EQUIPE - Mudanças Climáticas Zonas Costeiras FURG · abordagens e linhas de pesquisa e a...

107

Transcript of EQUIPE - Mudanças Climáticas Zonas Costeiras FURG · abordagens e linhas de pesquisa e a...

2

EQUIPE:

COORDENADOR SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS: Dr. Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG)

COORDENADOR REBENTOS: Alexander Turra (USP)

COMITÊ ORGANIZADOR: Margareth da Silva Copertino (FURG), Alexander Turra (USP),

Márcia Regina Denadai (USP), José Henrique Muelbert (FURG), Zelinda M. de Andrade

Nery Leão (UFBA), Ruy Kenji Papa de Kikuchi (UFBA), Andréa Mara da Silva Gama

(FURG), Leandra Márcia Pedroso Dalmas (FURG).

COMITÊ CIENTÍFICO: Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG), Margareth da Silva Copertino

(FURG), Alexander Turra (USP), Márcia Regina Denadai (USP), José Henrique Muelbert

(FURG)

APOIO LOGÍSTICO DURANTE EVENTO: Paulo Votto (FURG), Tiago Albuquerque (UFBA),

Laísa Peixoto (UFBA), Lucas Rocha (UFBA), Marcéu Lima (UFBA), Leonardo Lopes

(UFBA), Mariana Thévenin(UFBA), Adriano Leite (UFBA), Lilian Oliveira Cruz (UFBA),

Márcia Carolina de Oliveira Costa (UFBA), Hanna Barros (UFBA).

INSTITUIÇÕES EXECUTORAS: Universidade Federal do Rio Grande (FURG),

Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA)

DATA DO EVENTO: 6 - 9 de novembro de 2011.

LOCAL: Portobello Hotéis, Salvador (BA), Brasil.

HOMEPAGE: http://www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop

E-MAIL: [email protected]

3

INSTITUIÇÕES NACIONAIS REPRESENTADAS:

Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN / MCT

Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE

Universidade de São Paulo – USP

Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI

Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

Universidade Federal da Bahia – UFBA

Universidade Federal de Rio Grande – FURG

Universidade Federal de Santa Catariana – UFSC

Universidade Federal do Ceará – UFCE

Universidade Federal do Espirito Santo – UFES

Universidade Federal do Paraná – UFPR

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Universidade Federal Fluminense – UFF

Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA

Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ

INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS REPRESENTADAS:

Oregon State University, USA

Universidade de Aveiro, Portugal

University of Maryland, USA

University of British Columbia, Canadá

University of Essex, UK

PALESTRANTES NACIONAIS:

Afonso Paiva, UFRJ

Alexander Turra, USP

Antônio H. F. Klein, UFSC

Athur A. Machado, FURG

Áurea M. Ciotti, USP

Carlos A. Garcia, FURG

Carlos A. Silva, UFF

Dieter C. Muehe, UFRJ

Douglas F. M. Gherardi, INPE

Eduardo T. Paes, UFRA

Glauber Gonçalves, FURG

Janice Trotte-Duhá, MCT

José M. L. Dominguez, UFBA

Patrizia R. Abdallah, FURG

Paulo Antunes Horta, UFSC

Paulo C. Lana, UFPR

Renato D. Ghisolfi, UFES

Ricardo Coutinho, IEAPM

Roberto Luiz do Carmo, UNICAMP

Ruy Kikuchi, UFBA

Salette A. Figueiredo, FURG

Zelinda Leão, UFBA

PALESTRANTES INTERNACIONAIS:

David J. Suggett, University Essex (UK)

João Serôdio, Universidade de

Aveiro (Portugal)

Peter Ruggiero, Oregon State

University (USA)

Thomas C. Malone, University

Maryland (USA)

Rashid Sumaila, University of

British Columbia (Canadá)

RELATORES:

Alexander Turra, USP

Artur Machado, FURG

Aurea Maria Ciotti, USP

Dieter C. E. H. Muehe, UFRJ

Eduardo Siegle, USP

Eduardo Tavares Paes, UFRA

Lauro Calliari, FURG

Márcia Denadai, USP

Paulo Horta, UFSC

Renato Ghosolfi, UFES

Ruy Kikuchi, UFBA

Sônia M. F. Gianesella, USP

Zelinda Leão, UFBA

REALIZAÇÃO

APOIO

FAPESP

2

SUMÁRIO

RESUMO ............................................................................................................................. 3

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4

1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS ................................................................. 4

1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS ...... 7

1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS) ...... 10

2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 12

2.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 12

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................... 12

3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 13

4. RESULTADOS ................................................................................................................. 14

4.1 DESCRIÇÃO GERAL ............................................................................................................ 14

4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA ............................................................ 16

4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS ................................................... 19

4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES ......... 21

5. AVALIAÇÃO DO EVENTO ................................................................................................. 59

6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 65

ANEXO I: RESUMOS ........................................................................................................... 71

ANEXO II: LISTA DE PARTICIPANTES .................................................................................. 100

3

RESUMO

O II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras foi realizado no

Hotel Portobello Ondina Praia, Salvador (BA), entre os dias 6 e 9 de novembro de 2011.

O evento foi promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras, vinculada à Rede CLIMA e INCT

para Mudanças Climáticas (INCT–MC). Dentre os principais objetivos do II Workshop

destacamos a apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Sub-

rede Zonas Costeiras, incluindo avaliações históricas e diagnósticas sobre a

vulnerabilidade do litoral brasileiro e seus ecossistemas às mudanças climáticas. Esta

segunda edição do evento objetivou ainda aprofundar recomendações lançadas

durante o I Workshop, particularmente com respeito à proposição de novas

abordagens e linhas de pesquisa e a formação de redes observacionais para a costa

brasileira. Destacamos neste aspecto a realização, dentro do evento, do II Workshop

da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos), cujos

objetivos estão estreitamente vinculados ao projeto da Sub-rede Zonas Costeiras. O

evento teve a representação de vinte e três (23) instituições nacionais e cinco (5)

internacionais, destacando-se a presença de pesquisadores de outras sub-redes da

Rede CLIMA & INCT para Mudanças Climáticas (Oceanos, Urbanização e Megacidades)

e dos recém formados INCT´s do Mar. Dentre os principais resultados alcançados pela

realização do II Workshop destacam-se: 1) o estabelecimento e/ou fortalecimento de

redes observacionais na padronização e adaptação de protocolos metodológicos

comparativos; 2) o estímulo a criação de novas linhas de pesquisa dentro do tema

mudanças climáticas tais como eventos extremos, acidificação dos oceanos e ciclo do

carbono; 3) propostas relacionadas com a formação de recursos humanos na área de

mudanças climáticas e 4) divulgação científica e a educação da sociedade sobre o

tema. As discussões e recomendações lançadas neste II Workshop foram a base para a

elaboração do projeto Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta), um

mês após o evento, aprovado pelo Fundo Nacional para Mudanças Climáticas do

Ministério do Meio Ambiente (MMA / Fundo Clima).

4

1. INTRODUÇÃO

1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS

Zonas Costeiras estão entre as áreas mais vulneráveis aos impactos das mudanças

climáticas globais, pois serão atingidas diretamente pelo aumento do nível médio do

mar, pela exposição a eventos extremos de tempestade, pelas mudanças nos regimes

de descarga fluvial dos rios, pela elevação da temperatura superficial do mar, pela

acidificação dos oceanos, dentre outros eventos (Trenberth et al. 2007, Bindoff et al.

2007). Entretanto, os impactos potenciais das mudanças climáticas, tanto físicos como

biológicos, variarão consideravelmente entre as regiões costeiras, de acordo com suas

características naturais e com o grau de degradação ambiental presente em cada

região. Além disto, grandes cidades com alta densidade populacional estão

concentradas a menos de 100 km da linha de costa, próximas a rios e em regiões de

baixa altitude (vales férteis). Estima-se que a densidade populacional da zona costeira

deve mais do que dobrar até 2050. Impactos de mudanças climáticas e

desenvolvimento urbano deverão triplicar o número de pessoas expostas a inundações

costeiras em 2070. Serviços e bens valorizados pela sociedade, os quais representam

cerca de 33 trilhões de dólares globalmente, estão concentrados nos ecossistemas

costeiros. Desta maneira, compreender os impactos das mudanças climáticas globais

em cada região do país torna-se imprescindível ao planejamento estratégico futuro e à

tomada de decisões por parte do poder público e da sociedade brasileira.

Dentre os efeitos das mudanças climáticas sobre a costa, a elevação do nível do mar

tem recebido grande ênfase, devido aos impactos como inundação, erosão, intrusão

de água marinha, alteração da amplitude de maré, mudanças nos padrões de

sedimentação e redução da penetração da luz na lâmina d’água. Desta maneira, mapas

de vulnerabilidade à elevação do nível do mar (e.g. Nicolodi et al. 2010, Costa et al.

2010), devem ser prioridades das atividades de pesquisa sobre os impactos de

mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras. Entretanto, não se pode esperar

que modelos globais, ou desenvolvidos para outras regiões do planeta, possam ser

suficientemente precisos para determinação dos impactos desse fenômeno nas escalas

5

locais e regionais da costa brasileira. Variações do nível do mar são conseqüência de

processos meteorológicos, geológicos, climáticos, astronômicos, hidrológicos,

glaciológicos e biológicos, bem como das interações que realizam entre si, o que

tornam cada região um caso especial e particular. Entretanto, muitas fragilidades ainda

dificultam a condução de estudos básicos sobre as previsões da elevação do nível do

mar: a inexistência de um referencial altimétrico ortométrico e a carência de dados

históricos que permitam estabelecer as taxas de elevação (Lemos et al. 2010).

Somente a partir da existência de uma base confiável de dados será possível mapear

tais vulnerabilidades e realizar uma previsão dos impactos sobre os meios físico,

biótico e sócio-econômico, gerar cenários futuros e avaliar as alternativas de mitigação

bem como estratégias adaptativas.

As repostas dos sistemas naturais costeiros à elevação do nível do mar são dinâmicas e

irão variar também de acordo com as condições geomorfológicas, climáticas e

antrópicas locais (Bijlsma et al. 1996). Fenômenos como erosão e inundação poderão

ser agravados ou desencadeados, com grandes prejuízos às cidades costeiras. Tais

processos são conseqüência não apenas de mudanças no nível do mar, mas também

de modificações na distribuição das chuvas, na descarga de material particulado de

rios, na freqüência direcional e intensidade das ondas e do aumento da freqüência e

intensificação de marés meteorológicas associadas a ciclones extratropicais (Muehe

2006). Dentre os ambientes costeiros altamente vulneráveis aos impactos das

modificações climáticas estão estuários, deltas e baías fechadas, afetados diretamente

pelas mudanças no nível do mar, pelas taxas pluviométricas e pelas alterações do

campo de ventos, com conseqüências nas amplitudes das marés e na descarga fluvial

(Möller et al. 2001). As mudanças na hidrodinâmica estuarina, e de sistemas costeiros

fechados, afetam a sócia economia regional, particularmente a produção pesqueira

(Möller et. al. 2009, Schroeder & Castello 2010).

Dentre os diversos ecossistemas costeiros brasileiros que sofrerão os efeitos das

mudanças na hidrodinâmica, destacam-se manguezais, marismas e pradarias de

plantas submersas, os quais têm sido utilizados como instrumento de avaliação da

elevação do nível dos oceanos (Walters et al. 2008). É possível até que a extensão da

6

área ocupada por esses ambientes se desloque em direção ao continente, à medida

que a água salgada penetre cada vez mais nos rios e estuários com a elevação do nível

dos mar. Entretanto, as margens internas dos estuários e rios, na sua interface com ao

ambiente continental, estão normalmente ocupadas por infraestruturas ou

drasticamente modificadas, o que impediria este avanço. O aumento da temperatura

atmosférica poderia ainda “beneficiar” os manguezais, que geralmente têm sua

distribuição limitada pelas temperaturas mínimas e pela ocorrência de geadas.

Entretanto, isto dependerá de um balanço entre as taxas de erosão e acresção de

sedimentos, do grau de impactos e degradação sofridos por estes ecossistemas e da

amplitude da ocupação humana sobre as áreas adjacentes, acima da linha da maré

(Faraco et al. 2010).

O aumento da temperatura da água é um fato que atuará sobre quase todos os

processos biológicos (Moss et al. 2003), podendo influenciar taxas de crescimento,

ciclos reprodutivos, distribuições latitudinais e processos migratórios, podendo ainda

alterar a vulnerabilidade dos ecossistemas aquáticos à invasão por espécies exóticas

(Kling et al. 2003, Moss et al. 2003, Winder e Schindler 2004, Chu et al. 2005). Os

modelos climáticos atuais prevêem que o aquecimento das águas superficiais dos

oceanos reduzirá ainda a camada de mistura vertical, induzindo mudanças na

biomassa fitoplanctônica, na composição de suas espécies e suas taxas de produção

(Huisman et al. 2004). O esperado aumento da temperatura das águas superficiais na

região costeira do Atlântico Sudoeste, acoplado ao cenário de intensificação das

chuvas na bacia do Rio da Prata, podem interferir tanto nas entradas de nutrientes

como no grau de estratificação vertical e horizontal das águas da plataforma

continental. Esses processos físicos e biogeoquímicos podem modificar a estrutura das

comunidades e o destino final do carbono incorporado (Ciotti et al. 1995, Froneman

2006), afetando o papel do fitoplâncton como sorvedouro de CO2, de modo não

previsto nos modelos globais atuais. Mudanças ao nível dos produtores primários

afetariam, em curto, médio e longo prazo toda a cadeia trófica marinha, com

conseqüências drásticas para abundância de espécies de importância pesqueira.

7

No Brasil, as pesquisas relacionadas com impactos, vulnerabilidades e adaptação às

mudanças climáticas são limitadas pelas deficiências do conhecimento sobre a

dinâmica natural dos ecossistemas costeiros e pela escassez de longas séries temporais

(Copertino et al. 2010). Tais limitações somente serão superadas a partir da formação

e ação de redes interinstitucionais, da realização de pesquisas integradas e

multidisciplinares, da elaboração e execução de protocolos metodológicos

padronizados para cada área pesquisa e do estabelecimento de sistemas

observacionais contínuos ao longo da costa, com infraestrutura e equipamentos

adequados aos monitoramentos. Somente com observações acuradas e consistentes

será possível mapear as vulnerabilidades da zona costeira brasileira e prever impactos

ecológicos e sócio-econômicos, capazes de propor alternativas de mitigação e

estratégias adaptativas (Lemos et al. 2010, Muehe 2010, Nicolodi e Petermann 2010).

A complexidade dos ecossistemas costeiros brasileiros e de seus processos, nesta zona

de influência do mar e interfaces com o ambiente terrestre, justifica a formação de

arranjos institucionais próprios, multidisciplinares e integrados, de modo a

compreender sua dinâmica e coordenar todos os interesses variados nos usos dos

recursos desta região. Torna-se fundamental ainda a criação e a manutenção de

sistemas observacionais permanentes, multidisciplinares e eficientes, que permitam

análises em diversas escalas de tempo e espaço apropriadas. Tais sistemas

observacionais costeiros devem transcender a programas de monitoramento pontuais,

devendo ser concebidos por embasamento científico, de forma a conectar

observações ambientais ao manejo dos ecossistemas e recursos naturais (Clarck et al.

2001, Christian 2005). Resultados deste tipo são cruciais para a quantificação e

modelagem dos processos físicos e ecológicos, tornando mais eficiente a capacidade

de previsão dos impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas costeiros,

tanto a nível regional como global.

1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS

A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA,

Portaria MCT no 728, de 20.11.2007) tem como objetivo principal gerar e disseminar

8

conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas

causas e efeitos das mudanças climáticas globais (http://www.ccst.inpe.br/redeclima).

Um dos primeiros produtos colaborativos da Rede CLIMA é elaboração regular de

análise sobre o estado de conhecimento das mudanças climáticas no Brasil, nos

moldes dos relatórios do IPCC, porém com análises setoriais mais especificas para a

formulação de políticas públicas nacionais e internacionais (Rede CLIMA 2009).

O Instituto Nacional de Ciência Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas (CNPq -

Processo 573797/2008; FAPESP -Processo 08/57719-9) abrange uma rede de pesquisas

interdisciplinares, embasada na cooperação de 65 grupos nacionais e 17 grupos

internacionais, constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais implantada no

Brasil (www.ccst.inpe.br/inct/). Este INCT está diretamente associado à Rede CLIMA e

sua estrutura cobre todos os aspectos científicos e tecnológicos de interesse àquela

rede. A Rede CLIMA e o INCT para Mudanças Climáticas, em parcerias com programas

estaduais e internacionais de pesquisas em mudanças climáticas, estão contribuindo

como pilar de pesquisa ao desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças

Climáticas, fornecendo informações científicas de qualidade para subsidiar as políticas

públicas de adaptação e mitigação (INCT for Climate Changes 2010). Um dos principais

objetivos desses programas é aumentar significativamente os conhecimentos sobre

impactos das mudanças climáticas e identificar as principais vulnerabilidades do Brasil

em diversos setores e sistemas, dentro os quais se destaca o setor zonas costeiras,

estudada por sub-rede de mesmo nome.

A sub-rede Zonas Costeiras caracteriza-se por uma rede de pesquisa interdisciplinar e

interinstitucional, formada por mais de 50 pesquisadores de diferentes regiões do país

e áreas do conhecimento (http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/). O

programa possui como principal objetivo avaliar o estado do conhecimento, identificar

deficiências, estabelecer protocolos, coordenar/integrar projetos que investiguem a

vulnerabilidade e os efeitos das mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras,

propondo ações adaptativas e mitigadoras, em conjunto com setores organizados da

sociedade. As questões científicas pertinentes, os impactos sobre a costa e as

vulnerabilidades ecológica, social e econômica, estão sendo estudadas por

9

especialistas reconhecidos em suas áreas de atuação, de modo a ter repercussão

nacional e internacional.

Os recursos disponibilizados para a sub-rede Zonas Costeiras (R$ 350.000,00 pelo INCT

e R$ 300.000,00 pela Rede CLIMA) foram focados na estruturação física da própria sub-

rede e sua secretaria, na distribuição de bolsas (modalidade DTI) e computadores para

diversos grupos de pesquisa e áreas temáticas, no apoio às visitas e integração entre

pesquisadores e também no auxílio à participação de bolsistas em eventos nacionais e

internacionais. Os membros desta sub-rede disponibilizaram, em contrapartida, seus

grupos de pesquisa, projetos e financiamentos, bancos de dados pretéritos, além de

outros bolsistas e estudantes.

Ao longo de dois anos de existência, os esforços integrados da sub-rede Zonas

Costeiras tem alcançado boa parte de seus objetivos e metas, produzindo resultados

concretos. Entre estes, destacam-se um grande levantamento sobre o estado da arte

do conhecimento sobre zonas costeiras no Brasil, incluindo revisões históricas, análise

de dados pretéritos, estudos sobre impactos e vulnerabilidades, além de construção de

modelos preditivos (INCT for Climate Changes 2010, Garcia & Nobre 2010).

A realização do I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras

teve papel fundamental para o alcance destes objetivos, através da integração dos

pesquisadores e seus resultados, do fortalecimento da estrutura desta sub-rede em

nível nacional, e da deliberação de decisões sobre o encaminhamento das pesquisas e

ações futuras. O I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras

foi realizado em setembro de 2009, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) RS,

e teve como tema central “Estado do Conhecimento e Recomendações Futuras”.

Dentre os impactos causados, destacaram-se a integração e consolidação da rede de

pesquisa Zonas Costeiras e a elaboração do Volume Especial “Climate Changes and

Brazilian Coastal Zones” publicado pela revista Panamjas. Destaca-se ainda,

a elaboração da Declaração de Rio Grande, um documento de base e de conclusão

gerado a partir das discussões realizadas durante o evento.

10

1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS)

A Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos) está

inserida na Sub-Rede Zonas Costeiras, portanto vinculada à Rede Clima & INCT para

Mudanças Climáticas. Dentre os 13 grupos que compõem a Zonas Coasteiras, quatro

são ligados ao ambiente bentônico (Macroalgas e Fanerógamas Marinhas, Recifes

Coralinos, Costões e Praias, Manguezais). O articulações para a constituição da

ReBentos iniciaram durante o I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas

Costeiras, a partir de algumas recomendações realizadas para o estudos em

comunidades bentônicas como:

Avaliações sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies

“chave” estenotérmicas ou ao longo da costa (macroecologia), considerando

diferentes escalas de variação e, se possível, eliminação de fontes de ruído utilizando

áreas controle;

Estudos sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies

indicadoras, sensíveis à mudanças em parâmetros ambientais, através de uma

abordagem padronizada ao longo da costa;

Utilização de técnicas ou estratégias de obtenção de dados (imagens,

suficiência taxonômica, análise de fisionomias, RAP etc.) que amplifiquem a

capacidade geográfica de análise;

Avaliação do estado fisiológico de organismos construtores de recifes (algas

calcárias e corais);

Identificação e registro de mudanças nos “timmings” de florescimento,

maturação, liberação de gametas, recrutamento, germinação e outros parâmetros

populacionais;

Avaliação de perdas ou mudanças de produtividade e função, durante fases

detransição ou colapso dos sistemas naturais;

Identificação e quantificação dos impactos dos eventos extremos na

abundância e fisiologia de espécies, comunidades e ecossistemas: comparação de

parâmetros medidos antes e depois dos eventos.

11

Como desdobramentos das discussões durante o I Workshop, surgiu a necessidade de

formação ou fortalecimento de Redes Observacionais para a costa brasileira, para

monitoramento de parâmetros físicos e biológicos, com a coordenação e participação

de membros da Zonas Costeiras. A proposta para financiamento de sete (7) Redes

Observacionais foi elaborada para o orçamento 2010/2011 da Rede CLIMA e

submetida ao MCT, com valor total aproximado de R$ 1.300.000,00. Dentre elas estava

a Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). Estes recursos,

entretanto, não foram liberados.

A proposta da ReBentos foi apresentada e finalmente aprovada no Edital

MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT – Ação Transversal/FAPs no 47/2010 - Chamada

3 - Pesquisa em Redes Temáticas para o entendimento e previsão de respostas da

Biodiversidade Brasileira às mudanças climáticas e aos usos da terra, com recursos do

CNPq (Proc. 563367/2010-5) e da FAPESP (Proc. 2010/52323-0). Esse edital está

vinculado ao Programa SISBIOTA – Brasil, que tem por objetivo fomentar a pesquisa

científica para ampliar o conhecimento e o entendimento sobre a biodiversidade

brasileira e para melhorar a capacidade preditiva de respostas às mudanças globais,

particularmente às mudanças de uso e cobertura da terra e mudanças climáticas,

associando formação de recursos humanos, educação ambiental e divulgação do

conhecimento científico. O objetivo da proposta da ReBentos foi a criação e

implementação de uma rede integrada de estudos dos habitats bentônicos do litoral

brasileiro, para detectar os efeitos das mudanças ambientais regionais e globais sobre

esses organismos, dando início a uma série histórica de dados sobre a biodiversidade

bentônica ao longo da costa brasileira. A proposta contava com a participação de 17

instituições de ensino e/ou pesquisa, localizadas em 11 estados brasileiros e 31

pesquisadores.

As metas da ReBentos são: (1) fomentar uma discussão temática voltada para as

mudanças climáticas; (2) estabelecer séries temporais com métodos adequados; (3)

obter e disponibilizar dados para avaliação do impacto de mudanças globais; (4)

formar recursos humanos e (5)propiciar a educação ambiental e divulgação científica.

12

A longo prazo a ReBentos visa o monitoramento contínuo e permanente de

parâmetros biológicos e abióticos em diversos habitats ao longo da costa brasileira e a

obtenção de séries contínuas de dados no tempo e distribuídas no espaço, por tipo de

habitat e através de um gradiente latitudinal, permitindo assim investigar questões

científicas relacionadas a alterações causadas por impactos antropogênicos e

modificações climáticas.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

O "II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras" objetivou

apresentar os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Sub-rede Zonas

Costeiras, incluindo avaliações históricas e diagnósticas sobre a vulnerabilidade do

litoral brasileiro e seus ecossistemas às mudanças climáticas, avaliando desta maneira

metas alcançadas pelo projeto. Esta segunda edição do evento objetivou ainda

aprofundar recomendações lançadas durante o I Workshop, particularmente com

respeito à proposição de novas abordagens e linhas de pesquisa e a formação de redes

observacionais para a costa brasileira. Diversos grupos de pesquisa, cujos estudos

estão diretamente ou indiretamente associados com mudanças climáticas em oceanos

e zonas costeiras, foram representados durante o evento. Para este segundo

Workshop, foram ainda convidados palestrantes internacionais, visando contribuições

específicas a temas pouco estudados no Brasil e sobre a formação de redes

observacionais costeiras.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1) Apresentar resultados de trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Rede

CLIMA e INCT para Mudanças Climáticas, particularmente das Sub-redes Zonas

Costeiras, Oceanos e Urbanização e Megacidades, os quais se relacionam com os

temas e objetivos destes projetos;

13

2) Realizar o II Workshop da Rede de Monitoramento de Habitat Bentônicos Costeiros

(ReBentos), cujos objetivos e metas estão vinculados estreitamente ao projeto da Sub-

rede Zonas Costeiras;

3) Discutir e elaborar propostas que visem o estabelecimento de sistemas de

observação e redes de monitoramento, sistemáticas e permanentes, para o litoral

brasileiro;

4) Discutir a sustentabilidade de observações de longo prazo para o conhecimento dos

efeitos das mudanças climáticas nas zonas costeiras;

5) Discutir novas abordagens e linhas de pesquisa, dentro da temática mudanças

climáticas e zonas costeiras, que estão ainda em estágio inicial no Brasil;

6) Discutir e propor estratégias para aumentar e melhorar a formação de recursos

humanos, geral e específica, na área de mudanças climáticas.

3. METODOLOGIA

A programação do II Workshop foi planejada em torno de objetivos, temas e grupos de

pesquisa da Sub-rede Zonas Costeiras. Adicionalmente, houve uma preocupação com

importantes lacunas, as quais dificultam o avanço da ciência no Brasil, como a

formação de redes de monitoramento e sistemas observacionais para a zona marinha

e costeira.

Os temas e programação do II Workshop foram propostos inicialmente pela

coordenação da sub-rede, com contribuições dos membros, que também indicaram os

nomes dos palestrantes internacionais. O desenvolvimento dos trabalhos durante o II

Workshop baseou-se no seguinte:

14

1) Sessões Plenárias, ministradas por palestrantes internacionais. Em geral, estas

sessões abriram os trabalhos do dia ou do turno (manhã ou tarde), servindo como

base e motivação científica para os temas que se seguiram nas mesas redondas.

2) Mesas Redondas, com a participação de pesquisadores membros do INCT de

Mudanças Climáticas, Rede CLIMA e INCT´s do MAR. As mesas foram formadas em

torno de grandes áreas (geologia e dinâmica costeira, oceanografia física e biológica,

ecologia de ambientes bentônicos, sócio-economia) ou redes de pesquisa.

3) Realização do II Workshop da Rede de Monitoramento dos Habitats Bentônicos

Costeiros (ReBentos), que ocorreu paralelamente e dentro do evento. A ReBentos

funcionou como um grande Grupo de Trabalho (GT), em torno do tema específico de

monitoramento de ambientes bentônicos.

E) A formação de Grupos de Trabalhos (GT´s), constituídos durante o Workshop, para

formular recomendações e propor ações futuras para a continuidade das pesquisas

sobre Mudanças Climáticas no Brasil e sobre os trabalhos da sub-rede Zonas Costeiras.

B) Sessão de Pôsteres, oportunizando a apresentação de trabalhos de estudantes e

pesquisadores, nos mais diversos temas de mudanças climáticas em ambientes

costeiros e marinhos.

A programação, resumos, vídeos e slides das apresentações do II Workshop, assim

como outros documentos de base, estão dsiponíveis na página do evento

(http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/workshop). Destaca-se como importante

produto do evento, a disponibilização on-line de quase todas as palestras, as quais

podem ser assistidas concomitantemente com as apresentações em PDF.

4. RESULTADOS

4.1 DESCRIÇÃO GERAL

O evento contou com a presença de 172 participantes, entre eles alunos e

15

pesquisadores brasileiros e internacioanis. O evento teve cinco (5) plenárias (palestras

internacionais), cinco (5) mesas redondas, uma (1) sessão temática e uma (1) sessão de

painéis. Contabilizando todas estas sessões, um total de quarenta e três (48) trabalhos

(24 orais e 19 painéis) foram apresentados. As palestras e os trabalhos abrangeram os

temas: geologia e dinâmica costeira, oceanografia física, química e biológica,

monitoramento ambiental, ecologia e fisiologia de organismos marinhos, sociologia,

economia pesqueira, jornalismo e divulgação científica. Os trabalhos e discussões

variaram entre estudos globais, nacionais, regionalizados e também locais. As sessões

se concentraram em torno dos temas: sistemas observacionais costeiros, redes de

pesquisa e monitoramento de mudanças climáticas, vulnerabilidades do litoral

brasileiro à mudanças climáticas e eventos extremos, vulnerabilidade dos ecossistemas

bênticos, escalas de influência e detecção das mudanças climáticas nas regiões de

plataforma e oceânica, a dimensão humana das mudanças climáticas.

Foram formados dois Grupos de Trabalho que discutiram e formularam

recomendações voltadas para: 1) a formação de recursos humanos em mudanças

climátimas e 2) sistemas observacionais e a sustentabilidade dos programas e redes de

pesquisa e observação costeira. Estes grupos se reuniram na última tarde do

Workshop, para organizar idéias que devem ser melhor trabalhadas na forma de

documentos e termos de referências.

O II Workshop da Rede de Monitoramento dos Habitats Bentônicos Costeiros

(ReBentos) contou com a participação de 39 pesquisadores. A realização do evento

contribui para consolidar o trabalho deste grupo, cuja discussões preliminares

iniciaram com o projeto Zonas Costeiras e durante o I Workshop Brasileiro de

Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras. As atividades do II Workshop da ReBentos

incluíram apresentações dos sub-projetos (Praias, Recifes e Costões, Estuários, Fundos

Submersos Vegetados, Manguezais e Marismas e Educação Ambiental) e o andamento

dos seus trabalhos, discussões sobre protocolos de amostragem, recursos para

projetos, produtos a serem gerados e atribuição de tarefas para a continuidade dos

trabalhos.

