Hortalimento_Manual_Tecnico_de_Orientacao.pdf
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GOVERNADOR DO ESTADO DE SO PAULO
SECRETRIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
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GERALDO ALCKMINGOVERNADOR DO ESTADO DE SO PAULO
MNIKA CARNEIRO MEIRA BERGAMASCHISECRETRIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
ALBERTO JOS MACEDO FILHOSECRETRIO ADJUNTO DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
HENRIQUE MACHADO JNIORCHEFE DE GABINETE DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
SILVIO MANGINELLIDIRIGENTE DA ASSESSORIA TCNICA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO
CLEITON GENTILICOORDENADOR DE DESENVOLVIMENTO DOS AGRONEGCIOS
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5ndice
PRODUO DE MUDAS DE ALTA QUALIDADE EM HORTALIAS
1. Escolha do local
2. Recipiente
3. Substrato
4. Manejo
5. Bibliografia
CULTIVO PROTEGIDO: POR QUE UTILIZAR MANEJO DO
AMBIENTE E CUIDADOS COM A FERTILIZAO
1. Introduo
2. Por qu utilizar o cultivo em ambiente protegido?
3. Manejo do ambiente protegido
3.1. Luminosidade
3.2. Temperatura
3.3. Umidade relativa do ar
4. Cuidados com a fertilizao
5. Referncias
CALAGEM E ADUBAO PARA HORTALIAS SOB CULTIVO PROTEGIDO
Interpretao da anlise de solo
Calagem
Recomendaes de adubao orgnica para hortalias (cultivo protegido e campo)
Recomendaes de adubao mineral para hortalias sob cultivo protegido
conforme anlise de solo
Adubao mineral de cobertura
Sistemas de fertirrigao em cultivo protegido
Recomendaes finais
Referncias bibliogrficas
Agradecimentos
INSTRUES BSICAS PARA O CULTIVO DE HORTALIAS
FOLHOSAS EM HIDROPONIA
Introduo
Manejo da soluo nutritiva
Consideraes finais
Literatura citada
Figura 1
Quadro 1
Quadro 2
Quadro 3
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6ndice
CULTIVO DE PLANTAS AROMTICAS E MEDICINAIS
1. Introduo
2. Clima e solo
3. Calagem e adubao
4. Plantio
5. Tratos culturais
6. Controle fitossanitrio
7. Colheita
8. Literatura consultada
EXPERINCIA DE CULTIVO EM AMBIENTE PROTEGIDO NO
MUNICPIO DE ADAMANTINA
1. Introduo
2. Caracterizao da regio
3. Caracterizao do local e descrio da estufa
4. Primeiro cultivo - a cultura do tomateiro
4.1. Tratos culturais
4.2. Produo de tomate
4.3. Custo de produo e receita da cultura
5. Segundo cultivo: pepino tipo japons, melo net melon, tomate tipo caqui,
tomate cereja e berinjela
5.1. Cultura do melo net melon variedade bnus II
5.2. Cultura do tomate caqui hbrido Fukuju
5.3. Cultura do tomate cereja hbrido Coco
5.4. Berinjela hbrido Kokuyo
6. A produo do projeto beneficiando as instituies do municpio
7. Nova fase do projeto em Adamantina
MANEJO, EMBALAGEM E COMERCIALIZAO DE HORTALIAS
Agricultura no Brasil - um pouco de histria
Crescimento da populao X produtos agrcolas
Agronegcios - hortalias
Cadeia de alimentos no mundo
A importncia do horticultura
Processo de plantio
Manejo de hortalias em ambiente protegido
Embalagem para produtos hortcolas
Comercializao de produtos hortcolas
Tendncias na comercializao de hortalias e frutas
Importncia dos detalhes
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PRODUO DE MUDAS DE ALTAQUALIDADE EM HORTALIAS
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9Para que um cultivo de qualquer espcie de hortalia tenha sucesso e seja desenvolvido com
eficincia e eficcia torna-se imprescindvel que se inicie com uma muda de alta qualidade.
Do ponto de vista prtico, essa muda de alta qualidade, segundo Minami (1995), deve: ter a
constituio gentica exigida pelo produtor; ser sadia, sem vestgios de doenas, pragas, danos
mecnicos ou fsicos; no ser portadora de patgenos e sementes ou estruturas de propagao
de plantas daninhas; ser bem formada, de modo a garantir a continuidade do desenvolvimento
quando colocada em local definitivo; ser de fcil transporte e, deve ainda, apresentar custo
compatvel com a necessidade do produtor.
As mudas de hortalias podem ser formadas em canteiros, sendo que, neste caso, as sementes
so lanadas diretamente no solo e, por ocasio do transplante, a muda formada retirada
e transplantada para local definitivo. Nesse caso, na retirada, parte do sistema radicular
arrebentado e aps o transplante comum notar o murchamento da muda. Outra forma de se
produzir a muda impedindo que ela sofra esse estresse a utilizao de recipientes. Nesse
caso, ocorre a formao de um torro envolvendo o sistema radicular, diminuindo o choque por
ocasio do transplante.
Alguns fatores tm intensificado a utilizao de recipientes na produo de mudas de hortalias,
pois o sistema proporciona menor interferncia no sistema radicular devido ao no rompimento
das razes, evitando ou diminuindo a incidncia de vrias doenas. Isso proporciona maior
proteo muda, maior porcentagem de pegamento e maior uniformidade. Alm disso, h uma
maior facilidade de manuseio das mudas com torro e possibilidade do uso intensivo da rea
disponvel.
Vrios tipos de recipientes podem ser utilizados para a produo de mudas das diferentes
espcies de hortalias. Dentre eles, podemos destacar os copos de papel de jornal, copos
de plstico e sacos plsticos. Estes tipos so para acondicionamento individual e, de maneira
geral, so confeccionados ou comprados pelo prprio agricultor. Outro sistema de produo de
mudas, que possibilitou a abertura de outro tipo de profissional na rea, o produtor de mudas
especializado, aquele que utiliza bandejas ou em embalagens para condicionamento coletivo.
Este sistema no recente, pois vem sendo utilizado h mais de vinte anos, tanto na Europa
como nos Estados Unidos e, atualmente, viabilizou a produo e a comercializao de mudas
em larga escala, sendo empregado com sucesso em vrias espcies de hortalias tais como
alface, tomate, pimento, pepino, berinjela, entre outras. Nesse sistema, devido aos cuidados
oferecidos na fase inicial da planta, na maioria das vezes, tem-se uma semente originando uma
planta, otimizando assim o uso das sementes.
PRODUO DE MUDAS DE ALTA QUALIDADE EM HORTALIAS
Dra. Valria A. Modolo
IAC/APTA, Centro de Horticultura, Campinas-SP
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Para que se obtenha uma muda de alta qualidade, a produo nesse sistema envolve alguns
passos importantes: escolha de local adequado para instalao da estrutura de ambiente
protegido, tamanho do recipiente a ser utilizado, substrato e manejo (irrigao, manuteno da
temperatura adequada ao desenvolvimento da espcie, controle de pragas e doenas, adubao,
entre outros.
1. Escolha do local
O local deve ser bem arejado, como pouca declividade, boa luminosidade e disponibilidade de
gua de boa qualidade. reas com formao constante de neblina, com presena de ventos
fortes ou reas prximas a trnsito excessivo, como rodovias, devem ser evitadas.
Uma vez definido o local, deve se escolher o tipo de estrutura de ambiente protegido a ser
utilizado.
De acordo com o formato, as estruturas de proteo podem ser classificadas em: capela, teto em
arco (Figura 1), teto convectivo, tnel alto, tnel baixo ou de cultivo forado, Londrina e dente-de-
serra. Os modelos podem ser conjugados ou individuais (Figura 1) e no seu interior devem ser
construdas bancadas de madeira tratada ou de arame estendido (Figura 2), para que as bandejas
fiquem amparadas e no em contato direto com o solo. A simplicidade ou complexidade da
estrutura depende do conjunto de fatores climticos tais como direo e intensidade dos ventos;
ndice pluviomtrico; temperaturas mnimas e mximas durante o ano; riscos de geadas ou
granizo; radiao solar, entre outros fatores como topografia do solo; localizao, principalmente
quanto altitude e latitude; disponibilidade de gua e acesso ao local. Sendo assim, para se
definir o tipo de estrutura, importante dispor de uma srie histrica dos dados climticos alm
de conhecer as opes tecnolgicas disponveis no mercado para que se consiga uma estrutura
eficiente, segura e econmica.
Figura 1. Modelos de estruturas tipo arco simples e conjugada.
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Figura 2. Modelos de bancadas para suporte de bandejas. esquerda, de madeira e direita, de arame estendido.
2. Recipiente
No mercado, h diversos modelos de bandejas de poliestireno expandido (Figura 3) com 34 x
68 cm, ou de polietileno de alta densidade (Figura 4), com nmero de clulas que pode variar
de 72 a 800 por bandeja, com formas e volumes de clulas diferentes, podendo ser redondas,
piramidais ou cilndricas. A profundidade tambm pode ser varivel, sendo encontradas bandejas
de 47, 60 e 120 mm de altura. As mais utilizadas para produo de mudas de hortalias so as
piramidais de poliestireno expandido, com 128, 200 e 288 clulas e 47 mm de altura. A escolha
do tamanho de clula adequado para formao da muda depende da espcie e do tempo que a
muda permanecer no recipiente.
Figura 3. Modelos de bandejas de poliestireno expandido.
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Figura 4. (A) Bandeja de polietileno de alta densidade de 67 cm x 23 cm de largura x 6 cm de altura, com volume de clula de 16 cm. (B) Bandeja de polietileno de alta densidade de
53 cm x 27 cm de largura x 6 cm de altura, com volume de clula de 17 cm.
As bandejas devem ser colocadas em suportes, a uma determinada altura do cho, que facilite
as operaes de semeadura, rega e outras operaes que sejam necessrias. O suporte pode
ser de madeira, alumnio, bambu ou qualquer outro material que mantenha a estrutura rgida e
possibilite a colocao das bandejas.
3. Substrato
Substrato agrcola ou mistura para cultivo so dois nomes pelos quais conhecida a matria-
prima ou mistura de matrias-primas que, usadas para germinao de sementes, enraizamento
ou cultivo de plantas, iro exercer a funo do solo. Sua principal funo a fixao do sistema
radicular para sustentao da planta. Deve ser um meio saudvel para o crescimento das
razes, bem arejado, livre de pragas e doenas, fornecer todos os nutrientes ou permitir que eles
estejam disponveis s plantas, possuir boa disponibilidade de gua e ter estabilidade fsica.
Deve tambm apresentar algumas propriedades fsicas e qumicas intrnsecas importantes para
sua utilizao, tais como boa capacidade de reteno de guas, alta disponibilizao de oxignio
para as razes, capacidade de manuteno da proporo correta entre a fase slida e liquida, alta
capacidade de troca catinica (CTC), baixa relao C/N, entre outras. Alm destas propriedades
tcnicas, dois critrios essenciais devem ser considerados na escolha de um substrato agrcola:
custo e disponibilidade. O custo de aquisio deve ser baixo, porm o baixo custo de aquisio
no suficiente se no estiver disponvel no momento desejado.
Quanto a sua origem os substratos podem ser agrupados em minerais e orgnicos. Dentre os
de origem mineral, os mais utilizados na produo de mudas so: Areia - material encontrado
naturalmente em grande abundncia sendo quimicamente inerte e constitudo basicamente por
xido de silcio; vermiculita: material produzido artificialmente mediante a expanso da mica
sob temperatura de 1.100C, formando flocos levssimos, possui um elevado valor de CTC,
pequena inrcia qumica e capaz de absorver de 4 a 5 vezes o seu prprio peso em gua; l
de rocha: fabricada pela fuso a 1600C de trs materiais diferentes (basalto, calcrio e coke).
Do ponto de vista qumico, um material inerte e do fsico, um material poroso com baixa
energia de reteno de gua, o que proporciona uma elevada disponibilidade hdrica s plantas.
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um material extremamente leve e fcil de manusear; perlita: material de slica branco-cinzento,
de origem vulcnica e explorada nas minas de lava. O minrio bruto triturado, peneirado e
aquecido no forno a 760 C no qual uma pequena quantidade de umidade presente nas partculas
transforma-se em vapor, em pequenos gros esponjosos, muito leves.
Os substratos de origem orgnica so detritos vegetais como casca de rvores, casca de arroz,
palha, serragens. A composio qumica varivel dependo da origem do material. Os maiores
inconvenientes so a alta relao C/N ou a presena de substncias txicas. A compostagem
prvia ajuda a diminuir esses problemas. Do ponto de vista fsico, esses materiais so muito
porosos e tm uma baixa capacidade de reteno de gua. No entanto, sua grande disponibilidade
e seu baixo custo tornam sua utilizao promissora, principalmente em misturas com substratos
minerais ou orgnicos de custo elevado. Podemos destacar: fibra de coco: o mesocarpo do fruto
do coqueiro, suas fibras podem ser compostadas, secas e comprimidas em blocos para facilitar
o transporte; para utilizao, os blocos so reidratados; turfas: so constitudas basicamente
por materiais de origem vegetal, contendo menos de 10% de contaminantes minerais; bagao
de cana: fibras de bagao de cana de acar que podem ser encontradas mais facilmente em
regies produtoras de acar e lcool, por serem resduos do processamento nas usinas; casca
de arroz carbonizada: o resduo do beneficiamento do arroz e da mesma forma que o bagao
de cana, pode ser encontrado mais facilmente em determinadas regies; casca de rvores: no
Brasil, abundante a casca de pinheiro como subproduto da explorao silvicultural de Pinus spp.
e Eucalyptus spp., um componente bastante utilizado nas misturas de substratos comerciais.
Para a utilizao na produo de mudas geralmente feita a mistura de dois ou mais substratos.
Torna-se importante ressaltar que as caractersticas fsicas e qumicas da mistura podem ser
diferentes daquelas encontradas em cada componente isolado.
Tambm existem no mercado misturas prontas. Geralmente estas misturas so compostas de
um material de origem mineral (vermiculita, perlita, etc) e outros de origem orgnica (casca de
rvores, casca de arroz carbonizada, hmus, etc) a depender da empresa produtora. Nesse
caso, qualquer variao no prevista nesta mistura pode resultar num fracasso total no cultivo.
Alm dos efeitos diretos na produo da muda, um substrato mal formulado pode comprometer
tambm a produo no campo aps o transplante. Ao utilizar, por exemplo, um substrato
contaminado por algum fungo o horticultor pode estar introduzindo uma nova doena no campo.
O mesmo acontece com as plantas daninhas. Um substrato pode carregar consigo sementes
ou outras estruturas de propagao de essas plantas para rea de cultivo e isso poder ser
percebido, dependendo do grau de infestao, somente ao longo dos ciclos de cultivo quando o
controle torna-se mais difcil.
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4. Manejo
A gua fator limitante para a produo da muda. Seu fornecimento deve ser de maneira
adequada, pois tanto a falta quanto o excesso podem comprometer o desenvolvimento da planta.
A irrigao uma prtica agrcola necessria na produo de mudas, que visa principalmente
atender s necessidades no momento adequado. Para se atingir bons resultados com o
uso da irrigao, vrios fatores so importantes e devem ser levados em conta, tais como
a seleo de mtodos de irrigao e o manejo da gua (distribuio, freqncia, lmina de
irrigao, estimativa do consumo de gua, caractersticas do desenvolvimento das plantas
e sensibilidade ao estresse hdrico). O sistema de irrigao mais utilizado para produo de
mudas em hortalias no Brasil o de asperso mas na produo de mudas em recipientes
pode ser utilizado: gotejamento, pulverizadores em barra, por capilaridade ou subirrigao.
Quanto nutrio, talvez seja uma parte que merea bastante ateno do produtor de mudas.
O substrato totalmente diferente do solo e nem sempre uma adubao recomendada para um
tipo de substrato pode ser utilizada em outro. A quantidade de nutrientes no substrato, o tipo de
adubo, a concentrao de nutrientes na soluo para aplicao foliar e o momento da aplicao
so pontos que devem ser considerados. Segundo Minami (2010) a tendncia utilizar substratos
com zero de nutrientes e utilizar fertirrigao. Assim, possvel cada produtor manipular o
crescimento das mudas de acordo com as condies ambientais e necessidade de cada cultura.
Finalizando, o controle fitossanitrio tambm deve ser realizado quando necessrio. Mas, tratando-
se de um ambiente protegido, deve-se ficar atento s causas desses tipos de problemas. Na maioria
das vezes, o melhor controle dos fatores envolvidos na produo, tais como luz, temperatura,
umidade e nutrio, podem diminuir ou at mesmo inibir a ocorrncia de pragas e doenas.
5. Bibliografia
Andriolo, J.A. Fisiologia das culturas protegidas. Santa Maria: Ed. da UFSM, 1999. 142p.
Borne, H.R. Produo de mudas de hortalias. Guaba: Livraria e Editora Agropecuria Ltda,
1999. 189p.
Minami, K. Produo de mudas de alta qualidade em horticultura. So Paulo: T. A. Queiroz Editor
Ltda, 1995. 128p.
Minami, K. Produo de mudas de alta qualidade. Piracicaba: Editora Degaspari, 2010. 426p.
Sade, A. Cultivos Bajo Condiciones Forzadas. Almeria, 139p.
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CULTIVO PROTEGIDO: POR QUE UTILIZAR MANEJODO AMBIENTE E CUIDADOS COM A FERTILIZAO
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CULTIVO PROTEGIDO: POR QUE UTILIZAR MANEJO DO AMBIENTE E CUIDADOS COM A FERTILIZAO
Luis Felipe Villani PurquerioSebastio Wilson Tivelli
IAC/APTA, Centro de Horticultura, Campinas-SP UPD de So Roque, APTA Regional, So Roque-SP
1. Introduo
Desde o aparecimento da indstria petroqumica na dcada de 30 e com o crescimento da
utilizao do plstico em diversos setores a partir da 2a Guerra Mundial, no ficaria o setor
agrcola indiferente ao novo e promissor material que surgia em diferentes campos de aplicao.
O plstico tem sido empregado nas atividades agropecurias com maior participao na
produo de alimentos, substituindo materiais tradicionais como madeira, vidro, ferro e cimento,
com a finalidade de minimizar os custos de produo e inovar tcnicas tradicionais. Dessa
forma, a plasticultura pode ser definida como a tcnica da aplicao dos materiais plsticos na
Agricultura.
Originalmente, o cultivo protegido de plantas era feito em ambiente construdo com vidro devido
s suas excelentes propriedades fsicas. Atualmente, o filme plstico de polietileno de baixa
densidade (PEBD) o material mais utilizado para a cobertura de estufas agrcolas porque
alm de possuir propriedades que permitem seu uso para essa finalidade como a transparncia,
so flexveis, facilitando seu manuseio, e possuem menor custo quando comparados ao vidro.
Com a facilidade de uso do PEBD, houve grande aumento em seu consumo. Porm, ainda hoje,
o manejo das culturas em ambiente protegido um gargalo para o sucesso da atividade, sendo
que a falta de conhecimento tcnico limita os benefcios gerados por essa atividade e o sucesso
do empreendimento.
Segundo Bliska Jnior (2011) , conforme atualizao do Diagnstico da Plasticultura, elaborado
pelo Comit Brasileiro de Desenvolvimento e Aplicao de Plsticos na Agricultura (COBAPLA),
no Brasil, a rea de cultivo protegido (estufas agrcolas e viveiros) para horticultura em geral
de aproximadamente 20.000 ha.
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2. Por que utilizar o cultivo em ambiente protegido?
Figura 1. Tnel alto, com filme transparente e alface (A), tnel baixo, com filme leitoso e morango (B), estrutura com p-direito do tipo arco (C), casa de vegetao, de vidro, com
controle do ambiente e tomate (D).
O clima um fator que influencia a produo de hortalias. No vero, as chuvas demasiadas
danificam as hortalias e criam condies favorveis para o aparecimento de doenas. Por outro
lado, o frio e os ventos do inverno acabam prolongando o ciclo dessas culturas.
Para auxiliar na resoluo desse entrave podemos lanar mo do cultivo protegido, que se
caracteriza pela construo de uma estrutura, para a proteo das plantas contra os agentes
meteorolgicos que permita a passagem da luz, j que essa essencial para realizao da
fotossntese. Este um sistema de produo agrcola especializado, que possibilita certo
controle das condies edafoclimticas como: temperatura, umidade do ar, radiao, solo, vento
e composio atmosfrica.
O ambiente protegido pode ser um tnel (baixo ou alto), uma estufa agrcola com ou sem p
direito ou at mesmo uma casa de vegetao, onde o controle do ambiente intensificado
(Figura 1). Nas estruturas mais altas pode ser realizado o cultivo sem solo, mais conhecido como
hidropnico.
A B
C D
Foto
s: P
urqu
erio
, L. F
. V.
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Alm do controle parcial das condies edafoclimticas, o ambiente protegido permite a realizao
de cultivos em pocas que normalmente no seriam escolhidas para a produo ao ar livre. Esse
sistema tambm auxilia na reduo das necessidades hdricas (irrigao), atravs de uso mais
eficiente da gua pelas plantas. Um outro bom motivo para produzir em ambiente protegido o
melhor aproveitamento dos recursos de produo (nutrientes, luz solar e CO2), resultando em
precocidade de produo (reduo do ciclo da cultura) e reduo do uso de insumos, como
fertilizantes (fertirrigao) e defensivos.
Um exemplo de diferena de produtividade atingida com e sem o uso de ambiente protegido em
diferentes estaes do ano pode ser acompanhado para a cultura da rcula na da Figura 2.
Figura 2. Produtividade de rcula, cv. Folha Larga, cultivada em campo e ambiente
protegido no inverno (A) e no vero (B), em
funo de doses de nitrognio, na colheita.
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No inverno, devido s condies climticas favorveis ao cultivo da rcula, seria dispensvel o
uso do ambiente protegido. Porm, devido ao melhor aproveitamento dos fatores de produo
pelas plantas, que ocorre dentro do mesmo ambiente, houve melhor rendimento das plantas
cultivadas no ambiente protegido em relao s cultivadas em campo. A maior produtividade
verificada no campo com 240 kg ha- de nitrognio, foi alcanada com 110 kg ha- de N no
ambiente protegido, ou seja, teve-se uma economia de 130 kg ha- de nitrognio no cultivo
protegido (Purquerio, 2005; Purquerio et al., 2007).
J no vero, a alta precipitao pluviomtrica durante o ciclo da cultura e sua concentrao em
curtos perodos de tempo foi prejudicial s plantas cultivadas no campo, que no conseguiram
acompanhar a produtividade verificada no ambiente protegido.
No campo, alm da menor produtividade, tambm se observou menor qualidade das plantas.
O impacto das gotas de chuva nas folhas, bem como a movimentao de partculas de solo,
danificaram fisicamente as folhas, atrasando o desenvolvimento da planta e diminuindo a
qualidade final do produto, a ponto de, na colheita, as folhas no apresentarem bom aspecto
para a comercializao, pois estavam coriceas, amareladas, danificadas e sujas (Figura 3).
Foto
s: P
urqu
erio
, L. F
. V.
AB
Figura 3. Danos fsicos (A) e acmulo de solo (B) em folhas de rcula, causados pela chuva em cultivo de campo.
Por outro lado, o cultivo em ambiente protegido tambm apresenta desvantagens, como o alto
custo para sua implantao, que pode variar de R$ 40,00 a R$ 200,00 cada m2, dependendo do
grau de tecnologia empregada no ambiente. Alm disso, esse sistema de cultivo envolve reas
de conhecimento amplas para que o manejo das plantas dentro dele seja bem feito, necessitando
de mais conhecimento tcnico para ser realizada com sucesso.
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3. Manejo do ambiente protegido
Para cultivar hortalias em ambiente protegido necessrio, antes de tudo, conhecer muito bem
as espcies que sero cultivadas, principalmente quanto s exigncias ambientais e nutricionais,
ou seja, conhecer as necessidades fisiolgicas das hortalias. Tambm, o ambiente em que
sero plantadas, no s em termos de regio, mas de localizao, coletando informaes sobre
temperaturas reinantes (mxima e mnima), perodo de maior chuva, predominncia de ventos,
culturas adjacentes e permanncia de uma mesma cultura.
3.1. Luminosidade
A radiao solar um dos fatores que influenciam na produtividade das espcies, tanto no
campo como em ambiente protegido, especialmente nos meses de inverno e em altas latitudes.
As distintas regies do Brasil, em geral, mostram uma reduo da radiao solar incidente no
interior do ambiente protegido com relao ao meio externo de 5 a 35%. Estes valores variam
com o tipo de filme plstico (composio qumica e espessura), com o ngulo de elevao do sol
(estao do ano e hora do dia) e que tambm dependem da reflexo e absoro pelo material.
No ambiente protegido, a frao difusa da radiao solar maior que no meio externo,
evidenciando o efeito dispersante do filme plstico. Dessa forma, a radiao dentro do ambiente
protegido pode atingir com maior eficincia as folhas das hortalias, principalmente no caso das
plantas conduzidas na vertical, ou cultivadas em densidade elevada, onde uma folha tende a
sombrear a outra (Figura 4).
Figura 4. Esquema ilustrativo da radiao dentro do ambiente protegido e projeo
aproximada de bolso trmico formado no interior da estrutura.
Imag
em: P
urqu
erio
, L. F
. V.
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Qualquer que seja a regio de produo, no se pode ter estruturas construdas ao lado de
rvores ou construes que projetam sua sombra sobre a estrutura de cultivo protegido, mesmo
que seja apenas por algumas horas durante o dia. Estruturas geminadas tambm geram faixas
de sombreamento sobre as culturas em seu interior (Figura 5).
Figura 5. Sombreamento gerado por rvores (A) e calhas em estruturas geminadas (B).
AB
Imag
em: C
astil
la (2
005)
Foto
: Pur
quer
io, L
. F. V
.
Outro ponto a ser observado a deposio de poeira sobre o filme plstico, que reduz a
luminosidade no interior da estrutura, causando o estiolamento das plantas. Quando o filme
plstico se encontra em boas condies recomendvel sua lavagem (com uma vassoura de
cerdas macias ou com uma espuma que pode ser envolvida num rodo) (Figura 6). Em casos
de estruturas tipo arco, com apenas um vo, possvel utilizar uma faixa de tecido no tecido,
conhecido como TNT, sendo esta manejada por duas pessoas. Cada pessoa deve estar de um
lado da estrutura e fazer um movimento compassado puxando e soltando o tecido, imitando
um movimento de serra, deslocando-se ao longo do comprimento da estrutura. Pode-se fazer a
lavagem antes do perodo de inverno.
Figura 6. Filme plstico usado para cobertura de uma estrutura tipo arco sendo lavado (A) e detalhe de um rodo revestido com espuma (B).
A
Foto
s: G
oto,
R.
B
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23
Para os cultivos sensveis ao excesso de luminosidade, o uso de malhas sintticas de
sombreamento, com 30 a 50% de sombra, colocadas no interior da estrutura, altura do p
direito, soluciona satisfatoriamente o problema.
O uso de iluminao artificial em ambiente protegido uma prtica cultural onerosa, sendo
somente justificada para culturas de alto valor agregado e sensveis ao fotoperodo, como
algumas flores e plantas ornamentais.
Salienta-se que, sempre que se altera a intensidade luminosa no interior do ambiente protegido,
modificam-se tambm outros parmetros agrometeorolgicos, como temperatura e umidade
relativa do ar.
3.2. Temperatura
A temperatura exerce influncia sobre as seguintes funes vitais das plantas: germinao,
transpirao, respirao, fotossntese, crescimento, florao e frutificao. Nos pases do
hemisfrio norte, caracterizados por clima temperado com invernos muito rigorosos, o ambiente
protegido possui a finalidade de aquecimento, tornando-se uma verdadeira estufa para que a
produo seja possvel. Porm, nas condies climticas brasileiras, consideradas tropicais e
subtropicais, onde o cultivo de hortalias possvel durante o ano todo, o aquecimento natural
demasiado do ambiente pode causar problemas no cultivo das plantas.
Para o manejo da temperatura do ar indispensvel a instalao de um termmetro de mxima
e mnima a 1,5 m de altura, no centro do ambiente protegido, abrigado da luminosidade direta
do sol. As leituras devem ser realizadas diariamente e sempre no mesmo horrio. Atualmente,
tambm se dispe de equipamentos eletrnicos conhecidos como microllogers, que possuem
sensores de temperatura e umidade do ar que realizam automaticamente a leitura destas
variveis no momento desejado.
O manejo da temperatura do ambiente protegido comea pela escolha do tipo de ambiente a
ser utilizado, que est muito relacionado espcie que vai se cultivar. Cada hortalia possui
uma necessidade fisiolgica diferente de temperatura, a qual pode no ser atingida em funo
do tipo de ambiente utilizado. Deve-se, ento, prestar ateno em relao altura do p direito
do ambiente quando se pensa em cultivar plantas com arquitetura mais alta como o tomateiro.
Para estas culturas, recomenda-se um ambiente com no mnimo 3,0 a 3,5 m de altura de p
direito. Esta deve ser de 0,50 a 1,00 m maior do que a mxima altura da cultura que ser
conduzida (Sade, 1997). A Figura 4 ilustra aproximadamente o bolso trmico que se forma
numa estrutura do tipo arco, onde as temperaturas so mais elevadas.
Plantas de porte herbceo, como hortalias e plantas medicinais, podem ser cultivadas em
ambientes com p direito menor, ou mesmo com a ausncia desse, como o caso dos tneis de
cultivo forado, porm, sempre se respeitando as necessidades trmicas da cultura.
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Quando a temperatura muito alta, possvel lanar-se mo de recursos para a reduo da
mesma. O posicionamento da estrutura pode favorecer a ventilao natural dentro do ambiente.
Na instalao do ambiente, deve-se observar a inclinao do terreno, principalmente para
estruturas do tipo londrina (com plstico estendido na horizontal), pois esta facilita a passagem
do ar quente pela estrutura, com sua sada pela lateral que estiver na parte mais alta do terreno.
A estrutura deve sempre ser instalada com a menor dimenso (frente), no sentido da corrente
do vento predominante.
Outro ponto a ser observado so as cortinas laterais que devem ser sempre mveis para serem
fechadas no caso da necessidade de reteno da temperatura atravs do aquecimento do ar, ou
abertas para a sada do ar quente, quando se deseja o resfriamento. Sadas para o ar quente, na
parte superior das estruturas, conhecidas como lanternim e janelas zenitais (Figura 7) tambm
possibilitam o resfriamento do interior do ambiente protegido. Estas podem ser fixas ou mveis,
para serem abertas ou fechadas conforme a necessidade. Ressalta-se que essas aberturas no
ambiente devem sempre estar a favor do vento, para que a sada do ar quente seja facilitada, e
que tambm existe a necessidade de uma abertura na parte inferior, para provocar o fluxo de ar,
igualando a temperatura interna externa (Andriolo, 1999).
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, L. F
. V.
AB
Figura 7. Lanterim fixo ao longo da cumeeira (A) e janelas zenitais (B).
O uso de telas sintticas, pretas, de sombreamento (30 a 50%) e de pincelamento com tinta ou
cal, embora sejam relativamente eficientes na diminuio da temperatura, tambm diminuem
a luminosidade, o que nem sempre desejado. No mercado, tambm existe disposio dos
produtores uma tela aluminizada que, instalada na altura do p-direito da estrutura de ambiente
protegido, proporciona reduo da temperatura sem influir demasiadamente na luminosidade
(Figura 8).
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Figura 8. Tela aluminizada
colocadas no interior do ambiente protegido, na altura
do p direito da estrutura.
Porm, se o objetivo for a reduo da temperatura com telas sintticas de sombreamento, da
colorao preta, estas devem ser colocadas de 0,5 a 0,8 m por cima da cumeeira da estrutura,
nunca dentro do ambiente protegido.
A nebulizao outro recurso disponvel para a reduo da temperatura no interior do ambiente
protegido. Para a gua passar de seu estado lquido para o gasoso, ela necessita de calor.
Dessa forma, atravs da pulverizao de gotculas de gua dentro da estrutura, com auxlio
de um sistema de nebulizao ou fogger, consegue-se a reduo da temperatura do ar pela
mudana no estado fsico da gua. A utilizao de nebulizadores como instrumento de controle
de temperatura tambm est relacionada com a umidade relativa do ar dentro do ambiente.
Como exemplo, Andriolo, (1999) cita que um ambiente que se encontrava com temperatura do
ar em torno de 35C e umidade relativa do ar de 40%, quando teve sua umidade elevada para
100%, apresentou uma queda na temperatura, chegando at 21C.
Ressalta-se que a nebulizao no tem a funo de irrigar. O manejo incorreto dos nebulizadores
pode causar efeitos negativos na cultura em funo do molhamento da parte area da planta
e aumento da umidade relativa dentro do ambiente protegido, que acarretar outros problemas
como o aparecimento doenas fngicas e bacterianas.
Para algumas regies do Brasil, a elevao da temperatura do ar dentro do ambiente protegido
em alguns meses ou em alguns dias dos meses de inverno necessria. O modo mais
econmico para o aquecimento do ambiente por meio do manejo das cortinas laterais que so
abertas no perodo da manh, aps a temperatura interna do ar atingir seu mximo valor, sendo
posteriormente fechada tarde, quando a temperatura decresce. Assim, procura-se acumular
o ar quente dentro do ambiente para que, noite, a planta tenha temperaturas maiores que
a externa. Caso esse manejo no seja suficiente para elevao da temperatura no interior do
ambiente protegido, o produtor pode lanar mo de caldeiras (a gs, eltrica, a lenha), que
permitem o aquecimento do ambiente com ar ou gua quente, que so distribudos por meio de
canos ou tubulaes de plstico pelo ambiente. Em geral, essa operao acaba aumentando o
custo de produo.
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Todas essas prticas so efetuadas para manter a temperatura ideal para o crescimento e
desenvolvimento das culturas. Por exemplo, o tomateiro necessita de temperaturas diurnas
mdias em torno de 22 a 28C. Temperaturas acima de 30 a 32C prejudicam o pegamento de
frutos.
A planta de pepino considerada uma cultura subtropical que no tolera temperaturas baixas.
A faixa ideal de temperatura de 27 a 30C de dia e 18 a 19C de noite, durante o crescimento
vegetativo e 27 a 28C diurnos durante o florescimento/frutificao. Quando a temperatura dentro
do ambiente protegido alcana valores mais elevados, podem ocorrer distrbios fisiolgicos
como o entortamento de frutos e aborto de flores e frutos.
Com relao temperatura do solo, pode-se mant-la dentro da faixa mais adequada para a
cultura com um manejo muito simples, a irrigao. No vero, a irrigao e o manejo da temperatura
do ar contribuem para a manuteno dentro da faixa ideal para a cultura. O produtor deve estar
atento temperatura do solo, principalmente no incio do desenvolvimento da cultura e quando
utilizar mulching plstico. No inverno, as irrigaes devem ser feitas preferencialmente no
perodo da manh para que haja tempo do solo aquecer durante o dia. Em outras palavras, no
devemos irrigar as plantas de tardezinha, pois as razes iro passar toda a noite em um solo frio.
3.3. Umidade relativa do ar
A umidade relativa do ar no interior de um ambiente protegido determinada diretamente pela
temperatura, numa relao inversa entre ambas. Ela pode variar num perodo de 24 horas de 30
a 100%, sendo que diminui durante o dia e aumenta durante a noite.
Ela est vinculada ao equilbrio hdrico das plantas, onde um dficit pode alterar a
evapotranspirao, alterando a capacidade do sistema radicular de absorver a gua e o nutriente.
Dessa forma, o manejo da umidade do ar tambm vai depender da cultura visando atender sua
fisiologia de crescimento e desenvolvimento.
Para o manejo da umidade dentro do ambiente protegido necessria a instalao de um
higrmetro ou um termo-higrmetro, cujas leituras devero ser registradas diariamente ao
meio dia (12h). A localizao desse instrumento deve ser a mesma citada para o termmetro
de mxima e mnima. Com o monitoramento, o produtor poder previamente estabelecer as
estratgias a serem adotadas no transcorrer da cultura para manter a umidade relativa dentro
dos limites da faixa ideal de cada cultura.
Um efeito do excesso de umidade do ar no interior dos ambientes protegidos a sua condensao
na face interna do filme plstico de cobertura e consequente reduo na transmitncia da radiao
solar. Para algumas culturas mais sensveis, a queda dessas gotas promove o aparecimento de
manchas nas plantas. Atualmente, no mercado, a maioria dos filmes plsticos comercializados
tem a propriedade de anti-gotejamento. As gotas formadas escorrem pelo lado interno do
plstico para as laterais da estrutura. Deve-se ressaltar que a arquitetura da estrutura (formato)
auxilia esse processo.
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Para a ocorrncia da maioria das doenas, a umidade um fator essencial, sendo que para
elas terem um timo desenvolvimento, a umidade do ar deve estar acima de 80%. Portanto,
por meio do manejo correto da umidade tambm se pode diminuir a incidncia de doenas
e consequentemente gerar reduo no uso de defensivos agrcolas, diminuindo o custo de
produo.
Salienta-se que o correto manejo da umidade tambm se faz necessrio para a aplicao de
defensivos agrcolas e fitorreguladores, sendo que esses produtos no devem ser aplicados com
menos de 55% de umidade relativa, pois sua eficincia pode ser reduzida.
A alta umidade do ar tambm pode influir no aparecimento de desordens fisiolgicas, como
a deficincia de clcio em folhas jovens em expanso, devido ao deficiente transporte desse
elemento em funo da restrio evapotranspirativa (Martins et al., 1999).
Em algumas situaes, o excesso de umidade dentro do ambiente protegido proveniente da
localizao da estrutura. Isso ocorre quando ela instalada em baixadas sujeitas ao acmulo
de neblina ou prximas aos lagos e represas. Nesses casos, pouco se pode fazer; se possvel,
deve-se mudar a estrutura de local, pois o excesso de umidade durante o dia, ao reduzir a
transpirao, pode reduzir a produo.
Um dos tratos culturais que influencia diretamente a umidade relativa do ar no cultivo protegido
a irrigao, sendo que esta deve ser realizada corretamente, atravs de monitoramento por
tensiometria ou pela evapotranspirao da cultura.
No manejo da umidade do ar, a ventilao do ambiente pode auxiliar tanto para aumentar como
para diminuir a mesma.
Outras medidas de manejo podem ser adotadas para se elevar a umidade, como a pulverizao
das plantas com gua. Nesse caso, a gua pulverizada ao evaporar das plantas ir elevar a
umidade e diminuir a temperatura.
Tambm se pode molhar os carreadores para aumentar a umidade, controlando sempre a
quantidade de gua colocada para que, no final da tarde, o cho dos carreadores estejam secos.
E finalmente no se deve utilizar mulching plstico nos cultivos, em regies ou pocas sujeitas
a baixas umidades do ar.
4. Cuidados com a fertilizao
Para a produo de diversas espcies da cadeia da horticultura que, normalmente, so feitas
sob condies de cultivo intensivo, existe a necessidade de suprimento adequado de nutrientes,
desde o estgio de plntula at a colheita, haja vista que o desequilbrio nutricional, seja por
carncia ou excesso de nutrientes, fator estressante para a planta.
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Para o Estado de So Paulo, existe uma recomendao de calagem, adubao orgnica e
qumica de plantio, bem como de adubaes de cobertura para vrias espcies da cadeia da
horticultura (Raij et al., 1997). Essa recomendao no especfica para o cultivo protegido,
porm, fornece uma base muito slida, devendo ser utilizada em conjunto com os resultados de
anlises de solo.
As causas do insucesso no manejo da fertilizao dentro do ambiente protegido esto divididas
entre a necessidade de recomendaes de adubao diferenciadas para o cultivo protegido e a
falta de acompanhamento das condies de fertilidade de solo pelos produtores.
A salinizao dos solos pode ter origem natural, como naqueles localizados em zonas ridas
e semi-ridas, onde a evaporao superior precipitao, ou ser induzida pelo homem, pelo
manejo inadequado no uso de fertilizantes qumicos e orgnicos. Esta ltima causa a de maior
impacto econmico, pois verificada em reas onde se realizou investimento de capital (Silva,
2002), como o caso das estufas agrcolas.
Em condies salinas, ocorre reduo na disponibilidade de gua para a planta, alm de
desequilbrio nutricional nos solos, toxicidade de alguns ons e interferncia no equilbrio hormonal
das plantas (Larcher, 1995), sendo reduzida a produtividade das mesmas.
De maneira geral, o processo de salinizao pode ser evitado ou desacelerado caso ocorram
precipitaes pluviais concentradas em quantidades suficientes, associadas adequada
permeabilidade do solo ou a um sistema de drenagem eficiente para promover uma lavagem
natural do perfil. Todavia, em condies de plantio em estufas agrcolas, a lavagem natural
dificultada, passando o solo a ter caractersticas semelhantes aos de regies semi-ridas
(Medeiros, 1998).
O processo de salinizao dos solos em condies de ambiente protegido est relacionado
diretamente ao acmulo de sais na soluo do solo, havendo duas causas principais: a primeira
a utilizao de guas de qualidade inferior, com elevado teor de cloretos, carbonatos e
bicarbonatos, e a segunda a adio de fertilizantes de elevados ndices salinos e em quantidades
superiores s requeridas para a nutrio das plantas. Em funo da irrigao praticada em
estufas agrcolas, fazer uso principalmente de guas superficiais captadas em rios e crregos,
com reduzidos teores de sais, a adubao excessiva torna-se a principal causa do problema de
salinizao.
Com o avano da tecnologia de produo e o aparecimento da aplicao de fertilizantes por
meio da gua de irrigao (fertirrigao), a adubao das culturas ficou facilitada e mais eficiente
quando utilizada corretamente. Porm, quando realizada de maneira incorreta, seus efeitos
depressivos (salinizao) so mais intensos que na adubao convencional (Vivancos, 1993;
Burt et al., 1995).
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Preocupados em garantir elevada produtividade, os agricultores, alm do fertilizante qumico,
aplicado de maneira convencional ou via fertirrigao, muitas vezes aplicam elevadas quantidades
de material orgnico que, por si s, seriam suficientes para o fornecimento dos nutrientes exigidos
pelas plantas (Silva, 2002), agravando-se ainda mais o processo de salinizao.
Alm do sistema de adubao utilizado (convencional ou fertirrigao) e da fonte do nutriente
(qumica e ou orgnica), o processo de salinizao no cultivo protegido agravado quando se
cultivam plantas de ciclo rpido, como as hortalias (50 a 120 dias aproximadamente), adubadas
pelo agricultor a cada novo plantio, sem utilizao de anlise qumica de solo como referncia.
Assim, so comumente verificados, em estufas agrcolas salinizadas, teores de potssio acima
de 6,0 mmolc dm-, de fsforo acima de 120 mg dm-, e de clcio e magnsio acima de 7 e 8
mmolc dm-, todos considerados muito elevados para os solos agrcolas, segundo Raij et al.
(1997). Tambm so verificados para os micronutrientes boro, cobre, ferro, mangans e zinco,
teores acima de 0,6; 0,8; 12; 5,0 e1,2 mg dm-, respectivamente, considerados elevados nos
solos em geral.
Dentre as tcnicas para o controle da salinizao, a aplicao de lminas excedentes de irrigao,
de possvel percolao no perfil do solo e com as quais seja garantido um equilbrio favorvel dos
sais na zona radicular da cultura, pode ser uma opo, como verificado por Blanco e Folegatti
(2000). Entretanto, para que essa prtica de controle seja eficiente, necessria uma adequada
drenagem do solo, garantindo-se, alm da aerao, que o fluxo descendente seja prevalecente
ao ascendente no perfil do solo e que os sais lixiviados sejam eliminados mediante drenagem. O
preparo intensivo do solo, atravs do uso de enxada rotativa, que comum em estufas agrcolas,
alm de pulverizar o solo, auxilia na formao de uma camada compactada na profundidade
mxima que o implemento atua, impedindo tambm a percolao da gua no perfil do solo.
A troca de local da estrutura (estufa agrcola), bem como a substituio do solo no seu interior,
prtica comum na regio de Almeria, na Espanha, so opes aos cultivos sequenciais, porm
muito onerosas e inviveis para o produtor brasileiro.
Uma alternativa para a melhoria das condies qumicas e fsicas do solo dentro das estruturas
de ambiente protegido e com custo mais acessvel ao produtor do que a mudana do local
da estrutura pode ser a realizao de pelo menos um cultivo com plantas reconhecidas como
extratoras de nutrientes. Em outras palavras, plantas com capacidade para produo de
quantidade adequada de fitomassa e de absoro de nutrientes e que possam ser retiradas da
rea de seu cultivo aps o termino do mesmo, como a crotalria e o milheto.
A crotalria jncea (Crotalaria juncea L.) uma leguminosa (fabcea) de ciclo anual, de
crescimento inicial muito rpido, com desenvolvimento radicular em profundidade e, dependendo
da poca de semeadura, com florescimento em apenas 60 a 90 dias. Essa espcie apresenta
elevado potencial de produo de fitomassa, entre 8 a 17 t ha- de matria seca (Amabile et al.,
2000, Burle et al. 2006; Wutke et al., 2008).
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O milheto (Pennisetum glaucum L.) uma gramnea (pocea) anual, utilizada como forrageira de
vero, com grande perfilhamento e sistema radicular fasciculado, desenvolvido em profundidade
e em abundncia. Possui grande eficincia na transformao de gua em fitomassa (Burle et al.,
2006). Dependendo da poca do ano, do regime hdrico e do fotoperodo, so produzidas 30 a
70 t ha- fitomassa (Pereira Filho et. al, 2003).
Como os produtores obtm sua renda a partir da comercializao dos produtos gerados nas
estufas agrcolas, necessrio que este ambiente de cultivo fique mobilizado com as plantas
extratoras de nutrientes o menor tempo possvel. As duas espcies citadas apresentam
crescimento inicial rpido, apresentando desenvolvimento satisfatrio em 70 dias de cultivo no
tocante a cobertura do solo, ao potencial de extrao de nutrientes e formao de fitomassa.
Dessa forma, dentre inmeras opes, a crotalria jncea e o milheto so espcies
agronomicamente interessantes e adequadas e que podem ser vantajosamente utilizadas como
plantas extratoras de nutrientes em excesso no solo, particularmente em condies restritivas de
rea, como no cultivo protegido.
Como exemplo, cita-se experimento realizado com o cultivo de crotalria e milheto, que teve
o intuito de melhorar as condies qumicas e fsicas do solo dentro de estufa agrcola tipo
arco, com solo salinizado, na cidade de So Carlos-SP. Os teores de fsforo, enxofre, clcio,
magnsio e de todos os micronutrientes, se mostraram acima dos considerados muito elevados
para os solos agrcolas, segundo RAIJ et al. (1997) (fsforo > 120 mg dm-, clcio e magnsio
> 7 e 8 mmolc dm-,enxofre S-SO4- > 10 mg dm-, boro > 0,60 mg dm-, cobre > 0,8 mg dm-,
ferro > 12 mg dm-, mangans > 5,0 mg dm- e zinco > 1,2 mg dm-), nesta estufa agrcola (De
Maria et al., 2011; Purquerio et al., 2011a; Purquerio et al., 2011b).
Aps operao de subsolagem a 0,4 m de profundidade, foi aplicada uma lmina de gua trs
vezes superior capacidade mxima de reteno do solo na profundidade de 0-0,4 m, por
sistema de irrigao localizado por micro-asperso, instalado na altura do p direito da estrutura.
A semeadura da crotalria e do milheto, foi realizada a lano, em 03/12/2009, utilizando-se 30%
a mais de sementes em relao s quantidades 30 e 20 kg ha-, recomendadas respectivamente
para as duas espcies. Como resultado observou-se, num perodo reduzido de apenas 53 dias,
grande produo de massa fresca e seca, totalizando respectivamente, 89,9 e 12,1 t ha- para o
milheto e 56,0 e 8,1 t ha- para a crotalria (Figura 9).
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B
A
Figura 9. Plantas de cobertura aos 23 dias aps a semeadura (A) aos 53 dias aps a semeadura (B) quando foram ceifadas e retiradas da estufa agrcola. So Carlos, SP, 2009/10.
Os teores mdios de nutrientes na massa seca da crotalria foram iguais a 29,9 g kg- de N; 29,5
g kg- de K; 3,5 g kg- de P; 14,0 g kg- de Ca; 4,0 g kg- de Mg; 2,6 g kg- de S; 25,6 mg kg-de
B, 4,3 mg kg- de Cu; 141,8 mg kg- de Fe; 28,5 mg kg- de Mn; e 27,0 mg kg- de Zn. No milheto
os teores mdios na massa seca foram de 22,7 g kg- de N; 35,8 g kg- de K; 4,1 g kg- de P; 5,6
g kg- de Ca; 3,2 g kg- de Mg; 2,5 g kg- de S; 9,9 mg kg- de B; 9,5 mg kg- de Cu; 117,9 mg
kg- de Fe; 43,5 mg kg- de Mn; e 35,7 mg kg- de Zn (Purquerio et al., 2011b).
Aps o cultivo da crotalria e milheto, a produtividade de alface foi verificada por trs ciclos
consecutivos, com o produtor realizando seu manejo convencional de preparo de solo e
fertilizao, sem utilizao de anlise de solo.
No primeiro ciclo de cultivo, que durou 38 dias, cultivou-se a alface cv. Camila. A produtividade
verificada foi maior onde houve o plantio de crotalria (2469 g m-) e milheto (2530 g m-) em
comparao com a rea que permaneceu em pousio (1917 g m-). No segundo ciclo de cultivo (37
dias), cultivou-se a alface cv. Vera e a produtividade tambm foi maior onde houve o plantio de
crotalria (3149 g m-) e milheto (3169 g m-) em comparao com uma rea que ficou em pousio
(2496 g m-). J no terceiro ciclo de cultivo consecutivo de alface (54 dias de ciclo), utilizou-se
a alface cv. Vera e notou-se que a produtividade na rea onde houve cultivo de milheto (4276
g m-) no diferenciou-se da rea que foi mantida em pousio (3455 g m-). Apenas as plantas
da rea que receberam o plantio de crotalria mostraram maior produtividade (4679 g m-) do
que o cultivo em pousio. O resultado verificado no terceiro cultivo de alface, com diminuio de
produtividade, deveu-se ao manejo realizado pelo produtor que comeou a afetar negativamente
as plantas de alface (Purquerio et al., 2011a).
Em virtude do exposto, verifica-se a importncia de realizar a fertilizao de qualquer cultivo
dentro de estufas agrcolas com conhecimento tcnico, utilizando as ferramentas disponveis,
sendo a principal delas a anlise de solo. Assim, os problemas sero evitados e o sucesso
produtivo atingido.
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v.1. 2008.
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CALAGEM E ADUBAO PARA HORTALIASSOB CULTIVO PROTEGIDO
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CALAGEM E ADUBAO PARA HORTALIAS SOBCULTIVO PROTEGIDO
Paulo Espndola Trani
IAC/APTA, Centro de Horticultura, Campinas-SP
Interpretao da anlise de solo
Vem crescendo a procura por informaes sobre a aplicao de calcrio e fertilizantes em
hortalias cultivadas sob estufa plstica. As produtividades de hortalias sob cultivo protegido
tais como pimento, tomate e pepino, so de duas a quatro vezes superiores s produtividades
obtidas no campo, a cu aberto. Isso tem estimulado a realizao de novas pesquisas cientficas
voltadas a definio sobre as quantidades e maneiras de aplicao de fertilizantes neste moderno
sistema de produo.
O presente trabalho apresenta informaes e recomendaes sobre o manejo de corretivos e
fertilizantes para o sistema de produo de hortalias sob cultivo protegido.
Pesquisas realizadas no Instituto Agronmico de Campinas (IAC), com relao adubao de
hortalias baseiam-se no conceito da produo relativa, ou seja, levam em conta a resposta das
culturas aos nutrientes aplicados atravs da adubao.
A Tabela I apresenta a interpretao da anlise do solo visando a calagem e a adubao de
hortalias em geral (campo e cultivo protegido).
Tabela I. Interpretao de P, K, Ca, Mg, S e V% em solos.
TeorK+trocvel P(resina) Ca
++trocvel Mg
++trocvel S SO4
-- V
mmolc/dm3 mg/dm3 mmolc/dm
3 mmolc/dm3 mg/dm3 %
Muito Baixo 0,0 0,7 0 10 0 4 0 2 0 2 0 25
Baixo 0,8 1,5 11 25 5 10 3 5 3 5 26 50
Mdio 1,6 3,0 26 60 11 20 6 10 6 10 51 70
Alto 3,1 6,0 61 120 21 40 11 15 11 15 71 90
Muito Alto > 6,0 > 120 > 40 > 15 > 15 > 90
Fonte: Adaptado de Raij et al. (1997) - So Paulo e Ribeiro et al. (1999) - Minas Gerais.
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A interpretao para os nveis de clcio deve ser adotada com cautela levando-se em conta a
textura do solo. Assim que 15 mmolc de Ca++/dm de solo pode ser considerado como teor
mdio a alto em solo arenoso e teor mdio a baixo em solo argiloso.
Com relao aos micronutrientes presentes no solo, a interpretao visando a adubao de
hortalias, alm de outras culturas, apresentada na Tabela II.
Tabela II. Interpretao dos teores de micronutrientes em solos1.
TeorB Cu Fe Mn Zn
mg/dm3 mg/dm3 mg/dm3 mg/dm3 mg/dm3
Baixo 0 0,30 0 0,2 0 4 0 1,2 0 0,5
Mdio 0,31 0,60 0,3 0,8 5 12 1,3 5,0 0,6 1,2
Alto > 0,60 > 0,8 > 12 > 5,0 > 1,2
1Boro extrado por gua quente; Cu, Fe, Mn e Zn extrados pelo DTPA.
Fonte: Raij et al. (1997).
As recomendaes de N para as hortalias baseiam-se na extrao deste nutriente pelas plantas
e exportao pelas colheitas.
Um indicativo do teor de nitrognio presente no solo a quantidade de matria orgnica do
mesmo. Cerca de 5% da matria orgnica do solo constituda por nitrognio total. No entanto,
este nem sempre est em forma disponvel s plantas. As formas de N no solo, disponveis s
plantas, como a ntrica (NO3-) e a amoniacal (NH4+) ou mesmo as no disponveis, so instveis,
ou seja, sujeitas a rpidas mudanas devido s aes dos microorganismos na mineralizao
da matria orgnica, s lixiviaes provocadas pelas guas da chuva ou irrigao, etc. Isso,
portanto, dificulta a interpretao da anlise deste elemento quando fornecido pela anlise de
solo. Os teores de matria orgnica do solo indicam tambm de maneira indireta, a textura
(granulometria) do solo. Considera-se solo arenoso aquele que contm matria orgnica at 15
g/dm; solo de textura mdia aquele com matria orgnica entre 16 e 30 g/dm e solo argiloso
aqueles com matria orgnica entre 31 a 60 g/dm. Sempre que possvel, interessante realizar
a anlise granulomtrica (textura) do solo para se conhecer as reais quantidades de areia, silte
e argila do mesmo.
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Calagem
A necessidade da calagem determinada pela porcentagem de saturao por bases do solo e
a tolerncia da espcie de hortalia ao menor ou maior grau de acidez do solo. A equao para
clculo da calagem dada por: NC = CTC (V2 V1).
10 PRNT
NC = Necessidade de calagem, em t/ha.
CTC (ou T) = Capacidade de troca de ctions expressa em mmolc/dm3 de solo.
V1 = Saturao por bases dada pela anlise do solo.
V2 = Saturao por bases que se pretende atingir (em geral entre 70 e 80%).
A incorporao do calcrio deve ser feita at 20 a 30 cm de profundidade, pois diversas hortalias
tm o sistema radicular to profundo como culturas extensivas. Dentre as hortalias de sistema
radicular profundo cultivadas em estufa agrcola pode-se citar o tomate. Com o sistema radicular
moderadamente profundo destacam-se pimento, pepino, berinjela, melo, salsa e cebolinha.
Entre aquelas de sistema radicular pouco profundo citam-se a alface, chicria e almeiro.
A aplicao do calcrio deve ser feita com pelo menos 30 a 40 dias de antecedncia ao plantio
utilizando-se de preferncia o calcrio finamente modo (filler) com PRNT de 80 a 90% ou
parcialmente calcinado (PRNT de 90 a 100%). Caso seja encontrado apenas o calcrio comum
(PRNT de 60 a 70%) este deve ser incorporado ao menos 60 dias antes do plantio das hortalias.
Deve-se preferir os calcrios que contenham boa quantidade de magnsio em sua composio,
como os dolomticos (acima de 12% de MgO).
Recomendaes de adubao orgnica para hortalias(cultivo protegido e campo)
A adubao orgnica para hortalias apresenta as seguintes vantagens:
a) Melhora as condies fsicas do solo, diminuindo, por exemplo, os problemas de
compactao de solos.
b) Diminui a incidncia de nematides visto que os adubos orgnicos em geral possibilitam
o desenvolvimento nos solos de microorganismos teis que tem ao antagnica aos
nematides.
c) Fornece, parcialmente, nutrientes s plantas de maneira gradual e contnua.
Por outro lado, a adubao orgnica apresenta algumas limitaes:
a) A incorporao dos fertilizantes orgnicos ao solo deve ser realizada pelo menos 30
a 40 dias antes do plantio, tempo necessrio para que ocorra o processo de cura ou
decomposio sem que ocorra queima das sementes ou mudas de hortalias.
b) Alguns fertilizantes orgnicos mal decompostos podem introduzir sementes de mato no
local.
c) Estercos animais, principalmente de aves podem carregar resduos de sal e outros
produtos presentes nas raes , acarretando problemas como salinizao do solo.
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Dentre os melhores fertilizantes orgnicos utilizados em hortalias, destacam-se: o composto
orgnico (Figura 1), o hmus de minhoca (Figura 2) e a torta de mamona pr-fermentada.
Figura 1. Sistema de compostagem a cu aberto.
Figura 2. Hmus de minhoca: um dos melhores adubos orgnicos para
produo de hortalias.
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As quantidades dos fertilizantes orgnicos a serem aplicadas dependem tambm de sua
disponibilidade local e do custo do transporte e aplicao. A Tabela III mostra as recomendaes
de adubao orgnica para diferentes grupos de hortalias, vlidas tanto para o cultivo protegido
como no campo, a cu aberto.
Tabela III. Recomendaes de adubao orgnica para hortalias.
Grupo de hortalias
Esterco bovino bem curtido ou
Composto
Esterco de galinha/frango sunos / bovinos e hmus
de minhoca
Torta de mamona (pr-fermentada)
kg/m2 de canteiro
Folhosas2 4 0,5 1 0,1 0,2(alface, rcula,
etc.)
Frutos
2 4 0,5 1 0,1 - 0,2(tomate, pimento, etc.)
Bulbos e Razes1 2 0,25 - 0,50 0,02 - 0,05(cebola, cenoura,
etc.)
Maiores doses de fertilizantes para solos de fertilidade baixa. Aplicar cerca de 30 dias antes do plantio. Incorporar a 20 a 30 cm de profundidade, em todo o canteiro.
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Recomendaes de adubao mineral para hortalias sob cultivo protegido conforme anlise do solo
A seguir, so descritas as recomendaes de adubao de hortalias baseadas nos teores de
nutrientes no solo e tambm na extrao de nutrientes pelas hortalias. As doses de nutrientes
foram determinadas com base em experimentao realizada nas condies de solo e clima do
Estado de So Paulo, devendo ser adotadas com cautela para outras regies.
A adubao no solo em pr-plantio deve ser realizada em toda rea do canteiro ou no sulco de
plantio. Recomenda-se a aplicao do calcrio e fertilizantes desde a superfcie at 20 a 30 cm
de profundidade para proporcionar melhor crescimento e distribuio do sistema radicular das
plantas.
O parcelamento dos fertilizantes a serem aplicados em cobertura deve levar em conta a marcha
de absoro de nutrientes da cultura. Para as hortalias, recomenda-se a aplicao de 10%
dos nutrientes no primeiro quarto do ciclo da cultura (incio de crescimento), 20% dos nutrientes
na segunda fase de desenvolvimento, 40% dos nutrientes na terceira fase do ciclo (perodo de
maior formao de massa fresca de folhas e frutos) e 30% na quarta fase do ciclo da cultura.
Dependendo da espcie e do grupo de hortalias, nutrientes como o potssio tm a sua aplicao
concentrada na etapa da mxima produo de frutos.
As Tabelas IV, V, VI e VII mostram as quantidades de nutrientes necessrios para hortalias
folhosas que podem ser produzidas sob cultivo protegido.
Tabela IV. Recomendaes de adubao para plantio de alface, almeiro, chicria, rcula, couve de folhas1, salsa1 e cebolinha1, sob cultivo
protegido, conforme teores de nutrientes no solo.
NitrognioP (resina), mg/dm3 K+ trocvel, mmolc/dm
3
0-25 26-60 >60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0
N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha
40 360 180 90 120 60 30
1Aplicar para couve de folhas, salsa e cebolinha , 2/3 dos nutrientes indicados.
Misturar os fertilizantes ao solo, pelo menos 10 dias antes da semeadura ou transplante das
mudas. Acrescentar adubao mineral de plantio 1 kg de B/ha e 3 kg de Zn/ha para todas as
hortalias acima citadas. Novas aplicaes de micronutrientes somente sero efetuadas aps
anlise qumica do solo.
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Adubao mineral de cobertura:
Alface 60 a 120 kg/ha de N; 20 a 40 kg/ha de P2O5 e 30 a 60 kg/ha de K2O, parcelando as
aplicaes atravs da fertirrigao. A alface do tipo americana deve receber doses de potssio
20 a 40% superiores em relao aos tipos lisa e crespa.
Almeiro e Chicria 60 a 120 kg/ha de N, parcelando as doses atravs da fertirrigao.
Couve de folhas 60 a 120 kg/ha de N e 20 a 40 kg/ha de K2O, parcelando as doses atravs
da fertirrigao. A cada 30 dias, pulverizar as plantas com 0,5 g de molibdato de amnio e 1 g
de cido brico por litro de gua.
Cebolinha 60 a 90 kg/ha de N e 20 a 40 kg/ha de K20, parcelando atravs da fertirrigao.
Rcula 90 a 150 kg/ha de N e 20 a 40 kg/ha de K2O, parcelando as doses atravs da fertirrigao.
Salsa 30 a 90 kg/ha de N e 20 a 40 kg/ha de K2O, parcelando atravs da fertirrigao.
Tabela V. Recomendaes de adubao para plantio de pepino e abobrinha1 sob cultivo protegido, conforme teores de nutrientes no solo.
NitrognioP (resina), mg/dm3 K+ trocvel, mmolc/dm
3
0-25 26-60 >60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0
N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha
40 320 160 80 160 80 40
B, mg/dm3 Cu, mg/dm3 Zn, mg/dm3
0-0,30 >0,30 0-0,2 0,3-1,0 >1,0 0-0,5 >0,5
B, kg/ha Cu, kg/h Zn, kg/ha
1 0 4 2 0 3 0
1Aplicar para a abobrinha 2/3 dos macronutrientes recomendados para o pepino.
Adubao mineral de cobertura: Aplicar 60 a 120 kg/ha de N; 40 a 80 kg/ha de P2O5 e 60 a 120
kg/ha de K2O, parcelando atravs da fertirrigao.
Tabela VI. Recomendaes de adubao para plantio de pimento, pimenta-hortcola, berinjela e jil*, sob cultivo protegido, conforme
teores de nutrientes no solo.
NitrognioP (resina), mg/dm3 K+ trocvel, mmolc/dm
3 Zn, mg/dm3
0-25 26-60 >60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0 0-0,5 >0,5
N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha Zn, kg/ha
40 480 240 120 160 80 40 3 0
*Aplicar para o jil e berinjela, 2/3 das doses dos macronutrientes recomendados para o pi-mento. Acrescentar adubao de plantio 1 kg/ha de B e de 20 a 30 kg/ha de S.
Adubao mineral de cobertura: Aplicar de 80 a 160 kg/ha de N; 60 a 100 kg/ha de P2O5 e 80
a 160 kg/ha de K2O, parcelando atravs da fertirrigao.
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Tabela VII. Recomendao de adubao para plantio de tomate sob cultivo protegido, conforme teores de nutrientes no solo.
NitrognioP (resina), mg/dm3 K+ trocvel, mmolc/dm
3
0-25 26-60 >60 0-1,5 1,6-3,0 >3,0
N, kg/ha P2O5, kg/ha K2O, kg/ha
60 720 360 180 240 120 60
B, mg/dm3 Zn, mg/dm3
0-0,30 0,31-0,60 > 0,60 0-0,5 0,6-1,2 > 1,2
B, kg/ha Zn, kg/ha2,5 1 0 5 3 0
Acrescentar adubao de plantio 20 a 40 kg/ha de S.
Adubao mineral de cobertura: Aplicar de 200 a 300 kg/ha de N; 60 a 120 kg/ha de P2O5 e
120 a 240 kg/ha de K2O, parcelando as doses atravs da fertirrigao.
Sistemas de fertirrigao em cultivo protegido
O principal sistema de fertirrigao aquele que utiliza mangueiras em forma de fitas ou tripas,
na superfcie ou sub-superfcie do solo. Essas mangueiras contm micro-orifcios, na forma de
poros. As mangueiras de irrigao podem ou no ser cobertas com plsticos colocados ao longo
das linhas plantadas com hortalias (Figuras 3 e 4).
Figura 3. Gotejadores do tipo fita ou espaguete sobre a superfcie do
solo plantado com pimento.
Figura 4. Mudas de tomate plantadas sobre mulching de
plstico com gotejadores na sub-superfcie do solo.
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Outro sistema de fertirrigao realizado por tubo-gotejadores que so dispostos ao longo das
linhas de irrigao e gotejam gua com fertilizantes sobre vasos de plstico contendo substratos
de diferentes composies (Figuras 5 e 6). Os substratos devem ser previamente esterilizados
contra patgenos e adubados conforme anlise qumica que identifique seus teores de nutrientes.
Figuras 5 e 6. Figuras 5 e 6: Irrigao e fertirrigao em tomate atravs de tubos-gotejadores.
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Em estufas denominadas tipo tnel alto (nas formas de arco e de capela), quando so plantadas
hortalias folhosas, tambm utilizado o sistema de asperso com barras contendo os aspersores
na altura de 50 a 60 cm. Deve-se aplicar gua limpa sobre as hortalias aps a aplicao dos
fertilizantes via gua de irrigao (Figura 7).
Figura 7. Sistema de mni asperso utilizado no cultivo de hortalias folhosas, como
o espinafre da Nova Zelndia, sob estufa do tipo capelaFo
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No caso da produo de mudas de hortalias a fertirrigao pode ser realizada no sistema de
nebulizao, onde importante irrigar a rea com gua limpa aps a aplicao dos fertilizantes
altamente solveis, para que no ocorra queima das folhas por possveis resduos de
fertilizantes (Figura 8).
Figura 8. Fertirrigao por nebulizao em mudas de alface.
Aplicar gua limpa aps a utilizao dos
fertilizantes.
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Ainda outro sistema, menos utilizado, o de aplicao dos fertilizantes na gua de inundao,
onde as mudas de hortalias, dentro de copinhos perfurados, so colocadas sobre piscinas,
onde ocorre a absoro de gua e nutrientes pelas plantas (Figura 9).
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Figura 9. Mudas de pepino em copinhos de plstico, no sistema de
inundao.
Recomendaes finais
sempre fundamental a utilizao da anlise de solo e da anlise foliar como ferramentas para
o clculo correto da calagem e adubao em hortalias.
Outra tcnica importante consiste na prtica de rotao (rodzio) entre espcies de hortalias
sob cultivo protegido como no campo, a cu aberto. Isso impede ou diminui a incidncia de
nematides e fungos de solo.
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Devemos utilizar a gua de irrigao em doses controladas por equipamentos apropriados como
os tensimetros, de baixo custo de instalao e manuteno.
Muito til tambm a utilizao de termmetros de mxima e mnima para verificao das
variaes de temperatura que ocorrem no interior das estufas de cultivo com hortalias e outras
culturas.
Recomenda-se, finalmente, o acompanhamento do cultivo de hortalias e outras culturas pelo
Engenheiro Agrnomo e Tcnico Agrcola local e regional.
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www.iac.sp.gov.br/publicacoes/publicacoes_online/pdf/BT_196_FINAL.pdf. Consultado em 20
de maro de 2012.
Agradecimentos
O autor agradece ao Sr. Andr Luis Trani da Petrobras Refinaria de Paulnia-SP, pela reviso
e composio final deste trabalho.
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INSTRUES BSICAS PARA O CULTIVODE HORTALIAS FOLHOSAS EM HIDROPONIA
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INSTRUES BSICAS PARA O CULTIVO DE HORTALIAS FOLHOSAS EM HIDROPONIA
Thiago Leandro FactorFernando Csar Bachiega ZambrosiPedro Roberto Furlani
APTA Regional, Polo Regional Nordeste Paulista2,3 IAC/APTA, Centro de Solos e Recursos Ambientais, Campinas-SP
Introduo
O crescimento da populao e a sua concentrao nos grandes centros urbanos esto
gerando crescente necessidade de produo de alimentos nos ltimos, porm, no apenas em
quantidade, mas tambm com qualidade. Nesse contexto, o cultivo hidropnico surge como
importante alternativa para auxiliar a suprir esta demanda. Atravs desse sistema, possvel
atingir produtividades elevadas mantendo a qualidade do produto requerendo, para tal, pouco
espao fsico. Alm disso, esse tipo de cultivo pode ser realizado durante o ano todo.
A hidroponia uma tcnica de cultivo em ambiente protegido, na qual o solo substitudo
pela soluo nutritiva, onde esto contidos todos os elementos essenciais ao desenvolvimento
das plantas. Esta tcnica tambm conhecida como cultivo sem solo. A palavra hidroponia
originada da juno de dois radicais gregos hidro, que significa gua e ponos, que significa
trabalho. um sistema de produo relativamente antigo, mas que somente a partir da dcada
de 80 apresentou crescimento expressivo da rea cultivada no Brasil.
Em comparao ao sistema convencional (cultivo no solo), o sistema hidropnico apresenta
algumas vantagens, que merecem destaque: (i) maior produtividade; (ii) produo durante o ano
todo; (iii) produtos mais limpos e de melhor qualidade; (iv) obteno de melhores preos pelo
produto colhido; (v) menor necessidade de mo de obra e melhor ergonomia no trabalho; (vi)
maior eficincia no uso de nutrientes e vii) reduo no uso da gua. No entanto, tem maior custo
inicial de implantao e necessita maior conhecimento tcnico para sua realizao, sobretudo,
em relao ao manejo nutricional das plantas e do ambiente de produo.
Para iniciar a atividade, importante que os interessados procurem maior interao com a
referida tcnica por meio da realizao de cursos, leituras de manuais e boletins tcnicos, ou
consulta a centro de pesquisas e universidades. Essa etapa de familiarizao do produtor com o
cultivo hidropnico fundamental para o futuro de seu empreendimento.
Para o sucesso do cultivo no sistema de hidroponia, podemos mencionar alguns procedimentos
bsicos que, de certo modo, so aplicados em outros tipos de atividade agrcola. Primeiramente, o
agricultor deve verificar qual ser o destino de sua produo, ou seja, se a mesma ter colocao
no mercado. Em relao ao produto a ser plantado, escolher aquele com boa aceitao pelos
consumidores e que no tenha maiores dificuldades para a comercializao. Quanto aos aspectos
tcnicos do sistema produtivo, essencial: (i) escolher o local adequado para a construo da
estufa agrcola ou ambiente protegido; (ii) analisar a gua antes de utiliz-la para o preparo da
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soluo nutritiva; (iii) montar corretamente as estruturas necessrias; (iv) escolher o cultivar
mais indicado para a regio; (v) produzir ou adquirir mudas sadias e vigorosas; (vi) monitorar
a ocorrncia de pragas e doenas e (vii) atender as exigncias nutricionais das plantas com o
correto preparo e manejo da soluo nutritiva.
Atualmente existem vrios sistemas de cultivo hidropnico que so escolhidos em funo dos
objetivos do produtor, do produto a ser cultivado e das estruturas e materiais j disponveis
na propriedade. Entretanto, o sistema NFT (Nutrient Film Technique ou Tcnica do Fluxo de
Nutrientes) o mais difundido e de ampla aceitao e adoo por produtores de hortalias,
sobretudo de folhosas. A seguir, ser descrito as principais caractersticas desse sistema de
cultivo hidropnico.
Sistema NFT (Nutrient film technique) ou tcnica do fluxo laminar de nutrientes: composto
basicamente de um tanque de soluo nutritiva, sistema de bombeamento, canais de cultivo
e um sistema de retorno ao tanque. A soluo nutritiva bombeada aos canais e escoa por
gravidade, formando uma fina lmina de soluo que irriga as razes das plantas. O reservatrio
deve ficar abaixo do nvel do solo para facilitar o retorno da soluo por gravidade e minimizar o
aquecimento da soluo. O reservatrio pode ser feito de fibra de vidro ou PVC, sem a necessidade
de revestimento interno, mas, se for de fibrocimento ou alvenaria, existe a necessidade de fazer
a impermeabilizao com resinas no txicas para evitar que a soluo nutritiva com pH de
5,0 a 6,5 reaja com o cimento, que alcalino, produzindo uma soluo com aspecto leitoso
(Rodrigues, 2002). O tamanho do reservatrio deve ser dimensionado em funo do nmero de
plantas que se pretende cultivar e alimentar com o volume da soluo armazenada. Para alface,
recomenda-se uma relao de volume/planta no inferior 0,5. Porm, no se recomenda o uso
de reservatrios com volumes superiores a 5.000 litros, pois o manejo qumico (correo de pH
e condutividade eltrica) moroso e de difcil execuo na prtica (Furlani, 1998).
O canal de cultivo o local responsvel pelo crescimento e sustentao das plantas e por onde
escorre a soluo nutritiva que banha as razes, fornecendo gua e os nutrientes para as plantas
em crescimento, por isso a conformao do canal, profundidade e largura, influem na qualidade
final do produto colhido. Existem vrios tipos de canais que so utilizados: telhas de amianto,
tubos de PVC e tubos de polipropileno. Esses canais ficam apoiados em estruturas denominadas
de bases de sustentao, que devem ficar espaados no mximo 1,2 m para conferir maior
estabilidade os perfis. Ao longo da bancada de cultivo (perfis + bases de sustentao) deve
haver um desnvel para que a soluo percorra os canais por gravidade e assim retorne ao
reservatrio, de onde ser bombeada novamente para a parte mais alta da mesa. Este declive
deve estar ao redor de 5% (desnvel de 0,5 m entre a parte mais alta e a mais baixa da mesa
para um comprimento total de 10 m).
O comprimento mximo da bancada deve estar ao redor de 30 m para que a mesma no fique
muito alta ou muito baixa em funo de atender o desnvel necessrio e assim dificultar o trabalho.
Estruturas de sustentao muito longas tambm dificultam a aerao da soluo e acentua as
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diferenas na concentrao de nutrientes ao longo da bancada (Furlani et al., 1999), alm de
dificultar a desinfeco dos canais (Rodrigues, 2002). A largura da bancada deve ser de no
mximo 2,0 m para facilitar o manejo e colheita das plantas pelos trabalhadores no local.
Existem no mercado canais e/ou estruturas completas (canais + bancadas) de diferentes
composies e tamanhos disposio do produtor para aquisio, caso no disponha de
materiais e mo de obra para constru-las na prpria propriedade. As principais empresas que
comercializam estes produtos so: Hidrogood (www.hidrogood.com.br), Lumaplastic (www.
lumaplastic.com.br) e Dynacs (www.dynacs.com.br).
A frequncia de circulao da soluo na bancada de cultivo pode ser comandada por um timer
ou temporizador, que regula o tempo de funcionamento da bomba, a qual deve ficar instalada
abaixo do nvel superior do depsito para que trabalhe afogada e no tenha problemas de
entrada de ar na suco, o que pode interromper seu funcionamento, e assim causar danos
irreparveis nas plantas devido falta de irrigao (Furlani, 1998). A capacidade da bomba
deve contemplar a necessidade da vazo requerida nas mesas de cultivo, acrescida de 50%,
para compensar as perdas de cargas nas tubulaes e propiciar a instalao de um retorno ao
depsito para oxigenao e homogeneizao da soluo. A vazo requerida em cada canal,
assim como o tempo de funcionamento da bomba (irrigao) e repouso (drenagem) varivel
em funo da espcie vegetal, da poca do ano, da idade da planta e das condies ambientais
de umidade e temperatura. De maneira geral, adota-se durante o dia, tempo de funcionamento
de 15 minutos, enquanto noite, a irrigao pode ser suspensa, exceto em noites muito quentes
e secas, que deve ser realizada uma a duas vezes, em intervalos bem espaados.
Um dos grandes problemas enfrentados no cultivo hidropnico, principalmente em regies muito
quente e na poca do vero o aquecimento exagerado da soluo nutritiva, que pode reduzir
o O2 na soluo nutritiva e provocar o escurecimento e a morte das razes. Desta maneira, na
instalao das estruturas, importante que sejam tomadas medidas no intuito de amenizar esta
situao, como por exemplo: utilizar canais de cultivos, encanamentos e reservatrio com cores
claras; enterrar o encanamento e o reservatrio no solo (Furlani et al., 1999).
Um exemplo de sistema hidropnico NFT (Tcnica do Fluxo de Nutrientes) para a produo de
hortalias folhosas instalado em entidade filantrpica e beneficente do municpio de Mococa/
SP (IEPROM - Instituto Educacional Profissionalizante), a partir de recursos e apoio do Projeto
Estadual Hortalimento da Coordenadoria de Desenvolvimento dos Agronegcios (CODEAGRO/
SAA/So Paulo), pode ser visualizado na Figura 1.
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Manejo da Soluo nutritiva
A soluo nutritiva o meio pelo qual os nutrientes previamente dissolvidos na gua so colocados
disposio das plantas e tida como uma das partes mais importantes de todo o sistema
hidropnico, sendo que o mau uso desta pode acarretar srios prejuzos para as plantas. Furlani
et al. (1999) salientam que muitos cultivos hidropnicos no obtm sucesso, principalmente
devido ao desconhecimento dos aspectos nutricionais desse sistema de produo, o qual requer
formulao e manejo adequados das solues nutritivas.
Diversas solues tm sido usadas com sucesso pela pesquisa, mas nenhuma soluo nutritiva
superior a outras no que diz respeito sua composio, pois as plantas tm acentuada
capacidade de se adaptarem em diferentes condies nutritivas. O adequado fornecimento de
nutrientes est diretamente relacionado com o volume de soluo, estdio de desenvolvimento
das plantas, taxa de absoro de nutrientes e freqncia de renovao e reposio de nutrientes
na soluo nutritiva.
Muitos esforos tm sido investidos na formulao de solues nutritivas. Diversas composie