I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE SÍNDROME METABÓLICA

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    REVISTA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSO

    REVISTA DASOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSOI N

    o4 I2004

    I VOLUME 7

    http://www.sbh.org.br

    I DIRETRIZ BRASILEIRA DEDIAGNSTICO E TRATAMENTODA SNDROME METABLICA

    Conceituao, Epidemiologia eDiagnstico

    Preveno Primria

    Tratamento No-Medicamentoso daSndrome Metablica

    Tratamento Medicamentoso da

    Hipertenso Arterial

    Tratamento Medicamentoso doDiabetes mellitus

    Tratamento Medicamentoso daDislipidemia

    Tratamento Medicamentoso eCirrgico da Obesidade

    Abordagem Teraputica Conjunta naSndrome Metablica

    00 - Capa 04-2004.pm6 22/02/05, 10:321

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    123Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    EDITORIALEDITORIAL

    I Diretriz Brasileira de Diagnstico e Tratamento

    da Sndrome Metablica

    Reconhecida como uma entidade complexa que associa fatores de riscocardiovasculares bem estabelecidos, como hipertenso arterial,hipercolesterolemia, e diabetes, entre outros, com a deposio central de gordurae a resistncia insulina, a Sndrome Metablica j ganha a dimenso como umdos principais desafios da prtica clnica nesse incio de sculo. Afinal, suaconcomitncia com afeces cardiovasculares aumenta a mortalidade geral emcerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em aproximadamente 2,5 vezes.

    Compreendendo a importncia do tema e coerente com os avanos maisatuais dos conhecimentos cientficos, a Sociedade Brasileira de Hipertenso,ento sob a presidncia do Dr. Ayrton Pires Brando, se empenhou naestruturao e realizao daI Diretriz Brasileira de Diagnstico e Tratamentoda Sndrome Metablica.

    Para tanto, contou com o apoio e a participao efetiva de quatro outrasgrandes Sociedades mdicas de abrangncia nacional:

    Sociedade Brasileira de Cardiologia. Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. Sociedade Brasileira de Diabetes. Associao Brasileira para Estudos da Obesidade.

    Reunindo representantes de todas as instituies citadas, o programacientfico foi desenvolvido, sob a forma de Grupos de Trabalho, dentro de umesforo cooperativo de plena integrao multidisciplinar e de amplo intercmbiode experincia entre os quase 80 especialistas convidados. Foi um conjuntoexemplar de atividades correlatas que, no perodo de 12 a 14 de agosto de 2004,conseguiu somar o talento, a capacidade profissional e o interesse comum detodos os envolvidos em produzir um documento objetivo, prtico e de indiscutvelutilidade para o mdico brasileiro.

    de se enfatizar que, aps as muitas sesses de trocas de opinies evivncias, coube Comisso de Redao a tarefa sempre rdua de organizar asinformaes discutidas e aprovadas para compor um texto claro, de fcilcompreenso e ao mesmo tempo consistente sob o ponto de vista cientfico:

    Dr. Ayrton Pires Brando Dra. Andra Araujo Brando Dr. Armando da Rocha Nogueira Dr. Henrique Suplicy Dr. Jorge Ilha Guimares Dr. Jos Egdio Paulo de Oliveira.

    Ao expressar nosso reconhecimento e nossa gratido a todos aqueles que dealgum modo se dispuseram a tornar essa iniciativa uma realizao de indiscutvelsucesso, particularizamos nossos aplausos Comisso Organizadora, Comisso de Redao e tambm s empresas farmacuticas que asseguraram osmeios materiais para a implementao do evento, a exemplo do laboratrioBoehringer Ingelheim do Brasil, patrocinador exclusivo da revista Hipertenso.

    Dra Maria Helena Catelli de Carvalho

    Editora

    01 - Editorial.pm6 22/02/05, 10:33123

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    124 HIPERTENSO

    SUMRIOSUMRIO

    EXPEDIENTE

    Produo Grfica e Editorial - BG CulturalRua Ministro Nelson Hungria, 239 - Conjunto 5 - 05690-050 - So Paulo - SP

    Telefax: (11) 3758-1787 / 3758-2197. E-mail: [email protected].

    Mdico / Jornalista Responsvel: Benemar Guimares - CRMSP 11243 / MTb 8668.Assessoria Editorial: Marco Barbato.

    As matrias e os conceitos aqui apresentados no expressam necessariamente

    a opinio da Boehringer Ingelheim do Brasil Qumica e Farmacutica Ltda.

    I DIRETRIZ BRASILEIRA DE

    DIAGNSTICO E TRATAMENTO DASNDROME METABLICA

    Conceituao, Epidemiologia e

    Diagnstico ............................................................................................. 130

    Preveno Primria .............. ................ ............... ................ ............... ...... 132

    Tratamento No-Medicamentoso da

    Sndrome Metablica .............................................................................. 133

    Tratamento Medicamentoso da

    Hipertenso Arterial ................................................................................ 136

    Tratamento Medicamentoso do

    Diabetes mellitus ....................... ............... ................ ................ ............... 140

    Tratamento Medicamentoso da

    Dislipidemia ............................................................................................ 143

    Tratamento Medicamentoso e

    Cirrgico da Obesidade ........................................................................... 146

    Abordagem Teraputica Conjunta na

    Sndrome Metablica .............................................................................. 149

    Referncias Bibliogrficas ...................................................................... 154

    Agenda .................................................................................................... 162

    HIPERTENSORevista da Sociedade

    Brasileira de Hipertenso

    EDITORA

    DRA. MARIA HELENA C. DE CARVALHO

    EDITORES SETORIAIS

    MDULOS TEMTICOS

    DR. EDUARDO MOACYR KRIEGERDR. ARTUR BELTRAME RIBEIRO

    CASO CLNICO

    DR. DANTE MARCELO A. GIORGI

    EPIDEMIOLOGIA/PESQUISA CLNICA

    DR. FLVIO D. FUCHS

    DR. PAULO CSAR B. VEIGA JARDIM

    FATORES DE RISCO

    DR. ARMNIO C. GUIMARES

    AVALIAO DA PRESSO ARTERIAL

    DRA. ANGELA MARIA G. PIERIN

    DR. FERNANDO NOBRE

    DR. WILLE OIGMAN

    TERAPUTICA

    DR. OSVALDO KOHLMANN JR.

    BIOLOGIA MOLECULAR

    DR. JOS EDUARDO KRIEGER

    DR. AGOSTINHO TAVARES

    DR. ROBSON AUGUSTO SOUZA SANTOS

    PESQUISA BIBLIOGRFICA

    CARMELINA DE FACIO

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    125Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    5*0S o c i e d a d eB r a s i l e i r a d e

    H i p e r t e n s o

    DIRETORIA

    Presidente

    Dr. Ayrton Pires Brando

    Vice-Presidente

    Dr. Robson A. Souza dos Santos

    Tesoureiro

    Dr. Jos Mrcio Ribeiro

    Secretrios

    Dr. Dante Marcelo A. Giorgi

    Dr. Armando da Rocha Nogueira

    Presidente Anterior

    Dr. Osvaldo Kohlmann Jr.

    Conselho Cientfico

    Dra. Angela Maria G. PierinDr. Armnio Costa Guimares

    Dr. Artur Beltrame Ribeiro

    Dr. Ayrton Pires Brando

    Dr. Carlos Eduardo Negro

    Dr. Celso Amodeo

    Dr. Dante Marcelo A. Giorgi

    Dr. Dcio Mion Jr.

    Dr. Eduardo Moacyr Krieger

    Dr. Elisardo C. Vasquez

    Dr. Fernando Nobre

    Dr. Hlio Csar Salgado

    Dr. Hilton Chaves

    Dr. Joo Carlos RochaDr. Jos Eduardo Krieger

    Dr. Jos Mrcio Ribeiro

    Dra. Luclia C. Magalhes

    Dra. Maria Claudia Irigoyen

    Dra. Maria Helena C. Carvalho

    Dr. Osvaldo Kohlmann Jr.

    Dr. Robson A. S. Santos

    Dr. Wille Oigman

    Sociedade Brasileira de Hipertenso

    Tel.: (11) 3284-0215

    Fax: (11) 289-3279

    E-mail: [email protected]

    Home Page: http://www.sbh.org.br

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    126 HIPERTENSO

    DIRETRIZ

    Realizao

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE HIPERTENSOPresidente: Ayrton Pires Brando

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIAPresidente: Antonio Felipe Simo

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIAPresidente: Valria Cunha Campos Guimares

    SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETESPresidente: Leo Zagury

    ASSOCIAO BRASILEIRA PARA ESTUDOS DA OBESIDADE

    Presidente: Giusepe Repetto

    Coordenao Geral

    Ayrton Pires Brando

    Comisso de Redao

    Ayrton Pires Brando Henrique Suplicy

    Andra Araujo Brando Jorge Ilha Guimares

    Armando da Rocha Nogueira Jos Egdio Paulo de Oliveira

    Comisso Organizadora

    Amlio Godoy-Matos Andra Araujo Brando Armando da Rocha Nogueira

    Ayrton Pires Brando Cesar Cardoso de Oliveira Jos Egdio Paulo de Oliveira

    Jucinia Oliveira Leo Zagury Lcia Maria Carraro Vivian Ellinger

    Apoio

    AstraZeneca do Brasil Ltda

    Bayer S.A.

    Biolab Sanus Farmacutica Ltda

    Boehringer Ingelheim do Brasil Ltda

    Biosinttica Farmacutica Ltda

    Laboratrios Pfizer Ltda

    Merck S.A.

    Merck Sharp & Dohme Farmacutica Ltda

    Novartis Biocincias S.A.

    Produtos Roche Qumicos e Farmacuticos S.A.

    Sankyo Pharma Brasil Ltda

    Solvay Farma Ltda

    I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO ETRATAMENTO DA SNDROME METABLICA

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    A Sndrome Metablica (SM) um transtorno complexo representado por um

    conjunto de fatores de risco cardiovascular, usualmente relacionados deposiocentral de gordura e resistncia insulina, devendo ser destacada a sua importn-

    cia do ponto de vista epidemiolgico, responsvel pelo aumento da mortalidade

    cardiovascular estimada em 2,5 vezes.

    Conscientes da importncia do assunto, os Presidentes da Sociedade Brasileira

    de Hipertenso (SBH), da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), da Sociedade

    Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), da Sociedade Brasileira de

    Diabetes (SBD) e da Associao Brasileira para o Estudo sobre a Obesidade

    (ABESO), juntaram esforos para elaborar a I Diretriz Brasileira de Diagnstico

    e Tratamento da Sndrome Metablica.

    Estabeleceu-se que o documento final deveria expressar a opinio conjunta dos

    especialistas das diversas reas envolvidas e que o nvel de evidncia cientfica ado-

    tado seria aquele recomendado pelo Oxford Centre for Evidence-based Medicine(maio 2001), incorporado pela Associao Mdica Brasileira (AMB) e pelo Conse-

    lho Federal de Medicina (CFM).

    Foi ento criada uma Comisso Organizadora constituda por representantes

    das cinco Sociedades envolvidas, que definiu as estratgias polticas, cientficas,

    logsticas e de apoio financeiro que permitissem a consecuo do objetivo final.

    Os grupos de trabalho encarregados de elaborar os tpicos cientficos foram

    compostos por representantes das cinco reas, sempre com um coordenador, um

    coordenador adjunto e diferentes profissionais da rea da sade, num total aproxi-

    mado de dez membros para cada grupo. Foram criados nove grupos, sendo oito

    dedicados a temas pontuais da SM e um dedicado especificamente abordagem

    conjunta da Sndrome Metablica.

    A cidade do Rio de Janeiro foi escolhida como sede do evento, que ocorreu no

    perodo de12 a 14 de agosto de 2004.

