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II Simpósio de Ciências Biológicas
Universidade Católica de PernambucoRecife - Pernambuco
23 a 27 de agosto de 2010
SESSÃO TÉCNICA PAINEL
QUARTA-FEIRA, 25/08/2010 das 16h50min às 17h50minSalão Receptivo – UNICAP
21 - APROVEITAMENTO DE MACRÓFITAS COMO ADUBO ORGÂNICO: UMAALTERNATIVA ECOLÓGICA A IMPACTOS AMBIENTAIS OBSERVADOS EMECOSSISTEMAS AQUÁTICOS, NO MUNICÍPIO DE GRAVATÁ – PERNAMBUCO
Daniele Siqueira da Silva1, Paula Regina Fortunato do Nascimento1
1Graduanda do Curso de Licenciatura Plena em Biologia das Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA); 2Faculdades Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA).
RESUMO
Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira
significativa em função de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades
antrópicas. Como umas das consequências principais tem-se a eutrofização artificial
(enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrientes, principalmente fósforo e
nitrogênio). Em tais condições, é freqüente o surgimento de macrófitas aquáticas de forma
excessiva. São vegetais visíveis a olho nú, abrangendo desde macroalgas até as
angiospermas e caracterizam-se por terem elevada taxa de produção primária. Grandes
quantidades são retiradas de açudes de abastecimento público no Município de Gravatá,q ç p p
simplesmente descartadas, sem nenhum tipo de utilização. Como alternativa ecológica, foi
testado o uso das macrófitas SalviniaAubl.e Myriophylum L. como adubo orgânico, no
cultivo de milho.
Palavras-chave: Plantas aquáticas; açudes; fertilizante orgânico.
198
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1. INTRODUÇÃO
O crescimento das cidades nas últimas décadas tem sido responsável pelo aumento da
pressão das atividades antrópicas sobre os recursos naturais. Nas últimas décadas, os
ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira significativa em função de
múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas, tais como mineração;
construção de barragens e represas; lançamento de efluentes domésticos e industriais
não tratados; desmatamento e uso inadequado do solo. Como conseqüência destas
atividades, tem-se observado uma expressiva queda da qualidade da água e perda de
biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e
alteração da dinâmica natural das comunidades biológicas (GOULART & CALLISTO,
2003).
Os rios, considerados como ambientes lóticos e açudes e/ou reservatórios, como lênticos,, ç , ,
são coletores naturais das paisagens, refletindo o uso e ocupação do solo de sua
respectiva bacia. Nestes ambientes é possível observar, infelizmente, grandes impactos
causados por processos degradadores em função das atividades humanas, dentre eles
destacam-se o assoreamento, diminuição da diversidade de hábitats e microhábitats e
eutrofização artificial (enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrienteseutrofização artificial (enriquecimento por aumento nas concentrações de nutrientes,
principalmente fósforo e nitrogênio). Em tais condições, consideradas como adversas, é
freqüente o surgimento de macrófitas aquáticas (GUIMARÃES et al, 2003).
As Macrófitas aquáticas são vegetais visíveis a olho nú, abrangendo desde macroalgas
até as angiospermas, caracterizam-se por serem um tipo de vegetação com elevada taxa
de produção primária sendo consideradas base da cadeia alimentar. Representam um
grupo muito relevante na composição de ecossistemas aquáticos continentais, pois são
responsáveis por uma significativa parcela na estocagem de energia e ciclagem da
matéria orgânica. Destacam-se, também, como local de substrato para a microbiota
aderida, de abrigo, de reprodução e de fonte de alimento para diversos animais
199
favorecendo uma maior diversidade local (ESTEVES, 1998; PADIAL & THOMAZ, 2006;
DIBBLE & THOMAZ, 2006; BOSCHILIA et al., 2006).
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Segundo Noernberg, Novo & Krug (1999), apesar da reconhecida importância ecológica
das comunidades de plantas aquáticas, nestes ecossistemas, a proliferação excessiva
desses vegetais, inclusive em alguns locais são consideradas como verdadeiras plantas
daninhas. Esse crescimento excessivo resulta em inúmeros problemas para os múltiplos
usos da água. Dentre eles, podem ser citados a obstrução do fluxo da água, o aumento
da evaporação, o impedimento da navegação, a restrição de alguns tipos de pesca, a
alteração da qualidade da água devido ao excesso de biomassa e conseqüente redução
do teor oxigênio da água, proliferação de vetores de doenças, entre outros.
De acordo com Moura et al, 2009, dentre as formas de manejo que tem sido propostas
para minimizar os impactos ambientais causados por esta vegetação, destacam-se o
controle mecânico, químico e biológico, já que a maioria, das espécies não podem ser
totalmente combatidas. Na especificação de cada um desses controles temos o seguinte:p ç g
o mecânico é mais oneroso e com eficiência em curto prazo; no químico, é usado
herbicida, porém aqui no Brasil só existe apenas um legalmente registrado e autorizado
para o uso em corpos hídricos, porém apresenta restrições de uso, pelo fato de não se
conhecer os impactos ambientais e para as espécies não-alvo; e por fim o biológico,
sendo considerado o mais recomendável principalmente por utilizar espécies animaissendo considerado o mais recomendável, principalmente por utilizar espécies animais
herbívoras.
Tradicionalmente quando os açudes e ou reservatórios são “limpos” (ocorre a retirada das
macrófitas), é praticamente impossível, eliminar por completo a presença das mesmas. E,
a grande dúvida por parte de proprietários de terras a margem de tais ecossistemas é o
que fazer com o material retirado. Uma das alternativas de uso seria a incorporação ao
solo, como adubação orgânica. Na tentativa de minimizar os impactos ambientais em
ecossistemas aquáticos, especificamente Açudes que servem para abastecimento público
no Município de Gravatá – Pernambuco, comprometidos pelo excesso de macrófitas
aquáticas, o presente trabalho teve como objetivo testar o uso da referida vegetação
200
como adubo orgânico, usando o milho como cultura-teste.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
2. MATERIAL E MÉTODOS
A utilização das macrófitas aquáticas Salvinia sp e Myriophylum sp como adubo orgânico
foi testada, em um experimento montado na Casa de Vegetação das Faculdades
Integradas de Vitória de Santo Antão (FAINTVISA) - PE, com início em 22 de Maio de
2010, tendo duração de 30 dias. Foram testados treze tratamentos, com quantidades
variáveis de 0 a 40 t.ha-1 de Salvinia sp e Myriophylum sp seca, picada e adicionada ao
solo. Os tratamentos foram distribuídos da seguinte forma: um controle (sem adubo-
esterco ou macrófitas), quatro quantidades de Salvinia e Myriophylum sp (10t.ha-1, 20t.ha-
1, 30t.ha-1 e 40t.ha-1) e quatro de esterco bovino (10t.ha-1, 20t.ha-1, 30t.ha-1 e 40t.ha-1),
num total de 45 potes.
As espécies de macrófitas utilizadas foram coletadas no Açude José Honorato (coleta de
Myriophylum sp) (Fig. 1) e Açude Simplício (coleta de Salvinia sp) (Fig. 2), situados noy p y p) ( g ) ç p ( p) ( g ),
Sítio Limeira a 13 km do Centro do Município de Gravatá – PE, os quais são usados como
reservatórios de abastecimento público, pela população circunvizinha. O solo utilizado na
montagem do experimento foi um solo arenoso, pobre, proveniente de áreas próximas
aos açudes, coletado em 16 de maio de 2010, mais especificamente do local onde
posteriormente serão montadas parcelas para confirmação dos resultados obtidos destaposteriormente serão montadas parcelas para confirmação dos resultados obtidos, desta
vez em campo. A cultura utilizada foi o milho com sementes compradas no comércio local.
Para montagem do experimento, foram adicionados 800g do solo por pote, que
receberam a quantidade de adubo correspondente ao seu tratamento (20g, 40g, 60g e
80g). Logo após, foram plantadas cinco sementes em cada pote a aproximadamente 1cm
profundidade. Posteriormente, os potes foram irrigados com cerca de 5% do seu peso em
água, o que corresponde em média entre 200-300ml de água. Os potes foram sendo
regados diariamente, tendo-se o cuidado de não ultrapassar a capacidade do pote, de
modo a não ocorrer lixiviação. Após dez dias de desenvolvimento do experimento foi
realizado o transplante e/ou retirada das plantas em excesso, ficando apenas três
201
exemplares por pote.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Como parâmetro avaliativo da eficiência dos tratamentos, foi determinada a medição da
altura das plantas, sendo realizada, inicialmente com dez dias de experimento e as
demais foram feitas a cada 5 dias. Além da obtenção da biomassa produzida ao final do
experimento, no momento de desmonte aos 30 dias. A partir dos resultados obtidos, foram
confeccionados gráficos e comparados por tratamento.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Figura 01- Vista geral do Açude José Honorato,localizado no Sítio Limeira a 13 km do Centrodo Município de Gravatá – PE.
Figura 02 - Vista geral do Açude Simplício,localizado no Sítio Limeira a 13 km do Centro doMunicípio de Gravatá – PE.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Três dias após plantadas as sementes, começaram a surgir as primeiras plantas de milho.
A partir do quinto dia começaram a abrir as primeiras folhas. Na primeira medição não
houve diferenças entre os tratamentos quanto ao crescimento, possivelmente devido as
plantas ainda estarem utilizando as reservas nutritivas da sementes. Na segunda e
terceira medições, observou-se que durante esse período as plantas já começaram a
responder aos diferentes tratamentos, apresentando variações na altura dos exemplares,
desenvolvimento e coloração das folhas.
Analisando comparativamente a produção de biomassa obtida durante o experimento,
observou-se um pico maior de produção das plantas de milho cultivadas com
202
Myriophylum sp, com o tratamento de 20g por pote. Nos tratamentos de 60g e 80g por
pote respectivamente, registrou-se maior acúmulo de biomassa com o tratamento do
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
esterco. Percebeu-se também que as macrófitas utilizadas, têm um poder competitivo
com o esterco bovino, exibindo valores muitos próximos (Fig. 03). A adubação orgânica
com esterco bovino é uma prática milenar, tendo perdido prestígio com a introdução da
adubação mineral, em meados do século 19, e retomado a importância, nas últimas
décadas, com o crescimento da preocupação com o meio ambiente, com a alimentação
saudável e com a necessidade de dar um destino apropriado às grandes quantidades
produzidas em alguns países (Blaise et al., 2005; Salazar et al., 2005). A incorporação ao
solo de restos vegetais também tem longa tradição na agricultura (Sampaio & Salcedo,
1993; Gava et al., 2005). Resultados promissores também foram obtidos por (Sampaio et
al 2007; Sampaio & Oliveira, 2005), os quais analisaram a eficiência do uso da macrófita
aquática Egeria densa como adubo orgânico, proveniente de reservatórios hidroelétricos
de Paulo Afonso – BA. Os tratamentos com Salvinia como adubo apresentaram ump
melhor crescimento do que os tratamentos com Myriophylum e muito próxima dos valores
obtidos com esterco (Fig. 04, 05 e 06), demonstrando que realmente pode ser testado
como alternativa para adubação orgânica.
12
14
4
6
8
10
12
es terco
S alvinia
Myriophyllum
0
2
testemunha 20g 40g 60g 80g
Figura 03 - Biomassa (g de peso fresco) obtida pelas plantas de milho, emcada um dos tratamentos, ao final do experimento (desmonte aos 30dias).
203
)
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80
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40
50
60
70
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Figura 04 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas esterco.
0
10 dias 15 dias 20 dias 25 dias 30 dias
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Figura 05 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas com a macrófita aquática Myriophyllum sp.
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70
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Figura 06 - Análise do crescimento das plantas de milho (Zea mays L.)cultivadas com a macrófita aquática Salvinia sp.
0
10 dias 15 dias 20 dias 25 dias 30 dias
Es cala de Tem po
C
4. CONCLUSÃO
Os testes iniciais com as macrófitas aquáticas estudadas como adubo orgânico,
demonstraram resultados promissores. É necessário que haja repetição dos experimentos
ainda em casa de vegetação, e extrapolação do uso em maior escala (campo). Dessa
forma pode-se num futuro próximo estimular o aproveitamento por parte dos pequenos
produtores local, o uso de um material até então tratado apenas como lixo, ao mesmo
tempo em que manterá ou diminuirá os impactos ambientais dos referidos ecossistemas
aquáticos. Além disso, alguns trabalhos já estudaram a eficiência com que os nutrientes
dos adubos orgânicos são usados pelas principais culturas aqui do nosso País, porém
com o uso de plantas aquáticas ainda é muito escassocom o uso de plantas aquáticas ainda é muito escasso.
5. REFERÊNCIAS BLAISE, D.; SINGH, J.V.; BONDE, A.N.; TEKALE, K.U. & MAYEE, C.D. Effects of
farmyard manure and fertilizers on yield, fibre quality and nutrient balance of rainfed cotton(Gossipium hirsutum). Biores. Technol., 96:345- 349, 2005.
205
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GUIMARÃES, G.L.; FOLONI, L.L.; PITELI, R.; MARTINS, A.T. Planta Daninha, v.21,p.37-42, 2003.
MOURA, M.A.M.; FRANCO, D.A.S.; MATALLO, M.B. Manejo Integrado de Macrófitasaquáticas. Biológico, v.71, nº.1, p.77-82, 2009.
NOERNBERG, M.A.; NOVO, E.M.L.M.; KRUG, T. Aplicação de sistemas radar nomonitoramento de infestações de plantas aquáticas em reservatórios: vantagens elimitações. Boletim Ciências Geodinâmica, Curitiba, v. 5, p.41-54, 1999.
PADIAL, A.A.; THOMAZ, S.M. Effects of flooding regime upon the decomposition ofEichhornia azurea (Sw.) Kunth measured on a tropical, flow-regulated floodplain (Paranáriver, Brazil). In: River Research and Applications. v. 22, p. 791-801, 2006.
SALAZAR, F.J.; CHADWICK, D.; PAIN, B.F.; HATCH, D.; OWEN, E. Nitrogen budgets forthree cropping systems fertised with cattle manure Biores Technol nº 96 p 235 245three cropping systems fertised with cattle manure. Biores. Technol., nº 96, p.235-245,2005.
SAMPAIO, E.V.S.B. & SALCEDO, I.H. Mineralização e absorção por milheto do nitrogêniodo solo, da palha de milho-(15N) e da uréia-(15N). Revista Brasileira de Ciências doSolo, nº 17, p.423-429, 1993.
SAMPAIO, E.V.S.B.; OLIVEIRA, N.M.B. Aproveitamento da macrófita aquática Egeriadensa como adubo orgânico. Planta Daninha, v.23, n.2, p.169-174, 2005.densa como adubo orgânico. Planta Daninha, v.23, n.2, p.169 174, 2005.
SAMPAIO, E.V.S.B.; OLIVEIRA, N.M.B.; NASCIMENTO, P.R.F. Eficiência da adubaçãoorgânica com esterco e com Egeria densa. Revista Brasileira de Ciências do Solo. Nº.31, p.995-1002, 2007.
206
22 - MICROALGAS (CHLOROPHYTA, CYANOPHYTA E HETOROKONTOPHYTA)ASSOCIADAS À TARTARUGA DE PENTE (Eretmochelys imbricata) NO LITORAL DEIPOJUCA-PERNAMBUCO – BRASIL
Gustavo Valença Vasconcelos Corrêa¹; Sílvio Mário Pereira-Filho²; Arley Candido da Silva³; Getúlio Amaral4 ; Carina Moura5; Vivian Chimendes da Silva Neves6
¹Biólogo pesquisador da ONG Ecoassociados, PE 09 km 0 Galeria Espaço Arena, sala 03,Porto de Galinhas -Ipojuca - PE – Brasil. Pós-Graduando da UFRPE (Universidade FederalRural de Pernambuco) em Recursos Pesqueiros e Aquicultura. [email protected].²Pós-Graduando em tecnologia ambiental pelo ITEP (Instituto de Tecnologia dePernambuco). [email protected]; ³Diretor Presidente da ONG Ecoassociados. E-mail:[email protected]; 4Discente do Departamento de Estatística, UFPE@ ; p ,(Universidade Federal de Pernambuco), ONG [email protected]; 5Graduanda em Ciencias Biológicas - Bacharelado,UFRPE, ONG Ecoassociados. [email protected]; 6Graduanda em CiênciasBiológicas - Bacharelado UPE, ONG Ecoassociados. [email protected]
RESUMO
Objetivou-se, nesta pesquisa identificar espécies de microalgas fixadas ao casco das
tartarugas da espécie (Eretmochelys imbricata), com o propósito de esclarecer aspectos
ecológicos de seu hospedeiro tais como “população local”, uso do habitat e movimentos,
no litoral de Ipojuca-PE numa área monitorada de 14 km de praias. Esse local representa
uma importante área de desova de tartarugas marinhas, principalmente da espécie
(Eretmochelys imbricata), única analisada nesta pesquisa. Toda a cobertura algal do casco
foi coletada para obtenção do maior número de variaedades. Foram encontradas 12
espécies de microalgas distribuídas em três táxons, Chlorophyta, Cyanophyta e
Hetorokontophyta, sendo esta última a mais rica com nove espécies. Grande parte dos
gêneros de algas encontradas nas tartarugas são marinhas, de água salobra e doce, o que
207
g g g g
nos impede, ainda, de afirmar sobre quaisquer aspectos ecológicos de seus hospedeiros,
porém ressalta a importância de se preservar ainda mais estuários e regiões litorâneas do
qual são dependentes.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1. INTRODUÇÃO
Regiões litorâneas e seus ecossistemas aquáticos são considerados setores de alta
produtividade de perifíton. De forma geral, as algas são representantes da maior parte
dos componentes desse grupo e em alguns ambientes com 90% da produção primária
total (Moschini-carlos, 1999; Wetzel, 1990).
Wetzel (1983a) define perifiton como uma comunidade de microorganismos (algas,
bactérias, fungos e animais), detritos orgânicos e inorgânicos, aderidos a substratos
inorgânicos ou orgânicos, vivos ou mortos.
Ainda Wetzel (1983b) afirma que a produção dessa comunidade está diretamente
relacionada às características físicas (turbulência, tipo do substrato e área disponível,
temperatura da água e luz), químicas (concentração de oxigênio dissolvido e nutrientes
inorgânicos) e bióticas (condições do habitat e processos de competição).g ) ( ç p p ç )
As tartarugas marinhas são migradoras em potencial, funcionam como um substrato
orgânico vivo e por isso grande variedade de organismos epibiontes (algas epizóicas,
poliquetas, bibalves, cirrípedes, entre outros) são encontrados associados às tartarugas
marinhas no mundo (Frazier et al, 1992; Frick et al, 1998; et al, 2002; et al, 2004; Lozano
et al 2007; Scharer 2003) e no Brasil (Bugoni et al 2001; Loreto & Bandioli 2008;et al, 2007; Scharer, 2003) e no Brasil (Bugoni et al, 2001; Loreto & Bandioli, 2008;
Pereira et al, 2006).
No litoral de Ipojuca as espécies com ocorrências reprodutivas são a tartaruga de pente
(Eretmochelys imbricata), tartaruga oliva (Lepidochelys olivacea), a cabeçuda (Caretta
Caretta) e registros da tartaruga verde (Chelonia mydas) apenas com indivíduos mortos
ou debilitados (Ecoassociados, 2010. dados não publicados)
Em termos de quantidade, abundância e diversidade dos epibiontes, as espécies de
tartarugas marinhas Caretta Caretta e Eretmochelys imbricata são as mais ricas (Scharer,
2003; Frick et al, 2003a). Dentre os fatores que influenciam esta diversidade estão o
comportamento da espécie, uso do habitat, algumas características individuais, além das
208
influências ambientais favoráveis para a comunidade epibiótica como corrente,
temperatura, salinidade, entre outros (Stamper et al, 2005).
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Esta comunidade tem sido usada como ferramenta para compreender a ecologia do
hospedeiro (Frazier, 1992) seu habitat (Caine, 1986) e movimentos (Eckert & Eckert
1988).
