Humanização - Saúde Indígena

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE INDÍGENA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE MONITORAS DO PET REDES DE ATENÇÃO Atualmente tem-se aplicado conceitos que visem oferecer aos pacientes e profissionais, um ambiente institucional menos estressante, objetivando a maior qualidade na assistência. Mediante isso, em 2003 o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização PNH. A humanização é vista como a capacidade de oferecer atendimento de qualidade, articulando os avanços tecnológicos com o bom relacionamento (DESLANDES, 2004) Uma das diretrizes da PNH é o Acolhimento que se dá no momento da inserção do paciente na instituição de saúde, é o primeiro contato, momento em que o indivíduo irá se familiarizar com o ambiente hospitalar e expor suas queixas. Cabe aos profissionais repassarem o compromisso de resposta às necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde (MS, 2008) O acolhimento se faz ainda mais importante, quando o usuário a ser atendido é um paciente indígena, pois será introduzida uma cultura medicinal diferente de suas crenças e práticas curandeiras. Logo, faz-se necessário adequar os procedimentos às particularidades socioculturais e epidemiológicas das diversas etnias existentes, visto que em Roraima, tem-se um grande número dessa população. INTRODUÇÃO O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência, desenvolvido mediante observações feitas por monitoras do PET- Redes de atenção, na assistência prestada na admissão e acolhimento de pacientes indígenas em instituição de saúde em Boa Vista. ¹ Acadêmica de Enfermagem; ² Acadêmica de Medicina; ³ Enfermeiro da Unidade de Trauma HGR Amanda dos Santos Braga¹; Karla Karolina Fernandes²; Luiz Mine³ Hospital Geral de Roraima [email protected] PEREIRA, Érica Ribeiro et al . A experiência de um serviço de saúde especializado no atendimento a pacientes indígenas. Saude soc., São Paulo , v. 23, n. 3, p. 1077-1090, set. 2014 BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília, 2004. DESLANDES, S.F. Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Revista Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, 2004. O estado de Roraima, por ter uma grande população indígena, precisa oferecer meios de assistência hospitalar que possam atender esse público de forma a garantir que suas subjetividades humanas e culturais sejam compreendidas e respeitadas, porém é notável haver dificuldades no estabelecimento de práticas humanizadas e de acolhimento a esses pacientes. As divergências culturais e linguísticas tornam-se barreiras para o estabelecimento de um elo de confiança entre equipe profissional e pacientes indígenas, entretanto, a humanização da assistência hospitalar aos povos indígenas não é uma realidade distante, e com alguns meios, tais barreiras poderão ser quebradas e o elo poderá ser construído, para assim obter-se melhoras no serviço oferecido. Foi observado que a efetivação do acolhimento ao paciente indígena é inicialmente dificultada pelas divergências culturais e linguísticas, e consequentemente cria-se uma barreira que impede o estabelecimento do elo de confiança entre paciente e a equipe profissional. Esses povos se comunicam através de quatro famílias linguísticas, as quais são: Caribe, Tupi, Yanomami e Aruak. Dessa forma, quando a equipe se depara com um paciente indígena, precisa enfrentar essa dificuldade na comunicação, para assim, poder garantir uma assistência à saúde mais próxima do ideal. Além disso, semelhante à questão da língua, a cultura desses povos é variada, pois estes são divididos em mais de sete etnias diferentes, cada qual com seu costume e crença, que devem ser respeitadas e sempre levadas em consideração durante a assistência, pois quando se compreende o perfil social e antropológico do paciente, torna-se mais fácil executar o que estabelece na PNH. Outro aspecto observado é que nem todas as populações indígenas do Estado de Roraima encontram-se com a sua cultura totalmente preservada. Existem indígenas familiarizados e não familiarizados com nossa cultura. Devido a isso, é notório haver mais facilidade em trabalhar com aqueles que já conhecem e adquiriram uma parte da nossa cultura, pois estes entendem como funciona o ambiente hospitalar, conseguem confiar nos profissionais de saúde e compreender os procedimentos, e muitos conseguem se comunicar através da língua portuguesa. Por outro lado, os pacientes que possuem raízes fortes na cultura indígena, muitas vezes a ida ao hospital é o primeiro contato deles com a cidade e com nossa cultura. Então mesmo tendo uma equipe capacitada, o ambiente hospitalar sempre causará um alto nível de estresse e ansiedade, acarretando prejuízos na eficácia do atendimento. Como exemplo, o paciente pode tentar simular uma melhora no seu quadro para poder receber alta e retornar ao seu ambiente familiar mais rápido, e se isso não for percebido pela equipe, o paciente poderá voltar para sua casa, correndo o risco de agravar seu quadro clínico. Além dessas dificuldades repercutirem na qualidade da assistência prestada para o paciente, elas resultam numa sobrecarga dos serviços, pois a má resolução do quadro de saúde e inadequada orientação após alta hospitalar provocará o retorno do paciente para esse serviço, podendo este se encontrar num quadro ainda mais grave de saúde e novamente ter uma assistência inadequada segundo a PNH. Dessa forma, gera-se um ciclo vicioso, que produz como resultados uma piora na qualidade de vida para esse paciente indígena. METODOLOGIA RELATO DE EXPERIÊNCIA CONSIDERAÇÕES FINAIS REFERÊNCIAS

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Relato de caso de estudantes em instituição de saúde, visando melhorar a humanização no acolhimento à pacientes indígenas

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POLÍTICA NACIONAL DE HUMANIZAÇÃO NA SAÚDE INDÍGENA: RELATO DE

EXPERIÊNCIA DE MONITORAS DO PET REDES DE ATENÇÃO

Atualmente tem-se aplicado conceitos que visem oferecer aos pacientes e

profissionais, um ambiente institucional menos estressante, objetivando a

maior qualidade na assistência. Mediante isso, em 2003 o Ministério da

Saúde criou a Política Nacional de Humanização – PNH.

