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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA
________________________________________________________________________________________
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
IMAGEAMENTO E MODELAGEM DIGITAL COM GPR EM
MICROBIALITOS DA FAZENDA ARRECIFE, CHAPADA
DIAMANTINA (BA), NE DO BRASIL
Autora:
REBECA SEABRA DE LIMA
Orientador:
PROF. DR. FRANCISCO PINHEIRO LIMA FILHO
Dissertação Nº 196 / PPGG
NATAL/RN
Agosto de 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEODINÂMICA E GEOFÍSICA
________________________________________________________________________________________
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
IMAGEAMENTO E MODELAGEM DIGITAL COM GPR EM
MICROBIALITOS DA FAZENDA ARRECIFE, CHAPADA
DIAMANTINA (BA), NE DO BRASIL
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Geodinâmica e Geofísica, do Departamento de
Geologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte
como requisito a obtenção do título de Mestra em Geodinâmica
e Geofísica com área de concentração em Geofísica.
Autora:
REBECA SEABRA DE LIMA
Banca Examinadora:
Prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho – Orientador/Presidente (DG/UFRN)
Prof. Dr. David Lopes de Castro – Membro Interno (DG/UFRN))
Prof. Dr. Virgínio H. de Miranda Lopes Neumann– Membro Externo (PPGEOC/UFPE)
NATAL/RN
Agosto de 2017
Lima, Rebeca Seabra de. Imageamento e modelagem digital com GPR em microbialitos daFazenda Arrecife, Chapada Diamantina (BA), NE do Brasil / RebecaSeabra de Lima. - 2017. xii, 72 f.: il.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grandedo Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica. Natal, RN, 2017. Orientador: Francisco Pinheiro Lima Filho.
1. Geofísica - Dissertação. 2. Imageamento digital -Dissertação. 3. GPR - Dissertação. 4. Microbialitos -Dissertação. I. Lima Filho, Francisco Pinheiro. II. Título.
RN/UF/CCET CDU 550.3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRNSistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Ronaldo Xavier de Arruda - CCET
iv
“Todo aquele que se dedica ao estudo da ciência chega a convencer-se de que nas leis do
Universo se manifesta um Espírito sumamente superior ao do homem, e perante o qual nós,
com nossos poderes limitados, devemos humilhar-nos”.
Albert Einstein
vi
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG) e ao Programa de
Recursos Humanos da Petrobras (PRH-229) pela concessão da bolsa de estudos. À Petrobras
e ao Projeto “Imageamento Digital de Feições Geométricas em Carbonatos com Sísmica de
Refração” (SISMOCARBO) pelo financiamento parcial desta pesquisa. À dGB pela licença
acadêmica do OpendTect.
Ao meu querido orientador Francisco Pinheiro pelos conselhos, ensinamentos e paciência
durante esses anos de orientação. Obrigada também pelos momentos de descontração em
campo e em laboratório. Aos integrantes do Laboratório de Análises Estratigráficas (LAE),
em especial a Washington Teixeira e suas longas explicações sobre o método GPR que foi
fundamental para minha evolução, Filipe Ramos e seus ensinamentos sobre OpendTect e
Francisco Costa que me auxiliou com os dados de GPS e com o Arcgis. Aos amigos do LAE
que me ajudaram na etapa de campo: Lucila Egito, Anderson Souza (também com o
processamento de dados GPS), Marta e Aritz. Agradeço também a Kátia de Julio por
compartilhar momentos (muitas vezes de sufoco) durante esse período.
Aos amigos que o curso de Geologia me deu e que até hoje estão comigo: Samir Valcácio
e Carla Hemillay. Aos professores David Castro e João Andrade (UFRA) por me guiarem
quando comecei a estudar sobre os atributos geofísicos. Ao professor Narendra Srivastava e à
professora Valéria Córdoba que me auxiliaram durante o estudo petrográfico. Ao “DEMat”
pelas análises químicas. Ao professor Hilário Bezerra pela preocupação com minhas
amostras. À secretaria do PPGG, Thalles Pinto e ao professor Moab Praxedes pelas
orientações.
À minha família (em especial minha mãe) pelo apoio e por me compreender em
momentos difíceis e de ausência. Ao meu noivo George Amorim pelas longas conversas e por
me acalmar quando precisei. À minha prima Mayara Araújo pelo suporte e pelas conversas
nos finais de semana. À minha amiga Mariana Dias, pelo apoio de sempre.
Por fim, agradeço sobretudo à Deus, por ser o principal responsável por tudo isso
acontecer, por me manter serena e me dar confiança e tranquilidade para enfrentar as minhas
batalhas, acadêmicas e emocionais. Sem Ele, nada disso seria possível.
Muito obrigada a todos e me perdoem quem acabei esquecendo de agradecer.
vii
RESUMO
O trabalho envolve o imageamento e modelagem digital de uma colônia microbialítica
neoproterozoica do afloramento da Fazenda Arrecife (BA), com o uso do método Ground
Penetrating Radar (GPR) e a aplicação de atributos matemáticos. Concomitantemente, foi
realizado o levantamento de seções colunares e a aquisição de perfis radioativos, permitindo a
caracterização das fácies sedimentares. Foram também realizados estudos petrográficos e
análises químicas (MEV/SED e FRX) para identificar a composição dos níveis escuros
(estilolíticos), que geram reflexões nos radargramas. O atributo “Amplitude Instantânea”
realçou a colônia de microbialitos (baixa amplitude), pois exibe um padrão de assinatura GPR
distinto. O atributo de “Energia” apresentou resultados semelhantes ao de “Amplitude
Instantânea”, proporcionando uma melhor visualização da laminação interna do microbialito
colunar. Já o atributo de “Similaridade” realçou o limite da colônia com os depósitos
tempestíticos. A combinação “Traço de Hilbert com Energia” mostrou um realce mais
significativo do limite de crescimento da colônia microbialítica do que o atributo de “Energia”
isolado. Já o atributo “Traço de Hilbert com Similaridade” realçou a estrutura interna da
colônia microbialítica. Foram descritas as fácies microbialíticas (MCme, MCm e MCma) e
fácies tempestítica (Cahm). O estudo petrográfico indicou a presença de minerais como
limonita e/ou siderita, o que corrobora com os resultados das análises químicas. As análises
químicas com MEV/SED e FRX mostram que no nível estilolítico ocorre maiores valores de
Fe (11,9%), justificando assim os fortes refletores observados nas seções GPR, que são
resultado do contraste eletromagnético entre o meio (ℇcalcário = 6,55) e o os níveis estilolíticos
(ℇferro= 14,2). Para a modelagem digital, foi elaborado um sólido 3D que representa
adequadamente a colônia microbialítica. A metodologia abordada neste trabalho, envolvendo
a aplicação de atributos aos dados GPR, permitiu realçar características do microbialito que
foram pouco observadas no dado original. Portanto, pode ser utilizada em outros contextos
geológicos semelhantes (aflorantes ou não-aflorantes).
Palavras-Chave: Imageamento digital, GPR, Microbialitos.
viii
ABSTRACT
This thesis involves the digital imaging and modeling of a neoproterozoic microbialitic
colony in the Fazenda Arrecife (BA) outcrop, using the Ground Penetrating Radar (GPR)
method and the application of mathematical attributes. Concomitantly, columnar sections and
radioactive profiles acquisition were carried out, allowing the characterization of the
sedimentary facies. Petrographic studies and chemical analysis (SEM/EDS and XRF) were
used to identify the composition of the stylolithic levels that generate reflections in the GPR
sections. The "Instantaneous Amplitude" attribute highlighted a microbialite community (low
amplitude), which displays different signature pattern. The "Energy" attribute showed a
similar result comparing to the "Instantaneous Amplitude". Nevertheless, this attribute
provided a better visualization of the internal lamination of the columnar microbialite. The
"Similarity" attribute emphasized the community boundary. The "Hilbert Trace/Energy"
combination showed significant enhancement of the microbial growth boundaries compared
to the "Energy" attribute. The attribute "Hilbert Trace/Similarity" highlighted the internal
structure of the microbial community. The described facies were designated as microbialitic
facies (MCme, MCm and MCma) and tempestite facies (Cahm). Minerals, such as limonite
and/or siderite, were identified by the petrographic study, which corroborates with the
chemical analysis results. The chemical analysis shows high Fe values to the stylolithic level,
which causes the reflections observed in the GPR sections, due to the electromagnetic contrast
between the microbialite (ℇ = 6.55) and the stylolithic levels (ℇ = 14.2). The generated 3D
solid properly represents a microbial community. The attribute application to GPR data
allowed to highlight the microbialitic features not observed in the original data. Therefore,
this application can be used in similar geologic contexts.
Keywords: Digital imaging, GPR, Microbialites.
ix
ÍNDICE
Epígrafe .............................................................................................................................. iv
Dedicatória.......................................................................................................................... v
Agradecimentos.................................................................................................................. vi
Resumo .............................................................................................................................. vii
Abstract............................................................................................................................... viii
Índice................................................................................................................................... ix
Lista de Figuras................................................................................................................... xi
Lista de Tabelas.................................................................................................................. xiii
1. INTRODUÇÃO .........................................................................................................
1
1.1 Apresentação ................................................................................................................ 1
1.2 Objetivo ........................................................................................................................ 2
1.3 Justificativa .................................................................................................................. 2
1.4 Localização da Área de Estudo .................................................................................... 3
1.5 Metodologia .................................................................................................................
4
2. CONTEXTO GEOLÓGICO ................................................................................... 6
2.1 Geologia Regional ....................................................................................................... 6
2.2 Microbialitos da Fazenda Arrecife ...............................................................................
8
3. MATERIAIS E MÉTODOS ....................................................................................... 11
3.1 Ground Penetrating Radar (GPR) ............................................................................... 11
3.1.1 Fundamentação Teórica ......................................................................................... 11
3.1.2 Aquisição ............................................................................................................... 12
3.1.3 Processamento ........................................................................................................ 13
3.2 Atributos GPR .............................................................................................................. 16
3.2.1 Atributo de Amplitude Instantânea ........................................................................ 18
...3.2.2 Atributo de Energia ................................................................................................ 19
3.2.3 Atributo de Similaridade ........................................................................................ 19
3.2.4 Atributo Traço de Hilbert ....................................................................................... 20
x
3.3 Descrição Geológica e Gamaespectometria ................................................................. 21
3.4 Petrografia .................................................................................................................... 22
3.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)/Sistema de Energia Dispersiva (SED)
e Fluorescência de Raios-X (FRX) ...............................................................................
22
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES ..............................................................................
25
4.1 Seções GPR e Parametrização dos Dados Geofísicos.................................................. 25
4.2 Seções Colunares e Perfis de Raios Gama ................................................................... 27
4.3 Seções Delgadas ........................................................................................................... 31
4.4 Análises Químicas ....................................................................................................... 33
4.5 Análise de Atributos .................................................................................................... 37
4.5.1 Amplitude Instantânea ............................................................................................ 37
4.5.2 Energia .................................................................................................................... 38
4.5.3 Similaridade ............................................................................................................ 39
4.5.4 Traço de Hilbert com Energia e Traço de Hilbert com Similaridade ..................... 40
4.6 Modelo Digital 3D .......................................................................................................
41
5. ARTIGO .......................................................................................................................
43
6. CONCLUSÕES ........................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................
66
xi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 – Mapa de localização da área de estudo .............................................................. 4
Figura 2.1 – Mapa geológico do Cráton São Francisco ......................................................... 7
Figura 2.2 – Classificação de acordo com Walter (1972) ...................................................... 8
Figura 2.3 – Classificação geométrica de estromatólitos segundo Logan et al. (1964) ......... 9
Figura 3.1 – Princípio do Método GPR ................................................................................. 12
Figura 3.2 – Vista parcial do afloramento no momento de uma aquisição com GPR e os
elementos que compõem o equipamento ...............................................................................
12
Figura 3.3 – Mapa esquemático das aquisições 2D e 3D e vista frontal de uma das
bioermas da Fazenda Arrecife (BA) ......................................................................................
13
Figura 3.4 - Cálculo da constante dielétrica a partir da fórmula da velocidade ..................... 14
Figura 3.5 – Radargrama bruto e processado ........................................................................ 16
Figura 3.6 – Radargrama interpretado (tracejado em preto) ilustrando a linha L4 e sua
posição geográfica no afloramento (centro da bioerma) ........................................................
17
Figura 3.7 – Cubo 3D como produto final de interpolação e modo de visualização no
OpendTect ..............................................................................................................................
18
Figura 3.8 – Diagrama Isométrico do traço sísmico real e complexo .................................... 19
Figura 3.9 – Cálculo das energias das amostras representado pela fórmula .......................... 19
Figura 3.10 – Esquema de padrões que podem ser utilizados para analisar a similaridade
entre os traços .........................................................................................................................
20
Figura 3.11 - Cálculo da similaridade. Exemplo em duas direções (“u” e “v”) .................... 20
Figura 3.12 - Fotografias ilustrando o levantamento de seções colunares
concomitantemente a aquisição dos perfis de radioatividade ................................................
21
Figura 3.13 - Detalhe do microscópio óptico e das lâminas delgadas confeccionadas para o
estudo petrográfico .................................................................................................................