    A Sndrome Metablica ainda carece de uma definio bem estabelecida, mas

    h uma indicao consensual de que o aumento da presso arterial, os distrbios do

    metabolismo dos glicdios e lipdios e o excesso de peso esto, de forma definitiva,

    associados ao aumento da morbimortalidade cardiovascular, fato observado no s

    nos pases desenvolvidos mas tambm, e de uma forma preocupante, nos pases em

    desenvolvimento e subdesenvolvidos.

    Portanto, a oportunidade de se ter em documento nico uma abordagem con-

    junta desses fatores de risco, de modo que possa ser utilizado no s por especialis-

    tas das reas, mas tambm pelo conjunto de profissionais da rea da sade, uma

    iniciativa pioneira no nosso meio, e esperamos que ele alcance esse objetivo.

    Finalmente, gostaria de agradecer a todos os colegas que participaram da reali-

    zao deste documento e, de uma maneira especial aos Presidentes das Sociedades,

    que pessoalmente ou atravs das suas lideranas estiveram presentes durante todo o

    evento.

    A Comisso Organizadora

    APRESENTAO

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    128 HIPERTENSO

    NVEL DE EVIDNCIA CIENTFICA POR TIPO DE ESTUDOOxford Centre for Evidence-based Medicine(maio 2001)

    Projeto Diretrizes AMB-CFM

    GRAUS DE RECOMENDAO E FORA DE EVIDNCIA

    Estudos experimentais ou observacionais de melhor consistncia

    Estudos experimentais ou observacionais de menor consistncia

    Relatos de casos (estudos no-controlados)

    Opinio desprovida de avaliao crtica, baseada em consensos,estudos fisiolgicos ou modelos animais

    AB

    C

    D

    Grau de Nvel de Tratamento/preveno Prognstico Diagnstico Diagnstico diferencial/recomendao evidncia etiologia prevalncia de sintomas

    1A Reviso sistemtica Reviso sistemtica (com homogeneidade) Reviso sistemtica (com homogeneidade) Reviso sistemtica (com(com homogeneidade) de coortes desde o inc io da doena. de estudos d iagnst icos n ve l 1 homogeneidade) de estudo de coor tede ensaios clni cos Cr itr io prognstico val idado Cri tri o diagnstico de estudos nvel 1B, (contempornea ou prospecti va)controlados e randomizados em diversas populaes em di ferentes centros clnicos

    1B Ensaio c lnico controlado e Coorte, desde o incio da doena, com Coorte validada, com bom padro de Estudo de coorte (contempornea ourandomizado com intervalo perda < 20% referncia prospectiva) com poucas perdasde confiana estreito Critrio prognst ico validado em uma Critrio diagnst ico testado em um nico

    nica populao centro clnico

    1C Resultados teraputicos Sr ie de casos do t ipo tudo ou nada Sensibi lidade e especificidade prximas Sr ie de casos do t ipo tudo ou nadado tipo tudo ou nada de 100%

    2A Reviso sistemtica Reviso sistemtica (com homogeneidade) Reviso sistemtica (com homogeneidade) Reviso sistemtica (com(com homogeneidade) de coortes histricas (retrospectivas) ou de de estudos diagnsticos de nvel > 2 homogeneidade) de estudos sobrede estudos de coorte seguimento de casos no-tratados de grupo diagnstico diferencial de nvel > 2B

    controle de ensaio clnico randomizado

    2B Estudo de coor te (incluindo Estudo de coor te histr ica Coor te exploratr ia com bom padro de Estudo de coor te histrica (coor teensaio clnico randomizado Seguimento de pacientes no-tratados de referncia retrospectiva) ou com seguimentode menor qualidade) grupo controle de ensaio clnico randomizado. Critrio diagnstico derivado ou validado em casos comprometido (nmero

    Critrio prognstico derivado ou validado amostras fragmentadas ou banco de dados grande de perdas)somente em amostras fragmentadas

    2C Observao de resultados Observao de evolues clnicas Estudo ecolgicoteraputicos (outcomes research)(outcomes research)Estudo ecolgico.

    3A Reviso sistemtica (com Reviso sistemtica (com homogeneidade) Reviso sistemtica (comhomogeneidade) de de estudos diagnsticos de nvel > 3B homogeneidade) de estudosestudos caso-controle de nvel > 3B

    3B Estudo caso-controle Seleo no-consecutiva de casos, ou Coorte com seleo no-consecutivapadro de referncia aplicado de forma de casos, ou populao de estudopouco consistente muito limitada

    4 Relato de casos (inc luindo Sr ie de casos (e coorte prognstica de Estudo caso-controle; ou padro de Sr ie de casos, ou padro decoorte ou caso-controle de menor qualidade) referncia pobre ou no-independente referncia superadomenor qualidade)

    5 Opinio de especialista sem avaliao crtica ou baseada em matrias bsicas (estudo fisiolgico ou estudo com animais)

    A

    B

    C

    D

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    129Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    GRUPOSGRUPOS DE TRABALHO

    GRUPO 7

    Coordenador:Raul D. Santos

    Coordenador Adjunto:Maria Eliane Campos Magalhes

    Participantes:n Armnio Costa Guimaresn Edgar Pessoa de Mello Filhon Francisco Bandeiran Francisco H. Fonsecan Josivan Gomes de Liman Roselee Pozzann Vivian Ellinger

    GRUPO 8

    Coordenador:Henrique Suplicy

    Coordenador Adjunto:Rosana Bento Radominski

    Participantes:n Alfredo Halpernn Cesar Cardoso de Oliveiran

    Hilton de Castro Chavesn Istnio Fernandes Pascoaln Jos Ribamar Sabia de Azevedon Jucinia de Oliveiran Lcia Maria Carraron Maria Eda Kowalsky

    GRUPO 9

    Coordenador:Ayrton Pires Brando

    Coordenador Adjunto:Paulo Csar Veiga Jardim

    Participantes:n Andra Araujo Brandon Antonio Roberto Chacran Artur Beltrame Ribeiron Emlio H. Morigushin Flvio Dani Fuchsn Nelson Rassin Protsio Lemos da Luz

    GRUPO 1

    Coordenador:Armando da Rocha Nogueira

    Coordenador Adjunto:Ktia Verguetti Bloch

    Participantes:n Heno Lopesn Larcio Joel Francon Leila Arajon Maria Claudia Irigoenn Robson Souza Santosn Sandra Costa Fuchsn Walmir Coutinho

    GRUPO 2

    Coordenador:Mrcio C. Mancini

    Coordenador Adjunto:Maria Edna de Melo

    Participantes:n Cludio Gil Soares de Arajon Dante Marcelo A. Giorgin

    Luis Carlos Bodanesen Perseu Seixas de Carvalhon Srgio Dibn Valria Cunha Campos Guimaresn Elisardo Vasquez

    GRUPO 3

    Coordenador:Adriana Costa Forti

    Coordenador Adjunto:Luciana Bahia

    Participantes:n Amlio Godoy-Matosn Antonio Carlos Palandri Chagasn LuizAparecido Bortoloton Marlia Brito Gomesn Mario Fritsch Nevesn Tania Martinez

    GRUPO 4

    Coordenador:Carlos Eduardo Negro

    Coordenador Adjunto:Luciana Diniz Nagem Janot Matos

    Participantes:n Altamiro Reis da Costan Ana Claudia Ramalhon ngela Maria P. Pierinn Gil Fernando Sallesn Jorge Ilha Guimaresn Josephina Bressan Monteiro

    GRUPO 5

    Coordenador:Antonio Felipe Sanjulianni

    Coordenador Adjunto:Oswaldo Kohlmann Junior

    Participantes:n Gustavo Caldasn Jos Francisco Kerr Saraivan

    Jos Pricles Estevesn Marco Antonio Mota Gomesn Maria Tereza Zanellan Milton Csar Fossn Thomas Cruz

    GRUPO 6

    Coordenador:Jos Egdio Paulo de Oliveira

    Coordenador Adjunto:Antonio Carlos Lerrio

    Participantes:n Antonio Carlos Piresn Carlos Alberto Machadon Daniel Gianela Neton Llian Soares da Costan Roberto Pozzann Roberto de S Cunhan Wille Oigman

    02 - ndice-Diretoria.pm6 23/02/05, 08:52129

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    130 HIPERTENSO

    O ponto de corte estabelecido para a circunferncia ab-dominal, 102 cm para homens e 88 cm para mulheres, temsido questionado por no se adequar a populaes de diferen-tes etnias. Em alguns estudos, nveis mais baixos 94 cmpara homens e 80 cm para mulheres, tm sido consideradosmais apropriados4,7,13. Recomenda-se para mulheres com cir-cunferncia de cintura abdominal entre 8088 cm e homensentre 94102 cm uma monitorizao mais freqente dos fato-res de risco para doenas coronarianas (C, 4).

    Em face da recomendao da American DiabetesAssociation14, o ponto de corte proposto para o diagnstico deglicemia de jejum alterada passou de 110mg/dL para 100mg/dL,o que futuramente poder influir no critrio diagnstico daSM.

    Apesar de no fazerem parte dos critrios diagnsticosda sndrome metablica, vrias condies clnicas e f isiopa-tolgicas esto freqentemente a ela associadas, tais como:sndrome de ovrios policsticos,acanthosis nigricans, doen-a heptica gordurosa no-alcolica, microalbuminria, esta-dos pr-trombticos, estados pr-inflamatrios e de disfun-o endotelial e hiperuricemia15.

    Diagnstico clnico e

    avaliao laboratorial

    So objetivos da investigao clnica e laboratorial: con-firmar o diagnstico da sndrome metablica (SM) de acordocom os critrios do NCEP-ATP III9 e identificar fatores derisco cardiovascular associados16. Para tanto, realiza-se:

    1. Histria clnica - idade, tabagismo, prtica de ativi-dade fsica, histria pregressa de hipertenso, diabe-tes, diabetes gestacional, doena arterial coronaria-

    na, acidente vascular enceflico, sndrome de ovriospolicsticos (SOP), doena heptica gordurosa no-alcolica, hiperuricemia, histria familiar de hiper-tenso, diabetes e doena cardiovascular, uso de me-dicamentos hiperglicemiantes (corticosterides, be-tabloqueadores, diurticos).

    2. Exame fsico necessrio para diagnstico da SM17:

    Medida da circunferncia abdominal (Quadro 1)

    SNDROME METABLICAConceituao, Epidemiologia

    e Diagnstico

    A Sndrome Metablica (SM) um transtorno complexorepresentado por um conjunto de fatores de risco cardiovascu-lar usualmente relacionados deposio central de gordura e resistncia insulina. importante destacar a associao daSM com a doena cardiovascular, aumentando a mortalidadegeral em cerca de 1,5 vezes e a cardiovascular em cerca de 2,5vezes1-5 (B, 2A).

    No foram encontrados estudos sobre a prevalncia da

    SM com dados representativos da populao brasileira. Noentanto, estudos em diferentes populaes, como a mexicana,a norte-americana e a asitica, revelam prevalncias elevadasda SM, dependendo do critrio utilizado e das caractersticasda populao estudada, variando as taxas de 12,4% a 28,5%em homens e de 10,7% a 40,5% em mulheres2,4,6,7.

    O estudo da SM tem sido dificultado pela ausncia deconsenso na sua definio e nos pontos de corte dos seus com-ponentes, com repercusses na prtica clnica e nas polticasde sade. A Organizao Mundial da Sade (OMS)8 e oNational Cholesterol Education Programs Adult Treatment

    Panel III(NCEP-ATP III) formularam def inies para a SM9.

    A definio da OMS preconiza como ponto de partida aavaliao da resistncia insulina ou do distrbio do metabo-lismo da glicose, o que dificulta a sua utilizao. A definiodo NCEP-ATP III foi desenvolvida para uso clnico e no exi-ge a comprovao de resistncia insulina, facilitando a suautilizao.

    Segundo o NCEP-ATP III, a SM representa a combina-o de pelo menos trs componentes dos apresentados noQuadro 1 (B, 2B). Pela sua simplicidade e praticidade a de-finio recomendada pela I Diretriz Brasileira de Diagnsticoe Tratamento da Sndrome Metablica (I-DBSM).

    A I-DBSM recomenda que para os componentes pres-so arterial e triglicerdeos, o uso de medicao anti-hiper-tensiva ou de hipolipemiantes, assim como diagnstico pr-vio de diabetes, preencham os critrios especficos.

    A circunferncia abdominal, medida no meio da distn-cia entre a crista ilaca e o rebordo costal inferior, por ser ondice antropomtrico mais representativo da gordura intra-abdominal e de aferio mais simples e reprodutvel, a me-dida recomendada10-12 (B, 2B).

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58130

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    131Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    A medida da circunferncia abdominal tomada

    na metade da distncia entre a crista ilaca e o re-

    bordo costal inferior13 .

    Nveis de presso arterial (Quadro 1). Deve-se afe-

    rir no mnimo duas medidas da presso por con-

    sulta, na posio sentada, aps cinco minutos de

    repouso18,19.

    Alm destes dois dados obrigatrios dever estar

    descrito no exame fsico destes pacientes:

    Peso e estatura. Devem ser utilizados para o cl-

    culo do ndice de massa corporal atravs da fr-

    mula: IMC = Peso/Altura2.

    Exame da pele para pesquisa de acantose

    nigricans. Examinar pescoo e dobras cutneas.

    Exame cardiovascular.

    3. Exames laboratoriais necessrios para o diagnstico

    da SM:

    Glicemia de jejum (Quadro 1). A SM, definida

    pelos critrios do NECP-ATP III, recomenda para

    o diagnstico das alteraes da tolerncia glico-

    se apenas a avaliao laboratorial de jejum, no

    exigindo teste de tolerncia oral glicose (TOTG)

    nem mtodos acurados de avaliao da insulino-

    resistncia (clamp euglicmico, HOMAIR).

    Dosagem do HDL-colesterol e dos triglicerdeos

    (Quadro 1).

    Outros exames laboratoriais adicionais podero ser rea-

    lizados para melhor avaliao do risco cardiovascular global,

    tais como: colesterol total, LDL-colesterol, creatinina, cido

    rico, microalbuminria20, protena C reativa21 (B, 2B), TOTG

    (glicemia de jejum e aps duas horas da ingesto de 75g de

    dextrosol), eletrocardiograma. A presena de LDL aumenta-

    do no faz parte dos critrios diagnsticos da sndrome me-

    tablica, porm, freqentemente, os pacientes portadores

    de resistncia insulina e sndrome metablica apresentam

    aumento da frao pequena e densa do LDL-colesterol que

    tem um potencial aterosclertico maior22 (C, 4).

    QUADRO 1 COMPONENTES DA SNDROME METABLICA SEGUNDO O NCEP-ATP III

    COMPONENTES NVEISObesidade abdominal por meio de circunferncia abdominal

    Homens > 102 cm

    Mulheres > 88 cm

    Triglicerdeos 150 mg/dL

    HDL Colesterol

    Homens < 40 mg/dL

    Mulheres < 50 mg/dL

    Presso arterial 130 mmHg ou 85 mmHg

    Glicemia de jejum 110 mg/dL

    A presena deDiabetes mellitus

    no exclui o diagnstico de SM

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58131

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    132 HIPERTENSO

    aumentar a ingesto de frutas, hortalias, legumino-

    sas31 e cereais integrais32 (A, 1B);

    reduzir a ingesto de acar livre33 (B, 2C); reduzir a

    ingesto de sal (sdio) sob todas as formas34,35(A, 1B).

    A atividade fsica determinante do gasto de calorias e

    fundamental para o balano energtico e controle do peso. A

    atividade fsica regular ou o exerccio fsico diminuem o risco

    relacionado a cada componente da SM36,37 e trazem benef-cios substanciais tambm para outras doenas (cncer de c-

    lon e cncer de mama).

    Baixo condicionamento cardiorrespiratrio, pouca fora

    muscular e sedentarismo aumentam a prevalncia da SM em

    trs a quatro vezes38,39. O exerccio fsico reduz a presso arte-

    rial37, eleva o HDL-colesterol40 e melhora o controle glicmi-

    co41. Com durao mnima de 30 minutos, preferencialmente

    dirio, incluindo exerccios aerbicos e de fortalecimento mus-

    cular, o exerccio fsico previne a SM em uma relao dose-

    efeito apropriada para o grupo etrio42 (B, 2C).

    A melhora de hbitos de vida deve contemplar a reduo

    do tempo de lazer passivo (televiso, jogos eletrnicos, ativi-

    dades em computadores etc.)43 (C, 4).

    O tabagismo deve ser agressivamente combatido e eli-

    minado, pois eleva o risco cardiovascular23 (A, 1A).

    Programas educativos que abordem as medidas preventi-

    vas em escolas, clubes, empresas e comunidades podem con-

    tribuir para a preveno da SM44 (B, 2C).

    SNDROME METABLICAPreveno Primria

    De acordo com a Organizao Mundial de Sade, os

    fatores de risco mais importantes para a morbimortalidade

    relacionada s doenas crnicas no-transmissveis (DCNT)

    so: hipertenso arterial sistmica, hipercolesterolemia, inges-

    to insuficiente de frutas, hortalias e leguminosas, sobrepe-

    so ou obesidade, inatividade fsica e tabagismo23. Cinco des-

    ses fatores de risco esto relacionados alimentao e ativi-

    dade fsica e trs deles tm grande impacto no aparecimento

    da Sndrome Metablica (SM).

    A predisposio gentica24, a alimentao inadequada25

    e a inatividade fsica26 esto entre os principais fatores que

    contribuem para o surgimento da SM, cuja preveno prim-

    ria um desafio mundial contemporneo, com importante re-

    percusso para a sade. Destaca-se o aumento da prevalncia

    da obesidade em todo o Brasil e uma tendncia especialmente

    preocupante do problema em crianas em idade escolar, em

    adolescentes e nos estratos de mais baixa renda27. A adoo

    precoce por toda a populao de estilos de vida relacionados

    manuteno da sade, como dieta adequada e prtica regular

    de atividade fsica, preferencialmente desde a infncia, com-

    ponente bsico da preveno da SM.

    A alimentao adequada deve:

    permitir a manuteno do balano energtico e do peso

    saudvel28 (B, 2B);

    reduzir a ingesto de calorias sob a forma de gordu-

    ras29, mudar o consumo de gorduras saturadas para

    gorduras insaturadas29, reduzir o consumo de gordu-

    ras trans (hidrogenada)30 (A, 1B);

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58132

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    133Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    A realizao de um plano alimentar para a reduo de

    peso, associado a exerccio fsico so considerados terapias

    de primeira escolha para o tratamento de pacientes com sn-

    drome metablica9 (A, 1A).

    Est comprovado que esta associao provoca a reduo

    expressiva da circunferncia abdominal e a gordura

    visceral45,46, melhora significativamente a sensibilidade in-

    sulina, diminui os nveis plasmticos de glicose47,48, podendo

    prevenir e retardar o aparecimento de diabetes tipo 2 41,49. H

    ainda, com essas duas intervenes, uma reduo expressivada presso arterial50,51 e nos nveis de triglicrides, com au-

    mento do HDL-colesterol52.

    Esses recentes resultados em pacientes com sndrome

    metablica fundamentam as condutas referentes ao plano ali-

    mentar e ao exerccio fsico como tratamento no-medica-

    mentoso da SM, que sero apresentadas a seguir.

    PlanoAlimentar

    A adoo de um plano alimentar saudvel fundamen-

    SNDROME METABLICATratamento No-Medicamentoso

    da Sndrome Metablica

    tal no tratamento da sndrome metablica. Ele deve ser indivi-

    dualizado e prever uma reduo de peso sustentvel de 5% a

    10% de peso corporal inicial. O primeiro passo estabelecer

    as necessidades do indivduo a partir da avaliao nutricional,

    incluindo a determinao do ndice de massa corporal, cir-

    cunferncia abdominal e, quando possvel, a composio cor-

    poral. Alm disso, a determinao do perfil metablico mui-

    to importante na terapia nutricional da sndrome metablica.

    O plano alimentar deve fornecer um valor calrico total

    (VCT) compatvel com a obteno e/ou manuteno de pesocorporal desejvel. Para obesos, a dieta deve ser hipocalrica,

    com uma reduo de 500kcal a 1000kcal do gasto energtico

    total (GET) dirio previsto ou da anamnese alimentar, com o

    objetivo de promover perdas ponderais de 0,5kg a 1,0kg/se-

    mana. Um mtodo prtico para o clculo do GET utilizar

    20kcal a 25kcal/kg peso atual/dia53 (A, 1A).No utilizar die-

    tas inferiores a 800kcal, pois no so efetivas para a reduo

    de peso54 (D, 5). As recomendaes de ingesto de calorias e

    macronutrientes esto sumarizadas no Quadro 2.

    QUADRO 2 COMPOSIO DO PLANO ALIMENTAR RECOMENDADO PARA A SNDROME METABLICA

    CALORIAS E MACRONUTRIENTES INGESTO RECOMENDADACalorias Totais para reduzir o peso em 5% a 10% e prevenir recuperao.

    CARBOIDRATOS 50% 60% das calorias totaisO total de pores diri as desse grupo de alimentos varia de acordo com o VCT do plano alimentar prescrito. Considerando que uma poro de carboidratos correspondea uma fatia de po de frma, ou meio po francs, ou uma escumadeira rasa de arroz ou de macarro, ou uma batata mdia, ou meia concha de feijo, por exemplo,mulheres com IMC > 27 kg/m2 e sedentrias podero receber apenas seis pores/dia, enquanto homens ativos com peso normal podero ingerir at 11 pores/dia.

    FIBRAS 20 g 30 g/diaSelecionar alimentos integrais ou minimamente processados com baixo ndice glicmico.

    GORDURA TOTAL 25% 35% das calorias totaisDevem ser evitados alimentos gordurosos em geral como carnes gordas, embutidos, laticnios integrais, frituras, gordura de coco, molhos, cremes e doces ricos emgordura e alimentos refogados e temperados com excesso de leo ou gordura.

    CIDOS GRAXOS SATURADOS (AGS) < 10% das calorias totaisIncluem os cidos graxos saturados (C8-C16) e os cidos graxos trans. Recomendar at 7% se LDL-colesterol for > 100mg/dL.

    CIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS (AGPI) at 10% das calorias totais

    Incluem os cidos graxos mega-3 os quais so encontrados em peixes como salmo, sardinha, cavala e arenque.

    CIDOS GRAXOS MONOINSATURADOS (AGMI) at 20% das calorias totaisO azeite de oliva possui 77% de AGMI e seu consumo predominante na dieta Mediterrnea.

    COLESTEROL < 300 mg/diaAlguns indivduos com LDL-colesterol >100 mg/dL podem se beneficiar com uma ingesto diria de colesterol de 200mg/dia 9,55 (A, 1A).

    PROTENA 0,8 g a 1,0 g/kg peso atual/dia ou 15%Corresponde a duas pores pequenas de carne magra/dia, que podem ser substitudas pelas leguminosas (soja, gro de bico, feijes, lentilha, etc) e duas a trspores dirias de leite desnatado ou queijo magro. O consumo de peixes deve ser incentivado por sua riqueza em cidos graxos n-3. Os ovos tambm podem serutilizados como substitutos da carne, respeitando-se o limite de duas gemas/semana, em funo do teor colesterol. Excessos proteicos devem ser evitados.

