Imigração Alemã no Espírito Santo(Colonia Santa Isabel)

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A COLÔNIA DE SANTA ISABEL E SEUS IMIGRANTES (1847-1889) UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL DAS RELAÇÕES POLÍTICAS ELABORADO POR SILAS RAASCH Helen Lampier Laís Reverte Mariana Conceição da Luz Mayara Jadjescki

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A COLÔNIA DE SANTA ISABEL E SEUS IMIGRANTES (1847-1889)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA SOCIAL DAS RELAÇÕES POLÍTICAS

ELABORADO POR SILAS RAASCH

Helen LampierLaís Reverte

Mariana Conceição da LuzMayara Jadjescki

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Introdução • O presente estudo possui como

principal objetivo a análise da Colônia Santa Isabel, em meados do século XIX.

• 1847 (Fundação da Colônia) - 1889 (Fim do Período Imperial)

• Esse período foi um marco importante para a política imigratória, não apenas para o Espírito Santo, mas também para outras províncias do império como o Sul, o Rio de Janeiro e São Paulo.

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• A imigração germânica provocou, uma discussão sobre a religião

• No Brasil, no inicio do século XX, ganhavam forças as ideias eugenistas que pregavam a necessidade da pureza racial para que o país alcançasse um maior desenvolvimento.

• As origens dos imigrantes eram diversas, porém, os “preferidos” eram os europeus, por serem considerados “puros”

• Outro fato, se colocava para o país em fins do século XIX, e também suscitava o interesse das elites com relação ao incentivo à imigração: o fim da escravidão.

Eugenia é um termo cunhado em 1883 por Francis Galton , significando "bem nascido".

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• A partir de meados do século XIX, atraídos pela promessa de terras férteis e progresso econômico, vários grupos de imigrantes europeus vieram para o Espírito Santo, dentre os quais estavam alemães, suíços, holandeses, belgas, italianos, poloneses entre outros.

• A primeira Colônia oficial criada em território capixaba foi a de Santa Isabel em 1847.

• Posteriormente foram criadas as Colônias de Rio Novo, 1855, Santa Leopoldina, em 1857 e Castelo em 1880.

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• Vários problemas foram enfrentados para a instalação dos imigrantes, pois os locais escolhidos como núcleos coloniais encontravam-se em áreas de mata nativa, o que dificultava o acesso às colônias e facilitava o alastramento de doenças.

• Os imigrantes alemães no Espírito Santo procuram abarcar a construção ou reconstrução de seu modo de vida em uma terra totalmente diferente.

• Assim ainda guardam, a língua, hábitos alimentares, estilos de construção, enfim, tradições dos países de origem de seus ascendentes.

Sommerfest – Domingos Martins Festa Pomerana – Santa Maria de Jetibá

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• Sendo assim, o objetivo deste trabalho, é ampliar a discussão de como se deram os primeiros anos da colonização teuta no Espírito Santo, em seus aspectos econômicos, políticos e, principalmente, sociais.

No primeiro capítulo veremos quando foram criados os núcleos coloniais e como estes se desenvolveram, apresentando uma peculiaridade em relação a outras regiões do país, pois baseavam-se num sistema de pequena propriedade, porém com produção voltada para o mercado externo.

O segundo capítulo será voltado para aspectos de formação da Colônia Santa Isabel. Será esclarecido de maneira mais específica a procedência dos imigrantes ali instalados e a sua divisão interna, proveniente da diferença de confissão dos colonos.

Já no terceiro capítulo abordar-se-á a identificação do espaço geográfico da Colônia, neste capítulo ficarão evidentes as diferenças existentes entre os colonos, principalmente no que tange à religião, e proporcionam a ―divisão‖, mesmo que de forma não rígida, da Colônia em territórios de católicos e protestantes.