22
Figura 3.14 - Equipamento para realizar MEV/SED e FRX .................................................. 23
Figura 3.15 - Níveis escuros observados nas laminações do microbialito e no acamamento
do tempestito ..........................................................................................................................
24
Figura 4.1 – Fotomosaico da área de estudo, seção GPG longitudinal (L5) e mapa
esquemático da localização espacial das colônias .................................................................
26
Figura 4.2 – Estratificação cruzada hummocky ...................................................................... 27
xii
Figura 4.3 – Seção colunar FA-08 com sua respectiva descrição e perfil de raios gama ...... 29
Figura 4.4 – Seção colunar FA-13 com sua respectiva descrição e perfil de raios gama ...... 30
Figura 4.5 – Fotomicrografias de amostra coletada em um microbialito, mostrando a
calcita geminada, possivelmente relacionada a um metamorfismo precoce ..........................
31
Figura 4.6 – Fotomicrografia de uma amostra de microbialito onde as setas amarelas
indicam a presença de minerais ricos em ferro com hábito botrioidal e a seta vermelha
indica hábito euedral ..............................................................................................................
32
Figura 4.7 – Fotomicrografia do microbialito e do tempestito com estilólitos ...................... 32
Figura 4.8 – Fotomicrografia do tempestito. Detalhe da calcita/dolomita e quartzo detrítico
e intraclastos e pelóides ..........................................................................................................
33
Figura 4.9 – Imagem de MEV com seu respectivo espectro de energia para a amostra 1 ..... 34
Figura 4.10 - Imagem de MEV com seu respectivo espectro de energia para a amostra 1 ... 35
Figura 4.11 - Imagem de MEV com seu respectivo espectro de energia para a amostra 3 ... 36
Figura 4.12 – Seção GPR com atributo de Amplitude Instantânea ........................................ 38
Figura 4.13 – Seção GPR com atributo de Energia ............................................................... 39
Figura 4.14 – Cubo de energia 3D ......................................................................................... 39
Figura 4.15 – Seção GPR com atributo de Similaridade ....................................................... 40
Figura 4.16 – Atributo Traço de Hilbert com Energia ........................................................... 41
Figura 4.17 – Atributo Traço de Hilbert com Similaridade ................................................... 41
Figura 4.18 – Modelo Digital 3D ........................................................................................... 42
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Fluxo de processamento adotado para o trabalho ............................................. 15
Tabela 4.1 – Resultados de SED e FRX com valores em porcentagens para elementos
químicos da amostra 1 ............................................................................................................
34
Tabela 4.2 - Resultados de SED e FRX com valores em porcentagens para elementos
químicos da amostra 2 ............................................................................................................
35
Tabela 4.3 - Resultados de SED e FRX com valores em porcentagens para elementos
químicos da amostra 1 ............................................................................................................
37
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
LIMA, R.S.
1
1. INTRODUÇÃO
1.1 Apresentação
O trabalho intitulado “Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da
Fazenda Arrecife, Chapada Diamantina (BA), NE do Brasil, corresponde a documentação
escrita da dissertação do curso de mestrado da geóloga Rebeca Seabra de Lima, aluna do
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica e Geofísica (PPGG), do Centro de Ciências
Exatas e da Terra (CCET), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). A
defesa pública desta pesquisa é um dos pré-requisitos do PPGG para obtenção do título de
Mestra em Geodinâmica e Geofísica na área de concentração em Geologia e Geofísica do
Petróleo.
Esta pesquisa foi orientada pelo Prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho, do
PPGG/UFRN, tendo sido parcialmente financiada com recursos do Projeto “Imageamento
Digital de Feições Geométricas em Carbonatos com Sísmica de Refração” (Sigla:
SISMOCARBO). Este projeto foi desenvolvido no Laboratório de Análises Estratigráficas
(LAE) do Departamento de Geologia da UFRN, tendo sido coordenado pelo Prof. Dr.
Francisco Pinheiro Lima Filho e financiado pela PETROBRAS.
A dissertação encontra-se compartimentada em 6 capítulos. O Capítulo 1, introdutório,
apresenta o contexto em que foi desenvolvida a dissertação. O Capítulo 2 apresenta uma breve
revisão bibliográfica acerca do contexto geológico da Bacia de Irecê, e mais especificamente,
do contexto local do afloramento da Fazenda Arrecife. O capítulo 3 descreve a metodologia
utilizada na pesquisa e fornece as premissas teóricas que servem de suporte para uma melhor
compreensão dos aspectos abordados no decorrer do trabalho. Apresenta também informações
sobre o levantamento e o processamento de dados GPR, aquisições de seções colunares e
gamaespectometria, estudo petrográfico e análises químicas com MEV/SED e FRX. O
capítulo 4 aborda os resultados obtidos e discussões acerca dos dados que foram trabalhados.
Também descreve a modelagem digital 3D realizada com esses dados. O capítulo 5
corresponde ao artigo científico submetido na Revista Geologia USP: Série Científica. Esse
artigo apresenta a metodologia empregada na aquisição, tratamento e discussões sobre os
dados GPR, tendo como foco principal a aplicação de atributos para a caracterização da
geometria e respostas eletromagnéticas da bioerma imageada. Este capítulo encontra-se
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
LIMA, R.S.
2
estruturado na forma de artigo, seguindo as normas do respectivo periódico. O capítulo 6, por
fim, expõe sucintamente as conclusões desta dissertação.
1.2 Objetivo
O objetivo principal deste trabalho foi analisar a assinatura geofísica e modelar uma
colônia de microbialitos (bioermas, estromatólitos) associada a depósitos tempestíticos que
ocorrem na Fazenda Arrecife (Bahia), utilizando o método Ground Penetrating Radar (GPR).
As interpretações foram feitas a partir dos dados em tempo observados nos radargramas.
Foram utilizadas ainda técnicas avançadas de processamento GPR, denominadas de atributos
matemáticos, com o objetivo de ressaltar a geometria de uma colônia de microbialito colunar
selecionada. Além disso, o levantamento de seções colunares concomitante a aquisição de
gamaespectometria permitiu identificar as fácies sedimentares e correlacioná-las, quando
possível, às radarfácies. Este trabalho também teve como objetivo investigar, por meio de
estudo petrográfico e de análises químicas, os níveis escuros responsáveis por originar fortes
reflexões nas seções GPR.
1.3 Justificativa
A literatura especializada (McMechan et al. 1998; Van Dam e Schlager, 2000; Loucks et
al., 2004; Guidry et al., 2007) mostra que o imageamento digital com GPR permite a
caracterização tridimensional de afloramentos análogos a reservatórios petrolíferos em rochas
carbonáticas, propiciando modelos computacionais em escala de detalhe, com informações
sobre a geometria do alvo estudado.
A proposta do trabalho, envolvendo o uso conjunto do método GPR e a análise de
atributos, abre novas perspectivas para o imageamento digital 3D da geometria de
microbialitos. A carência de artigos em revistas especializadas que abordem sobre o
imageamento em detalhe de microbialitos torna esta proposta relevante. Além disso, o
imageamento de microbialitos da Fazenda Arrecife torna-se relevante devido a importância
que estes depósitos representam para o estudo dos reservatórios encontrados nas camadas do
Pré-sal, em sua maioria rochas carbonáticas de origem microbial.
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
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3
O método GPR tem se mostrado uma das tecnologias mais promissoras no imageamento
de alta resolução em rochas carbonáticas quando comparado a outras técnicas não-invasivas.
Esse método é vantajoso devido à alta resolução alcançada, quando comparado ao método da
sísmica tradicional, por exemplo. Muitos autores tem usado o GPR em estudos de
afloramentos carbonáticos análogos a reservatórios de hidrocarbonetos (Forte et al., 2012;
Grasmueck et al., 2005a,b; Jesus, 2010; Jesus et al., 2012; Pérez, 2003; Takayama et al.,
2008).
Para a interpretação dos dados foi utilizada a análise de atributos, que é uma das técnicas
aplicadas a estudos sísmicos que mais pode ser aplicada a dados GPR (Castro et al., 2014). O
método GPR tem propriedades cinemáticas similares ao método sísmico (Fisher et al., 1992),
portanto, apenas com algumas modificações, as abordagens utilizadas para a onda sísmica tem
sido perfeitamente aplicadas para as ondas eletromagnéticas emitidas pelo GPR (Ursin, 1983).
A análise de atributos aplicada a interpretação de dados GPR é uma técnica recente (Cassidy,
2009), mas exemplos dessa aplicação já podem ser encontrados em alguns estudos, como por
exemplo, Senechal et al. (2000), Corbeanu et al. (2002), Geerdes e Young (2007), Böniger e
Tronicke (2010), Forte et al. (2012), Zhao et al. (2013), Castro et al. (2014) e Reis Júnior. et
al. (2014).
1.4 Localização da Área de Estudo
A Fazenda Arrecife está inserida na porção centro-norte do estado da Bahia (Chapada
Diamantina Oriental) e corresponde a uma extensão areal de aproximadamente 5,0 km²,
situada na zona rural do município de Várzea Nova. O acesso à região pode ser efetuado por
estradas pavimentadas partindo da cidade de Morro do Chapéu, onde é possível acessar a BA-
144 até Várzea Nova e então, a partir deste ponto, o acesso pode ser realizado por uma estrada
não pavimentada com sentido aproximado para oeste. Outra alternativa pode ser a rota desde
Jacobina, tomando a BR-324 e, em seguida, a BA-144, para acessar a estrada não
pavimentada acima citada, que dá acesso ao sítio (Figura 1.1).
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
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4
Figura 1.1 – Mapa de localização da área de estudo.
1.5 Metodologia
Para a obtenção dos dados e a confecção deste trabalho foi seguida a seguinte sistemática:
(1) Levantamento Bibliográfico: Esta etapa constou de uma revisão bibliográfica sobre a
geologia regional e local da área de estudo, microbialitos, método GPR, especificamente no
tocante ao uso desta técnica para o imageamento de rochas carbonáticas e bioermas
estromatolíticas. Também foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre atributos aplicados
ao dado GPR (Reis Júnior et al., 2014; Castro et al., 2014; Zhao et al., 2013; Forte et al.,
2012), o que mostrou a carência de artigos sobre este tema.
(2) Aquisição de Dados Geológicos e Geofísicos: Esta etapa foi realizada na Fazenda
Arrecife, onde foi feita a aquisição de perfis GPR e também o levantamento de seções
colunares, com os respectivos perfis radioativos adquiridos com um gamaespectômetro
portátil. Também foram coletadas amostras das rochas para estudos petrográficos e análises
químicas com Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV), acoplado ao Sistema de Energia
Dispersiva (SED) e Fluorescência de Raios-X (FRX).
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
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5
(3) Processamento de Dados Geológicos e Geofísicos: Nesta etapa foram processadas as
linhas GPR e elaborado um cubo 3D, ambos os processos foram realizados no Reflexw 8.0.
Posteriormente, foram aplicados os atributos geofísicos no software OpendTect 6.0.3.
Também foi realizado o estudo petrográfico e as análises químicas das amostras coletadas em
campo.
(4) Modelagem Digital 3D e Interpretação de Dados Geológicos e Geofísicos: Consistiu
na confecção do Geobody (realizada no OpendTect) e na interpretação dos dados GPR já
processados e com aplicação de atributos. Também foi feita a interpretação dos constituintes
minerais a partir do estudo petrográfico e das análises químicas.
(5) Elaboração da Dissertação e do Artigo Científico: Esta última etapa consta da
redação da dissertação, documento final para a obtenção do título, e da submissão do artigo
científico.
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
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6
2. CONTEXTO GEOLÓGICO
2.1 Geologia Regional
As rochas que afloram na Fazenda Arrecife pertencem à Bacia de Irecê (Figura 2.1) e
constituem a principal ocorrência de coberturas sedimentares neoproterozoicas da porção
norte do Cráton São Francisco (Souza et al., 1993). As unidades litoestratigráficas desta bacia
incluem o Complexo Xique-Xique, além dos supergrupos Espinhaço e São Francisco,
respectivamente, Paleoproterozoico, Mesoproterozoico e Neoproterozico (Inda e Barbosa,
1978).
O Supergrupo São Franscisco corresponde às rochas sedimentares neoproterozoicas que
recobrem o Cráton São Francisco. Ocorre em dois grupos de rochas distintos. Na porção oeste
está representada pelo Grupo Macaúbas, depósitos siliciclásticos, e pelo Grupo Bambuí,
constituído pelas Formações Sete Lagoas, Santa Helena e Lagoa do Jacaré, com rochas
sedimentares carbonáticas e pelíticas (Guimarães, 1996). Na porção leste do Cráton (Figura
2.1), ocorrem as rochas do Grupo Una, composto pelas rochas das formações Bebedouro e
Salitre.
A Formação Bebedouro é composta por metasiltitos e metargilitos, apresentando seixos
dispersos de composição variada e seixos caídos (dropstones), sugestivos de sua origem
glacial (Guimarães, 1996; Figueiredo; 2008). Já a Formação Salitre consiste de carbonatos
(calcários e dolomitos) que segundo Barbosa e Silva (1992), Leão e Dominguez (1992) e
Dominguez (1993), foram depositados em uma bacia do tipo rampa suave (homoclinal) e em
ambiente marinho raso com frequente ação de ondas e marés. O espaço de acomodação
gerado para a deposição destes sedimentos foi decorrente de subsidência termal intracratônica
(Bizzi et al., 2003), associada com a subida generalizada do nível do mar, devido a
deglaciação ocorrida no Neoproterozoico (Barbosa et al., 2003). As rochas desta unidade
foram recentemente datadas pelo método U/Pb por Santana et al. (2015), sendo sua idade
máxima de deposição 669 ± 14 Ma.
As rochas da Formação Salitre se destacam pela abundância de biostromas e bioermas de
estromatólitos fosfáticos, de natureza diversa e de diferentes dimensões, os quais constituem
os objetos principais de investigação deste trabalho. Bonfim et al. (1985) mapearam a
sequência carbonática da Formação Salitre, dividindo-a em quatro unidades litoestratigráficas
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informais, denominadas de Nova América, Jussara, Gabriel e Irecê, de uma forma geral, em
consonância com seus respectivos ambientes de sedimentação. Na área de estudo afloram
apenas os carbonatos biogênicos, estromatólitos colunares, pertencentes à unidade Nova
América.
Figura 2.1 – Mapa geológico do Cráton São Francisco com destaque em vermelho para a Bacia de
Irecê, onde situa-se a área de estudo. Modificado de Pinto e Martins-Neto (2001).
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A associação da Formação Bebedouro (rochas glaciogênicas) com a sobreposta Formação
Salitre (carbonatos, essencialmente, com algumas feições de clima árido) caracteriza as rochas
da Formação Salitre como Cap Carbonates (carbonatos de capa, em tradução livre), tipo de
depósito raro dentro do registro geológico, mas comum em diversos depósitos
neoproterozoicos espalhados pelo mundo (Reitner, 2011).
2.2 Microbialitos da Fazenda Arrecife
De acordo com Burne e Moore (1987), o termo “microbialito” refere-se a depósitos
organossedimentares que crescem a partir da atividade de comunidades microbiais bentônicas
por trapeameno (trapping) de sedimentos e precipitação mineral. Trata-se de um termo mais
genérico que abrange depósitos de origem biológica, independente da estrutura associada. Já o
termo “estromatólito”, segundo Riding (2011), refere-se a sedimentos autigênicos
acamadados ou laminados. Essa laminação interna pode variar, portanto, é classificada em 4
tipos (Figura 2.2A). O termo “bioerma” também é bastante utilizado para designar esses tipos
de depósitos e está relacionado à sua forma de ocorrência, sendo definida por uma estrutura
organossedimentar circunscrita e seu comprimento mínimo é menor ou igual a 100 vezes sua
espessura máxima (Walter, 1972) (Figura 2.2B).
Figura 2.2 – (A) Tipos de laminação interna encontrada nos estromatólitos; (B) Tipos de bioerma.
Classificações de acordo com Walter (1972).
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As bioermas que afloram no sítio da Fazenda Arrecife são divididas em dois grupos
taxonômicos. O primeiro (dos supergrupos Kussiellida e Conophytonida) é composto por
bioermas colunares, de natureza domal a subesférica e suas colunas tem em média 15 cm de
diâmetro e 8 cm de altura. Já o segundo grupo (Gymnosolen, Jurusania e Boxonia), também
composto por microbialitos colunares, apresenta-se significativamente menor
(respectivamente, 6 cm e 2 cm de altura/diâmetro) e não formam bioermas, mas são
encontrados esparsamente dispersos (Srivastava e Rocha, 2002). Esses autores também
diferenciaram os dois grupos de bioermas por meio de análises químicas, mostrando que as
bioermas menores possuem maior teor de fosfato (P2O5 > 30,5%), enquanto que as bioermas
maiores tendem a apresentar valores inferiores de P2O5 (< 3,5 %). Com base nos resultados
das análises químicas obtidas, Srivastava e Rocha (op. cit.) sugerem que a associação de
microrganismos responsáveis pela formação de estromatólitos fosfáticos foi seletiva.
Na classificação baseada no padrão geométrico de Logan et al. (1964) (Figura 2.3), as
bioermas da Fazenda Arrecife são incluídas na classe SH (Stacked Hemispheroids -
Hemisferóides Verticais Empilhados), que se refere aos estromatólitos colunares da área de
estudo. Também é possível observar bioermas do tipo LLH-SH (Lateral Linked
Hemispheroids + Stacked Hemispheroids – Hemisferoides Lateralmente Ligados e
Empilhados), relacionados aos estromatólitos colunares que apresentam ramificação entre
suas colunas.
Figura 2.3 – Classificação geométrica de estromatólitos. Modificado de Logan et al. (1964).
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Quanto às rochas adjacentes (grainstones tempestíticos), Srivastava e Rocha (op. cit.)
fazem uma breve descrição dessas rochas catrbonáticas apontando para estruturas
sedimentares relacionadas à ação de ondas de tempestades como, por exemplo, estratificação
cruzada hummocky e níveis de brechas de tempestades. Desta forma, para estes autores, a
associação de fácies sedimentares dos tempestitos com os microbialitos sugere tratar-se de um
cenário deposicional que representa um ambiente marinho, em região de intermaré rasa.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Ground Penetrating Radar (GPR)
3.1.1 Fundamentação Teórica
O Ground Penetrating Radar (GPR), também conhecido como Radar de Penetração do
Solo ou Georadar, é um método ativo, não invasivo, que por meio da emissão de ondas
eletromagnéticas (EM) consegue detectar feições geológicas rasas em subsuperfície (Annan,
1996).
O princípio deste método baseia-se na emissão de um pulso eletromagnético, por meio de
uma antena transmissora, com duração de nanosegundos (10 -9
s) e frequência que varia entre
16 e 2600 MHz. Ao atingir meios (alvos) com diferentes propriedades eletromagnéticas a
velocidade de propagação é alterada, desta forma, parte da energia EM é refletida, a qual é
captada pela antena receptora, e outra parte sofre difração, continuando a se propagar até
encontrar outra superfície de contraste, ou até mesmo ser atenuada completamente pelo meio.
O tempo duplo (tempo decorrido entre a emissão da onda EM por uma antena transmissora
até o momento em que é registrado seu retorno por uma antena receptora, após atingir o alvo e
retornar à superfície) é então calculado, transmitido, registrado e armazenado por uma
unidade de controle, que ainda registra a respectiva intensidade do sinal refletido (Figuras 3.1
e 3.2).
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Figura 3.1 – Princípio do Método GPR. As setas em vermelho indicam a emissão e o retorno de um
pulso eletromagnético após atingir um alvo. Ao lado, o produto gerado (radargrama).
Figura 3.2 – Vista parcial do afloramento no momento de uma aquisição com GPR e os elementos
que compõem o equipamento.
3.1.2 Aquisição
Os dados geofísicos foram adquiridos com um sistema SIR-3000, fabricado pela GSSI
(Geophysical Survey Systems, Inc.), utilizando as antenas de 200 e 400 MHz. Foram
adquiridas 13 linhas paralelas ao paredão principal do afloramento, de sentido NNE-SSW,
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constituindo assim uma malha 2D com 329 m de aquisição, além de 32 linhas, compondo
uma malha regular, onde foi imageada uma colônia de microbialito, medindo 10 m na direção
N-S e 5m na direção E-W, abrangendo uma área de 50 m² e totalizando 215 m lineares de
dados GPR (Figura 3.3A). Este microbialito foi imageado em detalhe, devido a sua condição
íntegra, diferentemente do microbialito aflorante à frente, que se encontra erodido. Sendo
assim, o resultado do imageamento 3D ficaria visualmente mais interessante (Figura 3.3B).
Figura 3.3 – (A) Mapa esquemático mostrando as aquisições 2D e 3D, bem como a localização
espacial do fotomosaico e das colônias; (B) Vista frontal de um dos microbialitos da Fazenda Arrecife
(BA), onde foi realizada a aquisição 3D (quadrado tracejado em vermelho). O tracejado em azul indica
o microbialito escolhido para ser detalhadamente imageado.
Todas as aquisições (2D e 3D) foram realizadas com espaçamento de 0,5 m entre as linhas
e foi utilizada uma janela de tempo de 200 n, com uma amostragem de 1024 amostras por
traço e 50 traços por metro. Para o geoposicionamento dos dados foi realizado um
levantamento planialtimétrico, utilizando GPS Geodésico, com precisão milimétrica, além de
uma Estação Total.
3.1.3 Processamento
Este procedimento consta de uma série de etapas, realizadas em laboratório, as quais
utilizam operadores matemáticos a princípio oriundos da sísmica, que de forma geral
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permitem remover sinais indesejados (ruídos), que foram captados pela antena receptora, e
realçar as feições de interesse presentes nos radargramas.
O fluxo de processamento adotado para este trabalho é considerado básico, a fim de
interferir o mínimo possível no dado original, tendo em vista que a qualidade do sinal nos
dados brutos já era considerada satisfatória. Depois de avaliar diversos fluxos de
processamento, foi definida uma sequência suficiente para atenuar o ruído, sem modificar o
sinal, de forma que não comprometesse a interpretação geológica.
A sequência de processamento seguiu a seguinte ordem: 1) Correção do Tempo Zero; 2)
Dewow; 3) Background Removal; 4) Remoção do Ganho da Aquisição; 5) Aplicação de
Ganho; 6) Filtro Passa-Banda; 7) Correção Topográfica e 8) Conversão Tempo-Profundidade.
Estes procedimentos encontram-se resumidos na Tabela 3.1.
Apesar da morfologia do terreno da área de estudo não apresentar grandes desníveis, foi
necessário aplicar a técnica da correção topográfica para melhor reconstruir a geometria real
dos refletores para que não ocorressem problemas na interpretação das seções GPR. Nesta
etapa, as coordenadas geográficas também foram inseridas no cabeçalho do dado. Finalmente,
a conversão do tempo em profundidade foi realizada a partir da análise de velocidade pelo
método das hipérboles, resultando em uma velocidade de aproximadamente 0,117 m/ns e
constante dielétrica (ℇ) = 6,55 (Figura 3.4).
Figura 3.4 – Cálculo da constante dielétrica a partir da fórmula da velocidade.
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Tabela 3.1 - Fluxo de processamento adotado para o trabalho.
PROCEDIMENTO DESCRIÇÃO
Correção do Tempo Zero Remove os registros nulos efetuados no período de tempo que a
antena receptora fez leituras, mas os primeiros sinais enviados pela
antena transmissora ainda não haviam retornado.
Dewow Remove o ruído de baixa frequência gerado pela indução
eletromagnética entre as antenas.
Background Removal Remove sinais provenientes das ondas aéreas e terrestres diretas.
Remoção do Ganho Remove o ganho aplicado durante a aquisição.
Aplicação de Ganho da
Aquisição
Corrige os efeitos de perda de sinal relacionados à propagação das
ondas e realça os refletores de interesse.
Filtro Passa-Banda Remove os ruídos de alta e baixa frequência que estão fora da
banda de sinal da frequência central da antena utilizada.
Correção Topográfica Atribui a cada traço seu respectivo valor de cota. Permite a
representação das variações de altitude (z) presentes na superfície.
Conversão Tempo-
Profundidade
Após análise do campo de velocidades, convertem-se as
informações visualizadas em nanosegundos para profundidade em
metros.
Comparando-se o dado bruto (Figura 3.5A) com o dado processado (Figura 3.5B),
observa-se a correção do tempo zero no dado processado, além da remoção das ondas diretas
e ruídos de alta e baixa frequência. Os efeitos relacionados à indução eletromagnética e a
atenuação do sinal em profundidade foram corrigidos, permitindo assim a visualização dos
limites de crescimento das bioermas microbialíticas (radarfácies “M”) e seu contato lateral
com os depósitos tempestíticos (radarfácies “T”). Uma vez processadas, as linhas GPR foram
interpoladas gerando, portanto, um cubo 3D através do Reflexw. Posteriormente, esse cubo foi
convertido para o formato SEG-Y e então importado no OpendTect para visualização 3D e
aplicação de atributos.
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Figura 3.5 - Radargrama bruto (A) e processado (B) da área de estudo. As setas indicam a
melhoria do dado após o processamento. “T” (radarfácies tempestítica) e “M” (radarfácies
microbialítica)
3.2 Atributos GPR
Para aprimorar e facilitar a interpretação das seções GPR, foram utilizados diversos
atributos geofísicos disponíveis no software OpendTect, muitas vezes envolvendo a atuação
de um atributo sobre o outro. Essa técnica é extremamente importante para o imageamento e a
interpretação mais detalhada, visando melhorar previsões geológicas concernentes a
elementos dos sistemas petrolíferos, tanto em regiões de novas fronteiras exploratórias quanto
em áreas de desenvolvimento onde a geometria dos reservatórios necessita de um
mapeamento de mais detalhe.
De acordo com Chopra e Marfurt (2005), o atributo sísmico é uma medida quantitativa de
uma característica geofísica de interesse a partir de um dado sísmico, ou no presente caso,
dado GPR. Esses atributos são gerados para enfatizar uma característica desejada, a qual não é
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identificada diretamente nos dados originais. Tais características podem ser falhas e dobras,
presença de hidrocarbonetos, contatos litológicos, continuidade, truncamentos ou espessura
dos refletores.
A análise de atributos foi feita a partir das linhas processadas resultantes da aquisição 3D.
Como as linhas maiores da malha regular são paralelas à escarpa do afloramento, foi possível
correlacionar a interpretação do dado GPR com a caracterização geológica realizada em
campo. Apesar de todas as 32 linhas terem sido processadas, a linha L4 foi escolhida para
ilustrar a aplicação dos atributos, tendo em vista que essa linha imageia exatamente a porção
central da bioerma, facilitando a sua visualização completa (tanto em profundidade quanto em
extensão lateral) (Figura 3.6).
Figura 3.6 – Radargrama interpretado (tracejado em preto) ilustrando a linha L4 e sua posição
geográfica no afloramento (centro da bioerma).
Primeiramente foi realizada uma interpolação no Reflexw, no modo de linhas 2D
adquiridas nas posições x e y. Desta forma, um cubo 3D foi gerado e em seguida importado no
OpendTect para então iniciar os testes com os atributos (Figura 3.7). Dentre os atributos
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avaliados se destacam: Amplitude Instantânea, Energia, Similaridade, Traço de Hilbert com
Energia e Traço de Hilbert com Similaridade. Esses atributos foram aplicados com o objetivo
de realçar a geometria da bioerma.
Figura 3.7 – (A) Cubo 3D como produto final da interpolação das 32 linhas processadas; (B) Cubo
3D importado para o modo de visualização do OpendTect para posterior análise de atributos.
3.2.1 Atributo de Amplitude Instantânea
Os atributos sísmicos baseados em eventos instantâneos são gerados a partir da análise do
traço sísmico complexo no local exato do evento de referência (Figura 3.8). Segundo Taner et
al. (1979), o traço sísmico convencional pode ser visto como o componente real de um traço
complexo, o qual pode ser calculado em condições usuais. Em outras palavras, os atributos
calculados com base em eventos instantâneos levam em consideração a parte imaginária do
traço sísmico/GPR complexo.
A análise de traços sísmicos complexos produz uma separação natural das informações de
amplitude e fase, que são atributos medidos. O atributo de amplitude instantânea é chamado
de “força da reflexão” e o de fase, além de ser um atributo por si só, é a base para medidas de
frequência instantânea.
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Figura 3.8 – Diagrama Isométrico do traço sísmico real e complexo (extraído de Taner et al., 1979).
3.2.2 Atributo de Energia
O atributo de energia é calculado a partir da razão entre a soma dos quadrados das
amplitudes e o número de amostras, dentro de uma janela de tempo específica. A partir das
variações de amplitude, esse atributo permite realçar refletores com baixas e altas energias,
sendo resumido pela fórmula do cálculo das energias das amostras (Figura 3.9).
Figura 3.9 – Cálculo das energias das amostras representado pela fórmula.
3.2.3 Atributo de Similaridade
O atributo de similaridade faz parte de uma classe de atributos relacionados à geometria
dos refletores e realçam características geométricas do dado sísmico/GPR. Trata-se de uma
forma do atributo de coerência, o qual caracteriza o quão dois ou mais traços são similares
entre si (Chopra, 2001).
Este atributo é também denominado “multi-traço”, que representa as propriedades de
similaridade do dado atuando em cada traço individualmente. O cálculo desse atributo
abrange um conjunto de traços referentes a um padrão de vizinhança em relação a um traço
central (Figura 3.10). Existem diversos padrões para calcular o atributo de similaridade, o
padrão adotado neste trabalho faz parte da extensão (disponível no software OpendTect)
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“todas as direções”. Para a análise de dois segmentos, u (x, y, z) e v (x, y, z) por exemplo, o
atributo de similaridade é calculado a partir da fórmula segundo a Figura 3.11.
Figura 3.10 – Esquema de padrões que podem ser utilizados para analisar a similaridade entre os
traços. Apenas padrões simétricos com dois traços vizinhos a um traço central são ilustrados nesse
esquema. Extraído de Forte et al. (2012).
Figura 3.11 – Cálculo da similaridade. Exemplo em duas direções (“u” e “v”).
3.2.4 Atributo Traço de Hilbert
O atributo Traço de Hilbert, pertencente a classe dos atributos instantâneos, é um atributo
que leva em consideração a parte imaginária do traço sísmico/GPR complexo, sendo assim,
podendo ser computado a partir do traço sísmico/GPR real por meio da Transformada de
Hilbert. Tanto o traço real, quanto o imaginário, possuem o mesmo espectro de amplitude.
A combinação do atributo Traço de Hilbert com outros atributos revela um aspecto de
pseudo-relevo as seções, muitas vezes, realçando elementos não observados com apenas um
atributo inserido.
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Essa metodologia, também conhecida como Volume de Amplitudes, foi desenvolvida por
Bulhões (1999). Para o Volume de Amplitudes, é necessária a escolha da janela de tempo
relacionada ao comprimento de onda do dado sísmico/GPR que se quer investigar.
3.3 Descrição Geológica e Gamaespectometria
A descrição das rochas do afloramento foi feita através do levantamento de seções
colunares (Figura 3.12A), caracterizando padrões granulométricos, litologia e estruturas, a fim
de identificar as fácies sedimentares.
A gamaespectometria permite que seja quantificada a emissão natural de radiação gama
emitida pelos elementos radioativos potássio, tório e urânio, contidos nos corpos rochosos. A
intensidade de radiação obtida é diretamente proporcional ao número de fótons detectados
pelo equipamento em um determinado intervalo de tempo (Souza, 2013). A aquisição foi
realizada por meio de um gamaespectômetro portátil, modelo RS-230 BGO Super-SPEC, da
Radiation Solutions (Figura 3.12B). Esse método foi aplicado para correlação com as seções
colunares e para auxiliar na discriminação das fácies sedimentares. Foram levantadas 17
seções colunares concomitante a aquisição de perfis de raios gama.
Figura 3.12 – Fotografias ilustrando o levantamento das seções estratigráficas (A),
concomitantemente ao levantamento dos perfis de radioatividade (B).
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3.4 Petrografia
O microscópio óptico petrográfico permite a visualização minuciosa da composição e
textura de uma rocha, ampliando sua imagem em até 1000 vezes. Para este trabalho, foram
confeccionadas 8 lâminas delgadas analisadas no equipamento modelo BX-41 da marca
Olympus, permitindo a descrição microscópica dos constituintes minerais das amostras
coletadas em campo (Figura 3.13).
Figura 3.13 – (A) Detalhe do microscópio óptico; (B) Detalhe das lâminas delgadas confeccionadas
para o estudo petrográfico.
3.5 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)/Sistema de Energia Dispersiva (SED) e
Fluorescência de Raios-X (FRX)
O princípio da Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) está relacionado à geração de
uma imagem a partir da incidência de um feixe de elétrons no mineral, sob condições de
vácuo, fornecendo informações de detalhe com aumentos de até 300.000 vezes (Reed, 2005).
A análise foi realizada com o Sistema de Energia Dispersiva (SED) acoplado, possibilitando
assim a determinação da composição qualitativa e semi-quantitativa das amostras, por meio
da emissão de raios-x característicos.
Já a Fluorescência de Raios-X, realizada por dispersão de energia, é um método quali-
quantitativo baseado na medida das intensidades (número de raios-x detectados por unidade
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de tempo) dos raios-x característicos emitidos pelos elementos que constituem a amostra
(Nascimento Filho, 1999).
A análise com MEV foi realizada com o equipamento Hitachi Tabletop Microscope TM-
3000 do fabricante Hitachi (Figura 3.14A) e o modelo de SED SwiftED3000, da Oxford
Instruments. A análise com FRX foi adquirida com o EDX-720 da Shimadzu (Figura 3.14B).
Figura 3.14 – (A) Equipamento para realizar a Microscopia Eletrônica de Varredura com Sistema de
Energia Dispersiva; (B) Equipamento para aquisição da Fluorescência de Raios-X.
Estas análises foram realizadas visando identificar a composição química dos minerais
responsáveis pelos fortes refletores observados nos radargramas. Foram coletadas amostras
dos grainstones tempestíticos, dos microbialitos e dos níveis escuros que preenchem os
estilólitos e que marcam as laminações dos microbialitos e as algumas camadas dos
grainstones tempestíticos. As análises realizadas com MEV/SED e FRX forneceram um
panorama geral da composição química dessas amostras (Figura 3.15).
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Figura 3.15 – Níveis escuros observados nas laminações do microbialito (A) e no acamamento do
tempestito (B), observados na forma de refletores nas seções GPR.
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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Seções GPR e Parametrização dos Dados Geofísicos
Para uma melhor interpretação dos dados GPR foi utilizado um fotomosaico (Figura
4.1A) de um corte vertical que expõe as colônias microbiais da área de estudo. Foram feitas
correlações com os perfis (tanto longitudinais, quanto da aquisição 3D) adquiridos exatamente
na área acima da exposição que contém algumas colônias visíveis somente em planta.
Apenas uma colônia que aflora na exposição vertical é detectada nos radargrama
(referente a linha L5), representada pela radarfácies microbialítica M1, observada no
fotomosaico (Figura 4.1A). As colônias representadas pelas radarfácies microbialíticas “M2”,
“M3” e “M4” são vistas somente em planta (Figura 4.1C). Já as rochas adjacentes a essas
colônias (tempestitos) são identificadas nas seções GPR como radarfácies tempestítica,
representada por “T” (Figura 4.1B). Também é observado um refletor contínuo ao longo da
seção GPR, ilustrado pelo tracejado verde, associado à superfície basal de crescimento desses
microbialitos, assim como os seus limites laterais de crescimento (Figura 4.1B), ilustrados
pelo tracejado laranja.
As radarfácies microbialíticas (“M1”, “M2”, “M3” e “M4”) são identificadas pelas baixas
amplitudes e pelo aspecto dômico dos refletores (geometria montiforme), que está relacionado
ao arranjo de suas colunas. As radarfácies relacionadas a esses microbialitos possuem
terminações laterais que truncam os refletores adjacentes, marcando os seus limites de
crescimento, ilustrados pelo tracejado laranja (Figura 4.1B).
Já a radarfácies relacionada aos tempestitos apresentam baixa complexidade, podendo ser
resumidas como refletores plano-paralelos, porém, apresentando alguma ondulação. Tal
padrão de refletores é compatível com a estratificação plano-paralela dominante nos
tempestitos. Essa radarfácies possui refletores com maior amplitude do que a radarfácies
microbialítica, podendo indicar uma heterogeneidade maior em relação a esta última. A
estrutura sedimentar relacionada a ondas de tempestade (estratificação cruzada hummocky)
que foi descrita no afloramento (Figura 4.2) não foi identificada nos radargramas, pois as
antenas escolhidas para a aquisição (200 e 400 MHz) não apresentaram resolução vertical
suficiente para identificar essas estruturas sedimentares.
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Figura 4.1 – (A) Fotomosaico da área de estudo; (B) Seção GPR longitudinal (L5) mostrando a radarfácies microbialítica (“M1”, “M2”, “M3” e “M4”) e a radarfácies tempestítica (“T”). O tracejado verde representa a superfície basal de
crescimentos dos microbialitos e o laranja, seus limites de crescimento laterais; (C) Mapa esquemático mostrando a localização espacial das colônias microbialítcas vistas em planta.
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Figura 4.2 - Estratificação cruzada hummocky observada nas rochas tempestíticas
4.2 Seções Colunares e Perfis de Raios Gama
O levantamento das seções foi fundamental para a identificação das mudanças
granulométricas entres as camadas de calcarenitos tempestíticos, para a parametrização da
largura das colunas dos microbialitos, assim como para a identificação dos níveis de material
escuro que ocorrem em todo afloramento. Estas camadas ou lâminas de composição não
carbonática (que ocorrem muitas vezes na forma de estilólitos) estão entre os principais
fatores responsáveis pela alta amplitude das ondas eletromagnéticas.
A partir disto, foi possível identificar 4 associações de fácies distintas: Microbialitos
Colunares maiores (MCma), Microbialitos Colunares médios (MCm), Microbialitos
Colunares menores (MCme) e Calcarenitos com estratificação cruzada hummocky (Cahm).
