortalidade dos animaisafetados; no entanto, é improvável que o óleopersista e os processos de recuperação naturalpodem começar logo que as concentrações deóleo tenham caído para níveis que não inibam arecolonização. Costões rochosos no Ártico estãosujeitos a gelo flutuante, que, da mesma maneira,limita a diversidade e também limitaria apersistência de óleo e o potencial de impactos.Algas e muitos outros invertebrados são maisbem adaptados a superfícies de costões rochososmais bem protegidos contra a ação das ondas.Costões rochosos protegidos contra ondas, emestuários e outras enseadas marinhas, são entãodominados por uma variedade de macro-algasmarrom, verde e vermelha, com diversosinvertebrados vivendo em e abaixo das algas. O óleo depositado nesses habitats pode não serremovido tão rapidamente a recuperação de

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

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Tartarugachocando acima da linha de maréalta de um litoral de areia.

Litoral rochosoíngreme,demostrando as zonas e micro-habitats.

impactos pode levar mais tempo. Estruturas artificiais, incluindo cais para embarcações, paredões eoutras proteções de litoral, são colonizadas por comunidades similares e podem ter característicassemelhantes que aumentam ou diminuem o potencial da persistência de óleo.

A escala ESI inclui quatro categorias e duas subcategorias de costões rochosos e litorais de substratosólido artificiais (ESI 1, 2, 6 e 8; consulte a Tabela 1 nas páginas 12 e 13) que resumem o provável destinoe a persistência do óleo derramado nesses tipos de litorais. Elas incorporam, até certo ponto, a influênciado declive, piscinas e outras características, mas a heterogeneidade de habitats de costões rochososmuitas vezes dificulta o trabalho na hora de prever impactos e a persistência. A maioria das costasexpostas a ondas apresenta pontos protegidos e áreas onde o óleo pode persistir, embora muitas costasprotegidas tenham superfícies verticais onde o óleo pode ser removido rapidamente.

Lapas, caracóis littorinídeos e outros moluscos que se alimentam de algas são um dos grupos deinvertebrados de costões rochosos que parecem mais sensíveis aos efeitos tóxicos agudos do óleo. Emespecial, a mortalidade das lapas foi amplamente relatada após derramamentos. Lapas desempenhamum papel ecológico importante em diversos habitats de costões rochosos em todo o mundo e sãoamplamente usados como o foco de programas de monitoramento de costões rochosos perto deunidades de tratamento de óleo. Estudos demonstraram que até mesmo pequenas quantidades de óleofresco na base de uma lapa apresentam narcotização, de forma que ela se solta da rocha e praticamenteimpossibilitando sua sobrevivência. Esse efeito foi bem demonstrado durante o derramamento de óleodo Sea Empress, em 1996, no País de Gales, onde houve alta mortalidade de lapas (mais de 50% do total e100% em algumas superfícies) nas costas altamente oleadas perto da origem do derramamento. Noentanto, quando grandes quantidades de óleo que passou por intemperismo do mesmo derramamentoatingiram costões rochosos mais distantes, depois de oito dias no mar, as lapas nesses litorais estavammuito menos afetadas devido à grande redução na toxicidade do óleo.

Em locais expostos às ondas, onde populações de lapas foram significativamente afetadas peloderramamento do Sea Empress, os últimos vestígios de óleo foram removidos pelas tempestades deinverno e a recuperação da comunidade passou por uma série de etapas sucessivas similares àquelasobservadas após outros derramamentos. Sem a pressão normal de alimentação de algas das lapas, asalgas verdes floresceram rapidamente e cobriram a rocha com uma densa vegetação. Algas fucoidesmarrons, normalmente incomuns em litorais expostos a ondas, colonizaram o litoral, tornaram-sedominantes após um ano e permaneceram assim por quase três anos antes de serem removidas pelaação das ondas depois que cresceram. Enquanto isso, jovens lapas foram depositadas por larvasplanctônicas no primeiro inverno e cresceram rapidamente nas algas abundantes. Suas densidadespopulacionais haviam retornado para os altos níveis depois de dois anos a e estrutura etária retornoupara as condições de pré-derramamento dentro de cinco anos.

Anfípodes, como discutido anteriormente nessa seção, são outro grupo de espécies conhecido por sersensível à toxicidade do óleo, e algumas espécies normalmente aparecem em turfas densas de algas decostões rochosos e nas raízes de macro-algas. Alguns estudos de pós-derramamentos descreveram aperda quase completa de populações de anfípodes por habitats de costões rochosos expostos a altasconcentrações de óleo em uma curta duração. No entanto, depois que as concentrações de óleoretornaram aos níveis secundários, a recuperação das populações afetadas ocorreu em menos de doisanos, e muitas vezes dentro de alguns meses.

Onde um óleo viscoso se prende e seca em superfícies ásperas ou agrupa em bolsões, algunsinvertebrados são suscetíveis a recobrimento. Cracas são filtradores e abundantes em diversos habitats de costões rochosos; elas podem sofrer alta mortalidade se o óleo grudar em seus corpos eimpedir ou afetar sua capacidade de alimentos. Depois que as carcaças de cracas e os depósitos restantes

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

(a) Depois de uma semana: lapas moribundas que caíramdas rochas depois da narcotização por óleo fresco.

(b) Depois de três meses: uma única lapa solitária ondenormalmente haveria grandes quantidades, rodeadapor uma densa vegetação de algas verdes resultanteda perda da pressão de alimentação de algas.

(c) Depois de três meses: ampla camada verde em todaWest Angle Bay e no litoral adjacente.

(d) Depois de um ano: a próxima etapa na colonização -um crescimento de algas fucoides onde esporoscolonizadores são normalmente comidos por lapas.

(e) Depois de um ano: cracas e lapas sobreviventes aindacobertos em algas verdes.

(f) Cinco anos após o derramamento: repopulação dacomunidade dominada por cracas que é característicadessa região.

Esquerda: exemplosde impactos erecuperação em West Angle Bay,Milford Haven, País de Gales, após o derramamento de óleo do SeaEmpress em 1996.

de óleo foram retirados, a rocha pode ser recolonizada por uma comunidade anual de cracas e arecuperação é normalmente rápida.

Embora a maioria das algas seja resistente à toxicidade de hidrocarbonetos, algumas das algas vermelhassão relativamente sensíveis. As algas coralinas, em especial, geralmente comuns em piscinas de rochas ehabitats de rochosos de litorais inferiores, podem ser lavadas e morrer devido ao seu contato com óleo.Liquens, nas rochas de costas superiores acima do nível de maré alta, podem ser vulneráveis ao óleo querespinga para cima durante climas agitados. Essas plantas de crescimento lento, cada uma sendo umcomposto simbiótico específico de uma alga e um fundo, podem ser sensíveis à recobrimento física e às altas concentrações de óleo dissolvido. A mortalidade e a lenta recuperação de comunidades deliquens foram descritas após diversos derramamentos, incluindo o derramamento de Erika, em 1999, em Brittany, na França.

Estudos comparativos de comunidades de algas em costões rochosos até dois anos antes, e menos deano depois, do derramamento de óleo do Prestige, em 2002 na costa Galícia da Espanha, não detectarammudanças discerníveis mesmo em pontos gravemente oleados.

Locais de costões rochosos onde um óleo viscoso pode acabar persistindo incluem fissuras de litoraissuperiores e cavidades protegidas por cordilheiras rochosas, depressões em plataformas de rochas delitorais abrigados contra ondas e nos interstícios entre ou abaixo de pedras grandes e pedregulhos.Como descrito na seção anterior, esses resíduos normalmente sofrem intemperismo pelo alcatrão epossuem baixíssima biodisponibilidade, mas ainda podem inibir a colonização de suas superfícies. Emsituações de alto oleamento, o alcatrão é capaz de asfixiar habitats e reduzir a complexidade de habitats.Isso ficou evidente após o derramamento de Vivita de 1986, onde uma quantidade significativa decobertura de alcatrão cimentou as costas de pedregulhos e reduziu os micro-habitats de caracóis eoutros moluscos protegidos contra o sol a tal nível que a riqueza de espécies ainda continuou reduzidaem 35% após sete anos.

Costas sedimentares

Sedimentos entre-marés podem variar de cordilheiras de pedras móveis a praias arenosas macia,planícies de argila firme e misturas complexas de partículas minerais finas e grossas. A composição decostas sedimentares normalmente inclui no mínimo alguns detritos orgânicos, podendo apresentargrande variabilidade em porosidade, dureza, penetração de oxigênio e teor de água e muitas outrascaracterísticas físicas e químicas que influenciam a ecologia marinha. Boa parte da vida em costassedimentares está escondida abaixo da superfície (consulte a Figura 3 na página 23), mas alguns serespodem ter uma diversidade e produtividade tão alta quanto comunidades acima da superfície.Dependendo do tipo de sedimento e outros fatores ambientais, as comunidades de animais que vivemnos sedimentos podem incluir altas densidades de poliquetas, caranguejos, anfípodes e outroscrustáceos, moluscos, anêmonas, pepinos do mar e ouriços do mar. O tamanho dos organismos podevariar de microscópicos até espécies de moluscos que vivem por vários anos e que podem chegar a maisde 1 kg. Uma divisão básica usada por biólogos de sedimentos é feita entre animais grandes (acima de0,5 mm, conhecidos como macrofauna), que fazem tocas em sedimentos, e animais pequenos(conhecidos como meiofauna), que vivem em espaços intersticiais entre as partículas de sedimentos.