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o Brasil e o processo imigratório

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O Escravos ou imigrantes: a produção cafeeira nas grandes fazendas

• 3 principais fases de imigração: no século XVI a segunda tráfico de escravos africanos e a terceira foi a entrada de famílias de diferentes partes do mundo, principalmente dos países europeus

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Chegada de Imigrantes no Brasil (1880-1939)

NACIONALIDADE TOTAL PORCENTAGEM (%)

Alemães 170.645 4,10

Espanhóis 581.718 13,99

Italianos 1.412.263 33,96

Japoneses 185.799 4,47

Portugueses 1.204.394 28,96

Sírios e turcos 98.962 2,38

Outros 504.936 12,14 TOTAL 4.158.717 100

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• No século XVIII, foram introduzidas novas formas de exploração da terra. A mineração, seguida pela indústria cafeeira, transferiu o foco econômico, principalmente para a região Sudeste do Brasil.

• Chegada das primeiras mudas de café, seu desenvolvimento e primazia viria a ser alcançado no século posterior, a demanda internacional pelo produto também contribuiu para que os grandes fazendeiros investissem nas plantações de café. .

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Colonização Alemã: a ocupação da fronteira Sul

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O incentivo à colonização

Com a independência do Brasil, ainda na década de 1820, o governo Imperial implanta medidas de incentivo à imigração

Os germânicos são o principal povo a ser atingido pelas metas governamentais, devido à facilidade de negociação entre governos

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Observa-se, entretanto, que os alemães não foram o povo que veio em maior número

Os camponeses formam a maior parte deste grupo de emigrantes. Vieram também os contingentes do Lumpenproletariat e liberais fugidos das revoluções de 1830 e 1848.

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As motivações dos alemães

Estas estavam presentes nas condições de vida de seu país, como por exemplo:• o predomínio da pobreza,

principalmente no ambiente rural; • perseguições religiosas; • sistema agrícola arcaico e marcado

pelo sistema feudal;• falta de emprego; • crises decorrentes das más colheitas

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Portanto, a imigração alemã, desde o início, esteve vinculada ao processo de colonização, baseado na pequena propriedade e implantado por iniciativa do Estado, desde 1818.

O povo alemão se viu deslumbrado pela proposta de ter uma nova terra, e assim, deu-se início à migração

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Os imigrantes foram dirigidos para colônias agrícolas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná e, num certo período, também para o Espírito Santo, na década de 1870.

Os assentamentos em terras do Norte, não vingaram

A ocupação do Sul do Brasil

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As primeiras que obtiveram algum sucesso, foram: • Nova Friburgo, em 1818, na Província do Rio de

Janeiro; • São Leopoldo, em 1824;Três Forquilhas, em

1818, e Torres, em 1826, as três últimas no Rio Grande do Sul;

• São Pedro de Alcântara, em 1828, na Província de Santa Catarina;

• Rio Negro, em 1828, no Paraná; • e Santo Amaro, em 1829, na Província de São

Paulo.

As primeiras experiências imperiais de colonização

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Outras colônias se estabeleceram, entretanto, a Revolução Farropilha cessou o processo de formação de novos núcleos, sendo o mesmo reiniciado na década de 1840, no Rio Grande do Sul e, na década de 1950, em Santa Catarina, foi fundada a colônia de Blumenau.

Os imigrantes, portanto, concentraram-se em determinadas regiões, formando nelas uma certa homogeneidade populacional, que em certo ponto, começava a incomodar o povo brasileiro.

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Durante o século XIX, as colônias de imigrantes germânicos se localizaram em áreas de florestas, longe das grandes propriedades luso-brasileiras

As regiões colonizadas por alemães se caracterizaram principalmente pelo regime de pequenas propriedades policultoras , realizando um comércio em pequena escala

As colônias germânicas no Brasil

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O Contexto do Século XIX no Espírito Santo

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No Espírito Santo prevaleceu o estabelecimento de pequenas propriedades produtivas a partir da chegada dos portugueses. Durante todo o Período Colonial, a ocupação de terras capixabas se fez na faixa litorânea

Ao se iniciar o Período Imperial houve a manutenção de uma baixa densidade demográfica, produção pautada em pequenas propriedades agrícolas e a ocupação prevalecia na faixa litorânea capixaba.

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Também na década de 1820,iniciou-se a ocupação da Região Sul do Espírito Santo

Até a chegada dos imigrantes europeus, acentuada a partir de 1850, grande parte do território do Espírito Santo se compunha de mata nativa.

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Já na época da visita do imperador D. Pedro II, havia a preocupação com a precariedade da província.

Após 35 anos, em 1889,a capital da Província era ocupada por 8000 habitantes, que conviviam com a falta de água, iluminação à gás, esgoto, e a lentidão dos serviços de transporte.

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A opção pela estrutura de núcleos coloniais era vista pelos governantes como uma solução de dois dos problemas: baixa densidade demográfica e a grande extensão de terras devolutas.

No entanto, mesmo que tenha predominado, a partir de 1850, a colonização em núcleos de imigrantes, estabelecidos em pequenas propriedades, houve regiões que mantiveram o sistema de produção em latifúndios, com a utilização do escravo no trabalho.

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Em 1872, após, portanto, as primeiras empreitadas imigrantistas, o Espírito Santo contava com uma população de aproximadamente 82.000 habitantes

Este número demonstra uma densidade demográfica de pouco mais de dois habitantes por quilômetro quadrado, considerando a extensão territorial do Espírito Santo, de 36.000 quilômetros quadrados.

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Café, Imigração e Colonização no Espírito Santo do Século XIX

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• Até a década de 1850, a Província do Espírito Santo mantinha uma configuração colonial e um território, na maior parte, visto pelas autoridades como desabitado. Com poucas áreas de produção, um contingente populacional muito pequeno, má distribuição na ocupação do território e com a cultura de cana de açúcar, produto principal até o momento, em plena decadência, a Província do Espírito Santo não conseguia estabilizar seu orçamento e enfrentava grandes dificuldades.

• No início da década de 1850, a situação começaria a se alterar. As áreas tradicionalmente produtoras de açúcar, começam a transferir o foco produtivo para a cultura cafeeira, além de integrarem o imigrante como opção de trabalhador nas lavouras.

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• A economia então passava a se consolidar apenas na produção cafeeira desenvolvida em regime de pequenas propriedades ou nas grandes propriedades do Sul do Espírito Santo. Como mostra a tabela a seguir, houve uma crescente evolução das exportações de café (quantidade correspondente em arrobas) da província, após a introdução da mão de obra estrangeira.

AnoSanta Isabel Rio Novo Santa Leopoldina Castelo

1864 720 5001865 2.100 1.8001868 20.0001873 6.500 50.001874 12.4001877 29.0401878 32.0001883 60.000 120.833 133.3331885 66.666 135.566 250.000 25.000

ColôniasExportação de Café dos Núcleos Coloniais em Arrobas (1864 - 1885)

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• Durante todo o século XIX, principalmente a partir de sua segunda metade, muitos Presidentes de Província e Governadores se empenharam em constituir novas colônias e núcleos coloniais para atrair trabalhadores europeus para o Espírito Santo.

• A singularidade do Espírito Santo, no contexto social, reside no fato de coexistirem dois sistemas imigrantistas:

• O primeiro - diz respeito à ocupação e cultivo de terras improdutivas até o século XIX;

•O segundo - refere-se à possibilidade de, através da ocupação territorial, se estabeleceram as tão almejadas vias de comunicação entre as localidades da Província e desta com outras, como a de Minas Gerais, por exemplo, visto que, não haviam estradas ligando as principais localidades e os transportes marítimos e fluviais eram incipientes.

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• O cultivo do café no Espírito Santo não se restringiu às grandes propriedades, sendo cultivado mesmo em pequenos pedaços de terras, sempre com destino certo, o comércio exterior. Deste modo, foi a partir do cultivo do café, que a Província adquiriu maior visibilidade nacional, porém seu atraso, em relação a Estados vizinhos, perdurou até as primeiras décadas do século XX.

• Apesar de toda esta situação, a partir da fundação da Colonia de Santa Isabel, em 1847, há um otimismo por parte das autoridades quanto ao povoamento e difusão de uma atividade produtiva na Província.