A humanização é vista como a capacidade de oferecer atendimento de

qualidade, articulando os avanços tecnológicos com o bom relacionamento

(DESLANDES, 2004)

Uma das diretrizes da PNH é o Acolhimento que se dá no momento da

inserção do paciente na instituição de saúde, é o primeiro contato, momento

em que o indivíduo irá se familiarizar com o ambiente hospitalar e expor suas

queixas. Cabe aos profissionais repassarem o compromisso de resposta às

necessidades dos cidadãos que procuram os serviços de saúde (MS, 2008)

O acolhimento se faz ainda mais importante, quando o usuário a ser atendido

é um paciente indígena, pois será introduzida uma cultura medicinal diferente

de suas crenças e práticas curandeiras. Logo, faz-se necessário adequar os

procedimentos às particularidades socioculturais e epidemiológicas das

diversas etnias existentes, visto que em Roraima, tem-se um grande número

dessa população.

INTRODUÇÃO

O presente trabalho trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de

experiência, desenvolvido mediante observações feitas por monitoras do PET-

Redes de atenção, na assistência prestada na admissão e acolhimento de

pacientes indígenas em instituição de saúde em Boa Vista.

¹ Acadêmica de Enfermagem; ² Acadêmica de Medicina; ³ Enfermeiro da Unidade de Trauma HGR

Amanda dos Santos Braga¹; Karla Karolina Fernandes²; Luiz Mine³

Hospital Geral de Roraima

[email protected]

PEREIRA, Érica Ribeiro et al . A experiência de um serviço de saúde especializado no atendimento a

pacientes indígenas. Saude soc., São Paulo , v. 23, n. 3, p. 1077-1090, set. 2014

BRASIL. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização: a humanização como

eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília, 2004.

DESLANDES, S.F. Análise do discurso oficial sobre a humanização da assistência hospitalar. Revista

Ciência & Saúde Coletiva, v. 9, n. 1, 2004.

O estado de Roraima, por ter uma grande população indígena, precisa oferecer

meios de assistência hospitalar que possam atender esse público de forma a

garantir que suas subjetividades humanas e culturais sejam compreendidas e

respeitadas, porém é notável haver dificuldades no estabelecimento de práticas

humanizadas e de acolhimento a esses pacientes.

As divergências culturais e linguísticas tornam-se barreiras para o

estabelecimento de um elo de confiança entre equipe profissional e pacientes

indígenas, entretanto, a humanização da assistência hospitalar aos povos

indígenas não é uma realidade distante, e com alguns meios, tais barreiras

poderão ser quebradas e o elo poderá ser construído, para assim obter-se

melhoras no serviço oferecido.

Foi observado que a efetivação do acolhimento ao paciente indígena é

inicialmente dificultada pelas divergências culturais e linguísticas, e

consequentemente cria-se uma barreira que impede o estabelecimento do elo

de confiança entre paciente e a equipe profissional.

Esses povos se comunicam através de quatro famílias linguísticas, as quais

são: Caribe, Tupi, Yanomami e Aruak. Dessa forma, quando a equipe se

depara com um paciente indígena, precisa enfrentar essa dificuldade na

comunicação, para assim, poder garantir uma assistência à saúde mais

próxima do ideal.

Além disso, semelhante à questão da língua, a cultura desses povos é

variada, pois estes são divididos em mais de sete etnias diferentes, cada qual

com seu costume e crença, que devem ser respeitadas e sempre levadas em

consideração durante a assistência, pois quando se compreende o perfil

social e antropológico do paciente, torna-se mais fácil executar o que

estabelece na PNH.

Outro aspecto observado é que nem todas as populações indígenas do Estado

de Roraima encontram-se com a sua cultura totalmente preservada.

Existem indígenas familiarizados e não familiarizados com nossa cultura.

Devido a isso, é notório haver mais facilidade em trabalhar com aqueles que já

conhecem e adquiriram uma parte da nossa cultura, pois estes entendem como

funciona o ambiente hospitalar, conseguem confiar nos profissionais de saúde e

compreender os procedimentos, e muitos conseguem se comunicar através da

língua portuguesa.

Por outro lado, os pacientes que possuem raízes fortes na cultura indígena,

muitas vezes a ida ao hospital é o primeiro contato deles com a cidade e com

nossa cultura. Então mesmo tendo uma equipe capacitada, o ambiente

hospitalar sempre causará um alto nível de estresse e ansiedade, acarretando

prejuízos na eficácia do atendimento. Como exemplo, o paciente pode tentar

simular uma melhora no seu quadro para poder receber alta e retornar ao seu

ambiente familiar mais rápido, e se isso não for percebido pela equipe, o

paciente poderá voltar para sua casa, correndo o risco de agravar seu quadro

clínico.

Além dessas dificuldades repercutirem na qualidade da assistência prestada

para o paciente, elas resultam numa sobrecarga dos serviços, pois a má

resolução do quadro de saúde e inadequada orientação após alta hospitalar

provocará o retorno do paciente para esse serviço, podendo este se encontrar

num quadro ainda mais grave de saúde e novamente ter uma assistência

inadequada segundo a PNH. Dessa forma, gera-se um ciclo vicioso, que produz

como resultados uma piora na qualidade de vida para esse paciente indígena.

METODOLOGIA

RELATO DE EXPERIÊNCIA

CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS