Iberê Camargo ApresentaçãO

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IBERÊ CAMARGO IBERÊ CAMARGO 1914-1994 Pintor, gravador, desenhista e professor. Um olhar além do tempo” Um olhar além do tempo”

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IBERÊ CAMARGOIBERÊ CAMARGO1914-1994

Pintor, gravador, desenhista e professor.

““Um olhar além do tempo”Um olhar além do tempo”

CAMARGO, Iberê

(1914, Restinga Seca, RS - 1994, Porto Alegre, RS)                        

Chegou ao Rio de Janeiro em 1942, rebelando-se contra o ensino da Escola Nacional de Belas Artes. Estudou com Guignard, tendo sido um dos fundadores, em 1943, do Grupo Guignard, instalado na rua Marquês de Abrantes, no Rio de Janeiro. Em viagem à Europa, estudou com André Lhote e De Chirico. Realizou diversas individuais no país e no exterior, e é considerado um verdadeiro mestre do abstracionismo brasileiro. Em 1994, foi realizada no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, uma grande retrospectiva de sua obra. A seu respeito, escreveu Olívio Tavares de Araújo: “Sua proposta vital é ética e estética, quem já o viu pintando percebe o porquê do vigor de seu gesto pictórico. Ele cai em transe.” Referências:A criação plástica em questão (Vozes, 1970) e Artistas brasileiros: acervo do Grupo Sul América de Seguros (Colorama, 1975), de Walmir Ayala; A gravura no Rio Grande do Sul 1900-1980 (Mercado Aberto, 1982), de Carlos Scarinci; No andar do tempo (L&PM Editores, 1988), de Iberê Camargo; 150 anos de pintura no Brasil: 1820/1970 (Ilustrado pela coleção Sergio Fadel, Colorama, 1989), de Donato Mello Júnior, Ferreira Gullar e outros; História geral da arte no Brasil (Instituto Walther Moreira Salles/Fundação Djalma Guimarães, 1983), coordenação de Walter Zanini; Chorei em Bruges (Avenir, 1983), Dacoleção (Júlio Bogoricin Imóveis, 1986) e Cronologia das artes plásticas no Rio de Janeiro: 1816-1994 (Topbooks, 1995), de Frederico Morais; Conversações com Iberê Camargo (Iluminuras, 1994), de Lisette Lagnado; Iberê Camargo (DBA/Grupo Gerdau, 1994), estudos de Ronaldo Brito, ensaio fotográfico de Luiz Achutti; Acadêmicos e modernos: textos escolhidos III (Edusp, 1998), de Mário Pedrosa, organização de Otília Arantes; Gaveta dos guardados (Edusp, 1998), de Iberê Carmargo, organização de Augusto Massi.

Primeiras Pinturas IberianasAnos 20; 30 e 40 -> Paris

Desenhos (papel e lápis de ponta grossa)

• Traço rápido e decidido• Carregado de Expressividade

Pinturas de Paisagens e Temas do Cotidiano:

• Colorido forte• Pinceladas encrespadas / espessas• Detalhes da Vegetação; Ruelas e

Topografia da Região (Riacho Jaguari)• Figurativista – trabalha a paisagem, a

figura humana e a natureza morta• Fiel ä representação das formas e cores

naturais

Ciclistas (8 anos) Galpão - 1941

Lapa / RJ – 1947 (Obra Premiada)

1943/44

Carretéis – “Símbolos” de sua Obra Final dos anos 50; 60 e 70

“Mesa com cinco carretéis”/ 1959 (Objeto fixo sobre uma superfície; Ordenado).

“Dinâmica de carretéis”/ 1960 (Carretel sem sustentação ganha movimento; solto no espaço... Lembrando borboletas. “...torcidos no espaço, cheios de cor...” ).

“Figuras em Movimento II”/ 1972 (Ganha velocidade e o desenho não mais se distingüe; “...é como se... se transformasse em energia, impelidos pela ação da mão que procura antecipar-se ao pensamento”.Libertos das formas, os núcleos se transformam na grande experiência abstrata do artista).

“Na realidade, o artista estava mudando, e os carretéis e sua arte junto”

1959 / 60

1972

Retratos e Auto-Retratos

• Retratos de modelos (Helena), de amigos e da esposa Maria Camargo (Seleções espontâneas de personagens do cotidiano, de seu convívio, com quem estabelecia laços afetivos. Pinceladas rápidas e diluídas, evocando o afeto).

