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A IIIDADE DE OURO" DE SALVADOR PEDRO DE ALMEIDA VASCONCELOS' 1. Introdução Uma das preocupações da Geografia Urbana é entender a permanência das formas construídas. Essas formas vão desde o traçado das ruas, adapta- do ao meio físico, até as construções sólidas, sejam elas monumentais ou não. No caso de Salvador, onde a renovação do Centro Histórico está cau- sando um processo de retorno das camadas mais abastadas da população da cidade, o debate sobre o patrimônio construído volta ao primeiro plano. A relação entre formas construídas e atividades econômicas não é mui- to clara: no caso da Bahia, a maior parte da literatura histórica faz o vínculo direto entre a situação da economia açucareira - principal setor produtivo dos quatro primeiros séculos -, e o desenvolvimento da cidade de Salvador. Se- gundo esses estudos, teria sido o século XVII o período do domínio brasileiro na produção mundial do açúcar, tendo rendido 200 milhões de libras, ou seja, dois terços do valor da produção do açúcar de todo o período colonial, o equi- valente ao valor de toda a produção de ouro do mesmo período (SIMONSEN, 1977). Contudo, a partir de 1680, houve uma queda na demanda do açúcar, tendo em vista a concorrência do Caribe e a política colonial britânica e france- sa de exclusividade de compras de açúcar de suas colônias. Essa crise foi agravada pela descoberta do ouro em Minas Gerais (1698), causando uma elevação acentuada do preço dos escravos e um abandono parcial das atividades agrícolas. A escassez de escravos levou ao fechamen- to de 24 engenhos em 1723 (RUSSELL-WOOD, 1981). Em 1760, os rendimen- tos dos engenhos chegaram a ser seqüestrados pela Fazenda Real, assim como pela Misericórdia, pelas Ordens Terceiras e Irmandades, pelos Conven- tos e particulares (PINHO, 1982). O Rio de Janeiro, além de tornar-se o porto exclusivo da produção minei- ra, era bem defendido, e estava localizado estrategicamente em relação às questões platinas, levando o governo português a transferir a capital colonial para essa cidade em 1763 . . Professor do Departamento de Geografia da UFBA.

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A IIIDADE DE OURO" DE SALVADOR

PEDRO DE ALMEIDA VASCONCELOS'

1. Introdução

Uma das preocupações da Geografia Urbana é entender a permanênciadas formas construídas. Essas formas vão desde o traçado das ruas, adapta-do ao meio físico, até as construções sólidas, sejam elas monumentais ounão.

No caso de Salvador, onde a renovação do Centro Histórico está cau-sando um processo de retorno das camadas mais abastadas da população dacidade, o debate sobre o patrimônio construído volta ao primeiro plano.

A relação entre formas construídas e atividades econômicas não é mui-to clara: no caso da Bahia, a maior parte da literatura histórica faz o vínculodireto entre a situação da economia açucareira - principal setor produtivo dosquatro primeiros séculos -, e o desenvolvimento da cidade de Salvador. Se-gundo esses estudos, teria sido o século XVII o período do domínio brasileirona produção mundial do açúcar, tendo rendido 200 milhões de libras, ou seja,dois terços do valor da produção do açúcar de todo o período colonial, o equi-valente ao valor de toda a produção de ouro do mesmo período (SIMONSEN,1977). Contudo, a partir de 1680, houve uma queda na demanda do açúcar,tendo em vista a concorrência do Caribe e a política colonial britânica e france-sa de exclusividade de compras de açúcar de suas colônias.

Essa crise foi agravada pela descoberta do ouro em Minas Gerais (1698),causando uma elevação acentuada do preço dos escravos e um abandonoparcial das atividades agrícolas. A escassez de escravos levou ao fechamen-to de 24 engenhos em 1723 (RUSSELL-WOOD, 1981). Em 1760, os rendimen-tos dos engenhos chegaram a ser seqüestrados pela Fazenda Real, assimcomo pela Misericórdia, pelas Ordens Terceiras e Irmandades, pelos Conven-tos e particulares (PINHO, 1982).

O Rio de Janeiro, além de tornar-se o porto exclusivo da produção minei-ra, era bem defendido, e estava localizado estrategicamente em relação àsquestões platinas, levando o governo português a transferir a capital colonialpara essa cidade em 1763 .

. Professor do Departamento de Geografia da UFBA.

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Estaria assim iniciado o processo secular de deslocamento da econo-mia e da política em direção ao Sul do país, processo reforçado pela consoli-dação do Rio de Janei ro como sede da Corte Portuguesa (1808) e capital doRei no Unido (1815), e como local de escoamento da nova produção de café.