•O Relatório do Presidente da Província destacou que:

“ Cada dia os colonos dão novas e mais positivas garantias de sua moralidade e amor ao trabalho, vivem na melhor harmonia, tanto entre si, como com os lavradores vizinhos, dos quais hão recebido não equívocas provas de estima [...].”

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• Na realidade, os imigrantes deixaram suas pátrias em busca de promessas que, muitas vezes, difundiam as qualidades da terra e a possibilidade de se tornarem proprietários de uma gleba.• A partir da década de 1820, até a década de 1850 e o Governo dispôs das terras devolutas em prol da colonização, principalmente na Região Sul do país. Para tanto, uma legislação própria estabelecia os parâmetros de inserção de imigrantes no Brasil, muitas vezes firmada de forma contratual ainda no país de origem destes imigrantes.

• No contrato, redigido em português e alemão, havia a previsão de algumas vantagens para os imigrantes em relação à viagem, aquisição de terras, ferramentas, alimentos, além de auxílio financeiro para a manutenção das necessidades básicas até a colheita.

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• No que tange à viagem:• O Governo se comprometia a adiantar integralmente a passagem da Europa

para o Brasil de todos os integrantes da família, de acordo com a faixa etária, e subvencionar parte da mesma;

• Pagar as despesas de hospedagem na hospedaria da associação;• Pagar a passagem até a colônia a que foram destinados;• Conceder alojamento provisório gratuito. • Quanto à terra:• O Governo Imperial prometia colocar a disposição de cada chefe de família

um lote de terras contendo 120.000 braças quadradas (1 braça² equivale a 4,84 m²) ou a metade dessa a escolha do colono conforme as suas forças.

• Esse lote de terras será entregue medido e demarcado e com uma derrubada e queimada em extensão de 10.000 braças quadradas pouco mais ou menos‖.

• O preço da terra, ainda segundo o contrato, era de 1 ½ real a braça quadrada incluídos os trabalhos de derrubadas e demarcação do território sendo que ―[...] o título de venda das terras será passado gratuitamente pelo Delegado da Repartição de Terras Públicas na Província‖.

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• Os últimos comprometimentos do Governo seriam :• Adiantar o fornecimento de alimento, ferramentas e sementes para

que o colono e sua família pudessem começar seus trabalhos, • Além de garantirem preferência a esses para execução das obras

públicas de infraestrutura, realizadas na colônia, mediante o pagamento de mil a mil e duzentos réis diários aos colonos.

• Em contrapartida:• O colono se obrigava a reembolsar ao Império parte da passagem da

Europa para o Brasil e todos os adiantamentos referentes a mantimentos, ferramentas e sementes.

• Esse pagamento deveria ser efetuado dentro de um prazo de cinco anos, contados a partir de seu estabelecimento em alguma colônia, sem o acréscimo de juros e com juros de seis por cento a partir deste prazo sob a pena de hipoteca não só das terras, mas também das benfeitorias realizadas pelos colonos, até o pagamento da dívida.

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• Porém, muitas das promessas previstas no contrato não foram cumpridas, principalmente com relação à demarcação dos lotes que se encontravam apenas delimitados com marcas na parte da frente e do fundo, e ao atraso de pagamento das diárias causando, assim, problemas para os diretores das colônias.

• Este benefício, após 1880, foi diminuído para apenas metade do valor do transporte de navio da Europa para o Brasil, causando dificuldades para o Espírito Santo no que tange à atração de imigrantes para a província,

• Assim, pretendia-se com essa política que, preso à dívida da passagem, a única saída, seria o trabalho como parceiros nas terras de grandes proprietários. A expectativa de ser proprietário era a mais desejada pelos colonos por isso na maioria das vezes, os imigrantes encaravam essa situação como um período de transição até acumularem capital suficiente para comprarem suas próprias terras.

• Outros benefícios também foram alterados como o tamanho do lote dado ao colono, porém assim como antes as promessas não foram totalmente cumpridas.

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• Mesmo assim ao longo dos anos, os imigrantes avançavam cada vez mais para ao norte chegando e ultrapassando o Rio Doce, normalmente em busca de novas terras e sítios para seus descendentes.

