Identidades, crises e dinâmica socio- pessoal · U.A.L C.I.P 11. 05. 2006 Identidades, crises e...

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U.A.L C.I.P 11. 05. 2006

Identidades, crises e dinâmica socio-pessoal

Professor Doutor Pierre Tap

Identidades, crises e dinâmica socio-pessoal

• 1. Noção de identidade, dimensões e limites

• 2. Noção de crise identitária e transição

• 3. Identidade e dinâmica pessoal

• 4. Identidade e trabalho do luto

1. Noção de identidade : dimensões e limites

Identidade pessoalIdentidades colectivas

RepresentaçõesRepresentações

PráticasPráticas

A identidade pessoal (ou individual) éuma substrutura da personalidade, definida como

sendo o sistema de representações e de sentimentos do indivíduo sobre si próprio (ou dos

outros sobre si).

A identidade pessoal passa pelo reconhecimento do próprio corpo, no sentido da imagem que ele próprio reenvia e da avaliação que os outros efectuam. (cf. experiência sensorio-motora e espelho, o olhar dos outros, as palavras dos outros sobre o corpo).

Mas a identidade é também um reconhecimento do eu, do eu íntimo.

As primeiras relações afectivas entre a criança e a sua mãe

(sobretudo) contribuem para a construção da sua identidade (Spitz, Winnicott).

Identidade =

Ser o mesmo (idem)(identização temporal)

Ser si próprio (is dem,ipse)(identização estrutural)

Tornar-se si próprio(personalização)

CompetênciasSaberese crenças Representações

Pratiques/Actions Sentido Valores legitimadores

Poder

Re-conhecimentoPapéis / funções

De si próprioDos outrosIdentidade Pessoal

2. Noção de crise identitária e transição

Necessidade de ter em conta os recursos psicológicos

• Forma de gerir a crise;• Recursos internos : resiliência, vinculação;• Recursos transacionais: coping• Qualidade de vida e estilos de vida.

Indivíduo ------------------ I --------------------- Ambiente

Situação

Interno Externo

Tensões

SentidoConflito

Protecção e recursos internos:

Disposições

Protecção erecursos

externes :Suporte socialDispositivos

Stress

CopingRecursoResiliência

Transacções

ContrariedadesRiscos

A transição como esperança demudança

e como luta contra a ruptura

Transição

Meio de evitar a ruptura, de gerir a crise de forma

contínua e flexível, de mantera ligação transformando a relação

e atribuindo-lhe sentido, etc.

Transição

MOVIMENTOe PASSAGEM (processo)

de um estado (estrutura A) a outro (estrutura B).

A resiliencia

• resilire : rebondir (resaltar)

• resilientia : l'aptitude d'un corps à résister à un choc (aguentar o golpe)

Aguentar o golpe

Primeira definiçãode resiliencia

Transição fluída

Fase da crise

Rupturechute

Phase de crise

Rupturaqueda Resaltar

Fase da crise

Transição fluída

Transição dura

Segunda definição de resiliência

3. Identidade e dinâmica pessoal

Personalidade

Identidade pessoal / Identidades colectivas

Identidade narrativa (Paul Ricoeur)

Histoire de vieP

Aspirations

Passé

Présent

Futur

Le monde d’aujourd’hui

Identização =

Ser o mesmo (idem)(identisação temporal)

Ser si proprio (is dem,ipse)(identisação structural)

Tornar-se si proprio (personnalisação)

Integrar-se socialmente

Lidar com o stress

Afirmar uma identidade

Construirprojectos

Ancoragem

Abertura

CompromissoPassado

Futuro

Presente

Adaptação

Estratégias de personalização

Integrar-se socialmente

Lidar com o stress

Afirmar uma identidade

Construir projectos

Identização Acção

Reconhecimento

Antecipação

Auto-estima

Legitimação

Orientação Controlo

Atribuir sentido e valor

Integrar-se socialmente

Lidar com o stress

Afirmar uma identidade

Construir projectos

Identização Acção

Reconhecimento

Antecipação

Auto-estimaLegitimação

Orientação Controlo

Atribuir sentido e valor

Ancoragem Compromisso

Abertura Adaptação

4. identidade e trabalho do luto

Situações difíceis

Traumatismo ?Luto (s)

lutos (s)Luto (s) ?

mortíferos criativos

Situações difíceis :

- situações individuais :

• morte de alguém próximo,

• incapacidade,

• prisão, detenção

- situações colectivas :

• guerra, genocídio

• catástrofes naturais (tsunami, inundações)miséria, pobreza, precariedade, exclusão

Dispositivos (socioculturais)

Pessoa

Disposições

Internas e externasCompetências

Individualização dos

EU

Contexto ecológico

Outro (s)

Objectos e actividades (materiais ou simbólicas)

Tempos de vida

Tipologia dos lutos do EU

• lutos genéricos (infância, adolescência, idade adulta, velhice) ;

• lutos do corpo original (depois de doença, acidente, incapacidade) ;

• luto do moribundo ;• luto de actividades ;• luto de espaço ;• luto de estatuto ;• Lutos narcísicos.• lutos de migração. J.C. Metraux

As 3 fases do trabalho dos lutos

• Fase 1 de fechamento ou luto congelado

• Fase 2 de abertura ou luto dramatizado

• Fase 3 da recordação ou luto criador

J.C. Metraux

: fossilização, congelação do luto

Exclusão defensiva (Bowlby) : + exclusão psíquica

+ exclusão relacional (solidão emocional).pode ser temporariamente adaptada ; tende a prevenir contra o afundamento ou o contágio.

A fase 1 de fechamento

J.C. Metraux

• fragilidade enganosa : reacção de bloqueio, recusa .. como consequência..

• Todo poderoso, negação, projecção, clivagem

• Impossibilidade de construir projectos ;• negação de mudanças inesperadas…• Fabricação de um mundo ; modelação do

imaginário

A fase 1 de fechamento

J.C. Metraux

• Obsessão de reencontros (caves do passado)

ou

• reclusão nos esquecimentos do futuro (procura de amnésia).

A fase 1 de fechamento

J.C. Metraux

• Esta fase começa quando a pessoa enlutada aceita enfim o carácter irreversível da perda :

• Consciência emoções depressão ..lágrimas, insónias..Fragilidade assumida, sentimento de incapacidade,

idealização do ausente ou do « perdido » ..Emergência de imagens e de afectos ;

representações do ausente, lembranças vivas e positivas

A fase 2 de abertura

J.C. Metraux

• memória de um pleno (e não mais de um vazio)

• Retorno do ausente nas recordações vivas (positivas ou negativas). Aparecimento no presente de imagens do passado solicitadas pela construção de um futuro irredutível a ontem ou a hoje.

A fase 3 da recordação ou luto criador

J.C. Metraux

Luto e recordação

• « o trabalho do luto é o custo do trabalho da recordação; mas o trabalho da recordação é o beneficio do trabalho do luto »

Paul Ricoeur La mémoire, l’histoire, l’oubliSeuil, 2000

A inversão

• movimento de descentração pelo qual o limite reconhecido cessa de ser limite do outro para se tornar limite de si ..

• aceitar os limites como seus ..

J.C. Metraux

Modos de funcionamento e de reacção:

• 1. O modelo heróico : dépassement, endurance,• resiliência, aceitação, oubli de soi …

• 2. O modelo dramático: queixas, depressão, agressividade, culpabilidade, externalité …

• 3. O modelo hedonista : qualidade de vida, bem-estar, prazer, felicidade, ...

Três ideias importantes resultam destas observações :

• A gestão dos recursos ao longo do tempo.

• Uma flexibilidade adaptativa face a um contexto desfavorável.

• O desenvolvimento de transacções, para além da interacção sujeito - ambiente.

• Obrigado pela vossa atenção e … pelas vossas

questões!