Os fatos articulam-se bem mas se examinarmos detidamente o queaconteceu em Salvador, não houve, nessa cidade. uma estagnação corres-pondente às crises passadas pela economia açucareira. De fato. Salvador nãoparece ter sentido de imediato as consequências dessas crises. tendo emvista que sua "Idade de Ouro" (entre meados do século XVII e meados doséculo XVIII). quando do apogeu de sua arquitetura monumental. ultrapassaem muito o período de crise do açúcar, crise que s6 se atenuará nos finais doséculo XVIII, e com altas e baixas até inícios do século XIX.

O período em exame é muito longo, indo de um mundo saído doRenascimento e da Reforma. até a época da difusão das idéias iluministas.Para tanto. é necessário examinar as continuidades e rupturas. e os agentesprincipais dessas mudanças.

2_ Antecedentes (1549-1640)

O período inicial já foi bastante estudado, correspondendo à implanta-ção, pela Coroa portuguesa. da cidade que seria a cabeça do sistema colonialno Brasil. Este período marca o papel fundamental do Estado português naimplantação de uma cidade fortificada, juntamente com o estabelecimento deuma estrutura governamental e de apoio urbano e portuário às atividades agrí-colas de exportação do Recôncavo (açúcar e fumo).

A pequena cidade fortificada. que recebeu seu primeiro milhar de habi-tantes em 1549, vai contar com aproximadamente 3.000 vizinhos (15.000 habi-tantes) no seu termo. após o início da ocupação da segunda cumeada em1567 (SOUSA, 1987). As duas primeiras freguesias, Sé e Vitória (1552). jun-tam-se às de Conceição da Praia (1623) e de S. Antônio além do Carmo (1648).Estava assim consolidada a capital colonial, que tinha sido elevada à condiçãode capital do Vice-Reinado. instituído em 1640, quando da restauração portu-guesa.

3. A capital do vice-reinado - A "A idade de ouro" (1640-1763)

A liberação na Europa com a Restauração da Coroa Portuguesa (1640),a pacificação da América após o último ataque holandês ao Recôncavo (1649)e a capitulação dos holandeses em Pernambuco (1654), e a consolidação dosistema de fortificações de Salvador, são fatores que garantiram a segurançada cidade. Ela não seria mais invadida.

No sécu lo XVII, a Bah ia tornara -se a maior área produto ra de aç úcar doBrasil. Salvador era o local de reunião da frota anual de comércio no período de1649 a 1765. Também neste período, Salvador foi elevada à sede do único

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arcebispado da América portuguesa (1667). Toda essa riqueza agora podia seraplicada na ampliação e criação de novas igrejas e no refinamento da decora-ção interior, o que SM ITH (1967) chama de "Período de Arquitetu ra Monumen-tal de Salvador" (1655-1760). Datam deste periodo a reconstrução ou implanta-ção dos principais monumentos de Salvador, sejam religiosos (igrejas, con-ventos, recolhimentos), sejam governamentais, sejam civis. Com a exceçãodas fortificações, os principais monumentos foram edificados na atual áreacentral da cidade.

Essa concentração de edificações de monumentos nesse periodo, le-vanta a seguinte questão: como esta demonstração de opulência pôde conti-nuar até meados do século XVIII se a produção açucareira estava em crise?

4. O papel dos principais agentes no período

Algumas hipóteses podem ser levantadas, partindo do principio de quemudanças econômicas não alterariam autornaticamente os processos sociaise espaciais; que há um período necessário de reordenamento e acomodação;e sobretudo que essas mudanças econômicas poderiam ter beneficiado outrosagentes responsáveis pelas principais transformações na cidade.

1) Os comerciantes

o descobrimento do ouro e, posteriormente, dos diamantes, em MinasGerais, teria s ido bastante favorável aos comerciantes de Salvado r. A importa-ção de mercadorias aumentou para atender ao novo mercado em expansão.Segundo PITA (1976), 2.000 barcas de carreira faziam escala em Salvador,incluindo as naus de carreira para a Ásia (LAPA, 1968).