16

4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA

Dia 7 - Segunda-feira

08:00-08:30 Inscrição e entrega de material Secretaria

08:30-09:00 Abertura e Introdução

09:00-10:00 Palestra de Abertura Climate Change, habitat loss and coastal development: the perfect storm for coastal populations

Thomas Malone, U. Maryland, USA

10:00-10:15 Intervalo e Café

10:15-12:00 Mesa Redonda Mudanças climáticas no Oceano e Zona Costeira Brasileira: perspectivas dos INCT´s

Coordenador: Carlos A. Garcia, FURG

INCT para Mudanças Climáticas - Zonas Costeiras Carlos A. Garcia, FURG

INCT para Mudanças Climáticas - Oceanos Janice Trotte-Duhá DHN / MCT

INCT do Mar em Ambientes Marinhos Tropicais José M. L. Dominguez, UFBA

INCT do Mar de Estudos de Processos Oceanográficos Integrados da Plataforma Continental ao Talude

Ricardo Coutinho, IEAPM

INCT do Mar - Centro de Oceanografia Integrado Paulo C. Lana, UFPR

12:00-13:30 Almoço

13:30-15:30 Mesa Redonda Vulnerabilidades do litoral brasileiro: geomorfologia e dinâmica costeira

Coordenador: José M.L. Dominguez, UFBA

Respostas da Zona Costeira Brasileira à subida do Nível do Mar e Mudanças no Clima

José M. L. Dominguez, UFBA

Erosão Costeira: tendência ou eventos extremos? O litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio.

Dieter C. Muehe, UFRJ

Mudanças na Zona Costeira do Rio Grande do Sul: situação atual e perspectivas

Athur A. Machado, FURG.

O Modelo da forma em planta de Praias de Enseada aplicado a diferentes escalas de tempo e espaço: Exemplos de Santa Catarina

Antônio H. F. Klein, UFSC

15:30-16:45 Workshop da ReBentos (Executive Center, 5º Andar)

Coordenador: Alexander Turra, USP

15:30-16:30 Sessão Temática Metodologias e avaliação de vulnerabilidades costeiras

Coordenador: Glauber Gonçalves, FURG

Estudos geodésicos sobre ocupações urbanas no litoral norte do Rio Grande do Sul

Glauber Gonçalves, FURG

Impactos das mudanças climáticas na costa do Rio Grande do Sul: forçantes externas e controles internos

Salette A. Figueiredo, FURG

16:45-17:00 Intervalo e Café

17:00-18:00

Palestra Is the intensifying wave climate of the U.S. pacific Northwest Increasing flooding and erosion risk faster than sea level rise?

Peter Ruggiero Oregon State U., USA

18:00-20:00 Coquetel de Confraternização

17

Dia 8 – Terça-feira

08:30-09:15

Palestra Adaptation of corals to extreme coastal environments: evidence of resilience to a warmer and more acid ocean?

David Suggett U. Essex, UK

09:15-10:00 Impactos das alterações globais na produtividade primária das zonas intertidais estuarinas

João Serôdio, U. Aveiro,Portugal

10:00-10:15 Intervalo e Café

10:15-12:00 Mesa Redonda Ecossistemas Bentônicos e Mudanças Climáticas: Estratégias de Pesquisa

Coordenador: Alexander Turra, USP

O branqueamento de corais e as anomalias térmicas na costa da Bahia nos últimos dez anos

Zelinda Leão, UFBA

Prognóstico da severidade do branqueamento de corais num Atlântico Sul mais quente

Ruy Kikuchi, UFBA

Efeitos sinérgicos das Mudanças Climáticas e dos impactos da urbanização: A Ecologia e Fisiologia das macroalgas como descritores

Paulo Antunes Horta, UFSC

O Papel da Floresta de Manguezal na captura de Carbono (Carbono Azul): Apade Guapimirim/RJ

Carlos A. Silva, UFF

Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos da Costa Brasileira (ReBentos): histórico e estratégia de atuação

Alexander Turra, USP

12:00-13:30 Almoço (Restaurante do Hotel Porto Belo)

13:30-18:00 Workshop da Rebentos (Executive Center, 5º Andar|)

Coordenador: Alexander Turra

13:30-16:00 Mesa Redonda Mudanças Climáticas no Atlântico Sul: escalas de influência e detecção

Coordenador: Afonso Paiva, UFRJ

Mudanças Climáticas e Modelagem Oceânica Afonso Paiva, UFRJ

Variabilidade da Corrente do Brasil associada a eventos ENSO Renato D. Ghisolfi, UFES

Sistemas de observação no oceano utilizando informações bio-ópticas Áurea M. Ciotti, USP

Análise dos efeitos da variabilidade climática sobre os grandes ecossistemas marinhos brasileiros: situação atual da pesquisa e avanços esperados

Douglas F. M. Gherardi, INPE

Processos biogeofísicos de larga escala e suas relações com o sequestro de carbono ao longo da Pluma do Rio Amazonas

Eduardo T. Paes, UFRA

16:00-16:15 Intervalo

16:15-18:00 Reunião de Grupos de Trabalho

20:00 Jantar por Adesão

18

Dia 9 – Quarta-feira

09:00-10:00 Palestra Climate change and its potential impact on the economics of marine fisheries

Rashid Sumaila, U. Vancouver, Canadá

10:00-10:15 Intervalo

10:15-12:00 Mesa Redonda Dimensão Humana das Mudanças Climáticas

Coordenador: Paulo C. Lana, UFPR

Urbanização, riscos e vulnerabilidades às mudanças climáticas: caracterização da população residente na Zona Costeira do Brasil

Roberto Luiz do Carmo, UNICAMP

Efeitos das Mudanças Climáticas na pesca artesanal do extremo sul do Brasil e impactos sócio-econômicos sobre as comunidades pesqueiras

Patrizia R. Abdallah, FURG

A vulnerabilidade de pescadores artesanais do litoral sul do Brasil: o papel das mudanças climáticas e das unidades de conservação na determinação de suas estratégias de adaptação

Paulo C. Lana, UFPR

12:00-13:30 Almoço

13:30-16:00 Workshop da ReBentos e Reunião de Grupos de Trabalho

16:00-16:15 Intervalo

16:15-18:00 Conclusões, propostas e recomendações finais.

18:00-18:30 Encerramento

Esta programação está disponível on-line no site do evento

www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop/images/stories/document

os/ii%20wsmczc%20-%20programaofinalpagina.pdf.

19

4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS EROSÃO COSTEIRA NO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DA PASSAGEM DE EVENTOS EXTREMOS E PERFIS DE PRAIA ENTRE 1991 E 1996. Allan O. de Oliveira e Lauro J. Calliari COMPARAÇÃO METODOLÓGICA DE PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DE AMBIENTES MARINHOS E COSTEIROS COM VISTAS AO MAPEAMENTO CARTOGRÁFICO E DETERMINAÇÃO DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL. Carolina S. Mussi, Angelina Coelho, Rafael M. Sperb, Antônio C. Beaumord, João T. Menezes, Maria I. F. Santos, Thelma L. Scolaro, Danielle D. Klein, Roberto A Pavan e Ana P. F. D. Ramos HIDRODINÂMICA DO SACO DO ARRAIAL (LAGOA DOS PATOS, RS) FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE DESCARGA FLUVIAL – INDÍCIOS DE RESPOSTAS DAS ENSEADAS RASAS ESTUARINAS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Priscila B. Giordano e Elisa H. L. Fernandes ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO DE CLOROFILA-A SOB INFLUÊNCIA DA RESSURGÊNCIA DE CABO FRIO E SUA RELAÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS DE CIRRIPEDES E BIVALVES AO LONGO DA PLATAFORMA CONTINENTAL. Ana C. A. Mazzuco, Áurea M. Ciotti e Ronaldo A. Christofoletti PADRÃO TEMPORAL DE OCORRÊNCIA DE FLORAÇÕES FITOPLANCTÔNICAS NA BAIA DE SÃO VICENTE (SP) DURANTE O VERÃO DE 2010. André F. Bucci, Áurea M. Ciotti e Ricardo C. G. Pollery IMPACTO DA URBANIZAÇÃO E TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE A PRODUÇÃO PRÍMARIA DE HYPNEA MUSCIFORMIS (WULFEN) J. V. LAMOUR. Caroline D. Faveri, Cintia Martins, Eder Schimdt, Paulo A. Horta e Zelinda Bouzon ADAPTAÇÃO DA TEMPERATURA DE FRONTEIRA DOS MÉTODOS DO PROGRAMA CORAL REEF WATCH (NOAA) PARA A PREVISÃO DE BRANQUEAMENTO NA COSTA LESTE DO BRASIL. Danilo S. Lisboae Ruy K. P. Kikuchi ANÁLISE PRELIMINAR DE SÉRIES TEMPORAIS DAS CAPTURAS ARTESANAIS DE QUATRO ESPÉCIES ESTUARINO-DEPENDENTES NO SUL DO BRASIL. Gonzalo Velasco, Bruna B. Lima e Leonardo E. Moraes COMPARAÇÃO DE CALCIFICAÇÃO DOS CORAIS MUSSISMILIA BRAZILIENSIS VERRILL, 1868 E SIDERASTREA STELLATA VERRILL, 1868 DA ÉPOCA DO HOLOCENO TARDIO E DO PRESENTE. Laísa P. Ramose Ruy K. P. Kikuchi AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA DA ÁGUA SOBRE A ESPÉCIE DE CORAL MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM AQUÁRIO. Lize E. S. Gonzaga, Marilia D. M. Oliveira, Ruy K. P. Kikuchi e Zelinda M. A. N. Leão

ADAPTAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE FUNDOS ROCHOSOS (CFR) AO MONITORAMENTO NA BAÍA DE ILHA GRANDE, RIO DE JANEIRO, ENFOCANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Maria T. M. Széchy ESTRESSE FÍSICO EM MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM RESPOSTA À SEDIMENTAÇÃO EM TEMPO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Miguel M. Loiola, Clara K. D. Coelho, Marília D. M. Oliveira, Ruy K. P. Kikuchi e Zelinda M. A. N. Leão

20

EVENTOS EXTREMOS E A COMUNIDADE FITOBÊNTICA DO LITORAL SUL DO BRASIL: MUDANÇAS CLIMÁTICAS, UM FUTURO PRÓXIMO? Noele P. Arantes, Cintia D. L. Martins, Cintia Lhullier, Manuela B. Batista e Paulo A. Horta

ASPECTOS DA ECOFISIOLOGIA DEPEYSSONNELIA CAPENSIS (PEYSSONNELIALES, RHODOPHYTA) FRENTE A MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS. Paola F. Sanches e Paulo A. Horta A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E CALCIFICAÇÃO NA VARIAÇÃO DE Δ18O, Δ13C E SR/CA NO ESQUELETO DO CORAL MUSSIMILIA BRAZILIENSIS (VERRILL 1868). Priscila M. Gonçalves e Ruy K. P. Kikuchi MITIGAÇÃO DE GEE USANDO MICROALGAS MARINHAS NA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE COMBUSTÍVEIS CARBONO NEUTRO. Sônia M. F. Gianesella, Fernando T. Kanemoto e Flávia M. P. Saldanha-Corrêa MUDANÇA CLIMÁTICA EM CIDADES COSTEIRAS: RESPOSTAS POLÍTICAS E DESAFIOS NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA. Fabiana Barbi e Leila C. Ferreira VIDA E TEMPO EM PROLIFERAÇÃO: POTENCIALIDADES DAS IMAGENS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Tainá de Luccas e Susana O. Dias

21

4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES

Esta seção descreve sinteticamente as palestras proferidas e temas discutidos em

sessões plenárias, mesas redondas e reuniões temáticas (ReBentos), destacando as

principais perguntas, comentários e recomendações que se seguiram sobre os

assuntos. A descrição abaixo foi elaborada a partir da contribuição de diversos

pesquisadores e membros da sub-rede Zonas Costeiras e da ReBentos, designados

como relatores de cada sessão.

CLIMATE CHANGE, HABITAT LOSS AND COASTAL DEVELOPMENT: THE PERFECT

STORM FOR COASTAL POPULATIONS

Palestrante: Thomas Malone (University of Maryland, USA)

Relatora: Áurea Maria Ciotti (USP)

Numa apresentação bem completa, Dr. Malone apresenta algumas das preocupações

recorrentes quando tratamos de sustentabilidade e saúde em ambientes costeiros. Ele

optou por construir sua argumentação sob a ótica do efeito aditivo de algum dos

problemas já identificados nessa problemática, que se fortificam como durante a

formação de uma "perfect storm" (analogia ao processo meteorológico de

intensificação de instabilidades na atmosfera). O objetivo final foi enfatizar a

necessidade de um número maior de sítios de observação costeira no Brasil e no

mundo, já concebidas dentro de maiores escalas temporais e espaciais. Ele mostra

como abordagem diagnóstica a quantificação dos chamados "benefícios e serviços"

que um dado ambiente costeiro oferece, atualmente sugeridos por uma série de

índices. No início da palestra, Dr. Malone nos convida a prestar atenção nas coisas

redundantes que virá a colocar, nos instruindo em seguida a igualar redundância com

desafio. Discutiu os níveis de diversidade biológica e as pressões de ocupação humana

de vários setores da linha de costa brasileira, sugerindo a evolução daqueles de tem

possivelmente maior influência, e que acredita serem potencializados (ou

intensificados) pelos efeitos das mudanças climáticas. Mostrou preocupação com a

falta de observações biológicas nos sítios em geral, apesar de reconhecer que alguns

esforços já existem em pontos isolados da costa brasileira, mas alerta que a

22

implementação desses programas depende ainda de um pequeno número de pessoas,

usando como exemplo o coastal Global Ocean Observing System. Logo em seguida,

Malone mostra o planejamento americano (Pico Plan) de 2010 como uma sugestão de

modelo de organização de sítios costeiros. O Pico Plan se baseia na detecção de

fenômenos de interesse prioritários e estabelece quais variáveis precisam ser

monitoradas para melhor explicá-los. Malone todavia enfatiza que esses fenômenos só

podem ser propriamente identificados com uma descrição previa dos processos físicos

em cada área de interesse, ilustrando como fenômenos de interesse ao Brasil, a

elevação do nível do mar, desenvolvimento da costa e eventos meteorológicos

extremos. A apresentação então justifica a construção de um desenho para um

sistema de modelagem e observações hierárquico. Torna evidente que, em termos

globais, os programas de observações integradas são praticamente inexistentes fora

dos EUA, Austrália e Europa e existe uma carência de um centro unificador dos

sistemas. A palestra apresentou um grande número de informações, e reflete a

enorme experiência pessoal de alguém que tem sido ativo e bastante crítico no

processo de implementação de programas de observação costeira.

MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO OCEANO E ZONA COSTEIRA BRASILEIRA: PERSPECTIVAS

DOS INCT’S

Mesa Redonda coordenada por: Carlos A. E. Garcia (FURG)

Palestrantes: Carlos A. Garcia (FURG) Janice Trotte-Duhá (MCT) José M. L. Dominguez

(UFBA), Paulo C. Lana (URPR), Afonso Paiva (UFRJ), Ricardo Coutinho (IAEPM)

Relatores: Renato David Ghisolfi, Sônia Maria Flores Gianesella

Esta mesa objetivou divulgar as ações do INCT para Mudanças Climáticas (sub-redes

Zonas Costeiras e Oceanos) e os recém criados INCT´s do Mar, em um tentativa de

integrar estes grandes grupos de pesquisa do Brasil e suas interfaces com as Zonas

Costeiras

INCT DO MAR EM AMBIENTES MARINHOS TROPICAIS

Abrange a Costa Norte e Nordeste, considerando sua grande variabilidade

geomorfológica e oceanográfica, incluindo a foz do Amazonas com sua grande

23

complexidade ambiental. Região de grande concentracão de recifes de coral e

presença de ilhas oceânicas, de grande importância para transferência de calor devido

à bifurcação da corrente equatorial em Corrente do Brasil. Áreas de grande

importância turística, mas também sujeita aos efeitos de mudanças ambientais, como

erosão costeira.

Mudanças climáticas tem potencial de causar alterações locais e regionais, além das

globais, de forma que é necessário se conhecer a varaibilidade natural destes

ambientes.

Três grupos de trabalho:

1. Zona costeira – Vulnerabilidade à MC – Resposta da linha de costa; Plumas fluviais;

Recifes e ecossistemas coralinos; Manguezais e costas lamosas; Marcadores de

impacto ambiental

2. Plataforma continental – Geodiversidade, biodiversidade e substratos plataformais;

Varaibilidade especial e temporal dos ecossistemaspelágicos; Genômica, proteômica e

biodiversidade; Biotecnologia

3. Oceano aberto – Interação oceano-atmosfera e variabilidade climática; Ciclos

geoquímicos e fluxos; Recursos vivos

Mencionando pontos fracos deste INCT, o palestrante reconhece a centralização do

projeto entre apenas duas universidades do Nordeste (UFBA e UFPE) e lamenta o

redimensionamento do foco em função do corte de 22% dos recursos. Adicionalmente,

realiza um verdadeiro desabafo e crítica bastante severa sobre a demasiada

burocratização para gestão financeira dos INCT´s.

INCT DO MAR – CENTRO DE OCEANOGRAFIA INTEGRADO (COI)

Composto por 70 laboratórios e 27 cursos de pós-graduação, em 15 instituições de

ensino e pesquisa, somando as colaborações internacionais. Afinidades com INCT-MC

Sub-Rede Zonas costeiras e Oceanos orgânicas. Corte de 40% no orçamento original.

Lógica de perfis e colocação de bóias, mas que haverá redimensionamento. Menção à

necessidade de desfazer estranhamentos originados nas estruturações das propostas.

Projeto estruturado em diversas redes temáticas, como a rede-temática 1 “papel dos

oceanos nas mudanças climáticas”, subdividida em 2 sub-propostas (Observações /

Modelos numéricos) e “Valorização dos recursos vivos, “Biodiversidade e

24

geodiversidade”, além de Formação e capacitação de recursos humanos“, “Grandes

equipamentos e infraestrutura” e ”Políticas públicas”. Hipótese: mudanças de grande

escala produzirão impactos na costa oeste do Atlântico Sul. Há também um modulo de

transferência de conhecimento para sociedade. Foco diferenciado no impacto em

organismos de interesse econômico.

INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS – SUB-REDE OCEANOS

Importância regional do que acontece no Atlântico Sul (aquecimento, retroflexão da

corrente das agulhas) e justificativa, com base em eventos extremos recentes, da

instalação de boia (ATLAS B) nesta região. Dificuldades burocráticas para avanço das

atividades. Relatou dificuldades e mencionou que há a necessidade de um núcleo duro

de pesquisa e operação – INPO com vistas a nacionalização de equipamentos, redução

de dependência externa etc.). Mencionou que um avanço inicial foi a criação no PPA

2012-2015 do Programa Temático “Mar, Zona Costeira e Antártica”, no qual o INPO é

previsto.

INCT DO MAR - ESTUDOS E PROCESSOS OCEANOGRÁFICOS INTEGRADOS DA

PLATAFORMA CONTINENTAL AO TALUDE

Missão: compreensão de processos oceanográficos; formação de recursos humanos;

transferência de conhecimento científico visando formulação de políticas públicas.

Objetivos: estabelecer modelos conceituais e quantificar fluxos e trocas em diferentes

escalas espaciais e temporais, incluindo seus efeitos na biodiversidade.

Subdividido em eixos temáticos:

1. Hidrodinâmica do talude e plataforma continental;

2. Fundo marinho, natureza e evolução do substrato oceânico, como subsídio ao

estudo da biodiversidade marinha; foco também em estudos sedimentares e paleo-

oceanográficos;

3. Integração de processos bêntico-pelágicos e ciclos biogeoquímicos;

4. Interações: organismos e meio ambiente;

5. Exploração e conhecimento do domínio acústico;

6. Formação de recursos humanos, do ensino fundamental à graduação;

7. Transferência e difusão de conhecimento para sociedade;

25

8. Transferência de conhecimento para empresários e formulação de políticas públicas.

Linhas de pesquisa relacionadas à MC: acidificação dos oceanos e feitos sobre os

organismos; Caracterização de eventos paleo-oceanográficos com marcadores

geoquímicos. Apresentou a área de estudo e a malha amostral, a qual terá que ser

redimensionada em função do corte de recursos. Esta INCT possui 126 pesquisadores,

abrangendo 27 instituições, 9 estados e 50 programas de pós-graduação.

DISCUSSÃO

Há sobreposição de atividades . Como resolver essa sobreposição e quantos

pesquisadores participam de cada um?

Paulo Lana: Há sim sobreposição e concorda com a necessidade de resolver arestas.

Propõe fórum para rediscutir readequações para evitar perdas de recursos, tempo e

equipamento.

Landim: problema principal é o edital engessante.

Carlos Garcia: Concorda com a sobreposição e crítica o edital.

RC: grande oportunidade de obter grandes avanços na costa brasileira. A readequação,

segundo ele, estaria ocorrendo.

Sonia(USP) comenta a necessidade de interlocução com o CNPq.

Janice Trote: fala de necessidade de colocar isso ao CNPq (via proposta formal).

Recomenda a definição e formação do fórum de coordenadores dos INCT´s.

Landim: quer o fórum para definir as readequações. Proposta de criar um INCT6 + da

área de oceanografia.

Carlos Garcia: se um pesquisador não participar de 2INCTs, como fazer isso?

Lembra que a Rede Clima é superior e que os pesquisadores poderiam participar do

INCT-Oceano e INCT-Zonas Costeiras (Rede Clima).

Questiona como as pesquisas do INCT-Oceano seriam passadas ao INCT-ZC?

Landim: comunidade pequena. Não há sentido em competir por pesquisadores INCT-

ZC com Rede Clima.

Necessidade de realmente criar uma rede.

Propõe: criar um INCT-6 = juntando todo mundo que tem interesse na ciência do mar.

Criação de um pool de dados para que o pesquisador possa interpretar dados.

Ricardo Coutinho: grande desafio é estabelecimento da rede e trabalhar em conjunto

26

Paulo Lana: 2 problemas distintos

1- Os INCTs se parecem entre si e se diferenciam também.

2- Como otimizar as arestas.

Afinidade de cada INCT com as mudanças climáticas = a confluência lógica é para a

REDECLIMA.

Carlos Garcia: Rede Clima é a convergência dos INCTs com relação aos objetivos destes

INCTs relacionados a MC.

Paulo Lana: reajuste não abordará todas as demandas dos INCts. Importante a

realização do fórum para viabilizar todas as demandas que foram colocadas.

VULNERABILIDADE DO LITORAL BRASILEIRO: GEOMORFOLOLOGIA E DINÂMICA

COSTEIRA

Mesa Redonda coordenada por: Prof. José M. L. Dominguez (UFBA)

Palestrantes: José M. L. Dominguez (UFBA), Dieter Muehe (UFRJ), Arthur Machado

(FURG), Antonio Klein (UFSC)

Relatores: Lauro J. Calliari (FURG), Eduardo Siegle (USP)

RESPOSTAS DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA A SUBIDA DO NÍVEL DO MAR E

MUDANÇAS NO CLIMA

O palestrante iniciou os trabalhos focando sua apresentação, colocando como tópico

principal as pressões locais nos ambientes, e colocou que de maneira geral as áreas de

inundação são realizadas sobre modelos de digital de elevação. Ele reportou as

variações topográficas nas diferentes costas do Brasil de regiões mais e menos

susceptíveis à inundação pela elevação do nível do mar. Desta forma apresentou

diversos estudos de caso ao longo da costa brasileira. Área de Abrolhos onde a

mudança do manguezal sobre o apicum tem influenciado nos corais de Abrolhos.

Outro exemplo apresentado foi o delta do rio São Francisco que possui uma grande

variação temporal. Após foi apresentado o delta do Jequitinhonha que possui uma

variabilidade de erosão e progradação na linha de costa. Posteriormente, o Prof.

Landim falou sobre a forma como o nível do mar pode subir de forma diferenciada no

mundo e não subir igualmente em todos os oceanos. Ele colocou sobre a rápida

alteração do ambiente costeiro que o Atlas de erosão costeira organizado pelo prof.

27

Dieter em 2006 estaria hoje completamente desatualizado e não poderia servir como

base. Ele colocou que uma simples mudança na orientação do clima de ondas

predominante pode ocasionar em um impacto muito maior à linha costeira do que a

própria elevação do nível do mar. Foi colocado que com esta variação quando há uma

progradação o homem ocupa esta região e posteriormente, com uma retração da linha

de costa esta entra em erosão como o caso de Salvador, Recife e Alagoas, erosão com

causas antrópicas. De forma geral, destacou a importância de estudos locais, em

função da especificidade dos diferentes ambientes em função da grande variabilidade.

Previsões de caráter regional acabam não funcionando para a previsão local.

Os pontos fundamentais ressaltados na palestra foram:

- Devido as características geomorfológicas, litológicas e dinâmicas de cada local, as

previsões de caráter regional não funcionam. Assim torna-se necessário voltar os

estudos para previsões locais no sentido de que o entendimento leve a uma melhor

mitigação dos problemas de erosão. Adicionalmente, foi levantado que a subida do

nível do mar não vai ser uniforme para todo o globo, tal fato é importante nas

previsões bem como modelos que assumem uniformidade nesse padrão de elevação.

- O fenômeno de erosão é intrínseco aos processos de erosão e deposição de

sedimentos sendo assim precisamos entender em nível de detalhe como o processo

funciona

- Esses estudos são interdisciplinares entretanto os pesquisadores não interagem de

maneira adequada (pouca interação)

- Falta de ferramentas tecnológicas para produzir mais interação (foi salientado que

correio eletrônico e home Page não são maneiras adequadas de se trabalhar em rede).

- Muitas publicações que já definiram certas áreas com padrões erosivos ou

deposicionais, ao longo do litoral brasileiro foram e são passíveis de alteração

tornando-se assim um instrumento não muito preciso para os gestores costeiros.

Muitas vezes detalhes que provocam mudanças em curto prazo podem levar a

percepções errôneas por parte dos tomadores de decisão em gerenciamento costeiro.

Dados pontuais precisam ser atualizados frequentemente se realmente quisermos usar

essas ferramentas na gestão costeira.

- Mudanças no clima de ondas (padrão ondulatório) geram processos erosivos de alta

escala bem maior do que a subida do nível do mar, isso pode indicar caminhos que

28

devem ser priorizados na obtenção de esforços para entender e prever futuras

alterações devido a erosão na linha de costa.

EROSÃO COSTEIRA: TENDÊNCIA OU EVENTOS EXTREMOS ? O LITORAL ENTRE RIO DE

JANEIRO E CABO FRIO

Iniciou a palestra falando sobre a orientação do litoral que é leste-oeste que está

diretamente exposta as ondulações que vem de sul. Ele apresentou um trabalho de

1999 que apresentou as áreas de risco para esta região, mostrando que para uma

região mesmo havendo a construção de um muro, a praia não sofreu erosão.

Apresentou dois trabalhos de dois autores que esta linha estaria em erosão em um

trabalho e em equilíbrio dinâmico em outro. O Prof. Muehe apresentou várias praias

que sofreram erosão durante eventos de alta energia (ressaca) e posteriormente as

praias se recuperaram.Um estudo de caso para a praia de Barra do Itamaracá foi

apresentado, colocando que o maior problema de erosão não é devido a mudanças

climáticas e sim resultado de eventos extremos. Posteriormente, apresentou um

estudo de caso da praia de Massambaba mostrando um banco de areia com volume

quatro vezes maior que o material erodido da praia, mostrando que os eventos

extremos podem trazer material da plataforma continental para regiões costeiras com

problemas erosivos. Os estudos feitos até o momento em várias praias do litoral do RJ

mostram a importância de se efetuar monitoramento de larga escala bem como dar

continuidade ao estudo dos eventos extremos, uma vez que certos setores da costa se

recuperam e outros não.

MUDANÇAS NA ZONA COSTEIRA DO RS: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS

O palestrante falou sobre análise de risco e uma metodologia para avaliação do risco.

O palestrante falou sobre perigo caracterizado pelos ciclones extratropicais e

anticiclones. Apresentou as trajetórias dos ciclones na região sul do Brasil e norte da

Argentina. O autor apresentou um estudo pelo instituto hidráulico da Cantábria sobre

a elevação do nível do mar e a altura das ondas para toda a América latina para os

anos de 2010 a 2040 e de 2040 a 2070. Desta forma ele fez uma análise das

perspectivas de erosão para a costa do RS utilizando este estudo. O palestrante

apresentou diversos estudos de caso erosivos para a costa do RS, dentre quais se

29

podem citar a praia do Cassino, Hermenegildo e farol da Conceição. O palestrante

terminou dizendo que a chave para a proteção costeira é o planejamento para cada

local. A costa do RS, vem sofrendo erosão acelerada permanente em alguns trechos.

Estudos do clima de ondas em oceano profundo mostram uma leve tendência ao

aumento do número e intensidade dos eventos extremos. Vários cenários de

inundação foram simulados para um dos setores mais vulneráveis (o balneário do

Hermenegildo). Existem setores que frequentemente experimentam erosão e

inundação, entretanto a inexistência de urbanização nos mesmos diminuem o risco e a

vulnerabilidade dos mesmos. Em termos de urbanização seria interessante computar

os futuros cenários de elevação do nível do mar. Dados do Instituto da Cantábria para

a costa do RS,associados a dados locais obtidos ao longo de 15 anos de

monitoramento indicam que o fenômeno da erosão pode se agravar.Necessidade de

levantamento de dados para o clima de ondas nas últimas décadas para águas rasas,

bem como análise estatística sobre a probabilidade de retorno de eventos extremos,

aspectos ainda não definidos na costa do RS.

O MODELO DA FORMA EM PLANTA DE PRAIAS EM ENSEADA APLICADO A DIFERENTES

ESCALAS DE TEMPO E ESPAÇO: EXEMPLOS DE SANTA CATARINA

O palestrante iniciou falando sobre erosão, acresção e rotação praial. O autor colocou

que a orientação das praias está diretamente relacionada à orientação do clima de

ondas. Posteriormente, o palestrante apresentou a teoria de perfil em planta de praias

arenosas. Posteriormente o palestrante apresentou diversos estudos de caso para a

costa do estado de SC. Então foi apresentado o teste de robustez do modelo, no qual

se comparou o modelo teórico com outros modelos numéricos. O Prof. Klein mostrou

que pode ter ocorrido uma mudança na orientação das ondas desde o pleistoceno até

o presente momento. A estabilidade e orientação da linha de costa das praias

parabólicas (de enseada) as quais compreendem entre 50% e 80% das costas do globo

é dependente do fluxo de energia, ou seja em ultima análise da direção das ondas. Se

houver uma mudança do padrão, haverá ajuste na direção da linha de costa. É

fundamental em termos de Brasil efetuar estudos de retro-análise para verificar

tendências e incorporar essas tendências nos futuros modelos que prevêem mudanças

nesses setores costeiros.

