Colonia Bellunesi 4

12
ano IV | abril 2012 | nº 4 Capela Santo Antônio – Sete de Janeiro – Massaranduba/SC CONVITE A Associazione Bellunesi nel Mondo – Famiglia Jaraguá do Sul e a Colônia Bellunesi convidam a comunidade italiana e os simpatizan- tes a participarem da 4ª Festa da Fortaia da Colônia Bellunesi, no dia 22 de abril de 2012 (domingo). Local: Capela Santo Antônio – Sete de Janeiro – Massaranduba/SC PROGRAMAÇÃO 9h Recepção dos visitantes pelos corais com músicas e cantos folclóricos. 9h30min – Apresentação do DVD institucional dos 10 anos da As- sociazione Bellunesi. 10h – Santa Missa na língua italiana. 11h15min – Início dos torneios de mora, scarabocchio, tressete, com troféus para cada modalidade. 11h30min – Almoço com o melhor da gastronomia italiana – va- riedade de fortaias. 12h – Início das apresentações dos corais, músicas do folclore italiano e outros entretenimentos. 13h30min – Apresentação de grupos de dança. 14h – Abertura da tarde dançante (domingueira). 15h – Café com produtos típicos da Colônia Bellunesi 17h30min – Encerramento das atividades. E AINDA Durante as festividades haverá eventos culturais como tenda com exposição de fotos e objetos históricos dos primeiros imigran- tes italianos. Tenda de amostra de livros antigos e correspondências vindas da Itália de parentes de imigrantes. Também venda de livros que contam a história da colonização italiana. Tenda de queijos e vinhos, iguarias típicas mantidas pelos des- cendentes dos imigrantes. A Diretoria da Associação Bellunesi e membros da Colônia Bellu- nesi contam com a presença de todos e agradecem sua presença. 4ª Festa da Fortaia 22 de abril de 2012 Capela Santo Antônio será o local da festa. É uma das mais antigas comunidades, com cerca de 150 anos FJBRUGNAGO

description

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL - BRASILE

Transcript of Colonia Bellunesi 4

Page 1: Colonia Bellunesi 4

ano IV | abril 2012 | nº 4

Capela Santo Antônio – Sete de Janeiro – Massaranduba/SC

CONVITEA Associazione Bellunesi nel Mondo – Famiglia Jaraguá do Sul e a

Colônia Bellunesi convidam a comunidade italiana e os simpatizan-tes a participarem da 4ª Festa da Fortaia da Colônia Bellunesi, no dia 22 de abril de 2012 (domingo).

Local: Capela Santo Antônio – Sete de Janeiro – Massaranduba/SC

PROGRAMAÇÃO9h – Recepção dos visitantes pelos corais com músicas e cantos

folclóricos.9h30min – Apresentação do DVD institucional dos 10 anos da As-

sociazione Bellunesi.10h – Santa Missa na língua italiana.11h15min – Início dos torneios de mora, scarabocchio, tressete,

com troféus para cada modalidade.11h30min – Almoço com o melhor da gastronomia italiana – va-

riedade de fortaias.12h – Início das apresentações dos corais, músicas do folclore

italiano e outros entretenimentos.13h30min – Apresentação de grupos de dança.14h – Abertura da tarde dançante (domingueira).15h – Café com produtos típicos da Colônia Bellunesi17h30min – Encerramento das atividades.

E AINDA Durante as festividades haverá eventos culturais como tenda

com exposição de fotos e objetos históricos dos primeiros imigran-tes italianos. Tenda de amostra de livros antigos e correspondências vindas

da Itália de parentes de imigrantes. Também venda de livros que contam a história da colonização italiana. Tenda de queijos e vinhos, iguarias típicas mantidas pelos des-

cendentes dos imigrantes.

A Diretoria da Associação Bellunesi e membros da Colônia Bellu-nesi contam com a presença de todos e agradecem sua presença.