Os preços tinham referência em ouro: uma espingarda, por exemplo,segundo ANTONIL (1982), em 1711, custava o equivalente a 57 gramas deouro. Os viajantes que negociavam com as Minas Gerais ("mineiros"), paga-vam as mercadorias, como fazendas, em ouro, o que era de "interesse e opu-lência a esta capital. .." (CALDAS, 1931). Este autor relaciona 120 comercian-tes em Salvador (homens de negócios, mercadores e traficantes), sendo quedos 14 maiores cabedais, sete comerciavam com Portu gal e um era mercador.A maioria dos comerciantes era portuguesa ("reinóis") e progressivamente pas-saram a ter um papel mais importante na sociedade local, em detrimento dosproprietários de terras: em 1739, o Provedor da prestigiada Santa Casa daMisericórdia era um negociante e em 1740 os comerciantes foram autorizados aparticipar dos Conselhos Municipais por Ordem Régia (RUSSELL-WOOD, 1981).

2) Os traficantes de escravos

Essa subcategoria, que pode ser dividida entre aqueles que faziam otráfico diretamente com a África e os que faziam o comércio interno no Brasil,

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teve seus negócios ampliados com a súbita valorização do preço dos escra-vos, que passou, na Bahia, de 40 a 50.000 para 100.000 réis, como conseqü-ência da descoberta do ouro, segundo ANTONIL (1982); e de acordo com Car-ta do Senado de Salvador de 1723, os preços teriam subido de 40 a 60.000para 200.000 réis (P.M.S., 1973).

CALDAS (1931) informava que 24 embarcações eram dirigidas para aCosta de Mina e 12 para Angola, com uma entrada anual de 3.000 escravos.No final do século as entradas alcançavam 7.000 (VILHENA, 1969). O númerode rolos de fumo enviados para a Costa de Mina indica a progressão dosnegócios: 5.000 rolos anotados por ANTONIL (1982) em 1711, 50.000 em 1724,segundo PITA (1976),80.000 informados por CALDAS (1931) em 1739, osquais constituíam a principal mercadoria de troca pelos escravos africanos.

O valor dos escravos em Minas Gerais atingiu níveis sem precedentes:segundo ANTONIL (1982), um negro escravo equivalia a 300 oitavos de ouro(1,07 quilo); um crioulo oficial a 500 oitavos (1,80 quilo) e uma mulata a 600oitavos (2,15 quilos).

Esses lucros enormes fizeram com que, em 1758, dos 120 comercian-tes arrolados por CALDAS (1931), 28 estavam envolvidos com o tráfico com aCosta de Mina e Angola, sendo que três dos 14 comerciantes de maior cabedal,de Salvador se dedicavam ao comércio com a Africa.

Essas atividades não impediam o espírito cristão desses negociantes:o Recolhimento dos Perdões, por exemplo, de iniciativa particular, em 1789, foiampliado por doações de Theodosio G. da Silva (e sua mulher), que tinha seuprincipal comércio com a Costa de Mina e Portugal. Os traficantes de escra-vos, segundo Paulo Ormindo, chegaram a organizar uma "irmandade" na igrejade Santo Antônio da Barra (SIC, 1975).

3) Os financistas

Os emprestadores de dinheiro teriam tido um papel importante no empo-brecimento relativo dos produtores de açúcar. Os empréstimos, as comprasantecipadas de lavouras e as perturbações econômicas ou climáticas, deixa-vam os produtores na dependência desses negociantes. Entretanto, uma pro-visão de 1673 já proibia a penhora de dívidas dos proprietários de engenhos.

Dos 14 maiores cabedais listados por CALDAS (1931), em 1759, trêseram de financistas. Entre os financistas, destaca-se João de Matos de Aguiar,sobrinho de proprietário de terras e especulador. Ele conseguiu acumular umaenorme fortuna, construiu um solar na Ladeira da Praça (1674), hoje destruído(SIC, 1975), e alcançou o maior cargo da Santa Casa da Misericórdia, o deProvedor, em 1684. RUSSELL-WQOD (1981) relata que, ao falecer, sem filhos,em 1700, deixou a enorme fortuna de 135 contos e mais algumas casas no seutestamento, com a contrapartida de 11.000 missas por ano (o que indica talvez'o peso de sua consciência ...), ao tempo que permitiu à Santa Casa construir oseu Recolhimento para mulheres.

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Um dos devedores dos financistas foi o senhor de engenho João SodréPereira (CALDAS, 1931), proprietário também do Solar do Sodré (SIC, 1975).

Instituições também funcionavam como bancos na época colonial. Con-ventos, Ordens Terceiras, a Misericórdia e outras Irmandades, foram conside-rados por SCHWARTZ (1988) como os principais emprestadores na época.

4) Os proprietários de engenho e plantadores de cana

Essa teria sido a classe mais prejudicada pelo desenvolvimento da mi-neração do ouro, sobretudo considerando a elevação do preço dos escravos.