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58133

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    134 HIPERTENSO

    Carboidratos

    A adoo do modelo diettico DASH (Dietary Approa-ches to Stop Hypertension) associado a uma interveno noestilo de vida pode aumentar a sensibilidade insulina. Paraos carboidratos, recomendado o uso de hortalias, legumi-

    nosas, gros integrais e frutas56-58 (A, 1A). O acar de mesaou produtos contendo acar (fonte de frutose) podem even-tualmente ser ingeridos no contexto de um plano alimentarsaudvel54,59 (D, 5). Embora dietas com baixo ndice glicmi-co possam reduzir a glicemia ps-prandial e o perfil lipdico,a capacidade dos indivduos para manter estas dietas em lon-go prazo no est bem estabelecida. No so encontradas evi-dncias suficientes para recomendar o uso de alimentos debaixo ndice glicmico como estratgia primria no plano ali-mentar60-62 (B, 2C).

    Fibras

    recomendado o consumo de fibras em 20g a 30g/diasob a forma de hortalias, leguminosas, gros integrais efrutas, pois fornecem minerais, vitaminas e outros nutrien-tes essenciais para uma dieta saudvel. Embora altas quan-tidades de fibras (50 g/dia) mostrem efeitos benficos so-bre o controle glicmico e lipdico, no conhecido se apalatabilidade e os efeitos gas trintestinais colaterais dessaquantidade de fibras seriam aceitveis pela populao56-58,62

    (A, 1A).

    Gorduras

    A ingesto de gordura inversamente associada sensi-bilidade insulnica no somente pela relao positiva com o

    peso corporal, mas tambm pela qualidade da oferta de cidosgraxos9 (A, 1A). Em algumas situaes, como na hipertrigli-ceridemia ou quando o HDL-colesterol for inferior ao desej-vel, pode ser aconselhvel aumentar a quantidade de gorduramonoinsaturada, reduzindo neste caso a oferta de carboidra-tos. Esta substituio deve acontecer, pois o aumento dos ci-dos graxos monoinsaturados de forma aditiva ao plano ali-mentar pode promover o aumento de peso. O uso de gorduraem cotas inferiores a 15% do VCT pode diminuir o HDL-co-lesterol e aumentar os nveis plasmticos de glicose, insulinae triglicerdeos63 (B, 2C).

    Os cidos graxos poliinsaturados mega-3 podem ser

    benf icos na sndrome metablica

    55,64 (A, 1A)

    em especial notratamento da hipertrigliceridemia grave em pessoas com dia-betes tipo 2 65,66 (A, 1B). Duas ou trs pores de peixe/sema-na devem ser recomendadas67 (B, 2C).

    Os cidos graxos trans aumentam o LDL-colesterol etriglicerdeos e reduzem a frao do HDL-colesterol. A maiorcontribuio desses cidos graxos na dieta origina-se do con-sumo de leos e gorduras hidrogenadas, margarinas duras eshortenings (gorduras industriais presentes em sorvetes, cho-

    colates, produtos de padaria, salgadinhos tipo chips, molhospara saladas, maionese, cremes para sobremesas e leos parafritura industrial) e, em menor quantidade, produtos lcteos ecarnes bovinas e caprinas. Seu consumo deve ser reduzido67

    (A, 1B).

    Protena

    Recomenda-se uma ingesto diria de protenas de 0,8ga 1g/kg de peso atual ou 15% do VCT. Embora dietas hiper-proteicas e baixa em carboidratos possam promover a reduode peso e melhorar a glicemia a curto prazo, no est bemestabelecida a sua efetividade em longo prazo68-70 (B, 2C).

    Vitaminas e minerais

    O plano alimentar deve prover a recomendao para oconsumo dirio de duas a quatro pores de frutas, sendopelo menos uma rica em vitamina C (frutas ct ricas) e detrs a cinco pores de hortalias cruas e cozidas. Reco-menda-se, sempre que possvel, dar preferncia aos alimen-tos integrais.

    Sal de cozinha

    Deve ser limitado a 6g/dia. Devem ser evitados os ali-mentos processados como embutidos, conservas, enlatados,defumados e salgados de pacotes tipo snacks. Ao contrrio,temperos naturais como salsa, cebolinha e ervas aromticasso recomendados em vez de condimentos industrializados59

    (A, 1A).

    Recomendaes alimentares complementares

    A adoo do modelo diettico DASH e da Dieta Medi-terrnea que preconizam o uso de hortalias, leguminosas,gros integrais e frutas, laticnios com baixo teor de gorduratotal, gordura saturada e trans e colesterol, alta quantidade degordura monoinsaturada (azeite de oliva) e cidos graxosmega-3 e fornece altas quantidades de potssio, magnsio eclcio pode ser uma opo teraputica na sndrome metabli-ca quando associada a uma interveno no estilo de vida56,71,72

    (A, 1A).

    O plano alimentar deve ser fracionado em cinco refei-es, sendo trs principais e dois lanches. Quanto forma depreparo dos alimentos, preferir os grelhados, assados, cozidos

    no vapor ou at mesmo crus. Os alimentos diete lightpodemser indicados no contexto do plano alimentar e no utilizadosde forma exclusiva. Devem-se respeitar as preferncias indi-viduais e o poder aquisitivo do paciente e da famlia (D, 5).

    Exerccio

    As recomendaes de exerccio fsico para a atuao nosfatores de risco associados SM encontram-se no Quadro 3.

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58134

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    135Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    A sndrome metablica compreende, na sua definio,

    doenas crnicas como a hipertenso arterial, diabetes mellitus

    e dislipidemia que, isoladamente, apresentam controle pouco

    satisfatrio, devido baixa adeso ao tratamento74,75.

    Esforos devem ser conjugados no sentido de otimizar

    recursos e estratgias, com participao ativa do paciente e

    manuteno da sua qualidade de vida, visando minimizar ou

    evitar essa problemtica to freqente.

    A atuao integrada dos membros da equipe de sade:

    mdico, nutricionista, professor de educao fsica, enfermei-

    ro psiclogo, assistente social, farmacutico, visando assis-

    tncia ao paciente, o grande passo para conquistas futuras76

    (D, 5).

    Recomendaes adicionais

    Recomenda-se alm da implementao de um plano

    alimentar adequado e realizao de exerccio fsico, a in-

    cluso de outros itens, tais como, controle das situaes

    estressantes, cessao do fumo e controle na ingesto de

    bebida alcolica.

    Para o consumo de bebidas alcolicas, o limite mximo

    recomendado de 30 g de etanol ao dia para o sexo masculino

    e metade para as mulheres18,19 (A, 1A).

    Evidncias mostram que acima desse limites h elevao

    nos nveis da presso arterial, alm de influenciar na carga

    calrica total. Na sndrome metablica, para as mulheres e

    para os pacientes com elevao dos nveis de triglicrides e do

    peso corporal esses valores devem ser reduzidos metade.

    QUADRO 3 RECOMENDAES DE EXERCCIO FSICO NA SNDROME METABLICA

    RECOMENDAES GERAIS PARA O PACIENTE COM SM

    Realizao de pelo menos 30 minutos de atividade fsica leve a moderada de forma contnua ou acumulada na maioria dos

    dias de semana, incluindo mudanas no seu cotidiano. Por exemplo, subir escada, usar menos o carro para a sua locomoo,

    ou mesmo tornar as suas atividades de lazer mais ativas19 (D, 5).

    RECOMENDAO INDIVIDUALIZADA

    l TipoExerccio aerbio como, por exemplo, caminhada, ciclismo, corrida, natao, dana, entre outros52 (A, 1A)

    l Freqncia3 a 5 vezes/semana52 (A, 1A)

    l Durao30 60min contnuos52 (A, 1A)

    l IntensidadeModerada52 (A, 1A), calculada de duas formas:

    Forma simplificada: conseguir falar durante o exerccio19 (D, 5)

    Forma mais controlada: 50% 70% da FC de reserva ou 50% 65% do VO2

    pico (A, 1A)Para clculo da FC de reserva usar a seguinte frmula:FC treino = (FCmxima FCrepouso) x % recomendada da FCreserva + FCrepouso

    FCreserva = FC mxima FCrepouso

    FCmxima = FC medida no teste ergomtrico ou calculada por 220 idadeFCrepouso = FC medida aps cinco minutos de repouso deitado

    l Exerccios resistidosExerccios com peso at 50% da fora mxima podem ser realizados em associao com os exerccios aerbios (D, 5)

    l Cuidados para a realizao de exerccioPacientes acima de 35 anos com SM uma avaliao clnica e ergomtrica (teste de esforo) recomendada, antes do

    incio das atividades fsicas (D, 5)Participantes de programa de exerccio fsico individualizado o teste ergomtrico ou ergoespiromtrico obrigatrio

    (D, 5)

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    136 HIPERTENSO

    SNDROME METABLICATratamento Medicamentoso da

    Hipertenso Arterial

    O tratamento medicamentoso da hipertenso arterial na

    sndrome metablica tem como objetivo reduzir a morbidade

    e a mortalidade cardiovascular e renal, alm de prevenir o agra-

    vamento metablico. Esses benefcios podem ser alcanados

    em pacientes tratados com diurticos77-79, inibidores adrenr-

    gicos77,78,80,81, inibidores da enzima conversora da angiotensi-

    na (IECA)81-86, antagonistas do receptor AT1 da angiotensina

    II (BRA)87,88, antagonistas de canais de clcio e vasodilatado-

    res diretos82,86,89-91. Entretanto, ao trmino de grande parte dos

    estudos que avaliaram o controle da presso arterial (PA), amaioria dos pacientes utilizou associao dos hipotensores92,93

    (A, 1A).

    Sendo a sndrome metablica constituda de inmeros

    fatores de risco cardiovascular, deve-se considerar o tratamento

    farmacolgico da hipertenso ar terial nela presente a partir

    de 140/90mmHg ou 130/85mmHg na presena de diabetes

    mellitus19,93-96 (A, 1A).

    Meta de reduo da

    presso arterial

    Reduo da presso arterial para cifras inferiores a

    130mmHg/85mmHg pode ser til em pacientes com elevadorisco cardiovascular94-96. Nos pacientes diabticos, recomen-

    da-se redues da presso arterial para nveis inferiores a

    130/80mmHg18,19 e para os pacientes com proteinria maior

    que 1g/24h, cifras inferiores a 120/75mmHg devero ser a

    meta19,95-99 (A, 1A).

    Para os pacientes portadores de doena cardiovascu-

    lar estabelecida e com idade superior a 50 anos, recomen-

    da-se atingir essa meta em menos de seis meses. Para isso,

    pode ser ut ilizada a maioria dos hipotensores, no havendo

    diferenas entre eles em relao aos benefcios cardiovas-

    culares79,84,85,87,100-103 (A, 1A).

    Tratamento farmacolgico

    Nos Quadros 4 e 5 encontram-se, respectivamente, os prin-

    cpios gerais a serem seguidos para o tratamento farmacolgi-

    co da hipertenso arterial na SM e, sintetizados, os principais

    anti-hipertensivos utilizados no Brasil19.

    Escolha do medicamento

    anti-hipertensivo

    Diurticos

    So eficazes no tratamento da hipertenso arterial, ten-

    do sido comprovada a sua eficcia na reduo da morbida-

    de e da mortalidade cardiovascular, inclusive em pacientescom diabetes77-79,87,95,102 (A, 1A). Em funo dos mltiplos

    mecanismos que induzem reteno de sdio nos pacien-

    tes portadores da SM, freqentemente torna-se necessrio

    o uso de diurticos para se obter a meta de reduo da pres-

    so arterial.

    QUADRO 4 PRINCPIOS GERAIS DO TRATAMENTO FARMACOLGICO DA HIPERTENSO ARTERIAL

    l Ser eficaz por via oral

    l Ser bem tolerado pelo paciente

    l Permitir a administrao do menor nmero possvel de

    tomadas dirias, com preferncia para aqueles com po-sologia de dose nica diria

    l Iniciar o tratamento com as menores doses efetivas pre-

    conizadas para cada situao clnica, podendo ser au-mentadas gradativamente (considerar que quanto maior

    a dose, maiores so as probabilidades de surgirem efei-

    tos indesejveis)

    l Considerar o uso combinado de medicamentos anti-hi-

    pertensivos

    l Respeitar um perodo mnimo de 4 semanas, salvo em

    situaes especiais, para proceder ao aumento da dose, substituio da monoterapia ou mudana da asso-

    ciao de frmacos

    l Instruir o paciente sobre a doena, sobre a necessidadedo tratamento continuado, sobre os efeitos colaterais dos

    medicamentos utilizados e sobre a planificao e os ob-

    jetivos teraputicos

    l Considerar as condies socioeconmicas do paciente

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58136

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    137Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    QUADRO 5 AGENTES ANTI-HIPERTENSIVOS DISPONVEIS NO BRASIL

    MEDICAMENTOS POSOLOGIA (mg) NMERO DEMNIMA MXIMA TOMADAS/DIA

    Tiazdicos Clortalidona 12,5 25 1Hidroclorotiazida 12,5 50 1Indapamida 2,5 5 1Indapamida SR 1,5 3 1

    De ala Bumetamida 0,5 ** 1-2Furosemida 20 ** 1-2Piretanida 6 12 1

    Poupadores de potssio Amilorida (em associao) 2,5 5 1Espironolactona 50 100 1-3Triantereno (em associao) 50 150 1

    Ao central Alfametildopa 250 1.500 2-3Clonidina 0,1 0,6 2-3Guanabenzo 4 12 2-3Moxonidina 0,2 0,4 1Rilmenidina 1 2 1

    Alfa-1 bloqueadores Doxazosina (urodinmica) 2 4 2-3Prazosina 1 10 2-3Trimazosina (urodinmica) 2 10 2-3

    Betabloqueadores Atenolol 25 100 1-2Bisoprolol 2,5 10 1-2Metoprolol 50 200 1-2Nadolol 20 80 1-2Propranolol 40 240 2-3Pindolol (com ASI) 2 20 1-3

    Hidralazina 50 200 2-3Minoxidil 2,5 40 2-3

    Fenilalquilaminas Verapamil Coer* 120 360 1Verapamil Retard* 120 480 1-2

    Benzotiazepinas Diltiazem SR* ou CD*1 20 360 1-2

    Diidropiridinas Amlodipina 2,5 10 1Felodipina 5 20 1Isradipina 2,5 10 2

    Lacidipina 4 8 1-2Nifedipina Oros* 30 60 1Nifedipina Retard* 20 40 1-2Nisoldipina 10 30 1Nitrendipina 20 40 2-3Lercanidipina 10 20 1Manidipina 10 20 1

    Benazepril 5 20 1-2Captopril 25 150 2-3Cilazapril 2,5 5 1-2Delapril 5 30 1-2Enalapril 5 40 1-2Fosinopril 10 20 1-2Lisinopril 5 20 1-2Quinapril 10 20 1Perindopril 4 8 1Ramipril 2,5 10 1-2

    Trandolapril 2 4 1

    Candesartana 8 16 1Irbesartana 150 300 1Losartana 50 100 1Olmesartana 20 40 1Telmisartana 40 80 1Valsartana 80 160 1

    * Retard, SR, CD, Coer, Oros Referem-se a preparaes farmacuticas de liberao lenta ao prolongada** Varivel de acordo com a indicao clnicaASI Atividade simpatomimtica intrnseca

    DIURTICOS

    INIBIDORESADRENRGICOS

    VASODILATADORES DIRETOS

    ANTAGONISTASDOS

    CANAIS DE

    CLCIO

    INIBIDORES DA ENZIMACONVERSORA DA ANGIOTENSINA

    ANTAGONISTAS DO RECEPTOR AT1DA ANGIOTENSINA II

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58137

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

    17/38

    138 HIPERTENSO

    Como anti-hipertensivos, recomendam-se os diurticos

    tiazdicos e similares em baixas doses. As doses altas de diu-

    rticos no implicam necessariamente em benefcio hipoten-

    sor adicional, mas certamente potencializam efeitos colate-

    rais tais como a hipocalemia e desajustes metablicos

    glicdicos e lipdicos.

    Considerando-se que a monoterapia anti-hipertensiva di-

    ficilmente promover o controle da presso arterial dos pa-

    cientes com sndrome metablica e que a maioria dos hiper-

    tensos necessitar de associaes medicamentosas101,102, su-

    gere-se que esse hipotensor seja associado a drogas que blo-

    queiam o sistema renina-angiotensina e minimizam a

    hipocalemia

    Inibidores da enzima conversora da angiotensina

    So eficazes no tratamento da hipertenso arterial. Tam-

    bm reduzem a morbidade e a mortalidade cardiovascular dos

    pacientes hipertensos82,83,85 com sndrome metablica e eleva-

    do risco para doena aterosclertica84; dos pacientes com doen-as cardiovasculares84,104,105e ainda retardam o declnio da fun-

    o renal em pacientes com nefropatia diabtica106-109 (A, 1A).

    Em pacientes diabticos, alguns estudos mostraram que

    estes agentes foram superiores em prevenir eventos cardio-

    vasculares quando comparados aos bloqueadores de canais de

    clcio110 e diurticos/betabloqueadores83. Entretanto, o estudo

    ALLHAT102 no registrou diferenas nos resultados cardio-

    vasculares encontrados entre os pacientes diabticos tipo 2 que

    utilizaram diurticos ou antagonistas de canais de clcio ou

    inibidores da enzima conversora da angiotensina (A, 1B).

    Esses hipotensores no possuem efeitos deletrios ao

    metabolismo lipdico e glicdico e alguns estudos83,84 mostra-

    ram reduo na incidncia de novos casos dediabetes mellitus

    tipo 2 (A, 1A).

    Antagonistas do receptor AT1

    da angiotensina II

    So eficazes no tratamento do paciente hipertenso. So

    reconhecidamente nefro e cardioprotetores nos pacientes dia-

    bticos do tipo 2 com nefropatia estabelecida97,98 (A, 1A).

    Em pacientes hipertensos portadores de elevado risco

    cardiovacular, um estudo87 que utilizou um antagonista do re-

    ceptor AT1

    da angiotensina II demonstrou que este agente foi

    superior ao betabloqueador na reduo da morbidade e damortalidade cardiovascular. Mais ainda, estudos recentes87,111

    demonstraram que o tratamento com BRAs se acompanhou

    de menor incidncia de novos casos de diabetes (A, 1A).

    Antagonistas dos canais de clcio

    Esses hipotensores so bastante eficazes em reduzir a

    presso arterial e no provocam alteraes no metabolismo

    lipdico e no de carboidratos112,113. Isto se aplica tanto aos dii-

    dropiridnicos quanto aos no-diidropiridnicos, embora seus

    efeitos em longo prazo em relao progresso da nefropatia

    diabtica ainda no tenham sido determinados.

    Fundamentadas por um conjunto de evidncias89,96,102,111,

    essas drogas, pela sua potente ao hipotensora, proporcio-

    nam proteo cardiovascular semelhante s outras drogas anti-hipertensivas. Lembrar que esse grupo de frmacos tem me-

    nor capacidade de prevenir insuficincia cardaca comparado

    aos diurticos e IECA114 (A, 1A).

    Betabloqueadores

    So eficazes no tratamento da hipertenso arterial ten-

    do tambm sido comprovada a sua eficcia na reduo da

    morbidade e da mortalidade cardiovascular77,78,80,81. Esto es-

    pecia lmente indicados como a primeira opo para o trata-

    mento da hipertenso arterial associada doena corona-

    riana18,115 (A, 1A).

    Do ponto de vista metablico, podem induzir ao au-mento de peso95,112,116, intolerncia glicose117,118 e au-

    mentar o risco para o desenvolvimento de diabetes mellitus

    tipo 2119,120, hipertrigliceridemia e reduo do HDL-coles-

    terol121 e ainda menor capacidade para a realizao de exer-

    ccios fsicos (B, 2A).

    Os betabloqueadores so formalmente contra-indicados

    em pacientes com asma brnquica, doena pulmonar obstru-

    tiva crnica e bloqueio atrioventricular de 2o e 3o graus. De-

    vem ser utilizados com cautela em pacientes com doena vas-

    cular de extremidades.

    Inibidores adrenrgicos

    A sndrome metablica usualmente se acompanha de

    hiperatividade simptica e os inibidores adrenrgicos podem

    auxiliar na obteno da meta de reduzir a presso arterial nes-

    ses pacientes.

    Os simpaticolticos de ao central (alfametildopa, clo-

    nidina, moxonidina, rilmenidina) tm efeitos metablicos neu-

    tros, porm seus efeitos colaterais limitam seu uso clnico,

    ficando reservados como auxiliares para os pacientes que no

    respondem adequadamente aos demais hipotensores. A expe-

    rincia favorvel para o binmio materno-fetal recomenda a

    alfametildopa como medicamento de escolha para o tratamento

    da hipertenso durante a gravidez (B, 2C).

    Os bloqueadores alfa-1 apresentam baixa eficcia como

    monoterapia, devendo ser utilizados em associao com ou-

    tros anti-hipertensivos. Apresentam a vantagem de propiciar

    melhora da sensibilidade insulnica122,123 . No entanto, o estu-

    do ALLHAT102,comparando um alfabloqueador, a doxazosina,

    com o diurtico clortalidona, mostrou uma maior ocorrncia

    de eventos cardiovasculares, especialmente a insuficincia

    cardaca congestiva, no grupo que usou a doxazosina. Isto re-

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58138

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

    18/38

    139Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    fora a recomendao de que os bloqueadores alfa-1 no so

    drogas de primeira linha para o tratamento de hipertenso ar-

    terial sistmica na SM (B, 2C).

    Associao de hipotensores

    A associao de anti-hipertensivos deve obedecer pre-

    missa de no se associar frmacos com mecanismos similaresde ao. Esta associao pode ser feita mediante o emprego

    de hipotensores em separado ou combinados em doses f ixas.

    As seguintes associaes de classes distintas de anti-hi-

    pertensivos so atualmente reconhecidas como eficazes: be-

    tabloqueadores e diurticos; IECA e diurticos; BRA e diur-

    ticos; antagonistas dos canais de clcio e betabloqueadores;

    antagonistas dos canais de clcio e IECA19. Para os casos de

    hipertenso resistente dupla terapia, podem-se associar trs

    ou mais medicamentos. Nessa situao, o uso de diurticos

    fundamental (B, 2C).

    Esquema teraputico

    O esquema teraputico nos pacientes hipertensos com SM

    est centrado na meta da reduo da presso arterial em curto

    prazo de tempo (de trs a seis meses), utilizando-se a monote-

    rapia ou a associao de frmacos como sugerido na Figura 1.

    Considerando-se que 75% dos pacientes necessitam da

    associao de hipotensores, sugere-se este esquema desde o

    incio do tratamento. J para os pacientes comDiabetes mellitus

    e SM, sugere-se a utilizao de bloqueadores do sistema re-

    nina-angiotensina como parte do esquema teraputico.

    Diante de leso renal com proteinria acima de 1g/dia,

    devem-se reduzir os nveis tensionais a cifras inferiores a

    120mmHg/75mmHg, sendo que o esquema teraputico deve

    incluir compulsoriamente um bloqueador do sistema renina-

    angiotensina (A, 1A).

    FIGURA 1 FLUXOGRAMA PARA O TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DA HIPERTENSO ARTERIAL

    Adicionar outros anti-hipertensivos

    MONOTERAPIA ASSOCIAODE FRMACOS

    Estgio 1Diurtico

    BetabloqueadorInibidor da ECA

    Antagonista do canal de clcioAntagonista do receptor AT1 da AII

    Classes distintas embaixas doses,

    principalmente para osEstgios 2 e 3

    RESPOSTA INADEQUADA OU EFEITOS ADVERSOS

    RESPOSTA INADEQUADA

    Aumentara dose

    Substituir amonoterapia

    Adicionar o2o frmaco

    Aumentar adose da

    associao

    Trocar aassociao

    Adicionar o3o frmaco

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58139

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    140 HIPERTENSO

    QUADRO 7 INCIO DO TRATAMENTO: GRAUS DE RECOMENDAOE NVEIS DE EVIDNCIA DE PREVENO DO RISCO

    CARDIOVASCULAR E PROGRESSO PARA O DIABETES MELLITUSSEGUNDO O VALOR DA GLICEMIA125-155

    Nvel Graus de recomendao Graus de recomendao

    de e nveis de evidncia de e nveis de evidnciahiperglicemia preveno cardiovascular para progresso de DM

    Jejum 126 mg/dL B, 2A A, 1A

    Intolerante ao jejum B, 2B A, 1A(> 110 mg/dL e< 126 mg/dL)

    Intolerante ps- B, 2A A, 1Asobrecarga de glicose(> 140 mg/dL e< 200 mg/dL)

    SNDROME METABLICATratamento Medicamentoso do

    Diabetes mellitus

    Quando os pacientes com hiperglicemia no respondemou deixam de responder adequadamente s medidas no-me-dicamentosas, devem ser inseridos um ou mais agentes anti-diabticos, com a finalidade de controlar a glicemia e promo-ver a queda da hemoglobina glicada (B, 2A).

    Os valores de glicemia para o diagnstico deDiabetesmellitus (DM)124 esto apresentados no Quadro 6. O diagns-tico de DM deve ser confirmado pela repetio do teste emoutro dia, a no ser que haja hiperglicemia inequvoca com

    descompensao metablica aguda ou sintomas bvios de DM.A tolerncia diminuda glicose pode ser identif icada no je-jum e tambm aps sobrecarga com 75g de glicose124.

    Estudos epidemiolgicos sustentam a hiptese de umarelao direta e independente entre os nveis sanguneos deglicose e a doena cardiovascular125-147 (A, 1A). A ausncia deum limiar glicmico em diabticos e a persistnciadesta relao em no-diabticos sugerem que a glice-mia uma varivel contnua de risco, da mesma for-ma que outros fatores de risco cardiovascular125-155

    (Quadro 7). Sendo assim, o tratamento deve objetivara normoglicemia e a sua manuteno em longo pra-zo. importante ressaltar que no se tem um estudocomprobatrio sobre a reduo da mortalidade na sn-drome metablica com a utilizao dos agentes anti-diabticos existentes. Estes medicamentos esto in-dicados no tratamento da hiperglicemia quando osvalores encontrados no jejum e/ou ps-sobrecarga es-tiverem acima dos requeridos para o diagnstico dodiabetes mellitus124,145-147.

    Antidiabticos orais

    Antidiabticos orais so substncias que tm a fi-nalidade de baixar e manter a glicemia normal (Jejum

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    20/38

    141Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    em 1% 1,5%, enquanto que a acarbose reduz a ve-

    locidade de absoro intestinal de glicose, portanto

    agindo mais na glicemia ps-prandial, com reduo

    de 0,7% 1% na A1c124,145-147,161,165,167-169 .

    Medicamentos que aumentam a oferta de insulina:

    So os secretagogos de insulina. Compreendem assulfonilurias que desenvolvem uma ao hipoglice-

    miante mais prolongada (clorpropamida, glibencla-

    mida, gliclazida, glipizida, e glimepirida) que promo-

    vem queda de 1,5% a 2% na A1c e as metglitinidas

    ou glinidas, com menor tempo de ao, cobrindo prin-

    cipalmente o perodo ps-prandial, com reduo de

    A1c de 1% com a nateglinida e de 1,5% a 2% com a

    repaglinida124,145-147,148-151,158,159.

    Escolha do medicamento

    A escolha do medicamento vai depender dos valores das

    glicemias no jejum e ps-prandial da hemoglobina glicada, do

    peso, da idade, de complicaes e doenas associadas. Ainda,

    as possveis interaes com outros medicamentos, reaes

    adversas e as contra-indicaes devero ser analisadas. Com

    glicemia inferior a 150mg/dL, esto indicados os medicamen-

    tos que no promovam aumento na secreo de insulina, prin-

    cipalmente se o paciente for obeso124,145-147 (D, 5). Quando a

    glicemia de jejum for superior a 150mg/dL, mas inferior a

    270mg/dL, a indicao da monoterapia antidiabtica oral de-pender do predomnio entre insulino-resistncia ou insulino-

    deficincia124,145-147(D, 5).

    Na maioria das vezes, verificado no incio clnico do

    diabetes, a presena de obesidade, hipertrigliceridemia, HDL

    colesterol baixo, hipertenso arterial, entre outros estigmas

    observados na sndrome metablica. Eles indicam a presena

    de resistncia insulina e, neste caso, so mais apropriadas as

    drogas anti-hiperglicemiantes, que iro melhorar a atuao da

    insulina endgena, com melhor controle metablico, evitando

    ganho ponderal excessivo124,144-148 (A,1A) (Quadro 8). J a

    associao perda de peso e hiperglicemia, revela a deficincia

    de insulina. Nesta circunstncia, os medicamentos secreta-

    gogos devem ser os mais indicados (sulfonilurias ou

    glinidas)124,145-147,150,151 (D, 5).

    QUADRO 8 TRATAMENTO MEDICAMENTOSO DO DIABETES MELLITUS124,144-156,158,159,161,165-169

    Medicamentos Mecanismo Reduo Reduo Contra- Efeitos Outros efeitosde ao da glicemia da indicao colaterais benficos

    de jejum A1c(%)

    SULFONILURIAS (Posologia mg) 1 a 2 tomadas/diaClorpropamida (125 a 500) Aumento da 60-70mg/dL 1,5 2,0 Gravidez, Hipoglicemia eGlibenclamida (2,5 a 20) secreo de insuficincia ganho ponderalGlipizida (2,5 a 20) insulina renal ou (ClorpropamidaGliclazida (40 a 320) heptica favorece o aumentoGliclazida MR (30 a 120) da presso arterialGlimepirida (1 a 8) e no protege

    contra retinopatia)

    METIGLINIDAS (Posologia mg) 3 tomadas/diaRepaglinida (0,5 a 16) Aumento da 20-30mg/dL 0,7 1,0 Gravidez Hipoglicemia e Reduo do espessamentoNateglinida (120 a 360) secreo de ganho ponderal mdio-intimal carotdeo

    insulina discreto (Repaglinida)

    BIGUANIDAS (Posologia mg) 2 tomadas/diaMetformina (1.000 a 2.550) Reduz a produo 60-70mg/dL 1,5 2,0 Gravidez, Desconfor to Diminuio de eventos

    heptica de glicose insuficincia abdominal, cardiovasculares.com menor ao renal, heptica, diarria Preveno de DM2

    sensibilizadora da cardaca, Mellhora do perfil lipdicoao insulnica pulmonar e Diminuio do peso

    acidose grave

    INIBIDORES DA -GLICOSIDASE (Posologia mg) 3 tomadas/diaAcarbose (50 a 300) Retardo da 20-30mg/dL 0,7 1,0 Gravidez Meteorismo, Diminuio de eventos

    absoro de flatulncia e cardiovascularescarboidratos diarria Preveno de DM2

    Reduo do espessamentomdio-intimal carotdeoMelhora do perfil lipdico

    GLITAZONAS (Posologia mg) 1 tomada/diaRosiglitazona (2 a 8) Aumento da 35-40mg/dL 1,0 1,2 Insuficincia Edema, anemia Preveno de DM2Pioglitazona (15 a 45) sensibilidade cardaca e ganho Reduo do espessamento

    insulina no classe III e IV ponderal mdio-intimal carotdeomsculo, adipcito Insuficincia Melhora do perfil lipdico

    e hepatcito heptica Reduo da gordura(sensibilizadores Gravidez heptica

    da insulina)

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58141

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    142 HIPERTENSO

    Para aqueles pacientes com glicose de jejum normal ou pr-

    ximo do normal, mas com hemoglobina glicada acima do nor-

    mal, est indicado o uso de drogas que atuem mais na glicemia

    ps-prandial (acarbose ou glinidas)124,145-147,149,152-156 (A, 1A).

    Com os anos de doena, ocorre reduo na capacidade se-

    cretria de insulina pela clula beta e a monoterapia pode falhar

    na manuteno do bom controle metablico124,147,150,151,157-160.Assim h necessidade de combinar medicamentos orais com

    mecanismos de ao diferentes e, algumas vezes, h que acres-

    centar uma terceira droga oral. Neste momento, importante

    a anlise do custo-benefcio do tratamento, j que a introdu-

    o de insulina pode ser tambm eficaz, e com menor custo.

    Na combinao teraputica importante conhecer o poder

    redutor glicmico adicional da segunda ou terceira droga oral

    utilizadas.

    Por outro lado, o paciente pode comparecer na primeira

    consulta, no princpio do diabetes, quando predomina a

    insulino-resistncia ou ento com muitos anos de evoluo da

    enfermidade quando a principal caracterstica a insulinopenia.

    A melhor terapia vai depender muito da capacidade secretria

    do seu pncreas. Na fase 1, perodo inicial do DM tipo 2 ca-racterizado por obesidade com insulino-resistncia, a melhor

    indicao so os medicamentos que no aumentam a secreo

    de insulina.

    Na fase 2, com diminuio de secreo de insulina,

    correta a indicao de um secretagogo, que pode entrar ou em

    combinao ou em monoterapia. Na fase 3, com a progresso

    da perda de secreo da insulina, necessrio associar aos

    agentes orais, uma injeo de insulina de depsito, antes de o

    paciente dormir. Por fim, na fase 4, quando predomina a

    insulinopenia, o paciente deve receber pelo menos duas apli-

    caes de insulina de depsito, NPH ou lenta: uma antes do

    desjejum e a outra antes do jantar ou ao dormir, isoladas ou

    combinadas com uma insulina rpida ou ultra-rpida157,160 Nes-

    ta fase 4, um agente oral sensibilizador combinado no trata-

    mento pode reduzir as doses de insulina e auxiliar na melhora

    do controle metablico161 (Figura 2).

    Combinao teraputica

    Combinando dois ou mais agentes antidiabticos orais

    com mecanismos de ao diferentes obtm-se uma queda adi-

    cional na glicemia, com melhora do controle metablico con-

    firmado pela dosagem de A1c. Vrios esquemas de combina-

    es foram propostos e so utilizados145 (Quadro 9).

    Quando a combinao teraputica com medicamentos

    orais falha na obteno do bom controle, est indicada a intro-

    duo de insulina de depsito (NPH ou Glargina) antes de o

    paciente dormir, ainda em combinao com medicamentosorais124,145-147,157-160,162-164 (A, 1A). A dose de insulina noturna

    deve ser ajustada de acordo com a glicemia de jejum, que de-

    ver ser mantida entre 100mg/dL 120mg/dL. Esta medida

    promove melhora no controle glicmico com menor ganho

    ponderal157-160,162-164. Estudo comparativo de combinao entre

    insulina e antidiabticos orais demonstrou que a associao

    de insulina noturna e metformina diurna causou o menor gan-

    ho ponderal e produziu o melhor controle metablico com

    menor incidncia de hipoglicemia157.

