HOMERO JOSÉ DE FARIAS E MELO APERFEIÇOAMENTO DE UMA … · 2020. 1. 28. · Tese apresentada à...

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HOMERO JOSÉ DE FARIAS E MELO APERFEIÇOAMENTO DE UMA TÉCNICA DE ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PARA DIFERENCIAÇÃO DE NÓDULOS E MASSAS ADRENAIS Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Doutor em Ciências Radiológicas. Orientadora: Prof. Dra. Suzan M. Goldman Co-orientador: Prof. Dr. Jacob Szejnfeld SÃO PAULO 2010

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HOMERO JOSÉ DE FARIAS E MELO

APERFEIÇOAMENTO DE UMA TÉCNICA DE ESPECTROSCOPIA

POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA PARA DIFERENCIAÇÃO

DE NÓDULOS E MASSAS ADRENAIS

Tese apresentada à Universidade Federal de São

Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do

Título de Doutor em Ciências Radiológicas.

Orientadora: Prof. Dra. Suzan M. Goldman

Co-orientador: Prof. Dr. Jacob Szejnfeld

SÃO PAULO

2010

Copyright© 2010 by Homero José de Farias e Melo

Melo, HJF

Aperfeiçoamento de uma técnica de espectroscopia por ressonância

magnética para diferenciação de nódulos e massas adrenais/ Homero José de

Farias e Melo. -- São Paulo, 2010.

xiv, 93f.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de

Medicina. Programa de Pós-graduação em Radiologia e Ciências Radiológicas.

Título em inglês: MR spectroscopy technical development for adrenals nodules and

masses differentiation.

1. Espectroscopia. 2. Câncer Supra-renal. 3. Ressonância Magnética.

iii

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO

ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA

DEPARTAMENTO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

Chefe do Departamento:

Prof. Dr. Sergio Ajzen

Coordenador da Pós-graduação:

Prof. Dr. Giuseppe D’Ippolito

iv

Dedicatória

Dedico este trabalho àquelas pessoas que sempre acreditaram em mim,

inclusive nos momentos em que eu deixei de acreditar, dando-me a base, a força e a

compreensão necessárias para me confortar e me fazer seguir em frente. Não tenho

dúvidas da importância de vocês nesta grande conquista:

Ao meu pai, Roberval (in memoriam);

À minha mãe, Suely;

À minha esposa, Cândida;

Aos meus irmãos, Rútilo e Andréa;

Às minhas sobrinhas, Mariana, Sophia e Letícia;

Às minhas avós, Albertina (in memoriam) e Beatriz;

Aos meus tios Almany e Pompéia;

Aos meus tios Nilton e Edna;

Aos meus tios Gerardo Magella (in memoriam) e Carmem;

Aos meus tios Reinaldo e Vera;

Aos meus tios Geraldo e Conceição;

Aos meus tios Albérgio e Nídia;

Ao restante da minha querida família: tios, tias, primos, primas, sogro, sogra,

cunhados e cunhadas;

Aos amigos, em especial a Paulo Fernando Immisch, Altino S. Meira, Marcelo

B. Musciônico e Thiago A. Fedele.

v

Agradecimentos

A Deus, por tudo.

vi

À Profa. Dra. Suzan M. Goldman, por ser minha orientadora, dando-me o

suporte e a orientação necessários, valorizando-me e me inserindo em outras linhas de

pesquisa. Sinto-me honrado em sempre ser lembrado na área acadêmica e

profissional.

Ao Prof. Dr. Jacob Szejnfeld, por continuar acreditando no meu potencial, por

apoiar e incentivar o meu desenvolvimento e o meu trabalho, dando-me o suporte e a

orientação necessários no seu papel de co-orientador.

Aos funcionários do DDI, em especial, à Célia, Andréa, Patrícia e Júlio e

técnicos, biomédicos e tecnólogos: Luiz Carnielo, Cláudio Carratu, Herbert Souza,

Cláudio Riberti, Juliano e Lucivaldo Santos pela cumplicidade e ajuda nos momentos

mais difíceis.

Aos pós-graduandos do Departamento de Diagnóstico por Imagem, pelo apoio e

ajuda acadêmica.

Ao Dr. Juliano Faria, fundamental para o desenvolvimento deste projeto, pelo

apoio e ajuda acadêmica.

À Dra. Martha Huayllas, pós-graduanda do Departamento de Endocrinologia,

pelo encaminhamento e acompanhamento dos pacientes, apoio e ajuda acadêmica.

Aos médicos, biomédicos, tecnólogos e técnicos da ressonância magnética e

tomografia computadorizada do Centro de Ultrassonografia e Radiologia Aplicada

(CURA), pelo apoio, incentivo e compreensão.

Aos médicos e biomédicos da ressonância magnética (em especial ao Altino

Meira, José Adilson e Irineu Shito) da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, pelo

vii

ensino da ressonância magnética, apoio, incentivo e compreensão. Não teria

conseguido se não fosse por vocês. Guardo um carinho e amizade por todos.

Aos médicos e biomédicos da ressonância magnética e tomografia

computadorizada (Paulo Naputano, Décio Godenberg, Fabiana Gondenberg, Tatiana

Schiller, Leandro de Pino, Carolina Burim, Herbert Souza, Silvana Fernandes, Ingrid

Canedo – Equipe de 2003 a 2006) do Hospital São Luiz, pelo ensino da ressonância

magnética e tomografia computadorizada, apoio, incentivo e compreensão. Sinto

saudades de todos.

Aos colegas professores da Universidade Nove de Julho (UNINOVE), em

especial, ao Prof. Amaury de Castro Júnior, Prof. Bergman Munhoz e Dr. Humberto

Dêlle, e Universidade Cidade de São Paulo (UNICID), em especial, ao Dr. Décio Caly,

Dra. Sueli Andrade, Dra. Maria José Tucunduva, Dra. Roosecelis Brasil, Dra. Karina

Ferrassa Damas, Dr. Fábio Passos, Dr. Dante Simionato e Dra. Fernanda Góes, pela

confiança, apoio e incentivo.

À minha mãe, esposa, irmãos e família, pelo apoio incondicional, irrestrito e

providencial.

viii

Agradecimento especial

À Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

(CAPES) pelo incentivo e pelo apoio desta pesquisa, contribuindo assim, com os

avanços da ciência e da Medicina.

N.º do curso: 33009015037M5

Nível: doutorado

ix

Sumário

Dedicatória .............................................................................................................................................. iv

Agradecimentos .................................................................................................................................... v

Listas ........................................................................................................................................................ xi

Resumo................................................................................................................................................. xvii

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................... 1

1.1 Objetivo ............................................................................................................................................. 3

2 REVISÃO DA LITERATURA ........................................................................................................ 4

2.1 Histórico ............................................................................................................................................ 4

2.2 Bases Físicas .......................................................................................................... 5

2.3 Bases Químicas ........................................................................................................................ 15

2.4 Espectroscopia por Ressonância Magnética ........................................................ 18

2.5 Metabolismo da Glândula Adrenal na ERM ......................................................... 19

2.6 Metabolismo da Colina ............................................................................................................. 28

2.7 Metabolismos da Creatina .............................................................................................. 30

2.8 Metabolismos do Lactato ......................................................................................................... 32

2.9 Metabolismos da Glutamina ..................................................................................................... 34

3 MÉTODO ............................................................................................................................................. 36

3.1 Casuística .............................................................................................................................. 36

3.1.1 Critérios de Inclusão ................................................................................................... 36

3.1.2 Critérios de Não-inclusão .......................................................................................... 37

3.1.3 Critérios de Exclusão ................................................................................................ 37

3.2 Protocolos de Exame ................................................................................................................ 38

3.2.1 Preparo e Posicionamento do Paciente ............................................................... 38

3.2.2 Técnica do Exame ...................................................................................................... 38

3.2.2.1 Protocolo de Aquisição de Imagens por RM ..................................... 38

3.2.2.2 Protocolo para captação dos dados espectroscópicos .................. 40

3.2.3 Análise dos dados espectroscópicos .................................................................... 42

3.2.3.1 Análise dos Metabólitos ........................................................................... 43

x

3.2.4 Análise estatística ................................................................................................ 44

4 RESULTADOS ..................................................................................................................................

45

5 DISCUSSÃO ......................................................................................................................................

51

6 CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 57

7 ANEXOS .............................................................................................................................................. 58

8 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 66

Abstract

Bibliografia Consultada

xi

Lista de Figuras

Figura 1. Spin Atômico ....................................................................................................................... 6

Figura 2. Paralelismo e antiparalelismo do spin ....................................................................... 6

Figura 3. Gráficos Mxy (Magnetização Transversa) X t (Tempo) e Mz

(Magnetização Longitudinal) X t (Tempo) ................................................................

8

Figura 4. Declínio de Indução Livre (DIL) e o efeito T2*........................................................... 9

Figura 5. Voxels elegíveis no Espaço K da sequência PRESS .......................................... 14

Figura 6. Aldosterona .......................................................................................................................... 20

Figura 7. Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos ......................................... 21

Figura 8. Cortisol ................................................................................................................................. 21

Figura 9. Androstenodiona ................................................................................................................ 22

Figura 10. Dehidroepiandrosterona (DHEA) ................................................................................ 23

Figura 11. DHEA sulfato (DHEA-S) ................................................................................................... 23

Figura 12. Epinefrina .............................................................................................................................. 24

Figura 13. Norepinefrina ....................................................................................................................... 25

Figura 14. Biossíntese das catecolaminas ...................................................................................... 25

Figura 15. Metabolização das catecolaminas ................................................................................ 26

Figura 16. Metanefrina ........................................................................................................................ 27

Figura 17 Normetanefrina ................................................................................................................... 27

Figura 18. Ácido Vanilmandélico ........................................................................................................ 28

Figura 19. Fosfatidilcolina ............................................................................................................... 29

Figura 20. Metabolismo da fosfatidilcolina (PtdCho) .............................................................. 30

Figura 21. Creatina ............................................................................................................................ 31

Figura 22. Metabolismo da creatina ............................................................................................. 31

Figura 23. Lactato .............................................................................................................................. 32

xii

Figura 24. Via glicolítica demonstrando a espontaneidade da formação do piruvato

(via aeróbia) e a formação do lactato tanto por via anaeróbica, quanto pela

ação da lactato-desidrogenase que converte piruvato em lactato ....................

33

Figura 25. Glutaminólise .................................................................................................................... 35

Figura 26. Diagrama de fluxo de estudo ......................................................................................... 38

Figura 27. Bobinas utilizadas na aquisição de imagens por RM e dos gráficos

espectroscópicos na ERM...............................................................................................

39

Figura 28. Ajuste do posicionamento e tamanho do CDV e da área do shimming ............ 41

Figura 29.

Figura 30.

Programação final da ERM 1H da adrenal .................................................................

Alteração d e escala no pós-processamento da ERM 1H da adrenal ................

41

43

Figura 31.

Figura 32.

Gráfico de barras relacionando o número de massas ou nódulos (N)

versus tamanho da lesão ..............................................................................................

Gráficos espectroscópicos da adrenal em quatro diferentes massas .............

46

46

Figura 33. Gráficos espectroscópicos da adrenal em três diferentes massas

evidenciando os respectivos picos de Cho, Cr, Lip, Glx, Lac e H2O que

estão assinalados nas curvas .......................................................................................

47

Figura 34. Curva ROC da relação Lac/Cr entre os grupos adenoma (A) e carcinoma

(B) com o feocromocitoma ............................................................................................

48

Figura 35. Gráficos de dispersão com regressão linear do comportamento entre o

tamanho da massa e a relação Glx/Cr ........................................................................

49

Figura 36. Lipídeos presentes nos nódulos ou massas adrenais estudados ....................... 49

Figura 37. Curva ROC para determinação do ponto de corte do lipídeo de maior

amplitude nas massas ou nódulos de adrenal ........................................................

50

xiii

Lista de quadros e tabelas

Quadro 1 PARÂMETROS DAS SEQÜÊNCIAS DE RM UTILIZADAS NO

PROTOCOLO..............................................................................................................

40

Quadro 2 PARÂMETROS DA SEQÜÊNCIA DE ERM UTILIZADA NO

PROTOCOLO ................................................................................................................

42

Tabela 1 ANÁLISE DESCRITIVA DOS GRUPOS ESTUDADOS PARA AS

RELAÇÕES CHO/CR E 4.0-4.3PPM/CR ...............................................................

46

Tabela 2 ANÁLISE DESCRITIVA DOS GRUPOS ESTUDADOS PARA AS

RELAÇÕES Glx/Cr E Lac/Cr ....................................................................................

47

Tabela 3 ANÁLISE DESCRITIVA DOS LIPÍDEOS NOS GRUPOS ESTUDADOS .... 50

xiv

Lista de abreviaturas e símbolos

Constante de blindagem

Desvio químico

Fase

Razão giromagnética ou magnetogírica

Frequência precessional (de ressonância)

0 Momento mangnético do spin

µV micro Volts

Ai Amplitude do pulso de RF

ATP Adenosina trifosfato

FWHM Largura do pico na metade da altura

B0 Potência do campo magnético

B1 Campo magnético adicional (secundário)

BASING Banda de radiofrequência de inversão seletiva com gradiente de

defasamento

CDV Campo de visão

CHESS Pulso de Desvio Químico Seletivo

Cho Colina

Cr Creatina

COMT Catecol-O-metiltransferase

CSI Imageamento pelo desvio químico

DHEA Dehidroepiandrosterona

DHEA-S DHEA sulfato

xv

DIL Declínio de Indução Livre

DOMA Ácido 3,4-diidroximandélico

ENO Efeito nuclear Overhauser

ERM Espectroscopia por Ressonância Magnética

Fat Sat Saturação de Gordura

G Gauss

Glx Somatório dos picos da glutamina e glutamato

h Altura do pico ou amplitude

HASTE ou RARE

Tomada única metade-Fourier turbo spin eco

J Acoplamento escalar

Lac Lactato

Lip Lipídeo

M Molar

MAO Monoamina oxidase

MEGA Geração de Frequência Seletiva Coerente

mM mili Molar

mmol/L mili mol por litro

MOPEG 3-metoxi-4-hidroxifeniletilenoglicol

MOPGAL 3-metoxi-4-hidroxifenilglicoaldeído

Mxy Magnetização Transversa

Mz Magnetização Longitudinal

p Significância estatística

PCho Fosfocolina

PET Tomografia por emissão de pósitrons

xvi

Pi HO PO32-, íon ortofosfato

ppm Partes por milhão

PRESS Espectroscopia por Determinação de Pontos

PtdCho Fosfatidilcolina

RF Pulso de Radiofrequência

RM Ressonância magnética

ROC Curva da Característica Operativa do Receptor

RSR Relação Sinal-Ruído

Single-shot Imagem em tomada única

SMASH Aquisição Simultânea com a Harmônica Espacial

SP Bobina de RF SPINE

STEAM Modo de aquisição de eco estimulado

T Tesla

T1 Tempo de relaxamento

T2 Declínio spin-spin

TE Tempo de Eco

TR Tempo de Repetição

VDI Volume de interesse

VIBE Exame em Apnéia com Interpolação Volumétrica

VMA Ácido vanilmandélico

VME Vetor de Magnetização Efetiva

VPP Valor Preditivo Positivo

ρ Coeficiente Linear de Pearson

xvii

Resumo

Objetivo: Aperfeiçoar um protocolo de ERM do 1H para a diferenciação de nódulos e

massas das glândulas adrenais, em especial adenomas, feocromocitomas, carcinomas

e metástases. Métodos: Foram avaliados, por estudo prospectivo, 118 pacientes (36

homens e 82 mulheres), com média de idade de 57,3 ± 13,3 anos, portadores de 138

nódulos ou massas adrenais. Os exames foram realizados em equipamento de 1.5 T e

gradiente de 43 mT/m (Magnetom Sonata; Siemens Medical Systems, Erlangen,

Alemanha) e em equipamento de 1.5 T e gradiente de 33 mT/m (Magnetom Espree;

Siemens Medical Systems, Erlangen, Alemanha). Utilizou-se um sistema de múltiplos

volumes adquirido pela sequência PRESS CSI 2D híbrida disponível comercialmente

pela Siemens Medical Systems (Erlangen, Alemanha). O ajuste crânio-caudal da grade

de múltiplos volumes foi feito com três sequências sagitais (respiração livre, inspiração

e expiração máximas) e látero-lateral e ântero-posterior acrescentando as sequências

coronal e axial. Definimos também uma sistemática de pós-processamento e análise

para todas as massas. O pós-processamento foi realizado numa estação de trabalho

(LEONARDO®; Siemens Medical Systems) com programa dedicado à análise da

espectroscopia. A análise da espectroscopia foi interpretada por inspeção visual e pelo

levantamento das amplitudes dos picos dos metabólitos de interesse, lipídeo (Lip),

colina (Cho), creatina (Cr) e catecolaminas (4,0 – 4,3 ppm) além do Lactato (Lac),

Glutamina e Glutamato (Glx). Separamos também os diferentes picos de lipídeos

presentes em cada grupo. Foram aplicadas as relações matemáticas implantadas

previamente (Cho/Cr; 4,0-4,3/Cr; Lip/Cr e Cho/Lip) e testadas outras (Lac/Cr e Glx/Cr).

