Hoje Macau 28 MAR 2014 #3060

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SEXTA-FEIRA 28.3.2014

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Hoje Macau N.º3060 de 28 de Março de 2014.

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SEXTA-FEIRA 28.3.2014

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AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

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PORTUGAL MOSTRA A MACAU O MELHOR QUE TEM FEITO

INSTITUIÇÃO FAZ HISTÓRIA

IPM no ranking das universidades da China

ENSINO SUPERIOR ÚLTIMA

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ÁREA AMBIENTAL PÁGINA 3

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Entre outras justificações, esta é uma das que a DSSOPT avançou ao HM. O Parque Central da Taipa, entregue à polémica Chon Tit, deveria estar concluído em Dezembro de 2012 e ainda não se sabe quando estará operacional. TAIPA PÁGINA 5

PARQUE CENTRALObras continuam atrasadas por causa dos ladrilhos

DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 S E X TA - F E I R A 2 8 D E M A R Ç O D E 2 0 1 4 • A N O X I I I • N º 3 0 6 0

hojemacau

JOSEPH STIGLITZ

Morteaos cheques

! PÁGINA 2

O Nobel da Economia não tem dúvidas: o Governo tem de acabar com os cheques pecuniários e dar mais atenção à saúde ou à educação. “Para que sejam áreas acessíveis a todos.”

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2 hoje macau sexta-feira 28.3.2014MIECF

ANDREIA SOFIA [email protected]

M ESES depois de ter estado em Macau para dar uma pa-lestra a convite da

Autoridade Monetária e Cambial (AMCM), Joseph Stiglitz, Nobel da Economia, regressou para participar no arranque do Fórum e Exposição Internacional de Coo-peração Ambiental (MIECF). Aos jornalistas, deixou uns conselhos a Macau para o combate às desigual-dades sociais, panorama comum em muitos países do mundo. O eco-nomista, doutor Honoris Causa da Universidade de Macau (UMAC) diz que há algo mais importante do que dar cheques à população. “Uma das coisas que procuro enfatizar é que os problemas da falta de oportunidades atravessam muitas sociedades, e o acesso à riqueza é um problema, e não só na China. Recomendaria o investimento na saúde e na educação, para que sejam áreas acessíveis a todos.”

E deu o exemplo do seu país, os Estados Unidos. “Em Nova Iorque começou-se a dar uma educação gratuita desde o ensino infantil, porque percebeu-se que as desigualdades começam desde a infância e que depois é difícil resolvê-las. Gastaria mais dinheiro para começar desde o inicio.”

O Nobel da Economia, que dá hoje uma palestra na UMAC sobre a questão da desigualdade social, disse que a manutenção do pleno emprego, sem esquecer os resultados negativos, tem o aspecto positivo: todos podem ter o acesso à riqueza do território. “Em Macau tem havido o pleno emprego. Seja

Uma das coisas que procuro enfatizar é que os problemas da falta de oportunidades atravessam muitas sociedades, e o acesso à riqueza é um problema, e não só na China. Recomendaria o investimento na saúde e na educação, para que sejam áreas acessíveis a todosJOSEPH STIGLITZ

Para Joseph Stiglitz, o Governo de Macau deveria investir mais em saúde e educação por forma a combater as desigualdades sociais, em vez de atribuir os cheques pecuniários. Mas deixou o aviso: o pleno emprego tem sempre efeitos positivos para garantir que todos têm acesso a uma parte da riqueza

JOSEPH STIGLITZ NOBEL DA ECONOMIA, PRESENTE NO ARRANQUE DO MIECF, DEIXA CONSELHOS A MACAU

Mais saúde e educação em vez de cheques

PORTUGAL DEVE “REESTRUTURAR PROFUNDAMENTE” A DÍVIDA

de que forma for que se atinja esse objectivo, haverá efeitos positivos. A forma como isso foi conseguido em Macau foi através de uma in-dústria em concreto, mas a razão fundamental não é a indústria, mas sim que existe emprego pleno, e essa é a política mais importante – ou das mais importantes – que qualquer sociedade tem que ter.”

A CONFIANÇA NO SISTEMAJoseph Stiglitz considera que as desigualdades na China são uma realidade, apontando que a corrupção é uma das origens. E deixa o aviso. “É preciso confiar no sistema, e isso é importante em qualquer sociedade. Um dos problemas que a China está a en-frentar é o alto nível de corrupção e a falta de confiança nas institui-ções sociais. O Governo chinês

reconheceu isto e tem feito uma campanha bem sucedida contra a corrupção. Esta é uma das origens para a desigualdade.”

Mas não deixou de referir os problemas ambientais. “Resolver apenas o problema da corrupção não vai aumentar a confiança no sistema. Um problema é também os problemas ambientais. Se as pessoas começarem a acordar de manhã sem conseguir respirar quando abrem a janela, vão dizer que o Governo não está a fazer o que devia para nos proteger.”

O Nobel da Economia considera ainda que se a China tiver uma crise

económica à semelhança da que aconteceu no ocidente, em 2008, terá outros meios de lidar com ela. Por uma razão simples. “A China tinha reservas financeiras no valor de 3,8 mil milhões e isso deu-lhe outra posição. Depois tem um maior controlo sobre a economia do que os Estados Unidos, tem mais ins-trumentos e mais recursos. Prova-velmente terá mais condições (para enfrentar uma crise financeira).”

O PROBLEMA DA DESIGUALDADEO autor do livro “O Preço da Desigualdade” lembrou que o avanço entre a existência de muitas

famílias pobres na China para uma classe média de vida confortável fez-se num curto espaço de tempo. Nesse período, “o valor do salário mínimo não mudou nos Estados Unidos”, onde “a classe média está estagnada há 40 anos”.

“Os níveis de desigualdade nos dois países é diferente, mas é igual em termos globais. Pela mesma razão que é má nos Esta-dos Unidos e má na China, o seu crescimento significa que quem vive nas zonas rurais não tem o mesmo acesso à educação de quem vive nas cidades.”

“As sociedades em que a di-visão entre ricos e pobres é muito grande tornam-se disfuncionais sob todas as formas. Os piores exemplos estão na América Latina, onde os ricos vivem em condomí-nios fechados e as crianças têm que ter guarda-costas. Esse tipo de sociedade não é do interesse nem dos mais ricos”, frisou Stiglitz.

Joseph Stiglitz preferiu não dizer se assinaria o “Manifesto dos 70”, assinado por 70 figuras públicas em Portugal em que se pede a reestruturação da dívida pública do país, mas defendeu que o país precisa

de o fazer “de forma profunda”. “Não conheço o documento. (Mas) precisam reestruturar a dívida e quando o fizerem devem fazê-lo de uma forma profunda. Se essa reestruturação não for suficiente, voltarão a ter problemas

dentro de três anos, tal como a Grécia teve.” Mas Stiglitz chama a atenção para a posição das estruturas europeias. “Há uma resistência muito grande no Banco Central Europeu e na Alemanha à reestruturação da dívida. Representam

os interesses dos credores que querem sempre estrangular o devedor. O que é pouco inteligente, porque estrangulando o devedor conseguem menos do que conseguiriam se o tratassem bem. Mas há uma propensão para estrangular.”

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3 miecfhoje macau sexta-feira 28.3.2014

ANDREIA SOFIA [email protected]

O Secretário de Estado do Ambiente em Por-tugal, Paulo Lemos, veio a Macau liderar

uma comitiva de 24 empresas que pretendem dar a conhecer o que de melhor se faz no país em matéria de preservação ambiental. A visita acontece no âmbito de mais uma edição do Fórum e Exposição Inter-nacional de Cooperação Ambiental (MIECF), que começou ontem no Venetian e termina este Sábado.

No arranque do evento, Paulo Lemos reuniu com o secretário para os Transportes e Obras Públicas, Lau Si Io, estando ainda agendados um encontro com Francis Tam, da tutela da Economia e Finan-ças, e um jantar com o Chefe do Executivo.

Tudo em prol do reforço de cooperação. “Já existe uma coo-peração mas queremos aprofundar essa ligação do ponto de vista institucional e empresarial”, disse Paulo Lemos à saída da reunião. “Convidei o secretário a visitar Portugal para conhecer in loco a realidade na área do ambiente, e a ideia é promover trabalhos entre os técnicos portugueses e de Macau nas diversas áreas do ambiente.”

“Vamos ter um programa inten-so de contactos com representantes de outras regiões do Delta do Rio

O S problemas ambientais vividos no continente marcaram os discursos dos dirigentes chineses na cerimónia de

abertura do Fórum e Exposição Internacional de Cooperação Ambiental (MIECF), que teve lugar ontem durante a manhã no Venetian. “Estamos cientes de que, actualmente, a China está numa situação muito difícil. e os desafios são diferentes em relação a outros países, e para resolvê-los não é fácil”, disse To Ruihe, subdirector do Gabinete para os Assuntos de Hong Kong e Macau e em representação do Ministro de Protecção Ambien-tal da China (Zhou Shengzian).