As fácies MCma, MCm e MCme são observadas na seção colunar FA-08 e a fácies Cahm na
seção colunar FA-13. Porém, a fácies Cahm ocorre em outras seções descritas, assim como as
fácies microbialíticas. A denominação para a rocha carbonática tempestítica foi a partir da
classificação de Folk (1962), que se refere ao tamanho médio dos grãos e/ou cristais.
a) Fácies MCma
Esta associação fácies está associada à microbialitos colunares de porte maior (Figura
4.3C). Suas cabeças microbiais medem cerca de 18 cm de largura e suas colunas encontram-
se ramificadas. A cor desses microbialitos também é cinza clara e sua laminação interna é
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marcada, ocasionalmente, por estilólitos. A radioatividade nesta fácies apresenta valores entre
120 e 128 cps.
b) Fácies MCm
Representa os microbialitos de porte médio (Figura 4.3B). As cabeças microbiais neste
tipo de fácies medem aproximadamente 12 cm de largura e, diferentemente da fácies MCma,
não apresentam ramificação. Esses microbialitos são predominantemente de cor cinza claro e
eventualmente encontram-se intercalados com estilólitos semelhantes aos da fácies MCme,
sendo que menos espessos. A resposta radioativa indica valores que variam de 100 a 115 cps.
c) Fácies MCme
Esta associação de fácies está relacionada à microbialitos colunares de porte menor
(Figura 4.3A). Suas cabeças microbiais medem cerca de 6 cm de largura e seus valores de
radioatividade variam entre 94 e 105 cps. Apresenta cor cinza claro e encontram-se
delimitados em sua porção basal por estilólito de aproximadamente 2 cm de espessura, que se
encontra preenchido por material.
d) Fácies Cahm
Esta fácies está associada ao calcarenito com estratificação cruzada hummocky. Esta
associação de fácies possui duas assinaturas radioativas distintas. Uma assinatura corresponde
aos calcarenitos de granulação mais grossa, valores de radioatividade entre 130 e 200 cps, que
estão situados na porção basal da seção colunar FA-13 (Figura 4.4A). Já a outra assinatura
corresponde a calcarenitos de granulação mais fina, com valores de radioatividade entre 80 e
130 cps, que estão no topo da seção colunar FA-13 (Figura 4.4B).
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Figura 4.3 - Seção colunar FA-08 com sua respectiva descrição e perfil de raios gama. (A) Fácies MCma; (B) Fácies MCm; (C) Fácies MCme.
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Figura 4.4 - Seção colunar FA-10 com sua respectiva descrição e perfil de raios gama. (A) Fácies Cahm de granulação mais grossa; (B) Fácies Cahm de
granulação mais fina.
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4.3 Seções Delgadas
O estudo petrográfico mostrou que a assembleia mineral dos microbialitos é composta
por: calcita e/ou dolomita (Figura 4.5), quartzo detrítico, limonita e/ou siderita e opacos (pirita
e/ou hematita). A presença de minerais de ferro pode ser resultado da alteração da pirita
(diagenética) que possivelmente estava associada à matéria orgânica dos microbialitos,
tipicamente de ambiente redutor e, devido à oxidação, sofreu uma alteração epigenética
conforme a seguinte paragênese:
FeS2 (pirita) -> Fe2O3 (hematita) -> FeO.OH.nH2O (limonita) ou FeCO3 (siderita)
Figura 4.5 – Fotomicrografias de amostra coletada em um microbialito, mostrando a calcita
geminada, possivelmente relacionada a um metamorfismo precoce. (A) Nicóis paralelos; (B) Nicóis
cruzados.
Esses minerais de ferro aparecem ora com hábito botrioidal (aglomerado), ora com hábito
euedral (Figura 4.6). O primeiro tem origem biogênica, enquanto que o segundo, origem
inorgânica.
Foi identificada ainda a presença de estilólitos horizontais nas seções delgadas (Figura
4.7A), que podem ser resultado da pressão litoestática, em decorrência do soterramento dos
microbialitos, ou estilólitos verticais de natureza tectônica, que aparecem nas rochas
tempestíticas (Figura 4.7B). Os estilólitos, em ambos os casos, encontram-se preenchidos por
material escuro, provavelmente ferruginoso, oriundo da composição química dos minerais
ricos em ferro encontrados nessas rochas.
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Figura 4.6 – Fotomicrografia de uma amostra de microbialito onde as setas amarelas indicam a
presença de minerais ricos em ferro com hábito botrioidal e a seta vermelha indica hábito euedral.
Nicóis paralelos.
Figura 4.7– (A) Fotomicrografia do microbialito. As setas apontam estilólitos horizontais
resultantes do soterramento dos microbialitos. Nicóis paralelos; (B) Fotomicrografia do grainstone
com estilólitos tectônicos na posição vertical. Nicóis paralelos.
Nos tempestitos, observa-se além de calcita e/ou dolomita, a presença de quartzo detrítico
(Figura 4.8A), minerais opacos (pirita e/ou hematita), limonita e/ou siderita. Como
constituintes aloquímicos ocorrem intraclastos e pelóides (Figura 4.8B). Estas rochas
aparentemente não apresentam matriz, ou seja, são grão-suportadas. Desta forma, podem ser
classificadas segundo Dunham (1962) como grainstones.
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Figura 4.8 – Fotomicrografias do tempestito. (A) Detalhe da calcita/dolomita e quartzo detrítico.
Nicóis paralelos; (B) Intraclastos e pelóides observados em toda parte da seção delgada. Nicóis
paralelos.
4.4 Análises Químicas
As análises químicas foram realizadas em 3 amostras distintas. As amostras 1 e 2
correspondem respectivamente aos grainstones tempestíticos e microbialitos e a amostra 3 aos
níveis estilolíticos. Foram feitas análises nas áreas escuras (que marcam o acamamento) a fim
de identificar a composição química destes níveis e, assim, justificar o contraste
eletromagnético.
A Figura 4.9 mostra a imagem MEV com seu espectro de energia, produto do resultado
do SED (picos de energia para os determinados elementos químicos encontrados na amostra),
para a Amostra 1 e suas respectivas composições químicas, obtidas pelos métodos SED e
FRX (Tabela 4.1). Já a Figura 4.10 e Tabela 4.2 representam essas mesmas informações para
a Amostra 2. Os resultados obtidos tanto na Amostra 1 (grainstones), quanto na Amostra 2
(microbialitos), não mostram valores significantes de elementos que podem ser responsáveis
pelo contraste eletromagnético observado nas seções GPR, como ferro e fósforo, por exemplo.
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Figura 4.9 – Espectro e energia da Amostra 1, obtido pelo MEV, mostrando os picos de energia
dos elementos químicos presentes na amostra.
Tabela 4.1 – Teores dos elementos químicos da Amostra 1, obtidos pelo SED e FRX.
AMOSTRA 1
Elemento SED (% atom) FRX (%)
Ca 51,1 73,1
Mg 13,9 7,7
Si 18,6 11,3
Al 7,5 3,1
K 4,7 3,1
Fe 1,4 1,2
P 0,3 -
2 4 6 8 10 12 14keV
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
cps/eV
Ca
Ca
S S P Si Al
Mg K K
Fe Fe
C
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Figura 4.10 – Espectro e energia da Amostra 2, obtido pelo MEV, mostrando os picos de
energia dos elementos químicos presentes na amostra.
Tabela 4.2 – Teores dos elementos químicos da Amostra 2, obtidos pelo SED e FRX.
AMOSTRA 2
Elemento SED (% atom) FRX (%)
Ca 64,6 86,7
Mg 31,9 6,3
Si 2,5 3,8
Al 0,9 1,1
K - 0,9
Fe - 0,6
P - -
2 4 6 8 10 12 14keV
0
1
2
3
4
5
6
7
cps/eV
Ca
Ca
Al Mg
C Si
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Para a Amostra 3 (Figura 4.11 e Tabela 4.3), por outro lado, foram identificadas
quantidades consideráveis de elementos como Fe (16,2%) e P (11,6%). Esses elementos
podem ter sido concentrados durante o processo de dissolução que originou as feições
estilolíticas.
Portanto, os fortes refletores observados nas seções GPR são resultado da presença de
níveis fosfáticos ferruginosos e não necessariamente pelos níveis que marcam o acamamento
das rochas aflorantes. Estes refletores são o resultado do contraste de constante dielétrica
entre o meio carbonático - ℇcalcário = 6,55 - calculada a partir da velocidade encontrada para o
meio (Figura 3.4) e os níveis estilolíticos - ℇóxido de ferro= 14,2 - extraída de Braga (2014), que
ocorrem em todo afloramento. Esses níveis fosfáticos ferruginosos são lateralmente extensos,
o que facilita a visualização nos radargramas, pois a resolução alcançada com as frequências
das antenas utilizadas durante a aquisição (200 E 400 MHz) não detecta feições
subcentimétricas.
Figura 4.11 – Espectro e energia da Amostra 2, obtido pelo MEV, mostrando os picos de energia dos
elementos químicos presentes na amostra.
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Tabela 4.3 – Teores dos elementos químicos da Amostra 3, obtidos pelo SED e FRX.
AMOSTRA 3
Elemento SED (% atom) FRX (%)
Ca 60,9 53,4
Mg - -
Si 8,7 15,3
Al 3,2 -
K 1,2 1,3
Fe 11,4 11,9
P 14,6 16,8
4.5 Análise de Atributos
4.5.1 Amplitude Instantânea
O atributo de Amplitude Instantânea provou ser sensível às variações de amplitude
causadas pelo contraste eletromagnético entre interfaces estratigráficas em profundidade
(Figura 4.12), que podem estar relacionados a mudanças litológicas bruscas entre rochas
adjacentes (Chopra e Mafurt, 2005). Os depósitos tempestíticos são representados por
reflexões mais intensas, ou seja, maiores amplitudes, resultado dos fortes contrastes EM do
meio, implicando que esse tipo de rocha tem composição heterogênea, pois se trata de um
calcário impuro. Já nos microbialitos acontece o inverso, suas reflexões são menos intensas,
ora ausentes, com amplitudes menores, pois há pouco ou nenhum contraste EM nesse meio, o
que implica num tipo de rocha mais homogênea. Com esse atributo, portanto, foi possível
individualizar a colônia microbialítica como sendo um padrão de assinatura distinto dos
demais na seção.
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Figura 4.12 – Seção GPR com atributo de Amplitude Instantânea. O atributo realçou a colônia
de microbialitos devido ao seu padrão de assinatura distinto..
4.5.2 Energia
O atributo de Energia apresentou resultados semelhantes ao atributo de Amplitude
Instantânea, porém, além da individualização da colônia microbialítica, esse atributo
proporcionou uma melhor visualização da laminação interna desse corpo microbial, que
representa suas colunas. A cor vermelha representa áreas de alta energia e a cor preta e cinza,
áreas de baixa energia (Figura 4.13). Esse contraste é explicado pela distinção do padrão das
assinaturas GPR para as rochas tempestíticas e para os microbialitos. Como os microbialitos
são de natureza homogênea, não há contraste significativo de propriedades eletromagnéticas,
implicando em amplitudes mais baixas (ou seja, baixa energia), enquanto que nos tempestitos
ocorre exatamente o contrário (alta energia), por se tratar de rochas calcárias com
siliciclásticos e, consequentemente, de natureza heterogênea.
Para complementar a interpretação, foi elaborado um cubo de energia que realça e
individualiza a região onde se encontra o microbialito, evidenciado por zonas claras de baixa
energia (Figura 4.14).
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Figura 4.13 – Seção GPR com atributo de Energia Esse atributo realçou melhor as laminações
internas do microbialito.
Figura 4.14 - Cubo de energia 3D elaborado para realçar a assinatura GPR da colônia microbialítica
(linha tracejada).
4.5.3 Similaridade
As regiões de cores mais claras expressam alta similaridade entre os refletores, enquanto
que as regiões mais escuras são traduzidas como zonas de baixa similaridade. A partir disso, é
possível realçar a fronteira entre tempestitos e microbialito (áreas mais escuras, ou seja, baixa
similaridade e maior heterogeneidade), que representa um local não similar à vizinhança
(Figura 4.15).
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Nas porções da seção onde se encontram os tempestitos, existem zonas escuras e claras,
as zonas escuras implicam em áreas não similares, o que se deve ao fato das rochas
tempestítiticas serem internamente heterogêneas. Já na porção onde ocorre o microbialito, é
possível observar em sua maioria zonas mais claras (similares), tendo em vista que são rochas
internamente mais homogêneas que os tempestitos.
Figura 4.15 – Seção GPR com atributo de Similaridade. Esse atributo realçou a fronteira entre a
colônia microbialítica e os depósitos tempestíticos.
4.5.4 Traço de Hilbert com Energia e Traço de Hilbert com Similaridade
A primeira combinação (Traço de Hilbert com Energia) contemplou não apenas o contato
do microbialito com os depósitos tempestíticos, mas também a estrutura interna da colônia
microbialítica (Figura 4.16). O limite de crescimento da colônia foi melhor realçado quando
comparado a aplicação do atributo de Energia isoladamente, por exemplo. Por outro lado, as
laminações internas do microbialito ficaram mais evidentes apenas com a aplicação do
atributo de Energia.
Já combinação Traço de Hilbert com Similaridade (Figura 4.17) apresenta resultado
semelhante à seção onde apenas o atributo de Similaridade foi aplicado, ainda que neste
último o realce da estrutura interna do microbialito e a fronteira com os depósitos
tempestíticos tenham ficado mais evidentes.
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41
Figura 4.16 –Seção GPR com atributo Traço de Hilbert com Energia. Esse atributo mostrou um
realce mais significativo do limite de crescimento da colônia microbialítica do que o atributo de
Energia isolado.
Figura 4.17 - Seção GPR com atributo Traço de Hilbert com Similaridade. Esse atributo realçou a
estrutura interna da colônia microbialítica.