4ª Festa da Fortaia22 de abril de 2012

Capela Santo Antônio será o local da festa. É uma das mais antigas comunidades, com cerca de 150 anos

FJBRUGNAGO

Page 2: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL2

A data de 1º de setembro de 2011 entrou para a história de Massaranduba. No Nof Filó de Cencenighe Agor-dino, Vale do Biois, Belluno, Itália, o prefeito Mário Fernando Reinke assinou a oficialização do gemella-ggio com os colegas prefeitos de Cencenighe, Canale D’Agordo, San Tomazo, Vallada Agordina e Falcade. O gemellaggio consolidou-se depois de anos de pre-

parativos e de idas e vindas de italianos e brasileiros. Foi um momento histórico e único testemunhado por uma delegação de cerca de 40 brasileiros e registrado pelo Jornal do Vale do Itapocu e Rádio Píu. A oficializa-ção das cidades-irmãs teve vários capítulos, iniciada por Carla Andrich, pelo lado italiano, e Iria Tancon (atual presidente da Associazione Bellunesi) pelo lado brasi-leiro, na década de 1990.A cerimônia aconteceu durante a reunião do Conselho

Comunal que envolve os conselheiros (vereadores) das cinco cidades italianas gemelares de Massaranduba. O gemellaggio é resultado da ação de resgate das raízes históricas das famílias que saíram do Vale do Biois para o Brasil, particularmente à Colônia Luís Alves, a maio-ria instalada em lotes que hoje fazem parte do território de Massaranduba.A Associazione Bellunesi – Famiglia Jaraguá do Sul

teve um papel fundamental na efetivação desse evento.

Gemellaggio tem a marca daFOTOS FJBRUGNAGO

Page 3: Colonia Bellunesi 4

3LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL

Associazione Bellunesi

Page 4: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL4

No final de agosto e início de setembro de 2011 um grupo de brasileiros acom-panhou a oficialização do gemellaggio entre Massaranduba e cinco cidades do Vale do Biois, em Belluno, Itália. Cada cidade procurou de alguma forma marcar a visita com uma atividade. Em Vallada Agordina, na fração Cogúl, foi seguramente a mais emocionante.Lá, no meio das coníferas e emoldura-

do pelas belas montanhas a comunidade preparou a representação da saída de uma família para o Brasil. No meio das casas e dos tabiás onde é armazenado o feno dos animais e a lenha para enfrentar o rigor do inverno, os atores locais mostraram aos brasileiros como era a despedida das famílias, usando inclusive trajes da épo-

ca. Não houve quem não se emocionasse.A segunda parte da encenação foi

completada no Brasil, em Luís Alves, para a delegação de italianos liderada por Luca Luchetta, presidente da Co-munidade Montana do Vale do Biois e cidadão honorário de Luís Alves e Massaranduba. O prefeito de Falcade, Stefano Murer, estava junto.

A data era 12 de novembro e o local a Vila do Salto, justamente na última parte navegável do rio, onde os imi-grantes desembarcavam. A emoção, agora do lado italiano, não foi diferen-te. Depois seguiram pela trilha, a pé, até a Capela Santa Paulina, refazendo o caminho que os antepassados bellu-nesi faziam até o barracão na Fregue-zia de Luís Alves, de onde eram en-caminhados para os lotes demarcados. Foram dois momentos distintos de

reavivamento da história da imigração italiana bellunesi. Muitos descendentes recepcionaram os italianos, com os mes-mos sobrenomes, com feições seme-lhantes, separados pela distância, mas não pelos laços fraternos e de sangue.

TEATRO DA IMIGRAÇÃO

Iniciado na Itália... concluído em Luís Alves

FOTOS FJBRUGNAGO

Page 5: Colonia Bellunesi 4

5LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL

José Bonifácio Micheluzzi, o Tchatcho, era uma figura singular e um líder na Comunidade do 7 de Janeiro. Sempre trabalhou na agricultura plantando fumo, milho, aipim e mantinha a criação de animais para a subsistência. Fi-lho de Deonizio Micheluzzi (*20.12.1880 +13.08.1937) e de Marieta Brug-nago (*08.03.1893 +28.11.1953), ambos filhos de imigrantes que vieram de Belluno, Itália, moravam no Braço Direito (Sagrada Família).

