III Encontro de Extensão da UFCG

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III Encontro de Extensão da UFCG Contextualização Histórica da Extensão e seus reflexos na sociedade brasileira Introdução Em 1987 o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão definiu extensão como “um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade”. Em 1995 o Programa de Fomento à Extensão Universitária (PROEXE) define os objetivos da Extensão Universitária. Em 1968, Paulo Freire escreveu um livro intitulado “Extensão ou Comunicação?” onde faz uma profunda análise sobre o termo Extensão. Percebendo sua relação significativa no “campo associativo”, com o termo transmissão, lhe faz críticas. Historia da Extensão Em 1269 a Extensão teve inicio no Mosteiro de Alcabaça, em Portugal. Posteriormente sendo adotado pelos colégios religiosos, que criam a ordem dos jesuítas. Sendo essa a forma como a Extensão chegou a América Latina ainda no período colonial. Em 1867 a Extensão Universitária – já com essa denominação – teve sua primeira experiência, que ocorreu na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, pois com o advento da Revolução Industrial, as Universidades percebem a necessidade de responder as novas demandas sociais, passando a preocupar-se com a prestação de serviços que deveriam oferecer as comunidades. Em 1862 o congresso americano aprova a lei “Justin Smith Morril”, que cede terrenos públicos aos Estados e Territórios para a instalação de escolas de agricultura e

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III Encontro de Extensão da UFCG

Contextualização Histórica da Extensão e seus reflexos na sociedade brasileira

Introdução

Em 1987 o Fórum Nacional de Pró-Reitores de Extensão definiu extensão como “um processo educativo, cultural e científico que articula o ensino e a pesquisa de forma indissociável e viabiliza a relação transformadora entre a Universidade e a Sociedade”.

Em 1995 o Programa de Fomento à Extensão Universitária (PROEXE) define os objetivos da Extensão Universitária.

Em 1968, Paulo Freire escreveu um livro intitulado “Extensão ou Comunicação?” onde faz uma profunda análise sobre o termo Extensão. Percebendo sua relação significativa no “campo associativo”, com o termo transmissão, lhe faz críticas.

Historia da Extensão

Em 1269 a Extensão teve inicio no Mosteiro de Alcabaça, em Portugal. Posteriormente sendo adotado pelos colégios religiosos, que criam a ordem dos jesuítas. Sendo essa a forma como a Extensão chegou a América Latina ainda no período colonial.

Em 1867 a Extensão Universitária – já com essa denominação – teve sua primeira experiência, que ocorreu na Universidade de Cambridge, na Inglaterra, pois com o advento da Revolução Industrial, as Universidades percebem a necessidade de responder as novas demandas sociais, passando a preocupar-se com a prestação de serviços que deveriam oferecer as comunidades.

Em 1862 o congresso americano aprova a lei “Justin Smith Morril”, que cede terrenos públicos aos Estados e Territórios para a instalação de escolas de agricultura e mecânica. Logo após foram criadas as Escolas Superiores Rurais ou Universidades Rurais.

Os países da América Latina foram influenciados pela extensão dos Estados Unidos e implantaram um modelo de Extensão Universitária Técnica associada a programas de desenvolvimento.

O Brasil também segue este modelo com a criação da Escola Superior de Lavras (1921) e a de Viçosa (1926).

Em meados do século XIX, surgem na Inglaterra, as Universidades Populares, que foram reconhecidas como forma de Extensão Universitária, mas que foi bastante criticada pelo operariado.

As Universidades Populares irradiarem-se a para outros países da Europa, entre eles Espanha, com destaque para a Universidade de Oviedo, que foi de fundamental importância para o extensionismo latino-americano, pois por meio de seus dirigentes e docentes, se criou o extensionismo na Argentina, onde surge o conceito de Extensão Universitários do movimento Córdoba, em que os universitários ocupam e assumem o poder na Universidade Católica.

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Entre 1914 e 1917 funcionou no Brasil a Universidade Popular da Universidade Livre de São Paulo, de orientação positivista.

Em 1940 surgem no Brasil as primeiras Universidades na concepção do Movimento Córdoba. Tendo seu momento de maior expressão, na década de 60, quando a União Nacional dos Estudantes cria o Centro Popular de Cultura – CPC, que teve sua trajetória interrompida pelo Golpe Militar de 1964.

A década de 60 e parte da década de 70 foram anos de ditadura militar na América Latina, onde os Movimentos Estudantis foram duramente combatidos.

Extensão Rural no Brasil

É um processo cooperativo, baseado em princípios educacionais, que tem por finalidade levar, diretamente, aos adultos e jovens do meio rural, ensinamentos sobre agricultura, pecuária e economia doméstica, visando modificar hábitos e atitudes da família, no aspecto técnico, econômico e social, possibilitando-lhe maior produção e melhorar a produtividade, elevando-lhe a renda e melhorando seu nível de vida.

A Extensão Rural tem sua origem nos Estados Unidos, após a Guerra de Secessão (1861 a 1865).

Em 1914 o governo americano oficializou o trabalho da Extensão Rural. O modelo americano ficou conhecido como “modelo clássico” e foi implantado nas regiões consideradas subdesenvolvidas após a Segunda Guerra Mundial.

Em 1948, com o apoio econômico das organizações americanas, criam-se serviços governamentais de Extensão Rural no Brasil com o nome de ACAR – Associações de Crédito e Assistência Rural, sob a lógica do desenvolvimento urbano-industrial, para que o setor agrícola pudesse dar suporte ao crescimento industrial.

Em um primeiro momento que vai até 1960, o extensionismo caracterizou-se como assistencialismo familiar. A partir do Golpe Militar de 1964, se seguiram 20 anos onde todas as práticas públicas foram articuladas sob a lógica difusionista e modernizadora. Subordinando o setor agrícola às cadeias agroindustriais.

Na década de 70, criou-se a Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural (EMBRATER) e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA).

Em 1984 no final da Ditadura Militar a extensão rural brasileira começou a experimentar novos rumos, devido à reorganização dos movimentos sociais e sindicais.

Em 1985 inicia-se o período de “repensar a extensão”, baseada na proposta de Paulo Freire.

Em 1990 o governo Fernando Collor extingue a EMBRATER. Dando prosseguimento a sue política neoliberal, a Extensão Rural foi diminuída e desmotivada.

Educação para os povos do campo

No século XVIII, a idéia de alfabetização geral do povo, não era cogitada pela maioria dos filósofos e pensadores.

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No século XIX, a maioria dos camponeses não conhecia as técnicas sociais básicas (ler, escrever, contar).

Movimentos sociais de resistência no campo

Desde a colonização, as relações sociais de produção foram marcadas pela exploração dos trabalhadores, restando a estes lutar por melhores condições de vida.

Em 1955 surgem ligas camponesas, motivadas pela luta por direito a terra. Em 1964 o Regime Militar, temendo uma revolução comunista, pois fim aos movimentos camponeses.

Vinte anos depois rebrotam diversos outros movimentos sociais no campo brasileiro (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra – MST, Via Campesina, Comissão Pastoras da Terra – CPT, Movimento dos Pequenos Agricultores – MPA, Movimento dos Atingidos por Barragens, Movimento dos Sem Teto, entre outros).

Considerações Finais

As instituições governamentais responsáveis pelas atividades de extensão deixam muito a desejar, optando pelo modelo difusionista e produtivista.

Tornou-se imprescindível a construção de outro modelo de educação, extensão e produção agrícola, baseada na agroecologia.

Em 2003 surgem no Estado do Paraná às escolas e cursos técnicos em agroecologia. Sendo uma parceria entre a Escola Técnica da Universidade Federal do Paraná e os movimentos sociais.

Atualmente existem oito cursos de agroecologia no Estado do Paraná.