30

DISCUSSÃO

Iniciando as discussões o prof. Paulo Horta (UFSC) perguntou quanto que a

descaracterização da zona costeira está sendo considerada nos modelos. O Prof. Klein

colocou que tem um projeto em SC onde um aluno de mestrado está analisando o

quanto que a ocupação do solo influencia na produção de sedimentos para a zona

costeira. Colocando que é importante que haja esta sinergia de ocupação com a

erosão costeira. O Prof. Muehe completou que a partir do livro de erosão costeira foi

um marco para inicio dos estudos dos processos locais para os climas de ondas. Ele

comentou que na área de engenharia costeira sempre foi desconsiderado o que

acontecia na costa e que isso vem mudando com o tempo. E salientou que o que o

Prof.Landim colocou que a grande maioria das planícies deltaicas não seriam deltas

verdadeiros, e se isso for verdade a construção de barragens não teriam grandes

efeitos na erosão costeira.

O Prof. Angelo (UFES) fez uma pergunta sobre qual seria a escala temporal de

observação local da ser adotada futuramente e outra sobre o efeito da ocupação local

na erosão costeira. O Arthur colocou que sobre a escala temporal o que se necessita é

a coleta de dados. E que a partir de imagens e fotografias de 1947 até o presente para

a taxa de retração da linha de costa para a praia do Hermenegildo teria aumentado a

partir desta data, mas a escala de trabalho depende da aquisição de dados. O Prof.

Muehe colocou que este assunto é essencial, e que as imagens de satélite hoje são

fundamentais, mas o uso de fotografias aéreas pretéritas levanta questões sobre a

dificuldade de seu georeferenciamento. Ele salientou que a disponibilidade de dados é

bastante complexa e que o custo de imagens é extremamente alto. O Prof.Landim

colocou que mudanças criam problemas e que o próprio homem somente começou a

plantar após a estabilização do nível dos oceanos. Então necessitamos ter acesso a

imagens.

O Prof. Glauber da FURG colocou que o Brasil em 2010 foi o país que mais adquiriu

imagens do satélite Quickbird, com objetivo de fiscalizar a arrecadação de IPTU,

através do ministério das cidades. No entanto, é bastante difícil conseguir dados pela

falta intercomunicação entre os ministérios.

31

O Prof. Lauro Calliari (FURG) perguntou para a mesa sobre as variações interdecadais

serem responsáveis pelas variações costeiras. O prof. Klein colocou que o assunto era

importante e que são questões importantes e colocou que para irmos para a antepraia

temos que ter mais informações. Discutiu-se que não cabe aos

pesquisadores/universidades a coleta de dados para monitoramento, função que

deveria ser assumida por algum órgão governamental. O Prof.Landim colocou que a

CPRM contratou uma empresa americana e fez o levantamento de toda a costa de AL

com LIDAR até os 30 m, no entanto os dados não estão disponibilizados. Ressaltou que

esses dados seriam de grande importância para o estudo da biota marinha de corais,

por exemplo.

O Prof. Klein colocou que o SMC disponibiliza os dadosde batimetria para todo o Brasil

e os dados de ondas (resultados de modelo global de geração de ondas) também serão

disponibilizados para toda a comunidade científica assim como a cota de inundação e

maré meteorológica. E o MMA está tentando mudar este paradigma e disponibilizar os

dados.

O Prof. Francisco Barros (UFBA) colocou que está se buscando modelos mais gerais,

mas que não estão funcionando, pois a especificidade é muito grande para que

funcionem. E perguntou a mesa se oscientistas brasileiros serão capazes de propor

diretrizes e não somente segui-las. O Prof. Muehe colocou que o modelo não precisa

responder a todos ambientes, na verdade ele tem que se aproximar da realidade para

depois verificarmos o que causa um problema no modelo. No caso do gerenciamento

o Prof. Muehe ressaltou que ficou impressionado com o grau de detalhe dos modelos

de gerenciamento de apresentados na sessão da manhã. Ele vê o projeto Orla como

um grande projeto que engloba área ambiental com a social. Mas este deverá estar

acoplado ao gerenciamento costeiro global ou entregado. O Arthur falou sobre uma

audiência pública na Pref. de Santa Vitória do Palmar, na qual vários pesquisadores

apresentaram os problemas de erosão do Hermenegildo e soluções, mas que a

continuação dependerá do poder público.

METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADES COSTEIRAS

Palestrantes: Glauber Gonçalves (FURG), Salette A. Figueiredo (FURG)

Relatores: Lauro Calliari (FURG), Arthur Machado (FURG)

32

ESTUDOS GEODÉSICOS SOBRE OCUPAÇÕES URBANAS NO LITORAL NORTE DO RIO

GRANDE DO SUL

Foi ressaltada que muitas observações de detalhe já efetuadas no litoral brasileiro as

quais são fundamentais e imprescindíveis para os aspectos de vulnerabilidade da costa

frente a mudanças climáticas e eventos extremos estão restritas a alguns canais de

informação. Valores vultuosos de investimentos ficam restritos a certos órgãos e

devido a falta de coordenação geral (governo x sociedade) não são divulgados e

disponibilizados. Isso envolve estudos topográficos e geodésicos de detalhe.

O Professor Dieter citou a dificuldade de se conseguir fotos aéreas e imagens de

satélites para o estudo do litoral (INPE—SÃO MUITO CARAS). Para que tenha um

estudo de variação da zona costeira são necessárias muitas imagens e com isso ficando

inviável o trabalho. Deveria existir uma maneira de conseguir as fotos mais baratas

para estudos sobre mudanças climáticas e riscos costeiros.

Outro aspecto importante ressaltado foi o problema de referencial do nível do mar. Ou

seja, existem inúmeros ruídos introduzidos nos dados atuais usados por pesquisadores

nos estudos relativos ao aumento ou descida do nível. Erros graves podem estar sendo

introduzidos nos modelos os quais superam em muito as previsões de subida nas

diferentes escalas temporais assim sendo é importante estabelecer uma metodologia

precisa para servir de base para todos os estudos.

IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA COSTA DO RS: FORÇANTES EXTERNAS E

CONTROLES INTERNOS

-As previsões de subida do nível de mar se confirmadas as taxas previstas pelo IPCC e

outros cientistas terão grande impacto nas costas expostas do RS. Particularmente , o

trabalho indica um forte controle da ante-praia (shoreface) na evolução costeira. Áreas

com perfil mais suave sofrerão um recuo mais acentuado da linha de costa em

contraposição a regiões onde a ante-praia apresenta maior declividade. Tal fato pode

alterar e mesmo inverter os padrões atuais de erosão costeira observados na costa do

RS.

Os estudos mostram a necessidade de se detalhar mais a morfologia e sedimentologia

bem como a herança geológica dos diversos setores costeiros uma vez que estas

33

características podem influenciar os padrões gerais determinados pelos modelos

evolutivos.

Outra questão abordada na discussão foi a necessidade de maiores estudo na variação

da direção de ondas que incidem na costa, pois as ondas moldam e modificam a linha

de costa com apenas mínimas variações de direção.

ADAPTAÇÃO DOS CORAIS A UM AMBIENTE COSTEIRO EXTREMO: EVIDÊNCIA DE

RESILIÊNCIA A UM OCEANO MAIS QUENTE E MAIS ÁCIDO?

Palestrante: David Sugget

Relatores: Zelinda M. A. N. Leão (UFBA), Ruy Kikuchi (UFBA)

Introdução. Entender como os corais irão responder a elevação da temperatura da superfície

do mar (TSM) e a acidificação do oceano (AO) como resultado do aumento da concentração

do CO2 atmosférico, é uma prioridade de pesquisa nos recifes de coral. Inúmeras

observações sugerem que estes fatores irão contribuir para o aumento da mortalidade dos

corais e, em conseqüência, diminuir a capacidade de formação dos recifes. Considerando a

dependência que milhões de pessoas no mundo têm dos recifes, os cientistas têm tentado

desenvolver “produtos” gerados através de dados de controle remoto para prever futuras

mudanças da TSM e AO. Infelizmente estes algoritmos apresentam dois tipos de falha: (i)

não fornecem aos gestores previsões significativas em longo prazo, e (ii) não levam em

consideração a ligação biológica-física. Esta segunda falha reflete uma evidência crescente

de que as populações e comunidades de corais possam ser resilientes (environmental factors

buffer against change) e resistentes (physiologically more tolerant) ao estresse, e os

algoritmos genéricos ligando as respostas biológicas (mortalidade) aos controladores físicos

(TSM e AO) não têm sido aplicados.

Objetivos. A palestra descreveu padrões recentes de resiliência e resistência dos corais e

como os paradigmas emergentes podem ser usados para gerar novos algoritmos baseados

em resiliência, focando como estas observações poderão ser aplicadas nos recifes do Brasil,

enfatizando sua importância na conservação destes recifes.

Resultados das pesquisas sobre efeitos do aumento da TSM e AO. Com relação ao aumento

da TSM, um exemplo recente no Arquipélago da Indonésia, onde foi observado, em 2010, o

maior aumento da TSM tanto em intensidade quanto em extensão geográfica, uma análise

34

histórica da TSM revelou que variação da amplitude da TSM, i.e., a variabilidade intrínseca a

qual os corais estão adaptados, está ligada à extensão a qual os corais branqueados morrem.

Assim, nos recifes com maior variabilidade intrínseca da TSM, haverá menos mortalidade. A

mortalidade dos corais é dependente também da intensidade de luz. Observações têm

mostrado que recifes em locais com águas menos claras (> valor de Kd, coeficiente de

difusão) devido à ressuspensão de sedimento, têm amenizado o sistema contra o estresse

térmico. Estas observações podem ser aplicadas aos recifes brasileiros, os quais claramente

apresentam uma resiliência natural (águas turvas) com potencial de resistência às variações

de TSM. A elaboração de “mapas” de resiliência considerando a natureza dessas variáveis

será um meio mais efetivo para os gestores investirem recursos na conservação de áreas

recifais críticas. E os recifes do Brasil poderão oferecer um modelo importante para testar

tais mapas.

Com relação a como os corais irão responder à AO, é um problema mais complicado e muito

mais antigo que o aumento da TSM. Estudos recentes têm demonstrado que em resposta à

AO, os corais irão calcificar mais lentamente ou até apresentar dissolução do seu esqueleto,

porém o uso de diferentes metodologias e/ou de espécies tem apresentado dificuldade em

se fazer previsões de como as comunidades recifais irão responder à AO. O desenvolvimento

de uma nova abordagem para medir o CO2 da água do mar, pode produzir meios de

sobrepor às inconsistências metodológicas e melhor controlar a manipulação da química do

carbono. E esta abordagem tem sido aplicada para avaliar o papel da luz em moderar a

resposta dos corais à AO. Testes realizados com espécies de coral têm demonstrado que a

intensidade elevada de luz parece reduzir a extensão a qual a AO decresce a calcificação,

sugerindo que a perda no crescimento do coral induzida pela AO vai depender do clima da

luz subaquática. Como isto se estende aos recifes do Brasil é ainda um fator desconhecido.

Pesquisas estão em desenvolvimento usando estes sensores para avaliar se as condições do

ambiente recifal brasileiro também se estendem aos índices de CO2/pH, tornando-os

resilientes/resistente à AO.

IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES GLOBAIS NA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS

INTERTIDAIS ESTUARINAS

Palestrante: João Serôdio (Universidade de Alveiro, Portugal)

Relator: Paulo A. Horta (UFSC), Áurea Maria Ciotti (USP)

35

Apresentação centrada na produção primária de estuários, focando o microfitobentos.

A palestra foi divida em duas partes. Na primeira, Serôdio introduz o problema da

produção primaria estuarina e impactos de mudanças climáticas, focando no micro-

fitobentos de sedimentos não consolidados. Apresenta os estudos feitos com grupos

de diatomáceas e indaga que esse campo de pesquisa tem se expandido rapidamente,

sendo as principais razões os efeitos que esses organismos exercem na coesividade dos

sedimentos (que tem implicações na erosão e porque podem ser os principais

produtores primários em regiões estuarinas aonde as marés são importantes. Os

experimentos mostram que esse grupo é extremamente tolerante aos efeitos de

irradiancia, tanto por ajustes fisiológicos como comportamentais.

Na segunda parte da palestra, Serodio mostra resultados recentes de seu grupo de

pesquisa, e as abordagens experimentais em andamento. Mostrou estudos regionais

em Aveiro, que registra elevações de nível do mar da ordem de 1mm por ano, e que

impõem mudanças importantes na salinidade e granulometria. Seu grupo tem

observado mudanças na comunidade de micro-fitobentos, e os programas atuais

procuram defender a hipótese de que essas alterações serão seguidas de uma

diminuição na produtividade primária do ambiente. Todavia, existem evidências de

que as comunidades possam vir a ser recuperar rapidamente aos efeitos da erosão.

As diatomáceas bentônicas formam microfilmes sobre o sedimento, formando o

“jardim secreto das diatomáceas”. Estes organismos são recentes do ponto de vista

evolutivo, destacando-se que algums movimentos resultam de processos ativados pela

luz. Durante esse movimento estes organismos secretam polissacarídeos, substâncias

muscilaginosas que promovem sedimento mais agregados, minimizando processos

erosivos. O pesquisador destacou que as diatomáceas em geral são responsáveis pela

fixação de 1/5 do CO2 atmosférico. Apesar de serem microorganismos, sua produção

primária pode superar a produção primária de ambientes terrestres. Destacou que

dentre os fatores relacionados com as mudanças climáticas, UV e hidrodinâmicas são

de maior relevância se tratando de organismos que ocupam a região entre marés de

fundos não consolidados. Estes ambientes por estarem submetidos a grandes

variações ambientais próprias de seus ambientes, sendo possivelmente naturalmente

resistentes a variações relacionados às mudanças climáticas. Apresentando do pH no

microfitobentos, evidenciou variações ao redor de 9-6. Estes organismos apresentam

36

uma série de mecanismos de reparo de danos causados por valores muito elevados de

luz. Estes organismos apresentam mecanismos muito eficientes de dissipação de

energia. Estes mecanismos podem ser quantificados através da análise de parâmetros

relacionados com a fluorescência. Dessa forma as diatomáceas são mais eficientes na

sua proteção que plantas, entre outros organismos fotossintetizantes oceânicos.

Resultados em biofilmes intactos, estudos que representam ambientes naturais, pois

estas células podem “fugir” da irradiação UV. Considerando que esta migração pode

apresentar ciclo diário, a caracterização, quali e quantitativa deve prever que estes

organismos tem este tipo de movimento. O efeito da adição UV e dependente da

espécie. A idéia inicial de que o pH tem baixa importância na biologia das diatomáceas

do perifiton, deve ser considerada com cautela uma vez que o efeito combinado deste

fator com fatores como a herbivoria, que é alterada quando se altera o pH. A

utilização de inibidores de migração, com a utilização de fluorômetros de imagens

testes mais eficientes podem ser realizados. Passando para a avaliação de estuários e

os impactos relacionados à elevação do nível do mar. O aumento do nível médio do

mar levará à variações na salinidade e no processo de sedimentação, levando à menor

penetração de luz no sedimento. Modificações na salinidade e na granulometria do

sedimento levou ao desaparecimento de gramas marinhas nos últimos 50 anos. Esta

alteração na qualidade do sedimento pode levar a uma redução na produtividade

primária do estuário uma vez que sedimentos finos apresentam maior abundância de

organismos microfitobênticos em relação a sedimentos mais grossos. Entretanto, estes

organismos apresentam grande capacidade de sobreviver enterrados, o que pode

representar uma capacidade particular de sobreviver a eventos extremos. Existe

necessidade de se promover observação de longa duração, estruturando equipes para

o monitoramento de diferentes parâmetros físicos, químicos e biológicos.

Foi uma palestra muito didática e ilustrou um campo de pesquisa ainda pouco

desenvolvido no Brasil e que deve se melhor explorado. As abordagens experimentais

seriam facilmente aplicáveis.

ECOSSISTEMAS BENTÔNICOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ESTRATÉGIAS DE PESQUISA

Mesa Redonda coordenada por: Alexander Turra

37

Palestrantes: Zelinda Leão (UFBA), Ruy Kikuchi (UFBA), Paulo Antunes Horta (UFSC),

Carlos A. Silva (UFF), Alexander Turra (USP)

Relatores: Márcia Regina Denadai (USP)

O BRANQUEAMENTO DE CORAIS E AS ANOMALIAS TÉRMICAS NA COSTA DA BAHIA

NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS

O aquecimento global tem sido considerado a principal ameaça aos recifes de coral,

devido o aumento da severidade e da frequência dos eventos de branqueamento e a

consequente mortalidade dos corais. Vários exemplos têm demonstrado que o

branqueamento, em grande escala, tem ocorrido associado a fenômenos ambientais

extremos, particularmente a elevação da temperatura das águas oceânicas e o

aumento das radiações solares. A incidência e a severidade do branqueamento podem

provocar mudanças na estrutura da comunidade coralina, com respeito à sua

biodiversidade, reprodução, diminuição da extensão linear e redução da taxa de

calcificação do esqueleto dos corais e, consequentemente, da manutenção e do

desenvolvimento do recife. Corais branqueados nos recifes do Brasil foram observados

desde a década de 1980, entretanto somente a partir dos anos de 1990, começaram a

surgir os primeiros registros de branqueamento de corais no Brasil, coincidentes com

ocorrências de anomalias térmicas. Os eventos mais fortes ocorreram durante os

períodos do verão de 1997/98, 2002/03, 2004/05 e 2009/10, quando temperaturas

elevadas das águas oceânicas coincidiram com os anos de El Niño, com registros de

anomalias térmicas de até 1oC em toda a costa do estado da Bahia. O branqueamento

de 2010 foi o evento de maior extensão registrado. Embora os percentuais de colônias

branqueadas nos recifes do Brasil em alguns casos tenham sido relativamente altos (>

50%), até o momento não foi observada mortalidade em massa de corais. Seria isto

uma indicação que esses corais já estejam adaptados a essas variações ambientais?

Para os corais que sobrevivem ao branqueamento, as variações da temperatura da

água do mar podem se tornar um potencial para sua aclimatação ou adaptação e,

assim, eles irão apresentar uma maior resistência ao atual cenário de aquecimento

global. Já para as espécies que apresentam uma maior susceptibilidade às variações da

temperatura da água e têm ocorrência mais baixa, pode aumentar a chance de sua

extinção regional.

38

PROGNÓSTICO DA SEVERIDADE DO BRANQUEAMENTO DE CORAIS NUM ATLÂNTICO

SUL MAIS QUENTE

Eventos severos de branqueamento de corais na costa brasileira têm ocorrido com

frequência nos últimos vinte anos. Relatos publicados a partir da década de 90 tratam

de ocorrências na costa sudeste e leste, e mais recentemente também na costa

nordeste. Globalmente, a recorrência desses eventos intensos têm aumentado nos

últimos 30 anos e a sua relação com anomalias térmicas da água do mar (ATSM) está

bem estabelecida. Dados do modelo climático global HadCM3 (obtidos através do

CPTEC/INPE) indicam que a frequência de ATSM aumentará nos próximos 60 anos na

região estudada (18 ̊S a 0 ̊S). Foram utilizados quatro membros que contemplam as

incertezas das projeções do cenário de emissões A1B. A relação estabelecida entre

anomalias térmicas e a frequência conhecida de colônias de corais branqueados nos

recifes da costa leste brasileira, nos eventos dos últimos 20 anos, categorizada em

quatro níveis de severidade (baixa, intermediária, alta e muito alta), permitiu criar-se

um modelo preditivo de branqueamento da região. O modelo prevê um crescimento

na recorrência de eventos muito severos de branqueamento nos próximos 60 anos,

com um evento de alta severidade a cada 10 anos entre 2011-2040, e até um evento

muito severo a cada cinco anos no intervalo de 2041 a 2070, no Extremo Sul da Bahia

(18-16 ̊S). Esse recrudescimento aumenta para norte, onde porção entre 13-12 ̊S

(Norte da Bahia) o maior aumento ocorrerá nos próximos 30 anos, quando se espera a

recorrência de eventos de muito alta severidade a cada 3 anos, aproximadamente.

Entre 2041-70, prevê-se uma queda de até 50% na frequência de eventos de

branqueamento muito severo, que poderá se repetir uma vez a cada 5 anos. Na região

ao norte da desembocadura do rio São Francisco (11-0 ̊S) devem ocorrer cerca de 3

eventos muito severos por década, entre 2041 e 2070.

EFEITOS SINÉRGICOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DOS IMPACTOS DA

URBANIZAÇÃO: A ECOLOGIA E FISIOLOGIA DAS MACROALGAS COMO DESCRITORES

O presente trabalho descreve a resposta ecológica e fisiológica de diferentes

populações de macroalgas diante de variações sinérgicas de fatores relacionados com

as mudanças climáticas com impactos relacionados ao processo de urbanização das

39

regiões costeiras. As coletas foram realizadas em diferentes pontos do litoral

brasileiro, durante diferentes períodos de 2008 a 2011. Na caracterização descritiva

foram selecionados costões rochosos em praias urbanizadas ou não. Na abordagem

experimental foram transplantados entre locais com diferentes intensidades de

impactos antrópicos população k e r estrategistas. Procedimentos semelhantes foram

realizados em laboratório, expondo estas algas a diferentes intensidades de luz,

temperatura, nutrientes e poluentes diversos e graus de salinidade. Os testes de

significância realizados a partir dos dados ecológicos descritivos indicaram que a

riqueza de espécies, a diversidade de Shannon-Wiener e a equitabilidade de Pielou

foram superiores nas praias preservadas quando comparadas às praias urbanizadas.

De maneira geral, tanto os transplantes quanto as incubações em laboratório em

condições extremas reduziram quali ou quantitativamente o desempenho fisiológico

dos diferentes modelos utilizados. A redução no pH da água concomitante com a

elevação de nutrientes inorgânicos dissolvidos, resultou em uma redução da taxa de

transporte de elétrons, assim como dos demais descritores da fotossíntese derivados

da análise da fluorometria, em diferentes espécies de macroalgas. Portanto, os

impactos antrópicos agindo de maneira sinérgica com as variações de parâmetros

relacionados com as mudanças climáticas globais comprometem o desempenho

fisiológico e consequentemente alteram diferentes aspectos da diversidade biológica,

reforçando a demanda por ações de mitigação destes impactos sobre os ambientes

costeiros.

O PAPEL DA FLORESTA DE MANGUEZAL NA CAPTURA DE CARBONO (CARBONO AZUL):

APA DE GUAPIMIRIM/RJ

A floresta de manguezal remove o CO2 da atmosfera via atividade fotossintética e

retorna certa quantidade desse gás para atmosfera através da atividade respiratória e

da oxidação da matéria orgânica morta. O estoque da matéria orgânica remanescente

na floresta ocorre nos tecidos das plantas (biomassa aérea e subterrânea) e no

sedimento. Esse carbono capturado pelas árvores de mangue e pelo sedimento de

mangue, os quais sofrem influência do oceano, é denominado de carbono azul (“Blue

Carbon”). Parte do CO2 removido pode ser inserida na hidrodinâmica estuarina na

forma de macrodetritos (i.é., folhas) e/ou na forma de matéria orgânica dissolvida.

40

Essas formas de CO2 podem sofrer diferentes processos biogeoquímicos ao longo da

calha estuarina, os quais são pouco conhecidos. Apesar dos estuários representarem

pequenos corpos de água quando vistos de forma isolada, em relação ao oceano, estes

podem contribuir significativamente na liberação ou na retirada do dióxido de carbono

(CO2) da atmosfera. Cada estuário deve ser considerado como parte do ciclo do

carbono. O CO2 através da atmosfera chega até as águas, as plantas e nos tecidos

animais. Finalizando, o entendimento das variáveis temperatura, salinidade, pH, AT e

DIC, envolvendo o CO2 inorgânico dissolvido nas valetas dentro da floresta de

manguezal é um importante passo para a compreensão dos processos de seqüestro e

liberação do CO2 do sistema estuarino da APA de Guapimirim e o começo de uma

importante contribuição para entender o papel do sistema estuarino no seqüestro do

CO2.

REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS):

HISTÓRICO E ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO

A criação e a implementação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos

Costeiros (ReBentos) deu-se a partir do I Workshop da Sub-Rede Zonas Costeiras (Rede

Clima, MCT; Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas,

INCT-MC) com o intuito de detectar os efeitos das mudanças ambientais regionais e

globais sobre a biodiversidade desses ambientes, dando início a uma série histórica de

dados ao longo da costa brasileira. Corresponde a um processo de indução de estudos

em rede focados na biodiversidade de habitats bentônicos e estrutura- se com base

em uma coordenação geral e seis projetos definidos pelos habitats abrangidos: Praias

arenosas e estuarinas, Recifes e costões rochosos, Fundos inconsolidados vegetados,

Fundos inconsolidados não vegetados, Manguezais e marismas e Educação ambiental.

A ReBentos integra o Programa SisBiota Brasil (CNPq/FAPESP), com recursos para

articulação e fortalecimento da rede (workshops) e para o início dos trabalhos de

campo. Fontes adicionais de recursos estão sendo buscadas para a estruturação e o

fortalecimento das equipes e dos laboratórios participantes. Os trabalhos foram

iniciados em janeiro de 2011 com a divulgação da proposta na comunidade científica,

processo que culminou com a realização do I Workshop da ReBentos, realizado entre

28 e 29 de julho de 2011, em Arraial do Cabo, RJ, durante o IX Encontro de

41

Bioincrustação, Ecologia Bêntica e Biocorrosão. Até o momento a ReBentos conta com

cerca de 80 pesquisadores participantes de mais de 25 instituições representando

quase todos estados costeiros brasileiros. Foi criado um portal interativo com intranet

(www.rebentos.org) que será o local de convergência de comunicados, documentos,

referências e discussões. Por ocasião do II Workshop da ReBentos há as seguintes

etapas a serem cumpridas: (1) consolidação das sínteses do estado do conhecimento

de cada habitat e (2) definições metodológicas para início das séries temporais a partir

do início de 2012.

DISCUSSÃO

O Prof. Mario Soares, da UERJ, fez uma explanação sobre a lacuna existente na

compartimentalização de sequestro de carbono pela vegetação de manguezal,

mencionada na apresentação do Prof. Carlos Augusto Silva, dizendo que já existem

modelos para a Baixada Santista, Sergipe e Rio de Janeiro. Existe, inclusive, uma série

temporal de sequestro pela biomassa com séries amostrais na floresta do Rio de

Janeiro. O Prof. Mário sugere que o caso é o de não duplicar, mas sim de integrar os

estudos existentes.

O Prof. Carlos Augusto Silva explicou que a grande lacuna existe somente em termos

de estoques e processos. Por exemplo, não se conhece as trocas de carbono no

sedimento e entre níveis de marés, nem sobre os estoques de metais pesados e como

esses estoques respondem.

A Prof. Flávia Mochel, da UFMA, formulou duas perguntas. A primeira, destinada ao

Prof. Ruy Kikuchi, diz respeito a frequência amostral pelo projeto exposto no Parque

Estadual Marinho do Maranhão.

O Prof. Ruy esclareceu que séries amostrais foram feitas somente na costa da Bahia.

Para o Maranhão foram registradas apenas anomalias térmicas, obtidas através de

extrapolações pelo modelo.

A segunda pergunta da Prof. Flávia Mochel, destinada ao Prof. Carlos Augusto Silva,

trata da existência de uma tabela de equivalência para os diferentes métodos de

medição de pH.

42

O Prof. Carlos Silva disse que existem medições com diferentes objetivos e que a

precisão apenas se faz necessária quando o objetivo for testar o equilíbrio. É possível a

conversão, mas o problema em si está na precisão da medição.

A Prof. Monica Dorigo Correia, da UFAL, questionou o Prof. Ruy Kikuchi sobre a

possibilidade da contaminação orgânica de cidades que crescem muito e não tratam

seu esgoto, como é o caso de Maceió, provocar o branqueamento dos corais, devido à

mudança do pH da água.

O Prof. Ruy esclareceu que nos locais onde verificou o branqueamento não há

urbanização próxima, e portanto descartou a influência urbana. Seu foco de estudo

tem sido explicar os eventos do branqueamento ligados à temperatura ou anomalias

térmicas. Como as anomalias podem ser utilizadas para previsões futuras, é possível

incluir medidas de poluição, como coliformes fecais.

Ainda sobre esse tema, a Prof. Zelinda complementou que um estudo mediu

coliformes em Guarajuba e não encontrou diferença entre períodos com e sem

saneamento. A Prof. Zelinda disse ainda não ter encontrado uma relação entre

poluição e branqueamento.

O Prof. Paulo Horta colocou que é importante tentar entender as partes antes de

afirmar quais os fatores que influenciam, inclusive a ocupação humana. O problema é

a falta de áreas pristinas que possibilitem tais confirmações.

A Prof. Cecilia Amaral quis saber sobre como se dá o desenvolvimento dos corais

branqueados nos locais estudados pela Prof. Zelinda. Há um controle das condições

climáticas em relação ao crescimento?

A Prof. Zelinda percebeu que há uma rápida recuperação e que os corais estão

sobrevivendo e crescendo.

O Prof. Carlos Augusto Silva colocou uma importante recomendação, ou seja, de que

haja padronização dentro do protocolo internacional para a medida de pH em

ambientes marinhos e de água doce, uma vez que há grandes problemas em relação à

medida de pH, que é muito simples.

O coordenador da mesa, Prof. Alexander Turra, fez uma colocação de que as

discussões da mesa seguiram uma interessante lógica. Os Profs. Zelinda e Ruy

mostraram um prognóstico interessante sobre o branqueamento de corais e, como o

trabalho com questões de mudanças climáticas ainda estão se iniciando, é preciso ter

43

clareza de quais são os organismos chave a serem utilizados. Outro ponto colocado

pelo Prof. Alexander foi a questão do estudo em escala global ou regional, dizendo ser

preciso se acertar quanto a esse critério. Isso reforça a importância da existência de

uma rede, como a ReBentos, constituída por pesquisadores que normalmente não se

preocupavam com as mudanças climáticas em suas pesquisas.