A família era grande, como a maioria das famílias italianas da sua época. Deo-nizio e Marieta tiveram os filhos Domingos casado com Santina Tomaselli, He-lena casada com José Cândido da Silva, Clementina que era religiosa e ajudava em Nova Trento no Santuário de Santa Paulina, Policarpo que morreu solteiro, Mística casada com Ângelo Cristofolini, Marta casada com Tobias Costa, José Bonifácio casado com Leontina Luchetta, Ana casada com Nilo Rank.

Tchatcho nasceu no dia 15 de setembro de 1932 e faleceu no dia 30 de setembro de 2005. Casado com Leontina Luchetta, filha de José (Bépi) Lu-chetta e de Antônia Cândido da Silva, tiveram sete filhos: Nivaldo casado com Terezinha Rüncos, Arnaldo casado com Leosete Oliveira, Geraldo ca-sado com Marina Seidemann, Juvenal, Deonísio casado com Maria Rosana Melchioretto, Moacir casado com Maria Vanete Scaburri e Celina casada com Ricardo Mussi.

Desde que casou morou na Comunidade do 7 de Janeiro. Quinze netos e seis bisnetos completam a descendência. Tchatcho sempre foi muito religio-so. Contam os filhos que já aos 14 anos puxava a reza na Sagrada Família, o que chamou a atenção por ser tão jovem. Ele ajudava nas missas, fazia as encomendações dos corpos, enfim, participava intensamente da vida da sua comunidade, no 7 de Janeiro.

Tchatcho, o líder do 7 de JaneiroEra também benzedor. Fazia as intercessões

junto a Deus pela cura de erisipela (zipra) e gar-ganta e outras doenças de ocasião. Fazia com a maior boa vontade, sem nunca pedir nada em troca, usando os dons que Deus lhe concedeu. Sempre foi uma pessoa muito respeitada na co-munidade por ser justo, de princípios religiosos e morais rígidos, que passou para os filhos.

Tchatcho também gostava de contar histórias do passado e causos, como da onça que devora-va os animais e cujo urro assustava os morado-res. Tinha o hábito de cantarolar alto quando ia para a roça ou em outro momento. O cachimbo era também o seu companheiro, dando as bafo-radas de fumaça, mas não tragava.

A reza obrigatória do terço com os filhos eram sagrados. Também fazia pedir a bênção, num gesto de respeito e reverência à figura paterna e a Deus. Nas horas de folga jogava trissete (modali-dade de carteado) e gostava das boas conversas.

Viveu intensamente na simplicidade, mas na riqueza de valores familiares, éticos e religiosos trazidos de berço. É sempre lembrado com sau-dades pelos familiares e amigos que deixou, mas que nunca o esquecem.

Bodas de Ouro de Tchatcho e Leontina no dia 6 de setembro de 2005

Tchatcho é sempre lem-brado com saudades por familia-res e amigos

FOTOS REPRODUÇÃO/ARQUIVO DE FAMÍLIA

Page 6: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL6

A família Micheluzzi, originária da Itália, tem muitos membros espalhados pelo Brasil. São quatro ramos, mas não são aparentados. Pelo menos entre as gerações mais próximas. Um dos ra-mos vem de Miguel Vaz Micheluzzi, conhecido como Vaz, cuja árvore gene-alógica registrada vem desde 1520. Miguel Vaz Micheluzzi veio da re-

gião de Vallada Agordina, Belluno, Norte da Itália. Chegou a Colônia Luís Alves em 1892, casado com Giustina Della Giacoma. Um dos filhos, Ticia-no Micheluzzi, nasceu em 1892. Tinha apenas o registro de batismo. Acredi-ta-se que tenha nascido na viagem da Itália para o Brasil e registrado quando desembarcado em Itajaí. É a informação que se tem de três

de seus filhos, Justina, Padre Hilário e Plácido, que reunidos numa manhã de fevereiro de 2012, na localidade de 7 de Janeiro, Massaranduba, na casa de Justina, a mais velha da prole, relem-braram oralmente fatos familiares para o jornalista Flávio José Brugnago, que estava acompanhado de Hélio, filho de Plácido, e de Florinha, filha de Justina.Foram horas agradáveis de uma via-