    FIGURA 2 FASES DA TERAPIA MEDICAMENTOSA NO DM147

    QUADRO 9 ESQUEMA DE COMBINAO DE DROGASHIPOGLICEMIANTES

    Sulfonilurias e metformina*;com queda adicional na A1c de 1,7%

    Sulfonilurias e acarbose*;com queda adicional na A1c de 0,9%

    Metformina e acarbose**;

    com queda adicional na A1c de 1,7%

    Sulfoniluria, metformina e acarbose

    Sulfonilurias e glitazonas*;com queda adicional na A1c de 1,3% 1,4%

    Metformina e glitazonas*;com queda adicional na A1c de 0,8% 1,2%

    Glinidas e metformina*;

    com queda adicional na A1c de 1% 1,1%

    Insulina noturna e sulfonilurias diurna*;com queda adicional na A1c de 0,5% 1,8%

    Insulina noturna e metformina diurna**;

    com queda adicional na A1c de 1,7% 2,5%

    Insulina noturna e acarbose diurna**;com queda adicional na A1c de 0,4% 0,5%

    Insulina noturna e sulfoniluria com

    metformina ou acarbose diurna

    Insulina noturna e glitazonas diurnas*;com queda adicional na A1c de 1% 1,3%

    * Aprovadas pelo FDAUSA145

    ** Com suporte de publicaes revisadas145

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58142

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

    22/38

    143Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    Na sndrome metablica (SM), a dislipidemia

    caracteriza-se pela presena de nveis baixos de

    HDL-colesterol e nveis elevados de triglicri-

    des170,171. Embora a elevao do LDL-colesterol

    no seja considerada como um dos critrios diag-

    nsticos da SM, os portadores desta sndrome

    apresentam alterao da densidade e do tamanho

    das partculas dessa lipoprotena, predominando

    o padro tipo B (LDL pequena e densa)172. Esta

    associao denominada de dislipidemia atero-gnica.

    Diversos estudos demonstram que os portado-

    res de SM apresentam um risco elevado de doena

    cardiovascular (DCV) quando comparados queles

    sem SM; o risco individual de eventos depender da

    presena e da intensidade dos diversos componen-

    tes desta sndrome e da associao com outros fato-

    res de risco170,171 .

    Estudos prospectivos mostram que o risco de DCV

    pode aumentar substancialmente dependendo do sexo, da

    idade e da presena de outros fatores de risco tais como

    diabetes tipo 2, doena aterosclertica prvia, nveis eleva-

    dos de LDL-colesterol, tabagismo e histria familiar de

    doena coronariana precoce 16,172-176. A abordagem dos in-

    divduos portadores de SM tem como objetivo a preveno

    dos eventos cardiovasculares, representados principalmen-

    te pela doena arterial coronariana e pelo acidente vascular

    enceflico. Em relao dislipidemia, as metas lipdicas a

    serem alcanadas com o tratamento devero levar em con-

    siderao o risco individual de cada paciente e o custo-be-

    nefcio do tratamento173.

    Metas lipdicas na

    sndrome metablica

    As metas lipdicas a serem atingidas com o tratamento

    do paciente portador da SM esto apresentadas no Quadro10.

    Convm enfatizar que apesar de os nveis de LDL- colesterol

    no constiturem um dos critrios diagnsticos desta sndro-

    me, as evidncias de estudos clnicos controlados apontam para

    a necessidade da reduo do LDL-colesterol como meta pri-

    mria a ser alcanada com o tratamento, concomitantemente

    com a correo dos nveis do HDL-colesterol e dos triglicri-

    des16,173-175.

    SNDROME METABLICATratamento Medicamentoso da

    Dislipidemia

    Graus de recomendao e nveis de evidncia:

    Valores recomendados de LDL-colesterol: (A, 1A).

    Valores recomendados de triglicrides e HDL-coles-

    terol: (B, 1B).

    Valores opcionais de LDL-colesterol: (B, 1B)176,177.

    Nos pacientes com concentrao de triglicrides 200mg/dL

    importante calcular o colesterol no-HDL (CT HDL). Este

    parmetro reflete o colesterol car regado pelas lipoprotenas

    aterognicas, englobando a LDL, a VLDL e seus remanescen-

    tes. Os valores a serem atingidos so 30mg/dL acima da meta

    do LDL-colesterol para cada nvel de risco (D, 5). Exemplo:

    paciente de alto risco, meta de LDL-colesterol 40 > 40 >40

    (> 45 se DM) (> 45 se DM)

    TG (mg/dL) < 150 < 150 < 150 < 150

    * valor tolerado (recomenda-se LDL-C

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

    23/38

    144 HIPERTENSO

    zindo a sntese de colesterol e aumentando a expresso hep-tica dos receptores da LDL e, conseqentemente, a captaodessa lipoprotena e das VLDL pelo hepatcito. Alm disso,bloqueiam a sntese heptica de triglicrides. Essa ao resul-

    ta em diminuio do colesterol total, do LDL-colesterol (18% 55%) e dos triglicrides (7% 30%) e aumento no HDL-colesterol (5% 10%), com potncias diferenciadas entre asvrias estatinas. As apresentaes e as doses recomendadasesto sintetizadas no Quadro 11.

    A maioria das estatinas metabolizada no fgado,devendo-se evitar a sua associao com drogas que atuemno citocromo P450, como ciclosporinas, antibiticos ma-croldeos, antifngicos imidazlicos inibidores deproteases, fluoxetina, paroxetina, etc. A presena de do-ena heptica aguda ou crnica uma contra-indicaoabsoluta ao uso dessas drogas.

    Nas dislipidemias mistas, com triglicrides abaixode 500mg/dL, as estatinas devem ser utilizadas em doses

    acima de 20mg (B, 2B), uma vez que a sua potncia emreduzir a trigliceridemia no to expressiva. Assim, haven-do hipertrigliceridemia importante (acima de 500mg/dL),os fibratos ou a niacina (cido nicotnico) devero ser pre-feridos. Quando apesar do uso dos f ibratos ou niacina asmetas de LDL- colesterol no forem alcanadas, pode-seutilizar a associao de fibratos e estatinas, ou estatinas eniacina como ser discutido a seguir.

    FibratosSo medicamentos derivados do cido fbrico que agem

    como agonistas do PPAR-alfa, modulando genes que aumen-tam a expresso da lipase lipoproteica, apolipoprotena AI e

    AII e reduzindo a apolipoprotena CIII. Como resultado, huma reduo da trigliceridemia (20% 50%) e elevao doHDL-colesterol (10% 20%)173, podendo tambm reduzir osnveis de LDL, principalmente a frao pequena e densa. Areduo na trigliceridemia maior do que aquela alcanadacom as estatinas, situando-se entre 20% e 50%. Por esse moti-vo, so as drogas de escolha em pacientes com SM e comtriglicrides 500mg/dL. Sua ao, aumentando o HDL-coles-terol, tambm maior que a das estatinas, principalmente sehouver hipertrigliceridemia grave (10% 20%). A presena

    QUADRO 11 DOSES DAS VASTATINAS E EFEITOS NO PERFIL LIPDICO

    Frmacos Doses Reduo % mdia do Reduo % mdia do Elevao no Diminuio nos(mg/dia) LDL-C com a dose inicial LDL-C na dose mxima HDL-C (%)* triglicrides (%)**

    Lovastatina 20 80 27 42 5 10 10 30

    Pravastatina 20 80 27 36 3 5 8 13

    Fluvastatina 40 80 26 38 6 9 19

    Sinvastatina 10 80 27 48 5 7 12 18

    Atorvastatina 10 80 36 55 2 6 20 28

    Rosuvastatina 10 40 42 55 7 9 20 26

    * Pool de vrias dosagens; ** Efeito dependente da potncia da vastatina em diminuir o LDL-C, da dose utilizada e do valor inicial dos triglicrides.

    Quanto maior a potncia em diminuir o LDL-C maior ser o efeito em reduzir os triglicrides

    de doena heptica grave e insuficincia renal so contra-in-dicaes. As doses e efeitos no perf il lipdico dos fibratos en-contram-se no Quadro 12.

    O estudo VA-HIT178 mostrou que o uso de um f ibrato, no

    caso a genfibrozila, associou-se diminuio de 22% no riscode recorrncia de eventos cardiovasculares numa populaode homens com infarto prvio com HDL-colesterol mdio de32mg/dL (critrio de incluso < 40mg/dL), LDL-colesterol

    de 112mg/dL (critrio de incluso

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    145Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    contram-se trs formulaes do cidonicotnico: liberao imediata, inter-mediria ou prolongada e lenta. Calore rubor facial so os efeitos colateraismais freqentes das formas de libera-o rpida, podendo ser reduzidos

    com o uso de aspirina uma hora antesda ingesto, ou pelo uso da forma deliberao intermediria. A administra-o noturna do medicamento tambmmelhora a tolerabilidade. Hiperglice-mia, hiperuricemia/gota e hepatotoxi-cidade so menos freqentes com aapresentao de liberao interme-diria e na dosagem de at 2g/dia. Apresena de doena heptica crnicae gota grave so contra-indicaes absolutas. A hiperuricemiae o diabetes no contra-indicam o uso do medicamento179, sen-do que as alteraes da glicemia so discretas com a formula-o de liberao intermediria. As formulaes e modo de uso

    da niacina encontram-se no Quadro 13.

    Ezetimiba um inibidor seletivo da absoro de colesterol que age

    na borda em escova do intestino delgado180. Reduz o LDL-colesterol em cerca de 18%, os triglicrides em 5% e causaaumento discreto no HDL-colesterol (1%). Sua principal in-dicao para pacientes intolerantes ao uso de estatinas, ouem associao a estas. O uso da ezetimiba potencializa deforma importante o efeito das estatinas em reduz ir o LDL-colesterol, contudo ainda no h estudos de desfechos cl-nicos com esse medicamento. A posologia sugerida de10mg/dia.

    cidos graxos mega-3Agem reduzindo a trigliceridemia por diminuir a produ-

    o das VLDL no fgado, de modo que podem ser utilizadoscomo terapia coadjuvante nas hipertrigliceridemias. A poso-logia varia de 4g a 8g/dia173.

    AssociaesA utilizao da associao de frmacos hipolipemiantes

    deve ser reservada para os casos de resposta inadequada tantocom o uso isolado de fibratos como das estatinas. No caso dashipertrigliceridemias com triglicrides >500mg/dL, deve-se ini-ciar com as doses usuais do f ibrato, e avaliar os valores de LDL-colesterol aps 30 40 dias de tratamento; se as metas no

    forem atingidas, podem ser associadas s estatinas nas dosesiniciais (geralmente 10mg) e titular a dose desse medicamen-to, quando necessrio para se atingir a meta de LDL-colesterol.Caso no se atinja a meta aps 30 dias da associao, deve-seaumentar a dose da estatina para 20mg e aguardar mais 30 diase assim por diante. As evidncias indicam que o risco de mio-patia com esta associao (estatinas e fibratos) maior quandose utiliza a genfibrosila, devendo a mesma ser evitada. Almdisso, a associao deve ser feita com muito cuidado em ido-sos e em portadores de insuficincia renal.

    Em casos de hipertrigliceridemia de difcil controle, po-dem ser associados os cidos graxos mega-3, em dose maiorou igual a 4g/dia aos f ibratos. Nos casos de hipertrigliceride-mias graves refratrias, uma terceira droga pode ser associa-

    da, no caso a niacina. Nos casos de HDL-colesterol baixo e outriglicrides moderadamente elevados em indivduos que atin-giram as metas de LDL-colesterol com o uso de estatinas, pode-se associar a niacina.