OS IMPACTOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA ECONOMIA DA PESCA

Palestrante: Ussif Rashid Sumaila (University of Vancouver, Canada)

Relatora: Patrizia R. Abdallah (FURG)

O palestrante apresentou o tema da palestra, citando ser uma temática em que vem

trabalhando atualmente, junto com os pesquisadores William Cheung e Vicky Lam.

Iniciou relatando a pesca como um setor importante no contexto de vida das pessoas,

sendo o peixe um recurso básicopara muitas das atividades produtivas (como atividade

da pesca, aquicultura, indústrias de processamento do pescado, pesca recreativa,

turismo, etc.).

Ao relatar o valor da pesca no mundo - o valor global, mostrou que a receita bruta de

captura mundial está em torno de 80 a 85 bilhões de dólares ao ano (relatórios da

FAO), e o impacto desta atividade econômica na economia global é representado pela

adição de quantiasentre 220 dólares e 235 bilhões de dólares americanos. Estes dados

de valores foram publicados pela FAO e em artigo próprio do palestrante.

A pesca também tem papel importante como alimento saudável, fornecedor de

proteínas, minerais, nutrientes, etc.. Fornece a 3 bilhões de pessoas até 15% da dieta

de proteína animal. E para países de baixa renda, com déficits de alimentos (LIFDCs), a

contribuição da proteína do peixe no consumo de proteína animal total é de até

18,5%.

Ressaltou que, mesmo sem usar o argumento das mudanças climáticas para explicar

efeitos sobre pesca, esta atividade está sendo afetada pela tendência de declínio de

espécies economicamente importantes (caso do atum – bluefin tuna, lingcod, mostrou

redução dramática de cod- Newfoundland). Neste mesmo contexto, relatou que está

sendo observado uma elevação da captura e esforço de pesca no mundo (dados da

FAO).

44

Diante dos pontos levantados, relatou o número de 800 milhões de pessoas

subnutridas por ano. Análises mostram que eliminando a sobrepesca, resguardando a

pesca sustentada, cria-se oferta potencial de alimentos para suprir esta desnutrição,

abastecendo algo em torno de 19 milhões de pessoas nas nações mais subnutridas do

mundo (como Liberia, Sri Lanka, Grenada, Guatemada).

Introduzindo o tema de mudanças climáticas, iniciou relatando que a produtividade e a

distribuição da biomassa de pescados nos oceanos (ao redor do mundo) serão

afetadas pelas mudanças climáticas. Pontos específicos foram ressaltados, detalhando

esta frase, como as mudanças na produtividade primária, mortalidades e stress

psicológicos causados pelas alterações de oxigênio na água em zonas específicas, a

acidificação dos oceanos afetando a calcificação, entre outros processos de alteração

na vida dos estoques.

Relatou um artigo (Sumaila et al. 2011. in press: Nature ClimateChange) em que relata

a sequencia de impactos sobre a sociedade a partir das mudanças climáticas, onde

alterações físicas (modificações atmosféricas dos oceanos) geram impactos nas

variáveis biológicas (pescados) que por sua vez, impactam a sociedade. Ressaltou que

mudanças climáticas de longo prazo e acidificação nos oceanos impactam a

biodiversidade e a pesca. Ao mostrar esta análise, caracterizou que países situados em

latitude alta terão impactos diferenciados de países situados em latitude baixa.

Mostrou um cenário para 2050, com hipótese de alta escala na emissão dos gases

efeito estufa, que modificaa distribuição das espécies, com modificações na invasão

das espécies em diferentes regiões. Neste cenário, ressaltou taxas elevadas de invasão

de espécies no Ártico e Southern Ocean.

Na apresentação de impactos de mudanças climáticas sobre a pesca, ressaltou que

estas mudanças impactarão o bem-estar das pessoas de várias formas, afetando o

nível de capturas, a segurança alimentar, os valores das capturas desembarcadas, o

custo da pesca, a lucratividade das indústrias de pesca, a receitas dos pescadores, a

renda econômica dos proprietário dos recursos, a distribuição dos lucros para

diferentes países, regiões e grupos.

Expôs uma abordagem de impactos, em que esteve trabalhando usando um Modelo

Envelope de Dinâmica Bioclimática, onde organizou a abordagem dos processos

baseados em mudanças climáticas e adicificação dos oceanos e projeções a partir

45

destes modelos gerais de projeção. Apresentou brevemente o método, que a partir

das projeções de mudanças climáticas, estaria predizendo a distribuição futura das

espécies, e a composição destas espécies em cada ZEE, a captura potencial e o volume

de desembarque, ressaltando as projeções econômicas desta atividade.

A partir de então, mostrou gráficos de projeções para 2050 em cada ZEE, de mudanças

nos valores e volumes desembarcados, na renda econômica em cada país considerado

pesqueiro, entre outros detalhamentos. Numa abordagem mais específica, mostrou o

resultado do modelo para a ZEE Mexicana usando dois cenários de mudanças

climáticas do IPCC, um cenário médio e outro severo quanto aos impactos climáticos.

Esses resultados completos estão para ser publicados e poderão ser encontrados em

Lam, Cheung and Sumaila (in press, www.fisheriescentre.ubc.ca/feru).

Finalizando sua apresentação, Rashid Sumaila resumiu que a pesca é importante sim

para o povo ao redor do mundo; mesmo sem ressaltar os impactos de mudanças

climáticas, as pescarias no mundo já estão em condições difíceis, lidando com

problemas de pesca não sustentável. Adicionando o tema mudança climática no

contexto da pesca, os problemas serão de fato incrementados, em dimensão

relevante, tanto em termos da sustentabilidade do recurso, como da sustentabilidade

socioeconômica.

DIMENSÃO HUMANA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Mesa Redonda coordenada por: Paulo da Cunha Lana

Palestrantes: Roberto Luiz do Carmo (UNICAMP), Patrizia R. Abdallah (FURG), Paulo C.

Lana (UFPR)

Relator: Eduardo Tavares Paes (UFPA)

URBANIZAÇÃO, RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS:

CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE NA ZONA COSTEIRA DO BRASIL

A primeira palestra deve por objetivo central apresentar um conjunto

características da população que habita a faixa litorânea brasileira, evidenciando a

exposição a riscos que se tornam mais significativos em termos de futuro, como a

elevação do nível do mar, assim como as vulnerabilidades sociais que se configuram

nesse contexto. Considerando os riscos ambientais decorrentes das mudanças

46

climáticas em populações urbanas é necessário identificar e definir a dinâmica das

populações mais vulneráveis. A definição das escalas espaciais e temporais é

fundamental para a definição dos riscos ambientais tais como inundações,

deslizamentos de terreno e elevação do Nível do Mar. Utilizando a definição de

municípios costeiros do IBGE o Brasil atualmente (2010) possui 45 milhões de

habitantes na região costeira, sendo que em 1990 possuía 34 milhões. Essa definição

deve ser ampliada para incluir grandes metrópoles (Exemplo São Paulo - Capital) que

possuem grande impacto na região costeira. As características gerais das populações

com relação aos riscos ambientais na zona costeira do Estado de São Paulo são: Riscos

à inundações: renda e escolaridade baixa, maioria dos domicílios são próprios e

ocorrem grande concentração de pessoas. Riscos de deslizamentos: renda e

escolaridade muito baixas, grande maioria dos domicílios são próprios e localizados em

setores subnormais (favelas). Riscos à elevação do nível do mar: renda e escolaridade

maiores, pequena proporção da população notável quantidade de domicílios cedidos

pelo empregador. Essa metodologia, utilizada para o estudo de vulnerabilidades

ambientais na zona costeira do estado de São Paulo, deve ser aperfeiçoada e aplicada

em regiões representativas, com grandes aglomerados populacionais, ao longo do

litoral brasileiro.

EFEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PESCA ARTESANAL DO EXTREMO SUL DO

BRASIL E IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS SOBRE AS COMUNIDADES PESQUEIRAS

Por outro lado, a segunda palestra chamou a atenção de que, devido a

conjunção de fatores, tais como excesso de chuvas e pesca ilegal, que pescadores

artesanais tornam-se mais vulneráveis e menos capazes de adaptar-se às incertezas. A

partir destes entendimentos e de reuniões e encontros com grupos da pesca e

tomadores de decisão, podem ser construídos instrumentos de suporte à tomada de

decisão relacionados a esta problemática. As populações de pescadores artesanais das

zonas costeiras constituem a parcela da sociedade em ambiente rural com maiores

riscos. Nesse sentido, as respostas correntes que as comunidades pesqueiras vem

adotando durante as ultimas décadas parta lidar com as transformações ambientais

podem servir como proxies para se entender suas estratégias futuras face às mudanças

climáticas projetadas.

47

A VULNERABILIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL: O

PAPEL DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA

DETERMINAÇÃO DE SUAS ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO

O terceiro tema abordado tratou de descrever os elementos que compõem

atualmente a vulnerabilidade às mudanças climáticas de pescadores artesanais do

litoral norte do Paraná, sul do Brasil, avaliando as diferenças entre vilas pesqueiras e as

estratégias de adaptação aplicadas no passado, no presente e cogitadas para o futuro

para lidar com as variações nos estoques pesqueiros; bem como, avaliar como

características sociais, econômicas e políticas, incluindo a presença das unidades de

conservação, afetam a escolha dessas estratégias, sua viabilidade e sua eficácia para

reduzir a vulnerabilidade. Estudos em comunidades de pescadores da região norte da

Baia de Paranaguá, revelaram que as comunidades que dependem mais da pesca e

especialmente os que dependem mais dos manguezais, têm uma diversidade menor

de petrechos e de embarcações, o que os deixa com menor capacidade adaptativa

frente às mudanças. A proximidade com as Unidades de Conservação também

aumenta esta vulnerabilidade. A vulnerabilidade possivelmente varia mais dentro das

próprias vilas do que entre elas. As Unidades de Conservação Ambiental do litoral

Brasileiro como são implementadas estão aumentando as vulnerabilidades

socioambientais ao invés de diminuí-las.

48

II WORKSHOP DA REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS

COSTEIROS (REBENTOS)

Coordenador Geral: Alexander Turra (USP)

Coordenadores dos Grupos Temáticos: Maria Cecília Z. Amaral (UNICAMP), Yara

Shaeffer Novelli (USP), Angelo Fraga Bernadino (UFES), Ricardo Coutinho (IEAPM),

Margareth Copertino (FURG) e Flávio Berchez (USP)

Relatoras: Márcia Regina Denadai (USP) e Marianna de Oliveira Lanari (FURG)

RELATO GERAL

As atividades do II Workshop da ReBentos ocorreram durante o II Workshop Brasileiro

de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras, nos dias 07 a 09 de novembro de 2011.

No dia 07 de novembro a coordenação se reuniu para tratar sobre como seria a

dinâmica do workshop nos dias subsequentes. Estavam presentes o coordenador

geral, Prof. Alexander Turra, os coordenadores temáticos Prof. Ricardo Coutinho, Prof.

Cecilia Amaral, Prof. Yara Schaeffer Novelli, Prof. Ângelo Fraga Bernardino, Prof.

Margareth Copertino e Prof. FlávioBerchez, as bolsistas Dra. Márcia Denadai, MsC.

Luciana Erika Yaginuma, MsC. Marianna Lanari, MsC. Larisse Faroni Perez, além de

convidados. Os pontos tratados nesta reunião foram: Reunião de Avaliação do

SisBiota, homepage da ReBentos (desing do site, atualizações, acessibilidade), logotipo

da ReBentos e definição dos nomes definitovos dos grupos de trabalho. O Prof. Ruy

Kikuchi comentou sobre a possibilidade de interação com o Banco de Dados do PELD,

no entanto será preciso checar se há restrições por parte do CNPq (SisBiota – SinBiota).

Os pesquisadores deverão inserir no site o banco de referências, após inclusão no

Mendeley, no formato PDF. Esse procedimento não fere os direitos autorais, visto que

o acesso será restrito aos pesquisadores da ReBentos e não público. Os nomes

definitivos dos GT´s são:

(1) Praias

(2) Recifes e Costões

(3) Fundos Submersos Vegetados

(4) Estuários

(5) Manguezais e Marismas

49

(6) Educação Ambiental

Por fim, discutiu-se sobre o Termo de Referência (TdR) preparado pelo coordenador da

ReBentos para o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Foi colocada a necessidade

de que haja redes de monitoramento de elevação do nível do mar, além de outras

informações. É preciso que sejam listados os equipamentos necessários, com custos.

Uma forte recomendação feita foi de que haja subsídios de pesquisadores da área

física e geológica, uma vez que a ReBentos são usuários dos dados/informações

geradas por essas áreas do conhecimento. Discutiu-se sobre considerar apenas séries

temporais de dados sobre a diversidade nos diferentes habitats. O Prof. Paulo Lana

sugeriu que os modelos preditivos não sejam retirados e sugeriu também o uso do

caranguejo Ucides cordatus como indicador de mudanças globais e que teremos que

ter pessoal capacitado para fazer os modelos. Foi sugerido que seja trazido um

especialista da Austrália, no entanto, julgou-se desnecessário, pois há pesquisadores

brasileiros que podem fazer os modelos. A modelagem deverá ser vista como o objeto

do projeto e será tratada como um tema transversal a todos os grupos.

O Termo de Referência objetiva que cada pesquisador envie seu projeto, vinculado ou

não a ReBentos. O desafio é sair da zona de conforto para trabalhar

interdisciplinarmente por um objetivo comum. Assim, é necessário que o grupo tenha

uma hipótese única, voltada para as mudanças climáticas. Foi dito que o mérito da

ReBentos é o de estabelecer um protocolo mínimo de monitoramento e que somente

isso já responde quais os efeitos das mudanças climáticas e possibilita a construção de

modelos preditivos. É preciso monitorar para sempre, com foco em indicadores

simples e fáceis de monitorar. Decidiu-se pela manutenção do uso de mesocosmos,

para a realização de experimentos por grupos que já o fazem.

Com relação à inclusão, no TdR, de fomento para aumentar o número de museus e

coleções científicas, julgou-se não estratégico. O uso de áreas de convergência

mostrou-se favorável, visto a otimização de recursos e pessoal. O apoio das Unidades

de Conservação também foi julgada favorável, visto o apoio logístico, por serem áreas

de referência, pelos seus planos de manejo e por possíveis fontes de recursos

adicionais. Os pesquisadores ainda possuem total autonomia para buscarem recursos

adicionais em seus estados através das FAPs. Discutiu-se a possibilidade de que os

R$30 mil destinados às atividades de campo de cada projeto sejam transpostos para a

50

realização de reuniões de trabalho de cada grupo para as discussões e definições

metodológicas. Pensou-se também em grupo que se desloca, como uma força-tarefa,

para a padronização da metodologia nas diferentes regiões da costa. Assim, definindo

um protocolo unificado e também quais serão as áreas de estudo. Com relação ao

refinamento taxonômico, definiu-se que nem todos os grupos seguirão o mesmo

protocolo e que isso será aceitável. Comentou-se também sobre a possibilidade de

monitoramento de organismos em diferentes escalas temporais: monitoramento

simples (semanal) ou monitoramento complexo (semestral). Nesse caso, será

necessária a contribuição da física, química e geologia para definições.

Nos dias 08 e 09 ocorreram as apresentações pelos Grupos de Trabalho, seguidas de

discussões com a participação de todos os pesquisadores da ReBentos.

GRUPO PRAIAS ARENOSAS (Coordenadora: Cecília Amaral)

- Relembrou resultados prévios apresentados no I Workshop da ReBentos realizado em

Arraial do Cabo (julho de 2011) relativos ao levantamento de estudos focados na

macro e meiofauna bentônica de praias arenosas;

- Grupo constituído por 49 participantes havendo, além da coordenação, a presença de

nucleadores nas distintas regiões;

- Para o monitoramento, amostragens seriam realizadas em locais chaves da costa, de

preferência onde já haja dados pretéritos. Mais do que isso, os locais de estudo devem

representar distintas condições ambientais;

- Amostragens serão realizadas em 3 zonas de entremarés utilizando-se um

Amostrador de 20 cm de diâmetro, enterrado a 20 cm do substrato arenoso.

- Nessas amostragens, a diversidade e distribuição espacial de organismos seriam

determinadas, além da utilização de espécies indicadoras da qualidade ambiental

definidas com base em estudos pretéritos;

- A obtenção de parâmetros abióticos também seria realizada de acordo com os

parâmetros listados na tabela de impactos/respostas/metodologias de mensuração

estruturada no Workshop anterior;

- O grupo já conta com projetos realizados do norte ao sul do Brasil, havendo também

o envio de propostas para editais universais de financiamento.

Principais questões levantadas após a apresentação:

51

- Periodicidade das amostragens. RESPOSTA: a idéia inicial são duas amostragens no

verão e duas no inverno, sendo a primeira no início e a segunda ao final de cada

estação.

- Eficiência do amostrador de 20 cm de diâmetro. RESPOSTA: embora a eficiência do

amostrador desse diâmetro possa variar de acordo com a região investigada, chamou-

se atenção para o fato de que o objetivo principal da rede não é a realização de

levantamentos faunísticos mas sim um monitoramento a longo prazo. Portanto, é

importante a consideração da morfodinâmica dos distintos locais a serem amostrados

e a adaptação da metodologia utilizada em termos de tamanho do amostrador,

número de réplicas, entre outros.

- Comentário de Alexander Turra: é importante a realização de medições com o menor

erro possível no intuito de favorecer a visualização das variações ocorrentes. Para isso,

é importante que cada um faça da melhor maneira possível porém dentro das suas

limitações de trabalho. É importante também a definição de locais estratégicos onde

haja a disponibilidade de dados interdisciplinares como, por exemplo, os parâmetros

abióticos. Para isso, é necessário o amadurecimento das hipóteses levantadas para

uma melhor definição da metodologia de estudo.

- Foi questionado como os parâmetros abióticos propostos seriam mensurados em

todos os locais, se haveria a adoção de estações fixas para obtenção dos dados. Além

disso, quais seriam os critérios utilizados para a escolha dos locais de monitoramento

(poluído e não-poluído?) e quantos locais seriam por estado. Chamou-se atenção

também para diferenças de conhecimento, experiência e acessibilidade dos locais

entre distintas regiões.

- Comentário Alexander Turra: a discussão aponta para a necessidade de uma

definição clara da hipótese de trabalho e do que se quer realmente avaliar.

- A coordenadora Cecília Amaral ressaltou a necessidade de uma abordagem mais

realista com a realização de amostragens piloto de curto prazo como preparação para

um monitoramento de longo prazo. É importante que não haja uma confusão de

objetivos e as questões investigadas devem se focar na pergunta estabelecida, isto é,

na hipótese de trabalho.

- Comentário Ricardo Coutinho: é importante ter em mente que não se pode depender

de financiamento obtido somente através de editais universais do CNPq uma vez que,

52

além de serem extremamente competitivos, as propostas do edital devem ter

objetivos e hipóteses de trabalho bem claro e definidos.

- Comentário Paulo Lana: no Brasil não há uma cultura científica de se trabalhar em

rede, há uma fragmentação de esforços. É importante que os trabalhos se iniciem aos

poucos com a execução de um protocolo rígido que possua diferentes níveis de rede

(“níveis de dificuldade”).

GRUPO COSTÕES E RECIFES DE CORAIS (Coordenador: Ricardo Coutinho)

- Breve resumo dos resultados apresentados durante o I Workshop em

Arraial do Cabo;

- Para recifes de corais já há uma metodologia de estudo bem estabelecida no país

pelo grupo de estudo da profª Zelinda Leão. Essa metodologia será adotada para o

estudo desse ambiente;

- Ressaltou-se a importância da definição de uma estratégia amostral para um

monitoramento contínuo e permanente em recifes de corais e costões rochosos

considerando-se impactos antropogênicos e oriundos das mudanças climáticas;

- Para o monitoramento, propôs-se o estabelecimento de faixas de zonação de acordo

com a distribuição dos organismos. Nessas faixas seria investigada a estrutura da

comunidade presente (determinação de parâmetros como abundância, riqueza, entre

outros). Cada participante irá estabelecer qual a melhor forma de avaliação;

- A definição dos locais de monitoramento terá como critério distintos parâmetros

ambientais (por exemplo, locais expostos e protegidos). Cada participante irá avaliar

como melhor se adequar;

- É importante o estabelecimento de locais de monitoramento com a maior

variabilidade possível assim como a inclusão de Unidades de Conservação, Fortes

(Marinha) e locais onde haja dados pretéritos;

- Para a realização do monitoramento, é importante a parceria com cursos de pós-

graduação e a realização de dissertações e teses com esse enfoque como uma maneira

de garantir a continuidade do estudo;

- No detalhamento da metodologia de estudo, chamou-se a atenção para a

importância da padronização, com uma metodologia mínima de esforço, e

consideração dos diferentes graus de acesso aos locais investigados;

53

- Foi proposta a utilização de pontos fixos para transectos, os quais seriam

georeferenciados, além da utilização de quadrados fixos. Para o monitoramento

desses, foram exemplificadas algumas metodologias já estabelecidas como a utilização

de fotos, distintos modos de estratificação, tamanhos de quadrado amostral utilizados,

entre outros;

- Concomitante ao monitoramento, haveria a obtenção de parâmetros ambientais

mínimos tais como temperatura da água e do ar, por exemplo. Ressaltou-se também a

necessidade de parceria com demais projetos científicos de outras áreas,

principalmente aqueles que pudessem auxiliar na obtenção de dados abióticos.

Principais questões levantadas após a apresentação:

- Como seriam considerados os distintos estratos da comunidade bentônica de costões

rochosos. RESPOSTA: a consideração dos estratos dependeria do objetivo do trabalho.

- Foi questionada a possibilidade dos locais de monitoramento da ReBentos estarem

próximos aos pontos de monitoramento da Rede CLIMA como forma de facilitar a

obtenção de dados abióticos. No entanto, chamou-se a atenção de que isso não seria

garantia de obtenção de dados. Ressaltou-se também a existência de bancos de dados,

tanto nacionais como internacionais, que poderiam disponibilizar informações sobre

parâmetros abióticos (deu-se como exemplo a Agência Nacional de Águas a qual

disponibiliza dados de precipitação para o território brasileiro).

- Foi frisada a importância da proposta de um protocolo mínimo de amostragem para o

início do monitoramento, independente do grupo de estudo.

GRUPO ESTUÁRIOS (Coordenador: Angelo Bernardino)

- Foi proposta a utilização de modelos conceituais climáticos para a elaboração de

hipóteses relativas às mudanças climáticas;

- Na avaliação dos modelos de cenários climáticos, foram utilizados aqueles propostos

por Marengo e colaboradores (2010) os quais estão relacionados a alterações na

pluviosidade média, temperatura do ar e demais mudanças atmosféricas. A proposta

demodelos desses autores baseou-se nos modelos gerados pelo IPCC;

- Para a realização do monitoramento, propôs-se o estabelecimento de quatro regiões

principais (N, NE, SE e S) com dois a três sítios de monitoramento em cada região. Para

54

a seleção dos sítios de monitoramento, seria importante monitorar Unidades de

Conservação e áreas pristinas;

- No monitoramento, será realizada uma setorização estuarina (principalmente no

setor euhalino, isto é, salinidade maior que 28) em quatro áreas: franja do bosque de

manguezal (faixa de 10m), marismas, franja do estuário e sublitoral raso (até 2m de

profundidade). As duas primeiras áreas compreenderiam áreas vegetadas e as duas

últimas áreas não vegetadas;

- Amostragens serão realizadas por estação ou estações secas/chuvosas, dependendo

do local de estudo, para coleta biológica (n=3). Esse seria o esforço amostral mínimo. A

avaliação do material biológico seria feita utilizando-se grupos principais de

organismos e seus índices de densidade, biomassa e razão de produção. Chamou-se a

atenção que, para o ambiente estuarino, a utilização de índices de produção é mais

eficiente do que índices de diversidade;

- Durante o monitoramento, os parâmetros abióticos mínimos a serem determinados

seriam: temperatura d´água, salinidade (esses dois últimos em periodicidade contínua

ou não), taxa de inundação e pluviosidade;

- Para o estabelecimento da rede de monitoramento, ressaltou-se a presença de

alguns desafios como a elaboração de hipóteses com modelos para resposta da fauna,

a consideração da heterogeneidade espacial dos locais investigados, a inclusão de um

protocolo “nível 2” englobando também a infauna (malha 1 mm) e, por fim, a

sustentabilidade da rede;

- Por fim, foram exemplificados alguns protocolos de estimativa de produção para

ambientes estuarinos (relação biomassa, tamanho e produção de um organismo)

oriundos de artigos internacionais.

Principais questões levantadas após a apresentação:

- Comentário Yara Schaeffer-Novelli: a adoção da faixa de 10m na franja do bosque do

manguezal não é representativa. Essa faixa é variável e não é o suficiente para

detecção de efeitos das mudanças climáticas. Mais do que isso, é importante ter em

mente os preparativos para entrada numa área de mangue e o tempo de trabalho.

- Comentário Flávia Fachel: a franja do mangue é um ecótone, logo não é um ambiente

representativo. A fauna tem que ser avaliada dentro do mangue. Além disso, há

restrições quanto a metodologia utilizada e as espécies indicadoras a serem utilizadas.

55

- Comentário Ronaldo Christofoletti: o objetivo do monitoramento proposto é a

avaliação do estuário como um todo e não apenas a estrutura do manguezal.

- Comentário Paulo Lana: o foco é monitorar a variabilidade de curto e longo prazo.

Não é um levantamento faunístico, para isso há protocolos bem estabelecidos.

- Comentário Ronaldo Christofoletti: optou-se pela adoção de um protocolo simples,

passível de ser colocado em prática nesse momento. Há um protocolo mínimo e

depois um “nível 2”. No referente à questão da franja, impactos não são detectáveis só

no mangue mas no estuário como um todo.

- Comentário Yara Schaeffer-Novelli: os manguezais são um dos ambientes mais

sensíveis às mudanças climáticas, tendo um baixo custo de monitoramento.

- Comentário Flávia Mochel: é necessária uma ponte entre o manguezal e o estuário

uma vez que vários estudos vêm sendo realizados em manguezais.

- Comentário Paulo Lana: os trabalhos existentes podem não atender à demanda da

rede. É necessário o foco no monitoramento e detecções de alterações provenientes

de mudanças climáticas.

- Comentário Ronaldo Christofoletti: não é possível amostrar todo o mangue mas

somente uma parcela, a qual pode ser até mais interna, mas ainda somente uma

parcela.

- Comentário Angelo Bernardino: a questão não é podar projetos adicionais mas ter

um protocolo mínimo de monitoramento que seja facilmente replicável.

- Comentário Maria Tereza Széchy: a coleta e triagem de macroalgas associadas ao

mangue é complicada.

GRUPO MANGUEZAIS E MARISMAS (Coordenadora: Yara Scheffer-Novelli)

- Foi iniciado o levantamento bibliográfico dos trabalhos conduzidos em manguezais

na costa brasileira;

- Necessidade de hipóteses de trabalho para o aumento do nível médio do mar e

alterações na temperatura do ar e padrões de chuvas. O status do mangue interfere na

resiliência frente aos impactos das mudanças climáticas em distintas escalas (local,

regional e global);

- Necessidade de monitoramento, replicação de pontos na costa, metodologia de

estudo (obtenção dados bióticos e abióticos), séries temporais e novos projetos;

56

- Especificamente para marismas, faltam informações sobre os mesmos uma vez que

são bem diferentes dos manguezais. Haverá contato para especialista na área;

- O grupo já possui alguns trabalhos em andamento e há intenção de colaboração com

os demais grupos;

- Em relação ao monitoramento, é importante considerar a replicação temporal, o

delineamento amostral, a frequência de amostragem e a detecção de anomalias. Para

os primeiros dez anos é necessário um monitoramento semestral;

- É importante o estabelecimento de parcelas fixas enfocando distintos níveis de

organização (desde os organismos até toda a paisagem);

- Acompanhamento de variáveis ambientais tais como granulometria, variáveis

biogeoquímicas, salinidade intersticial e cotas altimétricas. Variáveis ecofisiológicas e

estrutura, funcionamento e feições do bosque e apicum;

- O planejamento amostral seria feito utilizando-se protocolos já bem estabelecidos;

- Ainda há lacunas de participantes a preencher.

Principais questões levantadas após a apresentação:

- Faltou informação sobre o protocolo a ser utilizado. RESPOSTA: a idéia seria seguir o

protocolo da Unesco.

- Qual o mínimo para poder participar do grupo. RESPOSTA: depende do local de

estudo do participante e das possibilidades de metodologia dele.

- Comentário Angelo Bernardino: é importante a adoção de um protocolo simples.

- Foi discutida a possibilidade de uso de imagens de satélite.

GRUPO FUNDOS SUBMERSOS VEGETADOS (Coordenadores: Margareth Copertino e Joel

Creed)

- Inclusão do monitoramento de bancos de rodolitos sob coordenação do prof. Paulo

Horta;

- Relembrou a lista dos principais impactos, fatores responsáveis e respostas esperadas

de acordo com a tabela estruturada no I Workshop em Arraial do Cabo;

- Apresentou resultados de alguns artigos científicos internacionais evidenciando a

resposta de pradarias de fanerógamas submersas aos impactos relacionados às

mudanças climáticas;

57

- Ressaltou a definição das hipóteses de trabalho de acordo com os efeitos da

temperatura, frequência de eventos extremos, taxa de precipitação e elevação do nível

do mar. Os efeitos do aumento da concentração de CO2 não foram considerados

devido às dificuldades para a sua mensuração. Procurou-se manter o básico e o que é

viável de ser realizado;

- Monitoramento realizado em cinco locais na costa: três no Nordeste (Ceará,

Pernambuco e Bahia), um no Rio de Janeiro, um em Santa Catarina e um no Rio

Grande do Sul. Para cada local, será feita a escolha de uma área relativamente pristina

(se possível) e outra impactada;

- O monitoramento seguirá os moldes do protocolo já estabelecido e utilizado

mundialmente SeagrassNet. Definição de um protocolo básico com a obtenção de

alguns parâmetros abióticos mínimos tais como transparência (secchi horizontal),

temperatura d´água e salinidade. A obtenção de demais parâmetros abióticos

dependeria da sua facilidade e logística de obtenção;

Principais questões levantadas após a apresentação:

- O desenho amostral utiliza quadrados. Há algum monitoramento da pradaria como

um todo para investigar se há aumento ou retração do banco de fanerógamas.

RESPOSTA: o protocolo SeagrassNet engloba medições da extensão do banco como

um todo. Mais do que isso, imagens de satélites podem e vêm sendo utilizadas em

alguns locais da costa brasileira. No entanto, a sua utilização depende das condições

locais como profundidade e turbidez.

- A periodicidade das amostras. RESPOSTA: sazonalmente, de acordo com o protocolo

SeagrassNet.

GRUPO EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Coordenador: Flavio Berchez)

- Já há muito material de educação ambiental pronto. Logo o importante seria

equacionar os trabalhos já existentes;

- Foi proposta a unificação dos produtos ao longo dos distintos grupos de trabalho.

Seriam utilizadas cartilhas, jogos, livros, entre outros, além da formação de agentes e

disseminação multiplicadora;

- Dentre os agentes multiplicadores estariam professores, estudantes, técnicos e

agentes de comunidades tradicionais (guias). O público final seria estudantes (ensino

58

fundamental e médio), comunidades tradicionais e visitantes de Unidades de

Conservação;

- Publicações já existentes seriam adaptadas para um foco em mudanças climáticas;

- Após a intervenção educacional, seria realizada uma avaliação através de

questionários e análises qualitativas e quantitativas.

Principais questões levantadas após a apresentação:

- Atividades de campo, como trilhas sub-aquáticas, seriam realizadas só em lugares

bonitos. REPOSTA: Não necessariamente. Locais turísticos ou não-poluídos também

sofrem impactos como sobrepesca, pisoteio e outros.

- Comentário: trazer para os trabalhos de Educação Ambiental alguns pontos novos

como, por exemplo, “como realizar uma denúncia ambiental” ou “como participar de

uma audiência pública”. É importante instrumentalizar a comunidade para que ela

também possa atuar por si só.

- Comentário Daniel Brotto: é importante a adoção de estratégias distintas para cada

parcela da população (caiçaras, empresariado, etc).

- Comentário Francisco Barros: assim como nos protocolos de monitoramento, pensar

em níveis de dificuldades das estratégias.

ENCERRAMENTO

- Definição dos próximos passos: treinamento das equipes, reuniões dos GTs em

pequenos grupos com a realização de trabalhos de campo, definições para a síntese.

- Sobre a síntese: os grupos devem se organizar como melhor considerarem, as

autorias serão atribuídas conforme o grau de contribuição dos pesquisadores

envolvidos, não é preciso tratar necessariamente sobre mudanças climáticas, visto que

não há muitos estudos sobre o assunto, síntese do conhecimento, baseado na

bibliografia existente, publicação de um volume especial, inicialmente com sete

capítulos.

59

5. AVALIAÇÃO DO EVENTO

O II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras,

promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede CLIMA & INCT para Mudanças

Climáticas, alcançou plenamente os objetivos e metas propostos. O evento teve a

representação de vinte e três (23) instituições nacionais e cinco (5) internacionais,

destacando-se a presença de pesquisadores de outras sub-redes da Rede CLIMA &

INCT para Mudanças Climáticas (Oceanos, Urbanização e Megacidades) e dos recém

formados INCT´s do Mar. Comparativamente ao I Workshop, realizado na cidade de Rio

Grande (RS) em setembro de 2009, obtivemos um aumento do número de

participantes, de trabalhos submetidos e um avanço nas discussões sobre as pesquisas

relacionadas com mudanças climáticas.

Durante o I Workshop, os trabalhos e discussões focaram avaliações do conhecimento,

revisões históricas e diagnósticos preliminares, alcançando metas relacionadas aos

primeiros objetivos do projeto da Sub-rede Zonas Costeiras. A segunda edição do

evento deu continuidade ao alcance de tais metas, através da apresentação de

atualizações dos resultados e de perspectivas futuras dos projetos. Além disto, o II

Workshop avançou consideravelmente sobre o tema de formação de redes de

monitoramento e de criação de sistemas observacionais costeiros, aprofundando

recomendações levantadas durante o primeiro evento.

Dentre os principais resultados alcançados pela realização do II Workshop destacam-

se: 1) o estabelecimento e/ou fortalecimento de redes observacionais na padronização

e adaptação de protocolos metodológicos comparativos; 2) o estímulo a criação ou

fortalecimento de novas linhas de pesquisa dentro do tema mudanças climáticas, tais

como eventos extremos, acidificação dos oceanos e ciclo do carbono; 3) propostas

relacionadas com a formação de recursos humanos na área de mudanças climáticas e

4) planificação e elaboração de produtos de divulgação científica sobre o tema

mudanças climáticas em zonas costeiras.

60

Através das apresentações realizadas durante as mesas redondas e dos trabalhos em

painéis, observou-se avanços consideráveis dentro dos projetos e grupos de pesquisa,

nos mais diversos temas. Neste aspecto, podemos destacar os seguintes impactos e

progressos da Sub-rede Zonas Costeiras desde 2009:

1) Avaliações e estudos de caso sobre as características geomorfológicas, litológicas e

dinâmicas de diversas regiões e localidades da costa brasileira, com implicações sobre

as previsões de elevação do nível do mar, mudanças no clima de ondas e impactos de

eventos extremos;

2) Enfoques metodológicos e aplicações de modelos preditivos para avaliar

vulnerabilidades da linha da costa em regiões do Brasil (litorais do Rio Grande do Sul,

Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia);

3) Aplicações e produtos da modelagem oceânica dentro dos estudos de impactos da

elevação do nível do mar e de eventos extremos;

4) Variabilidade climática global e regional (modos climáticos) e seus efeitos sobre a

Corrente do Brasil e sobre os grandes ecossistemas marinhos;

5) Estudos preliminares sobre processos biogeofísicos e biogeoquímicos e suas

relações com o seqüestro de carbono em áreas costeiras do Brasil, incluindo áreas

vegetadas e plumas de grandes rios;

6) Avanços no monitoramento e estudos em corais de recife, incluindo projetos com

experimentação de campo e laboratório, para testar os impactos da elevação da

temperatura e acidificação dos oceanos sobre estes ambientes;

7) Avanços nas pesquisas sobre vulnerabilidade das macroalgas aos impactos da

urbanização e mudanças climáticas, incluindo observações de campo e experimentos

de laboratório testando os efeitos de incremento de nutrientes, acidificação e aumento

da precipitação;

61

8) Avanço nos estudos sobre sócio-economia pesqueira e sobre a vulnerabilidade

sócio-ambiental das comunidades de pescadores em regiões estuarinas do Brasil;

9) Projetos em colaborações com instituições e grupos de pesquisa internacionais, nos

mais diversos temas da área de mudanças climáticas em zonas costeiras e marinhas;

10) Diversos projetos de pesquisa aprovados em editais do CNPq e FAP´s, por

pesquisadores da Sub-rede Zonas Costeiras, com temas relacionados com mudanças

climáticas, incluindo a formação de redes de pesquisa e monitoramento. Destaca-se

neste aspecto a formação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros

(ReBentos).

A exposição de novos temas e abordagens por palestrantes internacionais contribuiu

de maneira significativa para estimular o debate sobre mudanças climáticas, assim

como para realizar reflexões sobre o nível de conhecimento e sobre a situação das

pesquisas no Brasil. Novas propostas e possibilidades foram discutidas entre os

participantes, incluindo pesquisas em colaboração com pesquisadores internacionais

que estiveram presentes no Workshop. Destaca-se, por exemplo, as seguintes

colaborações com instituições e grupos internacionais e membros da Sub-rede Zonas

Costeiras:

1) University of Sussex (Reino Unido) e Universidade Federal da Bahia, por

pesquisadores da área de geologia e ecologia de recifes de corais. Neste aspecto, a

vinda do palestrante David Sugget foi aproveitando de maneira excelente para a

realização de trabalhos de campo e laboratório.

2) University of Vancouver e Universidade Federal de Rio Grande, na área de economia

pesqueira, através de vínculo entre o palestrante convidado Rashid Sumaila e a

pesquisadora da sub-rede Zonas Costeiras Patrizia Abdalah. Estes pesquisadores

possuem projetos e publicações em conjunto, as quais foram discutidas durante a

ocasião do evento.

62

3) Oregon State University e Universidade de São Paulo, na área de dinâmica costeira,

através de projeto em colaboração entre o palestrante Petter Ruggiero e pesquisador

da sub-rede Zonas Costeiras Eduardo Siegle.

4) O palestrante convidado Thomas Malone possui grande experiência em redes de

pesquisa e monitoramento e programas internacioanais de observação costeira. Dr.

Malone trouxe grandes contribuições ao evento e para a sub-rede Zonas Costeira,

tendo participado ativamente durante todo o Workshop, contribuindo com Grupo de

Trabalho focado na criação de um sistema observacional para a costa brasileira.

Ressalta-se ainda a interação entre coordenadores e membros dos INCT´s do Mar e

das sub-redes Zonas Costeiras e Oceanos do INCT para Mudanças Climáticas, como

uma oportunidade única de apresentação comparativa e interativa, com discussões

fomentadas pelos coordenadores destes grupos e pelos representantes da

comunidade científica ali presente. Estes programas apresentaram suas propostas e

suas interfaces com o tema Mudanças Climáticas, sugerindo uma maior interação dos

INCTs com o CNPq para que os processos de criação de Editais sejam mais

desburocratizados e flexíveis aos pesquisadores. Os pesquisadores devem ampliar sua

visão para uma questão político-estratégica e não apenas científica. Destaca-se a

proposta de criação de um comitê gestor dos INCTs (INCT 6+) visando à integração das

diversas iniciativas dos INCTs.

Grupos de trabalho avançaram em recomendações sobre a formação de recursos

humanos, geral e específica, na área de mudanças climática. Para isto se discutiram os

públicos alvos, objetivos desta formação e as estratégias que poderiam ser utilizadas

através dos cursos de Pós-Graduação, disciplinas de graduação, cursos à distância,

para gestores, além de professores e estudantes de diversos níveis escolares.

A criação de programas de monitoramento, sistemas observacionais e sustentabilidade

de observações de longo prazo, para o conhecimento dos efeitos das mudanças

63

climáticas nas zonas costeiras, foram profundamente discutidos durante o II

Workshop. Neste aspecto, ressaltamos dois grandes avanços para o Brasil:

1) A criação e consolidação da ReBentos e seus Grupos de Trabalho (Praias Arenosas,

Estuários, Manguezais e Marismas, Recifes e Costões Rochosos, Fundos Submersos

Vegetados e Educação Ambiental). A Rebentos realizou seu II Workshop durante o

evento, para integração das equipes, definição dos objetivos, metas e discussão de

protocolos metodológicos de cada GT. A ReBentos está em fase de elaboração de

sínteses do conhecimento para cada ambiente, definição e teste de protocolos de

monitoramento que serão iniciados em 2012 e 2013.

2) As discussões e recomendações sobre a relevância e estratégias de criação de um

sistema de observação costeira e oceânica no Brasil, e de um órgão responsável pela

operacionalização, coleta e disponibilização destes dados. Os pesquisadores

reforçaram a necessidade imprescindível de monitorar as propriedades físicas,

químicas e biológicas das águas costeiras, de forma contínua, e que fosse de fácil

acesso à comunidade científica e aos gestores públicos. As discussões e

recomendações de Grupo de Trabalho foram a base para a elaboração do projeto

Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta) em dezembro de 2011, um

mês após o evento. O SiMCosta é coordenado pela sub-rede Zonas Costeiras e recebeu

financiamento inicial do Fundo Nacional para Mudanças Climáticas do Ministério do

Meio Ambiente (MMA / Fundo Clima).

O SiMCosta objetiva ser uma rede de monitoramento de parâmetros meteorológicos e

oceanográficos na zona costeira (região de plataforma interna e estuários) brasileira,

que busque estabelecer padrões de variabilidade climática, estabelecer tendências de

longo período e definir cenários possíveis causados por efeitos naturais e/ou

antrópicos. Além da coleta de dados, este sistema observacional deverá proporcionar

à comunidade científica e aos gestores públicos, o contínuo e livre acesso aos dados e

às análises dos mesmos e, assim inferir sobre as condições ambientais e suas

tendências de longo prazo. O SiMCosta foi projetado segundo os objetivos da Sub-rede

Zonas Costeiras da Rede CLIMA e INCT para Mudanças Climáticas e será integrado ao

64

Programa Nacional de Bóias (PNBOIA), INCT de Ciências do Mar - Centro de

Oceanografia Integrada (INCT- Mar COI) e INCT para Mudanças Climáticas (ICNT-MC).

Finalmente, o II Workshop trouxe avanços e contribuições em termos de divulgação

científica do material apresentado durante o evento. O Workshop foi filmado na

íntegra por grupo de jornalismo científico da UNICAMP e técnicos de som e imagem.

Vídeos das palestras estão disponíveis na página do evento para toda a comunidade,

juntamente com os slides das apresentações. Slides dos trabalhos em painéis também

podem ser acessados na página. O grupo de jornalismo científico estará analisando e

utilizando os vídeos e slides das apresentações para suas pesquisas e elaboração de

material especializado, focados na divulgação científica sobre mudanças climáticas no

Brasil. O site do II Workshop, localizado dentro do portal Mudanças Climáticas Zonas

Costeiras, é fonte de documentos base do grupo e disponibiliza informações

detalhadas e de fácil acesso sobre as palestras e apresentações do II Workshop, além

de dar acesso a informações e documentos da sub-rede Zonas Costeiras e seu I

Workshop (Declaração de Rio Grande, Volume Especial, relatório)

Portanto, podemos concluir que a realização das duas edições do Workshop Brasileiro

de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras tem impulsionado as pesquisas sobre

mudanças climáticas no Brasil.

65

6. REFERÊNCIAS

Belkin, I. M. 2009. Rapid warming of Large Marine Ecossystems. Progress in Oceanography 81: 207-213.

Bijlsma L., Ehler C.N., Klein R.J.T., Kulshrestha S.M., McLean R.F., Mimura N., Nicholls R.J., Nurse L.A., Perea Nieto H., Stakhiv E.Z., Turner R.K., Warrick R.A., 1996. Coastal zones and small islands. In: Watson, R.T., Zinyowera, M.C., Moss, R.H. (Ed.), Climate Change 1995 – Impacts, Adaptations, and Mitigation of Climate Change: Scientific-Technical Analyses. Contribution of working group II to the Second Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge, NY, pp. 289–324.

Bindoff , N., Willebrand J., Artale V., Cazenave A., Gregory J., Gulev S., Hanawa K., Quéré C., Co-authoers 2007. Observations: Oceanic climate change and sea level. Climate Change 2007: The Physical Science Baseis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovermmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge, 385-342.

Boudouresque, C.F. & Verlaque M. 2001. Ecology of Paracentrotus lividus. In: Lawrence J.M. (Ed) Edible seaurchins: biology and ecology, Elsevier Science,Amsterdam, 32: 177–216.

Caldeira K., Wickett M. E. 2003. Anthropogenic carbon and ocean pH. Nature, 425, 365.

Castro C.B. & Pires D.O. 1999. A bleach event on a Brazilian coral reef. Rev. Bras. Oceanogr., 47(1):87-90.

Christian, R. R. 2005.Beyond the Mediterranean to global observations of coastal lagoons.Hydrobiologia 550:1–8.

Christian, R. R., Digiacomo, P. M., Malone. T.C. Talaue-McManus (2006). Perspectives in estuarine and coastal science.Opportunities and Challenges of Establishing CoastalObserving Systems.Estuaries and Coasts 29 (5): 871–875.

Chu C., Mandrak N.E., Minns C.K. 2005. Potential impacts of climate change on the distributions of several common and rare freshwater fishes in Canada. Divers. Distrib., 11: 299-310.

Ciotti A.M., Odebrecht C., Fillmann G., Möller Jr., O.O. 1995. Freshwater outflow and Subtropical Convergence influence on phytoplankton biomass on the southern Brazilian continental shelf. Continental Shelf Research, 15(14): 1737-1756.

Clark, J. S., Carpenter, S., Barber, M, Collins, S., Dobson, A. Foley, J. A., Lodge, D. M., Pascual, M., Pielke, R. Jr., Pizer, W., Pringle, C., Reid, W. V., Rose, K A., Sala, O. Schlesinger, W. H., Wall, D. H and Wear, D. 2001. Ecological forecasts, an emerging imperative.Science 293:657–660.

Cooper T.F., De 'Ath G., Fabricius K.E. and Lough J.M., 2008. Declining coral calcification in massive Porites in two nearshore regions of the northern Great Barrier Reef. Global Change Biology, 14(3): 529-538.

66

Copertino M S, Garcia A. E., Muelbert J. H. & Garcia C. A. 2010. Introduction to the Special Volume on Climate Changes and Brazilian Coastal Zones.Pan-American Journal of Aquatic Sciences 52 (3): i-vi.

Copertino M., Garcia A. M., Velasco G. (Eds). 2010. Special Issue Climate Changes and Brazilian Coastal Zones. PanamJAS 5(2). 195 pp

Costa C.F., Amaral F.M.D., Sassi R. 2001. Branqueamento em Siderastrea stellata (Cnidaria, Scleractinia) da Praia de Gaibu-Pernambuco, Brasil. Revista Nordestina de Biologia, 25(1):15-22.

Costa, M. B. S. F., Mallmann, D. L. B., Pontes, P. M. & Araujo, M. 2010. Vulnerability and impacts related to the rising sea level in the Metropolitan Center of Recife, Northeast Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 341-349.

Donner S.D., Skirving W.J., Little C.M., Oppenheimer M., Hoegh-Guldberg O. 2005. Global assessment of coral bleaching and required rates of adaptation under climate change. Global Change Biology, 11(12): 2251-2265.

Duarte, C. M., Cebria´n, J. and Marbá, N. 1992. Uncertainty of detecting sea change.Nature 356:190.

Dutra L.X.C. 2000. O branqueamento de corais hermatípicos no litoral norte da Bahia associado ao evento El Niño/1998. Monografia de Bacharelado. Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, 78p.

Emery, W. J.; Thomson, R.E. (1997) Data Analysis Methods in Physical Oceanography. Oxford: Pergamon.

Faraco, L. F. D., Andriguetto-Filho, J. M. & Lana, P. C. 2010. A methodology for assessing the vulnerability of mangroves and fisherfolk to climate change. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 205-223.

Froneman P.W. 2006. The importance of phytoplankton size in mediating trophic interactions within the plankton of a southern African estuary. Estuarine, Coastal and Shelf Science, 70 (4): 693-700.

Garcia A.M., Vieira J.P., Winemiller K.O. 2003. Effects of the 1997-1998 El Niño on the dynamics of the shallow-water fish assemblage of the Patos Lagoon estuary (Brazil). Estuarine and Coastal Shelf Science 57:489-500.

Garcia A.M., Vieira J.P., Winemiller K.O. 2001. Dynamics of the shallow-water fish assemblage of the Patos Lagoon estuary (Brazil) during cold and warm ENSO episodes. Journal of Fish Biology 59:1218-1238.

Garcia C. A. E., Nobre, C. 2010. Foreword. In: Special Issue Climate Changes and Brazilian Coastal Zones. PanamJAS 5(2). PanamJAS 5(2).

GIGLIOTTI, E. S.; GHERARDI D. F. M.; PAES, E. T.; SOUZA, R. B.; e KATSURAGAWA, M., 2010. Spatial analysis of egg distribution and geographic changes in the spawning habitat of the Brazilian sardine Sardinella brasiliensis.Journal of Fisheries Biology, doi:10.1111/j.1095-8649.2010.02802.x.

Glynn P.W. 1993. Coral reef bleaching: ecological perspectives. Coral Reefs, 12:1-17.

67

Goolsby, D.A. 2000. Mississippi Basin nitrogen flux believed cause e gulf hypoxia, Eos, Transactions of the American Geophysical Union, 81: 321-326.

Guedes A.P.P., Araújo F.G. 2008. Trophic resource partitioning among five flatfish species (Actinopterygii, Pleuronectiformes) in a tropical bay in south-eastern Brazil. Journal of Fish Biology. 72: 1035 - 1054.

Hoegh-Guldberg and Bruno 2010, Science 2010;328:1523-1528

Hoegh-Guldberg O. 1999. Climate change, coral bleaching and the future of the world's coral reefs. Marine and Freshwater Research, 50:839-866.

Hughes T.P., Baird, A.H., Bellwood D.R., Card M., Connolly S.R., Folke C., Grosberg R., Hoegh-Guldberg O., Jackson J.B.C., Kleypas J., Lough J.M., Marshall P., Nyströn M., Palumbi S.R., Pandolfi J.M., Rosen B., Roughgarden J. 2003. Climate Change, Human Impacts, and the Resilience of Coral Reefs. Science, 301:929-933.

Huisman J., Sharples J., Stroom J.M., Visser P.M., Kardinaal W.E.A., Verspagen J.M.H., Sommeijer B., 2004. Changes in turbulent mixing shift competition for light between phytoplankton species. Ecology 85:11, 2960.

INCT for Climate Changes 2010 - Rede CLIMA. 2009. Relatório de atividades. Disponível em www.dpi.inpe.br/~gustavor/redeclima/relatorio_rede_clima_julho09.pdf.

IPCC 2007: Summary for Policymakers. In: Climate Change 2007: The Physical Science Basis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Solomon, S., D. Qin, M. Manning, Z. Chen, M. Marquis, K.B. Averyt, M.Tignor and H.L. Miller (eds.)]. Cambridge University Press, Cambridge, United Kingdom and New York, NY, USA.

Kikuchi R.K.P., Leão Z.M.A.N., Oliveira M.D.M., Dutra L.X.C., Cruz I.C.S. 2003. Branqueamento de corais nos recifes da Bahia associado aos efeitos do El Niño 2003. Anais do IX Congresso Associação Brasileira de Estudos do Quaternário, 3p.

Kleypas J.A., Langdon C. 2006. Coral reefs and changing seawater carbonate chemistry. In: Coral Reefs and Climate Change: Science and Management. J. Phinney, J., Hoegh-Guldberg, O., Kleypas, J., Skirving W., Strong A. (eds.). Coastal and Estuarine Studies

Kleypas J.A., Langdon C. 2006. Coral reefs and changing seawater carbonate chemistry. In: Coral Reefs and Climate Change: Science and Management. J. Phinney, J., Hoegh-Guldberg, O., Kleypas, J., Skirving W., Strong A. (eds.). Coastal and Estuarine Studies 61. Washington, DC: American Geophysical Union, 73–110.

Kling J., Hayhoe K., Johnsoin L.B., Magnuson J.J., Polasky S., Robinson S.K,. Shuter B.J., Wander M.M., Wuebbles D.J., Zak D.R. 2003. Confronting Climate Change in the Great Lakes Region: Impacts on our Communities and Ecosystems. Union of Concerned Scientists and the Ecological Society ofAmerica, Cambridge, Massachusetts andWashington, District of Columbia, 92 pp.

Leão Z.M.A.N., Kikuchi R.K.P., Oliveira M.D.M. 2008. Coral bleaching in Bahia reefs and its relation with sea surface temperature anomalies. Biota Neotrop., 8(3). Available from: http://www.biotaneotropica.org.br/v8n3/en/abstract?article+bn00808032008

Leão Z.M.A.N., Kikuchi R.K.P., Testa V. 2003. Corals and Coral Reefs of Brazil. In: J. Cortês (Ed.) Latin America Coral Reefs. Elsevier Publisher, Amsterdam, pp.: 1-17.

68

Leão, Z. M. A. N., Kikuchi, R. K. P., Oliveira, M. D. M. & Vasconcellos, V. 2010. Status of Eastern Brazilian coral reefs in time of climate changes. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 224-235.

Leclercq N., Gattuso J.-P., Jaubert J. 2002. Primary production, respiration, and calcification rate of a coral reef mesocosm under increased CO2 partial pressure. Limnology and Oceanography, 47: 558-564.

Lemos, A. T. & Ghisolfi, R. D. 2010. Long-term mean sea level measurements along the Brazilian coast: a preliminary assessment. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 331-340.

Lewis, P.N., Hewitt, C.L., Riddle M. & McMinn, A. 2003. Marine introductions in the Southern Ocean: an unrecognized hazard to biodiversity, Marine Polluition Bulletin, 46: 213-223.

Marine Board Position Paper 9. 2007. Impacts of climate change on the,European Marine and coastal Environment. Philippart (coordinating author and editor)81pp.

Meysman, F.J.R., Middelburg J.J. & Heip, C.H.R.2006. Bioturbation: a fre shlook at Darwin’s last idea, Trends in Ecology and Evolution 21: 688-695.

Migotto, A.E. 1997. Anthozoan bleaching on the southeastern coast of Brazil in the summer of 1994. Intern. Conference on Coelenterate Biology, 6. Leeuwenhorst, 1995. Proceedings ICCB, p. 329-335.

Möller O.O., Casting P., Salomon J.C., Lazure P. 2001. The Influence of Local and Non-Local Forcing Effects on the Subtidal Circulation of Patos Lagoon. Estuaries 24:297-311.

Möller, O.O., Castello, J.P. & Vaz, A.C. 2009.The effect of river discharge and winds on the interannual variability of the pink shrimp Farfantepenaeus paulensis production in Patos Lagoon. Estuaries and Coasts, doi.org/10.1007/s12237-009-9168-6.

Möller, O.O.Jr.; Piola, A.R.; Freitas, A.C.; Campos, E.J.D. 2008. The effects of river discharge and seasonal winds on the shelf off southeastern South America.Continental Shelf Research.doi: 10.1016/j.crs.2008.03.012.

Moss B., Mckee D., Atkinson D. S., Collings E., Eaton J. W., Gill B. ,Harvey I., Hatton K. , Heyes T., Wilson D. 2003. How important is climate? Effects of warming, nutrient addition and fish on phytoplankton in shallow lake microcosms. Journal of Applied Ecology, 40: 782–792

Muehe D.K. 2006. Erosão e Progradação no litoral brasileiro. Brasília, MMA, 2006. 476 pp.

Muehe, D. Brazilian coastal vulnerability.Pan-American Journal of Aquatic Sciences.5(2): 173-183. 2010.

NCAG (National Coastal Assessment Group), 2000: Coastal: The Potential Consequences of Climate Variability and Change, National Oceanic and Atmospheric Administration, US Department of Commerce for the US Global Change Research Program, Washington DC, 163 pp.

69

Nicolodi, J. L. & Petermann, R. M. 2010. Potential vulnerability of the Brazilian coastal zone in its environmental, social, and technological aspects. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 184-204.

Oliveira M.D.M., 2007. Efeito do aquecimento global sobre a extensão linear, densidade e taxa de calcificação do esqueleto do coral Mussismilia braziliensis Verrill 1868, no último século (Abrolhos, Bahia). Doctorate Thesis, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 186 pp.

Oliveira M.D.M., Kikuchi R.K.P., Leão Z.M.A.N., Dutra L.X.C. 2004. Coral bleaching in Brazil, Western South Atlantic. In: ISRS, Inter. Coral Reef Symposium, 10th, Abstracts, Okinawa, Japão, p. 321.

Purkey, S. G. and Johson, G. C. 2010. Warming of global Abyssal and Deep Southern Ocean Waters between the 1222 and 2008: contribuition to global heat and sea level rise budgets. Journal of Climate 23: 6336-6351.

Rede Clima 2009 - http://www.ccst.inpe.br/redeclima/documentos.html.

Reid, P. and Beaugrand, G. 2012. Global synchrony of an accelerating rise in sea surface temperature.Journal of Marine Biological Association of the United Kingdom: 1-16

Schiedek, D. Sundelin, B., Readman, J. W. & Macdonald R. W. 2007 Interactions between climate change and contaminants. Marine Pollution Bulletin, 54 (12):1845-185.

Schroeder F & Castello JP. 2010. An essay on the potential effects of climate change on fisheries in Patos Lagoon, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences.5(2):323-335.

Schroeder, F. A. & Castello, J. P. 2010. An essay on the potential effects of climate change on fisheries in Patos Lagoon, Brazil. Pan-American Journal of Aquatic Sciences, 5(2): 320-330.

SOARES, H. C.; PEZZI, L. P.; GHERARDI, D. F. M.; PAES, E. T., 2011. Oceanic and atmospheric patterns during spawning periods prior to extreme catches of the Brazilian sardine (Sardinella brasiliensis) in the southwest Atlantic.Scientia Marina, v. 75, n. 4, p. 665-677.

Trenberth K.E., Jones P.D., Ambenje P.G., Bojariu R., Easterling D.R., Klein Tank A.M.G., Parker D.E., Renwick J.A., Co-authoers 2007. Surface and atmospheric climate change. Climate Change 2007: The Physical Science Baseis. Contribution of Working Group I to the Fourth Assessment Report of the Intergovermmental Panel on Climate Change, Cambridge University Press, Cambridge 235-336.

Walters B.B., Rönnbäck P., Kovacs J.M., Crona B., Hussain S.A., Badola R., Primavera J.H., Barbier E., Dahdouh-Guebas F. 2008. Ethnobiology, socio-economics and management of mangrove forests: A review. Aquatic botany 89: 220-236.

Wernberg et al. 2011.Seaweed Communities in Retreat from Ocean Warming.Current Biology (21). 2011

70

Weyhenmeyer G.A., 2004. Synchrony in relationships between the NorthAtlantic Oscillation and water chemistry among Sweden’s largest lakes. Limnol. Oceanogr., 49, 1191-1201.

Wilkinson C. 2000. Status of coral reefs of the World: 2000. Global Coral Reef Monitoring Network and Australian Institute of Marine Science, Cape Ferguson and Dampier, Australia, 363.

Wilkinson C., Souter D. 2008. Status of Caribbean Coral Reefs after Bleaching and Hurricanes in 2005. Global Coral Reef Monitoring Network, and Reef and Rainforest Research Centre, Townswille, 152 p.

Winder M., Schindler D.E. 2004. Climatic effects on the phenology of lake processes. Global Change Biol., 10, 1844-1856.

71

ANEXO I: RESUMOS

(www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop/images/stories/documentos/2%2

0caderno%20de%20resumos.pdf)

PALESTRAS

CLIMATE CHANGE, HABITAT LOSS AND COASTAL DEVELOPMENT: THE PERFECT STORM FOR COASTAL

POPULATIONS

Thomas C. Malone

Center for Environmental Science, University of Maryland, United States of America

([email protected])

People and ecosystem goods and services are concentrated in the coastal zone where Brazil is vulnerable

to rising sea level and flooding. Today, 50% of the population lives in the coastal zone, and the combined

effects of urban development and sea level rise are expected to triple the number of people exposed to

coastal flooding. Brazil has one of the longest coastlines in the world and one of the most diverse in

terms of habitats. Biologically structured habitats (Mata Atlântica, restingas, mangrove forests, salt

marshes, seagrass beds and coral reefs) have at least four important characteristics in common. They

support high biodiversity and living marine resources, buffer coastal communities against flooding,

function as carbon sinks, and attract tourists. The Perfect Storm = high and increasing population density

+ high concentrations of goods and services + multiple threats to habitats associated with climate change

and expanding and conflicting human uses. Given recommendations of the Rio Grande Declaration, it is

clear that aspects of the Perfect Storm are recognized as the makings of a major and prolonged disaster.