gem ao passado, apesar do incômodo dos maruins na varanda da casa. Ti-ciano tinha irmãos, a Irma, o Guerino, João, Cezar, Bortola, Genoveva e Ma-ria. Duas irmãs teriam morrido crianças em Vallada Agordina, Itália, onde mo-raram antes de imigrar para a Colônia Luís Alves, vindo morar na localidade de Santa Luzia, no Braço Direito.Em 1917, Ticiano contraiu núpcias

com Ursula Lazzaris, na Igreja São Vi-cente de Paulo, em Luís Alves. Era a

O pioneirismo dos Micheluzzi Vaz

primeira igreja da chamada Freguezia, bastante simples, onde eram realizados os ofícios religiosos. O Padre Hilário Micheluzzi, Salesiano de Dom Bosco, conta que foi o segundo casamento fei-to por sacerdote da congregação sale-siana na Igreja São Vicente. Ticiano e Ursula tiveram uma prole

numerosa. Os 14 filhos nasceram no 2º Braço do Norte. São eles: Justina, Miguel Ângelo, Mercedes, Caetano, Maria das Neves (que é a Irmã Hi-lária, da congregação fundada por Santa Paulina), Alice, Mário, Síl-vio, Hilário, Plácido, Maria Assunta (chamada de Maroca), Aurora, José e um falecido, o José João. Três se consagraram à vida religio-

sa. Padre Sílvio (morto em 1984) e Padre Hilário, ambos Salesianos e Maria das Neves, a Irmã Hilária, da Congregação da Imaculada Concei-ção, que conheceu a fundadora, a Madre (Santa) Paulina. Seis irmãos estão vivos. A mais velha é Justina, que mora no 7 de Janeiro e completa

94 anos no dia 20 de abril de 2012. O chefe do clã, Ticiano – lembram

os filhos Hilário, Plácido e Justina – era catequista e professor e leciona-va em Santa Luzia, Sagrada Família, Nossa Senhora da Saúde e também nas casas. Além das atividades da roça, a família tinha uma fabriqueta para tirar palha para fazer trança que era utilizada na fabricação de cha-péus que era vendida para a fábrica do Marcatto, em Jaraguá do Sul.A fabriqueta era tocada a água, único

meio de obter energia elétrica na épo-ca. Os maços de trança tinham no iní-cio 40 metros. Quando a carga estava cheia era levada de carroça para Jara-guá, lembra Padre Hilário. Os irmãos Hilário e Sílvio foram pequenos para o seminário de Ascurra estudar com os Salesianos. Ficaram pouco mais de um ano. Dali os irmãos seguiram para Lorena e Lavrinhas, no Vale do Paraí-ba, em São Paulo. Eles se ordenaram sacerdotes juntos,

no dia 8 de dezembro de 1957, na Igre-

Page 7: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL 7

As visitas do Padre Hilário aos fa-miliares em Santa Catarina, particu-larmente Massaranduba, sempre é motivo de alegria e de festa. Apesar da idade e da saúde frágil, continua o seu pastorado em São Paulo, mas não deixa de acompanhar o tempo atual, que considera muito mais fácil do que antigamente.Tem uma memória prodigiosa.

Lembra-se de que ia descalço para

a missa e para a escola. As roupas e calçados eram passadas de irmão para irmão. Não tinha TV, rádio, te-lefone. Era tudo precário e simples. O carro de boi e a carroça mostravam a “riqueza” das famílias que o possuía. Mas, apesar dos avanços da moder-

nidade, a perda dos valores humanos e familiares é motivo de preocupação para o Padre Hilário. “O povo está perdendo a fé e a tradição”, lamenta.