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camada aeróbica estrelado mar

estrelado mar

anelídeopoliqueta

ouriçocoração

coró�o

berbigão

lambujinha

poliquetade areia

poliquetade areia

larvas que sealimentamna superfície

camarãolameirão

camada anaeróbica

poliqueta(arenicola brasiliensis)

poliquetaespinoide

anelídeopoliqueta

marisco decasca mole

Fonte: IP

IECA

A escala ESI inclui seis categorias de costas sedimentares (ESI 3, 4, 5, 6, 7 e 9—consulte a Tabela 1 naspáginas 12 e 13) devido ao grande conjunto nas características de litoral de sedimentos e ao efeito queelas têm sobre o provável destino e a persistência do óleo derramado. A ecologia de litorais desedimentos e os impactos que o óleo pode ter sobre eles varia consideravelmente, sendo que osprincipais fatores são exposição às ondas, composição de sedimentos, características de drenagem emobilidade, entrada de materiais orgânicos, salinidade da água e clima. Muitos desses fatores estãointimamente relacionados.

A mobilidade dos sedimentos afeta significativamente as comunidades deanimais e plantas que vivem neles, e um número relativamente baixo deespécies está adaptado a suportar a instabilidade de muitas areias ecascalhos expostos às fortes ondas e correntes. A ação do gelo no martambém pode resultar em condições inóspitas, e muitos litorais do Árticoapresentam colonização esparsa. A biomassa, a produtividade e a riquezade espécies das comunidades de costas sedimentares tendem a aumentarconforme a estabilidade sobe. Além disso, um número relativamente baixode espécies aquáticas está adaptado a suportar o estresse de viver nasáreas litorâneas superiores, exceto caso os sedimentos sejam muitolamosos e a água seja saturada a ponto deles estarem protegidos contra desidratação. Dessa forma, a quantidade e a variedade de vida em sedimentos de drenagem livre tendem a diminuir conforme se sobe no litoral

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Figura 3 Exemplo de fauna de sedimentos

©Sh

utterstock.com

Litorais árticos sãoambientes inóspitosque geralmenteapresentamcolonização esparsa.

Amêijoas e pelotas de óleo encalhadasna praia emPembrokeshire, Paísde Gales, durante oderramamento doSea Empress em1996. A análise detecidos dos moluscosconfirmou acontaminação peloóleo derramado.

Uma exceção importante à generalização acima ocorre quando ervas marinhas soltas e outros detritosorgânicos são depositados ao longo da linha de maré alta. Esse material de faixa litorânea é, a certoponto, efêmero e a quantidade varia de forma sazonal; ainda assim, ele proporciona uma importantecobertura temporária e um suprimento valioso de nutrientes para ecossistemas da praia, sendo assimrapidamente colonizado por diversos animais especializados, incluindo anfípodes (escavadores de areia),insetos, aranhas e besouros. Esses animais são oportunistas e suas populações variam significativamente,mas desempenham um papel importante na decomposição do material de faixa litorânea. Eles tambémsão um componente de presa importante para alguns aves. Uma vez que todo o óleo que chega à praiatambém tende a se concentrar na mesma área, essas comunidades de faixa litorânea são especialmentevulneráveis, mas a recuperação é normalmente rápida devido à sua facilidade natural para rápidarecuperação.

As comunidades de litorais de cascalho e areia de grãos grossos móveis (ESI 4, 5 e 6a) normalmente sãocompostas de populações esparsas de animais oportunistas que são pequenos (meiofauna) e móveiscom vidas curtas. Se o óleo penetrar nos sedimentos ou for enterrado, essas comunidades podem sergravemente afetadas pela toxicidade aguda do hidrocarboneto. No entanto, a recuperação do óleo oupela atividade de limpeza é normalmente rápida, exceto em casos nos quais o óleo persistente formauma fonte crônica de contaminação.

As comunidades de costas sedimentares mais estáveis, especialmente aquelas compostas de areia fina esedimentos lamosos (ESI 3a, 7 e 9a) apresentam grande variação em sua composição de espécies, estilosde vida, tamanhos e abundância de um litoral para outro. Elas também podem ser bastante irregulares,não sendo tão óbvio quanto em costões rochosos uma vez que os animais estão abaixo da superfície. A vulnerabilidade dos animais a qualquer óleo que atinge o litoral depende, em grande parte, de seumétodo de alimentação. Muitos invertebrados que vivem em sedimentos, incluindo a maioria daspoliquetas, se alimentam de matéria orgânica incorporada no sedimento e possuem pouco contato coma superfície. Elas estão relativamente protegidas contra o óleo na superfície dos sedimentos, exceto ondeele penetra nos sedimentos ou fica enterrado. No entanto, filtradores, incluindo moluscos bivalves eanfípodes, além de outras espécies que irrigam suas tocas com um fluxo constante de água oxigenada(por exemplo, alguns ouriços que vivem em tocas, camarões e caranguejos), são especialmentevulneráveis à toxicidade aguda dos hidrocarbonetos. Eles podem ser expostos ao hidrocarboneto aindaque o óleo não penetre nos sedimentos ou seja enterrado. A exposição a hidrocarbonetos dispersos àsvezes faz com que esses animais se ejetem dos sedimentos, onde podem ser levados para áreassuperiores do litoral e ficarem presos.

Durante o derramamento do Sea Empress em 1996, grandes números deberbigões, moluscos e ouriços foram lavados nos litorais arenosos pertodo sudoeste do País de Gales, onde havia pouca contaminação nossedimentos. Muitos dos moluscos e ouriços apareceram logo abaixo donível baixo de maré, na área infralitoral rasa, onde estão normalmentepresentes em altas densidades e são vulneráveis ao óleo disperso deregiões offshore e litorais. Sem óleo persistente presente, a recuperaçãofoi uma função do crescimento e processos de recrutamento natural, e amaioria das espécies afetadas tinha bom potencial de recolonizaçãoatravés de larvas planctônicas pelas populações não afetadas na área. A recuperação da maioria das espécies foi considerada completa dentrode dois anos, mas muitos dos bivalves são de vida mais longa e aspopulações das mesmas espécies não retornaram para os níveis pré-derramamento naquela época.

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Assim como mexilhões e ostras, moluscos entre-marés também acumulam concentrações dehidrocarbonetos em seu tecido, algo que eles não podem metabolizar prontamente. Dependendo daconcentração e da toxicidade dos hidrocarbonetos, os moluscos podem não apresentar um efeitodiscernível. No entanto, estudos sobre os efeitos da contaminação de óleo persistente em sedimentoslamosos após o derramamento do Arrow de 1970 demonstraram uma redução significativa nas taxas de moluscos seis anos após o incidente.

Anfípodes, como discutido na página 16, são sensíveis à toxicidade do óleo, e alguns sedimentos entre-marés são caracterizados por altas densidades desses seres. Suas populações podem ser dizimadas seesses habitats forem expostos, ainda que rapidamente, a altas concentrações de hidrocarbonetosdispersos ou solúveis em água. No entanto, a recuperação das populações afetadas é normalmenterápida.

Caranguejos, incluindo muitos que vivem em tocas, são um componente importante de diversos costas sedimentares entre-marés em regiões tropicais e subtropicais e podem dominar alguns habitats.As tocas podem criar um caminho para que o óleo penetre abaixo da superfície, algo que pode matar oscaranguejos e deixar resíduos persistentes. Grandes áreas de planícies de maré foram oleadas durante o derramamento da Guerra do Golfo de 1991 e populações de caranguejos fantasmas e outroscaranguejos-uçá foram gravemente afetadas. A recuperação foi rápida onde o óleo não persistiu ou foienterrado a profundidades superiores a suas tocas, mas 20 anos depois do derramamento ainda haviadiversas áreas onde a recolonização dos caranguejos era impedida pelo óleo.

A importância de costas sedimentares para aves palustres, tartarugas e outros seres vertebrados édiscutida nas páginas 17-19.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Acima, esquerda: planícies de maré abrigadas em Dawhat ad-Fadi, na costa do Goldo da Arábia Saudita, afetada pelo derramamento de óleo da Guerrado Golfo em 1991. A fotografia, de maio de 2002, mostra Don Aurand, que realizou estudos entre-marés em 1992, perto de um buraco que ele acaboucomo uma estação de amostragem 10 anos antes. A presença do buraco, depois de tantos anos, é uma prova da estabilidade do habitat devido ao seuabrigo extremo contra o movimento das águas e da falta de atividade biológica. Isso explica a lenta remoção natural da contaminação.

Acima, direita: as tocas de caranguejos visíveis na foto foram todas desocupadas e ainda estavam contaminadas por resíduos de óleo. Experimentos desdeentão demonstraram que caranguejos podem viver nesses sedimentos contaminados, mas que a recolonização é bastante lenta.

O derramamento afetou os processos naturais desse ecossistema ao ponto que o crescimento natural de camadas de algas obstruiu os canais e reduzirama entrada de água para planícies de maré superiores. Estudos de remediação estão em andamento, mas demonstraram que a raspagem cuidadosa decanais obstruídos pode aumentar o fluxo de água e melhorar a recolonização dos caranguejos.

Óleo combustível pesado do derramamento do Prestige, em 2002, contaminou praias arenosas expostasa ondas ao longo da costa de Galícia, na Espanha, e foi enterrado em profundidades variáveis de areia em diversos locais. Baixas concentrações de óleo persistiram sete anos após o derramamento. Impactossobre as comunidades da fauna da praia, incluindo redução de riqueza e abundância de espécies, foramdemonstrados após seis meses, mas não houve efeitos detectáveis após sete anos.

Análises de sedimentos dos litorais afetados pelo derramamento do Hebei Spirit, em 2007 em Taean, na Coreia, descreveram a redução de concentrações de hidrocarbonetos e sua toxicidade em praiasarenosas expostas ao longo de cinco anos. No entanto, concentrações significativamente tóxicaspermaneceram em sedimentos pelas planícies de maré abrigadas.

Marismas

Marismas (também conhecidos como mangues halófitos) crescem nas zonas de maré alta de litoraislamosos abrigados, onde são expostos à água do mar durante períodos de maré alta e, por isso,vulneráveis ao óleo flutuante. Eles podem cobrir grandes áreas e são normalmente divididos em zonaspela altura da maré; dessa forma, as áreas mais baixas, logo acima do nível alto da água em marés dequadratura, podem ser dominadas por uma espécie única de plantas, mas outras plantas colonizam epossuem uma vantagem competitiva em áreas superiores do litoral. O número de espécies de plantas énormalmente maior nas áreas de mangues superiores, que são normalmente mais estáveis e cobertascom menos frequência pela maré, se unindo às comunidades terrestres. Comunidades de plantas domangue também podem variar conforme salinidade, região e clima. Elas muitas vezes proporcionam umhabitat importante para aves, incluindo espécies criatórias residentes e espécies migratórias duranteprimavera e outono. Mamíferos pequenos, anfíbios e répteis podem ser comuns na parte superior dopântano, e peixes pequenos e jovens se alimentam e se abrigam nas gamboas. Mamíferos maioresfrequentes em pântanos em algumas regiões e agricultores podem usar pântanos como pasto para

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Um amplo marisma.

ovelhas e outros animais de criação. Pequenos invertebrados, especialmente poliquetas, caranguejos e bivalves podem estar presentes em altas densidades no sedimento lamoso e pequenos caracóisnormalmente se alimentam do caule, folhas e superfície de sedimentos. Diversas algas também podemser comuns.

Folhas de marismas, que são muitas vezes corrugadas, proporcionam uma grande área de superfície naqual o óleo pode se prender (consulte a Figura 4). Os caules e folhas da planta podem então sofrer danospor recobrimento e toxicidade química. Óleos refinados leves e frescos tendem a apresentar um efeitotóxico agudo superior, enquanto óleos escuros mais pesados e que passaram por intemperismoapresentam um efeito de recobrimento. Se o óleo se depositar no sedimento de lama, ele pode penetraratravés das tocas de caranguejos e poliquetas, além de poros deixados por caules e raízes de plantasmortas, onde ele pode então danificar as raízes vivas. No entanto, até onde a penetração ocorre e o efeitoque ela tem é altamente variável, dependendo da toxicidade aguda e da viscosidade do óleo e dadensidade e tamanho de tocas e buracos. Assim como com a maioria dos efeitos de derramamento deóleo, quanto mais uma planta é oleada, maior é o impacto.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

epiderme superior

espaço de ar conjunto vascular

Figura 4 Seção transversal de uma folha de Spartina, mostrando a alta área desuperfície da epiderme superior

Fonte: IP

IECA

Um oleamento relativamente leve de óleo preto pode cobrir grandes áreas de plantas pantaneiras, mas,se o óleo não penetrar nos sedimentos, é provável que as raízes sobrevivam e há boas chances da plantase recuperar. Isso normalmente ocorre com espécies perenes que possuem sistemas de raízessubterrâneas significativos que proporcionam armazenamento contínuo de reservas de alimentos(carboidratos e outros nutrientes) para a planta. Em zonas temperadas, onde há um ciclo natural desenescência (secagem de ramos) ao longo do inverno, seguido pelo novo crescimento na primavera,essas plantas de marismas perenes reabastecem esses depósitos no outono e depois os consomemquando começam a crescer novamente. Dessa forma, um evento significativo de oleamento em umpântano no inverno pode ter um efeito limitado para a sobrevivência da planta, mas esse mesmoderramamento no final da primavera, quando as reservas de alimentos subterrâneas estão esgotadas,pode ter um impacto muito maior. A resiliência das espécies perenes também dependerá daprofundidade e do tamanho do sistema de raízes.

Espécies anuais, que podem incluir muitas das espécies pioneiras que colonizam o pântano inferior eoutras áreas de solo no litoral superior, são menos resilientes uma vez que não possuem reservas

subterrâneas de alimentos e dependem do recrutamento anual por sementes. Se o suprimento desementes de áreas próximas for baixo, ou se as sementes caírem em uma superfície de sedimento aindacontaminada, a recuperação pode ser lenta. No entanto, muitos estudos de caso demonstraram o bomrecrutamento de espécies anuais no ano seguinte ao derramamento.

Um exemplo de impactos limitados e rápida recuperação é mostrado por estudos de marismas oleadosdurante o derramamento do Sea Empress em 1996. O óleo cru leve cobriu plantas de pântano emdiversas áreas em Milford Haven, no País de Gales, mas estudos do marisma encontraram poucos efeitos

detectáveis, sendo que a maioria das plantasoleadas havia sobrevivido e nenhumacontaminação notável do sedimento. Pequenasreduções nas duas espécies ficaram evidentesapós um ano.

No entanto, oleamento moderado e pesadopor óleo combustível número 6 em BuzzardsBay, Massachusetts, do derramamento dabarcaça Bouchard B-120, em 2003, afetaramsignificativamente os pântanos e deixaramresíduos persistentes. Tentativas iniciais dereplantio de algumas das áreas afetadastiveram resultados mistos, e áreas significativas

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Óleo combustível leve (mistura de números 6 e 2) do derramamento do duto em Chalk Point, Maryland,em 2000, chegou a profundidades de 30 cm em sedimentos de pântano de salobra, e se concentrou nascavidades deixadas por raízes de plantas pantaneiras e rizomas (visíveis na foto). Sedimentos desuperfície em 25% das amostras ainda eram tóxicos para anfípodes depois de sete anos. Também houveefeitos contínuos moderados, embora de significância estatística, do óleo na biomassa de plantas depântano (abaixo e acima do solo). Autores do estudo preveram que o óleo pode persistir naquelessedimentos de pântanos por décadas.

Miche

l et a

l., 200

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Pântano de halófitasoleado na costa doGolfo da ArábiaSaudita durante oderramamento de1991 da Guerra do Golfo.

sem plantas ainda estavam presentes depois de mais de dois anos. Estimativas do tempo de recuperaçãoeram superiores a 10 anos.

Embora estudos dos impactos de derramamento de óleo em marismas tenham se concentradoamplamente na vegetação, impactos sobre a fauna de pântanos, especialmente caranguejos e bivalvesnos sedimentos, foram realizados após algunsderramamentos. Consulte a seção sobre litoraissedimentares (páginas 22–26) para obter descriçõessobre os efeitos nos seres vivos de sedimentos entre-marés.

Marismas normalmente crescem em áreas protegidascontra a exposição a ondas e correntes de maré, deforma que a remoção natural do óleo pode ser lenta,especialmente se o óleo for viscoso ou se penetrarnos sedimentos. Em alguns pântanos, o óleo tambémpode ser enterrado pela deposição de sedimentos. Oóleo abaixo da superfície de sedimentos não apenasfica protegido contra a remoção pelo movimento daságuas, mas a biodegradação também é lenta umavez que sedimentos de marismas são normalmenteanóxicos (sem oxigênio). Em um estudo, o óleo quehavia sido enterrado em um pântano por 22 anosainda foi reconhecido como óleo combustívelpesado, apesar da alta degradação (consulte a

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Marisma em janeiro Marisma em junho

Figura 5 Plantas em um marisma britânico em janeiro e junho, destacando as diferenças entre plantas perenes e anuais

Fonte: IP

IECA

(a) Plantas em um marisma britânico em janeiro, mostrando as partes protegidas pelo solo e vegetação morta por causasnaturais (vegetação morta mostrada em cinza).

(b) As plantas no mês de junho, mostrando partes suscetíveis a óleo - folhas, caules e flores. Plantas anuais, como aSalicornia, são especialmente suscetíveis uma vez que, diferente da maioria das perenes, não possuem sistemassubterrâneos significativos com brotos e reservas de alimentos protegidas. Além disso, a Salicornia não possui umbanco de sementes persistente no solo, de forma que se morrer antes da semente ser plantada, a recolonizaçãodependerá da dispersão de sementes de outro lugar.

Legenda1. Juncus2. Glaux3. Festuca4. Artemisia5. Plantago6. Armeria7. Aster8. Puccinellia9. Salicornia10. Limonium11. Spartina

Dra. Jen

ifer M

. Baker

Fotografia de óleo em um marisma deSpartina em MilfordHaven, País de Gales,22 anos após umderramamento deóleo combustívelcontaminar opântano. Umaanálise dehidrocarbonetosdetectou que aindaera reconhecívelcomo óleocombustível pesado,apesar da altadegradação.

fotografia, à direita). Estudos de sedimentos de pântanos contaminados pelo incidente de Macondo, em2010, demonstraram a persistência de frações mais pesadas de óleo, mas também indicaram a rápidadegradação de frações mais leves de bactérias redutoras de sulfato presentes em condições anóxicas epor fungos que se alimentam de óleo. A persistência é normalmente maior em sedimentos com alto teorde matéria orgânica.

Na escala de ESI, marismas recebem então a mais alta classificação (ESI 10). Embora todos os pântanosestejam com a mesma classificação, os processos de remoção natural ainda podem variar entre pântanos.Aqueles situados ao longo de margens de canais estuarinos estarão sujeitos ao movimento das águas,algo que pode ajudar a remover o óleo, ao contrário daqueles atrás de grandes planícies de maré. Apersistência do óleo é o principal fator que causa impactos de longo prazo em pântanos, sendo queoutros fatores são tratamentos intensos ou espécies com baixo potencial de recolonização.

Em uma revisão de 32 estudos de derramamento de óleo (incluindo alguns experimentos), a recuperaçãoestimada dos pântanos afetados era de dois anos para cerca de metade dos anos, dez anos para um terçoe mais de dez anos para seis dos casos. Em três destes seis casos, a recuperação lenta ocorreu devido,principalmente, ao tratamento intenso (consulte Restauração e tratamento de litorais nas páginas 36-44),mas três dos impactos de mais longo prazo, que ainda estão evidentes, se devem principalmente àpersistência do óleo. Consulte a Figura 6.

O derramamento de Metula, em 1974, no Estreito de Magellan, no Chile, resultou em depósitos espessosde óleo em um pântano, e esses depósitos ainda estão visíveis em algumas áreas. Os resíduos espessosresistem aos processos de remoção natural e biodegradação por bactérias, mas sementes de marismasestão germinando em algumas fendas e o crescimento lento das plantas no clima frio ajudamgradualmente a romper o óleo.

O derramamento da barcaça Florida, em 1969 em Buzzards Bay, Massachusetts, depositou óleo deaquecimento doméstico número 2 em um pântano dominado por capim de praia (Spartina alterniflora),caranguejos e moluscos. Houve uma alta taxa de mortalidade de todos os três nas áreas mais oleadas,seguida por uma recuperação gradual conforme a redução da toxicidade dos sedimentos. Vinte anosapós o derramamento, o marisma apresentava um aspecto visual semelhante àquele das áreas nãoafetadas, mas altas concentrações de óleo permaneceram em sedimentos de pântanos anóxicos emcertas áreas. Estudos recentes demonstraram que altas concentrações ainda estão presentes em algunslocais, em 8 a 20 cm abaixo da superfície, e que caranguejos não cavam tocas nessa camada desedimentos oleados, sugerindo um comportamento de evitação.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Derramamento de óleo da Guerra do Golfo,Golfo Árabe (NT)

Flórida, Buzzards Bay, MA (NT)

Metula, Estreito de Magellan, Chile (NT)

Aransas Pass, Texas (queimado) (TI)

Amoco Cadiz, França (TI)

Golden Robin, New Brunswick, Canadá (TI)

Amoco Cadiz, França (NT)

Chalk Point, MD (NT)

Exxon Bayway, Arthur Kill, NY (NT)

Arrow, Chedabucto Bay, NS (NT)

Nairn, duto em LA (T)

Rio Mill, CT (T)

Baia de Fidalgo, WA (T)

Bouchard-6S, Buzzards Bay, MA (NT)

Baia de St Louis, MS (experimento de campo) (NT)

Galveston Bay, TX (experimentos de campo) (NT)

Nepco 4O, Rio St Lawrence (T)

Lang Foon, Rio Potomac (TI)

Lake Wabamun, Alberta, Canadá (T)

Julie N, Fore River, Maine (NT)

Marisma na Georgia (experimento de campo) (NT)

Rio Cape Fear, NC (T)

Rio Cape Fear, NC (NT)

UNOCAL, Rio Neches, TX (NT)

Mississippi Delta, LA (T)

Mississippi Delta, LA (NT)

DWH, mangues oleados de leve a moderadamente em LA (NT)

Jervis Bay, Austrália (experimento de campo) (NT)

Westwood, Howe Sound, BC (TI)

Westwood, Howe Sound, BC (NT)

STC- O, Chesapeake Bay, VA (T)

Galveston Bay, TX (experimento de campo) (NT)

Galveston, duto no TX (oleamento leve) (NT)

Esso Bayway, Texas (lavagem) (T)

Esso Bayway, Texas (queima/corte) (T)

Bolivar Peninsular, TX (T)

anos para recuperação

Óleo re�nado leve

Óleo cru

Óleo re�nado pesado

Tratado

Tratadointensivamente

Não tratado

Observações:O destaque em amarelo indica derramamentos onde o tratamento intensivo foi concluído.Traços e pontos de interrogação representam o tempo em potencial para a recuperação com base nos dados mais recentes.

DWH, mangues altamente oleados em LA (NT)

DWH, mangues altamente oleados em LA (TI)

Galveston, duto no TX (oleamento pesado/moderado) (NT)

Figura 6 Resumo dos tempos de recuperação de pântanos para diversos derramamentos de óleo e experimentos de campo

Fonte: ada

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Miche

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Ruthe

rford, 201

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Janeiro de 1999 Abril de 1999

Outubro de 1999 Novembro de 2000

O derramamento da Guerra do Golfo de 1991 contaminou uma área significativa de amplas planícies desedimentos extremamente abrigados e colonizados por plantas pantanosas halófitas de crescimentolento e vida longa, caranguejos-uçás e camadas de algas. O óleo penetrou nos sedimentos através dastocas dos caranguejos, e a recolonização das halófitas e caranguejos foi lenta. A recuperação poderialevar muitas décadas e a restauração está em andamento (consulte a página 44).

Estudos dos impactos sobre marismas afetados pelo derramamento de óleo de Macondo, em 2010, aindaestão em andamento, mas observações iniciais descreveram certa mortalidade de plantas pantanosas emáreas oleadas. Alguns dos pântanos mais oleados foram tratados para remoção de resíduos que, de outraforma, seriam persistentes (consulte a página 40). Alguns estudos recentes de killifish em marismas naLouisiana não encontraram evidências de efeitos subletais na morfologia dos tecidos, embora um outroestudo não tenha encontrado diferenças entre as áreas com ou sem óleo quanto à composição deespécies, abundância ou tamanho dos peixes dessas marismas dois a três anos após o derramamento.

Direita: pântano comáguas salobras no Rio Plate, perto deBuenos Aires, naArgentina, em 1999,depois de ser oleadodurante oderramamento doEstrella Pampeana. As fotos abaixomostraram os efeitosda limpeza físicaintensa e rápidocrescimento dopântano, do mesmoponto de vista, emjaneiro, abril e outubrode 1999 e novembrode 2000 (22 mesesdepois).

Boa parte do rápidocrescimento, noentanto, foi feita porespécies oportunistasem vez dacomunidade natural, que ainda não havia retornadototalmente no últimolevantamento em2003. Áreas depântano nasproximidades também foramoleadas, mas,intocadas,demonstraram rápidarecuperação e semdiferenças quandocomparadas a áreasde referência que nãosofreram oleamentoem 2002.

Manguezais

Manguezais são habitats produtivos e biologicamente diversos presentes em litorais protegidos contra asondas nos trópicos e subtrópicos. Os sistemas de manguezais são dominados por árvores do mangue (ouarbustos) que criam a estrutura física principal dentro da qual muitas outras espécies vivem. Eles podemformar margens estreitas ao longo das extremidades de estuários e outras enseadas marinhas abrigadasou amplas florestas em áreas baixas de sistemas deltáicos. As comunidades marinhas nos manguezaisnormalmente incluem diversas algas e invertebrados presos às raízes e troncos das árvores e galhos,outros invertebrados que cavam tocas ou que vivem na superfície de sedimentos lamacentos, peixes quevivem nos canais ou que se movem com a maré para alimentar o mangue, cobras marinhas e outrosrépteis e diversas espécies de aves palustres que se alimentam de seres vivos nos sedimentos e na água.A copa das árvores do manguezal também proporciona o habitat para uma grande variedade demamíferos, aves, outros vertebrados, insetos e plantas. Além disso, como mencionado na introdução, os manguezais proporcionam muitos outros serviços importantes de ecossistemas, dependendoamplamente da estrutura estável criada pelo sistema de raízes.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Canto esquerdo:manguezal negroescuro em Omã,mostrandopneumatóforos(raízes respiratórias).

Esquerda: seçãotransversal depneumatóforos,mostrando o tecidode aeraçãoesponjoso.

Árvores de manguezais e arbustos se adaptaram à vida na água salgada, e suas raízes se adaptaram aindamais para suportar as condições anóxicas que são típicas dos sedimentos lamosos nos quais elascrescem. Uma vez que as raízes não conseguem obter oxigênio suficiente por meio dos sedimentos parasuas funções fisiológicas, elas evoluíram para desenvolver estruturas de aeração acima da superfície desedimentos. Diversas formas distintas evoluíram, incluindo raízes de suporte de manguezais vermelhos(Rhizophora), pneumatóforos em formato de lápis de manguezais pretos (Avicennia) e os pneumatóforosmaiores em formato de taco dos manguezais de Sonneratia. Tecidos de aeração esponjosos nessasestruturas se conectam aos pequenos poros de superfície chamados de lenticelas. Se esses poros foremobstruídos, as raízes podem ficar sem oxigênio e a planta sofrerá. Se uma parte grande for obstruída, aplanta pode morrer. Um sinal inicial da tensão é a perda de folhas (desfolhamento).

Um derramamento de óleo persistente que chegue a um manguezal pode asfixiar os poros de respiraçãodo manguezal, além também de ter efeitos tóxicos sobre as raízes. Produtos mais leves podem ter menosimpacto por meio de recobrimento, mas podem apresentar toxicidade mais aguda. Estudos de caso de diversos derramamentos em manguezais documentaram esses impactos e sugeriram que acontaminação de mais de 50% das raízes respiratórias pode acabar resultando na morte da árvore. Após a desfolhagem, os processos de decomposição, que podem ocorrer rapidamente nesses ambientesúmidos e quentes, então resultam na queda de árvores afetadas e a perda de habitat para espéciesresidentes. Além dos impactos nos arbustos e árvores de manguezais, os invertebrados que moram nos

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sedimentos de superfície nas raízes de manguezais também ficarão vulneráveis. Caranguejos, outroscrustáceos e caracóis são especialmente sensíveis e suas populações podem ser dizimadas.

As condições de proteção de manguezais, especialmente no inferior, significam que, depois que o óleoentra, ele provavelmente deve permanecer na área, exceto se, por acaso, passar durante um período demaré alta. Muitas vezes, ele se torna concentrado nas bermas ou áreas entre-marés superiores dentro domanguezal e em piscinas em cavidades rasas na superfície de sedimentos. O óleo pode também grudarnas superfícies ásperas de quaisquer raízes de manguezal que ele atinja. Sedimentos de manguezaistambém são normalmente lar de grandes números de caranguejos, saltadores do lodo e outras espéciesque vivem em tocas, e essas tocas podem proporcionar um caminho para que o óleo penetre nossedimentos. Dessa forma, o óleo provavelmente deve persistir em manguezais e pode permanecer pormuitos anos, especialmente onde ele fica enterrado em lamas anóxicas. A degradação de óleo emsedimentos de superfície, no entanto, pode ser rápida nas condições tropicais e a recolonização naturalpor mudas de manguezal (chamadas de propágulos) pode começar dentro de um ano onde depósitos deóleo forem relativamente leves. No entanto, a mortalidade de muitas mudas pode ser relativamente alta,e o crescimento pode ser lento onde a toxicidade de subsuperfície ainda for alta. A recolonização deespécies associadas é realizada ao longo dessas árvores, mas o crescimento das árvores até um tamanhoque facilite a diversidade associada a um dossel maduro (por exemplo, ninhos de aves, etc.) pode levarmuitos anos.

