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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN IDOSOS E COZINHAS DOMÉSTICAS: RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS E PROJETO CONCEITUAL DIRECIONADO A IDOSOS ACOMETIDOS PELA CHYKUNGUNYA Renan Sena de Castro e Silva Caruaru, 2016

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO

PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN

IDOSOS E COZINHAS DOMÉSTICAS: RECOMENDAÇÕES

ERGONÔMICAS E PROJETO CONCEITUAL DIRECIONADO A

IDOSOS ACOMETIDOS PELA CHYKUNGUNYA

Renan Sena de Castro e Silva

Caruaru, 2016

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Renan Sena de Castro e Silva

IDOSOS E COZINHAS DOMÉSTICAS: RECOMENDAÇÕES

ERGONÔMICAS E PROJETO CONCEITUAL DIRECIONADO A

IDOSOS ACOMETIDOS PELA CHYKUNGUNYA

Projeto de Graduação de Design apresentado

como requisito para obtenção do grau de

Bacharel em Design pela Universidade Federal

de Pernambuco, no Centro Acadêmico do

Agreste.

Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros

Caruaru, 2016

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Catalogação na fonte: Bibliotecária – Marcela Porfírio CRB/4 - 1878

S586i Silva, Renan Sena de Castro e.

Idosos e cozinhas domésticas: recomendações ergonômicas e projeto conceitual direcionado a idosos acometidos pela chykungunya em um estudo de caso. / Renan Sena de Castro e Silva. – 2016.

124f. : il. ; 30 cm. Orientador: Bruno Xavier da Silva Barros. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) – Universidade Federal de

Pernambuco, Design, 2016. Inclui Referências. 1. Decoração de interiores. 2. Idosos. 3. Ergonomia. I. Barros, Bruno Xavier da Silva.

(Orientador). II. Título.

740 CDD (23. ed.) UFPE (CAA 2016-291)

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO ACADÊMICO DO AGRESTE

NÚCLEO DE DESIGN E COMUNICAÇÃO

PARECER DE COMISSÃO EXAMINADORA DE DEFESA DE PROJETO DE GRADUAÇÃO EM DESIGN DE

RENAN SENA DE CASTRO E SILVA

IDOSOS E COZINHAS DOMÉSTICAS: RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS E PROJETO CONCEITUAL DIRECIONADO A

IDOSOS ACOMETIDOS PELA CHYKUNGUNYA EM UM ESTUDO DE CASO.

A comissão examinadora, composta pelos membros abaixo, sob a presidência do primeiro, considera o aluno RENAN SENA DE CASTRO E SILVA

APROVADO

Caruaru, 12 Dezembro de 2016.

_________________________________________________

Profº. Bruno Xavier da Silva Barros (Orientador).

_____________________________________________

Profº. Marcela Fernanda de Carvalho Galvão Figueiredo Bezerra (Membro Interno).

________ ____________________________________

Profª. Ademário Santos Tavares (Membro Externo).

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Dedico este trabalho a minha família, pai, mãe e irmão, que sempre me apoiaram

em toda minha vida e também nesta graduação, sem medir esforços.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer a Universidade Federal de Pernambuco, ao Reitor da

Universidade, a todo o núcleo de design, professores do curso e aos demais

funcionários do centro, por terem me dado toda estrutura e apoio para minha formação

e permanência no curso de Design.

Quero agradecer também ao professor Bruno Barros, por me orientar neste projeto,

e, além disso, contribuir para meu crescimento profissional e pessoal, se mostrando

muito prestativo e presente durante toda a realização do trabalho, pronto para me

orientar com qualquer dúvida.

Agradeço também a minha família, meu pai, minha mãe e meu irmão, que sempre me

apoiaram, e que me incentivam todos os momentos pra continuar e concluir o curso.

A minha querida amiga Joyce Barros, que frequentemente esteve presente para me

auxiliar quando necessário, através de seu conhecimento de softwares 2D, além de

grande incentivo.

Aos meus amigos, que sempre estão comigo me apoiando e me incentivando em

minhas decisões, e que me proporcionam alegria e várias formas de aprendizado

durante todo o tempo de curso.

A minha tia Onélia, por ser voluntária e me ajudando na pesquisa, concedendo sua

residência, sua imagem e também me acrescentando mais conhecimentos que

contribuíram bastante para a pesquisa.

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“Cada segundo é tempo para mudar tudo para sempre.”

-Charles Chaplin

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IDOSOS E COZINHAS DOMÉSTICAS: RECOMENDAÇÕES ERGONÔMICAS E PROJETO CONCEITUAL DIRECIONADO A IDOSOS ACOMETIDOS PELA CHYKUNGUNYA

RESUMO

A população idosa no mundo está aumentando cada vez mais com o avanço da

medicina, que vem trazendo mais qualidade de vida e longevidade para as pessoas.

Uma nova preocupação para esses idosos é a Chikungunya, enfermidade que

segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde) é uma doença infecciosa febril,

cujos sintomas são febre alta e intensas dores articulares. Essas Dores podem

permanecer por meses e até anos, principalmente em idosos, e desencadeiam e

potencializam problemas muitas vezes já existentes, como a Artrite Reumatoide.

Pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas graves da

doença, o que acontece mais facilmente em idosos. A população idosa está ficando

cada vez mais ativa, executando cada vez mais tarefas domésticas, por isso é

importante pensar em melhorar a qualidade do ambiente de execução dessas tarefas.

Esse trabalho teve como objetivo desenvolver o projeto conceitual de um ambiente de

cozinha residencial baseado nas necessidades e limitações do usuário idoso

acometido de chikungunya em um estudo de caso. Neste projeto foi utilizada a

Metodologia para Projetos de Construção Centrados no Ser Humano, proposta pelas

autoras Attaianese e Duca (2012), que subdivide-se em sete etapas onde cada uma

tem sua condução metodológica peculiar consoante com as orientações presenciais

para a condução do estudo. Os resultados mostraram um projeto conceitual do

ambiente de cozinha do estudo de caso, onde foram abordadas as limitações por parte

do usuário decorrentes do processo de envelhecimento e da Chikungunya, novos

parâmetros para projetos foram gerados, além de sugestões para estudos posteriores.

Palavras-chave: Idosos, ambientes planejados, Chikungunya

.

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ELDERLY AND DOMESTIC KITCHENS: ERGONOMIC RECOMMENDATIONS AND DIRECT CONCEPT TO OLD PEOPLE ASSIGNED BY CHYKUNGUNYA

ABSTRACT

The elderly population in the world is increasing more and more with the advancement

of medicine, which has brought more quality of life and longevity to people. A new

concern for these elderly people is Chikungunya, an illness that according to the World

Health Organization (WHO) is a febrile infectious disease whose symptoms are a high

fever and intense joint pain. These pains can remain for months to even years,

especially in the elderly, and trigger and potentiate problems that are often already

present, such as Rheumatoid Arthritis. People with chronic diseases are more likely to

develop severe forms of the disease, which happens more easily in the elderly. The

elderly population is becoming more and more active, performing more and more

domestic tasks, so it is important to think about improving the quality of the environment

to perform these tasks. This work aimed to develop the conceptual design of a

residential kitchen environment based on the needs and limitations of the elderly user

affected by chikungunya in a case study. In this project we used the Methodology for

Human-Centered Construction Projects, proposed by the authors Attaianese and Duca

(2012), which is subdivided into seven stages where each one has its own

methodological conduction according to the orientations for the conduct of the study .

The results showed a conceptual design of the kitchen environment of the case study,

which addressed the limitations on the part of the user due to the aging process and

Chikungunya, new parameters for projects were generated, as well as suggestions for

further studies.

Keywords: Elderly, planned environments, Chikungunya.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Aumento populacional de idosos........................................................ 27

Figura 2: Leiautes para cozinhas domésticas.................................................... 56

Figura 3: Imagem de Santa Cruz do Capibaribe................................................ 66

Figura 4: Fachada da residência........................................................................ 67

Figura 5: Cozinha objeto de estudo................................................................... 68

Figura 6: Tarefa de cozinhar.............................................................................. 73

Figura 7: Tarefa de lavar louça.......................................................................... 74

Figura 8: Tarefa limpeza cozinha 1.................................................................... 75

Figura 9: Tarefa limpeza cozinha 2.................................................................. 76

Figura 10: Tarefa limpeza cozinha 3.................................................................. 76

Figura 11: Tarefa refeições rápidas................................................................... 77

Figura 12: Tarefa guardar e retirar objetos dos armários superiores................. 78

Figura 13: Tarefa guardar e retirar objetos dos armários inferiores................... 79

Figura 14: Tarefa retirar alimentos na geladeira................................................ 80

Figura 15: Tarefa beber água............................................................................ 80

Figura 16: Tarefa organizar armários................................................................. 81

Figura 17: Tarefa abrir portas do mobiliário....................................................... 82

Figura 18: Tarefa posicionar garrafão de água.................................................. 83

Figura 19: Tarefa abrir janelas........................................................................... 84

Figura 20: Tarefa circulação no ambiente.......................................................... 85

Figura 21: Profundidades e circulação............................................................... 93

Figura 22: Alturas do mobiliário parede frontal.................................................. 94

Figura 23: Alturas do mobiliário parede direita.................................................. 95

Figura 24: Alturas do mobiliário parede esquerda............................................. 96

Figura 25: Envelope de alcance......................................................................... 96

Figura 26: Mecanismo deslizante dos armários superiores............................... 97

Figura 27: Cores da cozinha.............................................................................. 98

Figura 28: Parede lado direito............................................................................ 99

Figura 29: Parede lado esquerdo....................................................................... 100

Figura 30: Porta latas e garrafas........................................................................ 101

Figura 31: Puxadores......................................................................................... 101

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Figura 32: Gaveteiros......................................................................................... 102

Figura 33: Iluminação......................................................................................... 103

Figura 34: Iluminação do mobiliário................................................................... 103

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Expectativa de vida ao nascer da população brasileira - 2000/2060.......................................................................................................... 26 Quadro 2: Principais sintomas........................................................................... 40 Quadro 3: Sintomas causados pelo vírus da Chikungunya em dados quantitativos....................................................................................................... 43 Quadro 4: Verificação do espaço a partir da técnica de Walkthrough detalhado........................................................................................................... 71

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

AAS - Ácido Acetil Salicílico

ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas

AR - Artrite Reumatoide

AVDs - Atividades da Vida Diárias

CHIKV - Chikungunya

DI - Design de Interiores

DOU - Diário Oficial da União

EAC - Ergonomia do Ambiente Construído

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

NAFEM - Associação Norte-Americana de Equipamentos Fabricantes de Alimentos

OMS - Organização Mundial da Saúde

ONU - Organização das Nações Unidas

OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde

PCR - Tratamento da Parada Cárdio-Respiratória

PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNI - Política Nacional do Idoso

SBGG - Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

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SUMÁRIO

PARTE 1: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS

SEÇÃO 1: INTRODUÇÃO..................................................................................... 16

1.1. Justificativa.................................................................................... 19

1.2. Objetivos........................................................................................ 20

1.2.1. Objetivo geral........................................................................... 21

1.2.2. Objetivos específicos............................................................... 19

1.3. Metodologia Geral.......................................................................... 20

PARTE 2: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

SEÇÃO 2: O PÚBLICO IDOSO E SUAS LIMITAÇÕES........................................ 24

2.1. Gerontologia e geriatria................................................................. 25

2.2. Caracterização do idoso no Brasil................................................. 26

2.3. Aumento da população idosa no Brasil e mundo.......................... 27

2.4. Limitações e sinais do envelhecimento......................................... 29

2.5. Idosos e os riscos em domicílio..................................................... 32

2.6. Gerontologia ambiental e Idosos em ambientes residenciais........ 34

SEÇÃO 3: A CHIKUNGUNYA E SUAS SEQUELAS............................................ 38

3.1. Sintomas, sequelas e limitações causadas pela AR em idosos..... 39

3.2. Manifestações clínicas da Chikungunya......................................... 41

3.2.1 Fases da Febre Chikungunya.................................................... 42

SEÇÃO 4: DESIGN DE INTERIORES E COZINHAS DOMÉSTICAS.................. 47

4.1. Ambientes centrados no usuário.................................................... 49

4.1.1. Ambientes de cozinha e o uso pelo idoso................................ 51

4.2. Ergonomia no ambiente construído................................................ 53

4.3. Tipos de cozinha doméstica........................................................... 55

4.4. Projeto de cozinhas seguras.......................................................... 59

PARTE 3: ESTUDO DE CAMPO

SEÇÃO 5: PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS....................... 61

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5.1. Método de Abordagem................................................................... 62

5.2. Métodos de Procedimento.............................................................. 62

5.2.1. A Metodologia para Projetos de Construção Centrados no

Usuário...................................................................................................................

63

5.2.1.1. Briefing de Design.............................................................. 63

5.2.1.2. Perfis de Usuários e Grupos de Ajuste............................... 63

5.2.1.3. Análise da Tarefa................................................................ 64

5.2.1.4. Adaptação às Necessidades dos Usuários........................ 64

5.2.2.5. Primeiros Detalhes Arquitetônicos...................................... 65

5.2.1.6. Validação das Soluções de Design.................................... 65

5.2.1.7. Avaliação da Edificação em Uso........................................ 66

5.3. Apresentação do local do estudo de caso...................................... 66

SEÇÃO 6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................... 70

6.1. Briefing de Design........................................................................... 71

6.2. Perfis de Usuários e Grupos de Ajuste........................................... 72

6.3. Análise da Tarefa............................................................................ 74

6.3.1. Cozinhar.................................................................................... 74

6.3.2. Lavar louça............................................................................... 75

6.3.3. Limpar cozinha.......................................................................... 76

6.3.4. Preparar refeições rápidas (micro-ondas, liquidificador, etc) ...

6.3.5. Guardar e retirar objetos de uso e suprimentos nos móveis

inferiores................................................................................................................

78

79

6.3.6. Guardar e retirar objetos de uso e suprimentos nos móveis

inferiores................................................................................................................

79

6.3.7. Guardar e retirar alimentos na geladeira.................................. 80

6.3.8. Beber água............................................................................... 81

6.3.9. Organizar armários................................................................... 82

6.3.10. Abrir portas do mobiliário........................................................ 83

6.3.11. Limpar e posicionar garrafão de água no bebedouro............. 83

6.3.12. Abrir janela.............................................................................. 84

6.3.13. Circulação pelo ambiente da cozinha..................................... 85

6.3.14. Conforto ambiental.................................................................. 86

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6.3.15. Análise antropométrica da cozinha......................................... 87

6.4. Adaptação as necessidades dos usuários...................................... 89

6.4.1. Lista de Recomendações Ergonômicas................................... 91

6.5. Primeiros Detalhes Arquitetônicos.................................................. 94

SEÇÃO 7: CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................... 106

7.1. Conclusões acerca das limitações físicas identificadas no público

alvo........................................................................................................................

107

7.2. Conclusões acerca da aplicação metodológica.............................. 109

7.3. Conclusões acerca da proposta projetual resultante do estudo..... 110

7.4. Sugestões para estudos posteriores.............................................. 111

Referências............................................................................................................ 113

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SEÇÃO 1.

INTRODUÇÃO

A população idosa no mundo está aumentando cada vez mais, pois com o grande avanço da

medicina, que vem a desenvolver novas formas de curar e tratar algumas doenças, vem

aumentando a qualidade de vida e, consequentemente, a longevidade das pessoas. Nesta

seção será abordada a introdução deste trabalho, dispondo de uma breve

contextualização do tema proposto e, suas justificativas. Em seguida, os objetivos,

geral e específico, e a metodologia utilizada, contendo seus métodos, ferramentas e

amostragem, dando um norte de como seguirá o restante desse estudo.

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Os idosos tendem a apresentar capacidades regenerativas decrescentes, o que pode

levar, por exemplo, à síndrome da fragilidade, um processo de crescente

vulnerabilidade, predisposição ao declínio funcional e, no estágio mais avançado, a

morte. Ademais, mudanças físicas ou emocionais também podem comprometer a

qualidade de vida dessas pessoas, como a perda do tônus muscular, e também o

enfraquecimento dos ossos, pela falta de cálcio.

Uma nova preocupação para esses idosos é a Chikungunya, enfermidade que,

segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde, 2005), é uma doença infecciosa

febril, causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), que pode ser transmitida pelos

mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. Significa “aqueles que se dobram”.

Refere-se à aparência curvada dos pacientes que foram atendidos no início da

epidemia no mundo. Os sintomas são febre acima de 39 graus, de início repentino, e

dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e punhos. Pode

ocorrer, também, dor de cabeça, dores nos músculos e manchas vermelhas na pele.

Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas.

De acordo com os dados da OMS, o vírus pode afetar pessoas de qualquer idade ou

sexo, mas os sinais e sintomas tendem a ser mais intensos em crianças e idosos.

Além disso, pessoas com doenças crônicas têm mais chance de desenvolver formas

graves da doença, o que acontece mais facilmente em idosos. Até o momento não

existe um tratamento específico para Chikungunya, como no caso da dengue. As

Dores articulares podem permanecer por meses e até anos, principalmente em

idosos, que os sintomas se potencializam, além de que a Chikungunya pode

desencadear a Artirte Reumatóide (AR), e com isso suas limitações se prolongam por

longos períodos. Nos longevos, quando a infecção é associada a outros problemas

de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte.

Esta enfermidade foi selecionada neste estudo devido, também, ao fato da mesma

desencadear problemas permanentes em idosos, como a artrite reumatoide. A Artrite

Reumatoide (AR) é uma doença autoimune, com sua etiologia desconhecida, e é

caracterizada por poli artrite simétrica, que faz com que as articulações sofram

deformidades e se destruam, por conta do desgaste dos ossos e da cartilagem

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(BIASOLI, 2007; LIPSKI, 1998). É uma doença que passa a ser importante nesse

estudo por conta de seus sintomas, as sequelas que deixa e as limitações que causa.

A artrite reumatoide é aqui citada por ser uma doença que desencadeada pela

Chigungunya potencializando seus sintomas. Apoiados em Brasil (2015), é reforçado

que a principal manifestação clínica da Chikungunia é a ocorrência das fortes dores

nas articulações. Desta forma, considerar a AR como consequente agravante, trará

mais parâmetros para o desenvolvimento desse projeto, tornando a pesquisa mais

rica e fornecendo contribuições de maior relevância.

A OMS (2005), prevê que a população acima de 60 anos irá passar de 841 milhões

para 2 bilhões até 2050. Então será necessária a adaptação e/ou construção de várias

residências com foco no usuário idoso. É de extrema importância a adaptação do

ambiente residencial para o usuário idoso, melhorando cada vez mais a sua qualidade

de vida. Os idosos são uma parcela da população que tem papel importante na

economia do país, já que certos mercados, como o de medicamentos e geriatria, são

movimentados por este público.

Outro fator importante para os ambientes adaptados ao bem estar do usuário idoso

seria a sua grande participação em atividades domésticas, tais como cozinhar, lavar

e secar louças. É necessário que as condições ambientais possibilitem autonomia e

funcionalidade por parte desse usuário idoso, tornando possível a realização de sua

atividade. Muitas vezes esta autonomia não acontece, pois existem algumas

adversidades, tais como: degraus, uso de tapetes, pisos irregulares, má localização

dos móveis, e dos objetos que dificultam uma melhor utilização do ambiente.

Em relação a cozinhas planejadas para idosos, é necessária uma atenção especial,

pois devem ser levados em consideração todos os limites do usuário, como a perda

do tônus muscular, e a diminuição de sua capacidade motora, entre outros aspectos,

esses limites são intensificados em decorrência da enfermidade da Chikungunya.