Hilário, o servo de Deus

O pioneirismo dos Micheluzzi Vaz

ja Nossa Senhora Auxiliadora, em São Paulo. O pai, Ticiano, teve a felicidade de acompanhar a cerimônia de ordena-ção de Hilário e Sílvio. A mãe Ursula Lazzaris, falecera no dia 14 de março de 1943. Depois de ordenados cada qual seguiu o caminho, como a congre-gação determinava.Padre Sílvio trabalhou no Sul. Pa-

dre Hilário nunca. Atualmente está em São Paulo, Estado onde passou a maior parte da vida religiosa. Padre Hilário trabalhou em Alagoas e por 12 anos foi missionário em Angola, África, no tempo da guerra civil. Fo-ram épocas difíceis. Plácido Micheluzzi é o único dos

irmãos que nasceu e sempre viveu no 2º Braço do Norte. Num período da vida também extraia a palha da madeira para fabricar tranças para chapéus. O sustento da família sem-pre veio da roça, das culturas de sub-sistência. Tem cinco filhos. Quando jovem, serviu no Regimen-

to Andrada Neves, no Rio de Janeiro,

quando era presidente da República o General Eurico Gaspar Dutra. Serviu no ano de 1948, durante 11 meses. En-tre 1982 e 1988 foi vereador à Câmara Municipal de Massaranduba.Justina, a primeira filha da prole de

Ticiano e Ursula Lazzaris Micheluzzi é

viúva. Foi casada com Joaquim Cam-pigotto e teve nove filhos. Sempre tra-balhou na roça plantando milho, aipim, fumo e com a criação de porcos e gado mantinha a família. Fabricava também o queijo e a manteiga para consumo próprio e venda do excedente.

FOTOS FJBRUGNAGO

Page 8: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL8

A Capela Santo Antônio, do 7 de Ja-neiro, é uma das mais antigas de Massa-randuba. Segundo relato oral registrado no livro “Paróquia Sagrado Coração de Jesus – Uma História Centenária”, lan-çado em 2011 por ocasião dos 100 anos da Paróquia, do Padre Antônio Francis-co Bohn, de Luís Alves, na década de 1860 foi edificada a primeira capelinha feita de ripa e o cemitério.Na localidade residiam inicialmente

negros escravos fugitivos de Itajaí. Te-riam sido eles os primeiros moradores do lugar, embora não existam registros históricos que comprovem a versão.

No cemitério existem vestígios nas ins-crições nos poucos túmulos de famílias de sobrenome Rosa, Amaro e Mas-saneiro. Famílias de origem polonesa também residiam na localidade. A segunda capela também teria sido de

ripa e uma terceira, no ano de 1905, de madeira. A partir de então chegavam ao 7 de Janeiro famílias italianas e alemãs. A primeira capela em alvenaria foi er-guida nos anos de 1942 e 1943. Serviu a comunidade por 46 anos. A atual construção data de 1989, mas a

torre foi construída somente em 2006. É como a conhecemos no presente.

Capela Santo Antônio tem cerca de 150 anos

Portais demarcam a Colônia BellunesiTrês portais homenageando as famílias de

imigrantes foram instalados em novembro de 2011. Delegação italiana do Vale do Bio-is, em visita ao Brasil, acompanhou. Eles estão localizados no 7 de janeiro – onde foi feita a inauguração simbólica com a recepção ao grupo -, no Braço Direito, no caminho a Vila Itoupava e próximo da Ca-pela São José, na direção a Luís Alves. Eles se juntaram ao primeiro portal implantado anos atrás no topo do morro que separa o Guarani-Mirim do 2º Braço do Norte.

A iniciativa é da Associazione Bellunesi Nel Mondo, incentivado por Aclino Feder. A área demarcada é da ocupação dos imi-grantes vindos de Belluno à Colônia Luís Alves. Os portais indicam as famílias bellu-nesi que vieram para o Brasil e também

FOTOS FJBRUGNAGO

outras que residem na área que se con-vencionou chamar de Colônia Bellunesi.

Os portais foram patrocinados por famí-lias e empresas de descendentes bellunesi e se constituem em um marco comemo-rativo do Ano da Itália no Brasil.

Page 9: Colonia Bellunesi 4

9LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL

A data de 10 de novembro de 2011 foi histórica. Ela marcou o lançamento da pedra fundamental da chiesetta alpina, no Morro da Boa Vista, no caminho para as antenas, em Jaraguá do Sul. O monumento religioso consagrado ao Cristo dos Alpes e dedicado ao Papa João Paulo I será construído em um ter-reno de 20 mil m2, dentro da fazenda da família de Durval Spezia, cujos trâ-mites burocráticos foram finalizados no mês de março.Ao lançamento estiveram o Cônsul

da Itália para o PR e SC, Salvatore Di Venezia, o ex-Cônsul Vittoriano Speranza, a primeira dama do Esta-do Angélica Colombo, o Bispo Dio-

cesano Dom Irineu Scherer, a prefei-ta Cecília Konell, Padres Donizeti e Tito, uma delegação italiana do Vale do Biois liderada por Luca Luchetta e o prefeito de Falcade, Stefano Mu-rer, representantes de associações italianas, professor Franco Gentili que lançou a ideia da construção da chiesetta, além de lideranças políti-cas e comunitárias.No lançamento da pedra fundamental

foi apresentada a maquete da chiesetta feita pela arquiteta Nidiana Lazzaris. O projeto é do arquiteto João Barba Filho. O monumento religioso é inspirado na Igreja San Simon, de Vallada Agordina, Itália. Seu corpo tem 102 m2 de área

e mais a torre. A capacidade será para cerca de 60 pessoas sentadas.Desde então foi cumprida as formali-

dades burocráticas de medição do terre-no e a sua escrituração e legalização. A comissão de construção tem na lideran-ça o empresário Vicente Donini. Outras comissões cuidam das demais áreas, in-clusive de arrecadação de recursos para pagar a obra. Uma rifa será lançada ten-do como prêmio um Fiat Uno. Algumas doações já foram confirma-

das. A área já está terraplenada para a sondagem do terreno. Trabalha-se com a expectativa de inaugurá-la em no-vembro de 2012, fazendo parte das co-memorações do Ano da Itália no Brasil.

Chiesetta, monumento ao imigrante alpino

FOTOS FJBRUGNAGO

Page 10: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL10

Sete alunos do curso de italiano e mais a professora Iria Tancon estiveram na Itália em janeiro na região do Vale do Biois, em Belluno, para um curso de imersão à aprendizagem da língua ita-liana e conhecimento da cultura local. Foram duas semanas de atividades in-tensas com as professoras Giovanna, Savina, Carla Andrich, Marilise Lu-chetta, Beba Dedea e Antonella sobre aspectos ortográficos, gramaticais e também da literatura italiana. Atividades extracurriculares foram

desenvolvidas incluindo visitas às cida-des da região, escolas, igrejas, museus, fábricas, planetário, como também con-tatos informais com a população local para o complemento da aprendizagem da língua. O projeto é vinculado ao ge-

A experiência de participar do curso de italiano, caracterizado não apenas pela busca do apren-dizado do idioma, mas, sobretudo pela profunda imersão nos contextos culturais, foi extrema-mente valiosa.

Do ponto de vista formal, as lições oferecidas por um grupo de experientes e competentes pro-fessoras italianas da região de Vallada apresen-taram aspectos fundamentais para o aperfeiçoa-mento da fala, da escrita e da compreensão da língua italiana. Foram focalizados aspectos orto-gráficos, gramaticais e literários, proporcionando uma ampla visão do idioma como expressão de uma cultura milenar.

Mas as aulas que nos foram oferecidas pro-porcionaram também o conhecimento de as-pectos da vida local, dos hábitos alimentares e domésticos.

Quanto aos aspectos de imersão, cabe ressaltar o intenso e cotidiano contato com a população lo-cal, que nos acolheu com carinho e alegria, e com a qual convivemos em momentos de informalidade e amizade - esses também importantes contribuintes na nossa aprendizagem. Dentre esses aspectos, podemos citar as informais - mas nem por isso me-nos sistemáticas e eficazes - aulas de Língua Por-tuguesa que o grupo brasileiro ofereceu para os ita-lianos interessados. Meio que furando o protocolo, houve até mesmo aulas de samba e forró! Ensinan-do nosso idioma, aprendemos ao mesmo tempo o italiano! Além disso, os momentos das refeições e festas constituíram outro ponto alto, que também gerou oportunidades de exercício da conversação.