Neste estudo objetivou-se qualificar as espécies de microalgas associadas ao casco das
tartarugas e a sua relação ecológica interespecífica.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi consolidado no litoral de Ipojuca-PE, com o apoio integro da ONG
ecoassociados, nas praias de Porto de Galinhas, Merepe, Cupe, Muro alto, Maracaípe e
Pontal de maracaípe, que representam uma importante área de desova de tartarugas
marinhas, principalmente da espécie Eretmochelys imbricata (tartaruga de pente).
O monitoramento foi realizado diariamente de 19/12/10 à 09/01/10, em 14 km de praias, p
no período da noite e início da manhã, durante a maré seca usando um bugre (veículo).
Constatou-se a presença do animal através de seu rastro (semelhante à marca de um
pneu de trator) ou quando simplesmente avistados.
As coletas das microalgas e a biometria de quatro tartarugas da espécie (Eretmochelys
imbricata) foram feitas no momento após a desova durante seu trajeto natural de voltaimbricata) foram feitas no momento após a desova durante seu trajeto natural de volta
para o mar, usando uma espátula e uma fita métrica respectivamente. Apenas o casco foi
analisado neste trabalho.
Toda a cobertura algal possível de cada indivíduo foi coletada, as amostras foram
conservadas em vidros com formol a 3% e posteriormente analisadas no ITEP (Instituto
de tecnologia de Pernambuco) e confiadas à coleção da instituição. Não houve uma
padronização na coleta das amostras sendo possível apenas uma avaliação qualitativa
das espécies encontradas.
Para que as tartarugas fossem amostradas apenas uma vez foram tiradas várias fotos do
casco, cabeça, nadadeiras, com objetivo de individualizar tais animais através da
209
quantidade e disposição dos cirrípedes (cracas) associados.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas3. RESULTADOS E DISCUSSÃONo atual estudo foram encontradas 12 espécies de microalgas (Quadro 1) distribuídas em
três táxons Chlorophyta Cyanophyta e Heterokontophyta sendo 1 2 e 9 o número detrês táxons Chlorophyta, Cyanophyta e Heterokontophyta. sendo 1, 2, e 9 o número de
espécies, respectivamente (Figura 1). Não houve relação positiva entre o tamanho do
casco e o número de espécies de microalgas, sendo a média CCC (comprimento
curvilíneo da carapaça) de 93,5 e 83,75 de LCC (largura curvilínea da carapaça).
Microalgas da Ordem pennales ocorreram em todas as amostras, seguido de Lyngbia sp.,
Cocconeis sp., Guinardia deticatula, Coscinodiscus centrales e Lioloma sp. aparecendo
em três das quatro amostras, as espécies Oscillatoria sp., Licmophora sp., Nitzschia cf.
longíssima, Pleurosigma gyrosigma, Pseudonitzschia subcurvata em metade das amostra.
Microalgas das famílias Chlorophyceae, Cyanophyceae, Isogeneratae, Rhodophyceae,
foram encontradas por Frick et al(2003a) analisando a espécie Caretta Caretta no oceano
atlântico. Em outro trabalho realizado pelo mesmo autor Frick et al (2003b) analisando
tartarugas de pente encontrou apenas três espécies de algas associadas.
Não se tem registro de nenhum trabalho envolvendo especificamente as microalgas
associadas aos cascos das tartarugas marinhas da espécie Eretmochelys imbricata no
litoral de Pernambuco e talvez no Brasil. Sendo assim, as espécies de microalgas citadasg
acima funcionam, previamente, como registros inéditos destes epibiontes associados à
tartaruga de pente.
210
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Número de espécies por Táxon distribuídas em quatro amostras.
12
9
23456789
10
4. CONCLUSÃO
1
012
Chlorophyta Cyanophyta Heterokontophyta
Figura 1. Quantidades das espécies de microalgas distribuídas em três táxonsChlorophyta, Cyanophyta e Heterokontophyta encontradas no litoral de Ipojuca- PE.
A ocorrência de gêneros de microalgas marinhas, de água salobra e doce, e o pequeno
número de amostras, nos impedem de afirmar sobre aspectos ecológicos mais
específicos relacionados à tartaruga de pente. Porém, ressalta a importância da
descoberta dessas microalgas associadas aos cascos da espécie Eretmochelys imbricata
no litoral de Pernambuco para formação inicial de um banco de dados a fim de seno litoral de Pernambuco para formação inicial de um banco de dados a fim de se
caracterizar, no futuro, uma possível “população local” de tartarugas marinhas, além de
seus movimentos e uso do habitat.
5. REFERÊNCIAS Bugoni L Krause L Alemida A O Bueno A P Commensal Barnacles of Sea TurtlesBugoni, L., Krause, L., Alemida, A. O., Bueno, A.P., Commensal Barnacles of Sea Turtlesin Brazil. Marine Turtle Newsletter No. 94, 2001.
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Eckert, K.L. & S.A. Eckert. Pre-reproductive move-ments of leatherback sea turtles(Dermochelys coriacea) nesting in the Caribbean. Copeia 2: 400-406. 1988.
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212
23 - A BIODIVERSIDADE COMO ALIADA NA ELABORAÇÃO DA PROPOSTA DE UMJARDIM SENSORIAL PARA A UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO -MALVACEAE E ASTERACEAE
Maria Goreth Ferrão Castelo Branco1; Mário Guimarães da Silva Filho1; Hercília Maria Barbosa dos Santos1; Ana Lúcia Sabino1; Edja Lillian Pacheco1; Weber Melo1;
Laíse de Holanda Cavalcanti Andrade2
1Graduandos do Curso de Bacharelado em Ciências Biológicas, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE, 2Docente e Pesquisadora do Departamento de Botânica, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Pernambuco, Recife – PE.
RESUMO
Os jardins sensoriais podem se constituir importantes elementos de aprendizagem, de
convivência, de terapia e, principalmente, de inclusão social. Este trabalho, de cunho
didático, teve como objetivo indicar representantes das famílias Malvaceae e Asteraceae,
analisando-se e descrevendo-se 06 espécies conhecidas regionalmente, apresentando-se
as características que indicam seu uso em jardins sensoriais. Efetuou-se, ainda, uma
comparação da posição das famílias nas propostas do Angiosperm Phylogeny Group –
APG II e APG III. Foram estudados 12 representantes das famílias Malvaceae e
Asteraceae, sendo 06 deles coletados na Região Metropolitana do Recife, descritos,
dissecados, ilustrados e herborizados dentro do padrão adotado pelo herbário UFP.
Malvaceae encontra-se classificada na propostas do APG II e APG III como pertencente àsp p p
Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe Rosídeas,
Eurosídeas II e ordem Malvales. Asteraceae classifica-se, em APG II e APG III, como
integrante das Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe
Asterídeas, Euasterídeas II e ordem Asterales. A flora estudada apresentou características
sensoriais visuais táteis olfativas e gustativas e posicionamento indicado para áreas
213
sensoriais visuais, táteis, olfativas e gustativas, e posicionamento indicado para áreas
anteriores, periféricas e posteriores do Jardim sensorial proposto.