Na escala de ESI, manguezais, como marismas, recebem então a mais alta classificação (ESI 10). Enquantotodos os manguezais estejam nessa classificação, a sensibilidade de manguezais ao oleamento e aopotencial para remoção natural ainda pode variar. Os substratos em alguns manguezais sãorelativamente arenosos, com maior permeabilidade de oxigênio, de forma que o manguezal dependemenos de suas raízes aéreas, e manguezais situados ao longo das margens dos canais estarão sujeitos ao movimento das águas que pode ajudar a remover o óleo. A mais alta taxa de mortalidade das árvoresapós um derramamento muitas vezes ocorre dentro das margens do manguezal, onde o óleo seconcentrou e não é removido pelo maior fluxo de água na extremidade.

O óleo cru do derramamento de Bahia las Minas em 1986 se espalhou por mais de 85 km da costa,incluindo áreas de recifes de corais (página 35), bancos de vegetação marinha e manguezais. O óleocausou a perda significativa de árvores de manguezais vermelhas ao longo de 27 km da costa e umaredução consequente na cobertura de todos os principais grupos de epibiota que crescem nas raízes deapoio de manguezal vermelho. A restauração para acelerar a recuperação do manguezal foi iniciada eteve bastante sucesso, mas levou diversos anos para recriar todos os serviços ecológicos do habitatmaduro (consulte Restauração de litorais na página 43).

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Acima, esquerda: raízes de apoio oleadas demanguezal vermelho,após o derramamento doduto de 2005 no rio deCoatzacoalcos, no México.

Acima, centro:manguezais desfolhadosna Baia de Guanabara,Brasil, resultante dacontaminação por umderramamento de óleocinco meses antes.

Acima, direita: restos deum manguezal no Postode Mombassa, no Quênia,em 1991; o manguezal foi oleado por umderramamento de óleocombustível em 1988 e serecuperou desde então.

O derramamento de Solar, em 2006 em Guimaras, nas Filipinas, resultou no oleamento de manguezaiscom óleo combustível pesado (número 6). A alta mortalidade das árvores do manguezal deixou áreassignificativas do interior desflorestadas e altas concentrações de óleo foram encontradas nos sedimentosde manguezais. As concentrações de óleo caíram rapidamente nas amostras de superfície e a densidadede mudas aumentou gradualmente, exceto onde árvores mortas eram extraídas.

Recifes de corais

Recifes de corais são, predominantemente, habitats infralitorais, mas muitos recifes de franja incluemamplas planícies de corais que são parcialmente descobertas durante períodos de maré baixa. Elestendem a ser dominados pelas poucas espécies robustas de corais sólidos que podem suportar períodosde crescimento, mas proporcionam habitats para grandes números de outras espécies. Uma mancha deóleo pode então asfixiar temporariamente corais em crescimento e possuem efeitos tóxicos agudos, masé improvável que o óleo persista dentro dos habitats de recifes. Áreas infralitorais rasas de recifes defranja são altamente produtivas e biodiversas, e serão vulneráveis e sensíveis ao óleo disperso. Asconcentrações de óleo podem ser elevadas nessas águas rasas devido à ação de arrebentação e da águaoleada lavando o litoral. No entanto, muitas vezes é difícil estudar essas áreas.

Em 1986, no terminal de Baha Las Minas no Panamá, um grande derramamento de óleo cru de umtanque de estocagem afetou os manguezais, planícies de recifes de franja e bancos de vegetaçãomarinha associados nas planícies. Corais sólidos e macios, algas coralinas e animais que vivem na turfa de algas foram afetados, principalmente devido ao contato físico direto com o óleo ao longo daextremidade de recife. Isso foi seguido por aumentos em camadas de algas ao longo de corais mortos. A recuperação para as condições de pré-derramamento da cobertura de alga e corais ocorreu dentro deum ano, mas a recuperação de alguns dos animais associados levou mais tempo. Áreas de bancos devegetação marinha e densidades de camarões mantis caíram e permaneceram baixas depois de cincoanos. A contaminação de óleo crônica por resíduos persistentes em manguezais próximos apresentouimpactos subletais contínuos no crescimento dos corais depois de cinco anos.

Os recifes de corais são discutidos mais a fundo no Guia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre os impactosdos derramamentos de óleo sobre a ecologia marinha (IPIECA-IOGP, 2015a).

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Abaixo, esquerda:visão aérea de umaplanície de recife decoral nas Filipinas.Corais emcrescimento e ohabitat de recifebastante raso serãovulneráveis esensíveis ao óleodisperso e flutuante.

Abaixo, direita: oderramamento deBaha Las Minas, em1986 no Panamá,onde o óleo atingiurecifes de franja eoutros habitatslitorâneos dentro deáreas que já estavamsendo estudadas porpesquisadores doSmithsonian TropicalResearch Institute.

Carl Han

sen/Sm

ithsonian

Institu

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O óleo persistente é a principal causa da recuperação lenta e, dessa forma, é recomendado remover acontaminação de óleo de litorais o mais rápido possível. No entanto, a experiência de respostas dederramamento anteriores demonstrou que é possível causar ainda mais danos com tratamentosexcessivamente invasivos ou inadequados. Infelizmente, em geral o caso é que litorais com o mais altopotencial de persistência de óleo sejam também aqueles mais sensíveis a muitas técnicas de limpezafísica. No entanto, muitas lições foram aprendidas e abordagens, incluindo técnicas, tecnologia, gestão e planejamento modernos para resposta a derramamentos de óleo são altamente avançados. Anecessidade contínua por profissionais treinados e experientes também está sendo tratada, e planosatuais de contingência a derramamentos de óleo incluem regimes de treinamento como umcomponente essencial. Embora ainda haja muitos desafios, as respostas adequadas podem reduzirsignificativamente os impactos de um derramamento de óleo.

Essa seção resume algumas das questões ambientais que precisam ser levadas em conta em umaresposta em litorais e resume as abordagens atuais para superá-las. Todo litoral e derramamento possuidiferentes características e desafios, e há uma necessidade por um processo de tomada de decisãoobjetivo, incluindo análise de benefícios ambientais líquidos (NEBA; consulte abaixo) e levantamentos de técnica de avaliação de limpeza de litoral (SCAT; consulte a página 45).

Análise de benefício ambiental líquido

Durante a resposta a um derramamento de óleo, muitas decisões operacionais são tomadas peloscentros de resposta para selecionar ações que vão remover ou tratar o óleo e reduzir os danos nosrecursos afetados. Algumas dessas ações podem ter implicações significativas para o meio ambiente epara recursos socioeconômicos. A NEBA é um processo de avaliação amplamente usado e estruturadoque analisa de modo objetivo os possíveis benefícios e impactos em todos os recursos de uma ou maisopções de tratamento/limpeza, comparando-os com o possível resultado se nenhuma ação de respostafor executada. Não há uma metodologia padrão e o escopo do processo só pode considerar recursosecológicos, mas pode também ser ampliado para incluir um grande conjunto de questões deamenidades, sociais, econômicas, arqueológicas e outros recursos ambientais naturais.

Às vezes, isso pode resultar em decisões que exigem uma relação ideal (trade-off) entre diferentespreocupações ambientais e socioeconômicas. O objetivo essencial é minimizar os impactos de longoprazo ao identificar situações que possam resultar na persistência do óleo e avaliar opções de respostapara reduzir esses riscos. A seção sobre destino, persistência e remoção natural do óleo (páginas 6-13)destaca o fato de que, embora os processos naturais possam remover o óleo com grande rapidez demuitas situações de litoral, deixar o óleo por tanto tempo pode ser inaceitável para gerentes de recursoseconômicos afetados. Outra avaliação típica pode comprar as vantagens e as desvantagens de umaresposta em um marisma oleado que é usado por grandes números de aves, equilibrando os riscos dedanos ao pântano em relação ao risco de mais aves oleados e em busca de uma opção que reduzaambos os conjuntos de riscos a longo prazo.

Reconhecer o potencial de impactos graves e a persistência de longo prazo do óleo em manguezaisestimulou uma abordagem para a resposta de derramamentos que às vezes recomenda a aplicação dedispersantes químicos no óleo que se aproxima de um manguezal. Em algumas situações, onde não forpossível impedir que o óleo atinja o manguezal, é sugerido que o uso de produtos dispersantes possareduzir o nível total de impacto, mesmo se a profundidade da água for inferior ao limite normalmenterecomendado de mais de 10 metros e ainda que haja recursos sensíveis na zona infralitoral rasa. Essaabordagem foi testada no experimento de 1984 batizado de TROPICS, no Panamá, onde as três unidades(cada uma com uma área de 1.000 m2), compostas de manguezal de franja com bancos de vegetação

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Restauração e tratamento de linhas de costa

(a) Óleo intocado (óleo �utuando na água)O óleo não tratado �ui e afeta corais de superfície, vegetação marinha e manguezais.