• Coloca-se como Protagonista; Retrata-se; “Busca o Auto-Conhecimento”(cobre e recobre de matéria pictórica os seus traços, quase diluídos entre tantas camadas pastosas de tinta).

Explosão da Cor e das Curvas; Textura Opulenta e Pintura Pastosa.Desenhos a lápis; Pinturas; Guaches; Nanquim sobre Papel; etc.

“Não descansava os olhos do modelo e na tela usava pincéis, mãos, unhas. Sem descanso... frenéticamente...”

“Sempre com grande carga expressiva!”

Auto-Retrato(1984)

Retrato (1994)Pintor e modelo (1985) - óleo sobre

tela - 100 x 173 cm

Ciclistas – “Anos 80”

“Sou um andante.Carrego comigo

o fardo do meu passado. Minha

bagagem são os meus sonhos.

Como meus ciclistas, cruzo

desertos e busco horizontes que

recuam e se apagam nas brumas

da incerteza”.

“Um ser à procura de suas verdades e raízes”.

Ciclistas,óleo s/ tela, 200 X 155 cm, 1990.

Ciclistas no Parque da Redenção,óleo s/ tela, 95 X 212 cm, 1989.

“Velozes e muitas vezes sem metas, a não ser pedalar, os ciclistas personificam um pouco do sentimento do próprio artista. E, ao serem representados pedalando em direção à esquerda, parecem - como já apontou a crítica de arte Lisette Lagnado - estar buscando o passado, as reminiscências da infância, o distante”.

“Anos 90” - As Idiotas...Solidão.“Figuras Tristes, que doem.Personagens Apáticas, disformes, bobas,quase irritantes. Assim como os ciclistas, seres que pedalam muitas vezes sem rumos,tampouco metas, as idiotas esperam a vida passar. Sentadas em bancos de praça, nuas e disformes, com os rostos de expressões bobas - irritantes até -, essas personagens marcam a que é considerada a fase mais assustadora da pintura iberiana. As faces sem graça e os olhares perdidos no horizonte, conjugados à feiúra dos corpos que os sustentam, são de uma frontalidade constrangedora, e parecem remeter à Ignorância que sorri.”

“Na verdade, Iberê, novamente, estava representando o seu próprio momento de vida, de final de vida.” Obra A Idiota, óleo s/ tela,

155 X 200 cm, 1991

“É difícil revelar o significado das coisas. O Homem olha a sua face, interroga-se e não sabe quem é.”

HojeAtualmente, a Fundação Iberê Camargo funciona junto à casa onde

viveu o artista, no Bairro Nonoai, em Porto Alegre. No final de 2004, a

Fundação ganhará casa nova, quando ficarem prontas as instalações

do Museu Iberê Camargo.

Maquete do projeto arquitetônico do Museu da Fundação Iberê Camargo

Iberê Camargo: Solidão Eric Ponty

2O ícone atroz de nossos outros sentidos

é um pampa sem traços definidosinfinitos e difusos no espaço,

se refazendo em açona bruta matéria de sua força

não há um lugar,um exílio de brandas paisagens de Paradiso

se desfolha o solde fundidos raios iluminosos,

chifres e uma carcaçade um agonizante touro.

3Quando se está velho, carcomidose é mumificado pelas estaçõestalvez por um toque de tradição

talvez para não atrapalhar articulaçõesevasivas.

Quando se está velho, carcomidoNominão-lhe Mestre

mesmo para que de nada sirva este inarticuladomestrado

este articulado título supuradopara que o homenageado anciãopermaneça estático e as estaçõesembrutecidas em densas brumas.

4iberê te faço uma Ode fúnebre para seu espaço

indefinida margem feita de cinzana disposição do epígono da composição

em que se repinta tua triste alma de civilização.É uma Ode Fúnebre difícil que vai condensando

uma imagem após outra imagem, uma imagem apóso branco espaço que deixaste a nossa alheia alma.

soaram as nove badalas no teu leito púrpuropensaste na agonia a tua última imagem

o último retoquena branda e carcomida margem

que perpetrava a inspiraçãoquando fugiu de nossa presença, Iberê!

[Fragmentos do livro inédito de poesias Iberê Camargo: Solidão]