    QUADRO 13 APRESENTAO, POSOLOGIA E ALTERAES MDIAS % NO PERFILLIPDICO DO CIDO NICOTNICO (NIACINA), CIDOS GRAXOS MEGA-3 E EZETIMIBA

    FRMACOS APRESENTAO DOSAGEM LDL-C TG HDL-C(%) (%) (%)

    Niacina de liberao Comprimidos de 250, 1.000 200 mg/dia 20 30 20 50 15 35

    intermediria ou 375*, 500, 750*prolongada 1,2,3 e 1.000 mg

    mega 3 Comprimidos de 1 g 4 8 g/dia 0/+64 10 30 0 20

    Ezetimiba Comprimidos de 10 mg 10 mg/dia 18 5 1

    1 H dois esquemas de titulao da Niacina:1. Recomenda-se iniciar com 500 mg durante um ms, dobrando-se para 1 g por mais um ms, em seguida aumentar para 1.500 mg por maisquatro semanas e finalmente atingir a dose de 2 g/dia.2. Iniciar com 375 mg, aumentando-se para 500 mg na segunda semana, para 750 mg na terceira semana e 1 g na quarta semana. Aps um ms,recomenda-se elevar a dose para 1.500 mg e posteriormente para 2 g. A ingesto deve ser noturna para minimizar o efeito do flushing. Oflushing pode ser diminudo pela ingesto de aspirina ou antiinflamatrios no-hormonais 30 minutos antes. A niacina cristalina no estdisponvel no Brasil; as doses mximas so de 3 g 4 g/dia e devem ser administradas trs vezes ao dia.

    * dose ainda no disponvel no Brasil em novembro de 2004

    Recomendaes importantes quanto

    ao tratamento hipolipemiante

    Uma vez iniciado o tratamento farmacolgico com estatinasesse dever ser mantido, com raras excees, de forma perma-nente. Os benefcios do uso das estatinas sero tanto maio-res quanto mais prolongado for o tratamento173,174 (A, 1A).

    Dosagens de CK devem ser realizadas em um, trs e seis me-ses aps o uso das estatinas e fibratos. Caso os pacientes este-jam estveis, podem ser repetidas a cada seis meses173 (D, 5).

    Dosagens de CK devem ser realizadas antes da utilizaoda associao das estatinas com os fibratos e em um e trsmeses aps173 (D, 5).

    Se houver elevao acima de dez vezes o limite superior danormalidade ou em presena de mialgia, mesmo com CK nor-mal, deve-se suspender a medicao ou a associao173(D, 5).

    Caso haja elevao das aminotransferases acima de trs

    vezes o limite superior do normal, a medicao tambmdever ser suspensa173 (D, 5).

    Deve-se atentar para a possibilidade da presena de hipoti-reoidismo em portadores de dislipidemias mistas em indi-vduos acima de 50 anos, principalmente mulheres. O usode hipolipemiantes nesses casos associa-se ao risco eleva-do de miopatia. Deve-se inicialmente controlar o TSH ereavaliar a necessidade de tratamento hipolipemiante, quepoder ser realizado com segurana.

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58145

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    146 HIPERTENSO

    SNDROME METABLICATratamento Medicamentoso e

    Cirrgico da Obesidade

    Tratamento farmacolgico

    Recomenda-se o uso de medicamentos nos indivduos

    po rta do re s de s nd ro me me ta b li ca co m obes id ade

    (IMC30kg/m2) ou com excesso de peso (IMC entre 25kg/m2

    e 30kg/m2) desde que acompanhado de comorbidades e que

    no tenham perdido 1% do peso inicial por ms, aps um a

    trs meses de tratamento no-medicamentoso (D, 5).

    H, atualmente, cinco medicamentos registrados no Bra-

    sil para o tratamento da obesidade: dietilpropiona (anfepra-

    mona), femproporex, mazindol, sibutramina e orlistat (Qua-

    dro 14).

    A sibutramina foi testada em vrios estudos. Um estudo

    bem controlado, com durao de dois anos, demonstrou que

    este medicamento eficaz na perda de peso com melhora

    dos parmetros metablicos, boa tolerabilidade e seguran-

    a181 (B, 2B). A dose preconizada varia de 10mg a 20mg por

    dia. Efeitos colaterais: boca seca, constipao intestinal, ins-

    nia, irritabilidade e cefalia. Aumentos mdios de presso ar-

    terial sistlica e diastlica e de freqncia cardaca tambm

    tm sido relatados182.Recomenda-se controle rigoroso da pres-

    so arterial e da freqncia cardaca e ajuste da medicao

    anti-hipertensiva, quando necessrio.

    Estudos realizados em duplo-cego, comparando orlistat

    e placebo, em pacientes obesos, com ou sem fatores de risco

    definidos como diabetes, hipertenso e dislipidemia, revela-

    ram maior perda de peso, manuteno do peso perdido e mu-

    QUADRO 14 TRATAMENTO FARMACOLGICO DA OBESIDADE

    MEDICAMENTOS CLASSE POSOLOGIA TOMADAS EFEITO COLATERAL

    FEMPROPOREX 25 50 mg 1 2 Irritabilidade, insnia, ansiedade,euforia, boca seca,

    ANFEPRAMONA Noradrenrgicos* 40 120 mg 1 2 turvao visual,arritmias, hipertenso,

    MAZINDOL 1 3 mg 1 2 constipao

    SIBUTRAMINA Noradrenrgico + serotoninrgico 10 20 mg 1 Aumento da PA e da FC

    ORLISTAT Inibidor da absoro 360 mg 3 (s refeies) Aumento de evacuaes; Urgnciada gordura intestinal e incontinncia fecal; Flatulncia

    * contra-indicados em diabticos com arritmia ou insuficincia cardaca

    danas favorveis nos fatores de risco cardiovascular relacio-

    nados obesidade, no grupo que usou orlistat 120mg, 3 vezes

    ao dia183. Um estudo de longo prazo, realizado com pacientes

    obesos, mostrou que, aps quatro anos, houve reduo da in-

    cidncia de diabetes mellitus tipo 2 no grupo orlistat, quando

    comparado com placebo184 (B, 2B). A dose recomendada de

    120mg, 2 a 3 vezes ao dia, nas principais refeies, dependen-

    do da ingesto de gorduras no caf da manh. Efeitos colate-

    rais: gastrintestinais (esteatorria, flatus com evacuao etc),

    secundrios ao mecanismo de ao da droga.

    Os estudos com dietilpropiona e mazindol demonstram

    que estes medicamentos so eficazes na perda de peso, entre-

    tanto, estes estudos so na maioria antigos (30 ou mais anos) e

    de curto prazo185 (C, 4). So encontrados poucos estudos cl-

    nicos publicados com o femproporex186 (C, 4). As doses reco-

    mendadas so: dietilpropiona 50mg a 100mg, femproporex

    25mg a 50mg e mazindol 1mg a 3mg. Efeitos colaterais: sin-

    tomas leves a moderados de estimulao do sistema nervoso

    central (insnia, nervosismo, euforia) e do sistema cardiovas-

    cular (taquicardia e, ocasionalmente, elevao da presso ar-

    terial). Devido ausncia de estudos de longa durao (mais

    de um ano), no h evidncia da eficcia e segurana do uso

    destes medicamentos a longo prazo.

    Os inibidores seletivos de recaptao de serotonina

    (fluoxetina, sertralina), usados para o tratamento de depres-

    so, podem proporcionar efeito de perda de peso187 (C, 4), em-

    bora no estejam aprovados para o tratamento da obesidade.

    A fluoxetina demonstrou um efeito transitrio de perda de peso,

    presente principalmente nos seis primeiros meses de uso, aps

    03 - Sndrome Metabolica 01.pm6 24/02/05, 08:58146

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

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    147Volume 7 / Nmero 4 / 2004

    o qual pode ocorrer recuperao do peso perdido. A dose em-

    pregada de fluoxetina de 20mg a 60mg e a de sertralina,

    50mg a 150mg por dia. Efeitos colaterais: ansiedade, insnia,

    sonolncia, diminuio da libido, tremores e alterao da me-

    mria.

    No so encontrados estudos sobre a associao de dro-gas, entretanto, por no ter ao central, o orlistat poderia ser

    associado a qualquer um dos outros medicamentos. No se

    devem associar os catecolaminrgicos entre si ou com a

    sibutramina.

    As duas medicaes de primeira escolha no tratamento

    da obesidade associada sndrome metablica so a sibutra-

    mina e o orlistat.

    H atualmente no Brasil mais de 6.000 farmcias com

    autorizao para a manipulao de psicotrpicos, nem todas

    com um controle de qualidade adequado. Ao lado disso, a

    Resoluo do Conselho Federal de Medicina de n1477, de

    11/07/1997 veda aos mdicos a prescrio simultnea dedrogas do tipo anfetaminas com um ou mais dos seguintes

    frmacos: benzodiazepnicos, diurticos, hormnios e laxan-

    tes, com a finalidade de emagrecimento.

    Na maior parte das vezes, os mdicos que utilizam fr-

    mulas no tratamento da obesidade prescrevem drogas

    anorexgenas em doses acima das preconizadas, e no obede-

    cem Resoluo do CFM. Como no Brasil so encontrados

    vrios anorexgenos e em vrias dosagens, recomenda-se que

    no se utilizem formulaes magistrais no tratamento da obe-

    sidade (D, 5).

    Tratamento cirrgico

    O tratamento cirrgico da obesidade tem como objetivo

    diminuir a entrada de alimentos no tubo digestivo (cirurgia

    restritiva), diminuir a sua absoro (cirurgia disabsortiva) ou

    ambos (cirurgia mista).

    Os critrios para a realizao das cirurgias baritricas

    foram definidos em maro de 1991, pelo US National

    Institute of Health Consensus Development Conference

    Panel188 (B, 2A).

    A cirurgia deve ser considerada para o paciente

    obeso mrbido (IMC >40kg/m2), ou obeso com

    IMC >35 kg/m desde que apresente comorbidades

    clnicas importantes, e somente aps ter sido subme-

    tido a tratamento clnico adequado, mas sem resultados.

    O paciente s dever ser operado se estiver bem in-

    formado sobre o tratamento, motivado e se apresen-

    tar risco operatrio aceitvel.

    O paciente deve ser selecionado para a cirurgia, aps

    cuidadosa avaliao por equipe multidisciplinar es-

    pecializada e composta por endocrinologistas ou cl-

    nicos, intensivistas, cirurgies, psiquiatras ou psic-

    logos e nutricionistas.

    A operao deve ser feita por um cirurgio experien-

    te no procedimento e que trabalhe com equipe e emlocal com suporte adequado para todos os tipos de

    problemas e necessidades que possam ocorrer.

    Aps a operao, deve haver acompanhamento mdi-

    co de longo prazo.

    As mulheres frteis devem ser alertadas de que s po-

    dero engravidar depois da cirurgia quando estiverem

    com o peso estabilizado e com o seu estado metabli-

    co e nutricional normalizado189 (B, 2C).

    Em condies especiais, a cirurgia pode ser considerada

    em adolescentes190 (C, 4), em crianas191 (C, 4), em idosos192

    (C, 4) e em pacientes com complicaes graves da sndromemetablica e IMC

  • 7/30/2019 I DIRETRIZ BRASILEIRA DE DIAGNSTICO E TRATAMENTO DE SNDROME METABLICA

    27/38

    148 HIPERTENSO

    bolo alimentar por uma anastomose feita nos lti-mos 50cm do leo terminal.

    3. Cirurgias mistas

    Desvio gstrico com Y de Roux, com ou sem anel

    de estreitamento (Fobi, Capella ou bypass gstri-co) com segmento intestinal varivel de acordocom o IMC e a critrio do cirurgio. Nesta cirur-gia realizada seco do estmago proximal comgrampeadores lineares cortante