“Temos diferentes problemas na área ambiental que não são fáceis de resolver, e por isso é muito bom termos esta plataforma para fazermos um intercâmbio e resolver os problemas que temos pela frente”, disse ainda.

Feng Liang, ligado ao departamento de conservação de recursos e protecção ambiental do Governo Central, garantiu que, apesar dos “problemas”, o Governo Central tem vindo a fazer esforços no combate à poluição. “Desde o 11.º Plano Quinquenal que promovemos gran-des projectos ao nível da reforma legislativa, para além de diferentes mecanismos para que possamos ter um bom ritmo de desenvolvi-mento sem agravar a emissão de poluentes.”

“Iremos empenhar esforços para aperfei-çoar toda a situação do ambiente. Sabemos que é o desafio de todos nós em encontrarmos soluções para ultrapassar este problema. Até 2015 haverá espaço para melhorar o sector ambiental”, acrescentou Feng Liang, sem esquecer as oportunidades advindas da coope-ração entre a China e outros países do mundo.

Chui Sai On, Chefe do Executivo, também proferiu um discurso onde realçou a impor-tância que a RAEM dá à protecção ambiental. “Com o desenvolvimento da economia local, procuramos melhorar a qualidade do ambien-te, promover o desenvolvimento da indústria ambiental e aumentar a cooperação com esta indústria em termos regionais e internacionais.”

No primeiro dia foi ainda actualizado o “Acordo de Cooperação Ambiental entre o Interior da China e a Região Administrativa Especial de Macau”, entre o secretário dos Transportes e Obras Públicas, o director dos Assuntos de Protecção Ambiental (DSPA) e dirigentes chineses. O objectivo é o reforço bilateral nesta área ao nível de “preservação de ecossistemas naturais, prevenção e controlo da poluição”, entre outras áreas. – A.S.S.

O secretário de Estado do Ambiente de Portugal esteve reunido com o secretário Lau Si Io na manhã de ontem para dar a conhecer o que de melhor Portugal tem feito na área ambiental, estando também agendado um encontro com Francis Tam. A EGF vem ao MIECF tentar a sua sorte no processo de privatização

SECRETÁRIO DE ESTADO DO AMBIENTE DE PORTUGAL REUNIU COM SECRETÁRIO DOS TRANSPORTES

“Milagre português” mostrado a Lau Si Io

POLUIÇÃO NO CONTINENTE MARCOU DISCURSOS NO ARRANQUE DO MIECF

“A China está numa situação muito difícil”

das Pérolas no sentido de mostrar o que estamos a fazer em Portugal nesta área. Mostrar que, além da tecnologia, temos o know-how. Passámos de níveis muito baixos na área do ambiente, qualidade do ar e água, para níveis europeus. Essa experiência, chamada de milagre português a nível internacional, pode ser partilhada.”

QUEM QUER COMPRAR A EGF? O MIECF recebe pela primeira vez a maior comitiva de sempre de

empresas portuguesas, num total de 24. A EGF, uma unidade de ne-gócios da empresa pública Águas de Portugal, vem à procura de possíveis compradores, desde que o Governo de Pedro Passos Coelho decreto a sua venda. “O objectivo aqui era um pouco divulgar junto das entidades macaenses e chinesas no sentido de haver a possibilidade e interesse, já que é um concurso in-ternacional. Temos conhecimento de que há duas empresas chinesas interessadas, mas também outras.

(Vamos) avaliar a possibilidade de entrarem na privatização”, disse Artur Lopes Cabeças.

Também se pretende divulgar “o bom que fizemos em termos de tratamento de resíduos”, ao nível da eliminação de lixeiras e da gestão de 60% dos resíduos em Portugal.

Pela primeira vez, e a represen-tar o sector da reciclagem, participa a Sociedade Ponto Verde (SPV). Luís Veiga Martins considera que Macau poderia adoptar o mesmo

modelo que foi desenvolvido em Portugal. “Queremos partilhar a experiência e ajudar a montar um modelo semelhante, mas tudo de-pende da iniciativa local e a nível do Governo. Havendo vontade de todos, acredito. Foi o que acon-teceu em Portugal há 20 anos. A SPV promoveu um estudo em que é quantificado o impacto ambiental e sócio económico do tratamento de resíduos, é gerador de emprego e de riqueza para o Produto Interno Bruto (PIB).”

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4 hoje macau sexta-feira 28.3.2014POLÍTICA

CECÍLIA L [email protected]

A INDA não está sequer pronta a sociedade do Governo que ficará encarregue dos canais

básicos de televisão e a Associa-ção Novo Macau (ANM) já está a criticar o Executivo. Ontem, o grupo convocou uma conferência de imprensa para explicar aos jornalistas que a ANM considera que a empresa criada pelo Gover-no é fruto de uma decisão “muito má”, porque em vez de abrir o mercado dos serviços televisivos, está a “liderar o monopólio”, o que não é, diz Jason Chao, legal já desde a Administração Portugue-sa. “O Governo está a enganar os cidadãos, dizendo que os custos dos serviços da empresa pública serão mais baratos do que agora e, assim, os cidadãos vão aceitar esta proposta”, começou por dizer o presidente da ANM.

“Na verdade, os canais básicos pertencem também ao mercado livre dos serviços gratuitos de televisão. Antes da TV Cabo conseguir os serviços na adminis-tração portuguesa, os anteneiros já podiam receber sinais livremente e transmiti-los. Contudo, depois de

Chui Sai Peng pede transparência em casos de prédios em ruína O deputado José Chui Sai Peng entregou uma interpelação escrita ao Governo onde pede transparência sobre as informações ligadas a prédios em risco de ruína. O também engenheiro disse que a questão influencia não apenas a segurança dos residentes mas também a saúde pública, sem esquecer os bairros, o que acaba por ser, na sua opinião, prejudicial à manutenção da imagem como cidade mundial de turismo e lazer. “Durante a época das chuvas é fácil ocorrerem acidentes neste tipo de edifícios. O Governo deve fazer um trabalho de preparação antecipado.” Chui Sai Peng disse que, desde 2008, o Instituto da Habitação (IH) já apresentou diversos planos de apoio à manutenção dos prédios, mas os acidentes acontecem com frequência devido à falta de manutenção. “O secretário Lau Si Io disse no ano passado que Macau tem cerca de 2543 edifícios em perigo de ruína, mas segundo dados publicados na imprensa deste ano, o número já atingiu os quatro mil edifícios. Será que os dados podem ser publicados para o público consultar?”

Chan Hong pretende criar centro de ciência para adolescentesA deputada Chan Hong citou, na sua interpelação escrita, um estudo da Universidade de Ciências e Tecnologia de Macau (MUST) do ano passado, que mostra que o nível de qualidade cientifica dos residentes equivale ao registado nos anos 80 nos países ditos desenvolvidos. Mais de metade dos entrevistados pela MUST nunca visitaram infra-estruturas ligadas à ciência. A deputada eleita pela via indirecta, e que representa o sector da educação, insta o Governo a aproveitar os recursos dos museus e a melhorar as instalações, por forma a atrair mais residentes. A deputada pede mesmo ao Governo para criar um centro de ciência para adolescentes, para promover mais conhecimentos relevantes e formar mais talentos nesta área.

Chan Meng Kam colocaem causa tratamento de inundações

O deputado Chan Meng Kam não está satisfeito com as medidas no tratamento de inundações. Numa interpelação escrita, divulgada

ontem, o deputado diz que “cada departamento está a fugir das responsa-bilidades” e que não há coordenação nos trabalhos interdepartamentais.

O deputado coloca em causa a forma de tratamento das inundações da parte do Governo e diz que quer saber, afinal, quais são as responsa-bilidades tanto dos Serviços de Obras Públicas, como do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

Chan Meng Kam insta o Governo a publicar os locais onde, normal-mente, haja problemas de inundações, para que os residentes se possam preparar. Ao mesmo tempo, o deputado pede ao Governo que publique os seus planos para acabar de vez com as inundações e o calendário para as obras começarem. - C.L.

Ella Lei quer informações sobre obra no Mercado do Patane

A deputada Ella Lei quer saber quando estará concluída a obra de remodelação do Mercado do Patane, uma vez que não vê

qualquer evolução num processo que se arrasta há muito tempo.Numa interpelação dirigida ao Governo, enviada ontem para a

nossa redacção, a deputada realça que os vendedores do mercado já se mudaram para o local temporário há mais de um ano, por forma a se adaptarem, igualmente, à reconstrução do complexo, mas o Governo ainda não apresentou um calendário concreto para a conclusão das obras, o que, refere a deputada, preocupa muitos dos vendedores, que têm medo que os seus negócios saiam afectados com a demora.