4.6 Modelo Digital 3D
A partir das linhas GPR processadas convencionalmente, foi possível obter um modelo
digital 3D no software Surpac 6.6.2, o qual é específico para a modelagem geológica. Este
software permitiu criar um volume virtual da colônia microbialítica a partir dos refletores que
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delimitam sua estrutura externa por meio de strings (linhas), tanto nas seções GPR de direção
“x”, quanto nas de direção “y”, que foram interpoladas e originaram o modelo tridimensional
apresentado na Figura 4.18A. Também foram delimitadas superfícies internas que
correspondem à laminação da colônia, a qual apresenta um padrão montiforme (Figura
4.18B).
A partir da elaboração do modelo 3D foi possível parametrizar os dados geofísicos
(Figura 4.18C), obtendo-se os seguintes valores:
Eixo maior = 7,5 m;
Eixo menor = 5,5 m;
Espessura máxima = 2,5 m;
Volume = 43 m³;
Área superficial total = 85 m².
Figura 4.18 – (A) Representação do modelo digital 3D da colônia de microbialitos originado a partir
de strings (linhas) em sucessivas seções GPR; (B) Laminação interna do microbialito e (C)
Parametrização da colônia. Eixo “y” em todas as imagens representa o norte geográfico.
Com isso, é possível afirmar que a confecção de um sólido 3D, a partir das interpretações
geofísicas, permite parametrizar a colônia microbialítica.
C
A B
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43
5. ARTIGO
O artigo disposto a seguir foi produzido inteiramente por Rebeca Seabra de Lima com
orientação, supervisão e auxílio do prof. Dr. Francisco Pinheiro Lima Filho, além da
assistência do Dr. Washington Luiz Evangelista Teixeira e do geólogo Filipe Ramos de
Albuquerque, ambos do Laboratório de Análises Estratigráficas (LAE), no processamento dos
dados. Este trabalho foi submetido para a revista Geologia USP série científica.
IMAGEAMENTO E MODELAGEM DIGITAL COM GPR EM MICROBIALITOS
NEOPROTEROZOICOS DA FORMAÇÃO SALITRE, NE DO BRASIL.
GPR-Digital Imaging and Modeling in Microbialites from Salitre Formation, NE Brazil.
Imageamento com GPR em Microbialitos
Rebeca Seabra de Lima, Washington Luiz Evangelista Teixeira, Filipe Ramos de
Albuquerque; Francisco Pinheiro Lima Filho.
Programa de Pós-Graduação em Geodinâmica, Laboratório de Análises Estratigráficas,
Departamento de Geologia, UFRN. Avenida Senador Salgado Filho, 3000, Caixa Postal 1596,
Bairro Lagoa Nova, CEP 59078-970, Natal, RN, Brasil - Telefone 84 32153683 - ramal 212/
Celular 84 981402191
([email protected]; [email protected]; [email protected];
6.406 palavras, 19 páginas, 12 figuras.
RESUMO:
O estudo de afloramentos análogos disponibiliza informações relevantes para um reservatório
em escala não observada na sísmica. Devido às recentes descobertas de campos petrolíferos
em reservatórios microbiais, faz-se necessário realizar um estudo mais preciso dessas rochas.
Atualmente, com o uso de geofísica rasa e os avanços no processamento de dados e da
modelagem computacional, podem ser elaborados modelos tridimensionais em escala de
detalhe. O uso do método Ground Penetrating Radar (GPR) em depósitos microbiais, apesar
de pouco abordado na literatura, vem se mostrando cada vez mais eficaz no estudo de
afloramentos análogos para caracterizar, com maior resolução, os reservatórios em
exploração. A proposta desta pesquisa abre novas perspectivas para o imageamento digital 3D
de microbialitos, principalmente quando associada ao processamento GPR e a aplicação de
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LIMA, R.S.
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“atributos geofísicos”. O processamento com atributos em seções GPR foi aplicado com o
objetivo de extrair informações dos dados processados convencionalmente. Dentre eles, o
atributo de “amplitude instantânea” mostrou resultados promissores realçando o limite entre a
colônia de microbialitos (baixa amplitude) e os depósitos tempestíticos (alta amplitude). O
atributo de “energia” apresentou resultado semelhante, sendo que apresentou uma melhor
visualização da laminação interna do microbialitos colunar. A combinação “traço de Hilbert
com energia” ressaltou os limites de crescimento da colônia e o “traço de Hilbert com
similaridade” destacou melhor a sua laminação interna. De posse dessas informações, é
possível afirmar que as técnicas geofísicas utilizadas para o imageamento digital 3D de
microbialitos podem ser aplicadas em outros contextos geológicos semelhantes, a fim de
identificar as geometrias interna e externa desse tipo de análogo e melhor compreendê-lo.
Palavras-chave: Imageamento digital; GPR; Microbialitos.
ABSTRACT
The study of analogous outcrops provides relevant information for an unobserved scale
reservoir in seismic data. Due to the fact of recent discoveries of oil fields in microbial
reservoirs, it is necessary a precise study of these rocks. The shallow geophysics and advances
in data processing and computational modeling can provide high-resolution three-dimensional
models. The use of the Ground Penetrating Radar (GPR) method in microbial deposits,
although the lack of information about this approach in the literature, has been increasingly
effective in the study of analogous outcrops to characterize, with high-resolution, the
reservoirs in exploration. The proposal of this research is to create perspectives for 3D digital
imaging of microbialites, especially when associated with GPR processing and the application
of "geophysical attributes". Processing with attributes in GPR sections was applied in order to
extract information from conventionally processing GPR data. The "instant amplitude"
attribute showed promising results highlighting the limit between the colony of microbialites
(low amplitude) and the tempestite deposits (high amplitude). The "energy" attribute
presented a similar result, on the other hand, provided a better visualization of the internal
lamination of the columnar microbialites. The "Hilbert trace/energy" highlighted the growth
boundary of the microbialite and "Hilbert trace/similarity" highlighted the internal lamination
of the microbialite. Therefore, it is possible to affirm that the geophysical techniques used for
digital 3D imaging of microbialites can be applied in other similar geological contexts in
order to identify the internal and external geometries of this type of analogue.
Keywords: Digital imaging; GPR; Microbialites.
INTRODUÇÃO
Mais de 30% das reservas de hidrocarbonetos do mundo estão situadas em reservatórios
carbonáticos (Bagdan e Pemberton, 2004) e este valor tende a aumentar, principalmente
devido às recentes descobertas de campos petrolíferos gigantes em rochas carbonáticas
denominadas genericamente de “Camadas Pré-Sal” (Carminatti et al., 2008). Apesar da
complexidade envolvida na identificação deste sistema petrolífero, sabe-se que parte
significativa dos reservatórios corresponde a depósitos microbiais (Awramik e Buchheim,
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
LIMA, R.S.
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2012; Virgone et al., 2013). Um exemplo destes reservatórios, já em exploração, encontra-se
na Bacia de Santos (Beltrão et al., 2009; Muniz e Bosence, 2009; Himi et al., 2015; Muniz e
Bosence, 2015).
Como consequência direta desta descoberta há uma busca para a identificação de bons
análogos recentes e antigos (Virgone et al., 2013). São considerados como análogos recentes
aos reservatórios do “Pré-Sal” os microbialitos da Lagoa Salgada, Rio de Janeiro (Srivastava
e Rocha 2002; Silva et al., 2007; Rezende et al., 2013), os microbialitos de Shark Bay, na
Austrália (Jahnert e Collins, 2011) e os microbialitos da região do Great Salt Lake, Estados
Unidos (Virgone et al., 2013; Pace et al., 2016). Existem poucos afloramentos considerados
como análogos antigos, como os depósitos microbiais do Cretáceo, Bacia de Salta, Argentina
(Hamon et al., 2012; Roemers-Oliveira et al., 2015), os depósitos microbiais do Jurássico,
Bacia Ibérica, Espanha, (Pueyo-Anchuela et al., 2011), os depósitos microbiais do Eoceno,
Bacia Green River, Estados Unidos (Virgone et al., 2013) e microbialitos do Neoproterozoico
da Bacia de Irecê, Brasil (Himi et al., 2015).
Para Virgone et al. (2013) os análogos recentes e antigos fornecem chaves adicionais para
descrever o padrão sedimentológico e estratigráfico observado na escala de testemunho e
ajudam no entendimento do impacto das mudanças climáticas, do fluxo de fluido e da química
da água na produção de carbonatos. O estudo de afloramentos análogos disponibiliza ainda
informações sobre a eventual presença de heterogeneidades (deposicionais ou
deformacionais) em escala não observada na sísmica tradicional, portanto, não aplicada a
trabalhos rotineiros de reservatório. Atualmente, com o uso de geofísica rasa (GPR,
Eletrorresistividade e Sísmica) e os avanços no processamento de dados e da modelagem
computacional, podem ser elaborados modelos tridimensionais em escala de detalhe,
impossível de serem obtidos com a sísmica de prospecção para hidrocarbonetos. Com estes
modelos pode ser possível entender melhor a distribuição dos fluidos nos reservatórios.
O método Ground Penetrating Radar (GPR) tem sido utilizado com sucesso no
imageamento de feições geológicas em rochas carbonáticas como, por exemplo, para o
imageamento de falhas e fraturas (Pipan et al., 2003a, 2003b; Grasmueck et al., 2005a, 2005b;
Jeannin et al., 2006; Theune et al., 2006; McClymont et al., 2008; Forte et al., 2012;
Fernandes et al., 2015), de paleocavernas colapsadas e outras feições cársticas (Chamberlain
et al., 2000; McMechan et al., 2002; Al-fares et al., 2002; Loucks et al., 2004; Kruse et al.,
2006; Jesus et al., 2012; Reis Jr et al., 2014; Reis Jr et al., 2015), de geometrias de
plataformas carbonáticas (Jorry e Biévre, 2011) e de coquinas (Jahnert et al., 2012; Menezes
et al., 2016).
Um número reduzido de artigos foi publicado utilizando o GPR no estudo de depósitos
microbiais (Pueyo-Anchuela et al., 2011; Himi et al., 2015). Entretanto, o método GPR
mostrou-se adequado para o imageamento dos depósitos microbiais neoproterozoicos da
Formação Salitre, NE do Brasil, objeto deste trabalho, o qual é considerado um análogo
antigo aos reservatórios do Pré Sal (Himi et al., 2015).
O método GPR, quando aplicado a áreas que apresentam materiais dielétricos com baixa
condutividade elétrica, como o encontrado na área desta pesquisa, permite que a atenuação da
propagação da onda eletromagnética (EM) possa ser considerada independente da velocidade
de propagação. Desta forma, o método GPR apresenta semelhanças cinemáticas com o
método sísmico, pois as ondas, eletromagnéticas e mecânicas, se propagam com velocidades
que dependem diretamente das propriedades físicas do meio. Tais semelhanças permitem que
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técnicas de processamento desenvolvidas para o método sísmico possam ser aplicadas ao
método GPR com apenas algumas modificações. Uma dessas técnicas herdadas da sísmica e
aplicados nos dados de GPR é o uso de atributos (Castro et al., 2014). Os atributos
representam subconjuntos do volume total de informações contidos em um dado sísmico, ou
GPR, caso desta pesquisa, e a análise de atributos refere-se à decomposição deste dado em
atributos constituintes (Barnes, 1999).
Os principais fatores que diferenciam os métodos estão relacionados à escala de
aplicabilidade e aos parâmetros físicos envolvidos (Ursin, 1983). As técnicas de
processamento e interpretação desenvolvidas para o dado sísmico, utilizadas para estimar
geometria e propriedades físicas dos reservatórios a partir de atributos sísmicos, podem
também ser aplicadas aos dados GPR para realçar feições geológicas de interesse, desde que
feitas adaptações nos parâmetros de entrada dos algoritmos das equações (Carcione, 2007),
como, por exemplo, números de traços analisados, amostragem temporal, escala da
velocidade e etc, pois os dados de GPR costumam apresentar mais traços (amostragem
horizontal) e menor janela de tempo (amostragem vertical) que nos dados sísmicos
convencionais.
A aplicação de atributos em dados de GPR é bem recente (Cassidy, 2009). Exemplos
desse tipo de aplicação pode ser encontrada em alguns trabalhos, como Senechal et al. (2000),
Corbeanu et al. (2002), Geerdes e Young (2007), Böniger e Tronicke (2010), Forte et al.
(2012), Castro et al. (2014), Reis Jr et al. (2014) e Reis Jr et al. (2015).
É objetivo deste trabalho realizar avaliações com diferentes atributos para comparar os
resultados entre si e com o processamento tradicional, no que tange o realce de feições
geológicas (geometria dos corpos microbiais, contatos com as rochas adjacentes) e de
radarfácies. Os atributos avaliados neste trabalho foram: de amplitude instantânea, energia,
similaridade, traço de Hilbert com energia e traço de Hilbert com similaridade.