A key recommendation is to improve monitoring of the coastal zone. As I will show, sustained and

integrated monitoring and modeling of coastal ecosystems is critical to implementing all of the

recommendations of the Declaration and more. The Global Ocean Observing System is being built to

address this need on national, regional and global scales. Basin scale GOOS is primarily concerned with

monitoring and modeling geophysical variables needed to improve predictions of climate change and

natural hazards. Coastal GOOS focuses on detecting and predicting the effects of climate change and

natural hazards and human expansion on the capacity of marine and estuarine ecosystems to provide

goods and services. The recently completed an implementation plan for integrated coastal monitoring

and modeling of the IOC Panel for Integrated Coastal Observations is presented.

72

IS THE INTENSIFYING WAVE CLIMATE OF THE U.S. PACIFIC NORTHWEST INCREASING FLOODING AND

EROSION RISK FASTER THAN SEA LEVEL RISE?

Peter Ruggiero

College of Earth, Oceanic, and Atmospheric Sciences, Oregon State University, Corvallis, Oregon 97331,

USA; voice: 541-737-1239, fax: 541-737-1200, [email protected]

The relative contributions of sea level rise (SLR) and increasing extra-tropical storminess to the frequency

with which waves attack coastal properties is assessed with a simple total water level (TWL) model. We

show that for the coast of the U.S. Pacific Northwest (PNW) over the period of wave-buoy observations

(~30 years) wave height (and period) increases have had a more significant role in the increased

frequency of coastal flooding and erosion than has the rise in sea level. Where tectonic-induced vertical

land motions are significant and coastlines are emergent relative to mean sea level, increasing wave

heights result in these stretches of coast being submergent relative to the TWL. While it is uncertain

whether wave height increases will continue into the future at their present rates, it is clear that this

process could remain more important than or at least as important as SLR, and needs to be taken into

account in terms of the increasing exposure of coastal communities and ecosystems to flooding and

erosion. An approach, allowing for quantitative assessments of the impact of climate change uncertainty

on possible future coastal configurations, is developed for performing probabilistic coastal vulnerability

assessments. By exploring a wide range of possible climate futures, coastal change hazard zones of

arbitrary confidence level are developed using a suite of simple models. Exposure analyses are

performed by superimposing relevant socio-economic data, such as locations of structures and roads, on

the hazard zones.

ADAPTATION OF CORALS TO EXTREME COASTAL ENVIRONMENTS: EVIDENCE OF RESILIENCE TO A

WARMER AND MORE ACIDIC OCEAN?

David J. Suggett

Coral Reef Research Unit, Department of Biological Sciences, University of Essex, Colchester, United

Kindom ([email protected])

Coral reefs are at the frontline of climate change: Growing reports of thermal induced bleaching and

slower growth rates of corals have been associated with warmer and more acidic waters via rapidly

increasing atmospheric pCO2; consequently, research efforts have intensified to better understand (and

hence manage) how future changes will further impact coral ecosystems and associated ecosystem

services. Controlled experimental manipulations are proving critical in these efforts but are ultimately

limited in their capacity to ‘replicate’ climate change. Thus it is key to support experiments with natural

observations using systems with intrinsically high variability or marginal (suboptimal) conditions of

temperature and/or pH. Our recent work in the Indo-Pacific has particularly yielded novel information of

coral resilience to extreme temperature stress from observations following extreme El Niño-La Niña

73

anomalies: (1) At the regional scale, reduced coral bleaching and mortality is consistent with increased

intrinsic thermal history (the preceding intra-annual range of sea surface temperature); (2) At the local

scale, this trend is further moderated by light availability with slightly more turbid reefs yielding lower

bleaching induced mortality. Observing natural responses to lower pH (ocean acidification, OA) is more

difficult since we still know little of the intrinsic variability of the carbonate chemistry for many systems;

however, natural CO2 vents offer some novel insight of long term pH change: We recently observed

(Italy) that as expected sites of decreased pH select against calcifying corals but rather select for non-

calcifying coral-alga symbioses (anemones) as well as macroalgae; from observations elsewhere

calcifying corals appear better able to exist within highly fluctuating pH environments but at a cost to

growth. I will discuss these emerging paradigms with respect to Brazil’s reef system(s) and how our

recent observations provide a novel means for an improved capacity to predict reef ecosystem change.

IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES GLOBAIS NA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS INTERTIDAIS

ESTUARINAS

João Serôdio

Departamento de Biologia, Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro, Portugal

([email protected])

Devido à sua localização na interface entre os meios terrestre e marinho, bem como à frequente

exposição aacçõesantropogénicas, os estuários são sistemas particularmente sensíveis às alterações

globais. Os estuários contam-se entre as zonas mais produtivas da Biosfera, constituindo um importante

"sink" de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito de estufa e do aquecimento global do

planeta. Nos estuários com marés, as zonas intertidais são colonizadas por ervas marinhas, macroalgas e

comunidades de microalgas bênticas – o microfitobentos – que formam biofilmes densos e altamente

produtivos. Destes grupos de produtores primários, o microfitobentos é a comunidade tipicamente mais

importante, podendo ser responsável por mais de 50% do total de carbono fixado pelo ecossistema

estuarino. Os efeitos expectáveis das alterações globais na produtividade primária das zonas intertidais

estuarinas, podem ser classificados em, essencialmente, dois tipos: os associados a mudanças no

ambiente sedimentar (alterações nos padrões de circulação e hidrodinamismo, afectando a resuspensão

e a granulometria de sedimento, a turbidez da coluna de água, e a exposição em baixa-mar) e os

relativos a factores afectando a actividade fotossintética (radiação UV, CO2, pH). Por outro lado, a

previsão dos efeitos destas alterações na produtividade das zonas estuarinas depende dos factores de

resiliência das comunidades bênticas, que, no caso do microfitobentos, incluem a capacidade de

suportar a perturbação do ambiente sedimentar e da operação de processos de fotoprotecção eficientes

contra a radiação UV. Estes processos serão ilustrados com resultados obtidos para a Ria de Aveiro, um

estuário mesotidal do centro de Portugal, com ênfase para os efeitos no microfitobentos. Será também

discutido o “case study” do declínio dos prados de ervas marinhas neste estuário bem como previsões de

modelação hidrodinâmica e ecológica simulando cenários de eventos extremos.

74

MESAS REDONDAS

2-Vulnerabilidades do litoral brasileiro: geomorfologia e dinâmica costeira

RESPOSTAS DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA À SUBIDA DO NÍVEL DO MAR E MUDANÇAS NO CLIMA

José M. L. Domingues

Geologia e Geofísica Marinha, Universidade Federal da Bahia ([email protected])

As respostas da Zona Costeira Brasileira à subida do nível do mar e às mudanças climáticas serão

complexas e dependerão de aspectos específicos intrínsecos da zona costeira, relacionados as histórias

geológica antecedente e da ocupação humana. Por esta razão previsões de caráter regional baseadas

em parâmetros simplificados, dificilmente terão sucesso. Neste aspecto é muito importante conhecer a

heterogeneidade da zona costeira e de seus ambientes, nas diferentes escalas espaciais e temporais. Só

assim será possível a formulação de estratégias bem sucedidas de mitigação dos impactos das mudanças

climáticas, nas próximas décadas. O sucesso destas estratégias, dependerão de um conhecimento

detalhado das respostas da zona costeira às diferentes forçantes, o qual ainda não dispomos. Quanto

maior o nível de especificidade deste conhecimento, para uma determinada região geográfica, maior

será o nível de acerto dos prognósticos. Neste sentido estas avaliações não diferem muito das

abordagens de um Estudo de Impacto Ambiental, em que pesem as limitações deste processo,

decorrentes principalmente de abordagens mais multidisciplinares que interdisciplinares. A partir

portanto desta abordagem esta palestra apresentará exemplos das diferentes respostas da zona

costeira brasileira à subida do nível do mar e às mudanças climáticas que se avizinham.

EROSÃO COSTEIRA: TENDÊNCIA OU EVENTOS EXTREMOS? O LITORAL ENTRE RIO DE JANEIRO E CABO

FRIO, BRASIL

Dieter Muehe

Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

([email protected])

O litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio é formado por extensas praias associadas a cordões litorâneos

arenosos, de orientação leste - oeste diretamente expostos a tempestades vindas do sul. O aporte de

sedimentos continentais é completamente impedido pelo bloqueio dos cordões, também chamados de

barreiras, cuja presença levou à formação de lagunas para as quais convergem os pequenos cursos de

água que drenam o flanco oceânico do maciço costeiro. Episódios extremos de erosão costeira,

associados à penetração de frentes frias, induziu um recuo generalizado da escarpa da pós-praia com

75

transposição de ondas (overwash) e destruição localizada de casas, quiosques e da estrada que corre

paralelamente à orla costeira. Considerando a vulnerabilidade do litoral a eventos de tempestade a

questão a ser respondida é se os eventos erosivos representam uma tendência de recuo generalizado da

linha de costa ou apenas uma resposta a eventos extremos com subsequente recuperação da posição da

linha de costa. Com a finalidade de responder a esta questão foram levantados perfis topográficos

transversais à praia, em diversos compartimentos da litoral, para fins de comparação com levantamentos

mais antigos realizados na segunda metade do século passado, além de um monitoramento mensal,

durante catorze anos, do sistema praia-duna frontal, na praia da Massambaba, próximo ao Cabo Frio. Os

resultados obtidos indicam que, apesar das amplas variações na largura e volume dos perfis de praia, e

mesmo retrogradação da escarpa da pós-praia, a linha de costa, na interseção da face da praia com o

nível médio do mar, não apresentou, ao longo das últimas décadas, tendência de migração ou

modificação do estoque de sedimentos. A formação de um banco na antepraia, após uma das mais

severas tempestades, com volume superior ao do campo de dunas frontais, indica que tempestades

excepcionais produzem erosão, mas podem também recompor o estoque de areia a partir de

remobilização da espessa cobertura de sedimentos quartzosos, da plataforma continental interna, em

direção à costa contribuindo para o reequilíbrio do balanço sedimentar. Isto talvez explique a razão da

estabilidade do litoral meridional do Estado do Rio de Janeiro apesar da ausência absoluta de aporte de

sedimentos continentais, podendo representar um fator de compensação parcial a uma elevação do

nível do mar quando associado a um incremento em frequência e intensidade de tempestades.

MUDANÇAS NA ZONA COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS

Arthur A. Machado e Lauro J. Calliari

Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande

([email protected])

A erosão costeira é um problema global, já que uma elevada percentagem de praias arenosas está sendo

erodida. O litoral do Rio Grande do Sul (RS) é formado por praias arenosas totalmente expostas, com

exceção das praias de Tôrres no extremo norte do litoral. Ao longo das ultimas três décadas

pesquisadores do LOG/FURG e do CECO/UFRGS realizaram estudos morfodinâmicos ao longo da costa.

Vários setores do litoral apresentam locais com erosão permanente (Hermenegildo, Farol da Conceição,

Imbé). O balneário do Hermenegildo apresenta uma taxa de erosão de 3,6 m/ano, com um recuo da

linha de costa, ao nível do mar, de 55m, apresentando perda de volume da ordem de 130.46 m³/m de

sedimentos (1996-2011). Na região do Farol da Conceição a taxa é de 4,8 m/ano, totalizando 73m de

recuo, com uma perda de 171,43 m³/m em 15 anos. Trinta anos de dados de altura de onda para a região

indicam uma frequência anual de 1,3 eventos extremos (Hs> 6 m) apresentando uma tendência positiva

de aumento nos mesmos. Estes eventos os quais causam sobre-elevação do nível do mar representam o

principal risco físico para a costa do RS uma vez que a eles se associam risco de vida, perda de

propriedade pública e privada bem como de habitats naturais. Estudos realizados pelo Instituto de

76

Hidráulica da Universidade da Cantabria os quais contemplam modelos climáticos, ondulatórios e de

sobre-elevação do nível do mar apontam para tendências de aumento na altura máxima das ondas para

a costa do RS (90.55cm) com previsões de elevação do nível do mar de 189.88mm até 2070. Tais

previsões associadas à possível mudança nos padrões já identificados das tempestades podem alterar e

amplificar a distribuição atual dos riscos de erosão costeira.

3-Ecossistemas Bênticos e Mudanças Climáticas: Estratégias de Pesquisas

O BRANQUEAMENTO DE CORAIS E AS ANOMALIAS TÉRMICAS NA COSTA DA BAHIA NOS ÚLTIMOS DEZ

ANOS

Zelinda M. A. N. Leão1, Ruy K. P. Kikuchi1, Marília D. M. Oliveira1, Igor C. S. Cruz1, Saulo Spanó1, Amanda

E. C. Nascimento1, Carlos V. S. Mendonça Filho1, Miguel L. Miranda1, Rodrigo M. Reis1, Tiago

Albuquerque1, Gustavo L. Oliveira1e Lucas S. N. Rocha1

1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

O aquecimento global tem sido considerado a principal ameaça aos recifes de coral, devido o aumento

da severidade e da frequência dos eventos de branqueamento e a consequente mortalidade dos corais.

Vários exemplos têm demonstrado que o branqueamento, em grande escala, tem ocorrido associado a

fenômenos ambientais extremos, particularmente a elevação da temperatura das águas oceânicas e o

aumento das radiações solares. A incidência e a severidade do branqueamento podem provocar

mudanças na estrutura da comunidade coralina, com respeito à sua biodiversidade, reprodução,

diminuição da extensão linear e redução da taxa de calcificação do esqueleto dos corais e,

consequentemente, da manutenção e do desenvolvimento do recife. Corais branqueados nos recifes do

Brasil foram observados desde a década de 1980, entretanto somente a partir dos anos de 1990,

começaram a surgir os primeiros registros de branqueamento de corais no Brasil, coincidentes com

ocorrências de anomalias térmicas. Os eventos mais fortes ocorreram durante os períodos do verão de

1997/98, 2002/03, 2004/05 e 2009/10, quando temperaturas elevadas das águas oceânicas coincidiram

com os anos de El Niño, com registros de anomalias térmicas de até 1oC em toda a costa do estado da

Bahia. O branqueamento de 2010 foi o evento de maior extensão registrado. Embora os percentuais de

colônias branqueadas nos recifes do Brasil em alguns casos tenham sido relativamente altos (> 50%), até

o momento não foi observada mortalidade em massa de corais. Seria isto uma indicação que esses corais

já estejam adaptados a essas variações ambientais? Para os corais que sobrevivem ao branqueamento,

as variações da temperatura da água do mar podem se tornar um potencial para sua aclimatação ou

adaptação e, assim, eles irão apresentar uma maior resistência ao atual cenário de aquecimento global.

Já para as espécies que apresentam uma maior susceptibilidade às variações da temperatura da água e

têm ocorrência mais baixa, pode aumentar a chance de sua extinção regional.

77

PROGNÓSTICO DA SEVERIDADE DO BRANQUEAMENTO DE CORAISNUM ATLÂNTICO SUL MAIS QUENTE

Ruy K. P. Kikuchi1, Zelinda M. A. N. Leão1, Marília D. M. Oliveira1, Adma Raia2, Clemente A. S. Tanajura3 &

Fernando Genz4

1-Grupo de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

2-Centro de Climatologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

3-Grupo de Oceanografia do Atlântico Tropical, Universidade Federal da Bahia 4-Águas e Saneamento,

Universidade Federal da Bahia

Eventos severos de branqueamento de corais na costa brasileira têm ocorrido com frequência nos

últimos vinte anos. Relatos publicados a partir da década de 90 tratam de ocorrências na costa sudeste e

leste, e mais recentemente também na costa nordeste. Globalmente, a recorrência desses eventos

intensos têm aumentado nos últimos 30 anos e a sua relação com anomalias térmicas da água do mar

(ATSM) está bem estabelecida. Dados do modelo climático global HadCM3 (obtidos através do

CPTEC/INPE) indicam que a frequência de ATSM aumentará nos próximos 60 anos na região estudada

(18˚S a 0˚S). Foram utilizados quatro membros que contemplam as incertezas das projeções do cenário

de emissões A1B. A relação estabelecida entre anomalias térmicas e a frequência conhecida de colônias

de corais branqueados nos recifes da costa leste brasileira, nos eventos dos últimos 20 anos,

categorizada em quatro níveis de severidade (baixa, intermediária, alta e muito alta), permitiu criar-se

um modelo preditivo de branqueamento da região. O modelo prevê um crescimento na recorrência de

eventos muito severos de branqueamento nos próximos 60 anos, com um evento de alta severidade a

cada 10 anos entre 2011-2040, e até um evento muito severo a cada cinco anos no intervalo de 2041 a

2070, no Extremo Sul da Bahia (18-16˚S). Esse recrudescimento aumenta para norte, onde porção entre

13-12˚S (Norte da Bahia) o maior aumento ocorrerá nos próximos 30 anos, quando se espera a

recorrência de eventos de muito alta severidade a cada 3 anos, aproximadamente. Entre 2041-70, prevê-

se uma queda de até 50% na frequência de eventos de branqueamento muito severo, que poderá se

repetir uma vez a cada 5 anos. Na região ao norte da desembocadura do rio São Francisco (11-0˚S)

devem ocorrer cerca de 3 eventos muito severos por década, entre 2041 e 2070.

EFEITOS SINÉRGICOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DOS IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO: A ECOLOGIA E

FISIOLOGIA DAS MACROALGAS COMO DESCRITORES

Paulo A. Horta1, Cintia Martins1, Fernando Scherner1, Cintia Lhullier1, Manuela Batista1, Noele Arantes1,

Caroline de Faveri1, Talita Pinto1, Fabiola Soares1, Ronan Caetano1, Marina Sissini1, Eduardo Bastos1,

Eduardo Valduga1, Marcelo Maraschin1, Zenilda L. Bouzon1, Pio Colepicolo2, Sonia Pereira3, Marcos

Nunes4, Fungyi Chow5 e Eurico C. Oliveira1

1-Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina ([email protected])

2-Instituto de Química, Universidade de São Paulo

78

3-Departamento de Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco

4-Departamento de Botânica, Universidade Federal da Bahia

5-Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo

O presente trabalho descreve a resposta ecológica e fisiológica de diferentes populações de macroalgas

diante de variações sinérgicas de fatores relacionados com as mudanças climáticas com impactos

relacionados ao processo de urbanização das regiões costeiras. As coletas foram realizadas em diferentes

pontos do litoral brasileiro, durante diferentes períodos de 2008 a 2011. Na caracterização descritiva

foram selecionados costões rochosos em praias urbanizadas ou não. Na abordagem experimental foram

transplantados entre locais com diferentes intensidades de impactos antrópicos população k e r

estrategistas. Procedimentos semelhantes foram realizados em laboratório, expondo estas algas a

diferentes intensidades de luz, temperatura, nutrientes e poluentes diversos e graus de salinidade. Os

testes de significância realizados a partir dos dados ecológicos descritivos indicaram que a riqueza de

espécies, a diversidade de Shannon-Wiener e a equitabilidade de Pielou foram superiores nas praias

preservadas quando comparadas às praias urbanizadas. De maneira geral, tanto os transplantes quanto

as incubações em laboratório em condições extremas reduziram quali ou quantitativamente o

desempenho fisiológico dos diferentes modelos utilizados. A redução no pH da água concomitante com a

elevação de nutrientes inorgânicos dissolvidos, resultou em uma redução da taxa de transporte de

elétrons, assim como dos demais descritores da fotossíntese derivados da análise da fluorometria, em

diferentes espécies de macroalgas. Portanto, os impactos antrópicos agindo de maneira sinérgica com as

variações de parâmetros relacionados com as mudanças climáticas globais comprometem o

desempenho fisiológico e consequentemente alteram diferentes aspectos da diversidade biológica,

reforçando a demanda por ações de mitigação destes impactos sobre os ambientes costeiros.

O PAPEL DA FLORESTA DE MANGUEZAL NA CAPTURA DE CARBONO (CARBONO AZUL): APA DE

GUAPIMIRIM/RJ

Renato C. Cordeiro1, Carlos E. Rezende2, Paulo Pedrosa2, Ilene M. Abreu1, Nilva Brandini1, Bastiaan A.

Knoppers1, William Z. Mello1, Carlos A. R.e Silva1

1-Universidade Federal Fluminense ([email protected])

2-Universidade Estadual do Norte Fluminense

A floresta de manguezal remove o CO2 da atmosfera via atividade fotossintética e retorna certa

quantidade desse gás para atmosfera através da atividade respiratória e da oxidação da matéria

orgânica morta. O estoque da matéria orgânica remanescente na floresta ocorre nos tecidos das plantas

(biomassa aérea e subterrânea) e no sedimento. Esse carbono capturado pelas árvores de mangue e

pelo sedimento de mangue, os quais sofrem influência do oceano, é denominado de carbono azul (“Blue

Carbon”). Parte do CO2 removido pode ser inserida na hidrodinâmica estuarina na forma de

macrodetritos (i.é., folhas) e/ou na forma de matéria orgânica dissolvida. Essas formas de CO2 podem

sofrer diferentes processos biogeoquímicos ao longo da calha estuarina, os quais são pouco conhecidos.

79

Apesar dos estuários representarem pequenos corpos de água quando vistos de forma isolada, em

relação ao oceano, estes podem contribuir significativamente na liberação ou na retirada do dióxido de

carbono (CO2) da atmosfera. Cada estuário deve ser considerado como parte do ciclo do carbono. O CO2

através da atmosfera chega até as águas, as plantas e nos tecidos animais. Finalizando, o entendimento

das variáveis temperatura, salinidade, pH, AT e DIC, envolvendo o CO2 inorgânico dissolvido nas valetas

dentro da floresta de manguezal é um importante passo para a compreensão dos processos de

seqüestro e liberação do CO2 do sistema estuarino da APA de Guapimirim e o começo de uma

importante contribuição para entender o papel do sistema estuarino no sequestro do CO2.

REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS): HISTÓRICO E

ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO

Alexander Turra1, Ângelo F. Bernardino2, Ana C. Z. Amaral3, Flavio A. S. Berchez4, Joel C. Creed5,

Margareth S. Copertino6, Ricardo Coutinho7 e Yara Schaeffer-Novelli1

1-Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo ([email protected])

2-Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo

3-Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas

4-Instituto de Biologia, Universidade de São Paulo

5-Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

6-Instituto de Oceanografia, Universidade Federal de Rio Grande

7-Departamento de Oceanografia, Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira

A criação e a implementação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos)

deu-se a partir do I Workshop da Sub-Rede Zonas Costeiras (Rede Clima, MCT; Instituto Nacional de

Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, INCT-MC) com o intuito de detectar os efeitos das

mudanças ambientais regionais e globais sobre a biodiversidade desses ambientes, dando início a uma

série histórica de dados ao longo da costa brasileira. Corresponde a um processo de indução de estudos

em rede focados na biodiversidade de habitats bentônicos e estrutura-se com base em uma

coordenação geral e seis projetos definidos pelos habitats abrangidos: Praias arenosas e estuarinas,

Recifes e costões rochosos, Fundos inconsolidados vegetados, Fundos inconsolidados não vegetados,

Manguezais e marismas e Educação ambiental. A ReBentos integra o Programa SisBiota Brasil

(CNPq/FAPESP), com recursos para articulação e fortalecimento da rede (workshops) e para o início dos

trabalhos de campo. Fontes adicionais de recursos estão sendo buscadas para a estruturação e o

fortalecimento das equipes e dos laboratórios participantes. Os trabalhos foram iniciados em janeiro de

2011 com a divulgação da proposta na comunidade científica, processo que culminou com a realização

do I Workshop da ReBentos, realizado entre 28 e 29 de julho de 2011, em Arraial do Cabo, RJ, durante o

IX Encontro de Bioincrustação, Ecologia Bêntica e Biocorrosão. Até o momento a ReBentos conta com

cerca de 80 pesquisadores participantes de mais de 25 instituições representando quase todos estados

costeiros brasileiros. Foi criado um portal interativo com intranet (www.rebentos.org) que será o local de

80

convergência de comunicados, documentos, referências e discussões. Por ocasião do II Workshop da

ReBentos há as seguintes etapas a serem cumpridas: (1) consolidação das sínteses do estado do

conhecimento de cada habitat e (2) definições metodológicas para início das séries temporais a partir do

início de 2012.

4-Mudanças climáticas no Atlântico Sul: escalas de influência e detecção

VARIABILIDADE DA CORRENTE DO BRASIL ASSOCIADA A EVENTOS DE EL NIÑO E LA NIÑA

Ricardo N. Servino1e Renato D. Ghisolfi1

1-Laboratório Posseidon, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo

([email protected])

Estudos sugerem diversas teorias sobre como a intensidade e frequência dos eventos de El Niño e La

Niña serão alteradas frente a um quadro de mudanças climáticas globais. Independente de como estas

características serão afetadas, um conhecimento dos mecanismos de resposta da atmosfera e oceano a

estes eventos é necessário para uma previsão com antecedência dos seus efeitos na circulação

atmosférica e oceânica. As correntes oceânicas realizam um papel importante no clima, em que são

responsáveis, em parte, pela distribuição de calor para as altas latitudes. A Corrente do Brasil (CB)

merece atenção especial por ser uma corrente de fluxo intenso e estreito, localizada em uma região de

importância econômica para o país, e de conhecimento limitado em relação à sua variabilidade na escala

interanual. Estudos mostram que eventos de El Niño e La Niña promovem alterações anômalas na

atmosfera e na temperatura da superfície do Atlântico tropical, provavelmente afetando o sistema de

correntes do Giro Subtropical do Atlântico Sul. Utilizando ferramentas estatísticas em uma longa série

temporal de dados de transporte de volume derivados de resultados de modelagem numérica, o

presente trabalho encontrou um sinal considerável destes fenômenos na CB dentre outros possíveis

sistemas de oscilação.

SISTEMAS DE OBSERVAÇÃO NO OCEANO UTILIZANDO INFORMAÇÕES BIO-ÓPTICAS

Áurea M. Ciotti1

1-Laboratório Aquarela, Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])

Estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas em águas de regiões costeiras necessitam observações

continuas. Uma série de instrumentos estão agora disponíveis capazes de fornecer informações

biológicas nas mesmas escalas espaciais e temporais que as observações das características físicas, como

temperatura e salinidade. Combinações de dados físicos e biológicos, obtidos em tempo real em locais

estratégicos, podem fornecer ferramentas valiosas para estudos sobre processos ecológicos e manejo de

ambientes costeiros. Esses locais, ditos sistemas de observação costeira (SOC), estão se difundindo por

81

vários países e, em sua maioria, dependem de dados bio-óticos para estimativas de variáveis biológicas.

Nessa palestra, apresentamos os últimos avanços sobre os produtos do SOC e suas aplicações, e ainda as

estratégias possíveis para a integração desses resultados a nível regional e global. O panorama de

integração de dados dos SOC da Europa e América do norte serão apresentados. O objetivo da palestra,

éapresentar aos pesquisadores da Rede Clima Zonas Costeiras, exemplos de aquisição e manejo de

dados e promover a discussão sobre possíveis caminhos para SOCs no Brasil.

ANÁLISE DOS EFEITOS DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA SOBRE OS GRANDES ECOSSISTEMAS MARINHOS

BRASILEIROS: SITUAÇÃO ATUAL DA PESQUISA E AVANÇOS ESPERADOS

Douglas F. M. Gherardi1, Helena C. Soares1, Eduardo T. Paes3, Luciano P. Pezzi1, 2 e Mary T. Kayano2

1-Divisão de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ([email protected])

2-Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais

3-Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos, Universidade Federal Rural da Amazônia

Os Grandes Ecossistemas Marinhos (GEM's) são unidades definidas para auxiliar o gerenciamento dos

recursos naturais marinhos costeiros. A vantagem de sua utilização para o manejo destes recursos é que

elas consideram as interações das comunidades biológicas com o meio físico. Entretanto, os efeitos da

variabilidade climática global sobre cada GEM apresenta grande heterogeneidade. O objetivo desta

pesquisa é avaliar o impacto da variabilidade climática sobre os GEM's brasileiros. Estes impactos têm

origem tanto na variabilidade climática do próprio oceano Atlântico Sul e tropical, como também nas

influências externas como o oceano Pacífico. Estas influências ocorrem primeiramente sobre o meio

físico, por meio de alterações das características de circulação oceânica e atmosférica e do equilíbrio

termodinâmico. Estas alterações físicas impactam a disponibilidade de nutrientes na coluna de água e

assim afetam a produtividade biológica destas regiões. Foram analisadas as correlações total e parcial

entre índices climáticos representativos da variabilidade climática global e a temperatura da superfície

do mar (TSM), tensão do vento na superfície e transporte de Ekman. Os efeitos da mudança de regime

da Oscilação Decenal do Pacífico sobre as correlações também foram avaliados. Serão discutidos

também os desenvolvimentos futuros do trabalho, como o uso da modelagem numérica de circulação

oceânica para investigar os processos físicos associados aos padrões de correlação encontrados.

PROCESSOS BIOGEOFÍSICOS DE LARGA ESCALA E SUAS RELAÇÕES COM O SEQÜESTRO DE CARBONO

AO LONGO DA PLUMA DO RIO AMAZONAS

Eduardo Tavares Paes1 e Caio Lourenço.