• Desta forma, podemos considerar muito acertada a afirmação de Nara Saletto (1996:33) acerca da coragem e trabalho dos imigrantes no Espírito Santo: “Aqui, os desbravadores não foram ricos donos de

escravos, mas modestos imigrantes, que se instalaram em plena mata, com recursos mínimos, e criaram, com intenso e árduo trabalho, comunidades relativamente prósperas, cuja vida, alma e todo ser, girava em torno do café. “

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A Colônia de Santa Isabel

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A Fundação da Colônia: a chegada dos alemães no Espírito Santo

• Em 1847 foi fundada a Colônia de Santa Isabel, localizada a cerca de trinta quilômetros da capital da Província do Espírito Santo, integrando o empreendimento de colonização de terras devolutas proposto pelo Governo Imperial. No Espírito Santo prevalecia uma baixa densidade demográfica em um território que, na maior parte, era irregular e ocupado apenas na faixa litorânea. Tendo isso em vista, o Governo procurou incentivar a colonização estrangeira como forma de tornar a terra do interior capixaba produtiva, ao mesmo tempo em que se processava a sua ocupação.

Santa Isabel

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• Pelo Artigo 16, da Lei Provincial n.514, de 28 de outubro de 1848, foi reservada a área de seis léguas quadradas de terras para que fossem demarcados os lotes dos colonos de Santa Isabel.

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• Quanto à chegada dos primeiros colonos, os imigrantes alemães embarcaram no porto de Antuérpia, na embarcação Philomena, no dia 20 de outubro de 1846. O desembarque ocorreu no Rio de Janeiro, e após breve estada na capital do Império, os imigrantes prosseguiram a viagem em uma embarcação menor, o navio Eolo. Em 21 de dezembro de 1846, após dois meses de viagem, os primeiros colonos destinados ao povoamento de Santa Isabel desembarcaram no Porto de Vitória.

• Ao chegarem à Vitória, os colonos germânicos permaneceram na cidade por algum tempo sendo subsidiados pelo Governo Provincial, em troca da realização de trabalhos de limpeza pública e melhorias nas vias da capital.

• Em seguida, os colonos foram encaminhados para Viana, para depois, serem instalados na Colônia de Santa Isabel.

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• A tabela a seguir, elaborada a partir dos dados fornecidos pelo Projeto Imigrantes Espírito Santo, expõe o fluxo imigratório para a Colônia de Santa Isabel, a partir de sua fundação até o ano de 1895. Importante destacar que além dos alemães, brasileiros e imigrantes de outras nacionalidades se instalaram na Colônia, incrementando a densidade demográfica em Santa Isabel.

Ano de Chegada184718551856185718581859186018611862186318711876189018941895Total

39

204

692

1075228161

101

3482

160

Imigrantes Instalados em Santa IsabelNúmero de Imigrantes

165

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• Em menos de um ano de colonização, o Presidente da Província pode observar o trabalho do colono de Santa Isabel quanto à construção de suas habitações e preparo da terra.

• Em relação à terra a ser cultivada pelos colonos, estudiosos eram unânimes ao proferir que o desenvolvimento tardio da Colônia esteve ligada a pouca qualidade do solo para o cultivo.

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• Os Governos Provincial e Imperial deveria dar atenção para auxilio do desenvolvimento da Colônia diante das muitas necessidades que se apresentavam:

• Abertura de áreas cultiváveis com a derrubada de matas; • Construção de uma capela, pois a Colônia já contava com um

missionário alemão; • Edificação de uma casa para o professor; • Construção de algumas pontes e melhoria de estradas;• Além de manter o subsídio de mantimentos para alguns colonos. • Apesar da identificação, por parte dos governantes do Espírito

Santo, da importância dos Núcleos Coloniais para o desenvolvimento econômico, a Colônia de Santa Isabel deixava a desejar.

• Santa Isabel não foi apenas destinada à instalação de imigrantes europeus, mas também a colonos nacionais que desejavam estabelecer-se como pequenos proprietários.