(a) Óleo disperso (Óleo disperso pela coluna d'água)O óleo foi tratado com dispersantes químicos, reduzindo seus impactos sobre os seres vivos na superfície, mas aumentando seus impactos em corais mais profundos.

maré alta

recife de corais banco de vegetação marinha

�oresta de mangue

maré baixa

maré alta

recife de corais banco de vegetação marinha

�oresta de mangue

maré baixa

marinha intimamente associados e recifes de corais, foram tratadas com óleo fresco, óleo disperso e semóleo, respectivamente (consulte a Figura 7). Foram realizados estudos detalhados da trajetória do óleo,impactos em cada habitat e sua recuperação. Os resultados deste estudo, realizado há 30 anos,demonstraram a persistência de longo prazo (de até 25 anos) de hidrocarbonetos na área de óleo nãodisperso, mas nenhuma contaminação detectável na área de óleo disperso após três anos. Houve umaalta taxa de mortalidade nas árvores do manguezal (ainda evidente após 10 anos) e impactos aparentesde longo prazo no crescimento das mudas (além de 25 anos) na área do óleo não disperso, mas impactosbastante limitados e de curto prazo nos manguezais na área de óleo disperso. Houve quedas de curtoprazo (um ano) na cobertura de corais, outros invertebrados de corais e peixes territoriais na área do óleodisperso, mas essas foram seguidas por aumentos em todas as áreas. A aplicação de uma NEBA concluique o óleo quimicamente disperso pode ter mais impactos de curto prazo em recursos infralitorais rasosdo que o óleo não disperso em um manguezal, mas com um impacto ambiental total inferior. Noentanto, dispersantes não devem ser empregados em situações nas quais a troca de água seja baixa.

Para ler uma discussão completa sobre as metodologias envolvidas, consulte o Guia de boas práticasIPIECA-IOGP sobre o uso de NEBA no desenvolvimento da estratégia de resposta (IPIECA-IOGP, 2015b).

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Figura 7 Duas situações de derramamento de óleo estudadas no experimento de TROPICS, em 1984, no Panamá

Fonte: IP

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Opções típicas de limpeza

Diversos métodos de tratamento (o termo 'tratamento' é usado aqui de forma a incluir todos os métodosde limpeza) de litoral foram aplicados, testados e adaptados para circunstâncias específicas. A seçãoRecursos e leituras adicionais (páginas 48–53) inclui detalhes sobre manuais de limpeza de derramamentode óleo que contêm descrições mais detalhadas sobre as opções disponíveis. A eficácia e asconsequências de qualquer método de tratamento de litoral são, até grande ponto, determinadas pelamaneira em como ele é aplicado e o porte da operação. Muitos impactos em potencial estão associadoscom acesso, descarte de resíduos e perturbação da vida selvagem, e tudo isso é relevante para todos osmétodos de resposta ativa listados abaixo. O pisoteamento e o uso de veículos e maquinário pesado,especialmente em sedimentos macios, pântanos e manguezais, pode causar danos físicos, compactaçãode sedimentos e danos às raízes. O pisoteamento também pode fazer com que o óleo se aprofundeainda mais nos sedimentos e prolongue sua persistência. Diversos estudos descreveram tais impactos,especialmente a erosão e a perturbação física de longo prazo resultante da agressiva limpeza dospântanos de Ile Grande, após o derramamento de Amoco Cadiz, em 1978, enquanto pântanos oleadosmas intocados se recuperaram com rapidez muito superior. Mais recentemente, as atividades de limpezaapós o derramamento de Westwood Anette, em 2006 na British Columbia, causaram o pisoteamento dopântano estuarino e também atrasaram a recuperação. Diversos manuais de limpeza proporcionamorientação sobre como gerenciar números de trabalhadores, rotas de acesso, veículos adequados,capacidade de tráfego de sedimentos, minimização e gestão de resíduos, minimizar a perturbação à vidaselvagem e outras boas práticas de gestão. Outro aspecto importante de tal orientação é quandoencerrar a limpeza: definir pontos de término que proporcionem a remoção efetiva do óleo sem impactoexcessivo e que promovam a recuperação natural. O Guia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre técnicas de limpeza de litoral proporciona ainda mais detalhes (IPIECA-IOGP, 2015).

As fotografias abaixo fornecem exemplos de danos causados a um manguezal por pisoteamento(esquerda) e o uso indevidamente gerenciado de equipamentos pesados nas margens de um rio (direita)após dois incidentes de derramamento.

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Raízes respiratórias de um manguezal pisoteadas durante oderramamento de óleo de Coatzacoalcos, em 2005 no México. As equipesde limpeza removeram alguns detritos oleados, mas causaram ainda maisdanos ao manguezal no processo.

Uso ultra-cuidadoso de veículos pesados durante as limpezas doderramamento de Worthy, em 1989.

Peter T

aylor

Aqui estão alguns exemplos dos principais métodos de limpeza usados, seus benefícios e os possíveisimpactos sobre os recursos ecológicos:

l Nenhuma ação é realizada, optando-se pelo intemperismo natural: nenhuma atividade de limpeza -normalmente escolhida uma vez que é considerado que os impactos da limpeza superariam osbenefícios da remoção. Essa abordagem é geralmente aplicada em litorais com oleamento leve. Aremoção natural do óleo deve ser monitorada a fim de garantir que não haja um impacto maior doque o esperado. O principal benefício é que ela não causa mais impactos associados à limpeza, mas aspossíveis desvantagens são que o óleo pode contaminar outros recursos (por exemplo, aves) e quepode ainda persistir e inibir a recuperação da comunidade natural. Não é de se surpreender que aaparente falta de uma resposta bem organizada possa resultar em desafios de RP e exija suporte dosprincipais grupos de interesse.

l Barreiras de proteção de litoral: barreiras podem ser usadas para afastar o óleo de habitats litorâneossensíveis ou para conter o óleo em um litoral para recuperação posterior. Há diversas questõespráticas e operacionais que podem limitar a eficácia dessas técnicas e até mesmo causar algunsimpactos. Marés fortes e a ação das ondas podem dificultar bastante a aplicação das barreiras, mas,em algumas situações, as técnicas podem resultar na redução de contaminação de seções de litorais.

l Uso de barreiras e bermas: barreiras físicas, incluindo diques, cercas e bermas de terra, podem serconstruídas onshore ou offshore para evitar o oleamento de um recurso sensível (por exemplo, achegada a uma lagoa) ou prender o óleo para remoção subsequente. É inevitável que essa opçãocause perturbação aos habitats onde ela é construída, podendo ainda levar a impactos em habitatsque dependem de sua exposição aos movimentos normais de marés. Ao bloquear canais estreitos,pode ser possível incluir um sistema para permitir que a água flua na parte inferior enquanto secaptura o óleo que flutua na superfície. É uma boa prática monitorar as condições das áreas acima da barreira e restabelecer o fluxo de água antes que as condições se deteriorem além de limitesaceitáveis.

l Remoção não invasiva de óleo e detritos oleados soltos: remoção de óleo a granel, sem remoçãoou perturbação significativa dos substratos ou biota que caracterizam o habitat, é o objetivoprincipal da maioria das respostas de litorais. Em sua forma mais simples, ela pode exigir no máximoum indivíduo com uma sacola plástica e roupas adequadas para recolher pelotas de óleo e detritosoleados; no entanto, diversos produtos, ferramentas e máquinas de operação mecânica e manualforam desenvolvidos, incluindo o uso de absorventes, ancinhos, dispositivos de sucção (a vácuo) emáquinas de limpeza de praias. A remoção do óleo a granel reduz o risco de sua remobilização e dacontaminação de outros recursos, podendo melhorar a recuperação do habitat oleado. Em muitassituações, essas vantagens superam significativamente as desvantagens. No entanto, em outrassituações, há possíveis impactos significativos associados ao acesso à costa e à perturbação da vidaselvagem. O uso de absorventes também aumenta a quantidade de material residual que precisa ser descartado.

l Retrabalho e realocação de sedimentos: esses métodos melhoram a limpeza natural dos sedimentosdevido à ação das correntes e das ondas, ao cavar, romper ou realocar areia, seixos ou pedrascontaminadas. Este último pode envolver escavar e transferir os sedimentos oleados da costa superiorpara áreas inferiores onde há mais energia de ondas (lavagem por arrebentação). A ação das ondasposteriormente remobiliza o sedimento e remodela a praia, removendo o óleo no processo. Embora a maior parte do óleo não seja recuperada, ele é normalmente disperso ou sofre floculação no mar e provavelmente não deve persistir. Parte do óleo pode flutuar novamente e contaminar outrosrecursos. Se realizada adequadamente, os possíveis impactos de perturbação de habitats, enterro

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

de organismos e aumentos temporários na sedimentação são limitados, mas isso dependerá dacomunidade presente.

l Remoção física de substratos contaminados ou biota presa na área: isso pode incluir métodosinvasivos que cavam ou raspam o sedimento oleado, ou cortam/extraem algas ou plantas. Embora aremoção do óleo reduza o risco de remobilização de óleo e contaminação de outros recursos, aremoção dos substratos ou vegetação pode ter impactos significativos sobre o habitat e desacelerar arecuperação da comunidade natural. Em algumas situações, a remoção dos sedimentos pode iniciar aerosão da barra. Se for optado pela redução de contaminação em um tempo mais curto do que o queocorreria por processos naturais, o método empregado deve remover a quantidade mínima desedimentos ou vegetação necessários. O reabastecimento (às vezes chamado de recarregamento) desedimentos de praia, ao serem trazidos de outro lugar, normalmente dragados de regiões offshore, érealizado de forma rotineira para algumas praias de lazer, mas não é adequado para todas as praias.

l Lavagem e inundação: esses métodos de limpeza envolvem o bombeamento e a pulverização deágua nos habitats litorâneos oleados para remover o óleo. Há diversas abordagens, que variamprincipalmente no volume e pressão da água bombeada, e às vezes na temperatura e no tipo de água.Diversos métodos podem ser usados para recuperar o óleo que foi remobilizado por esses métodosde limpeza, mas a maioria envolve a lavagem do óleo de volta para a água onde pode ser maisfacilmente contido e recuperado. Em diversas situações, esses métodos podem ser usados paramobilizar e recuperar grandes quantidades de óleo sem impactos significativos ao habitat. Noentanto, a alta pressão ou volumes grandes de água são relativamente agressivos e podem causar aperda de sedimentos, mudanças no tipo de sedimento por meio da perda de partículas finas, enterrode organismos, erosão de superfícies rochosas macias, remoção de plantas e animais presos aossedimentos e aumentos temporários na sedimentação O uso de água para auxiliar a mobilização deóleo mais viscoso e uso de água doce em vez de água salgada podem aumentar os níveis demortalidade. A abertura de valas, bermas ou carreiras para concentrar o óleo também pode terimpactos adicionais.