Sobre a imersão na cultura regional, particular-mente aquela de montanha - já que estávamos vizinhos das magníficas Dolomiti Bellunesi - incluiu visitas a escolas como o Istituto Minerario, o Istitu-to Professionale Alberghiero di Stato Falcade (que tem como anexo o Ski College Veneto, uma escola para formar esquiadores), ao Museo Vittorino Ca-zzetta di Selva di Cadore (dedicado à Geologia, Pa-lentologia e Arqueologia da região das Dolomiti), à Cooperativa Agordino Latteria di Vallada (integrante da ‘Strada dei Formaggi delle Dolomiti Bellunesi’), ao Planetário de San Tomaso e a uma exposição sobre a vida do Papa João Paulo I (Papa Lucia-ni). Tivemos oportunidade ainda de visitar igrejas

de importância histórica e de participar de missas e celebrações festivas como a Sagra di San Simon, de frequentar bares e cafés, de fazer compras e de visitar uma ‘taipa’ nas montanhas de Cencenighe.

Outro ponto forte foi à oportunidade de conhecer locais típicos das montanhas, com caminhadas pela neve, como a visita a monumentos naturais como Serrai di Sottoguda, com a oportunidade de patinar sobre o gelo e de deslizar pelos caminhos brancos de neve com a ‘slitta’.

Particularmente no meu caso, como pesquisador da área de História da Educação, foi possível até mesmo estabelecer contato com a população local e colher depoimentos e material histórico sobre o processo de escolarização na Itália durante a era fascista.

Cabe ressaltar que o curso foi oficializado, assu-mindo um caráter legal, sendo certificado pelo Isti-tuto Comprensivo di Scuola di Cencenighe Agordi-no no âmbito do projeto “Gemellaggio Val del biois - Massaranduba”.

Ou seja, certamente o curso planejado e ofertado, mesmo numa sua primeira edição, atingiu os obje-tivos inicialmente propostos. Não seria demasiado afirmar que superou as expectativas.

Ademir Valdir dos Santos, professor e pes-quisador da UFSC, amante da língua e da cultura italianas.

Participante relata a experiência no evento

Brasileiros fazem imersão na língua e culturamellaggio estabelecido no ano passado entre Massaranduba e o Vale do Biois. O resultado da imersão foi exce-

lente, na avaliação de Iria e também de Marta Benetti, respectivamente presidente e secretária da Associa-zione Bellunesi Nel Mondo – Fami-glia Jaraguá do Sul. O sucesso da iniciativa serve para orientar o pla-nejamento e a realização de futuras viagens com o mesmo propósito, que deve ocorrer a cada dois anos.

Os brasileiros, em contrapartida, oportunizaram a iniciação à língua portuguesa por meio da língua, gra-mática e cultura. O relacionamento entre italianos e brasileiros foi apro-fundado, experiência histórica ini-ciada com a imigração para as terras catarinenses e cada vez mais fortale-cida com as viagens e descobrimento das raízes das famílias separadas por mais de um século de distanciamento físico ou qualquer outro contato.

FOTOS DIVULGAÇÃO

Page 11: Colonia Bellunesi 4

11LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL

FOTOS FJBRUGNAGO E REPRODUÇÃO

No final de novembro de 2011 recebemos a visita do diretor da Associazione Bellunesi Nel Mondo, Marcos Crepaz, e do conse-lheiro Rino Budel. Eles realizaram uma vista ao Brasil iniciando pelo Rio de Janeiro, depois Porto Alegre, Caxias do Sul, Antônio Prado, Bento Gonçalves, Criciúma, Urussanga, Nova Veneza, Si-derópolis, Jaraguá do Sul, Massaranduba, Curitiba e Erechim. Eles chegaram a Jaraguá do Sul no dia 25 de novembro e no dia

seguinte foi realizado um encontro informal com a Famiglia Bellu-nesi di Jaraguá do Sul. Foi projetado vídeo sobre os 10 anos da nossa Associação e dos 45 anos da entidade-mãe, na Itália. Marcos e Rino vieram ao Brasil para conhecer, ouvir e debater questões das associações filiadas para o melhor planejamento da ABM. Eles tiveram boa impressão, principalmente pela integração dos

italianos com outras culturas. Pediram também mais adesões a re-vista Bellunesi Nel Mondo, que é o principal canal de comunica-ção com as Associações espalhadas pelo mundo.