Ella Lei afirma mesmo que a culpa é do Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) e insta o Executivo a explicar, passo--a-passo, todo o processo de reconstrução. - C.L.

O Governo está a enganar os cidadãos, dizendo que os custos dos serviços da empresa pública serão mais baratos do que agora e, assim, os cidadãos vão aceitar esta propostaJASON CHAO Presidente da Novo Macau

A recente ideia do Governo de criar uma sociedade encarregue de gerir os canais básicos de televisão já está a ser criticada pelos democratas. Jason Chao e comparsas dizem mesmo que estamos perante um decisão má e da criação de mais um monopólio

TELEVISÃO NOVO MACAU CRITICA EMPRESA PÚBLICA DE SERVIÇOS

“O Governo está a liderar o monopólio”

LAU SI IO DIZ QUE NÃO VAI INTERVIREM SERVIÇOS DE TELEVISÃO

ter os direitos exclusivos, a empre-sa de cabo deixou que o mercado gratuito e pago passasse a ser igual, fazendo com que os anteneiros deixassem de ser ilegais.”

Jason Chao especula que, com

a sociedade do Governo, “o Chefe do Executivo pode vir a decidir que tipo de canal quer transmitir ao público e isso pode causar um aperto à liberdade de informação”. Além disso, continua, “como não

vai haver concorrência” – algo que o Governo disse querer que aconte-ça já este ano - não há vontade de aumentar o número dos canais e a qualidade dos serviços. “O secretá-rio Lau Si Io sempre disse que iria abrir o mercado, mas a conclusão do Governo é criar uma empresa pública e isso é o contrário à ideia original. Embora a ANM já tenha pedido muitas vezes ao Governo para fazer um concurso público para a licença dos serviços pagos de televisão, o Governo nunca teve nenhuma reacção.”

O secretário para as Obras Públicas e Transportes, Lau Si Io, explicou ontem que, em breve, o Governo vai ajudar as questões de direitos de autor – principal

conflito entre a TV Cabo e os anteneiros - através da criação da empresa pública, mas garante que, a longo prazo, o Governo não vai intervir nos serviços.

“Depois do dia 22 de Abril, os canais ou programas não vão ser reduzidos, e, a longo prazo, incentivamos os residentes a receber canais gratuitos mais

diversos de televisão.” O responsável disse ainda que vai ter dois ou três funcionários a tempo inteiro nesta empresa pública de televisão.

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hoje macau sexta-feira 28.3.2014 5SOCIEDADE

JOANA [email protected]

L ADRILHOS novos e mais iluminação estão na base do atra-so da construção da

piscina do Parque Central da Taipa – que esteve con-cluída, mas voltou a ser alvo de obras. A Sociedade de Investimentos e Fo-mento Imobiliário Chon Tit (Macau) – empresa responsável pela constru-ção do complexo - ainda não conseguiu terminar a construção, porque estão a ser feitas alterações ao projecto inicial. Tudo por causa dos cidadãos que, apesar de nunca terem uti-lizado a piscina, pediram mudanças. “A piscina não foi ainda aberta ao público por razões que se prendem sobretudo com a introdu-ção de alterações, baseadas nas exigências adicionais solicitadas pelos cida-dãos”, disse a Direcção de Solos, Obras Públicas e Transportes (DSSOPT) ao HM.

Em resposta ao nosso jor-nal, o departamento explica que estas alterações não estavam previstas no pro-jecto inicial da piscina, mas “foram apresentadas pela entidade gestora – o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais (IACM) - du-rante a realização de vistoria da obra”. As modificações, continua a DSSOPT, são “nomeadamente em termos de acréscimo de iluminação nos períodos nocturnos e substituição do pavimento circundante da piscina por ladrilhos”.