Então, é preciso proporcionar um ambiente o confortável, onde o longevo possa

realizar suas tarefas de forma independente, sob princípios ergonômicos nos

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elementos do ambiente (desde o mobiliário, até pegas, puxadores, gavetas, entre

outros), mesmo com a situação adversa decorrente da enfermidade.

1.1. Justificativa

Com esses problemas causados por essa enfermidade, podemos pensar em

ambientes residenciais planejados. Principalmente nas localizações de móveis, para

melhor ajudar na circulação no ambiente, e também a localização dos objetos, pois é

recomendável dispor os mesmos por tamanho, peso, e frequência de uso. Em um

ambiente de cozinha isso é muito importante e fundamental, para melhor execução

da atividade com autonomia e da forma mais confortável possível.

São notáveis as vantagens de um ambiente de cozinha planejado, como: a otimização

do espaço, decorando o ambiente com módulos sob medida para qualquer espaço; a

sofisticação trazida pelo seu acabamento; a organização de um espaço sempre

organizado e bem arrumado; a padronização e possibilidade de personalização

representadas pelos planejados, e também as texturas perfeitas que possibilitam

grande valor estético, sem contar com a possibilidade de organizar o ambiente de

acordo com o usuário e suas atividades, em relação a tamanhos, formas, e

disposições dos módulos.

Esse trabalho apresenta um grande impacto social, pois ele é um estudo de

adequação de um ambiente para uma pessoa idosa, acometida de Chikungunya, o

que poderá vir a trazer, no futuro, parâmetros para novos projetos e recomendações

para ambientes ergonômicos para esse tipo de usuário. Fornecerá ainda melhorias na

qualidade de vida para essa parcela da população, que ainda necessita de mais

estudos realizados nessa área.

Esta pesquisa também apresenta impactos tecnológicos, tendo em vista que, para

esse novo projeto é necessário um estudo de vários tipos de aberturas, alturas,

disposições, pegas e outros parâmetros visando a melhoria do conforto. Deste modo,

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poderá vir a trazer avanços na parte de materiais, formas, estruturas e disposições

como recomendações, visando a construção de novos projetos.

Atrelado a estes aspectos, um impacto científico pode ser percebido, pois para

execução desse projeto são necessárias pesquisas e dados científicos baseados em

artigos, publicações científicas e autores de prestígio no meio acadêmico, trazendo

mais parâmetros e recomendações confiáveis para projetos futuros nessa área. Um

impacto econômico revela-se pela relação com o lucro que esse projeto pode vir a

trazer para a indústria. Com a concepção de novos projetos desenvolvidos e

planejados utilizando as recomendações desta pesquisa. Além disso, também tem

sua importância para o design, no sentido de orientação, pesquisa e consulta, a partir

de parâmetros e recomendações vistos nesse projeto.

1.2. Objetivos

Aqui serão estabelecidos todos os objetivos deste trabalho, desde o objetivo geral,

que abrange todo o projeto, até todos os objetivos específicos, que por sua vez, visam

especificidades acerca do projeto visando alcançar o objetivo geral.

1.2.1. Objetivo Geral:

Desenvolver o projeto conceitual de um ambiente de cozinha residencial baseado nas

necessidades e limitações do usuário idoso acometido de chikungunya em um estudo

de caso.

1.2.2. Objetivos Específicos:

Identificar subsídios acerca das limitações naturais decorrentes do processo de

envelhecimento.

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Identificar subsídios acerca das limitações decorrentes do vírus da chikungunya em

pessoas idosas.

Verificar a interação entre o idoso que sofre com a chikungunya e o ambiente da

cozinha do estudo de caso, em relação a alcances, inclinações, posturas, esforços,

atividades desempenhadas e riscos de lesão.

Estabelecer uma lista de requisitos para o projeto da cozinha do estudo de caso

visando sua adequação ao idoso com a enfermidade.

Identificar situações de risco de lesões causadas pelas atividades diárias no ambiente

de cozinha.

1.3. Metodologia Geral

Segundo campos de atuação básica, tem-se uma pesquisa aplicada, onde a ideia é

de construir um projeto de ambiente que possa funcionar na prática, e que seja

passível de aplicação em situações reais. De acordo com os resultados, a pesquisa é

projetual, pois se apresenta o projeto do ambiente planejado para o usuário específico

do estudo de caso e propõe-se parâmetros para novos projetos futuros.

Em relação a origem dos dados, a pesquisa realizada é empírica, onde os dados são

gerados pelo pesquisador, a partir da observação das atividades diárias no ambiente

de cozinha, realizadas pelo usuário do estudo de caso.

A pesquisa também é experimental, de acordo com os procedimentos empregados,

onde os dados serão gerados a partir da observação de uma lista de atividades pré-

definidas pelo pesquisador.

Também é uma pesquisa explicativa, onde após a observação dos fatos ocorridos nas

atividades diárias no ambiente de cozinha, serão descritos os fatos que aconteceram,

e explicados os motivos de seus acontecimentos, segundo seus objetivos.

Com base nos setores de conhecimento envolvidos, trata-se de uma pesquisa

interdisciplinar, pois são estudados campos de conhecimento como, ambientes

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planejados, ergonomia, e design de interiores, e também realiza estudos sobre a

Chikungunya, sobre o envelhecimento, onde todos esses trarão base para a

formulação de um projeto no final do trabalho.

Para a natureza dos dados, evidencia-se uma pesquisa objetiva, pois é analisada a

atividade do idoso enfermo com chikungunya, e discute-se, estabelecendo metas,

parâmetros, comparações, problemas, e soluções que ajudarão a dar continuidade no

projeto.

A pesquisa tem essência qualitativa no que diz respeito ao foco de interesse, pois

serão considerados aspectos com características de um caso específico. Segundo o

grau de generalizão dos resultados, é um estudo de caso, pois investiga exatamente

o ambiente de uma cozinha específica de um usuário real, visando sua adequação a

esse usuário.

Para a condução do estudo, algumas técnicas são utilizadas, como a pesquisa

bibliográfica, que será feita a partir de pesquisas em artigos, acadêmicos e científicos,

para melhor embasamento no estudo sobre ambientes planejados, design,

Ergonomia, gerontologia, e chikungunya.

Também expõe-se uma análise dos conteúdos abordados sobre design, ambientes

planejados, cozinhas domésticas, ergonomia, gerontologia e chikungunya. Que

ajudarão a identificar as interações entre o ambiente e o usuário do estudo de caso.

Serão definidos focos e elementos principais, para a execução do projeto no estudo

de caso.

O estudo dispõe ainda de entrevistas com usuário idoso do estudo de caso da cozinha,

além da observação do usuário idoso enfermo, executando suas atividades diárias no

ambiente de cozinha.

Utilizou-se alguns materiais para auxiliar na execução da pesquisa, tais como: papel

para desenhos, representações e anotações, lápis e caneta, para escrever;

Ilustrações, para verificações, embasamentos e analogias em geral; questionários e

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formulários, para obtenção de parâmetros que podem auxiliar posteriormente no

projeto. Também utilizou-se de livros de ergonomia e artigos para pesquisas e

consultas.

Além de trena, que será bastante necessária para medição dos espaços e alguns

objetos necessários para o estudo; máquina fotográfica, para obtenção de fotografias

do espaço de estudo; gravador, para captura de áudios de conversação e entrevista

com o usuário caso necessário; e também o uso de softwares em 2D e 3D, para

execução do projeto.

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SEÇÃO 2.

O PÚBLICO IDOSO E SUAS LIMITAÇÕES

Nesta nova seção será estudado o público idoso e suas limitações acerca do processo

natural de envelhecimento, trazendo as áreas da gerontologia e geriatria, e abordando

questões como a caracterização do idoso no Brasil, o aumento da população idosa no

Brasil e no mundo, além de suas limitações e sinais de envelhecimento. Também

serão abordados os riscos que os idosos correm em domicílio, e a gerontologia

ambiental e idosos em ambientes residenciais.

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O público idoso é uma parcela muito importante da população e merece muito a

atenção e apoio dos mais jovens. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS,

2005), idoso é todo o indivíduo com 60 anos ou mais. Para efeito de formulação

de políticas públicas, esse limite mínimo pode variar segundo a legislação de cada

país. A própria OMS reconhece que, qualquer que seja o limite mínimo adotado, é

importante considerar que a idade cronológica não é um marcador preciso para as

alterações que acompanham o envelhecimento, podendo haver grandes variações

quanto às condições de saúde, nível de participação na sociedade e nível de

independência entre as pessoas idosas, em diferentes contextos.

Nem sempre os idosos são totalmente dependentes ou independentes. Existem vários

níveis de dependência deste púbico, há idosos que são totalmente independentes,

pois estes conseguem fazer todas as suas atividades com total autonomia; por outro

lado existem outros dependentes, pois necessitam de ajuda de outras pessoas

(parentes ou cuidadores) para conseguir fazer suas atividades. Também existem os

idosos que dependem de outras pessoas apenas em algumas atividades do seu dia a

dia (IIDA,2005).

O público idoso merece muita atenção como foco de estudo, é um grupo crescente e

que necessita do amparo dos mais jovens, para assim manter e melhorar a qualidade

de vida. Para o estudo de idosos podemos contar com a área da gerontologia e da

geriatria como auxílio.

2.1. Gerontologia e geriatria

Para mais aprofundamento na área de estudo dos idosos, podemos contar com a

“gerontologia”, que segundo a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia

(SBGG) se caracteriza por ser o estudo do envelhecimento nos aspectos – biológicos,

psicológicos, sociais e outros. E segundo Papaléo Netto (2000, p.7) a Gerontologia é

caracterizada por ser uma “disciplina científica multi e interdisciplinar” que visa estudar

o processo de envelhecimento e aspectos do ciclo final de vida, a velhice, e seus

determinantes biopsicossociais e legais.

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Os profissionais da Gerontologia têm formação diversificada, eles interagem entre si

e com os geriatras. De acordo com a SBGG a gerontologia tem como objetivos, a

descrição e a explicação do processo de envelhecimento nos seus mais variados

aspectos. Na área profissional, visa a prevenção e a intervenção para garantir a

melhor qualidade de vida possível dos idosos até o momento final da sua vida.

A gerontologia vem sempre atrelada à geriatria, uma complementa a outra, mas,

segundo Papaléo Netto (2000), os estudos no campo da geriatria evoluíram mais

rapidamente que os da área da gerontologia, por se acharem apoiados na evolução

de diagnósticos e terapêutica, adquiridas com o avanço tecnológico. A Sociedade

Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) afirma que geriatria é a especialidade

médica com o instrumental específico para atender aos objetivos da promoção da

saúde, da prevenção e do tratamento das doenças, da reabilitação funcional e dos

cuidados paliativos. E também explicam que a geriatria a abrange desde promoção

de um envelhecer saudável, até o tratamento e a reabilitação do idoso.

2.2. Caracterização do idoso no Brasil

De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)

publicados no Diário Oficial da União (DOU) em 1° de Dezembro de 2014, a

expectativa de vida do brasileiro, ao nascer, é de 74,9 anos, se houver uma

comparação com a expectativa de vida nos últimos anos, nota-se que existe uma

tendência de crescimento anual nessa taxa. Segundo as publicações mais recentes

dessa expectativa, as pessoas com 80 anos no ano de 2014 ampliariam sua

expectativa de vida, ganhando mais 9,2 anos. De acordo com o IBGE, a população

brasileira com essa faixa etária deve passar de 14,9 milhões (7,4% do total), em 2013,

para 58,4 milhões (26,7% do total), em 2060. No caso, nesse período, a expectativa

média de vida da população brasileira deverá aumentar para 81 anos, conforme os

dados sistematizados no quadro a seguir.

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Quadro 1 - Expectativa de vida ao nascer da população brasileira - 2000/2060

Ano Expectativa de vida

2000 69,8 anos

2010 73,9 anos

2020 76,7 anos

2030 78,6 anos

2040 79,9 anos

2050 80,7 anos

2060 81,2 anos

Fonte: AFONSO, 2013.

De acordo com esse gradual avanço na expectativa de vida da população, podemos

encontrar algumas diferenças entre as ideias de classificação dessa população idosa.

Essa situação acontece porque existem algumas variações no conceito do que seria

o cidadão idoso. Nesse sentido, a Política Nacional do Idoso (PNI), Lei n.º 8. 842, de

4 de janeiro de 1994, e o Estatuto do Idoso, Lei n.º 10.741, de 1º de outubro de 2003,

definem como idoso o indivíduo com 60 anos ou mais.

A Organização Mundial de Saúde (2005) define como pessoa idosa aquele com 65

anos ou mais, em países desenvolvidos, e com 60 anos ou mais, em países em

desenvolvimento. Já para a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), é

importante reconhecer que a idade cronológica não é um marcador preciso para as

mudanças que acompanham o envelhecimento e que existem diferenças significativas

relacionadas ao estado de saúde, participação e níveis de independência entre

pessoas que possuem a mesma idade, como dito anteriormente.

2.3. Aumento da população idosa no Brasil e mundo

A população idosa no mundo está aumentando cada vez mais, pois com o grande

avanço da medicina, que vem a desenvolver novas formas de curar e tratar algumas

doenças, vem aumentando a qualidade de vida, e consequentemente a longevidade

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das pessoas. Existe em alguns países o Estatuto do Idoso, que promove direitos a

essa população que já tem idade avançada.

Por conta do aumento da população idosa, alguns países estão com sua população

envelhecendo, pois estudos mostram que o número de pessoas que chegam a

terceira idade cresce em ritmo mais acelerado do que o número de pessoas que

nascem, trazendo uma gama de situações que alteram a estrutura de gastos dos

países em várias áreas importantes no que diz respeito especialmente aos aspectos

de inclusão, acessibilidade e participação social do indivíduo idoso (FADIGATTI,

RIGOLINO, MEDOLA, PASCHOARELLII, 2015, p2).

O crescimento da população idosa no Brasil tem acontecido num ritmo consistente e

progressivo. De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD

2009, a população do país contava com cerca de 21 milhões de pessoas de 60 anos

ou mais de idade (IBGE, 2010).

Figura 1: Aumento populacional de idosos

Fonte: IBGE, projeções populacionais (revisão 2013)

De acordo com dados da ONU (2014), a parcela da população com 60 anos ou mais

deve triplicar até o ano 2050 fazendo com que a maioria dos países, inclusive o Brasil,

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adote novas políticas, pensando no bem estar da população que está nesta faixa

etária. É possível perceber o crescimento da população idosa entre homens e

mulheres, através do figura 1, acima.

2.4. Limitações e sinais do envelhecimento

Existem diversos conceitos sobre o envelhecimento, a maioria deles está apoiado no

argumento da idade fisiológica. Segundo Neri (2008, p.68), “o envelhecimento

compreende os processos de transformação do organismo que acontecem após a

maturação sexual e que implicam a diminuição gradual da probabilidade de

sobrevivência.” E já segundo Cunha e Neto, (2002) do ponto de vista biológico,

envelhecer é um processo de alterações morfológicas e funcionais do organismo a

medida que o tempo passa, e não apenas ficar velho.

A senescência é conhecida como o envelhecimento primário ou normal. E é nesta

fase que algumas alterações são facilmente verificadas, perdas graduais e

progressivas, das capacidades de adaptação, funcionais energéticas e biomecânicas,

redução de tolerância ao estresse físico e psicológico, além de perdas psicomotoras

e redução de auto-estima e motivação (NERI, 2008).

Além do envelhecimento primário (senescência), também existe o secundário ou

patológico, chamado de “senilidade”, que se caracteriza por alterações procedentes

de doenças associadas ao processo natural de envelhecimento, diferentemente das

modificações naturais desse processo (NERI, 2008), e que acarretam deficiência e,

consequentemente incapacidade, com a perda da autonomia, tornando assim o

indivíduo dependente de outras pessoas.

Então, diversos fatores que contribuem com a qualidade do nosso envelhecimento,

podem ser determinantes para o sucesso na qualidade de vida na velhice. Contribuem

na qualidade desse envelhecimento, como se observa a seguir (PAIVA, 2012):

Fatores internos ou individuais (biológicos, psicológicos e genéticos) – alguns hábitos

de vida podem exercer influência no aparecimento ou não de doenças ao longo da

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vida (PAIVA, 2012). Fatores externos (comportamentais, sociais e ambientais) –

aparecimento de fatores como depressão, ou fenômenos como solidão e isolamento

(PAIVA, 2012).

Com o avanço da idade, as pessoas vão começando a apresentar sinais, e perda de

capacidades regenerativas, além de limitações que vão aparecendo, esse é o

processo de envelhecimento fisiológico, que pode vir a trazer alguns impactos

negativos. Como rugas, manchas na pele, comprometimento visual e auditivo, perdas

de memória, perda de massa e redução do tônus muscular, perda de cálcio nos ossos,

perda de memória, rigidez articular e redução da amplitude de movimento, além de

alterações na marcha e no equilíbrio, que podem acarretar uma predisposição a

quedas, dores e incapacidade funcional (CLARES, FREITAS, BORGES, 2013; OMS,

2012).

Segundo PAIVA (2012), o corpo reflete várias alterações características por causa do

envelhecimento, tais como os cabelos brancos, calvície, compressão da coluna

vertebral com redução de estatura, aumento do diâmetro do crânio e do tórax, perda

de densidade óssea e massa muscular, entre outros.

No âmbito da saúde pública, o declínio da função visual dos idosos é fonte de

preocupação. A maioria dos idosos não se queixa da visão, mesmo que ela já esteja

se degradando, por considerarem como uma causa da idade avançada. O

comprometimento visual geralmente se define pela acuidade visual, que é parte da

visão funcional de um indivíduo. A acuidade visual é o parâmetro que expressa de

forma mais genérica a capacidade de discriminação de formas e contrastes, ou seja,

a capacidade de ver os detalhes, além de ser um método para se medir o

reconhecimento da distância entre dois pontos no espaço e da resolução de suas

respectivas imagens sobre a retina. A OMS utiliza a acuidade visual como critério para

definir o comprometimento visual, pois é o melhor valor que, sozinho, caracteriza a

perda visual (LUIZ, REBELATTO, COIMBRA, RICCI, 2009). É visto também, que a

perda dessa acuidade caracteriza-se pela perda de transparência no cristalino, e o

humor vítreo, fazendo com que os idosos precisem de uma iluminação mais intensa

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(IIDA, 2005). Uma bom recurso a ser utilizado é a diferenciação cromática para facilitar

a visualização dos elementos no ambiente (MOLINA, BRAIDA, ABDALLA, 2015).

Outro fator a ser observado é o manejo, que, resumidamente é o nome dado para a

ação de movimentar, adquirir ou acessar o funcionamento de um produto, pelo qual é

possível enviar movimentos de comando e controle na realização de atos. IIDA (2005)

descreve que a mão humana é um dos instrumentos mais versáteis, completos e

sensíveis, e que devido a sua mobilidade, é possível conseguir uma grande variedade

de manejos com variações de precisão e força. O manejo pode ser classificado em

fino e grosseiro.

Segundo IIDA (2005) o manejo fino também conhecido como de precisão, envolve

basicamente a ponta dos dedos, deixando o punho e a palma da mão parados. Os

movimentos são precisos e rápidos, porém não exigem muita força, mas é importante

observarmos, pelo fato da gradativa perda dessa habilidade, que o idoso vai sofrendo

com o passar do tempo, o que gera a necessidade de uma busca por soluções para

esse tipo de problema na concepção de projetos de produtos e ambientes.