Estudou-se também a correlação entre o tamanho da lesão e a razão Glx/Cr.

Resultados: Utilizando-se as sequências indicadas na metodologia da ERM do 1H e a

sistemática de pós-processamento e análise foi possível a realização do exame em 123

(89,13%) das massas incluídas com reprodução dos resultados anteriormente

publicados. A relação Lac/Cr≤-7,449 teve sensibilidade de 90,9% e especificidade de

77,8% na diferenciação entre feocromocitoma e carcinoma. Não houve diferença entre

os grupos para a relação Glx/Cr (p>0,05), mas inferiu-se uma correlação entre o

tamanho da lesão e o valor desta razão no adenoma, feocromocitoma e carcinoma. A

androstenodiona, DHEA-S, aldosterona e o cortisol foram encontrados em todas as

massas estudadas e o adenoma diferenciou-se dos demais por apresentar níveis de

xviii

cortisol aumentados. Conclusão: A partir do protocolo de ERM do 1H apresentado foi

possível estabelecer um protocolo eficaz para a diferenciação dos nódulos e massas

das glândulas adrenais. Este protocolo de aquisição de imagem e ERM permitiram a

realização do exame em 123 (89,13%) das massas com lesão superior a 1,0 cm. A

sistemática de pós-processamento foi eficaz na diferenciação dos nódulos.

1 INTRODUÇÃO

As glândulas adrenais, também chamadas de supra-renais, são afetadas por

processos fisiológicos e neoplásicos complexos. Adicionado a isso, as glândulas são

pequenas e localizadas no retroperitônio que por si só já representa uma dificuldade no

exame físico. (1)

Qualquer suspeita de massa na glândula adrenal requer anamnese e exame

físico completos, avaliação bioquímica de todos os hormônios pertinentes e estudos

por imagem adicionais. A insuficiência adrenal se dá quando há destruição de mais de

90% da glândula. (2)

Algoritmos de testes endocrinológicos e de imagem são utilizados para

investigar a etiologia das massas adrenais, que incluem hiperaldosteronismo primário,

feocromocitoma, virilização e síndrome de Cushing. A diferenciação entre massas

malignas e benignas é de fundamental importância uma vez que as metástases nas

glândulas supra-renais são comuns, representando o quarto sítio no organismo. O

adenocarcinoma cortical da adrenal, por outro lado, tem baixa prevalência, mas

permanece com o interesse clínico devido à alta taxa de mortalidade. (3)

A ressonância magnética (RM) e a tomografia computadorizada (TC) são

comumente utilizadas para avaliar a lesão adrenal incidental ou não. (2, 4, 5) Porém a

imagem morfológica, apesar da sua utilidade, é limitada por sua relativa especificidade.

Para suprir esta limitação, há a possibilidade de realização da RM funcional.

Este mesmo método de imagem, devidamente dedicado, pode trazer informações

metabólicas dos nódulos e massas da glândula adrenal. As técnicas funcionais na RM

se baseiam na concentração de lipídeo intracelular na massa (4, 6, 7), as diferenças de

perfusão entre massas malignas e benignas (5, 8) e a atividade metabólica da massa.(9-

11)

Além das características funcionais, a RM possui a melhor resolução de

contraste para a avaliação adrenal quando comparada com outros métodos de

imagem. Ela possui resolução espacial adequada para detecção das lesões pequenas

com até 0,5 cm. Já a supressão de gordura é usada em imagens fortemente

ponderadas em T2 que não são degradas por artefatos de desvio químico da gordura

2

ao redor das glândulas adrenais. Imagens multiplanares ajudam a detectar extensão

das massas adrenais em estruturas adjacentes. (5)

Dentre as técnicas funcionais da RM, destacamos a espectroscopia por RM

(ERM) do próton de hidrogênio (1H) que é uma técnica não-invasiva e livre de riscos

potenciais com a qual se pode monitorar os estágios, agudo ou crônico, de uma

doença. O desenvolvimento de métodos de localização espacial de amostras, com

níveis relativos de metabólitos móveis em um volume definido a partir de imagens por

RM, é a base para a integração das informações obtidas por esta técnica. A associação

das informações anatômicas e patológicas obtidas, com as imagens por RM,

proporciona uma nova forma de se entender as origens e a evolução das doenças.(12)

A Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) conta há mais de dez anos

com o Grupo de Estudo Avançado de Patologia de Adrenal, que incluem as disciplinas

de Diagnóstico por Imagem, Endocrinologia e Urologia. Ao longo destes anos,

estudamos pelo menos duas centenas de casos de massas adrenais e tivemos a

oportunidade de iniciarmos o projeto piloto de avaliação funcional por ERM do 1H de

massas adrenais, experiência inicial, publicado em 2007(10). No entanto, muito no que

diz respeito ao tema ainda precisou ser aprimorado desde então.

Dada à perspectiva real da melhora significativa no diagnóstico etiológico das

massas nas glândulas adrenais com a ERM, procuramos a partir do projeto já

estabelecido desenvolver e definir o protocolo de aquisição e pós-processamento de

dados espectroscópicos no Departamento de Diagnóstico por Imagem do Hospital São

Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP).

3

1.1 Objetivo

Aperfeiçoar um protocolo de ERM do 1H para a diferenciação de nódulos e

massas das glândulas adrenais, em especial adenomas, feocromocitomas, carcinomas

e metástases.

4

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Histórico

A imagem por RM, amplamente conhecida por sua utilidade tanto pela variedade

de imagens obtidas do interior do corpo de modo inofensivo e não invasivo quanto por

ser uma ferramenta importante de diagnóstico médico, tem seus alicerces dispostos há

mais de 60 anos a partir de experimentos físicos desenhados para medir as

propriedades dos spins nucleares do 1H. (13)

O fenômeno da ressonância magnética foi primeiro descrito independentemente

em 1946 por Purcell et al(14) e Bloch et al(15). Cinco anos depois, Proctor e Yu(16)

observaram que a frequência de ressonância de um núcleo depende do ambiente

químico onde ele se encontra, o qual produz uma pequena, mas suficiente, mudança

na frequência de ressonância de Larmor do núcleo. Esse comportamento nuclear foi

denominado desvio químico (chemical shift - ), e é causado pelo campo magnético

gerado pela movimentação dos elétrons ao redor do núcleo, interagindo com o campo

magnético principal.

Em 1973 Lauterbur descreveu a zeugmatografia para o estudo espacial da

distribuição do núcleo dentro da amostra com a utilização de gradientes.(17) Porém

somente em 1974, o primeiro espectro in vivo (fósforo - 31P) foi adquirido utilizando a

RM a partir do músculo esquelético de um rato. (18) Mansfield e Maudsley em

colaboração realizaram a primeira imagem de RM do hidrogênio (1H) in vivo de um

dedo em 1977. (19) Com o advento dos magnetos supercondutores foi possível obter

informações espectrais de uma série de tecidos e órgãos humanos. Nesse panorama,

Bottomley et al.(20), em 1983, descreveram o primeiro gráfico espectroscópico de 31P de

cérebro adulto. No ano seguinte, a mesma equipe comparou espectros cerebrais de 1H,

13C e 31P em voluntários. (21)

Em 1989, Leroy-Willig et al.(22), baseados em seus achados de ERM do 1H in

vitro publicados dois anos antes(23), mediram o conteúdo lipídico in vivo de 22 lesões

adrenais utilizando uma sequência de imagem espectroscópica publicada por Dixon(24)

em 1984. Nesta aquisição, precursora de outros métodos sensíveis à fase, obtinha-se

um mapa espectral da água e da gordura em-fase e fora-de-fase. Em seguida,

5

calculava-se a amplitude de cada espectro, relacionando-os e media-se a quantidade

de gordura da glândula. Os resultados in vivo foram compatíveis com os in vitro e

demonstraram que os adenomas possuem uma quantidade de lipídeo maior que o

carcinoma.

Desde então, a ERM do 1H não foi mais usada para caracterizar nódulos e

massas da supra-renal já que todos os esforços se concentraram nos aspectos

morfofuncionais a partir das imagens de TC (25-28), RM (4, 29, 30) e PET (31, 32).

Em 2007, Faria et al.(10) publicaram os resultados iniciais do protocolo para a

realização da ERM do 1H multi-voxel da glândula supra-renal desenvolvido por nosso

grupo no Departamento de Diagnóstico por Imagem do Hospital São Paulo – Escola

Paulista de Medicina (UNIFESP).

Em 2009, Kim et al .(11) utilizaram uma sequência de ERM do 1H single-voxel

com compensação respiratória para avaliar massas adrenais suspeitas de

feocromocitoma.

2.2 Bases Físicas

As imagens e gráficos espectroscópicos por RM exploram as propriedades

magnéticas nucleares. Em geral, a ERM in vivo obtém os sinais de ressonância a partir

de moléculas presentes nos tecidos e células, enquanto o imageamento por RM produz

sinais de ressonância limitados pela água intra e extracelular e alguns lipídios. (33)

Ambas se baseiam no fenômeno em que o núcleo de certos átomos possui o

denominado momento magnético (μ0), apresentando, com isso, uma polarização,

também chamada de dipólo magnético. O magnetismo nuclear origina-se a partir de

uma propriedade intrínseca do núcleo denominada momento angular spin,

representado na Figura 1.

A orientação do spin determina o M0 necessário para a aquisição de imagem e

espectro por RM. Exemplos incluem o 1H, o 13C, o 31P e o 19F. O isótopo mais utilizado

no diagnóstico médico, atualmente, é o 1H, porque é o mais abundante no organismo e

possui maior M0 do que qualquer outro átomo, produzindo um sinal facilmente

detectado.

6

O dipólo magnético, na ausência de influências externas, é orientado

aleatoriamente, e o somatório de todos eles é igual a zero. O M0 a partir de átomos

individuais é muito fraco e não pode ser detectado com uma tecnologia convencional.

Um magnetismo de tal intensidade que possa ser detectado pode ser criado alinhando-

se os spins de milhares de átomos, fazendo com que seus magnetismos se combinem,

coerentemente. (34)

Figura 1 - Spin atômico. Representação esquemática do movimento rotacional e da polarização

protônica.(35)

Desta forma, na presença de um campo magnético externo, o núcleo,

precessará ao redor desse campo. Quando o 1H é colocado dentro de um campo

magnético, o dipólo alinha-se com o campo em uma dentre duas formas: seja na

direção do campo (paralela) ou oposta ao campo (antiparalela). Estas orientações

correspondem a estados de menor e maior energia, respectivamente.

Figura 2 - Paralelismo e antiparalelismo do spin. Representação do comportamento paralelo e

antiparalelo dos prótons no interior do campo magnético principal. (35)

No estado de equilíbrio, um pequeno excesso final de dipólos, alinha-se na

direção de menor energia (paralela) em comparação com a direção de maior energia

7

(antiparalela). O excesso é denominado magnetização final. Este excesso gera o sinal

medido na RM. (Figura 2)

A magnetização final aumenta com a força do campo magnético externo, bem

como a diferença do nível de energia entre os estados, paralelo e antiparalelo. Por

essas razões, a intensidade do sinal de RM aumenta proporcionalmente ao campo

magnético externo.

A frequência precessional ou frequência de ressonância (0) representa o

número de vezes em que o vetor de magnetização efetiva (VME) realiza a trajetória de

precessão e é característica para cada núcleo ativo. Para o 1H, num campo magnético

de 1.0 T, é de 42,57 mega-hertz (MHz).

A 0 de um dipólo magnético depende da intensidade do campo magnético

externo. Esta frequência precessional é representada pela equação de Larmor:

0 = B0 (I),

Onde é a razão giromagnética ou magnetogírica e é dada em mega-hertz por tesla

(MHz/T) e B0 representa a potência do campo e é dada em tesla (T). (36)

Para reorientar os spins paralelos ao B0 numa direção perpendicular a ele,

aplica-se um pulso de radiofrequência (RF), que por sua vez gerará um campo

magnético adicional (B1), e, com isso, os VME’s se afastarão, em movimento

precessional, da direção longitudinal, dirigindo-se ao plano transverso. A intensidade de

B1 é da ordem de 0,1 Gauss (G).

Quando a RF é aplicada a uma amostra, somente o componente B1 do campo

que é perpendicular ao B0, atua no VME, variando com o tempo e com a ω0. Desta

forma, o M0 começará a precessar ao redor de B1 novamente, de acordo com a

equação de Larmor:

ω1 = B1 (II),

onde ω1 representa a frequência precessional em B1. Essa condição necessária para a

ressonância permite o VME rotacionar ao redor de B0 e B1, simultaneamente.

Pode-se rotacionar o VME em qualquer ângulo desejado a partir de B0, pelo

ajuste da amplitude e duração do pulso de RF aplicado. Este ângulo é chamado de

ângulo de inclinação. Quanto maior a energia fornecida pelo pulso de RF, maior o

8

ângulo de inclinação e o sinal captado pela antena receptora ligada ao plano

transverso. (34)

Quando se retira o pulso de RF, o VME passa novamente a sofrer a influência

de B0 e tenta realinhar-se com este, perdendo a energia dada pelo pulso. Este

processo é chamado de relaxamento. De maneira simultânea, porém independente, os

μ0 do VME perdem a magnetização transversa devido à defasagem dos spins. O

relaxamento leva à recuperação da magnetização no plano longitudinal (recuperação

T1) e ao declínio da magnetização no plano transverso (declínio T2). (Figura 3)

Na recuperação T1 os prótons perdem energia para o ambiente, enquanto que

no declínio T2 os prótons trocam energia entre si, promovendo a defasagem. Estes

dois fenômenos ocorrem simultaneamente e de forma independente.

Quando se diminui o grau de magnetização transversa, o mesmo se dá com a

magnitude do sinal (voltagem) induzida no fio receptor. A redução do sinal induzido é

denominada sinal de declínio da indução livre (DIL). A amplitude inicial do DIL é

proporcional ao número de prótons presentes na amostra (densidade de prótons). A

razão de declínio é caracterizada pelo termo de declínio exponencial T2*.(37)

Figura 3 – Gráficos Mxy (Magnetização Transversa) X t (Tempo) e Mz (Magnetização Longitudinal)

X t (Tempo). Representação gráfica dos efeitos de relaxação T1 e T2. (38)

t

t

9

As imagens por RM podem ser consideradas como um método de localização

espectral aprimorada, por produzirem um mapa espacial da distribuição da água e da

gordura. Em geral, esse mapa é usado na obtenção de informações anatômicas.

A base de ERM é o desvio químico. Então, somente metabólitos presentes em

concentrações mensuráveis e com mobilidade à RM podem ser adquiridos numa

escala de tempo. (39)

Em geral, a ERM, diferentemente das imagens por RM, utiliza a direção da

codificação de frequência para a aquisição de dados dos desvios químicos em um

determinado tempo a partir do DIL. O sinal decai rapidamente a sua oscilação de alta

frequência de acordo com a Figura 4. Isto ocorre porque os dados são adquiridos sem

aplicação do gradiente.

Figura 4 – Declínio de Indução Livre (DIL) e o efeito T2*. A aquisição espectroscópica depende do

efeito T2*, para a mensuração do movimento molecular. (37)

Então, uma simples seqüência de pulso, adquirida em 90o, produz o DIL, onde

todos os spins simplesmente precessam em frequências determinadas pelo campo

magnético principal, permitindo que o espectro a ser obtido possa fornecer informações

químicas detalhadas a cerca dos tecidos a partir de cálculos matemáticos baseados na

transformada de Fourier. (12)

A resolução espectral aumenta com o B0 e é definida na ERM como a

capacidade de se diferenciar um metabólito de outro, numa mesma área, é limitada

Y

Z Bo

Mo

tempo

Mxy

X

Y

Z Bo

Mo

tempo

Mxy

X

Mxy

Z Bo

tempo

Mxy

X

YMxy

Z Bo

tempo

Mxy

X

Y

Z Bo

tempo

Mxy

X

Y

Z Bo

tempo

Mxy

Mxy

X

Y

Z Bo

tempo

Mxy

Mxy

X

Y

Z B0

tempo

Mxy

X

Z B0

tempo

Mxy

X

Z B0

tempo

Mxy

X

Z B0

tempo

Mxy

X

Z B0

tempo

Mxy

X

Z B0

M0

Mxy

X

tempo

Z B0

M0

Mxy

X

Z B0

M0

Mxy

X

tempo

10

pela homogeneidade do campo magnético determinado, quantitativamente, pelo

decaimento T2* do sinal com o tempo (DIL), ou a largura da linha do sinal espectral.

Em contra partida, os efeitos de susceptibilidade magnética, que alargam as

linhas espectrais e reduzem o decaimento T2*, aumentam com a intensidade do campo

magnético. Com isso, a habilidade em se determinar o sinal de um metabólito é

limitada à mobilidade molecular. Pequenas moléculas dão um pequeno, mas bem

delimitado, sinal, já as macromoléculas possuem um grande, mas mal delimitado, sinal.

A qualidade do espectro é largamente determinada pela relação sinal-ruído

(RSR), já que o ruído se acumula incoerentemente e o sinal coerentemente, o aumento

da RSR pode ser realizado pelo acúmulo de excitações.

Com o ruído não corrigido, a RSR aumenta com a raiz quadrada do número de

aquisições. A multiplicação do número de aquisições faz com que a RSR dobre,

aumentando o tempo de aquisição espectroscópica.

Outra forma de aumentar a RSR é aumentando o volume medido. Quanto maior,

mais núcleos serão excitados e melhor RSR obtida. Contudo, este tipo de ganho de

RSR degrada a resolução espacial. (35)

O tempo de repetição (TR), definido como o tempo entre um pulso excitatório até

o próximo pulso excitatório, é responsável pelo equilíbrio da magnetização,

determinando a amplitude do sinal. TR’s curtos resultam em picos menores e justos,

enquanto TR’s longos resultam em picos maiores e não ajustados.

Um TR longo permite maior relaxação longitudinal (efeito T1), causando, por

esta razão, um alto equilíbrio de magnetização. A otimização da RSR por unidade de

tempo é conseguido se o TR for aproximadamente igual ao valor do tempo T1 dos

metabólitos a serem examinados.

O tempo de eco (TE), definido como o tempo entre o pulso excitatório e a leitura

do sinal, é responsável pela seletividade metabólica. TE’s curtos fazem com que haja

ganho de sinal, acarretando em muitos picos e menor nível de ruído aparente entre os

picos. Metabólitos de alto e baixo pesos moleculares são identificados ao se utilizar

TE’s curtos.

TE’s longos acarretam em perda de sinal, determinando poucos e menores

picos, com maior nível de ruído aparente entre os picos. Metabólitos de baixo peso

11

molecular são identificados utilizando-se TE alto. Outro efeito que a escolha de um TE

longo pode causar é potencializar o acoplamento spin-spin (T2). (40)

Teoricamente, a representação da frequência da oscilação pura é uma linha

espectral com uma posição definida da frequência de ressonância 0. Na prática, por

conta do decaimento do sinal T2* e do limite de tempo de aquisição de dados, o

alargamento da curva torna o pico menos distinto.

Um pico é caracterizado pela 0; altura do pico ou amplitude (h); largura do pico

na metade da altura (b); e área. Nas representações espectrais usadas na RM, o eixo

da frequência sempre é colocado da direita para esquerda. (35)

A necessidade de se obter um espectro específico do tecido alvo foi

prontamente reconhecida como prioridade na ERM in vivo. Inicialmente, esta condição

foi conseguida utilizando-se bobinas de RF de superfície local. (41)

As bobinas de RF são instrumentos com a finalidade de detectar o sinal da

magnetização transversa em forma de um DIL ou de um eco, e algumas, também

aplicam ao paciente um pulso de RF, à frequência de Larmor.

Nas bobinas de transmissão, o subsistema de RF sintetiza e transmite o sinal de

RF à frequência ressonante pela bobina transmissora ao espécime em estudo. Em

geral, essas bobinas são grandes, com uniformidade de RF elevada para a excitação.

A não necessidade de um controle fino da frequência para a transmissão torna possível

usarem-se ganhos elevados ao amplificador.

Já as bobinas receptoras têm um efeito acentuado sobre a RSR do sistema,

sendo, pois importantes na obtenção de uma ótima qualidade de imagem. Após ser

detectado pelas bobinas receptoras, o sinal passa por um pré-amplificador para

aumentar sua potência. Um desmodulador subtrai, então, o sinal detectado de um sinal

referência à frequência de Larmor, de modo que as informações do sinal da imagem

possam ser processadas na faixa de kilo-hertz (kHz) e não de MHz. (37)

Embora seja adequada para tecidos superficiais, a maioria das ERM’s in vivo

requer a combinação com as imagens e, além disso, o conceito da espectroscopia é de

ser não-invasiva. Em experimentos com animais, os tecidos profundos e órgãos eram

expostos cirurgicamente e a amostragem era realizada com a colocação da bobina de

superfície diretamente no órgão. Para a aplicação clínica, contudo, o objetivo é ter a

12

capacidade de obter-se uma ou várias regiões, selecionáveis, usando métodos de

localização espacial sem a necessidade de um procedimento cirúrgico.

Todo sinal de RM, I(t), quer para produzir uma imagem ou um gráfico

espectroscópico, possui três componentes:

I(t) = Ai cos (it + i) (III)

onde A, é a amplitude do sinal de RF e , a fase. Denomina-se como fase a posição de

cada momento magnético na trajetória precessional em torno de B0. Os momentos

magnéticos que estão em-fase encontram-se no mesmo ponto da trajetória

precessional em torno de B0 num dado momento, enquanto os momentos magnéticos

que estão fora-de-fase não estão no mesmo ponto na trajetória precessional.

Nas imagens clínicas, utiliza-se a do sinal para codificar a informação espacial

em uma direção (codificação da frequência) e a fase numa segunda direção

(codificação da fase), e a amplitude contém informações sobre a intensidade da

imagem. O exato valor da intensidade da imagem é determinado pelas propriedades

dos spins da água no tecido, pela densidade dos spins, pelos efeitos T1 e T2, e pela

seqüência de pulso usada para adquirir as imagens.(12, 38, 39, 42, 43)

Adicionalmente, a frequência do sinal usado não codifica a informação espacial,

mas, preferivelmente, registra as diferenças de frequências naturais causadas pelo

campo magnético local, responsável pelo desvio químico. Quando o DIL é adquirido

com uma simples seqüência de aquisição de pulso, o sinal é composto de informações

de , o qual contém o desvio químico, e de amplitude, o qual informa sobre a área da

ressonância. A é utilizada somente para a diferenciação entre as frequências

positivas e negativas. (41)

O processo de localização da ERM é realizado principalmente empregando as

bobinas de RF, gradientes de B0 estático, ou gradientes de pulso espacial, ou a

combinação deles.(44, 45)

Existem duas classificações básicas de metodologias de localização

espectroscópica.

A primeira classificação leva em consideração o DIL, e dividem-se em três tipos.

O primeiro tipo inclui métodos nos quais todos os spins exceto aqueles dentro da área

de interesse são efetivamente removidos. (38)

i

13

A segunda classe inclui métodos os quais somente os spins desejáveis são

excitados.

E a terceira classe de métodos envolve o uso de protocolos de codificação

espacial como a codificação por Fourier e por Hadamard. Como exemplo, inclui-se

localização das imagens pelo desvio químico (CSI). (35, 46)

A segunda forma de classificação considera-se o campo magnético em B1 e B0.

Os métodos de localização em B1 levam em consideração, de alguma forma, o

perfil não-uniforme da bobina de RF utilizada para obter a localização espectroscópica.

As bobinas são projetadas para produzir uma excitação espacialmente uniforme da

amostra, por isso são de forma cilíndrica e requerem que a amostra seja colocada no

interior do cilindro.

Já os métodos de localização em B0 fazem uso dos gradientes na obtenção da

localização espectroscópica. Tanto os métodos de volume individual (single-voxel)

quanto de múltiplos volumes (multi-voxel) são bastante empregados clinicamente.

Exemplos dessas metodologias incluem o modo de aquisição de eco estimulado

(STEAM), a espectroscopia por determinação de pontos (PRESS)(12, 35, 38, 42, 46) e a

CSI.(35, 46)

O CSI é uma técnica que permite a aquisição do espectro a partir de voxels

separados de uma amostra. Pode consumir bastante tempo porque requer várias

codificações de fase para conseguir uma resolução espacial adequada. (47)

O aumento da resolução espacial pelo CSI é baseado no simples fato que a

variabilidade do campo dentro do voxel é muito menor que através de toda a amostra.

(48) O alinhamento dos desvios calculados para cada voxel é proporcional às variações

do campo magnético da amostra e pode ser usado para mapear o campo magnético

estático e, desta maneira, registrar os metabólitos.

A sensibilidade perdida, proporcional a resolução espacial, restringe o uso do

CSI apenas para casos com RSR favorável. Por isso, o CSI é complementado com

outros métodos de seleção espectral espacial (por exemplo, PRESS) que minimizam a

baixa sensibilidade por registrar espectros a partir de voxels maiores. (47)

Já a PRESS é uma técnica de localização disponível para a obtenção da 1H

ERM multi-voxel. A seleção do volume por esta técnica resulta em variações espaciais

14

das relações metabólicas nas margens do volume selecionado devido a artefatos de

desvio químico. Esses erros são dependentes da largura de banda dos pulsos de RF,

do tamanho da região selecionada e da frequência ressonante e por esta razão se

tornará mais proeminente com o aumento da potência do campo. Uma forma de reduzir

o artefato de desvio químico é determinar que o campo de visão (CDV) da PRESS seja

maior que a região de interesse, utilizando-se os voxels centrais da matriz

espectroscópica de acordo com a Figura 5. (49)

Figura 5 – Voxels elegíveis no Espaço K da sequência PRESS. (1) Amostragem completa do

Espaço-K. (2) Amostragem reduzida elipticamente. (3) Amostragem elegível.

Tanto o método de volume único quanto o de múltiplos volumes são bastante

empregados na aquisição espectroscópica, porém existem algumas diferenças que

precisam ser observadas.

No método, utilizando um volume único, a aquisição e o processamento são

mais rápidos e práticos. Porém, não se obtém referência interna para comparação e o

posicionamento adequado do volume é fundamental. Apresenta, após a aquisição, um

único espectro, representando a média do volume selecionado.

Já com os volumes múltiplos, a aquisição e o pós-processamento são mais

complexos e demorados, comparando-se com o volume único. Porém, dispensa a

necessidade de se saber à localização exata da afecção, podendo ser aquisição

bidimensional ou tridimensional. Na aquisição com volumes múltiplos, estudam-se os

vários componentes de uma lesão num único tempo de exame. (10, 12, 35, 38, 39, 42, 43, 50)

O sinal protônico predominante da maioria dos tecidos é originado da água. Em

média, um tecido do corpo humano é constituído de 80% de água. Apesar dessa

característica corporal ser fundamental na produção de imagens por RM, na

espectroscopia, ao contrário, essa alta concentração prejudica a detecção e

determinação dos metabólitos.(12)

15

Os prótons da água produzem um sinal, que resulta numa concentração de 88

molar (M), enquanto a maioria dos metabólitos de importância clínica estão numa

concentração entre 1 e 20 mM. Então, a diferença da intensidade de sinal resultante é

da ordem de 104 a 105. O instrumental da RM não permite que pequenos sinais sejam

observados na presença de um muito grande.

Por esta razão, é necessário suprimir o sinal da água. Existem, comumente,

duas classificações de métodos de supressão: a não-excitação seletiva e a saturação

do sinal da água propriamente dita. Um ou ambos os métodos de supressão podem ser

usados, produzindo uma maior supressão. (12, 35)

Uma forma de minimizar a contaminação com sinais fora do volume espectral de

interesse é a utilização das barras externas de saturação de sinal. São compostos de

pulsos de pré-saturação que anulam o sinal dos tecidos e dos núcleos em fluxo, de

forma a minimizar a contaminação lipídica, quando o sinal dos lipídeos das regiões fora

do volume de interesse interfere no estudo espectroscópico. (44, 45)

2.3 Bases Químicas

A ERM se utiliza do fato de que a do núcleo atômico é alterada pelo ambiente

químico, causando uma pequena, mas fundamental, alteração nesta frequência

chamada de desvio químico ().

Este fenômeno é causado pelos campos magnéticos gerados pelos elétrons

circulantes ao redor do núcleo que protegem o núcleo do B0 externo. A extensão do

desvio químico depende do número e do tipo de átomos adjacentes e das estruturas

moleculares. (35, 51)

Por conta das diferenças entre , os sinais de núcleos idênticos podem ocupar

posições diferentes num gráfico espectroscópico, por estarem ligados a diferentes

elementos ou componentes moleculares. Com isso, é possível distinguir e identificar

componentes metabólicos. (35)

O campo magnético local, produzido pelo movimento dos elétrons, na presença

de B0 tem a tendência de se posicionar de forma oposta ao B0 (antiparalelismo). Desta

16

forma, o B0 influencia o movimento dos elétrons e a velocidade, afetando diretamente a

intensidade e a direção desse campo magnético produzido.

A frequência na qual o spin precessa é proporcional ao B0. Com o aumento de

B0, aumenta o desvio químico, aumentando também a resolução espectral. Então, uma

espécie protônica em particular, que possui uma , obedece à seguinte equação:

= (B0 + B) (IV)

onde B é proporcional ao B0. Por esta razão, pode-se definir uma quantidade,

(constante de blindagem), que é dependente de B0.

= B0 /B (V)

Substituindo:

= B0(1 + ) (VI)

Consequentemente, a frequência do desvio aumenta com o campo magnético.

Se a for positiva, existe um campo maior ao redor do núcleo do que àquele aplicado

externamente por B0. Por convenção, a medida espectral da blindagem é colocada na

abscissa do plano cartesiano. Desta forma, os sinais de núcleos com blindagem fraca

resultam em alta , localizando-se à esquerda do gráfico, e os sinais de núcleos com

blindagem forte, resultam em baixa , localizando-se à direita do gráfico. (12, 35)

O desvio químico, geralmente, não pode ser considerado como um simples valor

associado à . Na realidade, a funciona como uma força, significando que se pode

ter diferentes valores para direções diferentes.(12)

Em geral, os desvios químicos são relativamente pequenos, comparados com a

frequência de referência. Por esta razão, eles são representados em partes por milhão

(ppm).

Na química analítica, o ponto zero do desvio químico é definido em relação ao

tetra-metil-silano (TMS). Porém, esta substância não é observada na ERM in vivo.

Desta forma, o ponto zero é definido por um valor determinado pelo sistema e levado

em consideração no momento da aquisição espectroscópica.

17

Este ponto de referência sofre influência da temperatura, pois o da água na

temperatura ambiente é de 4.9 ppm, enquanto que o da água no organismo é de 4.7

ppm. Já para os outros metabólitos, a influência da temperatura pode ser

desconsiderada. (35)

Outro importante parâmetro, resultante das interações das ligações entre

elétrons, é o acoplamento spin-spin, também chamado de acoplamento escalar ou

acoplamento J. A explicação para essa interação de acoplamento foi primeiramente

proposta por Ramsey e Purcell em 1952. (38)

Este acoplamento origina-se a partir das interações indiretas de dois spins

nucleares intervindo na estrutura eletrônica da molécula. Diferentemente do desvio

químico, em que não há indução pelo B0 externo e, por esta razão, está sempre

presente, o acoplamento spin-spin surge a partir do campo produzido por um spin

nuclear que interage com elétrons próximos a ele, na presença de B0. Estes se dobram

para dentro da estrutura molecular, interagindo com outros elétrons, influenciando o

campo dos núcleos vizinhos.

A intensidade dessa interação é medida em hertz (Hz) e é chamada de

constante de acoplamento escalar (J). O valor do J não se modifica com a intensidade

do campo, explicando o porquê de se medir este valor em Hz ao invés de ppm.(12, 35)

Não há dependência da orientação, com relação ao B0 estático externo, do J

como ocorre com o desvio químico anisotrópico. Porém, o efeito da intensidade do

campo no acoplamento escalar origina um padrão complexo de múltiplos picos. Para

altos campos, todos os acoplamentos spin-spin são considerados como tendo um

padrão de acoplamento fraco. Isto ocorre quando a intensidade do campo é grande o

suficiente para que a diferença de desvio químico (Hz) entre as ressonâncias

acopladas seja muito maior do que o J.

J (VII)

Quando esta condição não é mantida, o sistema spin passa a ser chamado de

regime de acoplamento forte. Num equipamento de 1.5 T, é possível para alguns

sistemas spin de aminoácidos, como o glutamato, estar no regime de acoplamento

forte. Isto significa que as regras para a avaliação da influência do acoplamento spin-

spin no acoplamento forte não são aplicadas. Algumas sequências de localização,

como a STEAM, são altamente influenciadas pelos efeitos de acoplamento, produzindo

18

efeitos não só na identificação dos picos, mas também na quantificação dos

metabólitos. (12)

O desvio químico e o acoplamento spin-spin são as duas interações que

produzem um campo magnético local no núcleo, contudo os spins nucleares criam um

campo magnético local próprio, influenciando outros spins vizinhos. Esta interação,

chamada dipolo-dipolo, não precisa de elétrons ou ligações químicas na transmissão

do campo magnético para os núcleos vizinhos.

2.4 Espectroscopia por Ressonância Magnética

A ERM do 1H não é uma nova tecnologia e vem sendo utilizada para produzir

informações bioquímicas dos tecidos biológicos por mais de 30 anos. Foi aprovada

pelo Food and Drug Administration (FDA) e é amplamente usada na avaliação do

cérebro (51, 52) e da próstata (42, 50).

Apresenta-se como uma técnica não-invasiva e livre de riscos potenciais com o

qual se pode monitorar os estágios, agudo ou crônico, de uma doença. O

desenvolvimento de métodos de localização espacial de amostras, com níveis relativos

de metabólitos móveis em um volume definido a partir de imagens por RM, é a base

para a integração das informações obtidas por esta técnica. A associação das

informações anatômicas e patológicas obtidas, com as imagens por RM, proporciona

uma nova forma de se entender as origens e a evolução das patologias. (38, 42)

Em muitas doenças, as alterações metabólicas podem preceder as alterações

anatômicas. A espectroscopia se apresenta, pois, como um método de detecção

precoce destas alterações, por ser potencialmente sensível a estas mudanças.

No entanto, a ERM é uma forma de espectroscopia inerentemente fraca. Requer

que as substâncias químicas ou metabólitos estejam presentes em concentrações

maiores que 1mM e, portanto, a detecção de concentrações menores é possível

somente em circunstâncias especiais, o que prejudica a sua aplicação sistemática.

Assim, ainda que a ERM seja um poderoso recurso na obtenção não-invasiva de

informações bioquímicas in vivo, existe uma limitação em termos dos metabólitos que

se pode monitorar. (40)

19

Na ERM, a posição de cada pico ao longo da linha central horizontal, também

chamada de linha química do deslocamento ou linha central da frequência, é

governada pelo campo magnético principal. Assim, os 1H, em grupos moleculares

diferentes de moléculas distintas, fazem com que seus picos correspondentes

apareçam em posições diferentes na linha central da frequência, ou seja, cada

metabólito ressona em uma frequência diferente, de acordo com o campo magnético

gerado pelos agrupamentos moleculares de seus prótons.

A amplitude do pico determina a quantidade de metabólito. A concentração de

um determinado metabólito é calculada através da área do pico. A área do pico é

usada por não ser tão influenciada por alguns fatores físicos como a homogeneidade

do campo magnético, nível de ruído e o tempo de relaxação. (38) A quantificação

absoluta do espectro, isto é, a interpretação das áreas dos picos possui certo grau de

dificuldade. A simples calibração das áreas dos picos usando soluções padrão de

concentrações conhecidas é especialmente difícil pelo fato da sensibilidade das

bobinas mudarem com a carga. Além disso, a dependência do efeito T2 nos sinais dos

metabólitos influencia a quantificação metabólica absoluta.

A simples determinação da área do pico pode ser impedida pela possibilidade

dos sinais se sobreporem e que os reservatórios de metabólitos não contribuam para o

sinal, por conta da baixa mobilidade. Por esta razão, se utiliza a intensidade de sinal

relativa no estudo espectroscópico, comparando-se a relação dos metabólitos numa

mesma região ou em regiões diferentes no mesmo paciente, ou fazendo estas relações

para pacientes diferentes. (35)

2.5 Metabolismo da Glândula Adrenal na ERM

A glândula adrenal é composta de um córtex externo, derivado do mesoderma, e

de uma fina medula interna, originada a partir da crista neural, que corresponde a cerca

de um décimo do seu peso. O córtex é subdividido em três zonas, glomerulosa

(externa), fasciculada (mediana) e a reticular (interna). (53)

A zona glomerulosa secreta os mineralocorticóides sendo a aldosterona, que na

curva espectral está situada entre 1,17 e 1,20 ppm (Figura 6), o principal hormônio

desta classe. A ação primária destes hormônios esteróides, compostos de 21 átomos

20

de carbono, é regular o balanço de água, sódio (Na+) e potássio (K+) no sangue,

retendo os primeiros e excretando o último. Com isso, é fundamental para o equilíbrio

hidromineral do organismo. (54)

A aldosterona é sintetizada a partir do colesterol que é convertido em

pregnenolona no interior das mitocôndrias, envolvendo uma série de hidroxilações e

quebra da sua cadeia lateral. A seguir, através de uma sequência de hidroxilações que

ocorrem no retículo endoplasmático, a pregnenolona é transformada em desoxicortisol.

Este composto é transferido novamente para o interior das mitocôndrias, onde é

hidroxilado para formar o cortisol. A seguir, o grupo metil na posição 18 do cortisol é

hidroxilado por enzimas mitocondriais, dando origem à aldosterona (Figura 7). (55)

Figura 6. Aldosterona. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química

com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 600 MHz.

(54)

Já a zona fasciculada, que corresponde a 75% da região cortical, secreta

hormônios glicocorticóides, compostos de 21 átomos de carbono, que apresentam

importantes efeitos no aumento da concentração de glicose no sangue, opondo-se à

insulina. O cortisol, localizado na curva espectroscópica em 0,88 e 1,46 ppm, (Figura 8)

é o glicocorticóide mais importante no ser humano. Além disso, é essencial à vida em

face dos seus efeitos sobre o metabolismo de carboidratos, lipídeos e de proteínas.

Está envolvido na resposta ao estresse, no aumento da pressão arterial, na infertilidade

feminina e na supressão do sistema imune. (54)

21

Figura 7. Biossíntese e metabolismo dos esteróides endógenos. (56)

Figura 8. Cortisol. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química com

os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 600 MHz.

(54)

A síntese do cortisol, pelas células da zona fasciculada, segue as mesmas

etapas que ocorrem na zona glomerulosa, até a sua formação (Figura 7). É mínima a

quantidade de cortisol armazenada nas células da zona fasciculada, de modo que o

hormônio é continuamente sintetizado e a velocidade de síntese adapta-se

22

rapidamente às necessidades do organismo. A quantidade de cortisol presente no soro

possui uma variação durante o dia, com altos níveis presentes pela manhã e baixos

níveis ao anoitecer. (55)

A zona reticular, mais interna, secreta os esteróides sexuais, andrógenos e

estrógenos, além de seus precursores, que contribuem para o aparecimento e

manutenção dos caracteres sexuais secundários. Dentre os precursores produzidos os

de maiores quantidades são a androstenodiona com posição espectral em 0,92 e 1,21

ppm (Figura 9), dehidroepiandrosterona (DHEA) localizada entre 0,88 e 1,03 ppm

(Figura 10) e seu sulfato (DHEA-S) situado entre 1,22 e 1,33 ppm (Figura 11).

Figura 9. Androstenodiona. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura

química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

Na mulher, as adrenais são responsáveis por 50-60% da produção de

andrógenos. Sua importância é pequena para o homem, em face da grande produção

de testosterona pelos testículos. As células da zona reticular podem ainda formar

pequenas quantidades de estradiol e de estrona a partir da testosterona e

androsterona. (54)

Os esteróides sexuais são sintetizados pelas células da zona reticular a partir da

17-hidroxipregnenolona e da 17-hidroxiprogesterona (Figura 7). Por uma reação

semelhante, a cadeia lateral dos carbonos 20-21 é removida dá origem,

respectivamente, à DHEA e à androstenodiona. A DHEA é reversamente conjugada ao

23

sulfato pela sulfotransferase primariamente nas adrenais, no fígado e intestino delgado.

Os níveis de DHEA naturalmente sofrem variações ao longo do dia, enquanto que a

concentração de DHEA-S se mantém estável. (55)

Figura 10. Dehidroepiandrosterona (DHEA).a) Representação da estrutura química. b) Representação

da estrutura química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

Figura 11. DHEA sulfato (DHEA-S). a) Representação da estrutura química. b) Representação da

estrutura química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

24

Já a parte interna da glândula supra-renal, a medula, é de origem ectodérmica

(células da crista neural) semelhante aos gânglios do sistema nervoso simpático. As

células endócrinas do sistema simpático-adrenal têm a capacidade de sintetizar e

segregar catecolaminas (dopamina, norepinefrina e epinefrina). São chamadas de

células cromafins, pelo fato de apresentarem uma reação histoquímica característica,

após contacto com agentes oxidantes (dicromato de potássio – K2Cr2O7). (57)

Os hormônios do sistema simpático-adrenal, conquanto dispensável à vida, são

necessários para as adaptações do estresse agudo e crônico. A epinefrina, ou

adrenalina, localizada em 2,76 ppm (Figura 12) constitui aproximadamente 80% das

catecolaminas na medula adrenal, e não é sintetizada em tecidos extramedulares.

Figura 12. Epinefrina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química

com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

Em contraste, a maior parte da norepinefrina, ou noradrenalina, situada em 6,95

ppm (Figura 13), presente nos órgãos enervados pelos nervos simpáticos, é sintetizada

in situ (80% do total), e o restante, é formado em outras terminações nervosas e

alcança as células-alvo pela circulação. (54)

A biossíntese das catecolaminas, esquematizada na Figura 14, inicia-se a partir

da hidroxilação da tirosina, reação catalisada pela tirosina-hidroxilase, que a transforma

25

em desidroxifenilalanina (L-DOPA). A L-DOPA, sob a ação da dopa-descarboxilase, é

descarboxilada para dopamina, que sob a ação da dopamina-β-hidroxilase, forma,

dentro dos grânulos, a noradrenalina. A maior parte da noradrenalina migra para o

citoplasma, onde é metilada pela feniletanolamina N-metiltransferase, convertendo-se

em adrenalina. (55)

Figura 13. Norepinefrina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura

química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

Figura 14. Biossíntese das catecolaminas. (55)

Na Figura 15 estão descritas as diferentes vias metabólicas para a adrenalina e

a noradrenalina. Estas são inicialmente desaminadas oxidativamente ao nível das

26

mitocôndrias pela monoamina oxidase (MAO), a 3,4-diidroxifenilglicoaldeído

(DOPGAL). Este aldeído é, posteriormente, ou reduzido a 3,4-diidroxifeniletilenoglicol

(DOPEG) por ação da aldeído-redutase, ou sofre oxidação catalisada pela aldeído

oxidase/desidrogenase, com a formação do ácido 3,4-diidroximandélico (DOMA).

A adrenalina e a noradrenalina que entram na circulação são extensamente

metiladas no citoplasma pela catecol-O-metiltransferase (COMT), à metanefrina, de

localização espectral em 3,81 ppm (Figura 16), ou à normetanefrina, situada em 3,89

ppm e 6,95 ppm (Figura 17), respectivamente.

Figura 15. Metabolização das catecolaminas. (58)

A normetanefrina e a metanefrina podem posteriormente sofrer oxidação,

catalisada pela MAO, originando o 3-metoxi-4-hidroxifenilglicoaldeído (MOPGAL). O

MOPGAL pode, por sua vez, ou ser reduzido a 3-metoxi-4-hidroxifeniletilenoglicol

(MOPEG) por ação da aldeído redutase ou ser oxidado, pela aldeído oxidase, a ácido

vanilmandélico (VMA), de posição espectroscópica em 3,85 ppm (Figura 18).

Estes dois últimos compostos podem, igualmente, formar-se pela ação da COMT

sobre o DOPEG e DOMA, respectivamente. Por ação de uma álcool oxidase, o

27

metabólito MOPEG livre é extensamente convertido em VMA, constituindo-se este

como o principal metabólito das catecolaminas excretado na urina. (58)

Figura 16. Metanefrina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química

com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

Figura 17. Normetanefrina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura

química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

28

Figura 18. Ácido Vanilmandélico. a) Representação da estrutura química. b) Representação da

estrutura química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

O feocromocitoma, tumor produtor de catecolaminas, pode levar a uma

morbidade e mortalidade significante. Corresponde a uma causa frequente de massas

adrenais clinicamente invisíveis (cerca de 1,5 a 23%). A prevalência de hipertensão

secundária devido ao feocromocitoma, controlada ou com alterações significativas, é

estimada em 0,1 a 0,5%. Os achados clínicos mais freqüentes são dor de cabeça,

palpitações, sudorese e ansiedade. Hipertensões severas ocasionalmente evoluem

com encefalopatia, retinopatia e proteinúria.(3)

2.6 Metabolismo da Colina

A ressonância da colina na ERM 1H, utilizando-se uma potência de campo

magnético de 1.5T, não é específica de um único componente e pode ter a contribuição

de outros metabólitos como a fosfocolina, fosfatidilcolina, glicerofosfocolina,

etanolamina, fosfoetaloamina, taurina, além da própria colina, ou seja, não possui

resolução suficiente que permita a identificação individual destes picos. (42, 43, 50, 51)

29

A colina, amina quaternária, é um nutriente essencial fornecido através da dieta.

É precursora da acetilcolina e da fosfatidilcolina, situada em 3,21 ppm (Figura 19). A

síntese da primeira ocorre somente no interior dos neurônios colinérgicos, enquanto as

demais células utilizam a colina para sintetizar fosfatidilcolina, cuja concentração é a

maior na membrana celular. Além da fosfatidilcolina (lecitinas), a colina está presente

na membrana celular, em menor concentração, também na forma de fosfocolina e

glicerofosfocolina e colina livre. (38, 42, 51)

Figura 19. Fosfatidilcolina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura

química com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 600 MHz.

(54)

A Figura 20 mostra a biossíntese da fosfatidilcolina (PtdCho) a partir do citosol

(cyt), passando pela membrana do retículo endoplasmático (ER), através de uma

cascata de três etapas enzimáticas. Inicia-se na fosforilação da colina (Cho) pela

colina-quinase (ck) em fosfocolina (PCho), em seguida tem-se a conversão da PCho

em citidina-difosfato-colina (CDP-Cho) pela citidiltransferase (ct) que se incorpora à

membrana do ER e, por fim, a formação da PtdCho mediada pela PCho-transferase

(pct).(59)

A elevação do pico da colina total na ERM do 1H in vivo pode ser atribuída ao

aumento da taxa de proliferação celular, da densidade celular em regiões com câncer e

na alteração da composição da membrana celular. O aumento dos níveis deste

metabólito é observado como sendo característico de uma série de neoplasias,

30

incluindo tumores de encéfalo (21, 33, 38, 43, 51, 52), próstata (40-42, 50), mama(39), supra-

renal(10), dentre outros.

Figura 20. Metabolismo da fosfatidilcolina (PtdCho). Legenda: fosfolipase A (pla), fosfolipase C (plc),

fosfolipase D (pld), lisofosfolipase ou fosfolipase B (lpl), membrana (memb), lisofosfotidilcolina (Lyso-

PtdCho), glicofosfocolina (GPC), glicerol-3-fosfato (G3P), fosfodiesterase (pd), acetilcoenzima A

(AcylCoA), ácido fosfatídico (PA), diacilglicerol (DG), triacilglicerol (TG). (59)

2.7 Metabolismos da Creatina

A creatina (Figura 21) ressona aproximadamente em 3.03 ppm e, geralmente, é

encontrada na dieta usual, sendo que no homem é sintetizada no interior do fígado, rins

e pâncreas. A creatina tem a função de reserva energética, sendo convertida em

fosfocreatina pela enzima creatino-quinase, utilizando adenosina trifosfato (ATP).

Quando a fosfocreatina cede o fósforo inorgânico no fornecimento energético, libera na

corrente sanguínea a creatinina, excretada principalmente pelos rins. (43, 50)

31

Figura 21. Creatina. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química

com os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz .

(54)

Figura 22. Metabolismo da creatina.(60)

32

Três aminoácidos, glicina, arginina e metionina, estão diretamente envolvidos na

biossíntese da creatina, como demonstrado na Figura 22. A primeira reação, que

ocorre no rim, é aquela de transaminação da arginina para glicina, para formar o ácido

guanidoacético (glicociamida). A síntese é completada pela metilação da glicociamida

no fígado. Nesta ação, a metionina “ativa” é o doador de metila. (60)

O pico da creatina contém contribuições da creatina fosfato, ácido -

aminobutírico, lisina e glutationa, além da própria creatina. Por conta de sua

estabilidade em muitos processos patológicos, ela pode ser usada como controle, com

níveis de outros metabólitos expressados como uma razão com a creatina.

2.8 Metabolismos do Lactato

Já o pico do lactato (Figura 23) é verificado em 1,32 ppm. Sua configuração

espectral consiste em um pico que se divide em dois, denominado dubleto. Isto é

causado pelo acoplamento J. (51)

Figura 23. Lactato. a) Representação da estrutura química. b) Representação da estrutura química com

os hidrogênios numerados. c) ERM 1H in vitro em 500 MHz.

(54)

33

Outra característica é que existe uma dificuldade de distinguí-lo das

ressonâncias dos lipídios por conta da sobreposição dos picos, sejam os presentes no

tecido estudado, sejam pelos que estão nas áreas adjacentes e contaminam o

espectro. Vários protocolos são usados para distinguir o lactato do lipídeo, porém o

mais simples é o uso do TE em torno de 140 ms, fazendo com que ele se apresente

invertido (fora-de-fase) em relação aos outros metabólitos. (61)

A formação de ácido láctico ou lactato (Figura 24) nos tecidos é chamada de

acidose láctica. Normalmente, o ácido láctico é oxidado aos produtos finais dióxido de

carbono (CO2) e H2O através do ciclo de Krebs, ou ainda reconvertido à glicose no

fígado pela gliconeogênese num processo denominado ciclo de Cori. A diminuição dos

níveis de oxigênio (O2) aumenta a produção de lactato e a diminuição de sua utilização

energética.

Figura 24. Via glicolítica demonstrando a espontaneidade da formação do piruvato (via aeróbia) e

a formação do lactato tanto por via anaeróbica, quanto pela ação da lactato-desidrogenase que

converte piruvato em lactato. Legenda: ℗, -PO32-

; Pi, HO PO32-

; Θ, inibição.(62)

34

Nas células tumorais, existe uma atividade elevada das enzimas hexoquinase,

fosfofrutoquinase e piruvatoquinase, o que produz uma alta capacidade glicolítica em

condições aeróbias. Comparadas com as células normais, as tumorais, usam

praticamente toda sua capacidade de degradar a glicose, independente da quantidade

de oxigênio presente. Porém, este consumo em condições anaeróbias pode ser até 20

vezes maior que na aerobiose. (63) Além disso, vários pesquisadores demonstraram

que o lactato estimula a angiogênese. (64)

2.9 Metabolismos da Glutamina

A regulação da glicólise pelo oxigênio nas células tumorais em condições de

baixa concentração de glicose ou do seu polímero, o glicogênio, se dá através de vias

alternativas envolvendo outros carboidratos notadamente a glutamina, num processo

chamado de glutaminólise. (65)

Com os baixos índices de glicose, os níveis de frutose-1,6-bifosfato,

representado na Figura 24, estão muito diminuídos. Como resultado, ocorre a

desativação da enzima piruvatoquinase, a não-conversão do piruvato e nenhuma ATP

é sintetizada. Com isso, o pouco piruvato disponível para oxidação vem pelo ciclo do

ácido tricarboxílico (ciclo de Krebs) ou pela fermentação do ácido lático. Por outro lado,

a conversão da ATP produz o íon ortofosfato, que ativa a glutaminase para a

conversão da glutamina. (63)

Aparentemente nenhuma das duas vias é essencial à formação de neoplasias.

Representam oportunidades estrategicamente favoráveis à sobrevivência e proliferação

em circunstâncias de carência de nutrientes e oxigênio. Normalmente é aceito que

neoplasias altamente malignas "cresçam" com pouca vascularização, portanto, altas

taxas glicolíticas e glutaminolíticas suprem essa falta de vascularização, permitindo que

o tumor sobreviva em áreas de hipóxia. (66)

A glutaminólise (conversão da glutamina à lactato), a semelhança da glicólise,

tem como principal função regenerar a energia, produzindo glutamato, citrato e

aspartato, como mostrado na Figura 25. Tem, ainda, a vantagem de manter os níveis

de glutamina constantemente altos nos tecidos e tumores sólidos. (65)

35

Figura 25. Glutaminólise. Interface com o ciclo de Krebs, com produção de lactato em condições de

baixa concentração de glicose.(63)

A ERM do 1H in vivo não consegue separar a glutamina do glutamato, sendo

comumente representado pelo somatório (Glx), considerando-se o pico entre 2,1 a 2,5

ppm.(12, 21, 35, 38, 43, 49, 51, 52, 54, 61) Já o citrato é encontrado em 2.60 ppm.(35, 40-42, 50, 54)

36

3 MÉTODO

Este estudo foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da Universidade

Federal de São Paulo/Hospital São Paulo e o termo de consentimento informado foi

obtido de todos os pacientes ou de seus responsáveis.

3.1 Casuística

Foram avaliados, por estudo prospectivo, 118 pacientes portadores de nódulos

ou massas adrenais (36 homens e 82 mulheres), com média de idade de 57,3 ± 13,3

anos. Todos os pacientes foram previamente examinados por TC de adrenal com

protocolo dedicado (medida de densidade na fase pré-contraste) e cálculo da

velocidade de clareamento absoluto do contraste endovenoso ou por RM com

sequências ponderadas em: T1 em-fase e fora-de-fase (para detecção de lípide

intracelular), e em T2 e pós-contraste. Quarenta e cinco nódulos ou massas

localizavam-se exclusivamente na glândula adrenal direita, e 53 na adrenal esquerda.

Vinte pacientes apresentaram massas ou nódulos bilaterais, totalizando 138 nódulos.

Todos os pacientes realizaram ressonância magnética com protocolo proposto de ERM

1H. Os pacientes foram encaminhados para o Departamento de Diagnóstico por

Imagem da UNIFESP pelos setores de Endocrinologia e Urologia. A coleta de dados do

estudo ocorreu entre janeiro de 2007 e dezembro de 2009.

3.1.1 Critérios de Inclusão

Os pacientes foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão:

1. Paciente com nódulo ou massa adrenal com diâmetro acima de 1,0 cm e exame

prévio de TC ou RM com protocolo dedicado ao estudo da adrenal;

2. Confirmação histopatológica por biópsia ou cirurgia, nos casos de

feocromocitoma, carcinoma, adenomas funcionantes ou lesões incaracterísticas;

3. Estabilidade da lesão por mais de 12 meses por TC ou RM em paciente com

diagnóstico de adenoma.

37

3.1.2 Critérios de Não-inclusão

Os critérios de não-inclusão para este estudo foram:

1. Pacientes incluídos em protocolos de quimioterapia ou com biópsia/cirurgia de

adrenal prévia;

2. Pacientes em que não foi possível a programação da sequência ERM 1H.

3.1.3 Critérios de Exclusão

Alguns pacientes que foram selecionados acabaram excluídos por apresentarem:

1. Lesões com diâmetro acima de 1,0 cm e que não apresentaram pelo menos um

voxel elegível para análise;

2. Pacientes com nódulo ou massa adrenal com diâmetro próximo de 1,0 cm e

apresentaram contaminação nas curvas espectroscópicas.

Desta forma, dos 20 pacientes com massas ou nódulos bilaterais, em seis

apenas a lesão com maior diâmetro foi analisada e em outros dois, ambas foram

excluídas. Dos pacientes com lesão unilateral, dois não foram incluídos, um por não ser

colaborativo durante a realização do exame e o outro por apresentar um nódulo com

diâmetro inferior a 1,0 cm. Cinco pacientes foram excluídos por portarem adenomas

com diâmetro próximo a 1,0 cm, nos quais não foi possível a obtenção de nenhum

voxel elegível para análise.

Com isso, 109 pacientes preencheram todos os critérios do estudo para análise

final (34 homens e 75 mulheres), com média de idade de 57,8 ± 13,1 anos, portadores

de lesão adrenal maior do que 1,0 cm (média ± desvio-padrão: 3,67 ± 2,39 cm),

perfazendo um total de 123 massas ou nódulos separados em quatro grupos

(adenoma, carcinoma, feocromocitoma e metástase), demonstrados na Figura 26.

38

Figura 26. Diagrama de fluxo do estudo.

3.2 Protocolos de Exame

3.2.1 Preparo e Posicionamento do Paciente

O preparo do paciente para realizar o exame se resumiu ao jejum de quatro

horas, aplicação de droga anti-espasmódica (Buscopan®) por via endovenosa 10

minutos antes do exame, e aplicação do questionário de contra-indicações à RM.

O posicionamento do paciente foi feito com os pés primeiro em relação ao

equipamento de RM, braços estendidos ao longo do corpo e em decúbito dorsal por

sobre a bobina de coluna (SP - spine). Uma vez o paciente centrado na mesa de

exame, pôs-se a bobina de arranjo-de-fase (phased-array) anterior (Figura 27).

3.2.2 Técnica do Exame

3.2.2.1 Protocolo de Aquisição de Imagens por RM

39

Os exames foram realizados em um equipamento de 1.5 T e gradiente de 43

mT/m (Magnetom Sonata; Siemens Medical Systems, Erlangen, Alemanha), no

Departamento de Diagnóstico por Imagem da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP

e em um equipamento de 1.5 T e gradiente de 33 mT/m (Magnetom Espree; Siemens

Medical Systems, Erlangen, Alemanha), no Centro de Ultrassonografia e Radiologia

Aplicada (CURA). O período de experiência(10) para aprendizado e desenvolvimento foi

de agosto de 2004 a dezembro de 2006 para auxiliar na adequação do protocolo e

sequências do exame.

A bobina de RF de corpo, presente no próprio equipamento, foi usada para a

excitação, e a bobina de arranjo-de-fase combinada com bobina de coluna foram

usadas na recepção do sinal de RM, de acordo com a figura 27. Não houve

necessidade de se conectar a monitorização respiratória.

Figura 27 - Bobinas utilizadas na aquisição de imagens por RM e dos gráficos espectroscópicos

na ERM. SP (spine) à esquerda e arranjo-de-fase (phased-array) à direita. (35)

O exame de RM foi realizado no nível da massa adrenal e consistiu de

sequências de tomada única metade-Fourier turbo spin-eco (HASTE) ponderadas em

T2 e imagens T1 CSI, em-fase e fora-de-fase. No Quadro 1, tem-se um resumo dos

parâmetros físicos das sequências utilizadas nos dois serviços.

As sequências HASTE foram realizadas nos três planos ortogonais para a

localização tridimensional (3D) da massa para o planejamento da ERM 1H. Para se

determinar a inserção correta do volume de interesse (VDI), realizaram-se três

sequências sagitais localizadoras HASTE, com as mesmas características de

programação, em inspiração e expiração máximas, e em respiração livre.

Deste modo, foram obtidos os intervalos de posição e mobilidade da glândula,

do mais alto (expiração) ao mais baixo (inspiração) com a determinação da região em

que se tem a possível localização do nódulo ou massa da adrenal durante a aquisição

40

da ERM 1H em respiração livre. Assim, aumentou-se a probabilidade da glândula

adrenal e a massa se localizassem neste intervalo.

Quadro 1 - PARÂMETROS DAS SEQUÊNCIAS DE RM UTILIZADAS NO

PROTOCOLO.

Sequência No de imagens

Espessura (mm)

TR (ms) TE (ms)

Matriz CDV (mm)

Axial T2 HASTE

24

3,0

1000–2000

87

167 x 256

280 - 350

Axial T2 HASTE Fat Sat*

24 3,0 1000–2000 87 167 x 256 280 - 350

Coronal T2 HASTE

20 3,0 1000-2000 82 167 x 256 280 - 350

Sagital T2 HASTE

13 3,0 1000-2000 87 167 x 256 280 - 350

Axial T1 CSI em-fase

24 3,0 173 4,8 167 x 256 280 - 350

Axial T1 CSI fora-de-fase

24 3,0 173 2,4 167 x 256 280 - 350

Axial VIBE T1 Gd**

70 1,0 5,45 2,58 179 x 256 280 - 350

* Fat Sat = Saturação de gordura. ** VIBE = Exame em apnéia com interpolação volumétrica.

3.2.2.2 Protocolo para captação dos dados espectroscópicos

Utilizou-se um sistema de múltiplos volumes, na seleção do volume

espectroscópico de interesse, adquirido pela seqüência PRESS CSI 2D híbrida

disponível comercialmente pela Siemens Medical Systems (Erlangen, Alemanha), de

forma a minimizar possíveis artefatos das estruturas peri-adrenais.

A programação da ERM foi realizada com as imagens ponderadas em T2

HASTE em duas etapas. Na primeira, utilizaram-se apenas as imagens sagitais em

inspiração máxima, expiração máxima e respiração livre, e posicionou-se

cuidadosamente a grade multivoxel do volume de interesse no centro da lesão, com o

uso de todos os três planos sagitais, de acordo com a Figura 28 para incluir o máximo

41

de área de lesão possível ou, preferencialmente, para incluir toda a lesão e parte do

tecido gorduroso adjacente.

Figura 28. Ajuste do posicionamento e tamanho do CDV e da área do shimming.

Uma vez determinada as dimensões do CDV e da área de reforço da

homogeneidade (shimming) (Figura 28), fez-se a segunda etapa da programação que

contou com os três planos ortogonais em expiração. O objetivo deste procedimento foi

determinar a espessura do voxel, habilitar apenas a bobina de RF mais próxima à

massa ou nódulo e posicionar as barras de saturação externa, conforme a Figura 29.

Figura 29. Programação final da ERM 1H da adrenal.

Além de ser angulada livremente, sem prejuízo na aquisição espectroscópica, a

seqüência de ERM ofereceu a possibilidade de se utilizar seis barras de saturação

externa, com 30 mm de espessura, posicionadas ao redor da glândula adrenal,

minimizando os efeitos da não-homogeneização de campo pelo efeito de

susceptibilidade magnética, originadas no ar do parênquima pulmonar, nas estruturas

ósseas, na gordura peri-adrenal e nos líquidos presentes na árvore biliar e rins.

42

Para a espectroscopia de adrenal (Quadro 2) utilizou-se a supressão espectral

da água fazendo com que os lipídeos presentes na glândula estivessem presentes na

aquisição. Para isso, se aplicou pulsos de supressão espectral de água descrito como

geração de frequência seletiva coerente (MEGA).(67)

Quadro 2 - PARÂMETROS DA SEQÜÊNCIA DE ERM UTILIZADA NO PROTOCOLO

Volume do Voxel (cm3)

CDV (cm)

Excitações TR (ms)

TE (ms)

Fator Delta Tempo (min)

0.56 – 3,38 100 - 150 4 - 8 1500 135 -3,4 7:00 - 11:45

O tempo total de exame, incluindo o posicionamento do paciente, a aquisição de

imagens de RM e dos dados espectroscópicos, ficou em torno de 30 minutos.

3.2.3 Análise dos dados espectroscópicos

Os gráficos adquiridos foram analisados por dois examinadores (H.J.F.M. e

S.M.G.) em consenso. O pós-processamento foi realizado numa estação de trabalho

(LEONARDO®; Siemens Medical Systems) com um programa dedicado à análise da

espectroscopia. Utilizou-se o filtro Gaussiano de 1000 Hz e priorizou-se a

transformação de Fourier em duas direções espaciais, aplicando-se o filtro Hamming.

Ajustou-se a matriz da ERM 1H nos três planos ortogonais utilizados na

programação, determinando-se então quais voxels seriam elegíveis para a análise. Um

voxel foi considerado elegível quando possuía 100% de sua área no interior do tecido

tumoral. Voxels localizados no tecido adiposo adjacente não foram incluídos nas

análises espectrais. Convencionou-se a análise espectral com início cranial e sentido

caudal e da esquerda para a direita.

Uma vez selecionado o voxel para a análise, ampliou-se o eixo das abscissas a

fim de se usar uma amplitude de ppm suficiente (0,5 a 8,5) para a realização da

correção da fase do pico da água com os demais metabólitos. Em seguida, reduziu-se

o intervalo de ppm (0,5 a 4,7) com o objetivo de aumentar a resolução espectral.

Em ambas oportunidades a análise da espectroscopia foi interpretada por

inspeção visual e pelo cálculo das amplitudes dos picos dos metabólitos de interesse,

43

lipídeo (Lip), colina (Cho), creatina (Cr) e catecolaminas (4,0 – 4,3 ppm)(54). Procedeu-

se também a anotação e quantificação de outros picos significativamente distintos dos

primeiros.

Quando esta redução de faixa de ppm não era suficiente para mensurar a Cho

e/ou a Cr, reduziu-se ainda mais o intervalo de 2,5 a 3,5 ppm para que esta

diferenciação e quantificação pudessem ser feitas, exemplificadas pela Figura 30. O

tempo de análise para cada paciente variou de acordo com o número de voxels

elegíveis, variando de 10 minutos nas lesões menores a 50 minutos no caso das

massas de grandes dimensões.

Figura 30. Alteração d e escala no pós-processamento da ERM 1H da adrenal. (A) de 0,5 ppm a 8,5

ppm; (B) de 0,5 ppm a 4,7 ppm; (C) de 2,5 ppm a 3,5 ppm.

3.2.3.1 Análise dos Metabólitos

Uma vez mensuradas as amplitudes dos metabólitos de interesse, calculou-se

as seguintes relações metabólicas: Cho/Cr, 4.0-4.3ppm/Cr, Lip/Cr e Cho/Lip. Levou-se

em consideração para diferenciar as massas ou nódulos apenas as duas primeiras

relações que se mostraram, desde o primeiro trabalho(10), como as de maior

sensibilidade e especificidade na diferenciação entre adenomas, carcinomas,

feocromocitomas e metástases.

Num primeiro momento, foi verificada a reprodutibilidade dos resultados com o

nosso trabalho anterior.

No sentido de se utilizar outros metabólitos para o estudo espectroscópico da

glândula adrenal, trabalhou-se também com a glutamina e glutamato (Glx) e com o

44

lactato (Lac). Tomadas as amplitudes destes metabólitos, fez-se a relação matemática

com a creatina (Glx/Cr e Lac/Cr).

Os picos dos lipídeos mensuráveis foram também analisados e caracterizados.

Procurou-se também determinar os de maior amplitude nos gráficos espectrais e foram

comparados de acordo com os grupos constituídos. Consideramos o cortisol entre 1,40

ppm e 1,70 ppm, o DHEA-S entre 1,22 e 1,33 ppm; a aldosterona entre 1,15 e 1,21

ppm; e a androstenodiona entre 0,75 e 1,14 ppm.

3.2.4 Análise estatística

A amostra foi estudada utilizando-se os programas Excel® e BioEstat 4.0® para

melhor caracterizar as relações metabólicas das massas ou nódulos nos quatro grupos

em análise (adenoma, carcinoma, feocromocitoma e metástase).

Para isso, os valores de tendência central (média e moda) e de dispersão

(desvio padrão e amplitude) foram calculados para cada um dos grupos. Aplicou-se

também o teste t de Student para amostras pareadas, comparando-se as médias das

razões metabólicas nos diferentes grupos, e o Qui-quadrado, para correlacionar as

diferenças entre as relações, com a correção de Yates ou o teste exato de Fisher

quando o valor da caséola fosse menor que cinco.

Fez-se ainda a curva da característica operativa do receptor (ROC) para se

determinar o ponto de corte da relação em que as massas ou nódulos apresentaram

diferenças entre os grupos e avaliou-se o poder de análise das tabelas. A sensibilidade,

especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e acurácia foram calculados a partir dos

pontos de corte determinados. A significância dos testes foi indicada para o valor

menor que 0,05 (p ≤ 0,05).

Estudou-se ainda a significância entre a razão Glx/Cr e o tamanho da massa ou

nódulo, utilizando-se o teste de correlação linear de Pearson (ρ) para medir o grau de

associação entre essas variáveis.

45

4 RESULTADOS

A partir das sequências propostas e metodologia de leitura, conseguimos

realizar o exame em 123 (89,13%) das massas ou nódulos estudados. Das lesões

excluídas, 10 (7,25%) correspondiam a lesões com maior diâmetro inferior a 1,0 cm. O

restante (cinco nódulos – 3,62%) foi retirado do estudo por não possuir o voxel elegível,

mesmo com tamanho do nódulo acima do pré-estabelecido. Mesmo assim, das 123

massas ou nódulos incluídos neste estudo, 32 (25,2%) apresentaram tamanho entre

1,0 e 1,9 cm (média de 1,64 ± 0,27 cm), acordo com a Figura 31.

Figura 31. Gráfico de barras relacionando o número de massas ou nódulos (N) versus tamanho da

lesão. (Lengenda: D=Diâmetro)

A Tabela 1 mostra que foi possível a reprodução dos resultados obtidos no

trabalho anterior(10) utilizando-se a relação Cho/Cr ≥ 1,2 para diferenciar adenoma e

feocromocitoma de carcinoma e metástase, com sensibilidade de 100%, especificidade

de 98,2%, valor preditivo positivo (VPP) de 83,3% e acurácia de 98,4% com um poder

de análise de 0,9872; e a relação 4.0-4.3 ppm/Cr ≥ 1,5 para diferenciar carcinoma e

feocromocitoma do adenoma e metástase, com sensibilidade de 92,3%, especificidade

de 96,9%, VPP de 89,3% e acurácia de 95,93% com um poder de análise de 0,7843. A

Figura 32 mostra o comportamento espectroscópico das massas estudadas.

46

Tabela 1 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS GRUPOS ESTUDADOS PARA AS

RELAÇÕES Cho/Cr E 4.0-4.3ppm/Cr

Grupo

Cho/Cr 4.0-4.3 ppm/Cr

Média ± DP Mín-Máx Média ± DP Mín-Máx

Adenoma 0,09 ± 0,12 0 – 0,67 0,60 ± 0,50 0 – 1,45

Feocromocitoma 0,78 ± 0,34 0 – 1,17 6,36 ± 8,86 1,5 – 34,55

Carcinoma 1,72 ± 0,40 1,25 – 2,35 4,28 ± 1,98 1,69 – 7,98

Metástase 1,42 ± 0,21 1,28 – 1,67 0,92 ± 0,32 0,57 – 1,22

Legenda: DP = Desvio padrão; Mín = Valor Mínimo; Máx = Valor Máximo. p < 0,01

Figura 32. Gráficos espectroscópicos da adrenal em quatro diferentes massas. (A) Metástase; (B)

Feocromocitoma; (C) Adenoma; (D) Carcinoma. Os respectivos picos de Cho, Cr, Lip, Glx e H2O estão

assinalados em suas respectivas curvas.

47

Incluímos também em nossa avaliação os metabólitos Glx e Lac uma vez que

percebemos a presença dos seus picos na grande maioria das massas analisadas. A

avaliação dos mesmos também foi feita por meio da relação com a Cr.

Para as relações Glx/Cr e Lac/Cr, os grupos se comportaram de acordo com a

Tabela 2.

Tabela 2 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS GRUPOS ESTUDADOS PARA AS

RELAÇÕES Glx/Cr E Lac/Cr

Grupo

Glx/Cr Lac/Cr

Média ± DP Mín-Máx Média ± DP Mín-Máx

Adenoma 1,99 ± 1,67 0,0 – 8,75 -4,61 ± 7,77 -38,84 – 0,0

Feocromocitoma 1,41 ± 0,80 0,17 – 3,0 -2,64 ± 3,24 -10,02 – 0,0

Carcinoma 2,49 ± 2,12 0,56 – 7,65 -12,43 ± 7,31 -21,89 - -0,63

Metástase 2,13 ± 2,05 0,0 – 4,1 -2,43 ± 4,22 -7,31 – 0,0

Legenda: DP = Desvio padrão; Mín = Valor Mínimo; Máx = Valor Máximo.

Não houve diferença estatisticamente significante (p>0,05) da relação Glx/Cr

entre as massas analisadas.

Porém, para a diferenciação específica entre feocromocitoma e carcinoma e

entre feocromocitoma e adenoma (Figura 33), a relação Lac/Cr se mostrou

estatisticamente significante (p<0,05).

Figura 33. Gráficos espectroscópicos da adrenal em três diferentes massas evidenciando os

respectivos picos de Cho, Cr, Lip, Glx, Lac e H2O que estão assinalados nas curvas. (A)

Feocromocitoma; (B) Carcinoma; e (C) Adenoma.

48

A curva ROC calculada para a diferenciação entre o grupo feocromocitoma e

adenoma demonstrada na Figura 34A determinou um ponto de corte de -4,79, com

sensibilidade de 65,3%, especificidade de 72,7%, VPP 91,44%, acurácia de 66,65% e

poder de análise de 0,67. Já a curva ROC para diferenciação entre o grupo

feocromocitoma e carcinoma (Figura 34B) determinou um ponto de corte de -7,449,

com sensibilidade de 90,9%, especificidade de 77,8%, VPP 83,35%, acurácia de

85,01% e poder de análise de 0,93.

Figura 34. Curva ROC da relação Lac/Cr entre os grupos adenoma (A) e carcinoma (B) com o

feocromocitoma. A. Lac/Cr ≤ -4,79 (adenoma). B. Lac/Cr ≤ -7,449 (carcinoma).

Percebemos durante a análise que o Glx está associado ao tamanho da massa,

sendo diretamente proporcional ao tamanho do adenoma e carcinoma e inversamente

proporcional ao feocromocitoma. Não foi possível esta associação com metástases

devido ao número reduzido da amostra e semelhança de dimensões. Os gráficos de

dispersão abaixo (Figura 35) especificam este achado.

Aplicou-se o teste ρ para medir a intensidade de associação entre a relação

Glx/Cr e o tamanho da massa ou nódulo. Obteve-se ρ de 0,17; 0,28; e -0,28 (p>0,05)

para os grupos adenoma, carcinoma e feocromocitoma, respectivamente.

Existem diferentes picos de lípides detectáveis nas massas adrenais. Tentamos

identificar e caracterizar se existem picos de lípides que permitam diferenciar as

massas. A Figura 36 mostra os lipídeos encontrados nas massas.

A B

49

Figura 35. Gráficos de dispersão com regressão linear do comportamento entre o tamanho da

massa e a relação Glx/Cr. Adenoma (IC 95% = -1,35 a 0,43), no feocromocitoma (IC 95% = -4,83 a -

0,69) e no carcinoma (IC 95% = -5.78 a -0.87).

Para o adenoma encontramos 52,2% de cortisol; 22,3% de DHEA-S; 7,5% de

aldosterona e 18% de androstenodiona. Para o feocromocitoma encontramos 41,8% de

cortisol; 19,4% de DHEA-S; 7,8% de aldosterona e 31% de androstenodiona. Para o

carcinoma encontramos 41,5% de cortisol; 18,8% de DHEA-S; 18,2% de aldosterona e

21,5% de androstenodiona. Já para a metástase encontramos 57,5% de cortisol; 12,3%

de DHEA-S; 13,7% de aldosterona e 16,5% de androstenodiona.

Figura 36. Lipídeos presentes nos nódulos ou massas adrenais estudados. Androstenodiona (0,75

– 1,14 ppm); Aldosterona (1,15 – 1,21 ppm); DHEA-S (1,22 – 1,33 ppm); e Cortisol (1,40 – 1,70 ppm).

50

A Tabela 3 descreve as principais características dos lipídeos encontrados em

maior concentração nos grupos estudados. Verificou-se que existe uma diferença

estatisticamente significante (p<0,05) entre o tipo de lipídeo, caracterizado por sua

posição na abscissa, presente no adenoma em relação aos outros grupos.

Determinou-se um ponto de corte através da curva ROC (Figura 37) de 1,397

ppm, com sensibilidade de 67,3%, especificidade de 52,7%, VPP de 79,29%, acurácia

de 63,34% e poder de análise de 0,88.

Tabela 3 – ANÁLISE DESCRITIVA DOS LIPÍDEOS NOS GRUPOS ESTUDADOS

Grupo

Lipídeo (ppm)

Média ± DP Mín-Máx Moda

Adenoma 1,49 ± 0,19 0,98 – 2,04 1,6

Feocromocitoma 1,39 ± 0,21 0,7 – 1,79 1,39

Carcinoma 1,39 ± 0,26 0,75 - 1,89 1,16

Metástase 1,29 ± 0,17 0,97 – 1,54 1,24

Legenda: DP = Desvio padrão; Mín = Valor Mínimo; Máx = Valor Máximo.

Figura 37. Curva ROC para determinação do ponto de corte do lipídeo de maior amplitude nas

massas ou nódulos de adrenal. Lipídeo ≥ 1,397 ppm (adenoma).

51

DISCUSSÃO

A utilização de técnicas de ERM de alta sensibilidade e resolução espacial se faz

necessária por conta da localização profunda das glândulas adrenais, da complexidade

de sua anatomia e fisiologia zonal, proximidade de regiões que apresentam efeito

significativo de susceptibilidade magnética e da natureza heterogênea dos nódulos e

massas que as acometem.

Para que o estudo espectroscópico in vivo alcance a sensibilidade adequada

com o tempo de aquisição clinicamente aceitável e distribuição dos sinais dos

diferentes tecidos de modo resoluto, faz-se necessário um campo magnético estático

de pelo menos 1,5 T.(68) Esta condição é relevante porque a polarização ou a

intensidade do vetor depende diretamente do B0 aplicado externamente. (12)

As bobinas de gradiente são também incorporadas para produzir campos

magnéticos que variam linearmente através da amostra. Com isso, é possível utilizar

uma (1D), duas (2D) ou três (3D) dimensões do gradiente de codificação de fase na

obtenção do espectro.(51) Para este estudo usou-se uma sequência espectroscópica 2D

aliando resolução espacial adequada com um tempo de aquisição clinicamente viável,

cerca de 7 minutos para lesões grandes e de aproximadamente 12 minutos para lesões

pequenas.

Para corrigir a distribuição do campo magnético através da amostra

adequadamente, utilizaram-se estratégias chamadas de reforço passivo e ativo. Graças

às bobinas de reforço (shimming), principalmente o ativo, obteve-se mais segurança

nas medidas espectrais, pois o campo magnético produzido foi o mais uniforme

possível dentro do volume de interesse (VDI), reduzindo o tempo de aquisição. (69)

A função primária do sistema de RF é a de transmitir pulsos e receber o sinal de

RM. Este sistema é também desenhado para potencializar o baixo sinal intrínseco de

RM, pois enquanto a voltagem de saída da transmissão é da ordem de 106V, a

voltagem de entrada da bobina receptora é da 0,1 µV. Com isso, a escolha das bobinas

é muito importante e é influenciada pela questão clínica, área de interesse, peso e

tamanho do corpo do paciente. (12)

Os avanços técnicos na aquisição de imagens por RM do abdome passaram

pelo desenvolvimento da bobina de RF de arranjo-de-fase ou bobinas receptoras

52

múltiplas (phased-array), seja na utilização de bobinas únicas, mas com elementos

anteriores e posteriores ao paciente, seja pelo uso de bobinas diferentes, os quais

podem se combinar ou serem usadas individualmente.

A interface da bobina de arranjo-de-fase inclui várias portas de entrada e saída

de sinal. Cada uma das portas de saída está associada com um receptor ligado ao

sistema de imagem por RM. A interface elétrica acopla seletivamente pelo menos duas

entradas de sinal em relação a um grande número de conexões de entrada. (70)

Com isso, esta bobina oferece uma RSR, sensibilidade uniforme e resolução

espacial de uma bobina de superfície, porém com aumento do CDV. Esta característica

normalmente é utilizada para o imageamento do abdome sem aumento do tempo de

aquisição. Pode ser aplicada não só para a produção de imagens como também na

aquisição dos gráficos espectroscópicos, sem restrição quanto ao tipo de sequência de

pulso a ser aplicada.

Além disso, o aspecto mais importante das propriedades da bobina arranjo-de-

fase é a de minimizar o artefato de acoplamento mútuo entre bobinas de superfície

muito próximas. Isto causa a separação das frequências de ressonância e interrompe o

padrão de transmissão e recepção do sinal. (71)

Logo depois da introdução das bobinas arranjo-de-fase, foi reconhecido que elas

poderiam também ser usadas para reduzir ainda mais o tempo de aquisição das

imagens pela amostragem do sinal de RM de modo paralelo. A base dessa técnica está

no conceito de que o tempo de aquisição é proporcional ao número de linhas de

codificação de fase numa abordagem Cartesiana. Na imagem de RM em paralelo, o

uso das antenas de arranjo-de-fase é importante para diminuir ou prevenir artefatos de

dobramento. (72)

As técnicas de imageamento parcial em paralelo em aquisição simultânea com a

harmônica espacial (SMASH) vêm sendo combinada com protocolos de imagem em

tomada única (single shot) como aquisições ecoplanares, de ruptura e tomada única

metade-Fourier turbo spin eco (HASTE ou RARE). Esta última, usada neste estudo,

caracteriza-se por ser uma sequência de RM ponderada em T2 ultra-rápida que em

adquire mais da metade de uma imagem 2D no Espaço K depois de um único pulso de

excitação por meio de um trem de eco separado por pulsos de refocalização. Esta

sequência é menos sensível ao movimento e pode ser adquirida em apnéia. (73)

53

O método PRESS foi utilizado para a localização espectroscópica deste estudo.

Esse método excita diretamente o volume de interesse com mínima excitação do

restante da amostra. A codificação do volume, seja ele único ou múltiplo, pode ser

obtida por uma única seqüência de pulso, com três pulsos seletivos, cada qual ao longo

das direções x, y e z, para obter a localização.

A metodologia PRESS pode ser precedida pelos pulsos de desvio químico

seletivo (CHESS) e o protocolo de BASING para que se obtenha a supressão da água.

A supressão realizada pelas barras de saturação externas também podem ser

programadas antes da aquisição espectroscópica. (12, 35) Pelo método de supressão

espectral, a magnetização transversa é seletivamente retirada de fase antes e depois

do segundo pulso de spin-eco. A retirada de fase afeta a água somente entre 4.0 a 5.4

ppm.(12, 35)

Adicionalmente ao PRESS, utilizou-se para este experimento o método de

localização CSI adquirido de forma multidimensional. A aquisição de dados é realizada

na ausência do gradiente de codificação de frequência, com isso a informação do

desvio químico pode ser conservada. É classificada em seqüência com spin eco e sem

spin eco. A vantagem do método com eco, aplicado neste estudo, é a movimentação

com a aquisição dos dados, ligando os gradientes, e permitindo que todas as

ressonâncias entrem em fase na codificação de fase.

Dentre os problemas da CSI tem-se a interferência da intensidade do pico para

espécies de tempo T2 curto e a necessidade de um grande número de codificações

para se obter um simples volume. Contudo, é excelente para se obter mapas

metabólicos. (12, 35)

Os primeiros estudos de ERM do 1H in vivo da glândula adrenal foram realizados

utilizando imagens espectroscópicas, como forma de seleção da região de interesse

espectroscópico. Apesar dos primeiros resultados terem sido satisfatórios, algumas

limitações desta metodologia precisam ser destacadas: a impossibilidade de se

construir os gráficos espectrais, a visualização da massa ou nódulo em apenas um

plano ortogonal, o baixo valor de B0, e restrição em se visualizar apenas a água e a

gordura.(22)

Kim et al. em 2009 propuseram o uso da ERM do 1H in vivo single-voxel com

monitoração respiratória para o estudo da glândula supra-renal. Mesmo com os

54

primeiros resultados animadores, os problemas em se usar a localização single-voxel

permanecem, quer seja na inabilidade de acesso da distribuição espacial das

alterações metabólicas observadas; na dificuldade de comparação dos níveis

metabólicos entre duas regiões diferentes; no posicionamento do volume que deve ser

realizado no momento do exame, baseando-se nas imagens da RM, na qual a região

de interesse pode ser difícil de localizar; e, ainda, limitando-se a massas relativamente

grandes (8cm3 – 27cm3) e TE curto. (11)

Com o objetivo de superar estas limitações, começou-se a utilizar o volume

múltiplo 2D, como forma de seleção da região de interesse espectroscópico, com a

ativação de dois gradientes, a partir do plano sagital da glândula supra-renal.(10) A

aquisição de volumes múltiplos nega a necessidade de se saber a exata localização do

câncer, fornecendo informações espectrais sobre a sua extensão espacial e

heterogeneidade metabólica. (42)

Em nosso estudo houve a necessidade de realizar algumas modificações nas

etapas de aquisição e pós-processamento do protocolo da ERM do 1H da adrenal

quando comparadas com as fases iniciais do projeto.(10) Além da bi dimensionalidade

da sequência de pulso espectral, a não angulação do multi-voxel, a melhoria do ajuste

do CDV à massa ou nódulo e o equilíbrio da RSR após este ajuste são itens de grande

impacto nesta otimização.

Mantivemos a aquisição de três planos sagitais (respiração livre, inspiração

máxima e expiração máxima) para determinar o local mais provável da lesão estar

situada, restringindo o shimming nesta região. Este método não é perfeito, mas

compensa a falta de monitoramento respiratório na sequência multivoxel.

No que se refere ao pós-processamento, as alterações protocolares evoluíram

juntamente com os novos aplicativos disponibilizados pela Siemens Medical Systems

que possibilitaram uma melhor análise dos dados espectroscópicos. O pós-

processamento com escalas diferentes de uma amplitude maior (0,5 a 8,5 ppm) para

uma menor (0,5 a 4,7 ppm) permitiu um melhor ajuste da linha de base levando-se em

consideração o pico da água com os demais metabólitos na determinação automática e

manual da fase e da frequência do espectro. Nos casos em que havia necessidade,

estreitou-se ainda mais o eixo x (2,5 a 3,5 ppm) no sentido de se evidenciar melhor

amplificando os picos da colina e da creatina e o volume do voxel foi aumentado ou

55

diminuído de acordo com o tamanho da massa. Tudo isso fez com que a determinação

do voxel elegível fosse realizada com mais segurança e rapidez.

Mesmo com o impacto positivo dado por estas alterações, os critérios

matemáticos determinados em nosso trabalho anterior se mantiveram satisfatórios na

determinação de adenomas, carcinomas, feocromocitomas e metástases.

Desta forma, a amostra atual mostrou uma sensibilidade de 100%,

especificidade de 98,2%, VPP de 83,3% e acurácia de 98,4% para a relação Cho/Cr ≥

1,20 para diferenciação do carcinoma e metástase do adenoma e feocromocitoma.

Anteriormente, em nosso primeiro trabalho, havíamos obtido 92%, 96%, 86% e 95%,

respectivamente.

Enquanto que para a relação 4,0-4,3 ppm/Cr ≥ 1,50 obteve-se uma sensibilidade

de 92,3%, especificidade de 96,9%, VPP de 89,3% e acurácia de 95,93% para

diferenciar carcinoma e feocromocitoma do adenoma e metástase contra 87%, 98%,

98% e 95% do primeiro trabalho, respectivamente.

Na nossa análise percebemos a frequente presença dos picos de Glx e Lac.

Decidimos, à semelhança do que foi feito para os outros metabólitos, incluí-los na

nossa análise sob a forma de relação com a Cr.

A relação Glx/Cr não apresentou diferença estatisticamente significante na

diferenciação das massas ou nódulos, mas mostrou que está relacionada com o

tamanho da lesão, diretamente proporcional ao adenoma e carcinoma e inversamente

proporcional ao feocromocitoma. Talvez em um futuro próximo possamos estabelecer

um valor para esta relação e com uma correlação ρ de moderada a forte.

Já para a relação Lac/Cr, obteve-se uma diferença estatisticamente significante

quando foi comparado o grupo do feocromocitoma com os grupos adenoma e

carcinoma. A curva ROC mostrou que esta razão metabólica quando acima de -7,449

possui sensibilidade de 90,9%, especificidade de 77,8%, VPP 83,35%, acurácia de

85,01% para separar carcinomas de feocromocitomas, que representava uma das

maiores dificuldades em relação ao estudo anterior, portanto somando-se esta nova

relação aumentamos a capacidade de diagnóstico e diferenciação.

Este estudo também procurou caracterizar os tipos de lipídeos presentes nos

grupos e qual deles possuía maior concentração. Verificamos quatro componentes

56

presentes nos quatro grupos estudados em quantidades mensuráveis à ERM do 1H

(androstenodiona, aldosterona, DHEA-S e cortisol).

Notamos também que o cortisol é o metabólito mais frequente dentre todos os

outros em seus respectivos grupos, já que acima de 41,5% dos lípides presentes nas

massas ou nódulos de adrenal estão entre 1,40 e 1,70 ppm. Quando comparamos os

lipídeos de maior amplitude presentes na curva espectral verificamos que existe uma

diferença estatisticamente significante do adenoma em relação aos outros grupos.

Porém, este dado não se mostrou eficiente suficiente para servir como critério de

análise espectroscópica na diferenciação das massas.

Em nossos estudos paralelos estamos tentando comparar as concentrações dos

lipídeos obtidas nos gráficos espectrais com provas laboratoriais e desta forma

diferenciar massas de adrenal funcionantes de não-funcionantes.

57

6 CONCLUSÃO

A partir da sequência de ERM do 1H apresentado foi possível estabelecer um

protocolo eficaz para a diferenciação dos nódulos e massas das glândulas adrenais.

Este protocolo de aquisição de imagem e ERM permitiram a realização do

exame em 123 (89,13%) das massas com lesão superior a 1,0 cm.

A sistemática de pós-processamento foi eficaz na diferenciação dos nódulos.

58

7 ANEXOS

Anexo 1 – Quadro de identificação dos pacientes por grupo

Carcinoma

NOME IDADE SEXO TAMANHO (cm) Cho/Cr 4.0-4.3ppm/Cr Lac/Cr Glx/Cr DIAGNÓSTICO

APP 17 M 7,33 1,3438 7,983 -0,6305 2,9054 Adenocarcinoma

AFS 13 F 5,46 2,3556 3,9423 -21,8961 1,6677 Adenocarcinoma

FAS 52 M 8,48 1,7179 5,5257 -12,3829 7,6488 Adenocarcinoma

FAS 52 M 3,55 1,2464 3,9022 -9,1603 1,729 Adenocarcinoma

GAJ 59 M 10,85 1,4652 2,0729 -14,8019 2,2319 Adenocarcinoma

LMGL 49 F 6,31 1,7728 5,9961 -19,6071 0,5672 Adenocarcinoma

MAF 40 F 6,99 2,191 1,6999 -9,3085 1,1662 Adenocarcinoma

MHFG 73 F 1,53 2,0629 3,0263 -4,2454 1,1979 Adenocarcinoma

SDG 49 M 1,9 1,3499 4,3395 -19,8167 3,3581 Feocromocitoma

Metástase

NOME IDADE SEXO TAMANHO (cm) Cho/Cr 4.0-4.3ppm/Cr Lac/Cr Glx/Cr DIAGNÓSTICO

LFCB 68 M 3,07 1,3066 0,5757 0,0 4,1003 Metástase

PVN 75 M 2,75 1,2829 0,9555 -7,3092 2,3036 Metástase

RI 57 F 14,35 1,6667 1,2222 0,0 0,0 Adenoma

Feocromocitoma

NOME IDADE SEXO TAMANHO (cm) Cho/Cr 4.0-4.3ppm/Cr Lac/Cr Glx/Cr DIAGNÓSTICO

AB 41 M 1,69 0,0 1,5 0,0 2,7604 Feocromocitoma

AFF 73 M 9,61 1,0872 8,1402 -2,0949 0,1679 Feocromocitoma

CMS 29 F 7,51 1,1756 1,6835 -0,9485 0,78665 Feocromocitoma

EMG 55 F 2,25 1,1406 4,3185 -2,2244 3,0058 Adenoma

EGV 47 F 2,31 0,9935 1,5467 0,0 8,7752 Feocromocitoma

EMES 61 F 3,18 0,75 3,2917 0,0 1,7292 Adenoma

FZC 42 M 9,01 0,9106 7,6775 -6,5742 1,1079 Feocromocitoma

IMJ 63 F 8,73 0,7524 2,2561 -10,0245 2,1019 Feocromocitoma

59

JG 54 M 4,49 0,8846 1,94 -0,9167 1,5666 Feocromocitoma

JG 54 M 7,44 1,1035 1,6325 -0,2222 1,0736 Feocromocitoma

JS 21 F 4,42 1,0713 2,9426 -3,4083 0,4528 Feocromocitoma

MAB 62 F 7,1 0,7214 13,9166 -7,4490 1,0912 Feocromocitoma

MAT 52 F 2,64 0,8822 1,9874 -0,5183 1,5984 Feocromocitoma

MOM 53 F 6,85 0,3098 34,5506 -3,5115 1,2513 Feocromocitoma

MMF 70 F 2,1 0,5 23,3667 0,0 1,1667 Feocromocitoma

NC 60 F 1,59 0,9259 2,0555 -4,6111 0,4444 Feocromocitoma

PCCF 2,39 0,9357 1,5478 0,0 0,4979 Feocromocitoma

PCCF 30 F 3,54 0,7133 2,4909 0,0 7,5729 Feocromocitoma

RMN 63 M 6,92 0,6296 2,4799 0,0 0,7109 Adenoma

Adenoma

NOME IDADE SEXO TAMANHO (cm)

Cho/Cr 4.0-4.3ppm/Cr Lac/Cr Glx/Cr DIAGNÓSTICO

AMC 70 F 2,39 1,0 0,6333 0,0 0,7 Adenoma

AMC 73 F 2,17 0,8363 0,0 0,0 0,3409 Adenoma

AA 79 F 2,88 0,8417 0,8917 0,0 0,0 Adenoma

AA 79 F 1,53 1,0 0,8333 0,0 2,8333 Adenoma

AFS 73 F 2,45 1,125 1,4583 -1,0 0,9375 Feocromocitoma

ASA 49 F 2,78 1,0184 1,0632 0,0 1,1756 Adenoma

ASA 49 F 5,3 0,0 0,0 -3,48958 0,4786 Adenoma

MAS 70 M 1,63 0,0 0,0 0,0 2,1042 Adenoma

AGL 63 M 5,54 0,7475 1,4015 -4,7899 1,5229 Hiperplasia congênita

AGL 64 F 5,02 1,1511 1,3898 -2,3408 1,4970 Hiperplasia congênita

ASM 69 F 2,47 1,1146 1,0 0,0 2,6116 Adenoma

BL 69 F 2,31 1,0769 1,0 0,0 2,4722 Adenoma

CPBL 45 F 1,98 0,7685 0,9413 -18,0417 1,2062 Adenoma

CM 61 M 1,78 0,0 0,0 0,0 1,3701 Adenoma

CM 61 M 2,01 0,0 0,0 0,0 2,1 Adenoma

CPS 54 M 3,18 0,4396 0,0 -1,2418 1,8485 Adenoma

CRS 67 F 1,43 1,0 0,75 0,0 1,375 Adenoma

60

CCS 64 F 3,98 0,9797 1,142 -8,2265 2,5516 Adenoma

CPZ 57 F 1,99 1,125 0,475 -8,0 4,56 Adenoma

DMLM 56 F 1,19 0,9167 0,0 0,0 1,5333 Adenoma

DS 48 F 6,92 1,2 0,9 -2,5667 7,3444 Adenoma

SEM 47 F 6,16 1,16911 0,7909 -38,8441 3,2122 Adenoma

EMI 50 F 1,49 0,0 0,0 0,0 2,2738 Mielolipoma

EBBS 47 F 5,37 0,9645 0,9818 -8,3916 2,6416 Adenoma

EPS 61 F 2,47 1,0 1,0 0,0 4,6 Adenoma

EFM 62 F 2,87 0,351 0,0 -4,7954 1,7121 Adenoma

EGB 58 F 3,19 0,8917 0,0 0,0 3,5234 Hiperplasia bilateral

EGB 58 F 1,68 0,7738 0,0 0,0 1,9712 Hiperplasia bilateral

ENS 57 F 2,8 1,0 1,0 -18,9567 4,5317 Adenoma

SEM 50 F 1,87 0,9148 1,1071 -6,2645 0,5857 Adenoma

EVS 66 M 3,22 0,9383 0,6333 0,0 2,8974 Adenoma

FEO 64 F 1,24 0,9524 0,9524 0,0 0,4286 Adenoma

FMC 87 F 1,93 0,0 0,0 0,0 1,9167 Adenoma

FCVF 62 M 2,65 0,3461 0,459 -2,6051 2,3243 Adenoma

FCVF 62 M 1,19 1,0444 0,7719 -17,0937 3,4284 Adenoma

FSB 70 M 3 0,7197 0,8258 -1,5818 0,4848 Adenoma

GFS 60 F 3,18 1,0867 0,3 -0,7333 5,3833 Adenoma

GC 71 M 5,52 0,7835 0,8957 -21,238 1,3256 Adenoma

IDPF 72 F 2,75 0,9762 0,5714 -7,7857 2,2619 Adenoma

ICFB 53 F 2,65 1,0972 0,75 -7,4167 1,4028 Hamartoma

JNP 72 M 1,89 0,1 0,0 0,0 2,205 Cisto

JHS 60 M 2,36 0,9487 0,875 -0,225 1,395 Adenoma

JP 52 M 5,15 1,0079 1,0762 -3,8329 0,8182 Adenoma

JOS 80 M 1,31 0,8889 0,0 -34 3,6667 Adenoma

JM 49 F 2,12 0,3059 1,4059 -19,9119 1,1083 Adenoma

LAVM 71 F 3,46 0,9927 0,0 -2,7917 6,4551 Adenoma

LFBN 51 F 1,99 0,5 0,0 0,0 1,75 Adenoma

LCS 47 F 3,34 0,3945 0,0 0,0 0,0 Adenoma

61

LMM 44 F 3,37 0,9995 0,6111 0,0 2,5962 Hiperplasia bilateral

LMM 44 F 1,12 0,8958 0,0 -1,9167 1,7917 Hiperplasia bilateral

LMM 45 F 1,5 0,8587 0,5982 0,0 1,005 Hiperplasia bilateral

LMM 45 F 3,25 1,0885 0,3784 -5,5732 1,6189 Hiperplasia bilateral

LBF 78 F 2,56 0,8229 1,2083 -1,6667 1,7153 Hiperplasia bilateral

LBF 78 F 1,7 0,0909 0,0606 0,0 1,0 Hiperplasia bilateral

LBF 79 F 2,61 0,0 0,0 0,0 1,7291 Histoplasmose

LAM 76 M 5,99 1,0575 1,3397 -11,2899 2,7439 Histoplasmose

LAM 76 M 6,1 0,9283 1,2863 -6,8331 0,4646 Adenoma

MAM 62 F 2,09 0,9035 0,0 0,0 4,3158 Adenoma

MPS 55 M 2,04 0,9286 1,0 0,0 1,0357 Adenoma

MPS 55 M 1,93 1,0 0,0 -7,8889 1,2222 Adenoma

MRGZ 48 F 2,54 1,0 1,0 -15,3889 1,9507 Adenoma

MRGZ 48 F 3,35 0,995 1,0121 -4,8 1,5798 Adenoma

MAFM 45 F 1,96 1,0746 0,7714 0,0 1,6333 Adenoma

MCPS 59 F 2,19 0,8424 0,9701 -14,5714 1,2381 Adenoma

MCSM 57 F 1,81 1,0543 0,0 -5,9566 1,4235 Adenoma

MCPM 55 F 11,48 0,9264 1,332 -5,9758 0,0 Adenoma

MGA 75 F 1,82 0,8571 1,0 0,0 1,7857 Adenoma

MHS 60 F 2,86 0,2430 1,3422 -15,6133 1,6081 Adenoma

MHS 60 F 2,93 0,2 0,0 -13,7 8,75 Adenoma

MLSS 56 F 3,41 0,9928 0,9059 0,0 2,7667 Adenoma

MLSS 58 F 3,57 1,0127 0,7324 -6,0889 1,1544 Adenoma

MNRB 56 F 3,93 1,0574 1,2558 0,0 1,0026 Adenoma

MTSR 38 F 7,02 1,034 1,2731 0,0 1,6795 Adenoma

MAA 42 F 2,74 0,9687 1,0 -4,1646 4,4687 Adenoma

MCA 66 M 1,47 1,1151 0,0 -1,3056 0,0 Adenoma

MCA 66 M 3,61 0,0 0,0 0,0 2,0617 Adenoma

NGF 45 F 2,33 0,2631 0,3947 -0,3684 2,1561 Adenoma

PTV 64 M 2,31 0,0 0,0 0,0 1,5359 Adenoma

PE 76 M 1,69 0,8352 1,4167 -15,2037 0,0 Hiperplasia bilateral

62

RC 64 M 2,05 0,7333 0,8267 0,0 2,22 Hiperplasia bilateral

RSS 53 F 4,68 0,0375 0,6826 0,0 0,1439 Mielolipoma

RFS 53 M 7,35 0,6636 1,1706 -6,6554 5,4606 Adenoma

RLJ 63 M 10,67 1,1597 0,2005 -33,8318 3,3664 Adenoma

SDT 56 M 4 0,36 0,0 0,0 0,5 Adenoma

VLG 58 F 4 0,7414 0,5824 0,0 0,0 Adenoma

VAM 46 F 1,19 0,4167 0,645 0,0 1,75 Adenoma

VLB 51 F 4,32 0,0 0,0 0,0 0,2292 Adenoma

VLSB 61 F 1,96 0,0 0,0 0,0 0,0 Adenoma

VHG 57 M 3,29 1,0267 1,0307 -14,6039 4,1348 Adenoma

WGB 62 M 1,49 1,0 0,0 0,0 1,0086 Adenoma

YK 65 F 2,97 0,9587 0,0 0,0 0,7076 Adenoma

ZCA 80 F 6,14 1,2053 1,1787 -2,4716 0,339 Adenoma

63

Anexo 2 – Planilha para a realização da análise da espectroscopia por ressonância magnética.

ESPECTROSCOPIA DA GLÂNDULA ADRENAL

Nome:_____________________________________

Data do exame:__/__/__ Idade:____

Volume da massa: ___ x ___ x ____

Voxel Posição 4.0-4.3

ppm

Cho Cr Lip Lac 5.5 – 6.5

ppm

Glx Lip 2

64

Anexo 3 – Projeto de pesquisa submetido à aprovação do Comitê de Ética Médica da UNIFESP

65

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Abstract

Purpose: To improve 1H MRS protocol for adrenal glands’ nodules and masses

differentiation, especially adenomas, pheochromocytomas, carcinomas and metastasis.

Methods: We have evaluated prospectively, 118 patients (36 men and 82 women),

mean age 57.3 ± 13.3 years-old, with 138 adrenal nodules or masses. The exams were

performed with 1.5-T MR imaging and 43 mT/m gradients system (Magnetom Sonata;

Siemens Medical Systems, Erlangen, Germany) and 1.5-T MR imaging and 33 mT/m

gradients system (Magnetom Espree; Siemens Medical Systems, Erlangen, Germany).

The multivoxel grid cranium-caudal adjustment was performed using three sagittal

sequences (maximum inspiration, expiration and free breathing) and left-right and

anterior-posterior by using axial and coronal sequences. We used a multivoxel system

acquired by hybrid PRESS CSI 2D sequence commercially available by Siemens

Medical Systems (Erlangen, Germany). We defined also a post-processing and analysis

systematic for all off the masses. The post-processing was performed at a workstation

(LEONARDO®; Siemens Medical Systems) with spectroscopy analysis dedicated

program. The spectroscopic analysis was interpreted by means of visual inspection and

metabolite peak amplitude measurements, lipid (Lip), choline (Cho), creatine (Cr) and

catecholamines (4.0-4.3 ppm) addition of lactate (Lac), glutamine plus glutamate (Glx).

We separated too different lipid picks presents in each group studied. We have applied

the previously implanted mathematics ratio (Cho/Cr; 4.0-4.3/Cr; Lip/Cr e Cho/Lip) and

we tested another’s (Lac/Cr e Glx/Cr). We studied the lesion size and Glx/Cr correlation.

Results: Using the sequences indicated in 1H MRS and the post-processing and

analysis systematic was possible to do the exams in 123 (89.13%) included masses

with earlier published results reproduction. The metabolic ratio Lac/Cr ≤-7.449 had

90.9% sensibility and 77.8% specificity in pheochromocytomas and carcinomas

differentiation. There was no difference between groups for Glx/Cr ratio (p>0,05), but

we had inferred adenoma, carcinoma, pheochromocytomas lesion’s size and this

metabolic ratio value correlation. We have founded androstenodiona, DHEA-S,

aldosterona and cortisol in all off the studied masses and the adenoma was differed

from other by having increased cortisol levels. Conclusions: From the outlined 1H MRS

sequence it was possible to establish an effective procedure for adrenal glands nodules

and masses differentiation. This MR and MRS acquisition protocol allowed the exam

realization in 123 (89.13%) masses with more than 1.0 cm lesion. The post-processing

systematic was effective in nodules differentiation.

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