Mas a situação não era tão simples. Para começar, a venda de escra-vos também traria recursos para essa classe de produtores. Essa classe deprestígio, em sua maioria brasileiros, monopolizava politicamente as câmarasmunicipais até 1740, e contava com a maior parte dos provedores da SantaCasa da Misericórdia até meados do século XVIII. Eles ainda iriam ter momen-tos de recuperação, do final do século XVIII até meados do século XIX.

Em 1711, ANTONIL (1982) registrava 146 engenhos na Bahia, produzin-do 14.500 caixas de açúcar, o que corresponde a 1.070.206$400 réis, ou seja,42°/0 da produção conjunta com a de Pernambuco e do Rio de Janeiro. Nestemesmo ano, o açúcar ainda contava com 67°/0 das exportações brasileiras,segundo os dados do mesmo autor, o que mostra a importância da produçãoaçucareira da Bahia. PITA (1976), em 1724, informava da existência de 150engenhos no Recôncavo (Pernambuco, 130, Rio de Janeiro 111), produzindo16.000 caixas de açúcar, enquanto a exportação brasileira era de 24.000 cai-xas. Em 1759, CALDAS (1931) nos informa de ~26 engenhos no Recôncavo euma produção de 9 a 10.000 caixas, o que indica uma diminuição da produçãoaçucareira.

No entanto, os proprietários de engenho tinham destacado papel nomodelamento da cidade, tendo financiado e ajudado a construir o Forte de S.Pedro, entre 1646 e 1723 (SIC, 1975).

Por outro lado, o espírito religioso da época se refletia em grandes doa-ções como aquelas efetuadas pelos membros da família Goes: em 1636, D.Luiza Goes fez importante doação para o convento do Carmo, e em 1681, D.Antónia Goes doou grande fortuna para a construção do Convento do Desterro,onde se recolheu (SIC, 1975).

Alguns solares de Salvador são reflexo da riqueza dos proprietários deaçúcar, como o do Sodré, construído no início do século XVIII; o solar daBandeira, na Soledade, construído em meados do século XVIII, que constoudo inventário do comerciante e abastado senhor de engenho, Pedro RodriguesBandeira, assim como do solar Marback, que foi propriedade de Antônio VasCarvalho nos finais do mesmo século (SIC, 1975).

AZEVEDO (1990) observou que no século XVIII, no período da criseaçucareira, foram edificadas as mais suntuosas casas-grandes, como a doengenho Freguesia, com seis salas e 22 quartos, ou a do engenho Lagoa, com

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forros com pinturas ilusionistas, assim como capelas de engenho grandes comoigrejas matrizes, como a do Engenho Mataripe.

5) Os plantadores de fumo

Estes produtores de menor prestígio, de cultura que requeria menoscapital e mão-de-obra do que o açúcar, e cujo comércio era monopólio da Co-roa, também conseguiram elevados rendimentos. Eles se beneficiaram da tro-ca do fumo de segunda ou terceira categoria pelos escravos, em função doaumento da demanda dos mesmos nas minas. ANTONIL (1982) nos informaque a exportação do fumo em 1711, predominantemente baiana (880/0), eraresponsável por 344.650$000, ou seja, por 9% das exportações do Brasil,correspondendo nesse ano a mais da metade do valor da exportação de ouro.Naquele ano 25.000 rolos tinham sido exportados para Portugal e 5.000 para aÁfrica. O mesmo autor também informa que o Rei do Portugal retirava destecontrato, cada ano, 2.200.000 cruzados.

Tendo em vista o monopólio real, havia grande contrabando de fumo,escondendo o mesmo em imagens ocas (santos de "pau oco"), e até em peçasde arti Iharia.

Como vimos, além da exportação para África, foram exportados em 1724,segundo PITA (1976), 18.000 rolos para o Portugal, enquanto CALDAS (1931)informava o envio de 30.000 rolos em 1758.

6) Os grandes criadores de gado

A concentração de terras nas mãos de grandes famílias, extrapolandoinclusive o território baiano, já era conhecida desde o início do século XVIII,quando ANTONIL (1982) informou que quase todo o sertão da Bahia pertenciaa duas famílias: a da Casa da Torre (com terrenos que iam até 260 léguas parao sul do rio S. Francisco e 80 léguas para o norte) e a dos herdeiros de AntônioGuedes (com terrenos que iam de Morro do Chapéu até o rio das Velhas), ondepastavam 500.000 cabeças de gado. Em 1726, segundo RUSSELL-WOOD(1981), cinco grandes proprietários e seus herdeiros controlavam o interior daBahia: além da família Garcia d'Avila (da Casa da Torre) e de Antônio Guedesde Brito, ele inclui Domingos Sertão, Antônio da Rocha Pita e Pedro BarbosaLeal. Classe de prestígio como a dos Senhores de Engenho, todos os cincograndes criadores foram provedores da Santa Casa da Misericórdia entre 1662e 1705, sendo que um deles, Francisco Dias d'Avila, era herdeiro da Casa daTorre.