CONTEXTO GEOLÓGICO
A área de estudo está situada na porção centro-norte do Cráton São Francisco, Chapada
Diamantina, no nordeste do Brasil. No afloramento da Fazenda Arrecife, onde foram
realizadas as aquisições (exposição vertical ou tanque), afloram os microbialitos
neoproterozoicos da Formação Salitre, que compõem, juntamente com a Formação
Bebedouro, o Grupo Una do Supergrupo São Francisco (Figura 1A). As rochas da Formação
Bebedouro encontram-se sob as rochas da Formação Salitre, sendo separadas por discordância
erosiva. A Formação Bebedouro é composta por metasiltitos e metargilitos, apresentando
seixos dispersos de composição variada e seixos caídos (dropstones) sugestivos de sua origem
glacial (Guimarães, 1996; Figueiredo; 2008). Já a Formação Salitre é constituída por rochas
carbonáticas com pequenas intercalações terrígenas, além de rochas bioconstruídas. Esses
litotipos caracterizam depósitos de ambiente marinho plataformal dominado por marés (Misi,
1998; Bonfim et al., 1985; Souza et al., 1993). As rochas da Formação Salitre foram
recentemente datadas pelo método U/Pb por Santana et al. (2015), sendo sua idade máxima de
deposição 669 ± 14 Ma.
As rochas da Formação Salitre se destacam pela abundância de biostromas e bioermas de
microbialitos, de natureza diversa e de diferentes dimensões, os quais constituem os objetos
principais de investigação deste trabalho. Na área de trabalho, estes depósitos
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organossedimentares encontram-se associados a rochas calcareníticas originadas pela ação de
tempestades, evidenciadas por estratificações cruzadas do tipo hummocky, segundo Srivastava
e Rocha (2002). No entanto, estudos recentes afirmam que os depósitos laminados que se
intercalam com esses microbialitos são representados por grainstones oolíticos, originados
por fluxo bidirecional, caracterizados por estratificações cruzadas do tipo herringbone (Caird
et al., 2017).
METODOLOGIA
Aquisição dos dados geofísicos
Os dados geofísicos foram adquiridos com um sistema SIR-3000, fabricado pela GSSI
(Geophysical Survey Systems, Inc.), utilizando as antenas de 200 e 400 MHz. Foram
adquiridas 13 linhas paralelas ao paredão principal do afloramento, com direção NNE-SSW e
328, 83 m de aquisição, além de 32 linhas compondo uma malha regular adquirida no modo
3D. Foi imageada uma colônia de microbialitos, medindo 10 m na direção N-S e 5 m na
direção E-W, abrangendo uma área de 50 m² e totalizando 215 m lineares de dados GPR
(Figura 1B). Ambas as aquisições foram realizadas com espaçamento de 0,5 m entre as linhas.
O grid 3D é o principal objeto de estudo da pesquisa, pois a partir desses dados foram testados
os atributos geofísicos.
Para o geoposicionamento dos dados, foi realizado um levantamento planialtimétrico
utilizando GPS Geodésico, com precisão milimétrica, além de uma Estação Total. Para o
imageamento 3D (grid representado pelo tracejado vermelho na Figura 2), foi escolhida uma
colônia de microbialitos que se encontra totalmente preservada em planta (representado pelo
tracejado azul na Figura 2), apesar de não aflorar no corte vertical. Por existir uma colônia
bem exposta próxima a ela, foi possível correlacioná-las e, assim, parametrizar o dado
geofísico.
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
Diamantina (BA), NE do Brasil
LIMA, R.S.
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Figura 1: (A) Localização da área de estudo e do contexto regional; (B) Croqui da aquisição das linhas GPR e
localização espacial dos microbialitos.
Figura 2: Vista frontal de uma das colônias de microbialitos da Fazenda Arrecife (BA), onde foi realizada a
aquisição 3D, ilustrada pelo quadrado tracejado em vermelho. O tracejado em azul indica a colônia escolhida para ser detalhadamente imageada, onde foram adquiridas duas linhas GPR referentes ao seu eixo maior e ao seu eixo menor.
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Diamantina (BA), NE do Brasil
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Processamento
A etapa de processamento foi feita no software Reflexw e teve como objetivo aumentar a
relação sinal ruído, a fim de obter uma melhor representação visual do dado geofísico
referente aos alvos estudados. Trata-se de um processamento básico que consta de poucas
etapas, a fim de interferir o mínimo possível no dado original, tendo em vista que a qualidade
do sinal nos radargramas brutos já era considerada satisfatória.Depois de avaliar diversos
fluxos de processamento, foi definida uma sequência suficiente para atenuar o ruído, sem
modificar o sinal, de forma que não comprometesse a interpretação geológica.
A sequência de processamento seguiu a seguinte ordem: (1) Correção do Tempo Zero
(Start Time); (2) Dewow; (3) Background Removal; (4) Remoção do Ganho; (5) Aplicação de
Ganho; (6) Filtro Passa-Banda; (7) Correção Topográfica; (8) Conversão Tempo-
Profundidade.
Apesar da morfologia do terreno da área de estudo aparentemente plana, foi necessário
aplicar uma correção topográfica para melhor reconstruir a geometria real dos refletores para
que não ocorressem problemas na interpretação das seções GPR. Nesta etapa, as coordenadas
geográficas também foram inseridas no cabeçalho do dado. Na etapa Conversão Tempo-
Profundidade, foi realizada uma análise de velocidade pelo método das hipérboles, resultando
em valor de velocidade de aproximadamente 0,117 m/ns e constante dielétrica (ℇ) = 6,6.
Comparando-se o dado bruto (Figura 3A) com o dado processado (Figura 3B), observa-se
a correção do tempo zero no dado processado, além da remoção das ondas diretas e ruídos de
alta e baixa frequência. Os efeitos relacionados à indução eletromagnética e a atenuação do
sinal em profundidade foram corrigidos, permitindo assim a visualização dos limites de
crescimento da colônia microbialítica (“M”) e seu contato lateral com os depósitos
tempestíticos (“T”). Uma vez processadas, as linhas GPR foram interpoladas também no
software Reflexw gerando, portanto, um cubo 3D. Posteriormente, esse cubo foi convertido
para o formato SEG-Y e então importado no software OpendTect para visualização 3D e
aplicação de atributos.
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Figura 3: (A) Radargrama bruto da área de estudo; (B) Resultado pós-processamento. Na seção, as setas
indicam os efeitos do processamento na seção GPR e a simbologia “T” e “M”, refere-se ao posicionamento dos tempestitos e do microbialito, respectivamente.
Parametrização do sinal geofísico
Para uma melhor interpretação dos dados GPR foi utilizado um fotomosaico de um corte
vertical que expõe as colônias microbiais da área de estudo (Figura 4A). Foram feitas
correlações com os perfis (tanto longitudinais, quanto da aquisição 3D) adquiridos exatamente
na área acima da exposição que contém algumas colônias visíveis somente em planta (Figura
4B).
Apenas uma colônia que aflora na exposição vertical é detectada nos radargrama
(referente a linha L5), representada pela radarfácies microbialítica M1, observada no
fotomosaico (Figura 4A). As colônias representadas pelas radarfácies microbialíticas “M2”,
“M3” e “M4” são vistas somente em planta (Figura 4C). Já as rochas adjacentes a essas
colônias (tempestitos) são identificadas nas seções GPR como radarfácies tempestítica,
representada por “T”. Também é observado um refletor contínuo ao longo da seção GPR,
ilustrado pelo tracejado verde, associado à superfície basal de crescimento desses
microbialitos (Figura 4B).
As radarfácies microbialíticas (“M1”, “M2”, “M3” e “M4”) são identificadas pelas baixas
amplitudes e pelo aspecto dômico dos refletores (geometria montiforme), que está relacionado
Imageamento e Modelagem Digital com GPR em Microbialitos da Fazenda Arrecife, Chapada
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ao arranjo de suas colunas. As radarfácies relacionadas a esses microbialitos possuem
terminações laterais que truncam os refletores adjacentes, marcando os seus limites de
crescimento, ilustrados pelo tracejado laranja (Figura 4B).
Figura 4: (A) Fotomosaico da área de estudo; (B) Seção GPR longitudinal (L5) mostrando a radarfácies
microbialítica (“M1”, “M2”, “M3” e “M4”) e a radarfácies tempestítica (“T”). O tracejado verde representa a
superfície basal de crescimentos dos microbialitos e o laranja, seus limites de crescimento laterais; (C) Mapa
esquemático mostrando a localização espacial das colônias microbialítcas vistas em planta.
Já a radarfácies relacionada aos tempestitos apresentam baixa complexidade, podendo ser
resumidas como refletores plano-paralelos, porém, apresentando alguma ondulação. Tal
padrão de refletores é compatível com a estratificação plano-paralela dominante nos
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tempestitos. Essa radarfácies possui refletores com maior amplitude do que a radarfácies
microbialítica, podendo indicar uma heterogeneidade maior em relação a esta última. A
estrutura sedimentar relacionada a ondas de tempestade (estratificação cruzada hummocky)
que foi descrita no afloramento (Figura 5) não foi identificada nos radargramas, pois as
antenas escolhidas para a aquisição (200 e 400 MHz) não apresentaram resolução vertical
suficiente para identificar essas estruturas sedimentares.
Figura 5: Estratificação cruzada hummocky observada nas rochas tempestíticas.
Os fortes refletores que ressaltam a laminação interna desses microbialitos (Fig. 6A) são
gerados por altas amplitudes causadas pelo contraste de constante dielétrica entre o meio
carbonático (ℇcalcário = 6,5) e os níveis escuros fosfáticos ferruginosos encontrados em todo o
afloramento (ℇferro= 14,2), e, por isso, ressaltam também o acamamento dos tempestitos (Fig.
6B).
Figura 6: Níveis escuros observados nas laminações do microbialito (A) e no acamamento do tempestito (B),
observados na forma de refletores nas seções GPR.
Atributos GPR
Para aprimorar a interpretação dos dados GPR, foi utilizada uma técnica denominada
“análise de atributos sísmicos”, adaptada ao dado GPR. De acordo com Chopra e Marfurt
(2005), o atributo sísmico é uma medida quantitativa de uma característica geofísica de
interesse a partir de um dado sísmico. Esta técnica tem sido utilizada na interpretação de
radargramas GPR muito recentemente (Cassidy, 2009). A partir desta técnica, foi possível
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ressaltar feições não observadas, ou pouco evidentes, no dado em amplitude, facilitando a
interpretação geológica. A abordagem de atributos geofísicos aplicados a dados GPR na
caracterização de depósitos microbiais, no entanto, não é encontrada na literatura.
A análise de atributos foi feita a partir dos dados 3D processados. Como os perfis maiores
do grid são paralelos à escarpa do afloramento, foi possível correlacionar a interpretação do
dado GPR com a descrição geológica realizada em campo. A linha L4 foi escolhida para
ilustrar a aplicação dos atributos, tendo em vista sua posição espacial, que passa exatamente
sobre a porção central da colônia microbialítica, facilitando a sua visualização completa (tanto
em profundidade quanto em extensão lateral) (Figura 7).
Figura 7: Radargrama interpretado (tracejado em preto) ilustrando a linha L4 e sua posição geográfica no
afloramento (centro da bioerma).
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Atributo de amplitude instantânea
Os atributos sísmicos baseados em eventos instantâneos são gerados a partir da análise do
traço sísmico complexo no local exato do evento de referência Segundo Taner et al. (1979), o
traço sísmico convencional pode ser visto como o componente real de um traço complexo, o
qual pode ser calculado em condições usuais. Em outras palavras, os atributos calculados com
base em eventos instantâneos levam em consideração a parte imaginária do traço
sísmico/GPR complexo.
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O atributo de “amplitude instantânea” provou ser sensível às variações de amplitude
causadas pelo contraste eletromagnético (EM) entre as rochas em profundidade (Fig. 8), que
podem estar relacionados a mudanças litológicas bruscas entre rochas adjacentes (Chopra e
Mafurt, 2005). Os depósitos tempestíticos são representados por reflexões mais intensas, ou
seja, maiores amplitudes, resultado dos fortes contrastes EM do meio, implicando que esse
tipo de rocha tem composição heterogênea, pois se trata de um calcário impuro. Já nos
microbialitos acontece o inverso, suas reflexões são menos intensas, ora ausentes, e seus
valores de amplitude são menores, pois há pouco ou nenhum contraste EM nesse meio, o que
implica num tipo de rocha mais homogênea.
Desta forma, este atributo permitiu uma melhor individualização da colônia
microbialítica, destacada pela baixa concentração de energia EM expressa por baixos valores
de amplitude (região onde predomina as cores quentes). Também foi possível contemplar o
seu limite de crescimento (região que circunda a colônia, representadas por cores frias) onde é
possível observar áreas com valores maiores de amplitude.
Figura 8: Nesta figura pode se observar a seção GPR com aplicação do atributo de “amplitude instantânea”. O
atributo realçou a colônia de microbialitos devido ao seu padrão de assinatura distinto.
Atributo de energia
O “atributo de energia” é calculado a partir da razão entre a soma dos quadrados das
amplitudes e o número de amostras, dentro de uma janela de tempo específica. A partir das
variações de amplitude, esse atributo permite realçar refletores com baixas e altas energias
(Fig. 9A), apresentando um resultado semelhante ao atributo de amplitude instantânea, porém,
além da individualização da colônia microbialítica, esse atributo proporcionou uma melhor
visualização da laminação interna desse corpo microbial, que representa suas colunas. A cor
vermelha representa áreas de alta energia e a cor preto e cinza, áreas de baixa energia. Esse
contraste é explicado pela distinção do padrão das assinaturas GPR para as rochas
tempestíticas e para os microbialitos. Como os microbialitos são de natureza homogênea, não
há contraste significativo de propriedades eletromagnéticas, implicando em amplitudes mais
baixas (ou seja, baixa energia), enquanto que nos tempestitos ocorre exatamente o contrário
(alta energia), por se tratar de um calcário com siliciclásticos e, consequentemente, de
natureza heterogênea.