O bem-estar da população idosa tem relação curta com o impasse entre as limitações

impostas pela idade elevada, e as potencialidades individuais que poderão ajudar no

convívio com as perdas adquiridas na velhice. O avanço da idade vem atrelado a

dificuldades para realizar algumas tarefas diárias, no contexto em que o idoso se

encontra inserido (PAIVA, 2012), então é necessário prezar pela qualidade de vida.

O nível de dependência do idoso é diretamente proporcional às mudanças físicas e

funcionais que acontecem no processo do envelhecimento: a estatura das pessoas

começa a diminuir gradativamente depois dos 50 anos. Os homens perdem 3cm até

os 80 anos, e as mulheres, 2,5cm. Contudo, é na antropometria dinâmica que ocorrem

as maiores e principais influências. Havendo uma redução dos alcances e da

flexibilidade, especialmente dos braços. Nesse caso, para o uso de dados

antropométricos tabelados, é necessário fazer algumas reduções tratando-se de

pessoas idosas. A força muscular começa a declinar significativamente após os 40

anos. Para o homem, a força máxima ocorre por volta dos 25 anos (100%) e ela se

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reduz a 95% aos 40, 80% aos 50 e 50% aos 60. Aos 50 anos, as mulheres conseguem

exercer aproximadamente a metade da força dos homens de mesma idade. Mesmo

assim, esse declínio não ocorre de forma igualitária em todas as partes do corpo. Os

menos afetados pela idade são os braços e as mãos, diferentemente do tronco e das

pernas que sofrem mais (IIDA, 2005).

2.5. Idosos e os riscos em domicílio

No processo de envelhecimento os idosos vão ficando cada vez mais suscetíveis a

alguns riscos em seu ambiente de domicílio. As alterações decorrentes desse

processo levam ao aumento do risco para acidentes, principalmente por conta de

mudanças na acuidade visual e auditiva, no decréscimo de força, e da redução da

destreza e diminuição da massa óssea (DOMNEZ; GOKKOCA, 2003).

Esses riscos podem decorrer, provavelmente, do fato de os domicílios geralmente

apresentarem vários perigos ambientais, que devem ser considerados como fatores

de risco para quedas, principalmente em idosos. Dentre esses fatores, a presença de

móveis instáveis, escadas inclinadas e sem corrimão, tapetes avulsos, carpetes mal

adaptados, iluminação inadequada, tacos soltos no chão, pisos encerados ou

escorregadios, camas e sofás altos, cadeiras e vasos sanitários muito baixos,

prateleiras de difícil alcance, presença de animais domésticos pela casa, uso de

chinelos ou sapatos em más condições ou mal adaptados e fios elétricos soltos

(PAPALÉO NETTO, 2000).

Os fatores de risco ambientais geralmente são facilmente identificados, e assim

servem como objeto de estudo, trazendo parâmetros para elaboração de medidas de

prevenção para novas quedas (VASSALO et al., 2005). As quedas são fenômenos

que cada vez mais preocupam a população. Com a chegada da senescência, o risco

de quedas vai aumentando cada vez mais, e de forma diretamente proporcional a o

aumento da idade. Essas quedas são causadas com a contribuição de diversas

modificações no corpo humano, entre as quais se destacam a redução da força e do

tônus muscular, diminuição da acuidade visual, e alterações na marcha e no equilíbrio.

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Então o processo de envelhecimento vai contribuindo cada vez mais para a ocorrência

dessas quedas (PAIVA, 2012).

O cenário atual das quedas de idosos mostra que, segundo a pesquisa divulgada pelo

hospital Albert Einstein, no Brasil, aproximadamente 30% dos idosos caem pelo

menos uma vez ao ano (ALBERT EINSTEIN, 2012). O risco deste fenômeno pode

ultrapassar os 50% para as pessoas acima de 85 anos e, destas, a chance desses

casos ocorrerem em ambientes domiciliares é de 70% (ALBERT EINSTEIN, 2012).

De acordo com o Ministério da Saúde (2009), a taxa de mortalidade por quedas de

brasileiros com 80 anos ou mais foi de 14,24% em 2008, e entre 70 e 79 anos foi de

5,26%.

É de grande importância a intervenção da qualidade de vida dos idosos no que diz

respeito a seus domicílios, pois a maioria dos acidentes com idosos acima de 60 anos

acontecem em suas residências. Assim, é preciso que sejam utilizadas algumas

medidas ergonômicas simples, mas que serão de grande ajuda evitando vários

acidentes domiciliares (ARAÚJO, MORAIS, ARAUJO, SANTOS, 2008 p.3).

De acordo com Borges (PORTAL BRASIL, 2012), a queda com fratura altera a

qualidade de vida desta população, podendo levar o idoso a tornar-se dependente ou

começar a outra desenvolver outra doença. De acordo com os dados, observa-se um

cenário preocupante, tanto pela frequência da ocorrência dessas quedas, como

também pelas suas consequências e sequelas que deixam, e podem comprometer a

qualidade de vida do idoso. Então, é muito importante diminuir ao máximo os fatores

de riscos de quedas.

É importante ressaltar que esses fatores de risco relacionados às quedas em idosos

podem ser classificados como extrínsecos e intrínsecos. Os fatores extrínsecos estão

influenciados por características do ambiente, tais como, iluminação, superfícies

escorregadias, tapetes, degraus, obstáculos e irregularidades no relevo. Já os fatores

intrínsecos se relacionam com as alterações causadas pelo envelhecimento e por

doenças (FABRÍCIO; RODRIQUES; COSTA JUNIOR, 2004). Tendo em vista o âmbito

dessa pesquisa, ambos os fatores são abordados, pois eles podem ser alterados por

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intervenção do design, com objetivo de possibilitar uma melhora na qualidade de vida

do idoso.

2.6. Gerontologia ambiental e Idosos em ambientes residenciais

Os fatores extrínsecos de risco a quedas e outros constrangimentos são um dos focos

desse estudo, para que cada vez mais sejam reduzidos promovendo o máximo de

qualidade de vida ao indivíduo idoso. A busca pela qualidade de vida nos leva a

pensar em soluções, como a “Gerontologia ambiental”, que segundo Whal & Weisman

(2003), é uma área da gerontologia com foco na interação idoso e ambiente,

analisando fatores comportamentais.

Segundo Whal & Weisman (2003), as pesquisas na área de ação de gerontologia

ambiental dizem respeito à descrição, explicação e modificação ou otimização da

relação entre idoso e ambiente físico, trazendo grandes contribuições de conteúdo

teórico prático, não só para a gerontologia social e comportamental, mas também para

geriatria e enfermagem.

Existem também as questões sociais envolvendo a perda de capacidade produtiva e

da participação do idoso em atividades sociais e no mercado de trabalho. Como

observa-se a seguir no conceito de Camarano, 2004:

A ideia do idoso como cidadão improdutivo leva a se pensar que mesmo que o envelhecimento seja desejável sob perspectivas dos indivíduos, o crescimento da população idosa pode acarretar em um peso sobre a população jovem e o custo de sustentá-la vir a ser uma ameaça ao futuro das nações. (...) Essa ideia deu origem à preocupação com a `crise do envelhecimento´, pois os idosos são considerados grandes consumidores de recursos públicos, principalmente, de benefícios previdenciário e serviços de saúde. (...) (CAMARANO, 2004, p.3).

Apesar de ser uma visão pessimista, ela teve grande importância para a legitimação

de certos direitos sociais, como a universalização da aposentadoria. De acordo com

suas classes sociais, a qualidade de vida do idoso pode variar positiva ou

negativamente na classe mais rica o idoso vive confortavelmente, pois pode viver em

um ambiente de menor risco, onde dispõe de recursos para adapta-lo a suas

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necessidades. Na classe média os idosos podem vir a depender de familiares para

compra de alguns produtos pela falta de condições financeiras. Na classe mais baixa,

o idoso vive em total desconforto, pois não existem condições de adaptação do

ambiente às suas necessidades, e passa a ter que dividir os mesmos com os

familiares (BARROS, 2007).

Segundo o Estatuto do Idoso, nos seus artigos 37 e 38, estabelece-se que o idoso tenha uma moradia digna com padrões que garantam sua qualidade de vida, mas a aplicação destes artigos ainda não se efetivou. É de grande importância a intervenção da qualidade de vida dos idosos no que diz respeito a seus domicílios, pois a maioria dos acidentes com idosos acima de 60 anos acontecem em suas residências. Assim, é preciso que sejam utilizadas algumas medidas ergonômicas simples, mas que serão de grande ajuda evitando vários acidentes domiciliares (ARAÚJO, MORAIS, ARAUJO, SANTOS, 2008, p.3)

Será necessária uma adaptação e/ou construção de várias residências com foco nas

limitações do usuário idoso, pois segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a

população de 60 anos de idade irá aumentar de 841 milhões, para 2 bilhões de

habitantes até 2050. Esse estudo com foco no usuário idoso para construção de

ambientes é chamado pela OMS de “gerontoarquitetura”.

Várias teorias são formuladas tentando achar relações entre as teorias já existentes,

e a prática de produção de ambientes mais adaptados aos idosos, sendo

institucionalizada ou não. Essas teorias tem o objetivo de melhorar a interação do

idoso com o ambiente construído, fazendo com que o ambiente se torne um facilitador

nas dificuldades que os idosos enfrentam, garantindo assim a sua autonomia e

independência. As teorias mais conhecidas são a do Modelo da Pressão-Competência

e o Modelo da Congruência (TOMASINI, 2005).

O Modelo da pressão-competência (LAWTON & NAHEMOW, 1973) também é

conhecido como modelo ecológico, afirma que os ambientes passam a exercer uma

maior pressão sobre o comportamento das pessoas à medida que elas envelhecem,

por conta da diminuição de suas competências. Sua essência é a capacidade de

adaptação, que se divide entre a competência do indivíduo e a pressão que o meio

ambiente exerce sobre o mesmo. Assim a variedade de ambientes diminui de acordo

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com o grau de comprometimento do idoso. Este modelo acaba resultando em duas

implicações:

(I) Ambientes facilitadores em relação a limitações variadas dos idosos, que

podem trazer benefícios se tratando da adaptabilidade que eles precisarão ter com

esse ambiente de acordo com seu grau de dependência (LAWTON & NAHEMOW,

1973);

(II) O ambiente já trará a resolução de problemas futuros, mostrando o estímulo do

ambiente ao idoso, e o ajudando a manter sua capacidade funcional o máximo

possível (LAWTON & NAHEMOW, 1973).

O Modelo da congruência (CARP & CARP, 1984) é baseado no modelo ecológico, ele

mostra as influências que as competências pessoais e demandas ambientais causam

no bem-estar do idoso, bem como a amplitude que os recursos ambientais assumem

nas atividades da vida diárias (AVDs) e subjetivas. O modelo da congruência é

apresentado em duas etapas, que diferem de acordo com o nível de necessidade ou

tipo de congruência entre o idoso e o ambiente:

(I) A primeira etapa está na execução das necessidades básicas de manutenção

da vida, influenciadas pelas peculiaridades dos indivíduos e do ambiente, trazendo as

capacidades pessoais e os recursos/obstáculos do ambiente determinantes no

processo das AVDs, formando o grau de complementaridade da congruência.

Indivíduo e ambiente são considerados as variáveis diretamente ligadas ao resultado

de congruência.

(II) Já a segunda parte, é direcionada às necessidades de ordem mais elevada

(high order needs) e nos atributos do ambiente com relação a agentes facilitadores,

possibilitadores ou inibidores que tem relação com o contentamento dessas

necessidades. Assim, a congruência é resultado da interação entre a necessidade

relacionada a fatores ambientais e suportes oferecidos pelo ambiente.

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Outro fator importante para os ambientes adaptados ao bem estar do usuário idoso

seria a sua grande participação em atividades domésticas, tais como varrer a casa,

lavar e passar roupas, e principalmente cozinhar, lavar e secar louças. Mas pra isso

também é necessário que as condições ambientais tragam consigo possibilidade de

autonomia e funcionalidade por parte desse usuário idoso, possibilitando a realização

de sua tarefa, visto que são usuários que possuem várias limitações físicas.

Uma autonomia que muitas vezes não acontece, pois existem algumas adversidades

ambientais, tais como: degraus mal dimensionados, iluminação, uso de tapetes, pisos

irregulares, pisos escorregadios, má localização dos móveis, e dos objetos, falta de

apoio para as mãos, choque elétrico, impactos com objetos no interior dos ambientes,

e queimaduras (ARAÚJO, MORAIS, ARAUJO, SANTOS, 2008, p.4). O que gera

grande preocupação e merece mais destaque para pesquisas, para assim tentar

melhorar a qualidade de vida dos idosos.

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SEÇÃO 3. A CHIKUNGUNYA E SUAS SEQUELAS

A Febre Chikungunya é uma enfermidade que tem deixado a população brasileira

preocupada desde os cinco anos anteriores à realização desta pesquisa,

principalmente por não apresentar ainda um tratamento específico, ou alguma vacina,

bem como por seu grande poder de ploriferação, causando muitas limitações, além

de sua frequência bastante presente no Brasil e no mundo. Esta nova seção visa a

Chikungunya e suas sequelas, além de sua capacidade de potencializar problemas

articulares como a Artrite Reumatóide, onde serão analisados seus sintomas,

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sequelas e possíveis limitações. Nesta seção também serão pautados assuntos como

a propagação do vírus da Chikungunya pelo mundo, sua transmissão e diagnóstico,

além de manifestações clinicas e as fases da Febre Chikungunya.

A Chikungunya, ou Catolotolo (como é conhecida na África), é uma arbovirose

causada pelo vírus Chikungunya (CHIKV), da família Togaviridae e do gênero

Alphavirus (BRASIL, 2014), e é uma doença infecciosa febril, causada pelo vírus

Chikungunya (CHIKV), que pode ser transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti e

Aedes albopictus (OMS). O seu nome “Chikungunya” significa “aqueles que se

dobram”, foi derivado de uma palavra em Makonde, que é um idioma falado por um

grupo que vive no sudeste da Tanzânia e norte de Moçambique, esse termo refere-se

à aparência curvada dos pacientes que sofrem com a artralgia característica, e foram

atendidos na primeira epidemia documentada, na Tanzânia, localizada no leste da

África, entre 1952 e 1953 (OMS, 2008; BRASIL, 2015).

Esta enfermidade foi selecionada neste estudo devido, também, ao fato da mesma

desencadear problemas permanentes em idosos, como a artrite reumatoide. A Artrite

Reumatoide (AR) é uma doença autoimune, com sua etiologia desconhecida, e é

caracterizada por poli artrite simétrica, que faz com que as articulações sofram

deformidades e se destruam, por conta do desgaste dos ossos e da cartilagem

(BIASOLI, 2007; LIPSKI, 1998). É uma doença que passa a ser importante nesse

estudo por conta de seus sintomas, as sequelas que deixa e as limitações que causa.

3.1. Sintomas, sequelas e limitações causadas pela AR em idosos

Existe a possibilidade de ocorrer manifestações sistêmicas associadas a um desgaste

nos ossos e cartilagens, e a maioria dos pacientes apresenta um quadro clínico

irregular, contendo períodos de melhora e exacerbação (JUNIOR, SOUZA, TOLEDO,

CICONELLI, 2007). Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011) a Artrite

Reumatoide (AR) geralmente inicia-se com apenas uma, ou poucas articulações

inchadas, quentes e dolorosas, geralmente ocorre uma dificuldade de movimentação

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principalmente pela manhã, e podendo durar por horas, por conta da rigidez

apresentada por essas articulações.

De acordo com American College of Rheumatology (2002), a AR ataca pequenas e

grandes articulações junto com manifestações sistêmicas, como: rigidez matinal,

fadiga e perda de peso. Quando o problema envolve outros órgãos, a morbidade e a

gravidade da doença aumentam, podendo causar diminuição da expectativa de vida

do indivíduo acometido.

Com a evolução da enfermidade, os pacientes com AR começam a perder a

capacidade para a realização de atividades diárias, e do meio profissional. Quando

existe a presença de inflamação aguda, essa limitação pode ser temporária e

reversível, se o processo inflamatório for devidamente controlado, a capacidade

funcional será recuperada (AMERICAN COLLEGE OF RHEUMATOLOGY, 2002;

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011).

Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia (2011), quando não se consegue

um controle adequado do processo inflamatório, ocorre um surgimento de

deformidades nas articulações, e uma evolução das lesões tornando-as permanentes.

Assim, podendo acontecer uma enorme limitação para a realização das atividades do

cotidiano por parte do indivíduo doente, principalmente em atividades simples como,

cuidado pessoal, escovar dentes e se alimentar. Quando o tratamento da AR não é

feito da forma adequada, essas limitações e sequelas podem instalar-se de forma

irreversível e permanente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA, 2011).

A artrite reumatoide é aqui citada por ser uma doença que desencadeada pela

Chigungunya potencializando seus sintomas. Apoiados em Brasil (2015), reforça-se

que a principal manifestação clínica da Chikungunia é a ocorrência das fortes dores

nas articulações. Desta forma, considerar a AR como consequente agravante, trará

mais parâmetros para o desenvolvimento desse projeto, tornando a pesquisa mais

rica e fornecendo contribuições de maior relevância.

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3.2. Manifestações clínicas da Chikungunya

Existem dois períodos de incubação do vírus, o intrínseco e o extrínseco. O intrínseco

ocorre nos seres humanos, dura uma média de 3 a 7 dias (podendo variar, de 1 a 12

dias). Já o extrínseco acontece no vetor, e dura em média dez dias. O período de

viremia em humanos pode geralmente durar até dez dias, e normalmente começa dois

dias antes do aparecimento dos sintomas, podendo durar até mais oito dias. O índice

de letalidade é abaixo de 1%, porém o modo de manifestação da doença é o que

causa a apreensão mundial (SCANDAR, 2012; BRASIL, 2015).

A maioria das pessoas que são infectadas pelo vírus CHIKV desenvolvem sintomas.

De acordo com o Ministério da Saúde (2015), até 70% dessas pessoas apresentam

esses sintomas. Quando comparados com outras arboviroses, nota-se que esses

valores são altos e significativos. Assim, acarretando em uma sobrecarga nos serviços

de saúde, devido ao elevado número de pacientes que necessitarão de atendimento

(BRASIL, 2015). Após a picada do vetor, o indivíduo tem o vírus inoculado em seu

corpo, que é rapidamente espalhado, causando uma infecção aguda que causa

artralgia, poliartralgia, mialgia, dores de cabeça, exantema, conjuntivite, náuseas,

manchas avermelhadas na pele e febres repentinas (TORTORA; FUNKE; CASE

2012).

Os sintomas da Chikungunya podem ser confundidos facilmente com os da dengue,

mas uma grande diferença entre eles é que o vírus da Chikungunya traz intensas

dores nas articulações e nos músculos, dificultando e limitando bastante a realização

de seus movimentos, assim o indivíduo, pelo fato de não achar uma posição

confortável, posiciona-se de forma curvada, e é exatamente essa postura que justifica

o seu nome, Chikungunya (TORTORA; FUNKE; CASE 2012; BRASIL, 2014). O

quadro a seguir ilustra essa semelhança trazendo os principais sintomas dessas duas

enfermidades:

Quadro 2: Principais sintomas

SINTOMAS DENGUE CHIKUNGUNYA

FEBRE Sempre presente: alta e de início imediato

Quase sempre presente: alta e de início

imediato

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ARTRALGIA (DORES NAS ARTICULAÇÕES)

Quase sempre presente: dores

moderadas

Presente em 90% dos casos: dores intensas

RASH CUTÂNEO (MANCHAS

VERMELHAS NA PELE)

Pode estar presente

Pode estar presente: se manifesta nas primeiras 48 horas (normalmente a partir do segundo dia)

PRURIDO (COCEIRA) Pode estar presente: leve

Presente em 50% a 80% dos casos: leve

VERMELHIDÃO NOS OLHOS

Não está presente Pode estar presente

Fonte: adaptado de Pamela Lang (Agência Fiocruz de Notícias / AFN), 2015.