O fornecimento de gado para as Minas ampliou a riqueza desses propri-etários (assim como dos fornecedores de mantimentos), tendo em vista que ocaminho da Bahia era muito melhor que o do Rio ou o de São Paulo, emboramais longo, pois, segundo ANTONIL, era "menos difícil, mais aberto para asboiadas, mais abundantes para o sustento, mais acomodado para cavalgadu-

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ras e cargas" (1982:187). A valorização do boi (e do cavalo), em Minas, chegoua atingir 358 gramas de ouro para cada animal, em 1711. A exportação decouros, que beneficiava os comerciantes, além dos criadores, também eraimportante. No mesmo ano, "os meios de sola", dos quais a Bahia produzia49°/0, chegaram a 5°1o das exportações do Brasil para o Portugal.

Alguns indícios dessa riqueza em Salvador: o magnífico Paço daSaldanha, em 1706, estava nas mãos da viúva Isabel Guedes de Brito (SIC,1975), da família da Casa da Ponte (RUSSELL-WOOD, 1981). Outro grandeproprietário, Domingos Afonso Sertão, em 1704, doou os terrenos para que osJesuítas construíssem o seu Noviciado e, em 1724, ainda forneceu recursospara a conclusão das obras.

7) O estado

Embora o Estado português não tivesse uma atuação semelhante aosgovernos atuais, sua política, suas despesas e sua captação foram fundamen-tais para a economia e urbanização do Brasil. No caso de Salvador, seu papeljá era excepcional pela própria fundação da capital. Tendo em vista as funçõesde capital colonial, o número de instituições e o pessoal mantidos pelo Estadoera significante.

Em 1756, segundo CALDAS (1931), o Estado teve despesas com: a) afolha eclesiástica, no valor de 25:070$760, que correspondia aos gastos com arenumeração do clero, incluindo o ordenado do Arcebispo, recursos para asmissões e conservação das igrejas; b) com a "despesa secular", no valor de38:573$947 réis, correspondendo a remuneração de altos funcionários (203ofícios listados) e demais assalariados do governo; c) despesa com o "gover-no militar", a mais elevada, no valor de 86:589$945, correspondente ao paga-mento dos soldos dos oficiais e dos 1.752 soldados da tropa paga e mais asdespesas com o fardamento, alimentação ("farinha") e aquartelamento; d) des-pesas incertas, no valor de 69:855$000. O total das despesas alcançava220:089$651 réis. Estas despesas porém, segundo o mesmo autor, eram lar-gamente compensadas pela arrecadação de 302:634$802, vinda sobretudo dorendimento de contratos, onde se destacam os dízimos da alfândega (82 con-tos), os outros dízimos (63 contos), taxas relativas à entrada de escravos e deescravos vendidos para as minas, totalizando 31 contos, o que levava a umenvio líquido para o Portugal de 82:545$151.

O fato das Minas Novas pertencerem a Bahia até 1760 (SALVADOR,1992), as descobertas de ouro em Jacobina em 1756, além do contrabando,levaram à criação da Casa da Moeda na Bahia e no Rio de Janeiro, segundoANTONIL, "por serem estes os dois pólos aonde vai parar todo o ouro" (1982:168).De fato, o contrabando devia ser enorme. SIMONSEN (1977) calculava em200/0 do ouro produzido. Em 1711, o ouro contava apenas com 16°/0 do valordas exportações, totalizando 614 contos (ANTONIL, 1982). Em 1716, segundoSALVADOR (1992), o total do quinto de ouro vindo de Minas era de 150 contos,

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da Bahia, 100 contos, do Rio, 60 contos, partes de uma arrecadação total parao Estado de 1.550 contos.

A proibição dos ourives em 1766, com a interdição de 166 ourivesarias etrês gravadores, assentando praça todos os oficiais e aprendizes, é sintomáti-ca da quantidade de ouro circulando em Salvador. Por outro lado, a quantidadede ouro quintado na Bahia era alta, considerando a proibição de circulaçãoentre a Bahia e Minas desde 1701 (VIANNA, 1893). SALVADOR (1992) porém,lembra que o cristão-novo Manuel Nunes Viana chegou a ser superintendentedas Minas do Ribeiro do Carmo, tendo adquirido grande fortuna através docontrabando de ouro e de mercadorias nesse caminho, tendo ainda D. IsabelGuedes de Brito confiado ao mesmo suas vastas terras. Esse caminho tam-bém era o mais barato para os imigrantes vindos de Portugal.

O governo tinha ainda que controlar os mosteiros que eram lugares se-guros para esconder contrabando e até objetos roubados. Em 1730, o governa-dor pediu autorização para revistar os conventos sob suspeita de contrabandode ouro (RUSSELL-WOOD, 1981). Além das suas construções próprias, oEstado atuava na construção de igrejas: a Coroa oferecia vários subsídios,como em 1739, para a Igreja do Pilar e, em 1737, para a Igreja do Passo.

O Estado teve também importante papel no modelamento da cidadeneste período, tanto pela construção de prédios governamentais, como a atualCasa da Câmara (1660), o novo Palácio dos Governadores (1687), a Casa daMoeda (1695) e Alfândega antiga (1696), mas sobretudo pela continuidade dosistema defensivo, com a construção e ampliação dos quartéis na Palma(1650), do Forte de S. Antônio da Barra (1656; 1697), do Forte de Barbalho(1667), do Forte de S. Marcelo (1670; 1728), da Casa da Pólvora (1682), dosFortes de S. Diogo e de Santa Maria, dos Castelos das Portas de S. Bento edo Carmo (1694), do Forte de S. Antônio além do Carmo (1702), do novo Fortede S. Pedro (1721) e do Forte de Monte Serrat (1742).

8) Os altos funcionários

Os altos funcionários, civis e militares, em vários casos, acumulavamfunções, o que lhes permitia manter posições de prestígio. Por exemplo, oelevado cargo de Provedor da Alfândega estava nas mãos do juiz Domingosda Costa Almeida, grande proprietário de engenho (CALDAS, 1931); Thomasda Silva Ferraz era o 2º Escrivão do Tribunal de Duvidaria-Geral e comerciantede grande cabedal; o Escrivão da Balança do Tribunal da Alfândega, BartholomeuSoares, era também proprietário de engenho em Santo Amaro.

Alguns solares de Salvador refletem a importância desses grandes fun-cionários: a residência do advogado Jerônimo de Burgos foi construída entre1650/1664, no Terreiro de Jesus (OTI, 1991). O nome do solar do Berquó, de1691, vem do ouvidor do crime que residiu no mesmo. O solar Ferrão, entre1793 e 1814, pertenceu à família Ferrão Castelo Branco, cujo Tenente-CoronelAntônio Ferrão Castelo Branco foi provedor da Santa Casa da Misericórdia em

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1718. O Solar do Unhão, em 1690, era residência do Desembargador PedroUnhão Castelo Branco, também Provedor da Misericórdia em 1693 (RUSSELL-WOOD 1981).

Além dos solares, outro alto funcionário, como o Tenente Coronel ManoelRamos Parente, dedicou-se à construção da Igreja da Saúde, em 1723.

9) O arcebispado

A Igreja institucionalizada, com a sua hierarquia, teve um papel impor-tante em Salvador, sede do primeiro Bispado do Brasil e do primeiro Arcebispado(1667), assumindo boa parte das tarefas administrativas coloniais, como os regis-tros civis, efetuados nas paróquias, e a realização de censos eclesiásticos.

Destaca-se o papel do Arcebispado na construção do PalácioArquiepiscopal (1709/1715), por D. Sebastião Monteiro de Vide e da Igreja deN.S. da Penha, construída pelo arcebispo D. José B. de Matos, como Paláciode Verão (1742). Algumas igrejas matrizes atuais foram construídas peloarcebispado, como a matriz de Santo Antônio além do Carmo (1648), a igrejade São Pedro Velho (1675), a igreja do Passo (1737) e a igreja do Pilar (1738),com posterior auxílio da Coroa. A igreja de N.S. da Conceição da Praia foiconstruída pela Irmandade N. S. Sacramento e Imaculada Conceição, entre1739/1765, com pedras trazidas do Portugal. A Igreja de N.S. do Sacramento eSantana foi iniciada em 1746 pela sua confraria, e também recebeu recursosreais em 1753 para a conclusão da capela.

Hoje, o número de igrejas sob a administração de Mitra é bastante ele-vado.

10) As ordens religiosas

As ordens religiosas tiveram um papel dos mais destacados na constru-ção do acervo monumental de Salvador.