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Desenvolvimento da colônia santa Isabel

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• Produziam café• A partir de 1864 a colônia cresceu • Em 1865 a comunidade começou a vender

produtos para a capital e Viana• Além de agricultores existiam também outras

profissões

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• Importância na economia do Espírito Santo• Em 1866, chegaram a 1.122 habitantes • Em junho a colônia foi emancipada

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A diversidade religiosa e as diferenças culturais

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• A instalação dos imigrantes no ES não se deu de forma tranquila e muitos foram os fatores que proporcionaram conflitos entre imigrantes em sua nova situação.

• O primeiro grupo de alemães desembarcados no Espírito Santo era formado por 101 católicos, 35 luteranos e 29 calvinistas

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• A população da colônia se dividia pelo lado da religião em católicos e protestantes

• A população católica de Viana, em virtude de inimizade confessional, ou por outro motivo, não queria vender aos colonos qualquer espécie de alimentos, nem comprar-lhes os produtos

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• Os imigrantes católicos gozaram, pelo menos nos primeiros dez anos da colônia, de algumas regalias quanto à suas “necessidades espirituais” este fato, no entanto, não ocorreu com os protestantes

• Depois de muita pressão contratou-se pastores e construiu-se uma capela na colonia

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• Uma série de medidas tomadas foram por parte das autoridades no sentido de valorizar a tolerância religiosa o invés de combatê-la que não teve êxito

• o desentendimento entre os católicos e protestantes provocou um distanciamento territorial entre os dois grupos a criação de povoados distintos.

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• Pela análise proferida, observa-se que a cisão entre católicos e protestantes, inseridos na Colônia de Santa Isabel, foi motivo de disputas internas e externas, até porque a religião, naquele contesto, aglutinava os demais setores da sociedade como: ensino, economia, política e cultura. Portanto, a rivalidade estabelecida desde a fundação da Colônia, entre católicos e protestantes, acabou por provocar discórdias e desentendimentos que extrapolavam a esfera religiosa.

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aspectos culturais em santa Isabel

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Os colonos se encontravam em uma realidade diferente daquela que estavam acostumados e, com isso, impunha-se a necessidade de uma organização social sob condições diversas de seus lugares de origem.

Pelas fontes oficiais foi possível observar que, muitas vezes, essas diferenças configuravam-se como um problema a ser enfrentado pelas autoridades, principalmente no que tange à religião.

Crimes e Sociabilidades: Autos Criminais

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Para se conhecer melhor as características da sociedade teuta, foram analisados os processos criminais referentes à Colônia de Santa Isabel, entre as décadas de 1850 e 1880,que se traduzem em material de extrema importância do contexto social.

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Foram encontrados dezessete Processos, sendo a maioria da década de 1880, como mostra a tabela:

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Devido ao baixo número de processos, foram levantadas duas hipóteses:A primeira, diz respeito à não ocorrência de conflitos com freqüência.

A segunda, e mais provável, seria da resolução dos conflitos internamente, o que explica outro dado encontrado nos processos, a relevância do crime para ser objeto de apuração da Justiça.

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Os cinco primeiros processos, referentes aos anos de 1859, 1863, 1864 e 1872 foram autuados em Viana, enquanto os Inquéritos Policiais, a partir de 1880 foram lavrados na Subdelegacia de Santa Isabel.

Para a Colônia Santa Isabel, observando a predominância de casos envolvendo agressões físicas entre as décadas de 1850 e 1870, quatro ocorrências contra um homicídio, evidenciam-se os conflitos como fruto das relações estabelecidas entre os colonos que não foram solucionados pelos mesmos.

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Dos dezessete processos, em onze casos investigados os crimes se iniciaram em locais públicos: • seis em vias públicas, rua ou estrada; • quatro ocorreram em comércios e um se

iniciou na Igreja Matriz de Santa Isabel. Ainda constam quatro ocorrências

desenvolvidas em espaços privados e duas de cunho administrativo envolvendo questões de medição e invasão de terras.

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Relações Sociais e Espaços Públicos

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Século 19

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A vila de Santa Izabel, assim como tantas outras, teve sua construção e desenvolvimento todo envolta das instituições religiosas, católica e protestante.