Palavras-chave: flora local; inclusão social; necessidades especiais
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1. INTRODUÇÃO
Os parques públicos e particulares, especialmente nos países desenvolvidos, têm se
tornado importantes locais de visitação, onde o homem moderno tem a possibilidade de
se reencontrar com a natureza. Observa-se, no entanto, que se conhece ainda muito
pouco sobre a vegetação mais adequada a se empregar na criação de projetos do
gênero, com capacidade de sensibilizar, de forma efetiva, os portadores de necessidades
especiais, principalmente levando-se em conta a grande diversidade de espécies vegetais
existentes no Brasil. Considera-se fundamental que as oportunidades oferecidas a essa
parcela da população, portanto, abranjam todas as áreas, tais como trabalho, educação,
saúde, lazer, esporte, entre outras (LEÃO, 2007).
Malvaceae é uma família que possui distribuição predominantemente pantropical,
incluindo cerca de 250 gêneros e 4200 espécies, sendo 400 dessas existentes no Brasil.g p ,
Diversos exemplares desse grupo apresentam interesse econômico e ornamental
(SOUZA & LORENZI, 2005).
Asteraceae é uma família com distribuição cosmopolita, representada em regiões
tropicais, subtropicais e temperadas. É a maior família dentre as Eudicotiledôneas,
incluindo cerca de 1700 gêneros e 24000 espécies com aproximadamente 2000 dessasincluindo cerca de 1700 gêneros e 24000 espécies, com aproximadamente 2000 dessas
ocorrendo no Brasil. Muitos de seus representantes são utilizados na ornamentação, na
alimentação e na medicina (SOUZA & LORENZI, 2005).
Este trabalho, de cunho didático, teve como objetivo indicar 12 representantes das
famílias Malvaceae e Asteraceae encontrados regionalmente, descrevendo-se e
herborizando-se 06 desses, apresentando-se as características que os qualificam para a
implantação de um Jardim Sensorial no campus da Universidade Federal de Pernambuco,
Recife, Pernambuco, Brasil. Durante a escolha das plantas a serem cultivadas, foi
avaliado a presença de características que ressaltem a percepção e estimulem os
sentidos e que principalmente atendam às necessidades de seus frequentadores.
214
Efetuou-se, ainda, uma comparação das posições das famílias estudadas nas propostas
do Angiosperm Phylogeny Group – APG II e APG III.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
De fundamental interesse público e acadêmico, este projeto pretende oferecer elementos
importantes de aprendizagem, recreação e inclusão social, proporcionando uma
integração da Universidade com a comunidade.
2. MATERIAL E MÉTODOS
O presente estudo foi realizado na Universidade Federal de Pernambuco, entre os meses
de março e junho de 2010. Foram selecionadas para o estudo apenas plantas
perfeitamente adaptadas às condições ambientais locais, e utilizados, como critérios de
representação, a forma, dimensão, textura, aspecto da folhagem, floração e frutificação
que sejam atraentes e estimulem os sentidos, possibilitando um desfrute dos espaços
ajardinados com segurança. Os vegetais que pudessem representar riscos à segurança
física e psicológica dos deficientes físicos (como plantas com espinhos ou acúleos, comp g ( p p ,
frutos grandes e pesados, raízes tabulares ou pneumatóforos e árvores de grande porte
com estruturas frágeis ou folhas muito volumosas) foram excluídos da seleção.
Foram estudados 12 representantes das famílias Malvaceae e Asteraceae, sendo 06
deles coletados na Região Metropolitana do Recife, descritos (estudo das características
morfológicas) dissecados (análise das estruturas) ilustrados (desenhos esquemáticosmorfológicas), dissecados (análise das estruturas), ilustrados (desenhos esquemáticos
empregados em taxonomia vegetal) e herborizados (prensagem, desidratação e
montagem da exsicata) dentro do padrão adotado pelo herbário UFP. Todos os espécimes
escolhidos para o estudo tiveram sua localização (posicionamento no jardim) e indicação
(características sensoriais) analisados.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Analisando-se a evolução histórica do paisagismo, verifica-se que as funções dos jardins
se modificaram ao longo do tempo, mas, de forma geral, no passado, não privilegiavam o
acesso e o desfrute pelas pessoas portadoras de deficiência (LEÃO, 2003).
215
Em relação à família Malvaceae, foram analisados o Hibisco-do-mangue (Hibiscus
tiliaceus), a Papoula (Hibiscus rosa-sinensis) e o Quiabo (Abelmoschus esculentus) e
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
citados o Cacau (Theobroma cacao), o Malvavisco (Malvaviscus penduliflorus) e a
Carolina (Pachira aquatica). As características sensoriais apresentadas e as áreas de
disposição correspondentes no jardim foram indicadas na Tabela 1.
a) Hibisco-do-mangue (Hibiscus tiliaceus): Planta terrestre, porte arbóreo, folhas
simples, com estípulas, alternas espiraladas, margem inteira, venação secundária
palmada, nervuras impressas em ambas as faces, cartáceas. Latescente. Inflorescência
terminal reduzida a uma única flor. Flores vistosas de cor amarela com máculas purpúreas
na base, diclamídeas, heteroclamídeas, actinomorfas, hermafroditas, pentâmeras, corola
dialipétala imbricada; cálice gamossépalo valvar; brácteas calicíneas vestigiais; androceu
com numerosos estames unidos em tubo (andróforo), anteras monotecas rimosas com
deiscência oblíqua, dorsifixas, extrorsas; ovário súpero, pentacarpelar, pentalocular,q , , ; p , p p , p ,
placentação axial, pluriovulado. Fruto esquizocarpo.
b) Papoula (Hibiscus rosa-sinensis): Planta terrestre, arbustiva, folhas simples com
margem serrada, estípulas presentes, peninérveas, alterna espiralada, membranácea.