Geralmente os sintomas dessa doença persistiriam por um tempo de 10 a 15 dias,

mas registros mostram que em vários casos onde estes sintomas tornaram-se

crônicos, durando meses ou até anos, e vindo também acompanhados de

complicações cardíacas e/ou neurológicas (BRASIL, 2011). Esses fatores mostram

uma enfermidade que tem que ser levada a sério, devido a seus vários transtornos e

complicações.

3.2.1. Fases da Febre Chikungunya

A Chikungunya pode evoluir para três fases: aguda, subaguda e crônica. A fase

aguda, ou febril começa logo após o período de incubação, durando até dez dias. A

fase subaguda é caracterizada pela persistência e evolução das dores articulares

após a fase aguda em alguns pacientes, e tem uma duração de até três meses. A fase

crônica é atingida quando os sintomas permanecem por mais de três meses. Dentre

essas fases, alguns sintomas podem variar de acordo com o sexo e a idade. Alguns

sintomas mais associados ao sexo feminino são exantema, vômitos, sangramento e

úlceras orais. Já a persistência de sintomas como dor articular, edema e maior

duração da febre são mais ocorrentes quanto maior a idade do paciente (CERBINO

2014; BRASIL, 2015).

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A) Fase aguda

Essa fase é caracterizada principalmente por apresentar uma intensa poliartralgia, e

pelo surgimento súbito de febre, além de sintomas como dores nas costas, cefaleia e

fadiga, durando aproximadamente sete dias. A febre geralmente é contínua,

intermitente, ou bifásica; a queda de temperatura ocasionalmente pode ser associada

a uma bradicardia relativa, e não necessariamente está associada a uma piora dos

sintomas, como ocorre na dengue. (CERBINO 2014; BRASIL, 2015).

Mais de 90% dos pacientes com chikungunya descreveram que sofriam com

poliartralgia na fase aguda. Geralmente as dores nas articulações são poliarticulares

e simétricas, mas também podem ser assimétricas. Atacam qualquer articulação,

sejam grandes ou pequenas, abrangendo com muita frequência as regiões mais

distais e extremas, podendo ocorrer edema, e quando ocorre, geralmente é associado

a tenossinovite. Dor ligamentar e mialgia são sintomas observados na fase aguda e,

quando presentes, geralmente ocorrem com intensidade de leve a moderada

(CERBINO 2014; BRASIL, 2015).

Existe também o surgimento de exantema, que é o aparecimento de erupções

cutâneas vermelhas em um região específica ou por todo o corpo, é geralmente

macular ou maculopapular, ataca aproximadamente de metade dos doentes e surge

normalmente entre o segundo e o quinto dia após o começo da febre, atingindo

principalmente o tronco e as extremidades (incluindo palmas e plantas), e podendo

também atingir a face. O prurido pode ser generalizado, ou apenas localizado na

região palmo-plantar, e está presente em 25% dos pacientes. Outras manifestações

cutâneas como: dermatite esfoliativa, lesões vesicobolhosas, hiperpigmentação,

fotossensibilidade, e algumas lesões simulando eritema nodoso e úlceras orais

também, têm sido relatadas nesta fase. Mais sintomas descritos nesta fase da doença

são: dores retro-ocular, calafrios, conjuntivite, faringite, náusea, vômitos, diarreia, dor

abdominal e neurite. Os sintomas do trato gastrointestinal ocorrem mais facilmente

em crianças. Podendo também ocorrer linfoadenomegalias cervicais associadas

(CERBINO 2014; BRASIL, 2015).

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Para recém-nascidos de mães infectadas pode existir um risco no período intraparto

de até 49%. Esses recém-nascidos não apresentam sintomas nos primeiros dias, mas

a partir do quarto dia (de 3 a 7 dias), os sintomas podem começar a aparecer, incluindo

febre, síndrome álgica, recusa da mamada, exantemas, descamação,

hiperpigmentação cutânea e edema de extremidades. Nesta faixa etária também são

frequentes o surgimento de complicações neurológicas, hemorrágicas e

acometimento miocárdico (amiocardiopatia hipertrófica, disfunção ventricular,

pericardite), o que caracterizam as formas graves da doença. Outros sinais de

gravidade também incluem os quadros neurológicos, apresentando manifestações

como: meningoencefalites, edema cerebral, hemorragia intracrania, convulsões e

encefalopatias (CERBINO 2014; BRASIL, 2015).

B) Fase subaguda

Durante esta fase, ocorre uma defervescência, porém pode haver persistência ou

agravamento da artralgia, incluindo poliartrite distal, grande almento da dor articular

nas regiões que já foram atacadas na primeira fase, e tenossinovite hipertrófica

subaguda em punhos e tornozelos. As articulações comprometidas costumam trazer

edemas com intensidade variável. Há alguns relatos de recorrência da febre

(CERBINO 2014; BRASIL, 2015). O quadro a seguir ilustra essa persistência e

agravamento dos sintomas:

Quadro 3: Sintomas causados pelo vírus da Chikungunya em dados quantitativos

Sintomas persistentes Número Porcentagem

Dor nas articulações 591 30,9%

Febre 317 16,6%

Dor corporal 123 6,4%

Edema 51 2,7%

Vermelhidão nos olhos/ tremores/ fraqueza

147 7,7%

Coceira 40 2,1%

Náusea e vómito 56 2,9%

Dor de cabeça 29 1,5%

Fonte: J Glob Infect Dis. 2011 Jul-Sep; 3(3): 221–226.

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Nesta fase também podem haver algumas manifestações como: astenia, prurido

generalizado e exantema maculopapular. E também do surgimento de lesões

purpúricas, vesiculares e bolhosas. Existem casos onde o paciente pode acabar

desenvolvendo doença vascular periférica, fadiga e algumas manifestações

depressivas. Com a persistência dos sintomas por mais de três meses, após o início

da doença, será caracterizada a fase crônica (CERBINO 2014; BRASIL, 2015).

C) Fase crônica

A fase crônica se caracteriza pela persistência dos sintomas, principalmente dor

articular e musculoesquelética e é apresentado um comportamento flutuante por parte

desses sintomas. O prevalecimento dessa fase é bastante variável, podendo chegar

a mais da metade dos pacientes doentes. Os principais parâmetros de risco para que

se chegue a fase crônica são: a idade, acima de 45 anos, desordem articular

preexistente e maior intensidade das lesões articulares na fase aguda (CERBINO

2014; BRASIL, 2015).

Na fase crônica o sintoma mais comum é o ataque as articulações que se tornam

persistentes, ou recorrentes nas mesmas articulações atingidas durante a fase aguda,

têm como características, dores com ou sem edema, limitação nos movimentos,

deformidade e ausência de eritema. Geralmente, o ataque nas articulações é

poliarticular e simétrico, podendo também ser assimétrico e monoarticular. Existem

também relatos de dores nas regiões sacroilíaca, lombossacra e cervical. E Alguns

pacientes podem evoluir a artrite psoriática ou reumatoide (CERBINO 2014; BRASIL,

2015).

Mais alguns sintomas que podem haver nesta fase são: fadiga, cefaleia, prurido,

alopecia, exantema, bursite, tenossinovite, disestesias, parestesias, dor neuropática,

fenômeno de Raynaud, alterações cerebelares, distúrbios do sono, alterações da

memória, déficit de atenção, alterações do humor, turvação visual e depressão. A fase

crônica pode ter duração de até três anos (CERBINO 2014; BRASIL, 2015), o que em

idosos é um fator preocupante, principalmente por conta de todas as suas limitações

e dificuldades naturais decorrentes do próprio processo de envelhecimento. É

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necessário que o paciente evite se deslocar, utilize medidas de proteção individual e

mantenha o repouso durante o período de viremia, tendo visto, que não existe

transmissão autóctone no Brasil (BRASIL, 2015).

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SEÇÃO 4. DESIGN DE INTERIORES E COZINHAS

DOMÉSTICAS

Segundo Gubert (2011), o Design de Interiores (DI) em sua concepção estabelece

relações diretas com Arquitetura de Interiores, Design de Ambiente e Decoração.

Também mostra que é necessário refletir sobre como essas especialidades se

relacionam entre si. Além disso Gubert (2011) mostra que na literatura existem

situações onde a tradução de Interior Design é dada como Arquitetura de interiores,

como por exemplo no livro “Arquitetura de Interiores ilustrada” de Francis D.K. CHING

e Corky BINGGELI (2005). Nesta seção sobre design de interiores e cozinhas

domésticas utilizaremos como pauta ambientes centrados no usuário, o idoso como o

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usuário do ambiente de cozinha. E também conteúdos importantíssimos como

ergonomia no ambiente construído. Além de analisar os tipos de cozinhas domésticas,

e o projeto de cozinhas seguras.

De acordo com Ching e Binggeli (2005), o Design de Interiores, tratado como

“arquitetura de interiores” é o planejamento, leiaute e projeto dos espaços internos

nas edificações. Esses espaços físicos podem satisfazer necessidades básicas como

de se abrigar e se proteger; além disso, é o cenário para a maior parte de nossas

atividades e influenciam suas execuções; podem alimentar nossos desejos e exprimir

ideias que acompanham nossas ações; podem representar nossas vistas, humores e

personalidade. A melhoria funcional, o aprimoramento estético e a melhoria

psicológica dos espaços internos são, portanto, o objetivo da arquitetura de interiores

(CHING. E BINGGELI, 2005 p.44).

Segundo Gurgel (2007), a Arquitetura de interiores tem a finalidade de construir

ambientes em que a forma e a função, ou seja, a estática e a funcionalidade,

contribuam com perfeita harmonia na realização desse ambiente, onde o projeto final

reflita as aspirações dos usuários.

De acordo com Gubert (2011), o Design de Interiores lida com outros fatores que

devem ser observados, como Sustentabilidade, Acessibilidade e Ergonomia, através

de produtos atrelados a questão de proteção do meio ambiente e com o Design

Universal, utilizando soluções que possam abranger a todos os indivíduos respeitando

suas limitações e diferenças, facilitando o acesso, o uso com segurança e autonomia,

além é claro do conforto. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), a acessibilidade é a “Possibilidade e condição de alcance, percepção e

entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço,

mobiliário, equipamento urbano e elementos.” (ABNT, 2004, NBR 9050).

De acordo com Maior e Storni (2008), o espaço arquitetônico é palco da interação

entre pessoas e objetos, através das atividades cotidianas, o que permite que a

conscientização dos desejos se efetive. De acordo com Heidegger (1989), a

espacialidade já está inserida na própria essência do ser, pois o espaço constitui a

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existência humana, e assim estabalecendo-se uma conexão entre o ambiente e o

indivíduo. Segundo Maior e Storni (2008), os ambientes internos tendem a diminuir no

período pós-moderno, trazendo uma maior mobilidade, comutabilidade e adaptação

em consequência da falta de espaço, o que mostra que a criatividade vai ser mais

necessária, tanto do morador quanto dos profissionais envolvidos, para na busca por

soluções.

Dentre os ambientes residenciais em que atua o design de interiores, podemos citar

o ambiente de cozinha, que é um dos locais mais importantes da casa e com maior

movimento de atividades. Neufert (1999), expõe que a cozinha é um local de trabalho,

onde a dona de casa permanece por várias horas. Também pode ser utilizada como

ponto de encontro da família, nos momentos de refeição.

Segundo Sâmia (2008), outro fator importante que deve ser pensado no planejamento

de uma cozinha, e levado em consideração no projeto, é a variação antropométrica

dos usuários, e também a diversidade dos mesmos, que podem vir a ser em idosos,

adultos, crianças, homens e mulheres, pessoas de baixa estatura, obesos, grávidas,

pessoas com necessidades especiais e etc.

É necessário um grande cuidado com dimensionamentos nos projetos de cozinhas,

segundo Sâmia (2008), erros no dimensionamento, principalmente na altura de

bancadas, pias, e armários, tendem a forçar posturas inadequadas, como a curvatura

dorsal excessiva, o que pode acarretar dores e desconfortos ao usuário. Então se

esses fatores e parâmetros de projeto são importantes para usuários mais jovens, são

mais importantes ainda para usuários idosos, que sofrem com o processo de

envelhecimento, e principalmente idosos portadores do vírus da Chikungunya, a qual

traz várias outras complicações.

4.1. Ambientes centrados no usuário

Tratando-se de responsabilidades daqueles que projetam ambientes físicos, Bins Ely

(2004) mostra que é importante projetar espaços que atendam tanto às necessidades

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funcionais quanto às necessidades formais ou estéticas dos usuários. As

necessidades funcionais dos usuários estão diretamente ligadas as exigências da

tarefa no ambiente, e para atender a essas demandas, os profissionais devem

considerar com prioridade, a dimensão e a forma do espaço, dos equipamentos e dos

mobiliários; fluxos de circulação e disposição a do mobiliário (layout); o conforto

térmico, lumínico e acústico. Já as necessidades formais ou estéticas dos usuários,

estão diretamente relacionadas às sensações provocadas por esse ambiente, e

também com as preferências ou valores dos indivíduos, de acordo com seu repertório

pessoal e seu contexto sociocultural (BINS ELY, 2004).

Segundo Costa Filho (2005), as necessidades do usuário nem sempre são

consideradas com precisão, mesmo se tratando de projetos feitos para espaços

residenciais, onde os usuários são conhecidos e participam das principais decisões.

A falta dessa interação, acompanhada da falta de uma abordagem

projetual/ergonômica correta, pode induzir o projetista a privilegiar apenas padrões

massificados ditados pela mídia e pela moda.

Quando pretende-se projetar um ambiente, é preciso pensar no usuário, de forma que

se produza um projeto que não cause exclusão de algumas pessoas, mas que possa

contemplar a todos. De acordo com Sâmia (2008), Os ambientes devem ser

projetados buscando uma maior diversidade de pessoas que possam usufruir deles,

e de uma forma autônoma, sem esforços desnecessários, e com segurança.

Para Sâmia (2008), atualmente vivemos em ambientes construídos pelo homem e

para o homem. Então nesse caso, os problemas de interação que existem entre

usuário e ambiente, não devem ser encarados apenas como incapacidade do ser

humano, mas também como uma inadequação desse projeto as necessidades

humanas.

De acordo com Cambiaghi (2007), o ser humano modifica o ambiente para poder viver

nele. Ao longo dos tempos, o homem foi adaptando o ambiente natural, algumas vezes

com mais, e outras vezes com menos agressividade. Quanto mais um ambiente é

ajustado às necessidades do usuário, mais confortável ele se torna. Porém, se

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acontecer o contrário, quando o ambiente construído não leva em consideração as

necessidades ou limitações humanas, ele acaba por chegar a ser mais inóspito que

pelo meio natural (CAMBIAGHI, 2007). Desta forma, a partir disso revela-se a

importância de focar os projetos no usuário, tendo em vista a diversidade de indivíduos

e antecipando qualquer limitação que possa vir a existir.

4.1.1. Ambientes de cozinha e o uso pelo idoso

Para que possa se obter um ambiente preocupado com seu usuário é imprescindível

o entendimento de suas necessidades e de seus desejos espaciais, é necessário

também buscar a adequação do ambiente e a função que ele vai desempenhar,

tornando o usuário um elemento fundamental para o processo de projetação

(VILLAROUCO, 2011). Sendo assim, como o público idoso é foco nesse estudo, o

ambiente necessita ser desenvolvido visando suas necessidades e limitações.

Segundo Sâmia (2008), com o processo de envelhecimento, as pessoas vão

apresentando dificuldades para a realização das atividades da vida diárias (AVD).

Essas dificuldades atreladas a um ambiente não adaptado podem trazer riscos de

acidentes domésticos, além de produzirem um efeito negativo na vida desse usuário

idoso. Além disso, grande parte dos acidentes no ambiente residencial acontece com

o envolvimento de crianças de 0 a 4 anos de idade e pessoas idosas com mais de 60

anos (IIDA, 2005).

O lar do indivíduo idoso deve ser um ambiente adaptado e encorajador, que busque

compensar algumas limitações que vem a surgir com o aumento da idade. Sendo

assim, prolonga-se a autonomia do idoso em resguardar e defender seu espaço

pessoal, trazendo mais capacidade de agir sozinho, sem depender de outras pessoas

para realização de tarefas cotidianas (SÂMIA, 2008).

Entre os acidentes domésticos mais comuns em idosos estão as quedas, elas podem

ser causadas por diversos fatores, dentre eles destacam-se alguns como: sensação

exagerada de autoconfiança para as atividades rotineiras e de domínio sobre o

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ambiente doméstico, por causa da experiência prévia e a familiaridade com o

ambiente; julgamento errado sobre o uso do ambiente; desvio de atenção e perda de

concentração. Além disto, acrescenta-se as condições ambientais inadequadas, que

necessitam de um bom desempenho para o equilíbrio postural, que são reduzidos nos

idosos por conta de déficits sensoriais, fraqueza muscular e alterações cognitivas

(SÂMIA, 2008).

De acordo com Iida (2005), para se utilizar dados antropométricos tabelados, fazer

certas reduções quando se tratar de pessoas idosas é bastante necessário. A força

muscular começa a declinar significativamente após os 40 anos (IIDA, 2005). As

pessoas geralmente se sentem termicamente mais confortáveis em temperaturas

efetivas entre de 20 e 24ºC e umidade relativas de 40 a 60%, e em geral, as mulheres,

por terem menor circulação periférica e as pessoas idosas, devido ao baixo

metabolismo, preferem a temperatura ligeiramente mais elevada que os homens

(IIDA, 2005).

É de fundamental importância se ater a todas as limitações do usuário idoso no

ambiente de cozinha, pois o ambiente pode ser bastante hostil, e principalmente com

o agravante dos problemas advindos do vírus da Chikungunya, podendo vir a

desencadear maiores problemas como a Artrite Reumatoide.

Alguns fatores extrínsecos promovem o aumento do risco de acidentes com idosos

em cozinhas domésicas. Destaca-se, então, o piso, muitas vezes escorregadio e/ou

desnivelado; soleiras em relevo; presença de tapetes, principalmente soltos;

iluminação inadequada, ausente ou precária; mobiliário inadequado, com quinas

pontiagudas e/ou instalados com altura que exige o uso de escadas ou bancos; layout

em desconformidade com o espaço, dificultando a mobilidade ou obstruindo a

passagem; maçanetas de difícil manuseio, em sua maioria arredondadas;

interruptores mal posicionados, muitas vezes excessivamente baixos ou distantes do

ponto de acesso ao ambiente; degraus sem faixa antiderrapante (MOLINA, BRAIDA,

ABDALLA; 2015).

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Ainda segundo Molina, Braida e Abdalla (2015), esses riscos também podem ser

causados ainda por equipamentos, utensílios domésticos, além da própria condição

física do indivíduo, além de tapetes menores, que promovem um risco ainda maior

que os demais. Com relação a disposição do layout, o mobiliário não deve ser disposto

em locais de passagem, que podem ser utilizados à noite; é necessário cautela na

disposição de objetos, seguindo a lógica de maior uso e mais pesados com acesso

mais facilitado.

O ambiente sócio-físico tem três funções básicas: manutenção, estimulação e apoio.