1-Laboratório de Ecologia Marinha e Oceanografia Pesqueira. Universidade Federal Rural da Amazônia

([email protected])

2-Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Recursos Aquáticos TropicaisUniversidade Federal Rural

da Amazônia

82

A costa Amazônica, que se estende desde o Amapá até o Maranhão, atualmente é a maior produtora de

pescado marinho-estuarino do Brasil, produzindo aproximadamente 120 mil ton/ano. Em função do

esgotamento dos estoques pesqueiros do Sudeste-Sul a indústria pesqueira nacional e internacional está

progressivamente deslocando suas embarcações para a região e já se nota indícios de sobre-explotação

dos principais recursos pesqueiros da região amazônica. Hoje, o Pará e o Amapá constituemo novo

“Eldorado” da Pesca no Brasil. Por outro lado, pesquisas internacionais realizadas por grandes

instituições oceanográficas do mundo (ex: Scripps - California) em águas internacionais adjacentes à foz

do Amazonas, demonstram que os processos biogeoquímicos e biogeofísicos de alta complexidade na

região da pluma do referido Rio associada à sua hidrodinâmica, a carga de nutrientes e metais traço são

responsáveis por cifras significativas de seqüestro de carbono (cerca de 5 a 10 % do seqüestro de

carbono atribuído a Floresta Amazônica - estimativas ainda grosseiras geradas pelos autores desse

trabalho) e pela alta produção pesqueira da costa. Essa produção pesqueira sustenta aproximadamente

cerca de 400 mil famílias direta e indiretamente. Dessa maneira, justifica-se um esforço em conjunto das

instituições governamentais de pesquisa e fomento brasileiras liderar um movimento de pesquisas e

monitoramento em alto nível desse complexo ecossistema, tratando de elucidar os mecanismos

controladores do ciclo do carbono e suas implicações socio-econômicas. Nesse trabalho apresentaremos

propostas de estudos para a região da pluma do Rio Amazonas, bem como, algumas hipóteses para

elucidação das mudanças climáticas ocorridas no passado recente.

5-Dimensão Humana das Mudanças Climáticas

URBANIZAÇÃO, RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CARACTERIZAÇÃO DA

POPULAÇÃO RESIDENTE NA ZONA COSTEIRA DO BRASIL

Roberto L. do Carmo1

1-Departamento de Demografia, Núcleo de Estudos de População,Universidade Estadual de Campinas

([email protected])

O Brasil passou por um intenso processo de urbanização ao longo da segunda metade do Século XX,

chegando a 2010 com 84% da população residindo em áreas definidas como urbanas, segundo

resultados do Censo Demográfico 2010 do IBGE. Há uma importante concentração dessa população nas

zonas costeiras do país, resultante de um processo histórico de localização de investimentos e ocupação

do território, que ainda continua sendo reproduzido. No contexto estabelecido pelas mudanças

climáticas, principalmente considerando as previsões de aumento do número e da intensidade de

eventos extremos, as ocupações urbanas localizadas na faixa litorânea, por suas características

específicas de saneamento e ocupação de áreas sujeitas a deslizamentos e inundações, tornam-se ainda

mais sujeitas a esses riscos. O objetivo deste trabalho é apresentar um conjunto características dessa

população que habita a faixa litorânea brasileira, evidenciando a exposição a riscos que se tornam mais

83

significativos em termos de futuro, como a elevação do nível do mar, assim como as vulnerabilidades

sociais que se configuram nesse novo contexto.

EFEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PESCA ARTESANAL DO EXTREMO SUL DO BRASIL E IMPACTOS

SOCIOECONÔMICOS SOBRE AS COMUNIDADES PESQUEIRAS

Patrizia R. Abdallah1, Denis Hellebrandt2, Jorge P. Castello3, Ussif R. Sumaila4, José H. Muelbert5, Osmar

Moller6 e João P. Vieira7

1-Unidade de Pesquisa em Economia Costeira, Universidade Federal do Rio Grande ([email protected])

2-University of East Anglia, United Kingdom

3-Laboratório de Recursos Pesqueiros Pelágicos, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio

Grande

4-Fisheries Economics Research Unit, University of Vancouver, Canadá

5-Laboratório de Ecologia do Ictioplâncton, Instituto de Ocenaografia, Universidade Federal do Rio

Grande

6-Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do

Rio Grande

7-Laboratório de Ictiologia, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande

Mudanças climáticas impactam a pesca no extremo sul do Brasil, com repercussões sobre os pescadores.

Este trabalho visa entender a vulnerabilidade socioeconômica e a capacidade de adaptação dos

pescadores quanto afetados por eventos climáticos. Duas espécies emblemáticas do estuário da Lagoa

dos Patos (RS), camarão-rosa (Farfantepenaeuspaulensis) e a tainha (Mugil Liza), foram escolhidas para

analisar os efeitos de eventos climáticos na pesca das mesmas. e seus impactos socioeconômicos..

Ambas as espécies são de alta importância socioeconômica. Os resultados revelaram que os altos

volumes de descargas de rios na bacia hidrográfica da Lagoa dos Patos, associados com eventos El Niño

que provocam excesso de chuvas - fato frequente na região em estudo -, causam acentuada redução na

captura destas espécies e consequente queda na receita destas atividades econômicas. Esta sequência

de eventos é identificada a partir da percepção dos pescadores que atuam nestas duas pescarias no

estuário da Lagoa dos Patos. Este processo causa um enorme stress no bem-estar das comunidades

pesqueiras. Além disso, no caso da pesca da tainha os resultados mostraram como a vulnerabilidade dos

pescadores é afetada tanto por processos ambientais como pelos processos de gestão pesqueira. É

portanto devido a conjunção de fatores, tais como excesso de chuvas e pesca ilegal, que pescadores

artesanais tornam-se mais vulneráveis e menos capazes de adaptar-se às incertezas. A partir destes

entendimentos e de reuniões e encontros com grupos da pesca, são construídos instrumentos de

suporte à tomada de decisão relacionados a esta problemática. Estudo financiado pelo IAI-CRN2076/NSF-

GEO-0452325.

84

A VULNERABILIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL:O PAPEL DAS

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DE SUAS

ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO

Luiz F. D. Faraco1,3, José M. Andriguetto Filho3 e Paulo C. Lana2

1-Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ministério do Meio Ambiente

2-Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná ([email protected])

3-Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná

A vulnerabilidade sócio-ambiental dos pescadores artesanais do sul do Brasil, definida pelo seu grau de

exposição, sensibilidade e capacidade de adaptação, vem aumentando devido às quedas dos estoques

de várias espécies e a problemas generalizados de acesso e gestão dos recursos costeiros. Vivendo e

trabalhando junto a áreas de elevada biodiversidade, os pescadores são também afetados pelas

restrições impostas pela legislação ambiental e pelas unidades de conservação. É possível prever que as

alterações associadas às mudanças climáticas funcionarão como fontes adicionais de impacto. A

vulnerabilidade dos pescadores depende de variados fatores sociais e ecológicos, internos e externos,

entre os quais se destacam o aumento na frequência e intensidade de tempestades, aqueda nos

estoques pesqueiros e a projetada subida do nível do mar. A queda dos estoques pesqueiros e o

aumento da imprevisibilidade sazonal dos recursos vêm exigindo dos pescadores o desenvolvimento e

aplicação de estratégias para lidar com (no curto prazo) e se adaptar (no longo prazo) a essas

perturbações. Estas variáveis podem ser vistas como análogas atuais dos efeitos futuros projetados por

modelos de mudanças climáticas. Este trabalho objetiva: 1) descrever os elementos que compõem

atualmente a vulnerabilidade às mudanças climáticas de pescadores artesanais do litoral norte do

Paraná, sul do Brasil, avaliando as diferenças entre vilas pesqueiras e as estratégias de adaptação

aplicadas no passado, no presente e cogitadas para o futuro para lidar com as variações nos estoques

pesqueiros; 2)avaliar como características sociais, econômicas e políticas, incluindo a presença das

unidades de conservação, afetam a escolha dessas estratégias, sua viabilidade e sua eficácia para reduzir

a vulnerabilidade. Análises preliminares de entrevistas semiestruturadas mostram que a vulnerabilidade

varia mesmo entre vilas muito próximas e é determinada principalmente pelo tipo de pescarias

realizadas e pelo nível de dependência em relação à pesca. As unidades de conservação afetam a

vulnerabilidade dos pescadores de maneira marcada ao restringir ainda mais as opções de adaptação

daqueles que já são mais vulneráveis. Os resultados dessa análise serão úteis para a integração das

políticas de adaptação às mudanças climáticas e das políticas de conservação da biodiversidade na zona

costeira, como forma de promover a resiliência conjunta de pescadores e dos ecossistemas costeiros

face a um cenário de mudanças climáticas.

85

SESSÃO TEMÁTICA

Metodologias e avaliação de vulnerabilidades costeiras

A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS GEOESPACIAIS PARA ESTUDOS EM

REDE: CARTA SAO, ERROS E ACERTOS

Rafael M. Sperb1, Antônio H. F. Klein2 e João T. Menezes3

1-Laboratorio de Computação Aplicada, Universidade do Vale do Itajaí ([email protected])

2-Laboratório de Oceanografia Costeira, Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa

Catarina

Entre 2005 e 2007, INPE, OCEANSATPEG, UFPR, UFRJ, UNIMONTE, USP e UNIVALI conduziram,

colaborativamente, os estudos que resultaram no Mapeamento da Sensibilidade Ambiental ao Óleo da

Bacia Sedimentar Marítima de Santos – Carta SAO. Com base neste estudo, esta palestra apresenta

criticamente, a partir de erros e acertos, a importância da padronização de dados geoespaciais, com

destaque ao compartilhamento e integração deste produzidos em rede, para elaboração de produtos

cartográficos. Complementarmente, são apresentadas as diretivas do governo brasileiro no que

concerne à sistematização de dados e produtos cartográficos digitais, bem como as tendências que se

apresentam em termos de soluções tecnológicas para o catalogamento e disponibilização de dados

geoespaciais via Internet.

ESTUDOS GEODÉSICOS SOBRE OCUPAÇÕES URBANAS NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

Glauber A. Gonçalves1 e Humberto Vianna2

1-Laboratório de Tecnologia de Geoinformação, Centro de Ciências Computacionais, Universidade Federal

do Rio Grande ([email protected])

2-Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, Universidade Federal do Rio Grande

A precisa descrição de ambientes costeiros, sujeitos a dinâmica dos eventos extremos que

frequentemente atingem tais áreas, é alvo desse estudo de desenvolvimento de metodologia para

métrica das estruturas ambientais presentes. O estabelecimento de um referencial geodésico local,

acoplado ao Sistema Geodésico Brasileiro, obtido por técnicas de posicionamento GPS integradas a

medidas topográficas de alta precisão foi o primeiro processo desenvolvido. A estimativa do geóide em

uma pequena faixa desse litoral, por modelagem numérica sobre controles bem estabelecidos, permitiu

o ajustamento de um modelo numérico de terreno obtido por laser scanner na mesma área. Esse

produto permite a simulação do impacto de eventos de elevação do nível do mar com extrema precisão.

Um breve experimento com dados registrados numa área de densa ocupação urbana na região pós-

dunas foi efetuada, com vistas a demonstrar o potencial da ferramenta e metodologia testadas. Os dados

utilizados foram cortesia da Secretaria de Patrimônio da União, gerencia regional do estado do RS.

86

IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA COSTA DO RIO GRANDE DO SUL: FORÇANTES EXTERNAS E

CONTROLES INTERNOS

Salette A. Figueiredo1

1-Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande

As mudanças climáticas previstas como resultado do aquecimento global incluem: taxas aceleradas de

elevação do nível do mar, aumento da intensidade e/ou frequência das tempestades, e alterações no

balanço de sedimentos, em função das mudanças no clima regional de ondas. Estimativas precisas para

as taxas de mudança ainda estão cercadas de incertezas. Ainda mais incerteza é adicionada quando se

leva em consideração os impactos destas mudanças em ambientes costeiros com morfologia e dinâmica

variáveis. Isto se deve ao fato de que os controles regionais internos, tais como, a declividade do

substrato, a disponibilidade de sedimento e a extensão dos limites em mar aberto para trocas

sedimentares entre a ante-praia inferior e costa, desempenham um importante papel em determinar

como a costa irá responder às alterações na dinâmica externa devido às mudanças climáticas,

especialmente à elevação do nível do mar. Neste estudo utilize-se um modelo costeiro agregado, o

DilatingRandomShorefaceTranslationModel (DRanSTM), para avaliar os efeitos da elevação do nível do

mar durante as próximas décadas ao longo dos setores morfodinâmicamente diferentes da costa do Rio

Grande do Sul, na região sul do Brasil. A capacidade estocástica do DRanSTM permitiu a quantificação

das diferentes fontes de incerteza nas previsões de risco costeiro à erosão. Os resultados das simulações

sugerem que a variação regional da resposta costeira às mudanças climáticas é controlada

principalmente pela declividade da ante-praia inferior, sendo a morfologia da costa e da ante-praia

superior desempenhando um papel menos relevante. Reversões nas tendências geo-históricas estão

previstas para as próximas décadas, onde setores anteriormente progradantes irão desenvolver taxas de

erosão que são ainda maiores do que as apresentadas pelos setores geo-históricamente erosivos. Os

resultados indicam que os setores com substratos de gradiente suave são os mais vulneráveis aos efeitos

das mudanças climáticas sendo também os mais reativos a alterações dos parâmetros da ante-praia

inferior. Os resultados apresentados apontam para o imperativo do desenvolvimento de um plano

específico de planejamento, manejo e adaptação, o qual considere os efeitos das variações sutis na

morfologia do substrato na resposta costeira às mudanças climáticas.

87

PAINÈIS

EROSÃO COSTEIRA NO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DA PASSAGEM DE EVENTOS EXTREMOS E PERFIS

DE PRAIA ENTRE 1991 E 1996

Allan O. de Oliveira1 e Lauro J. Calliari2

1-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Rio Grande

2-Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande

([email protected])

As mudanças climáticas estão entre os assuntos mais discutidos no meio científico e imprensa em geral,

pois tendem a causar impactos sobre muitas sociedades humanas. Nas zonas costeiras estes impactos

podem ser mais evidentes a partir da elevação do nível do mar, ou pela intensificação dos eventos

extremos que causam empilhamento d’água na costa. Na costa do Rio Grande do Sul este efeito já vem

sendo discutido em vários trabalhos publicados pelo Laboratório de Oceanografia Geológica da

Universidade Federal do Rio Grande. Para analisar a erosão costeira no RS entre os anos de 1991 a 1996

foram utilizados perfis praias realizados pelo Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG) da

Universidade Federal do Rio Grande nos anos de 1991 a 1996, e que compõem o Banco de Dados PRAIA

LOG, além de dados do projeto Reanálise R-1 do NCEP/NCAR (National Centers for Environmental

Prediction). Após a seleção dos perfis que seriam utilizados foram calculadas as variações volumétricas

(m3/m) detectando assim os perfis erosivos, e após, com o auxílio do banco de dados do Projeto

Reanálise R-1 do NCEP/NCAR, foram simuladas as condições atmosféricas para os períodos em que

ocorreu erosão praial. Mesmo com alguns trechos costeiro apresentando maior erosão (extremo sul do

RS), foi verificado que a maioria das praias estudadas ao final de cada ano de pesquisa não ficaram com

déficit sedimentar, indicando que ocorre um processo natural de recuperação.

COMPARAÇÃO METODOLÓGICA DE PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DE AMBIENTES MARINHOS E

COSTEIROS COM VISTAS AO MAPEAMENTO CARTOGRÁFICO E DETERMINAÇÃO DA SENSIBILIDADE

AMBIENTAL

Carolina S. Mussi¹, Angelina Coelho¹, Rafael M. Sperb¹, Antônio C. Beaumord³, João T. Menezes², Maria I. F.

Santos4, Thelma L. Scolaro¹, Danielle D. Klein¹, Roberto A Pavan² e Ana P. F. D. Ramos¹

1-Laboratorio de Computação Aplicada, Universidade do Vale do Itajaí

2-Laboratorio de Sensoriamento Remoto,Universidade do Vale do Itajaí ([email protected])

3-Laboratorio de Estudos e Impactos Ambientais, Universidade do Vale do Itajaí

4-Laboratorio de Oceanografia Geológica, Universidade do Vale do Itajaí

Diversos esforços têm sido realizados pelos pesquisadores mundiais no intuito de definir um padrão

classificatório para os ambientes da zona costeira, a fim de viabilizar a interoperabilidade de dados e facilitar a

88

gestão ambiental e socioeconômica destas regiões. A padronização e hierarquização dos ambientes que

compõem a zona costeira e marinha é etapa essencial na definição de unidades geográficas para o

mapeamento cartográfico, pré-requisito na avaliação da fragilidade do ambiente e riscos a biodiversidade.

Este trabalho discute a aplicabilidade do Coastaland Marine EcologicalClassification Standard (CMECS) e do

EuropeanNatureInformation System (EUNIS) como métodos padrões de classificação cartográfica dos

ambientes costeiros e marinhos para identificação da sensibilidade ambiental e riscos a biodiversidade frente

às mudanças climáticas no litoral de Santa Catarina. A avaliação da aplicabilidade de ambas as metodologias

se deu através de uma matriz multicritério, relacionado as particularidades de cada uma com o atendimento

ou não de requisitos para o mapeamento cartográfico de “Unidades Geográficas Homogêneas” e análise de

risco. Ambas as metodologias avaliadas neste estudo apresentam caracteristicas interessantes para definição

de “Unidades Geográficas Homogêneas” para o mapeamento cartográfico e avaliação da sensibilidade e de

risco. Conclui-se que uma composição entre essas duas abordagens, seguida de uma adequação à realidade

de sistemas tropicais seria a melhor opção para prodeceder uma classificação padronizada quando o foco é

avaliar a senbilidade e risco das mudanças cilmaticas na costa? Ressalta-se, no entanto, que a adequação dos

sistemas, dependerá diretamente da disponibilidade de dados secundários que permitam representar do

modo mais completo possível os ambientes e processos presentes na costa de Santa Catarina.

HIDRODINÂMICA DO SACO DO ARRAIAL (LAGOA DOS PATOS, RS) FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE DESCARGA

FLUVIAL – INDÍCIOS DE RESPOSTAS DAS ENSEADAS RASAS ESTUARINAS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Priscila B. Giordano1 e Elisa H. L. Fernandes

1-Ambidados – Soluções em Monitoramento Ambiental ([email protected])

2-Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina, Instituto de Oceanografia,Universidade Federal do

Rio Grande

As enseadas rasas do estuário da Lagoa dos Patos são importantes ambientes para o desenvolvimento de

diversas espécies marinhas. Estas áreas servem como berçários para muitas espécies comercialmente

importantes e contribuem para muitas atividades econômicas relacionadas ao suporte industrial da

cidade de Rio Grande, pesca artesanal de camarão, aquacultura e lazer. Embora estes ambientes tenham

grande importância ecológica e econômica para a região, pouco se sabe sobre a sua dinâmica e a sua

resposta às mudanças climáticas. Experimentos de modelagem numérica foram realizados para

investigar a resposta do Saco do Arraial, a maior enseada rasa do estuário da Lagoa dos Patos, às

principais forçantes da região: vento, maré e descarga fluvial com enfoque principal na resposta deste

sistema às variações extremas da contribuição de descarga fluvial. O comportamento do sistema perante

as situações extremas fornece um indicativo da sua resposta aos ciclos de El Niño/La Niña. Os resultados

mostram que a dinâmica desta baía é dependente das variações de nível do estuário, do efeito local do

vento e da intensidade da descarga fluvial. Quanto mais intensa a descarga fluvial, menor é o Tempo de

Renovação do Volume de Água e o Tempo de Permanência de partículas dentro do Saco do Arraial.

Durante períodos de baixa descarga o vento é o principal fator que promove a entrada de sal no Saco do

89

Arraial. Como a maioria dos ambientes costeiros, este ecossistema mostra-se sensível às possíveis

consequências das mudanças climáticas.

ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO DE CLOROFILA-ASOB INFLUÊNCIA DA RESSURGÊNCIA DE CABO FRIO

E SUA RELAÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS DE CIRRIPEDES E BIVALVES AO LONGO DA

PLATAFORMA CONTINENTAL

Ana C. A. Mazzuco1, Áurea M. Ciotti1 e Ronaldo A. Christofoletti1

1-Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])

A distribuição das larvas de invertebrados sobre plataformas continentais é consequência do padrão de

correntes e feições, associados a respostas comportamentais das larvas à dinâmica do ambiente

pelagial. Dentre consequências de mudanças climáticas estão alterações na intensidade de processos de

ressurgência costeira, que além de prover condições nutritivas para o acúmulo de biomassa

fitoplanctônica, ainda são veículos para agregações larvais. Este estudo propõe-se investigar a variação

espacial da densidade de larvas de cirripedes e bivalves sobre a plataforma continental na zona de

influência da Ressurgência do Cabo Frio, e a sua relação com a concentração de clorofila-a. As amostras

foram obtidas ao longo de 4 transectos perpendiculares e um paralelo a costa, em duas comissões

oceanográficas, em junho/2010 e janeiro/2011. Os métodos utilizados incluíram arrastos verticais com

rede de plâncton para a captura das larvas e amostras de água para as medidas de clorofila-a por

extração e fluorescência. A densidade larval variou ao longo dos transectos, com maiores densidades

encontradas próximo a costa, sem contrastes latitudinais consideráveis. A densidade larval de bivalves

foi maior do que de cirripedes e as tendências espaciais diferiram. Concentração de clorofila-a e a

densidade larval apresentaram uma relação positiva, mais significativa para cirripedes que bivalves, e

apenas encontrada durante as amostragens de inverno. Esses resultados sugerem pela primeira vez na

área de estudo, que a distribuição larval esteja associada as maiores concentrações de organismos

fitoplanctônicos, o que pode ter impacto sobre as taxas de sobrevivência e recrutamento larval, bem

como afetar a disponibilidade de células fitoplanctônicas na coluna dágua.

PADRÃO TEMPORAL DE OCORRÊNCIA DE FLORAÇÕES FITOPLANCTÔNICAS NA BAIA DE SÃO VICENTE

(SP) DURANTE O VERÃO DE 2010

André F. Bucci1, Áurea M. Ciotti1 e Ricardo C. G. Pollery2

1-Laboratório Aquarela, Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])

2-Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

A ocorrência de florações fitoplanctônicas em águas costeiras e baias é resultado do dinamismo

hidrológico costeiro associado à disponibilidade de nutrientes e luz para o aumento da produção

primária. As florações de fitoplâncton afetam a estrutura trófica das águas costeiras e modificam os

caminhos para o carbono. Efeitos antrópicos, como descargas de água doce e esgoto podem promover

90

alterar os padrões das florações no tempo e no espaço, e assim, se torna indispensável quantificar

possíveis anomalias e suas causas. Durante dezembro de 2009 a março de 2010, foram realizadas coletas

de água em dias alternados na Baia de São Vicente (SP) e monitorados i) a concentração de clorofila-a, ii)

a concentração de nutrientes, iii) eventos hidrológicos (maré e descarga de água continental) e iv)

salinidade e temperatura. As florações, representadas pela concentração de clorofila-a, apresentaram

frequência de ocorrência de aproximadamente 15 dias (análise Wavelet), tendo como provável fator

regulador o ciclo de maré local (regime sigízia/quadratura) e sua interferência na disponibilidade

luminosa. Contudo, esse padrão desaparece em episódios de alta descarga de água doce promovida por

uma usina hidroelétrica (Henry-Borden) localizada em Cubatão. A concentração de nutrientes não

influenciou o padrão temporal das florações, e o padrão de florações no estuário é resultado do balanço

da influência de eventos naturais regulares (ciclo de maré) e eventos esporádicos resultado da atividade

humana (descarga de água doce e esgoto). Altas descargas de água doce podem comprometer a

estrutura trófica da região.

IMPACTO DA URBANIZAÇÃO E TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE A PRODUÇÃO PRÍMARIA DE HYPNEA

MUSCIFORMIS (WULFEN) J. V. LAMOUR

Caroline D. Faveri1, Cintia Martins2, Eder Schimdt1, Paulo A. Horta1 e Zelinda Bouzon1

1-Laboratório de Ficologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina

([email protected])

O presente trabalho teve como objetivo avaliar a concentração de pigmentos fotossintetizantes

(carotenóides totais, clorofila a e as ficobiliproteínas) e os possíveis impactos da urbanização e

temperatura extremas sobre a taxa de produção primária da carragenófitaHypneamusciformis (Wulfen)

J. V. Lamour. As macroalgas foram coletadas em Ponta das Canas, Florianópolis, Brasil e permaneceram

aclimatadas em laboratório, durante 15 dias, em água do mar enriquecida com solução vonStosch 4,0 %,

salinidade 34 ups, temperatura de 24ºC (± 2ºC) e fotoperíodo de 12h, com irradiância de 80 µmols

fótons. m-2. s-1. Após esse período, 1,0 (±0,5) grama de H. musciformis foi incubado durante cinco dias,

em 250 ml de água do mar de três diferentes locais (Saco dos Limões e Ponte Hercílio Luz, ambos

impactados, e Ponta das Canas, não impactado, representando o controle), em três câmaras com

diferentes temperaturas (15, 25 e 35ºC). Todas as câmaras foram configuradas com irradiância de 45±4

µmol fótons m-2 s-1 e fotoperíodo de 12h. Medições da fluorescência da clorofila foram realizadas após

24 e 72 horas de incubação para análise da performance fotossintética. Hypneamusciformisapresentou

maiores taxas fotossintéticas nas incubações de 15 e 25ºC.A alta temperatura 35ºC em sinergismo com

águas de locais impactados comprometeram significativamente o desempenho fotossintético de

H.musciformis. Os pigmentos fotossintetizantes, como a clorofila a e as ficobiliproteínas apresentaram

redução após exposição à água dos locais impactados. Síntese de carotenóides foi constatada nas

amostras tratadas com água dos locais impactados, uma vez que esse pigmento possui alto poder

fotoprotetor, o que remete a uma forte capacidade da espécie para adaptação fotossintética a extremos

91

ambientais.

ADAPTAÇÃO DA TEMPERATURA DE FRONTEIRA DOS MÉTODOS DO PROGRAMA CORAL REEF WATCH

(NOAA) PARA A PREVISÃO DE BRANQUEAMENTO NA COSTA LESTE DO BRASIL

Danilo S. Lisboa1e Ruy K. P. Kikuchi1

1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

O clima mais ameno e equilibrado dos últimos trezentos milhões de anos possibilitou o aparecimento

das milhares de espécies animais e vegetais que vemos hoje. Na base da estrutura das comunidades

marinhas, e graças a essas condições mais estáveis, surgiu, então, uma frágil relação simbionte entre

Cnidários e Zooxantelas que possibilitou aos corais construir estruturas complexas, tridimensionais

chamadas de recifes de corais. Tal interdependência entre estes dois organismos, apesar de possuir um

papel fundamental, mostrou-se essencialmente sensível aos aumentos anômalos na TSM. Variados

índices térmicos decorrentes do sensoriamento remoto vêm sendo utilizados como alternativas de

monitoramento do ambiente recifal demonstrando a correlação positiva entre o branqueamento de

corais e as anomalias de TSM. A NationalOceanicandAtmosphericAdministration (NOAA) desenvolveu um

programa de monitoramento do ambiente recifal chamado de Coral ReefWatch (CRW). Os índices

térmicos desenvolvidos por esse programa abrangem todos os oceanos e estão disponíveis para o

período de 2001 ao presente. Tais produtos são calculados duas vezes por semana e mostraram-se

bastante eficientes em detectar anomalias de TSM capazes de gerar branqueamento em vastas áreas

recifais. Para águas brasileiras, entretanto, tais índices demonstram a falta de sensibilidade necessária

para detectar anomalias térmicas capazes de forçar o branqueamento. Ou seja, a temperatura de

fronteira que caracteriza o estresse térmico está superestimada para as áreas recifais brasileiras. Dentro

deste contexto, insere-se a presente pesquisa, com o objetivo de recalcular os índices térmicos

propostos pela CRW, criando desta forma, um sistema de monitoramento térmico do ambiente recifal

brasileiro em tempo quase real. Os resultados encontrados demonstram uma correlação direta com os

eventos de branqueamento e foram utilizados para determinação de áreas prioritárias para manejo e

monitoramento, assim como, para criação de sistemas de alerta para prover possíveis avisos para as

áreas recifais que coincidem com as anomalias térmicas detectadas.

ANÁLISE PRELIMINAR DE SÉRIES TEMPORAIS DAS CAPTURAS ARTESANAIS DE QUATRO ESPÉCIES

ESTUARINO-DEPENDENTES NO SUL DO BRASIL

Gonzalo Velasco1, Bruna B. Lima1e Leonardo E. Moraes1

1-Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande

([email protected])

Foram analisadas séries temporais (1964-2007) dos desembarques artesanais de quatro espécies de

92

importância no estuário da Lagoa dos Patos (RS, Brasil): os peixes tainha Mugilliza, corvina

Micropogoniasfurnieri, e bagres Genidens spp., e o camarão-rosa Farfantepenaeuspaulensis, obtidos dos

relatórios do CEPERG/IBAMA. Além disso, os valores de vazão total anual dos três principais rios da bacia

de drenagem do sistema Patos-Mirim (Taquari, Jacuí e Camaquã) obtidas de dados da Agência Nacional

das Águas (ANA), e os dados de TSM obtidos através do site do “InternationalComprehensiveOcean-

Atmosphere Data Set” (ICOADS), de uma área a 60 Km perpendiculares à desembocadura do Estuário

foram utilizados como proxy da vazão e da temperatura na área de estudo, respectivamente. A relação

entre as variáveis ambientais e os desembarques foi analisada a través da Análise de Redundância

Canônica (RDA). A significância de cada variável foi avaliada pelo teste de permutação de Monte Carlo,

com o objetivo de verificar a importância das alterações climáticas no decréscimo observado dos

desembarques. Essas variáveis ambientais explicaram 22% do total da variação das capturas anuais das

espécies analisadas, sendo que 85,4% desta variação seria explicada por um gradiente de temperatura

dos verões, e 12,1% por um gradiente de vazão total anual. Observou-se uma correlação negativa entre a

TSM do verão e os desembarques dos quatro recursos, e como uma relação negativa entre a vazão anual

e os desembarques de tainha e camarão. Já os desembarques de corvina se mostraram relacionados

positivamente com a vazão do inverno. Devido a que os parâmetros ambientais mais influentes na

produtividade das pescarias tiveram baixo nível de explicação da variação, acredita-se que o principal

motivo para a queda dos desembarques seja a sobrepesca. Sugerem-se estudos futuros com análises de

destendenciamento, e a inclusão de mais variáveis ambientais, na busca de melhores respostas sobre o

eventual efeito das mudanças climáticas na presença e produtividade das espécies no estuário, fatores

estes que codeterminam os rendimentos pesqueiros.

COMPARAÇÃO DE CALCIFICAÇÃO DOS CORAIS MUSSISMILIA BRAZILIENSIS VERRILL, 1868 E

SIDERASTREA STELLATA VERRILL, 1868 DA ÉPOCA DO HOLOCENO TARDIO E DO PRESENTE

Laísa P. Ramos1 e Ruy K. P. Kikuchi1

1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

Atualmente, diversas mudanças estão ocorrendo no planeta, sejam essas de origem antrópicas ou

naturais. Com essas mudanças, principalmente climática, é importante se criar modelos de previsão para

se saber quais serão as consequências dessas alterações. Para isso, é importante, se não necessário, se

entender o passado para se fazer boas previsões para o futuro. Os corais são animais que ocorrem na

região tropical do planeta e que quando estão crescendo incorporam carbonato de cálcio para a

formação do seu esqueleto. Além do carbonato de cálcio, muitas substâncias presentes na água são

incorporadas em seu esqueleto durante o seu crescimento. Assim, mesmo após sua morte, as

informações que foram incorporadas por esses animais durante a vida são preservadas. Além disso, para

crescerem, estes animais precisam estar em condições ideais de temperatura e luminosidade, que são os

principais fatores ambientais que afetam o seu crescimento. Por isso, analisar a estrutura esquelética de

93

corais pode trazer informações importantes sobre o ambiente passado, tanto do ponto de vista

climático, como do ponto de vista ambiental. Neste trabalho foram coletados fósseis de corais da época

do Holoceno tardio (cerca de 3.000 anos AP). Foi feita a análise do esqueleto desses fósseis comparou-se

os resultados com os corais atuais. Com isso, pode-se fazer uma regressão, vendo-se como foi o

ambiente a 3.000 anos atrás, c compará-lo com o ambiente atual, sendo levado em consideração

também o ponto de vista climático.

AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA DA ÁGUA SOBRE A ESPÉCIE DE CORAL MUSSISMILIA

BRAZILIENSIS EM AQUÁRIO

Lize E. S. Gonzaga1, Marilia D. M. Oliveira1, Ruy K. P. Kikuchi1 e Zelinda M. A. N. Leão1

1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

O branqueamento de coral tem sido intensamente estudado devido à sua possível relação com as

mudanças climáticas e o aumento da temperatura da superfície da água do mar. Para avaliar a

suscetibilidade do coral Mussismiliabraziliensis ao aumento da temperatura, foram coletadas 18 colônias

em Abrolhos, as quais foram distribuídas em três grupos. Cada grupo foi submetido a uma temperatura

específica, 26ºC (grupo controle), 28ºC e 30ºC durante até oito semanas, quando a temperatura da água

dos grupos de 28ºC e 30ºC foi reduzida para 26ºC, permanecendo nesta temperatura por oito semanas,

a fim de observar qualquer recuperação do estresse térmico ao qual as colônias foram submetidas.

Durante o experimento as colônias foram mantidas sem influências externas, com salinidade constante.

Semanalmente foram obtidas fotografias de cada colônia, as quais foram analisadas através do programa

CPCe 3.6, para quantificar o percentual de área afetada pelo estresse térmico. O branqueamento foi

diagramado em função do estresse térmico acumulado (DegreeHeating Weeks, DHW), soma das

anomalias térmicas semanais acima da máxima média mensal climatológica num intervalo de 12

semanas. O aumento da temperatura da água foi o fator responsável pelo branqueamento nas colônias

de M. braziliensisque permaneceram a 30ºC. Houve uma recuperação do grau de branqueamento,

quando restabelecida a temperatura de 26ºC, porém a recuperação foi mínima se considerarmos que a

taxa de mortalidade nas colônias foi superior a 80%. Anomalias de temperatura mantidas por períodos

prolongados pode ser um fator determinante no aumento da ocorrência e intensidade do

branqueamento de corais. Um estresse térmico de DHW = 8 pode causar branqueamento forte em mais

de 80% das colônias e DHW = 12 acarreta redução da cobertura de corais vivos.

ADAPTAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE FUNDOS ROCHOSOS (CFR) AO MONITORAMENTO NA BAÍA

DE ILHA GRANDE, RIO DE JANEIRO, ENFOCANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Maria T. M. Széchy1

1-Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro

([email protected])

94

O Índice de Qualidade de Fundos Rochosos (CFR) foi criado para a avaliação da condição ecológica de

substratos consolidados na costa norte da Espanha, com base em características sugeridas pelo

EuropeanWater Framework Directive para assembleias de macroalgas, quantificadas por técnicas de

amostragem não destrutivas. CFR combina, em uma abordagem multimétrica, as seguintes variáveis

relacionadas às assembleias de macroalgas: riqueza e cobertura total de espécies características,

cobertura total de espécies oportunistas (filamentosas e foliáceas não corticadas), e condição fisiológica

da assembleia. Na Baía da Ilha Grande, costões rochosos são habitats de inquestionável valor ecológico,

ocupando grandes extensões. Por isto, seu monitoramento em longo prazo é recomendável para o

estudo do efeito de mudanças climáticas. O objetivo deste estudo foi testar a adequação do índice CFR

para a avaliação de mudanças em comunidades de costões rochosos da Baía da Ilha Grande. Foram feitas

algumas modificações ao CFR: diminuição do domínio amostral e substituição da unidade amostral de

transects para quadrados; redução da análise a apenas uma profundidade, na região sublitorânea rasa;

simplificação da análise da condição fisiológica, considerando apenas o grau de desenvolvimento do

dossel. Quatro locais, todos não voltados ao batimento direto de ondas, selecionados em função da

distância a pontos de descarga de efluentes com esgoto doméstico e do efluente de central nuclear,

foram estudados no verão de 2008. Os CFR calculados indicaram condição ecológica pobre para o local

mais próximo de descargas de esgoto doméstico. No entanto, o local submetido à poluição térmica

mostrou condição ecológica boa, com CFR similar a outro local, não submetido a este tipo de poluição,

ambos locais distantes de descargas de esgoto doméstico. O índice CFR, com as modificações aqui

introduzidas, é uma ferramenta interessante para a avaliação ambiental de costões rochosos da Baía da

Ilha Grande, dependendo do tipo de poluição.

ESTRESSE FÍSICO EM MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM RESPOSTA À SEDIMENTAÇÃO EM TEMPO DE

MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Miguel M. Loiola1,2, Clara K. D. Coelho1, Marília D. M. Oliveira1, Ruy K. P. Kikuchi1 e Zelinda M. A. N. Leão1

1-Laboratório de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

2-Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, Universidade Federal da Bahia

Processos associados às mudanças climáticas globais como a elevação do nível do mar e o aumento de

eventos extremos provocam, dentre outras coisas, o aumento da sedimentação costeira, o que pode

implicar nos corais efeitos letais e subletais que comprometem a construção recifal. No Brasil os efeitos

do sedimento sobre o metabolismo dos corais permanecem desconhecidos. Assim, esse estudo visa

responder se o aumento da sedimentação provoca danos aparentes em colônias de Mussismilia

braziliensis, uma espécie endêmica e principal construtora dos recifes de Abrolhos. Para tanto, foram

coletadas sete colônias em um recife de Abrolhos (17,77558S e 39,05083W) e sedimento lamoso

próximo a foz do rio Caravelas, em junho de 2011. No Laboratório de Estudos de Recifes de Corais e

95

Mudanças Globais, os animais permaneceram dois meses em aclimatação. O sedimento foi esterilizado

para eliminação do material orgânico. O experimento consistiu de sete cubas de 4 L, contendo água

salina sintética a 36 psu, acondicionadas em dois aquários de 60 L, com água doce circulante a 26°C,

iluminadas durante 12h diárias. Cada cuba continha uma colônia, submetida a taxas de sedimentação

equivalentes a 0 (controle), 15, 50, 150, 250, 350 e 450 mg.cm-2.dia-1, durante 25 dias. Os efeitos do

sedimento foram identificados semanalmente através de fotografias digitais e o percentual de

branqueamento estimado a partir do software CPCe 3.6. Após 25 dias verificou-se que colônias expostas

as maiores quantidades de sedimento sofreram efeitos mais severos, como branqueamento parcial

(colônias expostas a 50 e 250 mg.cm-2.dia-1), branqueamento total (colônia exposta a 150 mg.cm-2.dia-1)

e deformação dos pólipos, a partir da exposição do disco oral e do inchaço tecidual (colônia exposta a

450 mg.cm-2.dia-1). Estes resultados demonstram que o sedimento em concentrações excessivas que

simulem eventos extremos como tempestades, provoca estresse físico em M. braziliensise representa

uma ameaça aos recifes brasileiros.

EVENTOS EXTREMOS E A COMUNIDADE FITOBÊNTICA DO LITORAL SUL DO BRASIL: MUDANÇAS

CLIMÁTICAS, UM FUTURO PRÓXIMO?

Noele P. Arantes1, Cintia D. L. Martins2, Cintia Lhullier2, Manuela B. Batista1,2 e Paulo A. Horta2

1-Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina

([email protected])

2-Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina

As mudanças climáticas recentes e suas consequências para os ecossistemas e a sociedade têm sido

ponto focal da ciência atual, sendo discutida por vários setores da sociedade. O objetivo deste estudo foi

verificar diferenças na estrutura das comunidades fitobênticas de duas praias da Ilha de Santa Catarina,

Canasvieiras e Lagoinha, antes e após a ocorrência de eventos extremos de precipitação e ressaca. As

coletas foram realizadas nos dias 17 e 31 de março de 2010 (antes do evento) e no dia 15 de abril de

2010 (após o evento). Foram feitas análises da abundância relativa, para as quais as macroalgas foram

classificadas em morfotipos. Para auxiliar na explicação dos desdobramentos ecofisiológicos dos ditos

eventos foram coletadas amostras do gênero Ulva para análise da concentração de clorofila através de

espectrofotômetro. A diversidade, obtida através do índice de Shannon-Weaver, apresentou aumento

após o evento, tanto em Canasvieiras (H’=1,78 para H’=2,03) quanto em Lagoinha (H’=1,48 para

H’=1,84). As concentrações das clorofilas a e b apresentaram diminuição em ambas as praias após o

evento. Em ambas as amostragens, Canasvieiras apresentou dominância por macroalgas foliáceas, as

quais tiveram diminuição da porcentagem de cobertura após o evento. Já na Lagoinha houve dominância

de macroalgas filamentosas antes e após o evento, as quais também apresentaram diminuição da

porcentagem de cobertura. Considerando que a frequência e a magnitude de eventos extremos tendem

a aumentar nos próximos anos, como consequência das mudanças climáticas, os presentes resultados

colocam em discussão os diferentes graus de comprometimento ambiental e sua consequência para a

96

preservação da biodiversidade marinha costeira.

ASPECTOS DA ECOFISIOLOGIA DE PEYSSONNELIA CAPENSIS (PEYSSONNELIALES, RHODOPHYTA) FRENTE

A MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS

Paola F. Sanches2 e Paulo A. Horta¹

1-Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina

2-Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo

([email protected])

Espera-se que as consequências das mudanças climáticas para ambiente marinho variam desde aumento

da temperatura da água, modificação do pH, da salinidade, turbidez e disponibilidade de luz, bem como

o próprio abastecimento nutricional, baseado no sistema de correntes. Organismos marinhos são

especialmente afetados, portanto e tendo em vista as macroalgas que armazenam carbonatos, os efeitos

dessas variações são ainda mais bruscos. O grupo das Peyssonneliacea é um desses casos e até agora, foi

pobremente estudado. Sua importância ecológica se dá na participação no ciclo do carbono pela

fotossíntese e armazenagem de carbonato de cálcio, fornecimento de nicho para invertebrados,

consolidação de substrato. Além disso, produzem de uma série de compostos com importância

farmacológica. Em Santa Catarina, as algas Peyssonneliacapensis se encontram em manchas formando

bancos em profundidades que variam de 10 a 18 metros. Assim, monitorar os bancos é de fundamental

importância para garantir a manutenção da biodiversidade que se concentra em suas adjacências. O

trabalho visa então entender as perspectivas para tais bancos, frente a modificações climáticas globais

como as populações de tais algas se comportam com relação à produção fotossintética (produção de

pigmentos, saturação de enzimas do complexo anti-oxidativo e fluorescência da clorofila a) e fenologia

em diferentes profundidades e também frente a ensaios experimentais que variem temperatura e acidez

da água do mar. Os resultados preliminares mostram que há uma diferença na proporção de plantas

gametofíticas e tetrasporofíticas, bem como no tamanho do talo e biomassa, entre algas coletadas a

10m, 13m e 15m. Considerando que a disponibilidade de luz e nutrientes e a temperatura variam para

essas três profundidades, modificações climáticas podem também promover modificações fenológicas.

Os experimentos de fisiologia ainda não foram realizados, mas resultados estarão prontos até o

workshop.

A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E CALCIFICAÇÃO NA VARIAÇÃO DE Δ18O, Δ13C E SR/CA NO

ESQUELETO DO CORAL MUSSIMILIA BRAZILIENSIS (VERRILL 1868).

Priscila M. Gonçalves1 e Ruy K. P. Kikuchi2

1-Programa de Pós-Graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia

([email protected])

2-Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia

97

A calcificação do esqueleto dos corais é controlada pela temperatura da superfície do mar (TSM), pela

atividade fotossintética dos simbiontes e pela alcalinidade da água do mar. Em função disso, marcadores

incorporados durante a calcificação desse esqueleto vêm sendo utilizados cada vez mais como um bom

arquivo de condições ambientais. Neste estudo, foi verificado que as razões de δ18O e Sr/Ca podem ser

controladas pela TSM numa colônia de coral da espécie Mussismiliabraziliensis, e por essa razão, esta

espécie pode ser utilizada como indicador de alterações da referida variável. Os melhores resultados

estão associados a resoluções mensais deste parâmetro e na variabilidade em longo prazo através do

estudo climatológico. Verificou-se também a sensibilidade destas razões aos eventos globais de

alterações de temperaturas como El Niñoe a importância da pluviosidade na incorporação de δ18O que,

por sua vez, está relacionada, também com a salinidade da superfície do mar (SSM). Observou-se

também que a incorporação do δ13C no esqueleto desse coral está relacionada à pluviosidade e foi

confirmada a interferência da “atividade vital” na incorporação desse elemento. A variabilidade do δ18O

comporta-se de modo inverso ao da calcificação, mostrando que a TSM é um dos fatores que interferem

tanto na incorporação desse isótopo pelo coral como na calcificação do seu esqueleto. Sugere-se que o

metabolismo do coral é o principal problema a ser estudado para melhor compreender a incorporação

destes elementos no esqueleto deste organismo e assim aprimorar o uso desses tipos de indicadores

“proxies” de temperatura. Igualmente importante para esses estudos é compreender a variação da

concentração oceânica desses elementos. Portanto, o avanço no entendimento da variabilidade dos

indicadores isotópicos e geoquímicos elementares alcançado neste estudo contribui para o

aprimoramento do uso do coral Mussismiliabraziliensis como uma ferramenta de reconstrução

paleoambiental no Oceano Atlântico Sul Tropical.

MITIGAÇÃO DE GEE USANDO MICROALGAS MARINHAS NA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE

COMBUSTÍVEIS CARBONO NEUTRO

Sônia M. F. Gianesella1, Fernando T. Kanemoto1 e Flávia M. P. Saldanha-Corrêa1

1-Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo ([email protected])

Segundo o Relatório Especial sobre Energias Renováveis de 2011 do IPCC, atualmente, a biomassa de

vegetais terrestres é a única fonte renovável disponível de combustíveis líquidos com elevada densidade

energética. Contudo, sua produção acarreta impactos sobre a manutenção da biodiversidade, o uso

sustentável da água e de fertilizantes, a produção de alimentos e mudanças no uso do solo, dentre

outros, que devem ser manejados com atenção. Dessa forma, as microalgas marinhas apresentam

características que as colocam como uma opção sustentável para suprir futuramente parte da demanda

energética mundial, uma vez que, além de sua alta produtividade, podem ser cultivadas em áreas

marginais e degradadas utilizando-se águas residuais como fonte de nutrientes, melhorando a qualidade

final destas águas ou mesmo em sistemas flutuantes no oceano. Para compreender melhor seu potencial

de utilização como biocombustível, cultivos autotróficos de bancada (5 L) da microalga marinha

Nannochloropsisgaditana foram realizados sob 28 ± 2oC de temperatura, 800 µE.m-2.dia-1 de

98

luminosidade e injeção de ar enriquecido com 10% (v/v) de CO2. Os resultados indicaram um potencial

de produção anual de 60 ton.ha-1 de biomassa seca, com aproximadamente 25% de teor lipídico. Estes

teores podem ser considerados conservadores, pois as condições de cultivo não foram otimizadas em

todo o seu potencial. Considerando-se a produção de biodiesel a partir do óleo de microalgas obtido,

estima-se uma produtividade energética de 615 GJ.ha-1.ano-1, superior aos valores referentes ao etanol

de cana-de-açúcar (140 GJ.ha-1.ano-1), ao biodiesel de óleo de soja (22 GJ.ha-1.ano-1) e de óleo de palma

(189 GJ.ha-1.ano-1). Embora a estimativa do balanço energético e a análise do ciclo de vida dos

biocombustíveis de microalgas ainda careçam de estudos mais aprofundados e de testes em escalas

maiores para validação dos dados e aprimoramento dessa tecnologia, constata-se o grande potencial da

biomassa das microalgas marinhas na mitigação de emissão antrópica de GEE.

MUDANÇA CLIMÁTICA EM CIDADES COSTEIRAS: RESPOSTAS POLÍTICAS E DESAFIOS NA REGIÃO

METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA

Fabiana Barbi1 e Leila C. Ferreira2

1-Programa de Pós-graduação em Ambiente e Sociedade, Universidade Estadual de Campinas

([email protected])

2-Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, Universidade

Estadual de Campinas

Em um curto espaço de tempo, a mudança climática passou a ocupar a condição de um dos maiores

desafios do século 21. Em termos de respostas à mudança climática, tem-se argumentado que os

governos são atores importantes que desempenham um papel fundamental na definição de normas,

instituições e modos apropriados de governança para enfrentar esses riscos em diferentes níveis e

escalas. O tema tem uma dimensão local importante uma vez que muitas das atividades humanas que

contribuem para o aquecimento global acontecem nesse nível, bem como são afetadas por elas. Em um

país como o Brasil, onde algumas das maiores e mais importantes cidades estão localizadas no litoral, a

resposta das zonas costeiras à mudança climática é uma questão definitivamente importante,

considerando ainda que essas áreas são tidas como um dos espaços mais vulneráveis às alterações

climáticas. Esse artigo analisa em que medida os governos locais no litoral paulista, em especial os da

Região Metropolitana da Baixada Santista, estão internalizando a questão da mudança climática na

elaboração e implementação de políticas para enfrentamento do problema e como os riscos trazidos

pela mudança climática têm promovido a construção de uma agenda climática. Ainda que não haja um

instrumento regulatório específico para tratar essa questão nessas cidades, os riscos trazidos pela

mudança climática são internalizados pelos governos locais de maneira diluída pelos seus diferentes

setores de atuação. As respostas à mudança climática misturam-se aos problemas tipicamente

enfrentados pelos governos locais, como enchentes, ocupação irregular, deslizamentos de terra em áreas

de morro, entre outros, que podem ser exacerbados com a mudança climática. A discussão sobre

mudança climática se torna bastante significativa em uma região que espera pelas oportunidades

99

decorrentes da exploração de petróleo, como parte do plano de desenvolvimento nacional,

especialmente no momento em que o mundo discute as oportunidades de baixo carbono.

VIDA E TEMPO EM PROLIFERAÇÃO: POTENCIALIDADES DAS IMAGENS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS

Tainá de Luccas1 e Susana O. Dias2

1-Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural, Universidade Estadual de Campinas

([email protected])

2-Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Universidade Estadual de Campinas

Com a crescente preocupação mundial com relação ao clima do planeta, e a inserção cada vez maior das

Ciências e Tecnologias (C&T) nos mais diversos espaços-tempos da vida, ganham centralidade as

discussões sobre o papel da divulgação científica. Nesse sentido, propomos pensar o que podem as

imagens na divulgação científica das mudanças climáticas no que concerne à participação do público nos

sistemas de C&T? Para tanto, percorreremos caminhos metodológicos que desloquem o pensamento da

fotografia como ilustração e/ou explicação dos textos – uma intensidade que atravessa o fotojornalismo

e a divulgação científica – para pensar em outros funcionamentos das fotografias na divulgação

científica. Examinaremos as representações de vida e tempo que essas imagens colocam em circulação,

e as forças capazes de gerar proliferações e tensões potentes para pensar as mudanças climáticas.

Desejamos proporcionar modos de explorar essas questões junto a diferentes públicos ao propor uma

instalação artística itinerante e interativa que será criada no intercruzamento entre: as imagens das

mudanças climáticas produzidas por fotógrafos e pesquisadores dedicados às pesquisas climáticas no

Brasil e também imagens que circulam nas diversas mídias (revistas, jornais, filmes, etc.) e

experimentações feitas por artistas em fotografia e vídeo. A instalação irá propor uma interação com os

visitantes, de modo que o público poderá editar e agregar imagens, legendas e sons à instalação, a ideia

é estimular inquietações e sensações do público durante a participação na instalação e gerar debates em

torno do tema mudanças climáticas. A realização deste trabalho justifica-se por haver uma atenção cada

vez maior à divulgação científica quando o assunto são as mudanças climáticas. Há uma necessidade de

não apenas ampliar a divulgação dos conhecimentos sobre o tema, mas, sobretudo, de se propor novas

formas de divulgação e de avaliação das efetivas potencialidades políticas da divulgação no que concerne

à participação pública.

100

ANEXO II: LISTA DE PARTICIPANTES

1. Abílio Carlos Pinto da Silva Bittencourt ([email protected])

2. Adeylan Nascimento Santos ([email protected])

3. Adriano Leite ([email protected])

4. Adriele Santos Leite ([email protected])

5. Afonso de Morais Paiva ([email protected])

6. Alessandra da Silva Santana ([email protected])

7. Alexander Turra ([email protected])

8. Alexandre Miranda Garcia ([email protected])

9. Allan de Oliveira de Oliveira ([email protected])

10. Amana Silva Cordeiro de Almeida ([email protected])

11. Amanda E. de Carvalho do Nascimento ([email protected])

12. Américo Tomas Souza ([email protected])

13. Ana Carla Leão Filardi ([email protected])

14. Ana Carolina de Azevedo Mazzuco ([email protected])

15. André Francisco Bucci ([email protected])

16. Andréa Mara da Silva Gama ([email protected])

17. Angelo Fraga Bernardino ([email protected])

18. Antonia Cecilia Zacagnini Amaral ([email protected])

19. Antônio Henrique da Fontoura Klein ([email protected])

20. Arthur Antônio Machado ([email protected].)

21. Áurea Maria Ciotti ([email protected])

22. Bruno Ribeiro Pianna ([email protected])

23. Caio Soares Pedra da Rocha ([email protected])

24. Camila Evangelista Fonseca de Souza ([email protected])

25. Carlos Alberto Borzone ([email protected])

26. Carlos Alberto Eiras Garcia ([email protected])

27. Carlos Alfredo Joly ([email protected])

28. Carlos Augusto Ramos e Silva ([email protected])

29. Carlos Eduardo de Rezende ([email protected])

30. Caroline de Faveri ([email protected])

31. Caroline Santos da Silva ([email protected])

32. Cione Cristina Dos Santos ([email protected])

33. Clara Kalil Dourado Coelho ([email protected])

34. Clemente Coelho Júnior ([email protected])

35. Cristina de Almeida Rocha Barreira ([email protected])

36. Daniel Shimada Brotto ([email protected])

37. Danielle Sodré da Silva ([email protected])

38. Danilo Lisboa ([email protected])

39. David John Suggett ([email protected])

40. David Mendonça Montenegro ([email protected])

41. Diego Ravi Mendonça Maia ([email protected])

42. Dieter Carl Ernst HeinoMuehe ([email protected])

43. Douglas Francisco Marcolino Gherardi ([email protected])

44. Edcassio Nivaldo Avelino

101

45. Eduardo Siegle ([email protected])

46. Eduardo Tavares Paes ([email protected])

47. Elissama de Oliveira Menezes ([email protected])

48. Emanuel dos Santos de Oliveira ([email protected])

49. Fabiana Barbi ([email protected])

50. Fabiano Micheletto Scarpa ([email protected])

51. Fabio Pereira dos Santos ([email protected])

52. Filipe de Oliveira Chaves ([email protected])

53. Flávia Rebelo Mochel ([email protected])

54. Flávio Augusto de Souza Berchez ([email protected])

55. Francisco Carlos Rocha de Barros Junior ([email protected])

56. Gabriel Barros Gonçalves de Souza (gabrielbbarros@gmail)

57. Gabriel Nunes maia Rebouças ([email protected])

58. Glauber Acunha Gonçalves ([email protected])

59. Gonzalo Velasco Canziani ([email protected].)

60. Guilherme Nascimento Corte ([email protected])

61. Guilherme Vieira da Silva ([email protected])

62. Gustavo Freire de Carvalho Souza ([email protected])

63. Gustavo Silva da Paixão ([email protected])

64. Hanna Barros ([email protected])

65. Helena Cachanhuk Soares ([email protected])

66. Helio Hermínio Checon ([email protected])

67. Hilda Helena Sovierzoski ([email protected])

68. Igor Cristino Silva Cruz ([email protected])

69. IlanaRosentalZalmon ([email protected])

70. Ive Lima Leal ([email protected])

71. Jamile Leite Bulhões ([email protected])

72. Janice RomagueraTrotte-Duhá ([email protected])

73. JavanaSusruta Sacramento Dias ([email protected])

74. Jéssica de Andrade Gleizer ([email protected])

75. Jéssica Verâne Lima da Silva ([email protected])

76. Jessyca Beatriz Alves Palmeira ([email protected])

77. Joana Sofia Moreira da Silva ([email protected])

78. João Serôdio ([email protected])

79. João Thadeu de Menezes ([email protected])

80. Joaquim Ramos Lessa Filho ([email protected])

81. Joel Christopher Creed ([email protected])

82. José Maria Landim Dominguez ([email protected])

83. José Souto Rosa Filho ([email protected])

84. Juliana Maria da Silva Bernal ([email protected])

85. Karine Matos Magalhães ([email protected])

86. Laísa Peixoto Ramos ([email protected])

87. Laíse Gama Silva Gomes ([email protected])

88. Larissa Barreto Pinheiro ([email protected])

89. LarisseFaroni Perez ([email protected])

102

90. Lauro Julio Calliari ([email protected])

91. Leandra Márcia Pedroso Dalmas ([email protected])

92. Leila AffonsoSwerts ( [email protected])

93. Leila Maria Soares da Silva de Araújo ([email protected])

94. Leonardo Lopes Santos ([email protected])

95. Leonardo QuerobimYokoyama ([email protected])

96. Leonir André Colling (andré[email protected])

97. Lilian Oliveira Cruz ([email protected])

98. Lívia Oliveira de Carvalho ([email protected])

99. Liza Leal Topázio ([email protected])

100. Lizegle Souza Gonzaga ([email protected])

101. Lourianne Mangueira Freitas Santos ([email protected])

102. Luana de Miranda Henriques Marques ([email protected])

103. Luana Sena Ferreira ([email protected])

104. Lucas Rocha ([email protected])

105. Luciana Erika Yaginuma ([email protected])

106. Luiz Drude de Lacerda ([email protected])

107. Luzia Lopes de Brito ([email protected])

108. Manuel Cezar Macedo Barbosa Nogueira de Souza ([email protected])

109. Marcéu Lima ([email protected])

110. Marcia Carolina de Oliveira Costa ([email protected])

111. Marcia Regina Denadai ([email protected])

112. Marcio Martins Valle ([email protected])

113. Marcos Krull ([email protected])

114. Marcus Vinicius Peralva Santos ([email protected])

115. Margareth da Silva Copertino ([email protected])

116. Maria Soledad Lopez ([email protected])

117. Maria Teresa Menezes de Széchy ([email protected])

118. Mariana Medeiros da Silva ([email protected])

119. Mariana Reis Thévenin ([email protected])

120. Marianna de Oliveira Lanari ([email protected])

121. Marihane Tavares Soares ([email protected])

122. Marília de Dirceu Machado de Oliveira ([email protected])

123. Mário Luiz Gomes Soares ([email protected])

124. Mateus Barbosa Santos da Silva ([email protected])

125. Mayanne Jesus Oliveira ([email protected])

126. Miguel Loiola Miranda ([email protected])

127. Monica Dorigo Correia ([email protected])

128. Myron Paterson De Melo Pereira Neto ([email protected].)

129. Narayana Flora Costa Escobar ([email protected])

130. NoelePrivato Arantes ([email protected])

131. Paloma Passos Avena ([email protected])

132. Paola Franzan Sanches ([email protected])

133. Patrizia Raggi Abdallah ([email protected])

134. Paulo Antunes Horta ([email protected])

103

135. Paulo da Cunha Lana ([email protected])

136. Paulo Ricardo dos Santos Freitas ([email protected])

137. Paulo Roberto Paggliosa Alves ([email protected])

138. Paulo Roberto Votto ([email protected])

139. Peter Ruggiero ([email protected])

140. Priscila Bueno Giordano ([email protected])

141. Priscila Martins Gonçalves ([email protected])

142. Priscilla Velloso Barretto ([email protected])

143. Rafael Medeiros Sperb ([email protected])

144. Rafaela Camargo Maia ([email protected])

145. Raissa Lima Antunes ([email protected])

146. Ramon Mendes Ferreira ([email protected])

147. Rashid UssifSumaila ([email protected])

148. Renata Cardia Rebouças ([email protected])

149. Renata Pereira ([email protected])

150. Renata Silva de Jesus ([email protected])

151. Renato David Ghisolfi ([email protected])

152. Ricardo Coutinho ([email protected])

153. Roberto Luiz do Carmo ([email protected])

154. Rodrigo de Maman Reis ([email protected])

155. Ronaldo Adriano Christofoletti ([email protected])

156. Ruy Kenji Papa de Kikuchi ([email protected])

157. Salette Amaral de Figueiredo ([email protected])

158. Samara Dumont Fadigas ([email protected])

159. Saulo Spanó ([email protected])

160. Sônia Maria Flores Gianesella ([email protected])

161. Suzana Ursi ([email protected])

162. Tainá de Luccas ([email protected])

163. Talisson Ferreira de Oliveira ([email protected])

164. Talita Vieira Pinto ([email protected])

165. Tatiana Pessanha Noel ([email protected])

166. Thomas C. Malone ([email protected])

167. Tiago Albuquerque ([email protected])

168. Valéria Gomes Veloso ([email protected])

169. Vinycius Barbosa França ([email protected])

170. Viviane Mota Vasconcelos ([email protected])

171. YaraShaeffer-Novelli ([email protected])

172. Zelinda M. de Andrade Nery de Leão ([email protected])