Em primeiro lugar, os Jesuítas, que chegaram com os fundadores dacidade de Salvador (1549). A atual catedral foi construída numa das duas pra-ças da cidade, entre 1657/1701, e compete com a de S. Francisco em riqueza.Os Jesuítas construíram também a Quinta do Tanque, no início do século XVI,reformando-a entre 1688/1691. O seu Noviciado foi iniciado em 1706 e inaugu-rado em 1724. Os Jesuítas contavam com várias propriedades, incluindo caispróprio em Salvador e engenhos de cana (três na Bahia, sendo dois do Colégiode Santo Antão de Lisboa) (CALDAS, 1931), além de propriedades no Piauídeixadas por Afonso Sertão (TAUNAY, comentando ANTONIL, 1982). Solaresimportantes também eram dos Jesuítas, como o do Ferrão (1690/1701), e acasa dos Sete Candeeiros (1660). A expulsão da Ordem em 1759, pelo gover-no português, deixou um enorme patrimônio para o Estado, inclusive a admi-nistração de missões indígenas. Em Salvador, a Ordem possuía 116 prédios(BOXER, 1964).

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Os Franciscanos construíram seu convento (1686) e talvez a igreja maissuntuosa do Brasil (1708/1713), enquanto que a sua magnífica decoração demadeira banhada a ouro foi realizada entre 1730 e 1790. Os Franciscanos nãotinham engenhos na Bahia mas conseguiram autorização real para pedir esmo-Ias em Minas Gerais em 1731, o que explica a riqueza da decoração da igreja(OTT, 1988). Os Franciscanos receberam o Hospício de N. S. da Boa Viagemde D. Lourenço Maria, em 1712, e a Ordem construiu a igreja entre 1712 e1746.

Os Beneditinos receberam muitas doações, inclusive terras e a ermidade Catarina Paraguassu, na Graça, em 1586, tendo a ordem construído a aba-dia em 1645. Receberam também dos Senhores de Garcia d'Avila a igreja deMonte Serrat e a reconstruíram, Edificaram um pequeno mosteiro entre 1650/1679. O seu mosteiro principal foi iniciado em 1679/1681, fora das portas dacidade, lado sul, que através de reformas, só foi concluído nos finais do séculoXIX. Os Beneditinos possuíam dois engenhos no partido de S. Amaro (CAL-DAS, 1931).

Os Carmelitas receberam doações de terras da família Daltro (1592),fora das portas da cidade, lado norte, recebendo doações financeiras e lega-dos posteriores, entre 1636 e 1651. O atual convento foi construído entre 1709/1720. A Ordem carmelita também possuía engenho no partido de Matoim, se-gundo CALDAS (1931).

Outras ordens também edificaram neste período: os carmelitas descal-ços construíram o Convento de Santa Teresa em 1666; os Capuchinhos, Or-dem missionária, começaram o seu convento na Piedade, em 1686. Os con-ventos femininos também são deste período: Convento do Desterro (1667),Convento da Lapa (1734), Convento das Mercês (1735) e Convento da Soledade(1739).

11) As irmandades

As irmandades tiveram um papel em Salvador e no Brasil de difícil com-preensão hoje em dia. Pertencer a determinadas irmandades era também umademonstração de prestígio e, no caso da Misericórdia, até os antecedentesraciais (judeu ou negro) eram examinados. Sendo organizadores de atividadesimportantes do período, como festas e procissões, eram também locais deencontro e de confraternização, acompanhando as divisões e hierarquias soci-ais por classes (negociantes, militares etc.), por nacionalidade ou etnia (portu-gueses, brasileiros, africanos), por cor (brancos, mulatos, negros) e por sexo.

Destaca-se a Misericórdia, que desempenhava vários papéis hoje reali-zados pelo governo (hospital público, funerais, recolhimento de mulheres, abri-gos de enjeitados, assistência aos presos, caridade) a partir de recursos pró-prios (empréstimos, aluguéis, dons etc.) (RUSSELL-WOOD, 1981). A Irmanda-de da Misericórdia iniciou suas atividades após a fundação da cidade, recons-truiu a sua igreja em 1654 e realizou reformas em 1722.

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A Ordem Terceira de S. Francisco, fundada em 1635, apresentavampredomínio de homens ligados ao comércio (MARTINEZ, 1979), apesar deSCHWARTZ (1979) informar que os lavradores mantinham seu lugar nessaOrdem. Tinha 250 terceiros em 1759 (CALDAS, 1931). Sua igreja, com facha-da esculturada, foi constru ída entre 1702/1703 (SIC, 1975).