Inflorescência axilar reduzida a uma única flor. Flores vistosas, diclamídea,
heteroclamídea pétalas vermelhas com margem ondulada actinomorfa hermafroditaheteroclamídea, pétalas vermelhas com margem ondulada, actinomorfa, hermafrodita,
pentâmera; Cálice gamossépalo, brácteas calicíneas, androceu com numerosos estames
unidos em tubo (andróforo); Corola dialipétala, 5 pétalas de cor vermelha; Ovário súpero,
pentalocular, pentacarpelar, pluriovular, placentação axial.
c) Quiabo (Abelmoschus esculentus): Planta terrestre, arbustiva, ramos com tricomas,
folhas simples, estípulas caducas, alternas, com margens serreadas, peninérveas,
membranáceas, com nervuras visíveis em ambas as faces. Inflorescência axilar reduzida
a uma única flor. Flores vistosas, diclamídeas, heteroclamídeas, brácteas calicíneas
vestigiais, actinomorfas, hermafroditas, pentâmeras; Cálice gamossépalo, corola
dialipétala, 5 pétalas de cor amarelo-parda, androceu com numerosos estames unidos em
216
um tubo (andróforo); Ovário súpero, pentacarpelar, pentalocular, placentação axial. Fruto
capsular cilíndrico.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
A família encontra-se classificada na proposta do APG II como pertencente às
Angiospermas, clado Eudicotiledôneas, Eudicotiledôneas Núcleo, classe Rosídeas,
Eurosídeas II, ordem Malvales, família Malvaceae, incluindo-se as famílias Sterculiaceae,
Tiliaceae e Bombacaceae, antes consideradas distintas. Atualmente, em APG III, há
também a inclusão de representantes das famílias Grewiaceae Byttneriaceaetambém a inclusão de representantes das famílias Grewiaceae, Byttneriaceae,
Dombeyaceae, Brownlowiaceae, Helicteraceae e Hibiscaceae, em função dos recentes
trabalhos em filogenia.
Segundo Julião & Ikemoto (s/d), as atividades realizadas pelos portadores de
necessidades especiais nos Jardins Sensoriais, como exercícios físicos, recreação e
contemplação da natureza, proporcionam uma riqueza de estímulos visuais, sonoros,
olfativos, táteis e sinestésicos. Além desses benefícios, especialistas e usuários ressaltam
que as atividades turístico-recreativas permitem, a esse público, a superação de seus
próprios limites, a promoção da auto-estima, da sua socialização, e de uma visão holística
sobre os espaços que compõem a cidade, facilitando a formação do sujeito, a
217
compreensão e a orientação espacial.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Dentre os representantes da família Asteraceae, foram analisados a Vedélia
(Sphagneticola trilobata), a Benedita (Zinnia elegans) e a Alegria-de-jardim (Bidens
sulphurea) e citados o Cravo-de-defunto (Tagetes erecta), o Crisântemo (Dendranthema
grandiflorum) e a Gérbera (Gerbera jamesonii). As características sensoriais apresentadas
e as áreas de disposição foram indicadas na Tabela 2.
a) Vedélia (Sphagneticola trilobata): Planta terrestre, herbácea, com folhas simples,
limbo dentado, peninérvea, opostas cruzadas, com textura membranácea, recoberta por
pêlos nas duas faces, brácteas. Inflorescência racimosa, capítulo, diclamídeas,
heteroclamídeas; flores do raio zigomorfas, unissexuada feminina, corola gamopétala,
ligulada, cálice modificado em papus, estigma bífido, ovário ínfero; flores do disco
actinomorfas, bissexuada, pentâmera, cálice em forma de papus, corola gamopétala,, , p , p p , g p ,
tubulosa; androceu com cinco estames, anteras sinânteras, rimosas, basifixas, introrsas,
filetes livres; estigma bífido, estiletes com ramos curtos cobertos por pêlos coletores,
ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado, placentação basal. Fruto aquênio.
b) Benedita (Zinnia elegans): Planta terrestre, herbácea, folhas simples, sem estípulas,
opostas com forma lanceolada nervura mediana textura áspera em resposta aos pêlosopostas, com forma lanceolada, nervura mediana, textura áspera em resposta aos pêlos
presentes ao longo da lâmina, sua folhagem pode apresentar cores vistosas além do
verde. Sua altura varia de 15 cm a 1 m. Flores pequenas reunidas em capítulos grandes
de cor vermelha. Flores diclamídeas, heteroclamídeas, sendo que as flores tubulosas são
actinomorfas, masculinas, com 5 pétalas e as flores liguladas zigomorfas e femininas
podem apresentar até 3 dentes na extremidade; cálice dialissépalo, corola gamopétala;
androceu com 5 estames, anteras unidas em tubo, introrsas; ovário ínfero, bicarpelar,
unilocular, com 1 óvulo por lóculo, placentação basal. Fruto aquênio.
c) Alegria-de-jardim (Bidens sulphurea): Planta terrrestre, herbácea, folha simples
recortada, sem bainha, sem estípula, sem látex, membranácea, oposta, peninérvea.
218
Inflorescência do tipo capítulo sendo as flores do raio unissexuadas, femininas, estéries,
diclamídeas heteroclamídeas, zigomorfas, corolas liguladas, gamopétalas, gamossépalas,
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
pentâmeras; dialicarpelar, ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado, placentação
ereta, e as flores do disco bissexuadas, diclamídeas heteroclamídeas, actinomorfas,
corolas tubulares, gamopétalas, gamossépalas, pentâmeras; androceu com 5 estames,
sinânteros, isostêmone; dialicarpelar, ovário ínfero, bicarpelar, unilocular, uniovulado,
placentação ereta, fruto aquênio.
Tanto em APG II quanto em APG III, a família encontra-se classificada como
Eudicotiledôneas, clado Euasterídea II e ordem Asterales.
Nos jardins sensoriais, deve-se enfatizar a utilização de espécies vegetais que se
destacam pela textura, perfume, forma das folhas, dos caules, das flores, dos frutos e das
sementes. Acredita-se que, de forma geral, a sensibilização das pessoas pela percepção
dos sentidos pode provocar mudanças de atitudes e comportamentos em relação à flora
(PREFEITURA MUNICIPAL DE BELO HORIZONTE, 2010).
Segundo o Ministério da Saúde, a inclusão prevê a modificação da sociedade para todos,
sem distinção de grupo, raça, cor, credo, nacionalidade, condição social ou econômica,
219
proporcionando o desfrute de uma vida com qualidade. Por meio dos relacionamentos
entre os indivíduos diferentes entre si é que se constrói e se fortalece a cidadania
(BRASIL, 2007).
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
4. CONCLUSÃO
Os estudos realizados durante o presente trabalho possibilitaram a obtenção de
informações sobre a percepção sensorial das espécies vegetais encontradas na
biodiversidade local, servindo, portanto, para embasar um plano de instalação de um
Jardim Sensorial na Universidade Federal de Pernambuco, a ser especialmente projetado
para atender às pessoas portadoras de necessidades especiais. As plantas cultivadas em
jardins sensoriais têm a função de avivar a percepção e estimular os sentidos
integradores, contribuindo, dessa maneira, para a integração de todos, sejam deficientes
ou não, e curando-os da cegueira vegetal, através de novos paradigmas relacionados
com a botânica.
5. REFERÊNCIASAPG (A i Ph l G ) A d t f th A i Ph l GAPG (Angiosperm Phylogeny Group). An update of the Angiosperm Phylogeny Groupclassification for the orders and families of flowering plants: APG III. Disponível em:http://www.mobot.org/mobot/research/apweb/welcome.html. Acesso em: 08 jul. 2010.
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220
24 - CONHECIMENTOS ANTERIORES E POSTERIORES DOS VISITANTES DOJARDIM BOTÂNICO DO RECIFE ACERCA DA MATA ATLÂNTICA, SUABIODIVERSIDADE E PRESERVAÇÃO DO MEIO AMBIENTE
Marília Cleide Tenório Gomes1,3,Amanda Lemos Rolin2,3, Dayvison Soares Ferreira1, Fernanda Cristina Gomes Lima1, Jessika Pereira de Oliveira1, Thiago Gutemberg Lopes de Oliveira4, Bruno Severo Gomes5g g p ,
1Graduando em Bacharelado em Ciências Biológicas; Universidade de Pernambuco- UPE2Graduando em Licenciatura em Ciências Biológicas, Universidade Católica dePernambuco – UNICAP, 3Estagiária do Jardim Botânico do Recife – JBR, 4AnalistaAmbiental do Jardim Botânico do Recife – JBR, 5 Departamento de Micologia, UniversidadeFederal de Pernambuco – UFPE
RESUMO
O jardim botânico do Recife, mantêm conservado um bosque de mata atlântica com
diversas espécies características e animais típicos. A educação ambiental é trabalhada
pelos profissionais desta instituição, através de trilhas ecológicas onde o conhecimento é
construído através do contato com o meio ambiente. A curiosidade em saber o quantoq
esses visitantes são impactados pelo conhecimento e como o conhecimento sobre a
natureza está distribuído na sociedade é o principal objetivo desta pesquisa. O estudo foi
realizado através da coleta de dados antes e depois das monitorias nas trilhas ecológicas.
As variáveis analisadas foram sexo, rede de ensino, nível de escolaridade e região onde
habitam Foi verificado que a maioria dos visitantes antes da monitoria estavamhabitam. Foi verificado que a maioria dos visitantes antes da monitoria estavam
classificados nos conceitos “regular e bom” e que após a monitoria todos alcançaram
médias maiores e conceito “bom e ótimo”, afirmando que de forma siguinificativa as
atividades contribuem para a formação consciente do visitante sobre o meio ambiente e
para a instituição, pois permitiu visualizar os pontos positivos e melhorar nos pontos
221
negativos, mostrando para a sociedade e para os órgãos regentes a importância do
investimento em educação ambiental.
Palavras-chave:. Educação Ambiental;Conscientização;Sustentabilidade.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
1. INTRODUÇÃO
O Brasil apresenta uma grande variedade de ambientes naturais, apresentando um
complexo conjunto de ecossistemas e uma significativa diversificação da fauna e da flora,
que fazem do País possuir a maior riqueza biológica do mundo (COPABIANCO, 2002).
No entanto, quando não existe um gerenciamento ambiental adequado, na utilização
desses recursos naturais, percebe-se a degradação ambiental dos mesmos, ocasionado
uma série de problemas, sendo um deles a perda da biodiversidade (RESENDE et al.,
2002).
Com isso, devido a destruição acelerada das florestas tropicais, grande parte dessa
biodiversidade está se perdendo, muito antes que se tenha um total conhecimento de sua
riqueza natural (BORÉM; OLIVEIRA-FILHO, 2002).
A Mata Atlântica é considerada como um dos mais ricos e mais ameaçados conjuntos deç j
ecossistemas em termos de biodiversidade do planeta. Pode ser considerada como um
mosaico diversificado de ecossistemas, apresentando estruturas e composições florísticas
diferenciadas, em função de diferenças de solo, relevo e características climáticas
existentes na ampla área de ocorrência deste bioma no Brasil, o que proporcionou uma
significativa diversificação ambiental e como consequência a evolução de um complexosignificativa diversificação ambiental e, como consequência, a evolução de um complexo
biótico de natureza vegetal e animal altamente rico (IBAMA, 2010).
O jardim botânico do Recife está situado no Km 7,5 Av. Getúlio Vargas BR 232, Recife –
PE. Foi criado em 1960, depois da reformulação do Parque zoobotânico do Curado que
era parte do Instituo de Pesquisa agropecuária do Nordeste. Hoje o local é subordinado à
prefeitura do Recife e a secretaria de meio ambiente. Ele abriga um bosque de mata
atlântica, que antes cobria todo o recife, e é responsável por uma boa parte das matas da
unidade municipal de conservação dos curados (RECIFE, 2010). A educação ambiental é
um dos principais recursos utilizados pelos profissionais que atuam no Jardim Botânico do
Recife. As trilhas ecológicas monitoradas por esses pesquisadores permitem um maior
222
contato dos visitantes com o meio ambiente havendo uma grandiosa troca de informações
entre o monitor e a população. O público que visita o Jardim Botânico é formado por
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
estudantes das escolas do Recife de rede públicas e privada, universidades,
pesquisadores autônomos e durante os finais de semana, por família (RECIFE, 2010). s.
Esta pesquisa teve como objetivo realizar uma prospecção do nível de conhecimentos
prévios e posteriores após visita monitorada no Jardim Botânico do Recife, verificando a
percepção dos visitantes sobre a mata conservada, sua biodiversidade e preservação do
meio ambiente.
2. MATÉRIAL E MÉTODOS
Foram entrevistados 144 visitantes durante dois meses de visitação. O instrumento de
coleta de dados constituiu-se de um questionário, com dez questões de múltipla escolha
com quatro (4) alternativas, com apenas uma resposta certa ou falsa e mais espaço pra
que o entrevistado pudesse expor a sua opinião sobre a instituição e a monitoriaq p p p ç
realizada. O questionário foi distribuído antes do início da trilha ecológica. O visitante
também deixou informações como idade, escolaridade, sexo, região onde habitava.
Dessa forma contribuindo para uma maior percepção de como o conhecimento sobre a
mata atlântica e sua biodiversidade está distribuído na sociedade.
Cada pergunta do questionário estava relacionada com as informações passadas e osCada pergunta do questionário estava relacionada com as informações passadas e os
temas tratados durante a monitoria, estes temas abordavam a conscientização acerca do
lixo e reciclagem, das espécies nativas, da influência do homem no meio ambiente, da
ecologia e dos órgãos responsáveis na preservação da fauna e flora da região. A
monitoria não se resumia aos temas do questionário, mas os que estavam presentes
eram de suma importância para que o visitante obtivesse essas informações básicas, pois
contribuiria para sua utilização no dia-a-dia e possibilitando o mesmo a lhe dar com as
situações adversas frente a possíveis eventos relacionados com a natureza.