A manutenção se refere à frequência e à previsibilidade do ambiente em termos de

satisfação e de apego aos lugares. A estimulação, fala de seus efeitos nas atividades

diárias, sociais e no lazer. O apoio nota-se, quando o ambiente tem potencial para

compensar competências reduzidas ou perdidas com o envelhecimento do usuário

(MOLINA, BRAIDA, ABDALLA; 2015).

Um fato positivo a se observar é a liberdade para humanização do espaço com

acessórios do próprio residente, dando a possibilidade de utilização de objetos que

possuem valores pessoais agregados, auxiliando na criação de referências dentro do

espaço domiciliar capazes de auxiliar na promoção da qualidade de vida do indivíduo

nele residente. Outro fator positivo é a diferenciação de cores entre paredes e vão de

portas e janelas, facilitando a visualização destes espaços.

4.2. Ergonomia do ambiente construído

Quando se trata de Ergonomia do Ambiente Construído (EAC), subentende-se que a

interação entre o homem e o espaço seja o seu objeto de estudo, e segundo Guidalli

(2012) ambiente construído é a concretização de um projeto de edificação, a partir do

momento que ele se torna um produto, um espaço edificado, com funções práticas.

Já de acordo com Zevi (1996), o ambiente construído é quando ele remete ao espaço

arquitetônico, havendo interação entre as pessoas.

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O ambiente construído deve apresentar características físicas com caráter prático e

utilitário, relacionados aos aspectos mecânicos da função e da atividade desenvolvida

no ambiente. O que na abordagem ergonômica, ao visar às atividades dos indivíduos,

a diversidade humana passa a ser um parâmetro de projeto em que se consideram as

capacidades e limitações variadas dos indivíduos (ATTAIANESE, DUCA, 2012).

Segundo Mont’Alvão (2011), ao se tratar de ergonomia do ambiente construído torna-

se bastante notável a correlação entre conceitos bastante distintos: o espaço

construído propriamente dito e a Ergonomia. A autora destaca que, com a união da

ideia de ambiente arquitetônico com o ambiente do desenvolvimento das tarefas,

conforme as capacidades, habilidades e limitações humanas, a necessidade dos

conhecimentos da Ergonomia nos projetos de arquitetura e design que contemplam o

ambiente construído torna-se clara. Mesmo expondo preocupações naturais de outras

áreas do conhecimento, a Ergonomia do ambiente vai além das questões meramente

arquitetônicas, visando o seu posicionamento na adaptabilidade e conformidade do

espaço, às tarefas e atividades que serão desenvolvidas nele.

A contribuição ergonômica no projeto pode ser aplicada em projeto do macro espaço,

onde o espaço global de uma edificação é avaliado, e também sua organização do

trabalho; em projeto do micro espaço, que estuda as unidades produtivas, postos de

trabalho, trabalhador e seu ambiente imediato; e em projeto detalhado, onde serão

detalhados os instrumentos apropriados à existência do trabalho, através das

características da interface entre o homem, a máquina e o ambiente. Neste processo,

para o desenvolvimento dos projetos, torna-se necessária a análise da atividade, o

arranjo físico do posto de trabalho, o dimensionamento do posto de trabalho, a

construção e teste do modelo e ajustes individuais (IIDA, 2005).

Villarouco (2002) defende que, considerando os diversos fatores relacionados ao

ambiente construído, há a necessidade de uma abordagem sistêmica. Segundo a

autora, para uma completa avaliação ergonômica do ambiente, é necessário abranger

variáveis como conforto ambiental (lumínico, térmico, acústico), percepção ambiental

(aspectos cognitivos), antropometria (acessibilidade, dimensionamento) e adequação

de materiais (revestimentos, acabamentos). Essa avaliação do ambiente construído

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mostra que o ato de projetar tem como principal norteador o homem, com toda a sua

bagagem vivencial, sensibilidade, funcionamento biológico, percepção, e

comportamento, pois o produto do fazer projetual, invariavelmente, é destinado a

abrigar o ser humano executando tarefas (VILLAROUCO, 2002).

De acordo com Iida (2005), um problema importante é o do arranjo físico ou do leiaute

da cozinha, onde as peças entre as quais há um fluxo maior de movimentos, devem

ser colocados próximos entre si. O autor afirma que a frequência dos movimentos é

maior entre bancada-pia e bancada-fogão e menor entre bancada-geladeira e

bancada armários. A bancada é o centro irrigador desses movimentos, portanto, no

projeto do leiaute da cozinha, o elemento mais importante de estudo é a bancada, ao

lado da qual deve ser colocada a pia e o fogão, enquanto as posições da geladeira e

armários são mais flexíveis.

4.3. Tipos de cozinha doméstica

O conceito de cozinha, de acordo com Sâmia (2008), tem evoluído com o passar do

tempo juntamente com sua arquitetura e equipamentos. Essa evolução esteve

intrinsecamente atrelada à forma de cozinhar e diretamente ligada à evolução do

fogão. Com a evolução da tecnologia, durante a industrialização, houveram grandes

mudanças no leiaute das cozinhas.

Relembrando a história da cozinha é possível dizer que ela entrou casa adentro pela

porta dos fundos e sua localização sempre esteve atrelada ao fogo. Até pouco tempo

atrás, durante o século XIX, a cozinha era um cômodo secundário na casa e não era

tão exposta para as pessoas, pois geralmente eram os empregados que a utilizavam

(SÂMIA, 2008). A autora afirma que no início do século XX a classe média almejava

o estilo luxuoso das refeições formais da classe mais alta, realizadas nas salas de

jantar, mas por residirem em apartamentos considerados pequenos naquela época, o

que realmente acontecia era que a cozinha frequentemente tornava-se o principal

ambiente de convivência das famílias.

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Segundo Ubach e Asensio (2003), todos os projetos de cozinha atualmente prezam

por espaços mais cómodos e luminosos, onde a atividade de preparar a comida e

sentar-se à mesa seja algo prazeroso. A cozinha passou a ser um espaço

multifuncional destinada à convivência com a família e às reuniões com os amigos,

além dos espaços reservados para a preparação de refeições. Os móveis são mais

leves e flexíveis e alguns podem mesmo ser desmontados com facilidade. Sâmia

(2008) afirma que com a evolução do conceito trazido com a Cozinha de Frankfurt

surgiu o projeto da Cozinha Sueca, que tinha como proposta o uso de mobiliário

padrão, mas com a preocupação em projetar um ambiente humanizado. Em seguida,

começou-se a utilizar móveis, portas e gavetas em materiais sintéticos, laminados,

inicialmente brancos, pela sensação de limpeza e a alusão aos ambientes

esterilizados de hospitais, e em seguida em cores vivas e amigáveis.

Albuquerque (2004), afirma que a cozinha contemporânea se assemelha muito a um

escritório, pois tudo nela é organizado de forma com que os objetos sejam escondidos

em armários, trazendo organização. Atualmente as cozinhas comportam cada vez

mais uma grande quantidade de eletrodomésticos, para assim ter o máximo possível

de equipamentos por perto, e ganhar mais praticidade. Apesar de ter que acomodar

vários equipamentos, é perceptível uma progressiva diminuição da área total do

cômodo, por conta das condições socioeconômicas da população, e também por

imposições do mercado imobiliário.

De acordo com Capela (2011), para melhor se adequar aos tamanhos cada vez

menores desses ambientes, é necessário encontrarmos algumas soluções práticas,

com estudos realizados sobre o trabalho na cozinha, permitiu criar um conjunto de

layouts e a padronização de medidas, como a altura e largura das bancadas, dos

armários, dos equipamentos e o local de serviço. Obtemos então 6 princípios básicos

de leiautes que podem ser utilizados, são eles: em linha, em ilha, península (“F”), em

formato de “L”, em formato de “U”, e paralelo ou corredor.

O leiaute em linha é o mais básico, é ideal para cozinhas estreitas, nele a organização

é linear. Minimiza o tempo de atividade, mas é restritivo aos movimentos de mais de

uma pessoa cozinhando ao mesmo tempo. Já o leiaute em “L”, permite um fluxo de

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trabalho natural, e pode ser adaptado com facilidade em diversos espaços, pequenos

e grandes. Nele é possível o uso máximo da bancada, mas com cuidado nas soluções

de estocagem, para não atrapalhar a circulação. No leiaute em “U”, A sequência de

trabalho é envolvida em três paredes, permitindo estação de trabalho em três partes

do ambiente formando um triângulo funcional, e sobra um lado para o acesso a

cozinha (CAPELA, 2011; SÂMIA, 2008).

O leiaute em ilha, muitas vezes combinado com a forma “U” e “L”, é ideal para um

ambiente amplo, nele a circulação é livre por todas as estações de trabalho. Permite

que mais de uma pessoa realize atividades, e que mais pessoas permaneçam no

ambiente sem obstruir o fluxo. No leiaute em península, ou “F”, existe uma

combinação da forma “U” e “L” também. Ele permite maior espaço de bancada e

armazenamento. E dispõe de zona para comer ou relaxar. Já o leiaute paralelo, ou

corredor, a preparação de alimentos encontra-se sozinha num dos lados, e o outro

ficam forno e a pia. Geralmente utilizado em espaços pequenos, e com pouca

circulação (CAPELA, 2011; SÂMIA, 2008). A figura 2 a seguir, ilustra esses tipos de

Leiaute:

Figura 2: Leiautes para cozinhas domésticas

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Fonte: Por Fernanda Knopik, 2015. Disponível em: < http://www.arquidicas.com.br/cozinhas-

pequenas/>

De acordo com Sâmia (2008), atualmente, as cozinhas ocupam um lugar privilegiado

nas casas e desempenham o papel que as salas de jantar ocupavam no séc. XVIII e

XIX, o centro de interação das famílias e local para se receber as visitas. Os projetos

atuais de cozinhas buscam espaços bem iluminados, com maior preocupação na

escolha dos materiais e principalmente o conforto.

Segundo Albuquerque (2004), as cozinhas são projetadas seguindo uma

padronização, onde utilizam do dimensionamento do equipamento como principal

parâmetro de projeto. No entanto a padronização não considera fatores como as

características físicas dos usuários, seu padrão de vida e as condições climáticas do

local. É necessário buscar nesse usuário, as referências para projetos, para assim

desenvolver um projeto de ambiente adequado ao ser humano.

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4.4. Projeto de cozinhas seguras

Segundo Sâmia (2008), mudanças em parâmetros de projetos em construções

residenciais nem sempre são um custo adicional, além de que trazem grandes

vantagens para o usuário. Já para fazer adaptações em ambientes já construídos nem

sempre é possível, além do que podem trazer um custo mais elevado.

O planejamento adequado de ambientes deve visar soluções de compensação ou

minimização das perdas funcionais, provenientes do processo natural de

envelhecimento ou de alguma deficiência qualquer, aumentando dessa forma a

possibilidade de melhor desempenho do usuário buscando, assim, evitar a sensação

de dependência e inatividade, que podem levar a depressão (SÂMIA, 2008).

De acordo com Sâmia (2008), como pré-requisito no planejamento de ambientes,

quando possível, recomenda-se fazer uma avaliação ambiental e uma identificação

do status funcional do usuário. Nessa identificação é necessário que haja uma

avaliação das habilidades preservadas, das que se encontram prejudicadas, mas que

tem chance de restauração, e das habilidades que já foram perdidas, por parte do

usuário. Também é primordial identificar as atividades que o usuário exerce ou vai

exercer no ambiente, além dos recursos disponíveis e sua movimentação diante

desse processo.

De acordo com a NAFEM, Associação Norte-Americana de Equipamentos

Fabricantes de Alimentos (1995), os princípios básicos para o projeto de qualquer

cozinha são:

- Flexibilidade e modularidade;

- Simplicidade;

- Possibilidade de livre circulação de pessoas e equipamentos;

- Materiais de fácil limpeza, manutenção e resistentes;

- Segurança;

- Níveis adequados de temperatura e umidade.

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Nos ambientes residenciais, segundo Perito (2004), os acessos e circulações são

normalmente as primeiras barreiras, quando se fala do uso independente de uma

casa. Os armários e gabinetes devem estar dispostos a favor dos moradores

facilitando o seu acesso. Apesar de ser comum, no mercado brasileiro, a instalação

de armários até o teto é desnecessária. Atualmente, armários e gabinetes contam com

inúmeros recursos que não exigem grande esforço do usuário para acessa-los.

Para o bom funcionamento de uma cozinha, é necessário um planejamento racional,

onde, na formatação dessa cozinha, é importante observar questões como: espaço

para circulação, possibilidade de fluência na execução dos trabalhos, liberdade de

movimento, diminuição de trabalhos executados em pé, posição corporal favorável, e

adaptação nas alturas dos postos de trabalho em relação ao tamanho do corpo

(NEUFERT, 1999).

Para instalação da cozinha devemos possibilitar ao usuário: caminhos curtos, linha de

trabalho fluente, suficiente espaço de movimentação, diminuição de trabalho em pé e

posição corporal favorável através da altura dos planos de trabalho em proporção com

as medidas do corpo. Também são necessários equipamentos de cozinha e mobiliário

produzidos de forma que possam ser colocados diretamente lado a lado e a seqüência

de trabalho seja garantida. Em cozinhas pequenas é necessário utilizar ladrilhos

claros, assim como paredes e tetos pintados de cores claras, pois proporcionam

atmosfera luminosa (NEUFERT, 1999).

Deve-se considerar para o planejamento da cozinha aspectos como: número de

pessoas na casa, destros ou canhotos, estatura do(s) usuário(s) da cozinha, altura

desejadas dos importantes planos de trabalho, podendo ser equilibradas pela altura

das bases do mobiliário. Ao trabalhar em pé, utilizar o corpo na postura ereta. Para

garantir-se um trabalho lógico e eficiente devem se localizar armários, bancadas de

trabalho e equipamentos segundo uma sequência correta. Em construções existentes

observar instalações e ligações para gás, água e energia elétrica (NEUFERT, 1999).

Sendo assim, seguindo parâmetros para construção de projeto, pode-se assim

proporcionar uma melhora na qualidade de vida do usuário do ambiente,

principalmente tendo em vista um usuário idoso, como é o caso desse estudo.

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SEÇÃO 5.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS

Para prosseguir com o estudo de campo, se faz necessária a presença de

procedimentos metodológicos para melhor organização no desenvolvimento do

restante desse trabalho. Nesta seção de procedimentos metodológicos adotados

serão explicados os métodos de abordagem e de procedimento, onde foi escolhida a

Metodologia para Projetos de Construção Centrados no Usuário, desenvolvida pelas

autoras Erminia Attaianese e Gabriella Duca, e consiste principalmente em projetar a

construção dos ambientes centrados no ser humano.

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5.1. Método de Abordagem

O método de abordagem adotado para esta pesquisa é o indutivo, pois através deste

caso particular, tem-se o objetivo de formular parâmetros para outros casos, de forma

geral, ampliando e generalizando o conhecimento sobre o tema. Segundo Rodrigues

(2007), Método indutivo é o processo mental que, partindo de dados particulares,

suficientemente constatados, infere-se uma verdade geral ou universal, não contida

nas partes examinadas. Este trabalho apresenta o método indutivo porque parte de

todos os dados coletados através de análises e comparações, e se utiliza da literatura

e de conceitos universais para a sua realização.

5.2. Métodos de Procedimento

No caso dos métodos de procedimento, será utilizado o método estruturalista, pois

serão estudados vários assuntos distintos como, ambientes planejados, cozinhas,

idosos, e a enfermidade da Chicungunya. Desta forma será possível organizar o

estudo dividindo o tema geral em partes mais específicas, e direcionando-as, para

depois unir de volta, chegando a uma solução projetual.

Outro método de procedimento selecionado para a pesquisa foi o Processo de Projeto

de Construção Centrada no Ser Humano, que é caracterizado pela formação de

etapas cíclicas destinadas ao melhoramento interativo de requisitos de construção

relacionados ao usuário e suas performances; esta abordagem interativa é também

capaz de garantir a adequação às atividades do usuário.

Sendo assim, é possível uma adequação do edifício para ser utilizado pelos seus

usuários e, dependendo do entendimento dos requisitos de projeto, permitir escolhas

passíveis de sucesso, de acordo com a perspectiva do usuário. Neste processo, um

objeto pode ser definido como componente técnico a ser especificado, enquanto as

características individuais e a situação são os dados iniciais a serem considerados

para detalhes arquitetônicos correspondentes a construção de funções específicas e

objetivos da concepção global do ambiente.

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5.2.1. A Metodologia para Projetos de Construção Centrados no Usuário

A aplicação se deu por meio das etapas que se dividem na metodologia, através delas

buscou-se propor uma cozinha mais confortável e que atenda às necessidades do

usuário. A seguir são apresentadas as etapas da metodologia.

5.2.1.1. Briefing de Design

Segundo Attaianese e Duca (2012), a primeira etapa começa quando um cliente

formula o pedido de algumas necessidades espaciais a serem satisfeitas, o que seria

o briefing do projeto de construção. Essas necessidades podem ser mais gerais ou

mais específicas dependendo de cada usuário. O tempo e o custo podem ser

restrições para a construção do projeto, mas é importante considerar que a própria

existência de um edifício planejado envolve uma variedade de partes interessadas,

cada uma delas trazendo uma ampla gama de expectativas, que podem ser explícitas

ou implícitas de acordo com cada uma das partes. Algumas ferramentas de coletas

de dados devem ser aplicadas para identificação de desejos dos usuários, tais como:

questionários, entrevistas e checklists.

5.2.1.2. Perfis de Usuários e Grupos de Ajuste

A segunda etapa ainda de acordo com as autoras, consiste na definição de perfis de

usuários, considerando-se o uso de forma geral do ambiente construído. As

necessidades e expectativas dos usuários são verificadas a partir da análise dos

próprios usuários, os usuários diretos (quem usa frequentemente o ambiente) e os

usuários indiretos (quem utiliza eventualmente o ambiente). Através de características

pessoais (adultos, idosos, crianças, etc.) e de estado desses usuários (ocasional /

familiar estrangeira / nativa, no trabalho / lazer, etc). Os grupos de cada usuário devem

ser caracterizados e explicados por diferentes capacidades e restrições físicas,

cognitivas, comportamentais ou socioculturais. E depois finalizada com a construção

do quadro de verificação do espaço a partir da técnica de Walkthrough.

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5.2.1.3. Análise da Tarefa

A terceira etapa consiste na análise da tarefa, na identificação do cenário da tarefa, e

na descrição de sub-tarefas de acordo com os objetivos dos usuários. Realizando e

descrevendo as observações sistemáticas (previamente organizadas e estruturadas),

assistemáticas (de modo informal para conhecimento geral) e fluxogramas de

realização de atividades (quais atividades são realizadas pelo público-alvo? De que

forma eles realizam? Que utensílios eles utilizam?). Corresponde à forma como todos

os usuários podem/poderiam atingir seus objetivos e desejos através do ambiente

(ATTAIANESE, DUCA, 2012).

5.2.1.4. Adaptação às Necessidades dos Usuários

Como mostram as autoras, Attaianese e Duca (2012), a quarta etapa corresponde a

adaptação nas características do ambiente às necessidades do usuário. Esta etapa

deve conter informações sobre as características do ambiente construído necessárias

para atender as expectativas e necessidades dos usuários. A partir deste momento, e

com base em todas as análises anteriores, o processo de design pode assegurar que

as demandas dos usuários sejam traduzidas em requisitos técnicos para o ambiente.