Em Massaranduba, participaram da formatura da pri-meira turma de alunos da Escola Ministro Pedro Aleixo do curso de italiano. Ficaram impressionados. Estive-ram também no 1º, 2º e 3º Braço, visitando a colônia com forte presença dos bellunesi. Participaram de ce-lebrações religiosas e principalmente, contataram com descendentes de imigrantes italianos. Foram momentos ricos culturalmente dizendo.

Marcos Crepaz e Rino Budel puderam sentir o quan-to os descendentes amam a Itália, como uma reverên-cia aos nonos, bisnonos e trinonos que enfrentaram todas as vicissitudes da viagem e do desconhecido, para conquista a América. A revista Bellunesi Nel Mondo, edição de janeiro, traz o relato feito por Marco Crepaz sobre a viagem ao Brasil, com diversas fotos ilustrativas dos encontros.Formatura do curso de italiano em Massaranduba

Page 12: Colonia Bellunesi 4

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL12

O Rio Luís Alves foi o começo de tudo. Subindo o Rio Itajaí-Açu os imigrantes europeus (italianos, alemães e poloneses) entraram pelo Rio Luís Alves até o Salto, o grande paredão de pedras que determinava o fim da viagem. Até ali era possível navegar.

Os imigrantes eram direcionados para a sede da Freguezia de Luís Al-ves e acima do barracão iniciava o Braço Direito, para onde eram des-tinados aos lotes previamente demarcados. No seu entorno iniciou-se a colonização pelos bellunesi, bergamascos e mantuanos.

Para o 1º Braço do Norte seguiram a maioria dos imigrados das Pro-víncias de Bergamo e de Mantova. O Braço Seco, 2º Braço, 3º Braço, Bracinho, Braço Costa e arredores receberam a maior parte dos imigran-tes vindos de Belluno, a nossa origem.

A exceção do 1º Braço, pelo menos 90% dos lotes dos demais braços foi colonizada pelos bellunesi. Hoje a área está demarcada por quatro portais: final do 2º Braço na divisa com o Guarani-Mirim, 7 de Janeiro (defronte a capela), 3º Braço (no caminho a Vila Itoupava) e início do Braço Direito, próximo da Capela São José.

Na Colônia Bellunesi as atividades econômicas são centradas na pro-dução de bananas, criação de peixes e de frangos, serrarias, confecções, produção artesanal de queijos e do melado, cachaça, selaria, mais o plantio da palmeira real, eucalipto e fumo.

Famílias de grandes empresários tiveram origem na Colônia Bellunesi. Dentre eles Lunelli (Lunender), Micheluzzi (Karlache), Tomaselli (Caiman), Pedrini (de Pomerode) e Feder (Cozinhas Berlim) citando alguns exemplos.

A Festa da Fortaia tem a finalidade de resgatar as origens, de reen-contro das famílias, de confraternizar por meio da oração, dos cantos, da gastronomia, da história, enfim, reverenciar a memória dos imigran-tes bellunesi e das demais províncias italianas que povoaram a região. (Aclino Feder – Berlim)

Formação da Colônia

Braço Direito, Comunidade São José

Festa da Fortaia 2011FOTOS FJBRUGNAGO

LA LETTERA DELLA ASSOCIAZIONE BELLUNESI NEL MONDO - FAMIGLIA JARAGUÁ DO SUL

Pesquisa, redação, edição e fotografias (no Brasil e na Itália) Flávio José Brugnago

Programação Visual: Jeferson KlaholdApoio cultural: Jornal do Vale do Itapocu

e Jornal de Bairros ( 3275-0633 www.jdv.com.br

EXPEDIENTE