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Esse localização permite, até hoje, uma conexão entre as relações públicas dos moradores com a igreja. Situadas no centro, elas são como ponto de encontro e também enriquecimento para o comércio próximo a igreja.

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Todavia, a realidade que se vive é diferente. Se hoje as igrejas são somente pontos de encontro, nem sempre foi assim. No século 19, existem até relatos documentados que essas igrejas educavam as igrejas, e até ofereciam moradia e outros recursos aos fiéis.

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Essa educação básica era ministrada de forma diferente nas religiões, mas não deixava os costumes europeus de lado. Ainda era de suma importância “fundir” a cultura européia na brasileira, sendo até chamada com a “língua paterna” na escola.

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Fala do presidente da província, José Fernandes da Costa Pereira Junior, 1861 (igreja católica)

“Este capuchinho [Frei Pedro Regalado] está encarregado do ensino primário na colônia, procedendo de modo que os meninos aprendam ao mesmo tempo a língua paterna e a do país. Ao diretor Adalberto Jahn recomendei que promovesse o ensino das letras Brasileira, fazendo com que os colonos mandassem seus filhos à escola, assim como, que empregasse os meios tendentes a ir fundindo a população estrangeira com a nacional – a fim de fazer deste grupo de Europeus um povo inteiramente brasileiro.”

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Já na igreja protestante, o ensino era diferente. Se na igreja católica, as crianças (principalmente meninos) era criados desde cedo pelos padres, na igreja Luterana, o início da educação (primeiros anos de vida) eram ministradas em casa, pela própria família, e quando eles começavam frequentar as escolas, as aulas eram dadas por pastores, totalmente em alemão.

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Com toda essa valorização do alemão na província de Santa Izabel, mais de 40 anos depois ainda era necessário interpretes e cidadãos alemães autênticos para leitura e formulação de documentos, pois a língua portuguesa não estava devidamente difundida entre a população.

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Família e Propriedade: a vida privada dos teutos em Santa Isabel

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A família se constituiu como célula social do imigrante

Foi a família teuta responsável por perpetuar em solo capixaba a cultura alemã, sendo também a responsável pela manutenção e transmissão dos valores e hábitos germânicos para os descendentes aqui nascidos.

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A transferência da família germânica e sua cultura, se confrontou com a realidade brasileira, como por exemplo, na divisão da herança.

Depois de três gerações já nascidas no Brasil, os imigrantes não apresentavam vontade de voltar à sua terra, porém, mantinham seus costumes.

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Os teutos mantinham os cuidados e com a aparência interna e externa, tanto da moradia quanto do sítio.

O colono mantinha em sua propriedade praticamente tudo que necessitava para a sobrevivência de sua família.

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Na figura acima, observa-se o desmatamento e a geografia da região

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Os alemães possuíam vestimentas para cada ocasião. Para as especiais, por exemplo, utilizavam sapatos e chapéu de feltro, estes indispensáveis.

A respeito da alimentação, consumiam muita carne, feijão, farinha, batata inglesa, mandioca, arroz, verduras frutas e pão.

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A partir da análise dos processos criminais, algumas questões foram observadas, como a divisão do trabalho entre homens e mulheres; a importância da propriedade privada e consequentemente, a necessidade de ser protegida de qualquer ameaça; os laços de solidariedade firmados entre parentes; costumes e rotina dos colonos; entre outros.

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A análise dos registros de casamentos das igrejas católica e luteranas, também permitiram observar o modo de vida populacional. Observou-se que 96,8% dos casamentos da igreja protestante eram apenas entre imigrantes, porém, que sua região de proveniência não era decisiva para a escolha, como na tabela:

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A diferença entre os números pode ser explicada por razões como a afinidade religiosa e o compartilhamento de espaços sociais como a igreja e a escola, mais comum entre os católicos do que entre os protestantes.

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Tendo em vista todos os estudos a respeito da realidade enfrentada pelo povo alemão na nova colônia, observou-se que o critério religioso teve grande influência na escolha do cônjuge, na manutenção da língua alemã, bem como do grupo social de relações dos imigrantes.

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