Combinando os dados de cada sub-tarefa com as necessidades e expectativas dos

usuários específicos provenientes dos grupos assentados, é possível delinear

exigências relacionadas ao usuário, específicas para o ambiente, indicando os

desempenhos previstos nas diferentes escalas de design, como por exemplo, em

relação a exigências ergonômicas. Ao fim é apresentada a lista de recomendações

ergonômicas para o projeto do ambiente centrado no ser humano (ATTAIANESE,

DUCA, 2012).

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5.2.1.5. Primeiros Detalhes Arquitetônicos

Segundo Attaianese e Duca (2012), essa quinta etapa se trata do primeiro

detalhamento arquitetônico, começa o processo criativo orientado pelas decisões

técnicas. Está prevista para essa etapa a questão de decisão e especificação, de

parâmetros como leiaute dos espaços, formas e dimensões, sistemas naturais e

artificiais de iluminação, ventilação, aquecimento, e refrigeração. E também a questão

do nível de interfaces de automação e sistemas de controle, materiais, texturas, cores,

acabamentos, também a ser especificada. Os resultados desta etapa do projeto

podem ser trazidos através de desenhos técnicos, diagramas conceituais, mock-ups,

plantas baixas e rendering digital do ambiente projetado, de acordo com as

recomendações sugeridas, todos estes recursos devem vir acompanhados de textos

descritivos e explicativos.

5.2.1.6. Validação das Soluções de Design

Ainda segundo as autoras, a sexta etapa foca na validação de escolhas técnicas e

soluções de design relacionadas com o usuário, essa etapa tem como objetivo

verificar a concordância entre o conjunto de escolhas técnicas e os requisitos

previamente estabelecidos. Com o resultado desta etapa, haverá a uma revisão do

projeto arquitetônico ou uma validação completa das propostas iniciais, No caso de

necessidade de ajustes, deve-se passar por outro processo de validação após esses

ajustes serem feitos, até que se chegue ao resultado esperado. São realizadas listas

de verificação, sessões participativas (técnicas de participação) e avaliações

heurísticas. Devido ao objetivo de propor recomendações e desenvolver um projeto

conceitual, esta etapa metodológica de Validação das Soluções de Design não será

realizada neste estudo.

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5.2.1.7. Avaliação da Edificação em Uso

Esta etapa consiste na avaliação do ambiente em uso, Attaianese e Duca (2012),

mostram que para a melhoria contínua da relação do ser humano com esse ambiente,

como uma forma de verificar se o projeto foi realmente eficiente. Isso pode ser feito

através de entrevistas ou grupos focais para compreender até que ponto o ambiente

supriu as necessidades dos usuários. Todas os indivíduos que tenham contato com o

ambiente, usuários diretos e indiretos, devem ser envolvidos nessa etapa de

avaliação. Esta fase é realizada apenas após a construção e ocupação da edificação,

pois são verificados: Monitoração/performance do usuário para melhoria contínua do

desempenho direcionada ao ser humano; Avaliação Pós-Ocupação; aplicação de

Metodologia Ergonômica para o Ambiente Construído. Para a realização desta etapa,

é necessário que o ambiente esteja edificado e decorado, deste modo esta etapa não

será contemplada nesta pesquisa.

5.3. Apresentação do local do estudo de campo

O estudo de campo foi realizado na Cidade de Santa Cruz do Capibaribe, que é um

município brasileiro do estado de Pernambuco. Terceira maior cidade do Agreste

Pernambucano em população, com 87.538 habitantes segundo o IBGE (2010). Santa

Cruz do Capibaribe além de uma cidade que faz parte do polo de confecções do

Agreste, é a maior produtora de confecções de Pernambuco. Segundo a Prefeitura

Municipal de Santa Cruz do Cabibaribe (2009), a cidade é a 2º maior produtora de

confecções do Brasil, possui o maior parque de confecções da América Latina em sua

categoria, o Moda Center Santa Cruz. Santa cruz do Capibaribe é também conhecida

como a Capital da Sulanca ou Capital das Confecções, sendo o principal ponto de

escoação e vendas de confecções de Pernambuco, que, juntamente com Toritama e

Caruaru formam o destacado Triângulo das confecções (Prefeitura, Santa cruz do

Capibaribe, 2015).

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Figura 3: Imagem de Santa Cruz do Capibaribe

Fonte: João Victor Feitosa, 2016.

Segundo a Prefeitura (2015) o distrito de Santa Cruz do Capibaribe foi criado pela lei

municipal nº 2, de 18 de abril de 1892, na época subordinado ao município de

Taquaritinga. Pelo decreto-lei estadual nº 952, de 31 de dezembro de 1943, o distrito

de Santa Cruz passou a denominar-se Capibaribe e o município de Taquaritinga a

denominar-se Taquaritinga do Norte. Foi elevado à categoria de município com a

denominação de Santa Cruz do Capibaribe, através da lei estadual nº 1818, de 29 de

dezembro de 1953, data anualmente comemorada. Em 1953, Santa Cruz do

Capibaribe de vila se tornou cidade.

A vegetação nativa consiste em caatinga hiperxerófila e um clima tropical seco. Seu

solo é tipo argiloso, arenoso, pedregoso e rochoso. Possui uma área territorial de

335,5 km², e uma altitude 438 metros, com relevo ondulado, predominante do Planalto

da Borborema onde se localiza. A zona urbana (97% da população total residente)

está em meio a um pequeno vale neste planalto suave ondulado, assim, dificultando

a passagem das massas de ar úmida vindas do Oceano Atlântico. Por isso, o clima

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da cidade é seco, com o índice de pluviosidade inferior às outras cidades do agreste

(LOPES, 2010).

A cidade possui 30 localidades, dentre elas bairros, loteamentos, distritos, etc. A

voluntária do estudo de caso reside no bairro Malaquias Cardoso, relativamente

próximo ao centro da cidade, Rua Guilherme José da Costa, 76. A figura 4 a seguir

mostra a fachada da residência.

Figura 4: Fachada da residência

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A residência é ampla, espaçosa e bem dividida, dispõe de 4 quartos, três banheiros,

uma sala de estar, uma sala de jantar, área de serviço, dois terraços, garagem com

espaço para dois carros e um salão que funciona como estoque para mercadorias. A

cozinha, que tem uma área de 10,47m² (2,565 x 4,085), possui um leiaute em “U” e

pode ser vista a seguir através da figura 5.

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Figura 5: Cozinha

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Através dos dados coletados nas etapas da metodologia, e também dos parâmetros

e informações a respeito de assuntos como Ergonomia, idosos, e a chykungia, pôde-

se iniciar um projeto de melhoria funcional e de conforto para o ambiente da cozinha

em questão.

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SEÇÃO 6. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

Nesta seção, encontram-se os resultados da aplicação da metodologia de Projeto de

Construção Centrada no Ser Humano, com autoria de Attaianese e Duca (2012). Aqui

serão discutidos e estabelecidos parâmetros e diretrizes para o projeto e

recomendações ergonômicas a respeito do ambiente de cozinha do estudo de caso,

além de projetos futuros.

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6.1. Briefing

A cozinha ideal para o usuário idoso, acometido de Chikungunia, demanda de

aspectos como amplitude no espaço e circulação adequada, pois o usuário idoso

necessita de espaço para locomoção. Esse ambiente necessita de diversos tipos de

mobiliários, como gaveteiros adequados, armários, e balcões para realização de

atividades com autonomia. Outro fator importante a ser observado são os pisos para

prevenção de quedas.

Deve-se pensar em opção para otimização dos espaços. A iluminação natural é boa,

pois tem uma grande janela e várias portas, porém a iluminação artificial precisa ser

pensada para trazer mais visibilidade ao ambiente de trabalho quando a iluminação

natural não se mostrar mais suficiente. A circulação do ar, segundo o usuário, está

ótima por dispor de várias portas e a janela grande, o que também ajudam a manter

uma temperatura agradável. O usuário não tem nenhuma reclamação sobre ruídos no

ambiente.

Em relação à fixação do alcance do mobiliário, existem alguns armários superiores

que demandam um maior esforço da usuária para alcançar algo, uma vez que ela tem

uma estatura baixa (1,53m). Já nos armários inferiores seria importante pensar em

uma redução onde a usuária não faça esforço abaixando-se, além da questão de

limpeza. Essa limpeza deve ser facilitada por todo o espaço da cozinha, e vista com

atenção nos armários superiores, pois existe uma profundidade na parte superior dos

armários, que dificulta essa limpeza. Além disso, os móveis necessitam de puxadores,

para trazer uma melhoria no ato de abrir e fechar as portas, pois, da forma atual, pode-

se prender o dedo, ou causar lesões em mãos e dedos.

Existem alguns espaços vazios no ambiente que poderiam ser repensados para deixar

o ambiente mais utilizável e uniforme, trazendo mais qualidade na realização das

tarefas. No mobiliário existente no local o tamponamento é também utilizado como

reforço para os armários, mas possui uma profundidade que se sobressai muito ao

armário, e pode estar atuando como obstáculos, podendo causar colisões e,

consequentemente lesões.

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Outro fator importante a ser observado é o revestimento melamínico, pois é

necessário verificar a qualidade no acabamento, para evitar cortes e arranhões. Seria

importante, para abrir a janela, um sistema adequado para que essa tarefa seja feita

sem demanda de esforço.

6.2. Perfis de Usuários e Grupos de Ajuste

A usuária direta nesse estudo, é uma pessoa de baixa estatura, possuindo 1,53m, e

com 60 anos de idade. A usuária foi acometida de Chikungunya a aproximadamente

10 meses e ainda sofre com algumas sequelas, como dores, desconforto e restrições

de mobilidade. Existem outras limitações físicas em questão de mobilidade e força,

decorridas de fatores como, uma perna que já foi quebrada por conta de uma queda.

Os usuários indiretos são as outras pessoas que utilizam eventualmente o ambiente

da cozinha, como seu marido e filhos, ou demais indivíduos que venham a fazer algum

serviço, ou alguma visita.

Quadro 4: Verificação do espaço a partir da técnica de Walkthrough detalhado.

Atributos: Elementos Arquitetônicos:

Geometria Retangular

Dimensões Área: 10,47m² (2,565 x 4,085). P.D.: 2,88m.

Circulação central: 1,17m no espaço mais apertado.

Esquadrias 1 JANELA PRINCIPAL

Orientação solar: -

Modelo: Vidro fixo com bandeira em porta de correr (2), e com perfil de

alumínio.

Material: alumínio escovado, e vidro transparente. Permite a visão do

exterior e a alta incidência de iluminação natural. Quando aberta, a janela

permite uma ventilação adequada.

Dimensões: 1190mmx880mm total. Duas bandeiras corrediças com

523mmx767mm.

1 ABERTURA DA SALA DE JANTAR PARA A COZINHA

Modelo: abertura na parede que serve como acesso de um ambiente

para outro.

Dimensões: 1345mmx2165mm.

1 PORTA DE ACESSO

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Modelo: porta interna com uma folha.

Dimensões: 740mmx2100mm.

Material: madeira com verniz aplicado.

Leiaute Ambiente disposto com bancada de granito e fogão na parede esquerda,

onde também existe uma grande janela, o que impossibilita uso de

móveis superiores nesse espaço.

Geladeira atualmente localizada na parede frontal, junto com alguns

móveis superiores e inferiores.

Parede direita com móveis inferiores e superiores, mas faltando melhor

preenchimento do espaço, uma pequena máquina de costura utilizada

para suprir essa necessidade.

Boa circulação para realização das atividades.

Revestimento Piso: Piso com revestimento cerâmico.

Paredes: paredes com revestimento cerâmico.

Teto: laje sem revestimentos, pintada de branco gelo.

Cores: Todos os revestimentos cerâmicos brancos, ambiente monótono

e pouco estimulante.

Mobiliário Inferiores: composto com revestimento melamínico em cor amadeirada

levemente desgastado. Suspenso, mas com reforço de tamponamento

enormes, funcionando como apoio. Portas de giro. Apenas um gaveteiro

feito anos depois do restante da cozinha, e improvisado dentro de um dos

armários. Bancada de granito na cor marrom e cuba embutida no granito.

Superiores: composto com revestimento melamínico em cor amadeirada

levemente desgastado. Portas de giro. Uma cantoneira “morta” e uma

porta que não abre, por causa da geladeira. Nicho aberto acima da

geladeira.

Pequeno móvel de bancada que serve como apoio para o bebedouro.

Acessibilidade Localizado no térreo, sem desníveis no piso.

A circulação é razoavelmente boa, é possível a realização das atividades,

de forma fácil.

Acesso da sala de jantar: apropriado, pois a abertura possui uma largura

de 1.345mm.

Acesso para salão de costura: inadequado, pois possui largura bastante

reduzida, de 740mm.

Mobiliário comum projetado para uma “pessoa média”, não é acessível.

Equipamentos Geladeira: localizada do lado direito da parede frontal, não está no canto,

o que acaba deixando espaços vazios dos dois lados.

Fogão: de 6 bocas, localizado no lado esquerdo da parede esquerda, ao

lado do móvel do bebedouro.

Micro-ondas: Localizado sob a bancada de granito, no mobiliário da

parede direita.

Interfone: localizado ao na parede atrás da abertura de acesso com a

sala de jantar, em uma altura confortável para a usuária.

Suporte social Ambiente localizado na parte central da casa, próximo a banheiros, área

de serviço, e salão.

Possui ventilação, e temperatura agradáveis, principalmente com a janela

aberta, além da boa iluminação natural. Acesso à internet sempre

presente.

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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O quadro acima possibilita a interpretação do ambiente através da técnica de

Walkthrough, que irá auxiliar no processo de elaboração do projeto conceitual e

recomendações ergonômicas.

6.3. Análise da Tarefa

Através da análise da tarefa é possível visualizar e entender a execução das

atividades diárias no ambiente de cozinha pela usuária do estudo de caso,

percebendo posturas inadequadas assumidas, riscos de acidentes e lesões, medidas

inadequadas do ambiente, dentre outras formas de inadequações que dificultam a

realização dessas tarefas.

6.3.1. Cozinhar

Sob o ponto de vista da utilização do fogão, a atividade mostra-se de fácil execução,

pois o ambiente proporciona uma boa circulação e a altura do equipamento revela-se

adequada, não apresentando mais dificuldades.

Figura 6: Tarefa de cozinhar

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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A frequência de uso do fogão é baixa, pois a usuária compra comida pronta algumas

vezes durante a semana. Geralmente cozinha em fins de semana, e geralmente

prepara café na maioria das tardes.

6.3.2. Lavar louça

A pouca altura do balcão, e sua profundidade elevada, causam uma postura

inadequada, pois gera uma inclinação da coluna lombar, o que pode causar dores

nessa região.

Figura 7: Tarefa de lavar louça

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A frequência de uso normalmente é diária, sempre há algum objeto sujo para ser

lavado, mesmo que em baixas quantidades. Um fator positivo é a torneira localizada

a uma altura que ajuda muito na execução da atividade, pois cabem todos os produtos

que serão lavados, em baixo dela.

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6.3.3. Limpar cozinha

Para o piso, com relação a circulação, a tarefa é fácil, porém existem algumas partes

fragmentadas trazendo assim algumas áreas “mortas” no ambiente e também

obstáculos para a limpeza, que geralmente é feita com vassoura ou rodo com pano

molhado. Então, nesses locais de difícil acesso é utilizado um pano humedecido.

Figura 8: Tarefa limpeza cozinha 1

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Para os armários inferiores, a limpeza mostra-se uma atividade simples e prática. Não

existem grandes dificuldades, a limpeza é feita através de um pano umedecido. Nos

armários superiores continua-se a utilizar o pano umedecido, porém existe uma

dificuldade maior em suas áreas superiores, que além da altura em que se encontram,

também existe uma profundidade na superfície, o que dificulta bastante essa

atividade. A limpeza ser feita a uma altura elevada acarreta situações como elevação

dos membros superiores por um tempo razoavelmente prolongado, acarretando em

um desconforto na região dos ombros, além do esforço excessivo para se esticar e

ficar na ponta dos pés.

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Figura 9: Tarefa limpeza cozinha 2

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Para a limpeza da janela, também é utilizado um pano umedecido, deveria pra ser

uma atividade bastante simples e prática por conta da janela em si, porém a bancada

da pia atrapalha um pouco na limpeza da parte superior direita da janela, trazendo a

necessidade do uso do banquinho novamente, trazendo mais uma vez o risco de

queda.

Figura 10: Tarefa limpeza cozinha 3

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Tanto nos inferiores como nos superiores essa tarefa pode ser afetada por conta dos

desgastes no revestimento melamínico, que podem causar arranhões ou cortes.

6.3.4. Preparar refeições rápidas (micro ondas, liquidificador, etc)

Atividade de fácil execução, pois o ambiente proporciona uma boa circulação, porém

a localização do micro-ondas está baixa, por estar apoiado na bancada de granito, o

que acarreta em uma leve inclinação na coluna lombar ou uma inclinação na coluna

vertical, para o alcance do campo de visão, trazendo desconforto nessas regiões.

Figura 11: Tarefa refeições rápidas

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Atividade realizada frequentemente, para esquentar algum alimento comprado fora,

além de adiantar atividades que seriam feitas no forno convencional.

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6.3.5. Guardar e retirar objetos de uso e suprimentos nos móveis superiores

Existe uma desorganização nos lugares dos suprimentos e na frequência de uso

relacionada com a distância dos mesmos. Alguns produtos estão fora do alcance da

usuária, obrigando-a a fazer um grande esforço se esticando para alcançar,

assumindo uma postura onde eleva bastante os membros superiores e segura os

objetos, causando desconfortos nas regiões do ombro, nos membros superiores, e

forçando os tornozelos por estar na ponta dos pés.

Figura 12: Tarefa guardar e retirar objetos dos armários superiores

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Em algumas ocasiões a utilização de um banquinho se faz necessária, o que pode

gerar risco de quedas. E essa é uma atividade geralmente realizada no dia-a-dia.

6.3.6. Guardar e retirar objetos de uso e suprimentos nos móveis inferiores

Atividade razoável, existem contratempos em relação à baixa altura onde alguns

objetos estão localizados trazendo a necessidade de que a usuária assuma posturas

inadequadas, por agachar-se flexionando os joelhos, ou a coluna, gerando dores e

desconfortos nessas áreas.

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Figura 13: Tarefa guardar e retirar objetos dos armários inferiores

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Para ter acesso as gavetas é necessário abrir uma das portas de giro, do armário

inferior, o que pode causar até mesmo um acidente se ela ficar aberta, além do fato

de que não facilita a atividade.

6.3.7. Guardar e retirar alimentos na geladeira

Atividade de execução razoável, a cozinha dispõe de um bom espaço de circulação,

porém a atividade fica um pouco comprometida por conta do mobiliário inferior e

superior ao lado direito da geladeira, pois interrompem a abertura da porta da

geladeira por completo, e não permitem que ela abra a um ângulo maior que 90°.

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Figura 14: Tarefa retirar alimentos na geladeira

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Esse é um fator problemático, pois abrir a geladeira é uma atividade realizada

diariamente e de forma quase espontânea.

6.3.8. Beber água:

Execução simples e sem grandes problemas posturais e sem riscos. O ambiente

dispõe de um bom espaço de circulação, porém a bancada tem dimensões de largura

e profundidade baixas, o que faz com que o bebedouro ocupe todo espaço da

bancada, pois ele é grande.

Figura 15: Tarefa beber água

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Atividade realizada diariamente, com grande frequência, porém sem muitos

problemas para realização. Se faz necessário uma bancada com mais espaço para

acomodar objetos durante a atividade.