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Acima: o incidente de Macondo, em 2010, resultou no oleamento de marismas de franja em algumas das áreas de Barataria Bay, na Louisiana. Diversostestes em campo para tratamento de pântanos foram realizados e tiveram seus resultados monitorados. O acesso aos pântanos afetados, sem causardanos adicionais aos sedimentos lamosos, foi facilitado por sua proximidade aos canais e ao uso das barcaças para águas rasas, aerobarcos e placas depassagem. Os testes demonstraram que uma combinação de raspagem e corte foi eficiente para a remoção de camadas de vegetação oleada e auxiliouna recuperação do pântano e de populações de caranguejos. O replantio de áreas tratadas com plantas pantanosas acelerou ainda mais a recuperação(consulte a página 43). No entanto, a recuperação natural ainda foi considerada a abordagem preferida para a maioria dos pântanos oleados por essederramamento.

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l Queima in-situ controlada da vegetação oleada: em certassituações de pântanos oleados, uma queima controlada poderemover grandes quantidades de óleo e possibilitar a recuperaçãoda vegetação mais rapidamente do que ocorreria apenas pelosprocessos naturais. No entanto, a eficácia da queima e os possíveisimpactos sobre as comunidades pantanosas podem depender dediversos fatores, incluindo a época do ano (mais adequado noinverno), as espécies de plantas, o tipo de solo (solos turvosos sãosuscetíveis a danos graves), nível de água (recomenda-se um nívelacima de 10 cm dos sedimentos) e tipo de óleo. Algumas queimasresultaram na recuperação rápida, mas, em outros casos, oshabitats levaram vários anos para se recuperar. Além disso, podeser difícil controlar uma queima e ela pode se estender muito alémdas áreas controladas. A queima controlada também pode causar amortalidade de quaisquer animais presentes no pântano que nãoestejam protegidos por água suficiente ou sedimentos, criandograndes volumes de fumaça negra que pode afetar outros recursoslocais. Um exemplo de queima in-situ eficaz que melhorou arecuperação foi realizado após um derramamento de mais de 5.000 toneladas de óleo após os danos a uma unidade de óleo naLouisiana causados pelo Furacão Katrina (consulte as fotos acima, à direita). A queima removeu 80 a 90% da contaminação bruta, e aprodutividade subterrânea e superficial do pântano se recuperoudentro de uma estação.

l Lavagem de alta pressão, limpeza a vapor e jateamento de areia:essas são muitas vezes chamadas de técnicas de 'polimento', uma vez que são normalmente usadaspara remover quantidades de óleo (que passou por intemperismo) relativamente pequenas e que estáfirmemente preso a substratos sólidos, especialmente em áreas de lazer. No entanto, elas podemremover biota (por exemplo, algas, cracas, liquens) que se prendem à área tratada e podem às vezescausar erosão da superfície de substratos macios ou frágeis. É uma boa prática usar absorventes ououtros métodos para recuperação do óleo remobilizado. Os benefícios ecológicos são bastantelimitados, exceto onde resíduos de alcatrão potencialmente persistentes cobrem áreas de rochaslitorâneas secas e superiores protegidas contra as ondas que possam inibir a colonização por biota.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

A lavagem por alta pressão remove o óleo mas também pode acabar removendo organismos vivos. A adequabilidade deve depender, no mínimoparcialmente, da taxa esperada de recuperação. A comunidade dominada por cracas à esquerda se recuperou dentro de menos de dois anos devido àcolonização anual de larvas de cracas por plânctons. Os liquens laranja à direita apresentaram pouca ou nenhuma recuperação após 10 anos devido arecolonização e crescimento lentos.

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Acima: queima in-situde pântano oleadona Louisiana após oFuracão Katrina:(topo) 1 hora dequeima; e (parteinferior) 5 meses apósa queima.

l Tratamento com agentesquímicos: diversos agentesquímicos foram projetadospara uso na limpeza de litorais,incluindo agentes de lavagemde superfície, fórmulas dedispersantes e solidificadores.Essas também são técnicas de'polimento' empregadasprincipalmente para removerquantidades relativamentepequenas de óleo que passoupor intemperismo desubstratos sólidos em áreas de lazer. Elas podem ter

benefícios similares em áreas de rochas de litorais superiores protegidos contra as ondas. O óleoremobilizado pode se dispersar ou flutuar novamente, dependendo do agente. O óleo dispersadopode criar concentrações elevadas de óleo em águas de regiões costeiras e aumentar a penetração doóleo em sedimentos praieiros, embora esses costumem ser efeitos transitórios. Agentes de limpeza desuperfície, que fazem com que resíduos de óleo sejam elevados e flutuem, são normalmentepreferidos.

l Bioremedição: A principal abordagem para a bioremediação é a estimulação biológica, na qualnutrientes (fertilizantes, normalmente incluindo fórmulas de nitratos e fosfatos) são aplicados paraacelerar os processos de degradação microbiana natural. Se a adição de nutrientes for excessiva para aárea afetada, há possibilidade de eutrofização (estímulo excessivo de crescimento da planta). Testesde toxicidade do produto de bioremediação também podem ser adequados. A bioaumentaçãoenvolve a adição de mecanismos de degradação de óleo a uma área oleada se as populações naturaisforem consideradas insuficientes. Ela é usada rotineiramente em algumas situações de terracontaminada, mas não se mostrou eficaz em habitats litorâneos.

A primeira análise de benefício ambiental líquido detalhada e estruturada foi realizada depois doderramamento de 1989 de Exxon Valdez em Prince William Sound, Alasca. Ela consistiu em avaliar se eraadequado usar métodos de tratamento intensos no litoral para remover o óleo que havia penetradosedimentos porosos em alguns litorais em profundidades de até 1 metro. O tratamento propostoenvolvia a escavação de sedimentos litorâneos oleados (principalmente pedras e seixos), lavagem destesem sistemas de processamento montados em barcaças e sua recolocação na praia. No entanto, a NEBAconcluiu que o processo de remoção e recolocação de sedimentos teria impactos ambientaisconsideravelmente maiores se os litorais não pudessem recuperar naturalmente.

Conclusões

Sob uma perspectiva ecológica, a melhor resposta para melhorar a recuperação é normalmente aquelaque remove o máximo de óleo bruto possível sem causar grandes perturbações físicas ao habitat edepois deixar que a limpeza seja feita por processos naturais. Essa abordagem, no entanto, precisa sermodificada se a NEBA determinar que outras questões são mais prioritárias.

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Em algumassituações, otratamento deresíduos de óleocom agentesquímicos pode seradequado,especialmente onde há alto uso de áreas de lazer.

Restauração de litorais

Em algumas situações, os danos a um litoral devido ao óleo e/ou limpeza podem garantir alguma formade restauração (isso é, ações adicionais além da limpeza) para acelerar a recuperação. Muitos métodos derestauração foram empregados, testados, desenvolvidos e adaptados, e podem ser classificados comodiretos ou indiretos. Os métodos diretos envolvem a manipulação direta do habitat ou populaçãoafetada. Os métodos indiretos envolvem a recuperação natural do habitat afetado ao reduzir os estressesdepositados sobre ele. Uma abordagem alternativa para a restauração pode ser compensar os impactosao substituir alguns dos serviços perdidos que eram fornecidos anteriormente pelo habitat, mas emoutro lugar. Normalmente, isso envolve a criação de novos, ou a restauração daqueles afetados, habitatslitorâneos (normalmente, pântanos) em uma área costeira dentro da mesma região do habitat oleadoque seja considerado de baixo valor de ecossistema. Essa é uma forma de equilíbrio que é empregadaem alguns países a de fim compensar os impactos do sistemas naturais e serviços que eles fornecem.

Os exemplos de maior sucesso de restauração direta de linhas de costa oleadas envolveram marismas emanguezais. Há agora uma considerável experiência na restauração de pântanos em diversas partes domundo, e diversas técnicas foram desenvolvidas para restaurar a hidrodinâmica de marés, estimular arecolonização natural, replantar o solo, evitar erosão e proteger as plantas restantes. O replantio de áreasoleadas não é sempre necessário, mas é muitas vezes realizado como parte de um programa maior,normalmente com mudas crescidas em viveiros. Isso é possível porque ambos os habitats sãoamplamente dominados por um pequeno número de espécies de plantas que são propagadasrapidamente. O replantio não garante um resultado de sucesso, especialmente se não for dado temposuficiente para que os níveis de toxicidade de sedimentos caiam, e pode exigir um programa progressivode plantio em etapas ao longo de diversos meses. Há diversos exemplos de programas de restauraçãoem marismas afetados por derramamento de óleo (por exemplo, Amoco Cadiz, Brittany, 1978; oderramamento do duto Exxon Bayway, Nova York, 1990; e o derramamento de Chalk Point, Maryland,2000) e manguezais (por exemplo, Baha las Minas, 1986; o derramamento da refinaria de Cartagena,Colômbia, 1990; e a Baia da Guanabara, Rio de Janeiro, 2000).

O replantio dos marismas após o derramamento do duto Exxon Bayway de 1990 foi realizado parainterromper a erosão da superfície e a perda posterior de plantas do manguezal. A sobrevivência demudas de Spartina e transplantes variaram entre os locais. Três anos após o plantio, a biomassado solo em duas das três áreas replantadas era comparável àquela das áreas de referência, mas asobrevivência era baixa na terceira área devido, ao menosparcialmente, à ação das ondas por embarcações que cruzavama área.