Ao final da monitoria foi distribuído o mesmo questionário, com as mesmas questões. Os
visitantes que sentiram dificuldade no início já poderiam ser capazes de responder com
223
segurança cada uma das questões propostas.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Após a coleta de dados, foram levantadas através das correções das fichas as médias
aritiméticas dos 144 visitantes entrevistados, antes e após a monitoria, baseando-se em
valores que indicavam o nível de conhecimento e o aproveitamento das monitorias pelos
visitantes, foram constatados o grau de influência da educação ambiental sobre os
participantes. Esse valores são apresentados abaixo:
Analisando os participantes pelo sexo, foram entrevistados 73 visitantes do sexo feminino
e 71 do sexo masculino. Os questionários aplicados antes da monitoria para o sexo
feminino apontaram média de 5,91 e para o sexo masculino, média de 5,74. Indicando
que estes se encontravam numa faixa de aproveitamento “regular”. Após a monitoria a
média para o sexo feminino chegou a 7,20 e a masculina a 6,83. Alcançando o nível de
conhecimento “bom” para ambos.
224
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Foram avaliados os visitantes pela rede de ensino onde estes estavam inseridos
constatou-se que os estudantes da rede pública que totalizaram 85 visitantes se
Fígura 1. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânico do Recife-PE em relação ao sexo.
encontravam antes da monitoria na faixa de conhecimento “regular”, pois atingiram média
de 5,61 e depois da monitoria foram promovidos a conceito “bom” devido a média ter
aumentado para 6,89. Os 59 alunos da rede particular de ensino avaliados obtiveram
média de 6,10 anteriormente, sendo seus conhecimentos classificados como “bom” e
posteriormente atingiram média de 7,30 permanecendo na mesma situação de iníciog
podendo ser visto uma melhoria pelo aumento da pontuação, assim como os de rede
pública, que conseguiram subir o patamar classificatório.
225
Fígura 2. Avaliação do conhecimento dos visitantes do JardimBotânico do Recife-PE por rede de ensino.
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
Os níveis de escolaridade dos visitantes também foram avaliados. Os 103 alunos de 1º
ano do ensino fundamental I ao 9º ano do ensino fundamental II obtiveram antes da
monitoria média de 5,22. Estudantes do 1º ao 3º ano que totalizavam 15 estudantes do
ensino médio atingiram média de 6,40 e os 26 alunos de ensino superior obteveram
média de 7,76. Todos sendo classificados no conceito “bom”. Ao final da visita os
estudantes secundaristas do ensino fundamental obtiveram média de 6,48 e os de ensino
médio 7,40, estando classificados ainda no conceito “bom” mas com uma melhoria
significativa de 1 a 1,26 pontos de aumento na média. Os de ensino superior obtiveram
um maior resultado, alcançando 9,23 e promovidos ao conceito “Ótimo”.
Avaliando os vistantes antes da concientização, a partir da região onde habitam foram
entrevistados 96 moradores da cidade do Recife que obtiveram média de 5,32. Os 20
Fígura 3. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânico do Recife-PE, em relação a escolaridade.
moradores do municipio de Jaboatão dos Guararapes, alcançaram média de 5,60. Os 14
visitantes de Olinda atingiram média de 7,64 e os 14 participantes de Paulista obtiveram
média de 7,30. Os moradores de Recife e Jaboatão se encontravam com conceito
“regular” enquanto os residentes de Olinda e Paulista possuiam conceito “bom”. Ao
término da visita os moradores de Recife se encontravam com média 6,66; os de
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Jaboatão 6,35, os dois deixando o nível de conheimento “regular” e conquistando o nível
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
de conhecimento“bom”; Olinda apermaneceu com o conceito “bom” mas com grande
crescimento na sua pontuação de 8,92 de média. Paulista adquiriu o conceito “Otimo”
atingindo a média de 9,15.
De todos os intrevistados 62,5% nunca haviam visitado uma área de proteção ambiental,
enquanto 37 5% já haviam visitado
Fígura 4. Avaliação do conhecimento dos visitantes do Jardim Botânicodo Recife-PE, por região de habitação.
enquanto 37,5% já haviam visitado.
3. CONCLUSÃO
O contato do homem com a natureza aguça o mesmo a querer ter sempre a beleza e os
benefícios que o meio ambiente proporciona para o ser humano. Isto foi visualizado na
maioria de todas as monitorias em trilhas ecológicas realizadas no tempo de pesquisa no
Jardim Botânico do Recife, onde os visitantes poderam se expressar por meio de cada
questionário aplicado e verbalmente. Muitos elogiaram o trabalho que estava sendo
realizado por parte da instituição e individualmente a cada monitor que transmitia o
conheimento.
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Os resultados apresentados mostraram que de uma forma significativa este tipo de
educação vem contribuindo com a formação das atitudes do ser humano frente a natureza
III Simpósio Nordestino de Ciências Biológicas
e seus problemas. É bem verdade que os principais meios de ensino como as escolas
não conseguem transmitir perfeitamente aos alunos a importância de se conservar e
preservar, bem como o respeito as diversas espécies do planeta. O contato direto com o
meio proporciona uma maior percepção de todas as catastrofes que estão ocorrendo no
mundo, e a importância de se conservar e preservar. O conhecimento das diversar formas
de vida que podem ser visualisadas nas trilhas bem como o e seu papel no ecossistema,
dispertou os visitantes a terem um maior respeito para com o ambiente.
Para a instituição os pontos positivos desta pesquisa, como um maior grau de
conhecimento adquirido pelos visitantes, incentivarão a continuidade do trabalho realizado
e os negativos, como a falta de percepção de alguns grupos avaliados, ajudará a
melhorar de forma o modo de transmissão desse conteúdo, mostrando aos órgãos
regentes a importância de continuar com o trabalho de eduação ambiental, para que og p ç , p q
principal objetivo, que é a conscientização ambiental, o conhecimento da mata atlântica,
que é característica desta região e o respeito à fauna e flora, seja passada com eficácia e
absorvida por cada um dos que visitarem esta reserva, deste modo colaborando com a
sobrevivência de muitas espécies do nosso ambiente e do planeta, bem como a
sustentabilidade e a garantia de vida de gerações futurassustentabilidade e a garantia de vida de gerações futuras.
5. REFERÊNCIAS CAPOBIANCO, J.P.R. Biomas Brasileiros. In: CAMARGO, A.; CAPOBIANCO, J.P.R.;OLIVEIRA, J.A.P. de, eds. Meio Ambiente Brasil – Avanços e Obstáculos pós-Rio – 92.São Paulo: Estação Liberdade: Instituto Socioambiental; Rio de Janeiro: Fundação GetúlioVargas, 2002.
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BORÉM, R.A.T.; OLIVEIRA-FILHO, A.T. Fitossociologia do estrato arbóreo em umatoposseqüência alterada de mata atlântica, no município de Silva Jardim-RJ, Brasil.Revista Árvore, v. 26, n. 6, p. 727-742, 2002.
IBAMA E i t B il i M t Atlâ ti B íli 2000 Di í l
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RECIFE. Jardim Botânico do Recife.Disponivel emhttp://www.recife.pe.gov.br/meioambiente/jb_apresentacao.php Acesso em: 29 jul. 2010.