6.3.9. Organizar armários

Tarefa que leva um pouco mais de tempo, então se torna um pouco cansativa por

conta da distância em que alguns produtos ficam e proporcionalmente o esforço para

coloca-los em seu devido lugar. Essa atividade obriga a usuária a fazer um grande

esforço se esticando para alcançar as partes mais altas, assumindo posturas com

membros superiores suspensos, causando desconfortos nas regiões do ombro, nos

membros superiores e forçando os tornozelos por estar na ponta dos pés. Em algumas

ocasiões torna-se necessária a utilização de um banquinho, o que pode gerar risco de

quedas.

Figura 16: Tarefa organizar armários

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Nas partes baixas a usuária assume posturas inadequadas agachando-se,

flexionando os joelhos, ou a coluna, gerando dores e desconfortos nessas áreas, Por

conta da baixa altura dos móveis inferiores, e consequentemente, os objetos para

organizar.

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6.3.10. Abrir portas do mobiliário

As portas não possuem puxadores. Nas superiores não existem problemas, pois elas

dispõe de uma borda que sobra para puxar e abrir. Nos inferiores é igual, porém existe

o risco de prender a mão ou os dedos entre a porta e a bancada de granito (como já

aconteceu diversas vezes, segundo a usuária), além do risco de lesão em mãos,

dedos e punho.

Figura 17: Tarefa abrir portas do mobiliário

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Essa é uma atividade realizada no dia-a-dia, geralmente utilizada esses armários

quando precisa guardar ou retirar algum objeto ou produto de consumo de dentro

deles.

6.3.11. Limpar e posicionar garrafão de água no bebedouro

Atividade péssima para executar, o bebedouro está localizado distante da bancada, o

que faz com que o usuário indireto (quem geralmente faz esse serviço) se abaixe para

limpar o garrafão que se encontra no piso.

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Figura 18: Tarefa posicionar garrafão de água

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Logo depois, suspende-lo do piso, a uma altura elevada para posiciona-lo,

necessitando da aplicação de uma grande quantidade de força por causa do peso

desse garrafão, gerando grandes riscos de lesão, principalmente na coluna. E por fim

posiciona-lo para uso, acima do bebedouro. A falta de uma bancada de apoio para o

bebedouro acaba forçando a usuária a assumir uma postura totalmente inadequada,

abaixando-se flexionando exageradamente o tronco para baixo, para encher o

recipiente com água. Além do esforço necessário por conta da carga do garrafão de

água que é bem pesado e o recipiente que será elevado cheio de água também.

6.3.12. Abrir janela

Existe uma dificuldade na realização dessa atividade por conta da falta de puxadores,

o que gera desconforto ao puxar, machucando mãos e dedos, além de que o sistema

deslizante é bastante pesado e duro, desliza com dificuldade, o que necessita uma

grande aplicação de força, agravando ainda mais o problema da falta de puxadores,

e também trazendo riscos de lesão no ombro pela quantidade de esforço.

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Figura 19: Tarefa abrir janelas

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

É uma atividade regularmente realizada, geralmente a usuária abre a janela quando

vai realizar alguma outra tarefa que necessite passar muito tempo na cozinha, para

melhorar a ventilação do ambiente.

6.3.13. Circulação pelo ambiente da cozinha

O espaço de circulação é considerado adequado, porém existe o problema dos

tamponamentos do mobiliário inferior, que ultrapassam bastante o limite dos móveis,

deixando grandes obstáculos no ambientes, trazendo riscos de lesões por contusão,

por parte de todos que estiverem circulando pelo local.

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Figura 20: Tarefa circulação no ambiente

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Além desse problema encontrado na circulação, esses tamponamentos também

dificultam a limpeza do ambiente, funcionando como obstáculos para rodos e

vassouras, além de impossibilitar a lavagem da cozinha, devido ao MDF, que pode

estragar por conta da água, que pode ensopar e empenar a estrutura.

6.3.14. Conforto ambiental

Para os parâmetros de temperatura, através do uso de um termômetro foram

verificadas temperaturas acima das recomendadas pela ABNT, a NR17 que

recomenda um Índice de temperatura efetiva entre 20°C e 23°C, porém os idosos tem

mais sensibilidade a baixas temperaturas. Com relação ao ambiente em estudo e ao

clima da região, a temperatura foi verificada em três oportunidades, os resultados

foram os apresentados a seguir: pela manhã as 8:00 a temperatura era de 23°C, as

12:30 a temperatura se encontrava a 30°C, o que já mostra uma temperatura bastante

elevada, e no final da tarde as 17:30 a temperatura encontrava-se em 25°C.

Para parâmetros de ruído, através do uso de um decibelímetro foram verificados em

três partes do dia, viu-se que não existem ruídos que geram grandes incômodos,

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foram detectados os resultados a seguir em decibéis: as 8:00 o mínimo de 40dB e

máximo de 70dB, as 12:30 o mínimo de 45dB e o máximo de 65dB, e as 17:30 o

mínimo de 50dB e o máximo de 70dB. Nota-se então que o ambiente dispõe de um

nível aceitável de ruído, pois a NBR 10152 (e a NR17) detalha que, para as atividades

que possuam as características intelectuais e de atenção constantes, o nível de ruído

aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB, porém as atividades

desempenhadas na cozinha não possuem características intelectuais demasiadas.

Os parâmetros da iluminação foram verificados a partir do uso de um luxímetro, e

durante o dia de avaliação mostraram pouca diferença entre os horários avaliados,

pela manhã as 8:00 o índice estava entre 75 e 85 Lx, mais tarde as 12:30 entre 95 e

105 Lx, e durante o fim da tarde as 17:30, o índice se encontrava entre 70 e 80 Lx.

Nota-se que os índices de iluminância encontram-se inadequados, por estarem a

baixo dos níveis indicados pelas normas da ABNT NBR 5413:1992, que são entre 300

e 500 Lx.

6.3.15. Análise antropométrica da cozinha

Para dar continuidade ao projeto, foi vista a necessidade de realizar uma análise

antropométrica do ambiente de cozinha, para fins de comparação com as medidas de

projeto recomendadas por Panero e Zelnik (2013).

As medidas da cozinha e seus objetos foram analisadas e comparadas com as

medidas recomendadas por Panero e Zelnik (2013). A bancada de granito se encontra

com uma profundidade de 65cm que está dentro das recomendações dos autores que

está entre 61cm e 66cm, porém, mesmo adequado, ainda causa desconfortos a

usuária por conta da flexão no tronco, causando cansaço na lombar devido ao esforço

submetido. Já a altura que é de 84cm está menor que a recomendação, que vai de

88,9cm à 91,4cm, trazendo a necessidade de mais elevação com relação ao piso,

para evitar os mesmos transtornos vistos na profundidade.

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O espaço de circulação central da cozinha, entre os armários inferiores na atual

cozinha dispõe de três áreas onde foram coletadas as medidas, a área 1 logo após o

a entrada de acesso a cozinha, em frente ao bebedouro: com 121cm de largura; a

área 2 localizada no centro da cozinha: com 108cm de largura; e a área 3 localizada

bem próximo à frente da geladeira: com 160cm de largura. Mostrando que duas

dessas áreas são inadequadas segundo Panero e Zelnik (2013), que mostram nas

recomendações as medidas de 152,4cm a 167cm para essas áreas de circulação.

O mobiliário inferior está elevado em relação ao piso a uma altura de 17cm, ele

necessita de uma maior elevação para evitar que a usuária continue agachando-se

demasiadamente. Sua profundidade de 54,5cm é menor que a recomendada por

Panero e Zelnik (2013), que é de 61cm a 66cm, porém nesse caso, se faz necessário

diminuir ainda mais essa medida, pois, mesmo com a medida estando inferior, a

recomendação, causa uma postura inadequada na usuária, com inclinação da coluna

lombar, o que pode causar dores nessa região. Os tamponamentos possuem uma

profundidade de 69,5cm, ultrapassando bastante a medida recomendada para os

armários.

A distância entre o balcão e a base dos armários superiores possui uma medida de

68cm, configurando-se irregular segundo Panero e Zelnik (2013), que recomendam

medidas entre 38,1cm e 45,7cm.

Os armários superiores possuem profundidade de 37cm, altura de 58cm, e está

elevado a 152cm em relação ao piso. Tanto a altura como a profundidade estão

inadequadas de acordo com as recomendações de Panero e Zelnik (2013), onde a

profundidade varia de 30,5cm a 33cm e a elevação do piso varia de 134,6cm a

137,1cm. Essas medidas dificultam bastante as atividades da usuária, que possui

estatura baixa (1,53m), tanto a altura em que estão localizados os objetos, como a

profundidade que impede seu membro superior de alcançar o fundo do armário sem

auxílio de um banquinho. As portas dos armários superiores possuem 60cm de altura,

apesar disso, na parte superior, ela não ultrapassa a altura do móvel, pois é sacada

para baixo do armário, por conta da falta de puxadores adequados.

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Quanto aos equipamentos, podemos destacar fogão e geladeira como componentes

de grande importância no ambiente de cozinha, e analisar a adequação de suas

medidas. O fogão atual possui altura de 93cm, estando irregular segundo Panero e

Zelnik (2013), que recomendam uma altura de 88,9cm a 92,1cm. Já para as medidas

de largura com 60cm, e profundidade com 62,5cm, o fogão encontra-se adequado

segundo os autores, pois recomendam: a largura de 49,5cm a 116,8cm, e a

profundidade de 61cm a 69,9cm. Porém, mesmo adequada segundo os autores, essa

profundidade precisa ser diminuída, pois encontra-se fora do envelope de alcance da

usuária que possui baixa estatura, obrigando-a a um nível maior de esforço para

alcançar as áreas mais distantes do fogão, gerando desconfortos pelo esforço e até

risco de queimaduras.

A geladeira possui altura de 170,5cm que, de acordo com Panero e Zelnik (2013), é

adequada já que recomendam altura de 165,1cm a 182,4cm. Para a largura e a

profundidade, as medidas são respectivamente de 60cm e 66cm, mas essas medidas

não se mostram com grande relevância, já que os autores recomendam apenas

medidas para o espaço de trabalho e medidas verticais para área de geladeira.

6.4. Adaptação às necessidades dos usuários

Através da análise da tarefa, foi possível notar alguns problemas posturais que podem

vir a gerar riscos de desconforto, principalmente nas articulações. Esses problemas

se dão por conta de características do ambiente de estudo, algumas inadequações,

principalmente com relação a alturas do mobiliário e esquadrias, estrutura do

mobiliário, disposição e organização da cozinha como ambiente.

Quanto ao espaço de circulação não existem muitos problemas pois é um espaço

confortável, já a disposição do mobiliário atrapalha um pouco. Por ser aproveitado da

cozinha da casa anterior da usuária, esse mobiliário não encaixou perfeitamente na

área dessa nova cozinha e acaba por deixar algumas partes dispersas.

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Com relação às alturas na parte superior do mobiliário existem pontos de difícil

acesso, necessitando de um grande esforço para alcançar os objetos, o que pode

trazer desconfortos articulares na região do ombro e na coluna cervical. Em alguns

casos essas alturas podem trazer a necessidade do uso de um banquinho ou escada,

podendo causar desconfortos em regiões como a articulação coxofemoral, joelhos, e

tornozelos, além do risco de quedas.

No mobiliário inferior, em áreas muito baixas, é necessário que o usuário flexione os

membros inferiores ou o tronco, agachando-se para alcançar os objetos, o que pode

vir a causar desconfortos articulares nas regiões do joelho, tornozelos, articulação

coxofemoral, coluna lombar e ombros. Na área da bancada de granito, a altura e

profundidade são inadequadas, pois obrigam a usuária a assumir uma postura

flexionada na coluna lombar, gerando desconforto a usuária devido ao tempo de

permanência para realização de determinadas atividades.

Na estrutura do mobiliário da cozinha existem problemas como os tamponamentos,

que funcionam como reforço nos armários inferiores. Estas estruturas podem

acarretar lesões por contusão, devido a sua profundidade que saca a estrutura do

mobiliário, e se revelam como obstáculos na circulação do ambiente. Também existem

outros problemas estruturais como a abertura das portas, e o gaveteiro posteriormente

improvisado.

Existe também um problema na organização dos objetos da cozinha, os suprimentos

que ficam guardados de forma irregular, de modo que dificulta eventualmente a

atividade da usuária. Objetos com pouca frequência de uso em locais mais acessíveis

que objetos com muita frequência de uso, além da diversidade de objetos e produtos

de consumo diferentes, sem distinção por frequência, utilidade, tamanho ou peso.

Outro problema encontrado é o revestimento melamínico do mobiliário que apresenta

alguns desgastes e destacamento, o que pode ocasionar cortes e arranhões.

Arranhões e contusões podem causar bastante dor em idosos que possuem varizes,

além do risco de hemorragia que alguns arranhões podem causar.

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Outra questão importante (apesar de ser uma atividade geralmente executada por

usuários indiretos) é o bebedouro, que está localizado em cima de uma bancada alta

e pequena, o que torna a tarefa de colocar o garrafão de água bastante

desconfortável. Devido ao fato de precisar abaixar-se para limpar o garrafão, e depois

suspende-lo do chão até o bebedouro, que está relativamente alto, pode-se gerar

grande desconforto em áreas como coluna vertebral e musculatura envolvida,

articulações dos membros inferiores e superiores, além de risco de lesão nessas

áreas por conta da carga elevada desse garrafão.

A Iluminação do ambiente mostra-se inadequada, por apresentar baixos índices, o

que é reforçado pelas queixas da usuária. Quanto à temperatura que é quente ao meio

dia, o ambiente dispõe de entradas e saídas de ar, como portas e janelas, o que

permite que o ar circule livremente no ambiente, trazendo uma temperatura adequada

e confortável. O ambiente não apresenta problemas por ruídos.

Para as cores do ambiente observamos a cor branca por todas as paredes e no piso,

nos revestimentos cerâmicos, o que gera uma sensação de monotonia e deixa um

aspecto pouco estimulante. O mobiliário apresenta um tom madeirado similar ao tom

caramelo, promovendo aconchego, porém bastante minimalista deixando o ambiente

pobre no que diz respeito às cores. Além disto, as cores utilizadas no ambiente

proporcionam pouco contraste entre suas estruturas, reduzindo a capacidade de fácil

visualização de componentes do mobiliário.

6.4.1. Lista de Recomendações Ergonômicas

- Distribuição homogênea do mobiliário para melhorar circulação, facilitar atividades,

ajudar na organização e na composição formal do ambiente;

-Uniformizar as dimensões do mobiliário, melhorando seu funcionamento e seu

aspecto visual;

- Armários superiores mais acessíveis na altura para permitir o alcance manual

superior por parte do idoso;

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- Armários inferiores mais distantes do piso para evitar que a usuária se abaixe

excessivamente;

- Armários inferiores totalmente suspensos, para facilitar a limpeza;

- Armários superiores mais altos, com acabamento até o teto (apenas para objetos

com mínima frequência de uso), com acesso através de escada pequena, e também

para evitar o acúmulo de poeira em cima do mobiliário, causando a necessidade de

limpeza constante;

- Mais espaço nos armários para guardar todos os objetos, já que não existe dispensa

na cozinha;

- Diferenciação cromática de portas, gavetas, e esquadrias, para ajudar na percepção

do ambiente, torna-se necessário pela gradativa perda da acuidade visual.

- Utilização de cores e texturas de forma a trazer mais energia, vivacidade e

aconchego, tornando o ambiente mais estimulante e consequentemente, melhorar a

eficácia visual e tátil;

- Espaço para guardar escada, para pegar objetos com pouca frequência de uso,

guardado em locais mais altos;

- Organização de objetos e produtos de consumo de acordo com frequência de uso,

tamanho e peso, para facilitar a tarefa de guardar e retirar os produtos dos armários;

- Uso de uma escada leve e desmontável (substituindo o banquinho que pode tombar

facilmente gerando riscos de queda), para auxiliar na busca por objetos em locais

menos acessíveis (mínima utilização);

- Tampo de bancada de granito com altura mais elevada e profundidade menor, para

evitar flexões acentuadas na coluna lombar e consequente desconforto e até lesões

na coluna;

- Tamponamentos adequados não sacados exacerbadamente dos armários, mas com

espaço apenas para acomodar as portas. Para evitar lesões por contusão, e facilitar

a limpeza e a circulação;

- Gaveteiros adequados para a pega do idoso, que precisa utilizar vários dedos da

mão para ter força, e abrir a porta, por conta da debilidade de manejo fino. Essa

adequação trará mais agilidade e segurança ao utilizar gavetas;

- Gavetas do mobiliário inferior transformadas em gavetão, para evitar que a usuária

se abaixe excessivamente;

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- Puxadores adequados em mobiliários e janela, para realizar com segurança e

conforto a tarefa de abrir e fechar as portas de moveis e janela;

- Pegas e puxadores adequados para a capacidade e familiaridade do idoso de forma

a facilitar a tarefa, com sistemas deslizantes e abertura de portas leves, por conta da

redução da capacidade de manejo fino, e a perda do tônus muscular;

- Móvel para bebedouro acoplado ao restante do mobiliário para tornar menos

desgastante a tarefa de limpar e colocar o garrafão de água no bebedouro;

- Bebedouro localizado na bancada de granito junto com móvel específico para facilitar

as tarefas de limpeza, posição e remoção do garrafão;

- Local para pôr micro-ondas, retirando-o da bancada de trabalho, onde está

atrapalhando as atividades;

- Instalação de coifa ou depurador de ar para evitar fixação de cheiros e o acúmulo de

gordura e fumaça no ambiente de cozinha;

- Iluminação artificial reforçada, de acordo com a norma da ABNT para ajudar a

iluminação natural, a trazer uma boa iluminação para o ambiente;

- Eliminar objetos dispostos pelo ambiente, para não comprometer a área de

circulação na realização das atividades.

- Reduzir a quantidade de informação visual, para evitar cansaço mental e estresse

na usuária;

- Reduzir quantidade de pequenos objetos a mostra no ambiente, devido à redução

de acuidade visual que diminui a percepção de detalhes;

- O ambiente não deve ter equipamentos demasiados, apresentando-se como

obstáculos, trazendo riscos de lesão por contusão;

- O ambiente não deve apresentar tons muito escuros, pois causaria uma diminuição

ainda maior nos índices de iluminação;

- O ambiente não deve possuir espelhos e materiais de alto brilho em grandes

espaços, por conta do risco de causar ofuscamento por reflexos de luz para usuária;

- O mobiliário não deve possuir sistemas de abertura por toque, por causa da

familiaridade da usuária com tal tecnologia, acarretando dúvidas sobre a abertura das

portas e gavetas.

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6.5. Primeiros Detalhes Arquitetônicos

Para a concepção do projeto foram utilizadas as demandas ergonômicas expostas na

etapa anterior, e também as recomendações antropométricas trazidas pelo livro de

Panero e Zelnik (2013), juntamente com a aplicação de uma análise antropométrica

da cozinha do estudo de caso, além de utilizar os preceitos adquiridos na

fundamentação teórica.

O leiaute do ambiente foi feito em “U”, permitindo estação de trabalho em três partes

do ambiente formando um triângulo funcional, tornando o ambiente mais amplo e

confortável. O mobiliário foi distribuído de forma homogênea, possibilitando a

concepção desse leiaute e trazendo harmonia a composição formal do ambiente e

sua organização. Com o leiaute pronto, o mobiliário foi estruturado com sua

profundidades concebidas viando o maior conforto da usuária. A figura a seguir

representa as profundidades e o espaço de circulação do projeto conceitual.