Outra técnica utilizada foi a combinação do atributo “traço de Hilbert” com outros
atributos. O “traço de Hilbert” atribui algoritmos que revelam um aspecto de pseudo-relevo
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nas seções, muitas vezes, realçando elementos não observados com apenas um atributo
inserido.
A partir disso, a primeira combinação (“traço de Hilbert com energia”) contemplou não
apenas o contato do microbialito com os depósitos tempestíticos, mas também a estrutura
interna da colônia microbialítica (Fig. 9B). O limite de crescimento da colônia foi melhor
realçado quando comparado a aplicação do “atributo de energia” isoladamente, por exemplo.
Por outro lado, as laminações internas do microbialito ficaram mais evidentes apenas com a
aplicação do “atributo de energia”. Para complementar a interpretação, foi elaborado um cubo
de energia que realça e individualiza a região onde encontra-se o microbialito, evidenciado
por zonas claras de baixa energia (Figura 10).
Figura 9: (A) “Atributo de energia”. Esse atributo realçou melhor as laminações internas do microbialito; (B)
Atributo “traço de Hilbert com energia”. Esse atributo mostrou um realce mais significativo do limite de crescimento da colônia microbialítica do que o “atributo de energia” isolado.
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Figura 10: Cubo de energia 3D elaborado para realçar a assinatura GPR da colônia microbialítica (linha
tracejada).
Atributo de similaridade
O atributo de similaridade faz parte de uma classe de atributos relacionados à geometria
dos refletores e realçam características geométricas do dado sísmico/GPR. Trata-se de uma
forma do “atributo de coerência”, o qual caracteriza o quão dois ou mais traços são similares
entre si (Chopra, 2001).
Este atributo é também denominado “multi-traço”, que representa as propriedades de
similaridade do dado atuando em cada traço individualmente. O cálculo desse atributo
abrange um conjunto de traços referentes a um padrão de vizinhança em relação a um traço
central. Existem diversos padrões para calcular o “atributo de similaridade”, o padrão adotado
neste trabalho faz parte da extensão (disponível no software OpendTect) “todas as direções”.
As regiões de cores mais claras expressam alta similaridade entre os refletores, enquanto
que as regiões mais escuras são traduzidas como zonas de baixa similaridade. A partir disso, é
possível realçar a fronteira entre tempestitos e microbialito (áreas mais escuras, ou seja, baixa
similaridade e maior heterogeneidade), que representa um local não similar à vizinhança
(Figura 11A).
Nas porções da seção onde se encontram os tempestitos, existem zonas escuras e claras.
As zonas escuras implicam em áreas não similares, o que se deve ao fato das rochas
tempestíticas serem internamente heterogêneas. Já na porção onde ocorre o microbialito, é
possível observar em sua maioria zonas mais claras (similares), tendo em vista que são rochas
internamente mais homogêneas que os tempestitos.
Atributo traço de Hilbert
O “atributo traço de Hilbert”, pertencente a classe dos atributos instantâneos, é um
atributo que leva em consideração a parte imaginária do traço sísmico/GPR complexo, sendo
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assim, podendo ser computado a partir do traço sísmico/GPR real por meio da Transformada
de Hilbert. Tanto o traço real, quanto o imaginário, possuem o mesmo espectro de amplitude.
A combinação do “atributo traço de Hilbert” com outros atributos revela um aspecto de
pseudo-relevo as seções, muitas vezes, realçando elementos não observados com apenas um
atributo inserido.
Essa metodologia, também conhecida como Volume de Amplitudes, foi desenvolvida por
Bulhões (1999). Para o Volume de Amplitudes, é necessária a escolha da janela de tempo
relacionada ao comprimento de onda do dado sísmico/GPR que se quer investigar.
A combinação “traço de Hilbert com similaridade” (Figura 11B) apresenta resultado
semelhante à seção onde apenas o “atributo de similaridade” foi aplicado, ainda que neste
último o realce da estrutura interna do microbialito e a fronteira com os depósitos
tempestíticos tenham ficado mais evidentes.
Figura 11: (A) “Atributo de similaridade”. Esse atributo realçou a fronteira entre a colônia microbialítica e os
depósitos tempestíticos; (B) Atributo “traço de Hilbert com similaridade”. Esse atributo realçou a estrutura interna da colônia microbialítica.
Modelagem 3D
A partir das linhas GPR processadas convencionalmente, foi possível obter um modelo
digital 3D no software Surpac 6.6.2, o qual é específico para a modelagem geológica. Este
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software permitiu criar um volume virtual da colônia microbialítica a partir dos refletores que
delimitam sua estrutura externa por meio de strings (linhas), tanto nas seções GPR de direção
“x”, quanto nas de direção “y”, que foram interpoladas e originaram o modelo tridimensional
apresentado na Figura 12A. Também foram delimitadas superfícies internas que
correspondem à laminação da colônia, a qual apresenta um padrão montiforme (Figura 12B).
A partir da elaboração do modelo 3D foi possível parametrizar os dados geofísicos
(Figura 12C), obtendo-se os seguintes valores:
Eixo maior = 7,5 m;
Eixo menor = 5,5 m;
Espessura máxima = 2,5 m;
Volume = 43 m³;
Área superficial total = 85 m².
Figura 12 – (A) Representação do modelo digital 3D da colônia de microbialitos originado a partir de strings
(linhas) em sucessivas seções GPR; (B) Laminação interna do microbialito e (C) Parametrização da colônia. Eixo
“Y” em todas as imagens representa o norte geográfico.
Com isso, é possível afirmar que a confecção de um sólido 3D, a partir das interpretações
geofísicas, permite parametrizar a colônia microbialítica.
CONCLUSÕES
O dado GPR mostra duas assinaturas distintas para a área de estudo: uma delas com
baixos valores de amplitude (refletores de menor intensidade, com geometria montiforme),
associada à radarfácies microbialítica. Já o outro padrão de assinatura revela refletores de
maior intensidade, em sua maioria plano-paralelos, que expressam regiões de alta amplitude,
referente à radarfácies tempestítica.
A aplicação de algoritmos matemáticos (atributos) aos dados GPR permitiram identificar,
em escala decimétrica, os limites de crescimento do microbialito imageado, além de realçar
sua geometria interna (laminação). Os atributos relacionados à amplitude (“mplitude
A B
C
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instantânea”, “energia” e “traço de Hilbert com energia”) permitiram identificar duas áreas
que correspondem a duas repostas eletromagnéticas distintas: Regiões de baixas amplitudes e,
consequentemente, baixas energias foram identificadas como zonas onde aflora o
microbialito; regiões de altas amplitudes e energias foram identificadas como rochas
tempestíticas. O “atributo de energia”, no entanto, conseguiu realçar melhor a estrutura
interna da colônia microbialítica, enquanto que a combinação desse atributo com o atributo
“traço de Hilbert”, realçou os limites de crescimento da colônia e sua fronteira com os
depósitos tempestíticos. O “atributo de similaridade” também conseguiu realçar a fronteira
entre a colônia microbialítica e os depósitos tempestíticos, bem como a laminação interna da
colônia. Já com a combinação “traço de Hilbert com similaridade”, essas feições não ficaram
tão evidentes, ainda que tenha conseguido inferir um contraste de similaridade.
A interpretação das seções GPR a partir da aplicação de atributos mostra um melhor
resultado do que o processamento convencional. O sólido 3D construído a partir dessas
interpretações permite parametrizar a colônia microbialítica, projetando um modelo geológico
real das colônias da área de estudo.
A metodologia abordada nesta pesquisa, envolvendo a aplicação de atributos aos dados
GPR, permitiu realçar características do microbialito que foram pouco observadas no dado
original. Portanto, pode ser utilizada em outros contextos geológicos semelhantes (aflorantes
ou não-aflorantes).
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a DGB Earth Sciences Company pela licença acadêmica do
software OpendTect 6.0.0 e à Companhia de Petróleo Brasileira (Petrobras) pelo apoio
financeiro ao projeto Sismocarbo. RSL e FPLM agradecem também a concessão da bolsa de
estudos pela Petrobras através do Programa de Recursos Humanos (PRH) – 229 da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
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6. CONCLUSÕES
A modelagem 3D com os dados GPR e a aplicação de atributos geofísicos permitiram
uma melhor individualização da geometria externa do microbialito imageado, assim como
realçou os refletores que definem a laminação interna do corpo microbial no afloramento da
Fazenda Arrecife (BA). Nas condições encontradas no afloramento, a interpretação com uso
de atributos mostrou um resultado melhor do que uma interpretação baseada em dados GPR
com processamento convencional, permitindo uma definição geométrica mais aproximada da
forma externa das colônias e também dos refletores que mostram os limites de crescimento
das mesmas, uma vez que os atributos acabam realçando as assinaturas dos alvos de
investigação, facilitando a projeção das bioermas em subsuperfície. Pode-se afirmar também
que a interpretação das seções GPR a partir da aplicação de atributos mostra um melhor
resultado do que o processamento convencional e que o sólido 3D construído a partir dessas
interpretações permite parametrizar a colônia microbialítica, projetando um modelo geológico
real das colônias da área de estudo.
Nas seções GPR foi possível identificar a radarfácies microbialítica “M” e a radarfácies
tempestítica “T”. A primeira é identificada pelas baixas amplitudes e pelo aspecto dômico dos
refletores (geometria montiforme) que está relacionado ao arranjo de suas colunas. Possui
terminações laterais que truncam os refletores adjacentes, marcando os limites de crescimento
das colônias. Já a radarfácies relacionada aos tempestitos apresentam baixa complexidade,
podendo ser resumidas como refletores plano-paralelos, porém, apresentando alguma
ondulação. Tal padrão de refletores é compatível com a estratificação plano-paralela
dominante nos tempestitos. Essa radarfácies possui refletores mais intensos do que a
radarfácies microbialítica, podendo indicar uma heterogeneidade maior em relação a esta
última.
O levantamento de seções colunares e de perfis radioativos na Fazenda Arrecife permitiu
caracterizar com mais detalhe a estrutura interna dos microbialitos, diferenciando-os de
acordo com a largura de suas colunas. Também foi possível interpretar a variação
granulométrica dos grainstones tempestíticos e a concentração de lâminas e estilólitos
fosfáticos ferruginosos que ocorrem nas rochas do afloramento. Desta forma, foi possível
identificar 4 associações de fácies: fácies microbialíticas MCme, MCm e MCma,
diferenciadas pelo arranjo de suas colunas e pelos padrões de assinaturas radioativas. Estas
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fácies não podem ser associadas à radarfácies “M”, pois esta última foi classificada com
respeito à geometria externa das colônias microbiais, e não a estrutura interna das suas
colunas. Outra associação de fácies interpretada durante a descrição geológica é a fácies
tempestítica Cahm, a qual pode ser facilmente associada a radarfácies tempestítica “T”.
Com o estudo petrográfico, foi possível identificar a presença de minerais como limonita
e/ou siderita (explicando a presença de ferro nas amostras), o que corrobora com a
interpretação das análises químicas. As análises químicas realizadas identificaram a presença
de elementos químicos (Fe e P), que constituem os níveis estilolíticos presentes nas rochas do
afloramento, justificando assim o contraste eletromagnético nos dados GPR e que geram
reflexões importantes nos radargramas.
A aplicação de algoritmos matemáticos (atributos) aos dados GPR permitiram identificar,
em escala decimétrica, os limites de crescimento do microbialito imageado, além de realçar
sua geometria interna (laminação). Os atributos relacionados à amplitude (Amplitude
Instantânea, Energia e Traço de Hilbert com Energia) permitiram identificar duas áreas que
correspondem a duas repostas eletromagnéticas distintas: Regiões de baixas amplitudes e,
consequentemente, baixas energias foram identificadas como zonas onde aflora o
microbialito; regiões de altas amplitudes e energias foram identificadas como rochas
tempestíticas. O atributo de Energia, no entanto, conseguiu realçar melhor a estrutura interna
da colônia microbialítica, enquanto que a combinação desse atributo com o atributo Traço de
Hilbert, realçou os limites de crescimento da colônia e sua fronteira com os depósitos
tempestíticos. O atributo de Similaridade também conseguiu realçar a fronteira entre a colônia
microbialítica e os depósitos tempestíticos, bem como a laminação interna da colônia. Já com
a combinação Traço de Hilbert com Similaridade, essas feições não ficaram tão evidentes,
ainda que tenha conseguido inferir um contraste de similaridade.
A metodologia abordada neste trabalho, envolvendo a aplicação de atributos aos dados
GPR, permitiu realçar características do microbialito que foram pouco observadas no dado
original. Portanto, pode ser utilizada em outros contextos geológicos semelhantes (aflorantes
ou não-aflorantes). A construção de um modelo 3D da colônia microbialítica e sua
parametrização também pode ser aplicada a outras colônias microbialíticas.
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