A Ordem Terceira do Carmo, fundada em 1636, tinha importante contin-gente residente na área rural (MARTINEZ, 1979), tendo 200 terceiros em 1759(CALDAS, 1931). Em 1660 foi iniciada a construção da sua igreja. Após incên-dio em 1788, ela foi reconstruída com donativos do Prior Inocêncio J. da Costa(SIC, 1975).

A Ordem Terceira de S. Domingos, estabelecida em 1723, com impor-tante número de membros da comunidade portuguesa (MARTINEZ, 1979), re-alizou a construção da sua igreja entre 1731/1737 no Terreiro de Jesus. Elacontava com 150 terceiros em 1759, segundo CALDAS (1931). Essa Ordemgastou, em 1766, a elevada quantia de 2.317$866 para a realização da Procis-são do Triunfo (CAMPOS, 1940).

A Ordem Terceira da Santíssima Trindade edificou na Cidade Baixa, em1739, igreja maior, substituindo a capela iniciada por João Malheiro e outrosem 1733.

A Ordem Terceira de N.S. da Conceição do Boqueirão, formada por mu-latos, em sua maioria militares, teve autorização para construir a sua igreja em1726 (MARTINEZ, 1979).

Outras igrejas importantes foram construídas por irmandades no perío-do: a igreja de S. Pedro dos Clérigos teve a construção autorizada em 1709,tendo a Irmandade recebido subsídios reais em 1741 : a igreja de N.S. do Bonfimfoi iniciada em 1740 pelo Capitão da Marinha Portuguesa, Teodozio Faria. AIrmandade foi instituída em 1745 e a igreja foi concluída no mesmo ano; aigreja da Barroquinha foi constru ída por sua confraria em 1722; e a igreja deN.S.do Rosário das Portas do Carmo foi autorizada em 1704 e construída comrecursos da confraria dos negros angolanos, sendo concluída em 1780.

5. Conclusões

A análise realizada permite algumas conclusões preliminares:1. A evolução local não pode ser apenas explicada pela economia regio-

nal dominante: outros agentes participaram de forma concorrencial ou comple-mentar, mostrando a complexidade da situação colonial.

2. Outros espaços possibilitam as transformações locais a partir dosdiversos fluxos possíveis entre regiões e cidades. O caso do Chile, comoregião de apoio às zonas mineiras andinas, é exemplar.

3. Outros espaços também foram afetados pelos processos do período:a cidade de Cachoeira beneficiou-se da produção do fumo assim como dasrelações diretas que sua economia mantinha com as regiões mineiras.

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4. A economia isoladamente não consegue explicar as condições urba-nas de um período: questões de ordem política (ex. colonialismo e escravismo)ou cultural (religiosidade, sociabilidade, exibicionismo) devem ser integradas àanálise: a necessidade de construir conventos; o prestígio de ter um filho pa-dre e seguir a carreira eclesiástica; a importância de construir prédios religio-sos (14 igrejas e capelas foram construídas por particulares no período); oslegados deixados por testamentos em troca de enterros concorridos e grandenúmero de missas.

Por outro lado, a população livre deveria ter, na época, um mínimo derecursos para pagar os dízimos e taxas do Estado, para colaborar nos dons econtribuições obrigatórias, como os 5.000.000 de cruzados arrecadados naBahia (num total de 7 milhões) em 1755, para a reconstrução de Lisboa após oterremoto daquele ano (RUY, 1949). Outro indicador desta opulência: em 1709,a proibição real do uso de roupas luxuosas pelos escravos (OTT, 1955).

Outro aspecto a considerar é o contínuo crescimento populacional: PITA(1976), em 1724, estimava a população de Salvador em 28.000 vizinhos noseu termo. Em 1759, a cidade teria 40.000 habitantes (AZEVEDO, 1969). Acriação das freguesias de Santana (1673), de S. Pedro (1676), do Pilar, Pas-sos e Brotas (1718) indica a expansão da área urbana e o surgimento de novosnúcleos, e mesmo após a mudança da capital em 1763 para o Rio de Janeiro,a cidade não sofreu nem regressão, nem estagnação. As mudanças ocorridasem Salvador, com a abertura dos portos (1808), transformaram a cidade, queperdeu parte de suas características coloniais mas que, em função de suasfuturas dificuldades econômicas (como a crise do fim do tráfico dos escravos,a abolição e guerras de Independência) e da consolidação da economia cafeeirano Sul, levaram a uma longa estagnação, que permitiu a sobrevivência de umimpressionante acervo urbanístico, cujos melhores exemplares datam de sua"Idade de Ouro".

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