Replantio de manguezais oleados no Panamá, afetados peloderramamento de Baha las Minas de 1986, que inicialmente nãoteve sucesso devido à toxicidade aguda residual de sedimentosoleados. Um segundo programa de replantio teve mais sucesso,mas seis anos depois, a densidade das árvores era maior emáreas colonizadas naturalmente, e é possível que o replantiopossa ter sido desnecessário. A erosão de mudas replantadas ourecolonizadas naturalmente poderia ter sido reduzida comalgumas medidas de proteção.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Manguezaisrestaurados 16 anosapós o plantio, após oderramamento deBahia las Minas em 1986

Rene

Bernier, C

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A restauração de manguezais de halófitas na Arábia Saudita gravemente afetados pelo derramamento de1991 da Guerra do Golfo ainda está em andamento. Ela visa melhorar o fluxo de água para as áreas dopântano ao escavar e desobstruir canais, incentivar a recolonização natural por caranguejos-uçás aodescompactar os sedimentos e auxiliar no recrescimento da vegetação pantanosa ao plantar halófitasperenes. A atividade de restauração teve resultados animadores, mas levará diversos anos.

O aumento da erosão às vezes ocorre em litorais que foram afetados por derramamentos de óleo eatividades de resposta a derramamentos de óleo. Diversas técnicas de restauração que foram projetadaspara reduzir tais efeitos estão disponíveis, incluindo 'litorais vivos', algo que normalmente envolve o usode material quebra-ondas natural e/ou artificial a fim de estabilizar os litorais afetados e diminuir aenergia das ondas. Algumas dessas estruturas podem também proporcionar um habitat para mariscos.

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Mudas demanguezais, perto de Bangkok, naTailândia, plantadascomo parte de umprojeto derestauração após um derramamento de óleo

Uma parte importante da resposta a derramamentos de óleo é descrever a trajetória e a distribuição doóleo, os efeitos que ele tem e o potencial de recuperação dos recursos afetados. Essas informações sãousadas para: planejamento de atividades de tratamento; avaliação do nível de contaminação em habitatse biota (em especial, todos aqueles consumidos por humanos); avaliação dos impactos de comunidadesnaturais e populações de vida selvagem; gestão de recursos afetados; preparo de pedidos de indenizaçãocompensatória; e para tranquilizar o público.

Orientações gerais sobre a avaliação de danos causados por derramamentos de óleo são fornecidas noGuia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre os impactos dos derramamentos de óleo sobre a ecologiamarinha (IPIECA-IOGP, 2015a). Procedimentos detalhados de orientação estão disponíveis para algunspaíses e regiões, e a IMO/UNEP produziram um documento de orientação internacional (IMO/UNEP2009). Algumas das principais atividades de avaliação relevantes aos litorais são discutidas abaixo.

Distribuição e quantificação do óleo em linhas de costa

O óleo atingindo litorais depois de um derramamento normalmente é muito irregular. Alguns recursospodem ser significativamente afetados, enquanto recursos adjacentes ou próximos podem acabarcompletamente intocados. Dessa forma, as informações sobre a extensão e a distribuição do óleoderramado em litorais são essenciais para o planejamento de resposta a litorais, sendo que vão formar abase de quaisquer estudos contínuos sobre os impactos e a recuperação.

Os levantamentos de técnica de avaliação de limpeza de litoral são pesquisas sistemáticasminuciosamente estruturadas sobre a espessura,características e distribuição do óleo sobre as seções dolitoral, usando formulários de registro e equipe delevantamento bastante treinada. Os levantamentos sãonormalmente realizados em conjunto por equipes deresposta a derramamento de óleo e agênciasambientais e podem ser usados para monitorar oprogresso dos tratamentos litorâneos ou darecuperação natural. Além de descrever a distribuiçãode óleo, os levantamentos pela SCAT também podemfornecer registros valiosos de impactos importantes,como, por exemplo, seres mortos, tórpidos ouvisivelmente oleados e algas lavadas, que podem sertransitórias. Os levantamentos também foramprojetados para proporcionar informações erecomendações a fim de auxiliar nas decisões detratamento para praias e recursos específicos. Asrecomendações resultantes podem se tornar uma parteimportante de uma NEBA. Para obter mais informaçõessobre a SCAT, consulte o Guia de boas práticas IPIECA-IOGP sobre levantamentos de avaliação de litoraloleado (IPIECA-IOGP, 2014).

A quantificação da exposição de comunidadeslitorâneas e vida selvagem pode ser realizada através deuma análise química da água, sedimentos e biota, comamostragem normalmente realizada em intervalos detempo a fim de proporcionar informações sobre a

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

Avaliação e monitoramento de linhas de costa oleadas

Mapas SCATmostrando o estadode oleamento delitoral: (topo) umambiente de pântanooleado (segmentos empolígonos) e ambientede litoral de lago(segmentos litorais); e (parte inferior)segmentos de litorallineares em um cursod'água comercial.

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Lapas (contagens/m2) Lapas (contagens/O.O m2) Caramujos comestíveis (contagens/m2)

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as)Lomentaria articulata (algas vermelhas) (porcentagem de cobertura)

Alga marinha (Fucus serratus; porcentagem de cobertura)

duração da exposição e para mostrar a progressão das mudanças. Normalmente é adequado usar umdesign de amostragem estratificado que proporcione dados representativos sem viés para cada recurso,em um intervalo de alturas de marés e dentro de categorias de oleamento que podem ser baseadas emdados da SCAT. Onde possível, amostras de linha de referência podem ser retiradas dos litorais nocaminho do derramamento antes que o óleo atinja a área. Se amostras pré-derramamento estiveremdisponíveis, elas podem ser valiosas, contanto que tenham sido adequadamente armazenadas. Sãonecessários procedimentos rigorosos de amostragem para garantir que não haja contaminação de outrasfontes e o manuseio e transporte posteriores para laboratórios para análise precisa estar emconformidade com minuciosos procedimentos de cadeia de custódia.

A seleção de biota de litoral para análise de concentrações de hidrocarbonetos em tecidos depende dohabitat e dos recursos em questão. No entanto, bivalves, especialmente mexilhões, se disponíveis emquantidades sustentáveis e suficientes, são normalmente amostrados uma vez que são filtradores sésseise bioacumuladores eficazes de hidrocarbonetos. O monitoramento de suas concentrações de tecidoproporciona uma medida útil, integrada ao longo do tempo e, dessa forma, indicativa da exposiçãodurante o derramamento e retorno subsequente para concentrações secundárias.

Avaliação e monitoramento dos impactos nas comunidades e biota

Descrever a distribuição e o nível de contaminação de óleo pode ser caro e demorado, e os resultadospodem exigir certificação de qualidade e interpretação, mas sua relevância direta aos efeitos indesejáveisdo meio ambiente é raramente questionada. O mesmo não pode ser dito para diversos estudos derecursos ecológicos e biológicos. Muitas das descrições e estudos de caso citados nesta seção sobre osimpactos ecológicos do óleo sobre os litorais (páginas 14-35) usam termos que refletem uma aparentefalta de certeza sobre a escala e a significância do impacto que ocorreu em recursos biológicos, oumesmo se um impacto de fato ocorreu. Isso porque normalmente há uma falta de certeza. Altos níveis de

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Fonte: SOTEAG (www.soteag.org.uk/environmental-monitoring/monitoring-reports)

Figura 8 Flutuações anuais na abundância média de determinadas espécies*

* Registrado de 15 unidades de monitoramento na área do Sullom Voe Oil Terminal, Shetland Islands. Todas as flutuações registradas são consideradas como naturais.

Abaixo: flutuações naabundância de cincoespécies selecionadasregistradas ao longode um período de 21 anos sãoconsideradas comonaturais, refletindo aincerteza inerente aodeterminar a escala e a significância deimpactos sobrerecursos biológicos.

variabilidade natural (flutuações temporais e irregularidade espacial) e muitas outras possíveis causas detensão ambiental (fatores de confusão) muitas vezes dificultam interpretar dados ecológicos e biológicos.Documentos de orientação sobre a avaliação de impactos destacam a frequente quase impossibilidadede obter uma prova estatística, além da possibilidade real da interpretação incorreta, como detecçãoincorreta de um impacto ou a falha em detectar um impacto que ocorreu.

Há uma compreensão limitada sobre a biologia e ecologia da maioria das espécies marinhas, e a naturezaacidental de um derramamento de óleo não possibilita grande controle experimental. Dessa forma, odesign de avaliações de impacto e programas de monitoramento precisa levar em conta tais fatores eaprender com estudos anteriores. Sempre que possível, estudos de avaliação devem determinar acondição de linha de referência e mudanças naturais na ecologia litorânea antes do derramamento. Seja isso possível ou não, os estudos de avaliação devem buscar então:l estabelecer o nível de exposição de comunidades litorâneas ou recursos ao óleo;l descrever um mecanismo realista (caminho) pelo qual um impacto poderia ter ocorrido;l descrever o impacto, com o máximo de conjuntos de dados de unidades afetadas e não afetadas

logisticamente possível;l descrever o processo de recuperação; el fornecer múltiplas linhas de evidência para cada uma das opções acima.

Evidências de apenas uma ou duas dessas opções são inerentemente fracas. A literatura publicada sobre recuperação, especialmente aquela de longo prazo, é um dos poucos aspectos de impactos dederramamento de óleo que é relativamente limitado. Pouquíssimos estudos duraram mais que um ou dois anos.

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IMPACTOS DE DERRAMAMENTOS DE ÓLEO EM LINHAS DE COSTA

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ITOPF: www.itopf.com/knowledge-resources

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Agradecimentos

Este documento foi elaborado por Jon Moore (CALM) sob supervisão do Impacts Working Group.

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