Figura 21: profundidades e circulação

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Para facilitar o entendimento da figura, as cores das cotas estão dispostas da seguinte

forma: vermelho para a profundidade dos armários inferiores, azul para a profundidade

dos armários superiores, verde para larguras, e preto para a circulação central, e a

unidade de medida utilizada na figura é milímetros (mm). As plantas, baixa e

elevações, estão disponíveis em maiores proporções nos apêndices deste trabalho.

Essa área de circulação de 156,5cm entre armários inferiores permite acomodar o

corpo humano, além de uma gaveta ou porta aberta na zona de trabalho e, na zona

de circulação, acomodará a largura corporal máxima de uma pessoa de maiores

dimensões. Evitou-se os tamponamentos exageradamente sacados do mobiliário

inferior, trazendo mais homogeneidade ao espaço.

Figura 22: Alturas do mobiliário parede frontal

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Na figura 23, as medidas em vermelho significam as alturas do mobiliário, as medidas

em azul as alturas em relação ao piso e espaços entre os armários, e de verde a

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bancada de trabalho e a descrição de inferiores e superiores. A figura anterior

representa as alturas do mobiliário na parede frontal a entrada da cozinha.

O mobiliário superior, ficou mais próximo ao piso, com elevação de 137cm visando o

alcance da usuária. Os armários superiores ficaram maiores, ganhando em altura,

visando a necessidade de mais espaço para guardar objetos, com altura de 115cm,

para que alguns produtos guardados em armários inferiores possam ir para os

superiores, dando lugar a uma pequena escada dobrável em uma das portas dos

inferiores e mais espaço no restante dos armários.

Figura 23: Alturas do mobiliário parede direita

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A figura 23 representa as alturas e algumas larguras mais importantes, do mobiliário

na parede a direita da entrada da cozinha.

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Figura 24: Alturas do mobiliário parede esquerda

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A figura 24 representa a medida das alturas e algumas larguras mais importantes, na

parede a esquerda da entrada da cozinha. Como podemos ver, o projeto conta com

todo o seu mobiliário inferior suspenso, melhorando a questão da limpeza.

O espaço interno acomoda duas prateleiras, a mais baixa com altura de 175,3cm,

encontrando-se dentro do envelope de alcance(figura 25) da usuária.

Figura 25: Envelope de alcance

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Já a prateleira mais alta elevada a 212,3cm do piso, estando completamente fora do

envelope de alcance da usuária do estudo de caso, porém para o alcance dessas

áreas com dificuldade de acesso, o projeto dispõe de um sistema mecânico deslizante

que traz a possibilidade de puxar toda a estrutura interna das prateleiras para baixo,

facilitando o acesso ao conteúdo interno, sugerido por Bezerra e Barros (2014).

Figura 26: Mecanismo deslizante dos armários superiores

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

No mecanismo, as caixas do mobiliário superior descem até o alcance da usuária,

porém os tamponamentos permanecem no seu devido local, pois servem como

acabamento, não é necessário que eles acompanhem as caixas na descida, evitando

uma sobrecarga de peso no mecanismo. O mobiliário superior acaba gerando a

possibilidade de ser acessado sem grandes esforços. As figuras renderizadas estão

disponíveis em maiores proporções nos apêndices deste trabalho.

As cores e texturas foram cuidadosamente escolhidas de acordo com as

recomendações ergonômicas, considerando principalmente a perda da acuidade

visual dos idosos, sua percepção de detalhes, gerando a necessidade de

diferenciação dos objetos da cozinha. Esses fatores resultaram em mudança de cores

nas portas e gavetas, para melhor localização, de até onde vai o limite de uma porta,

e a partir de onde já é outra porta.

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Figura 27: Cores da cozinha

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A cor cinza foi escolhida para ser a cor base, ela se apresentada nos tamponamentos

do mobiliário com um tom claro e madeirado, e nas portas com o Cinza Itália, porém

com textura lisa diferenciando dos tamponamentos, e com baixa capacidade reflexiva,

para não escurecer o ambiente, e ao mesmo tempo visando a diminuição da acuidade

visual da usuária. A escolha do cinza se deu por ser uma cor neutra, que além de

trazer elegância e seriedade ao ambiente, pode ser combinada com uma grande

possibilidade de cores.

Outra cor utilizada foi o Amarelo Cromo Real, localizado nas frentes de algumas portas

e gavetas, escolhido por ser uma cor quente, que gera mais amplitude e iluminação

no espaço, além de aspectos psicológicos como sendo uma cor bastante estimulante,

gera alegria e ajuda a despertar o apetite; com uma textura lisa e fosca, evitando

reflexos da iluminação, novamente pela diminuição da acuidade visual.

Na parede do lado direito da entrada da cozinha, foi utilizada a aplicação de pastilha

de tons com variações de cinza na área molhada e na área do cooktop, para trazer

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mais movimento e riqueza ao ambiente. A cozinha agora possui uma coifa, para

absorver a gordura dos alimentos preparados, evitando o acumulo de gordura e

odores no ambiente.

Figura 28: Parede lado direito

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

O bebedouro está localizado em cima da bancada de trabalho, facilitando seu uso. E

facilitando também a atividade de reposição do garrafão de água, por estar mais

próximo do piso e por ter uma bancada para auxiliar nessa atividade. O cooktop foi

posto no ambiente para resolução do problema da grande profundidade do antigo

fogão, trazendo assim uma profundidade acessível que não ultrapassa a bancada de

trabalho.

Na parede do lado esquerdo, foi concebida uma torre de forno, com o forno e o micro-

ondas embutidos, onde agora encontram-se numa posição adequada que possibilita

melhor alcance da usuária sem que ela necessite abaixar-se para utilizar esses

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equipamentos, e um armário alto acima. Duas cubas na bancada de trabalho, para

melhor organização das atividades, localizadas logo abaixo da janela, para aproveitar

a iluminação natural gerada por ela. No mobiliário superior, nas áreas próximas as

cubas e a janela, foram colocados nichos abertos para pôr objetos de uso bastante

frequente.

Imagem 29: Parede lado esquerdo

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Como material para a bancada de trabalho foi utilizada uma pedra de silestone, por

trazer a opção de utilizar uma cor lisa, no caso a cor cinza, evitando uma grande

quantidade de informação no ambiente, ao ser adicionada com as texturas dos

tamponamentos do mobiliário e das pastilhas. Além dos armários inferiores

convencionais, foi instalado um porta latas, ou garrafas, para melhor aproveitamento

do espaço da cozinha e agregando funcionalidade ao espaço.

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Imagem 30: Porta latas e garrafas

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Os puxadores dispostos em todo o mobiliário são embutidos, e com proteção nas

laterais, e ausência de quinas vivas, podem ser acionados com todos os dedos da

mão, e não necessitam de manejo fino. Esses puxadores não sacam do móvel, e por

isso reduzem o risco de acidentes e lesões por contusão.

Figura 31: Puxadores

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Um fator considerado e que muito importante, é a familiaridade do produto com o

usuário, o puxador teve seu tamanho reduzido, sendo instalado apenas no local que

deve ser utilizado para abrir a porta, eliminando o risco de erro ao utiliza-lo. Além de

que a diferenciação cromática também existe nos puxadores, para melhor

visualização, com detalhe de metal amarelo nas portas cinzas, e detalhe de metal

cinza nas portas amarelas.

Nas paredes direita e esquerda existem gaveteiros, onde existem duas gavetas e um

gavetão, a opção do gavetão se deu por conta da altura, a usuária não necessitar

agachar-se tanto para chegar a última gaveta.

Figura 32: Gaveteiros

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

A escolha de gavetas nos dois lados da cozinha se deu por conta de facilitar as

atividades, tornando o ambiente mais dinâmico, existe a possibilidade de utilizar

objetos pequenos guardados em gavetas, tanto na área molhada perto das cubas,

quanto próximo ao cooktop, para quando precisar cozinhar.

O sistema de iluminação utilizado foi um sistema de lâmpadas de LED, com controle

de unidade e de intensidade, para auxiliar a iluminação natural nos momentos

necessários, sem que haja um ofuscamento por iluminação demasiada.

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Figura 33: Iluminação

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

Um ponto positivo para a iluminação é controle dos índices de iluminância do

ambiente, deixando-o sempre com os índices adequados, de acordo com a hora, e o

clima. Sempre lembrando que o brilho precisa ser baixo, para evitar ofuscamento.

Além da iluminação no teto, o projeto conceitual também dispõe de iluminação na

parte inferior do mobiliário superior iluminando toda a bancada. O sistema de

iluminação do mobiliário, possui o sistema semelhante ao sistema utilizado no teto,

dispondo de lâmpadas de LED, com controle de unidade e de intensidade.

Figura 34: Iluminação do mobiliário

Fonte: Elaborado pelo autor para a pesquisa

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Essa iluminação pode ser utilizada em casos que a iluminação do teto não seja

suficiente, por conta da sombra feita pelo próprio mobiliário, ou quando a usuária

quiser utilizar apenas uma parte específica da bancada de trabalho.

Devido à quantidade extensa de material, as plantas baixas, elevações e demais

renderings encontram-se dispostos nos apêndices 1, 2 e 3 ao fim deste documento.

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SEÇÃO 7. CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Essa pesquisa apresenta a elaboração de um projeto conceitual de um ambiente de

cozinha ergonômica para idosos acometidos de Chykungunia, e também várias

recomendações ergonômicas para concepção de projetos futuros. Nesta seção são

apontadas as conclusões sobre todo o trabalho produzido, acerca das limitações

físicas identificadas no público alvo, da aplicação da metodologia, e da proposta

projetual resultante do estudo, além de trazer sugestões para estudos posteriores.

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Para a construção de todo o estudo foram identificados subsídios acerca das

limitações naturais decorrentes do processo de envelhecimento, além de subsídios

acerca das limitações decorrentes do vírus da chikungunya em pessoas idosas

através de pesquisas e buscas por referências em ambos os assuntos, e

comparações com o caso considerado no estudo. Também foi verificada a interação

entre o idoso que sofre com a chikungunya e o ambiente da cozinha do estudo de

caso, em relação a alcances, inclinações, posturas, esforços, atividades

desempenhadas e riscos de lesão através de análises e consultas em livros e

pesquisas através de trabalhos acadêmicos e artigos científicos.

Esse estudo conseguiu estabelecer uma lista de requisitos para o projeto da cozinha

do estudo de caso, visando sua adequação ao idoso com a enfermidade. Também

foram identificadas situações de risco de lesões causadas pelas atividades diárias no

ambiente e foi gerada uma lista de recomendações ergonômicas que, posteriormente

auxiliaram na realização de um projeto conceitual do ambiente de cozinha do estudo

de caso.

7.1. Conclusões acerca das limitações físicas identificadas no público alvo

Para as limitações físicas identificadas no público alvo, verifica-se que existe um

aumento na abrangência de problemas decorrentes do avanço da idade, problemas

articulares, perda de tônus muscular, diminuição do envelope de alcance e da

mobilidade. Conclui-se então que, foi de extrema importância conhecer bem o público

alvo, detectando suas limitações e assim, antecipar os riscos de possíveis acidentes

que o ambiente possa causar, além da gama de dificuldades em utilizar ambientes

domésticos.

Dentre essas situações podemos citar problemas como quinas vivas em móveis,

equipamentos e objetos, que podem trazer lesões por contusão. Outro problema

bastante comum geralmente detectado é o piso inadequado, que muitas vezes é

bastante liso e escorregadio, que causa riscos de escorregões, um problema

solucionado no projeto conceitual do ambiente de cozinha do estudo de caso.

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Também podemos citar problemas nas alturas do mobiliário, o que é bastante comum,

tanto superiores quanto inferiores, geralmente exigem posturas inadequadas e

aplicações de forças para utilização desse mobiliário, podendo vir a causar

desconfortos e até mesmos lesões em determinadas regiões do corpo. Além dos

fatores antropométricos que são geralmente negligenciados nas construções de

ambientes residenciais, causando problemas como locais inalcançáveis, posturas

inadequadas, e “tentativas de adequação ao ambiente”, o que não está correto, pois

é o ambiente que deve se adequar ao usuário.

Outro aspecto importante é o espaço de circulação no ambiente, pois o idoso já não

possui mais o mesmo equilíbrio, existe a diminuição da acuidade visual, que serve

para se localizar, além de que idosos não tem a mesma noção de espaço que uma

pessoa mais jovem, podendo se lesionar esbarrando em mobiliário, objetos e

equipamentos. Há também a perda de tônus muscular, que faz ele perder as forças

em caso de escorregar, ou esbarrar em algo.

Podemos falar dos puxadores, um problema bastante encontrado em mobiliários de

cozinha, que além do risco de provocar lesões por contusão, também existe o risco

de não estar adequado ao usuário em relação a realização da atividade, tanto o

puxador, como a ausência dele.

Outro fator geralmente encontrado nos ambientes e nem sempre levado em

consideração é o uso de cores e texturas, o que pode atribuir uma gama de conceitos

e sentimentos que vem atrelado a elas.

Quanto ao conforto ambiental, fatores como iluminação, temperatura e ventilação são

bastante importantes, principalmente para o usuário idoso. Esse usuário necessita de

um ambiente bem Iluminado para realização de suas atividades com autonomia, por

conta da diminuição da acuidade visual. Temperatura e ventilação nem sempre são

visados na concepção de ambientes residenciais, porém são de grande importância

para o usuário idoso.

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Portanto, é imprescindível que o designer projete pensando em todas as limitações

que o usuário possa vir a apresentar, e assim construir um projeto que promova total

liberdade, autonomia e satisfação do usuário. Visando todos esses dados, foram

estabelecidos parâmetros para a realização do projeto conceitual, e as

recomendações ergonômicas para projetos futuros.

7.2. Conclusões acerca da aplicação metodológica

A metodologia para Projetos de Construção Centrados no Ser Humano concebida

pelas autoras Attaianese e Duca (2012), foi aplicada com grande facilidade, seguindo

todas as etapas, e coletando todos os dados necessários para realização das

demandas ergonômicas, o que resultaria em um projeto do ambiente de cozinha.

Foi possível perceber que a metodologia sugere as etapas, mas não estabelece

procedimentos para a investigação do conforto ambiental, adequação antropométrica,

e aspectos psicológicos relacionados ao público alvo, exigindo do pesquisador uma

sensibilidade para adaptação metodológica. Também foi possível perceber, que ela

se utiliza de algumas etapas bastante tradicionais de metodologias consolidadas no

design.

Outro fator positivo verificado na metodologia abordada, é a rapidez com que os

procedimentos podem ser realizados, e também levando em consideração que ela

apresenta uma grande interação com o usuário do ambiente de estudo, trazendo mais

segurança para a atividade de projetar, e confiança por parte de do usuário no projeto

feito pelo designer.

Conclui-se então, que a metodologia para Projetos de Construção Centrados no Ser

Humano direcionou a realização do projeto de forma adequada, mostrando

simplicidade nas etapas e clareza no que se propôs.

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7.3. Conclusões acerca da proposta projetual resultante do estudo

A proposta de projeto conceitual resultante do estudo de caso, foi realizada visando

as recomendações ergonômicas trazidas pela fundamentação teórica e pela aplicação

da metodologia selecionada. Para uma proposta de projeto conceitual, nota-se que é

possível a construção de um ambiente ergonômico, voltado para o usuário idoso

acometido de Chykungunia e suas consequências musculoesqueléticas. A Ergonomia

mostra que existem possibilidades, a questão é o pensamento voltado para o usuário,

porém, nem sempre essa é uma maneira financeiramente acessível, pois fazer um

ambiente ergonômico não significa baixo custo, algumas vezes uma intervenção

ergonômica demanda um investimento maior.

A proposta projetual atingiu o objetivo geral do trabalho, que foi de desenvolver o

projeto conceitual de um ambiente de cozinha residencial baseado nas necessidades

e limitações do usuário idoso acometido de chikungunya em um estudo de caso. E

realizado de forma adequada, seguindo todas as recomendações ergonômicas

geradas durante o processo de estudo.

O projeto conceitual do ambiente de cozinha traz algumas vantagens para o usuário

idoso acometido de chykungunia, como a adaptação das cores do ambiente ao

usuário específico e a iluminação adequada, visando a diminuição da acuidade visual

decorrente do processo de envelhecimento, e também trazendo traços de elegância,

sobriedade, alegria e energia tornando o ambiente estimulante. Novos puxadores

embutidos foram adaptados para esse projeto, considerando a perda do manejo fino

e a familiaridade do usuário com esse tipo de objeto, buscando evitar o erro na

utilização.

Também apresenta vantagens para a antropometria, quanto as medidas do mobiliário

para alturas, larguras e profundidades, visando futuras posturas assumidas e alcances

desejados. Houve um ganho em espaço para circulação através do mobiliário

homogêneo, além de facilitar a atividade de limpeza, tornando-a bastante rápida, outro

fator determinante para a limpeza é o mobiliário inferior completamente suspenso.

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O projeto dispõe de grande espaço nos armários inferiores, e superiores, onde estes,

são bastante altos, porém com um sistema mecânico deslizante que permite a usuária

acessar os locais mais distantes descendo os armários superiores até o seu alcance

apenas puxando-o pela prateleira. A proposta projetual dispõe também de um porta

latas e garrafas, trazendo mais organização ao ambiente.

O leiaute em “U” e a existência de dois gaveteiros para auxiliar as atividades,

proporcionam uma grande dinamização nas atividades relacionadas a cozinha. A

existência de coifa elimina o acúmulo de cheiros, fumaça e gordura, trazendo mais

conforto ambiental.

Conclui-se então que a proposta projetual promoveu autonomia e grande facilidade

de uso do ambiente por parte do usuário idoso, além do conforto gerado para o

mesmo, também promovido pelo ambiente proposto, tanto em aspectos funcionais e

práticos, quanto em aspectos estéticos e psicológicos.

7.4. Sugestões para estudos posteriores

O estudo de projetos de ambientes para idosos é algo muito importante, pois pode no

futuro ajudar a garantir uma melhor qualidade de vida para esta parcela da população.

Isto pode ser atingido por meio de projetos concebidos visando suas limitações, na

tentativa de que elas não se tornem um obstáculo para a realização das atividades

cotidianas.

Algo importante e promissor para se pensar em estudos posteriores, é a automação

de sistemas, como por exemplo, o sistema deslizante utilizado no projeto conceitual,

que funciona baixando a altura do mobiliário superior, e trazendo ele até o envelope

de alcance da usuária. Assim, cada vez mais, evitando esforços que antes eram

realizados frequentemente, eliminando-os com apenas o toque em um botão.

Outra sugestão para estudos posteriores é uma pesquisa de puxadores através de

análises sincrônicas e diacrônicas, visando o problema comum da perda do manejo

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fino em usuários idosos. Um objeto bastante comum, porém as vezes pode passar

despercebido, ou ser visto apenas como um agravante estético no mobiliário. Existem

vários problemas envolvendo puxadores, ou até mesmo a falta deles, e problemas

que podem até vir a causar lesões no usuário.

Pode-se sugerir também o estudo de Chykungunia e artrite reumatoide para fins

projetuais, não só de ambientes e interiores, como também para projetos de produtos.

Deve-se pensar também nas limitações causadas pelo processo de envelhecimento,

como a diminuição da acuidade visual, e manejo fino, e diminuição do envelope de

alcance.

É interessante também, e de extrema importância perceber a necessidade de

adequação de outros ambientes, não apenas cozinha, mas os outros ambientes de

uma residência, e além disso, ambientes externos, áreas de lazer, e postos de

trabalhos, partindo do pressuposto de que se o ambiente é confortável e traz

autonomia para um usuário idoso acometido de Chikungunya, também será para um

grupo bem maior de pessoas com outras ou nenhuma necessidade específica.

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