MADE IN CHINAMas, os problemas não aca-bam aqui. Ainda de acordo com a DSSOPT, “parte dos materiais a serem aplicados” nas alterações ao projecto – nomeadamente os ladrilhos – não estão à venda em Macau. Algo que vai fazer com que as obras – que decorrem há, pelo menos, mais de um mês – preci-sem de mais 30 dias para estarem prontas. “Tiveram que ser importados da China continental e, por ter sido necessário alguns meses para a chegada da aludida iluminação, a obra poderá,

A piscina do Parque Central da Taipa está a sofrer alterações ao projecto inicialmente previsto e é isso que está a atrasar a sua abertura. As mudanças – ao nível estético e de iluminação – baseiam-se em pedidos feitos “pelos cidadãos”, diz a DSSOPT

As modificações são nomeadamente em termos de acréscimo de iluminação nos períodos nocturnos e substituição do pavimento circundante da piscina por ladrilhosDIRECÇÃO DE SOLOS, OBRAS PÚBLICAS E TRANSPORTES

PARQUE DA TAIPA PISCINA NÃO ABRIU PORQUE CHON TIT ESTÁ A FAZER ALTERAÇÕES “SOLICITADAS PELOS CIDADÃOS”

Taipa nada este ano, se houver ladrilho

EMPRESA POLÉMICAA empresa encarregue da construção do complexo é a Chon Tit, uma empresa com capital do interior da China, cujo director foi condenado por estar envolvido no escândalo de corrupção Ao Man Long. Em 2009, o agora ex-deputado Ung Choi Kun lançou uma interpelação escrita ao Governo, onde acusava o Executivo de estar a favorecer a empresa. O deputado dizia que, além da condenação do responsável, a Chon Tit tinha tido muitas falhas de segurança e que, ainda assim, as obras continuavam a ser-lhe adjudicadas. Recentemente, a empresa venceu novamente o concurso para a prestação de serviços de gestão e manutenção da Ponte de Sai Van, que o tribunal considerou ter sido conseguida, em 2008, em troca de subornos pagos ao ex-secretário para os Transportes e Obras Públicas, Ao Man Long. Em Junho de 2013, a DSSOPT explicou ao jornal Ponto Final que nada impedia a empresa de voltar a concorrer pela gestão e manutenção da ponte, sendo que, por ter estado envolvida em casos de corrupção, neste concurso público poderia perder sete pontos na avaliação. A Chon Tit é também subsidiária da empresa China Civil Engineering Construction Corporation, outra também envolvida no caso Ao Man Long, mas, neste caso, relacionada com as ETAR, cujo processo terminou recentemente no Tribunal Judicial de Base. A empresa é responsável pela construção do segmento da primeira fase do metro ligeiro na Taipa e construiu o auto-silo subterrâneo para veículos pesados na Estrada Flor de Lótus, no Cotai. Não foi possível ao HM perceber quem é, agora, o novo responsável da empresa em Macau.

segundo as estimativas, es-tar praticamente concluída o mais rápido possível em finais de Abril.”

Se as obras estarão concluídas nesse período, não se sabe quando estará finalmente a piscina aberta

ao público. É que, após a conclusão da obra e da realização de vistoria, a DS-SOPT ainda tem de entregar a piscina ao IACM, quem gere a piscina, que será quem vai determinar a data da abertura do complexo ao público.

Foi em 2009 que o Parque Central da Taipa começou a ser construído, sendo que as instalações deveriam estar concluídas

em Dezembro de 2012. Nessa altura, contudo, o tufão Vicente veio atrasar as obras, a par de “falhas do empreiteiro”, que não tinha mão-de-obra suficiente para acabar a construção, confor-me anunciou a DSSOPT na altura. Mais de um ano de-pois, a piscina ainda chegou a ficar pronta e a ter água, mas nunca foi utilizada por ninguém. Começaram, depois, estas alterações.

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TIAG

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6 sociedade hoje macau sexta-feira 28.3.2014

CECIL IA L [email protected] JOANA [email protected]

O S princípios de avaliação de in-validez do Fun-do de Segurança

Social (FSS) são diferentes dos do Instituto de Acção Social (IAS) e foi isso que esteve na origem da recusa do pagamento de pensões a deficientes mentais. O caso foi explicado ao HM pelo FSS, depois de, esta semana, um grupo de pais de pessoas com

“T ODOS e cada um dos funcionários” da Wynn são, agora, donos da operadora. Steve Wynn, presidente e director-

-executivo da empresa de jogo, decidiu in-troduzir dois novos programas de benefícios para 7500 funcionários. O sistema é simples: Wynn atribuiu mil acções da bolsa da Wynn Macau a cada um dos empregados – excluindo os seniores e executivos -, fazendo com que também eles sejam donos da empresa. Além disso, cada um dos funcionários receberá ainda um bónus em Julho, além dos 13 me-ses que a empresa paga anualmente – algo

que começa agora e acaba apenas em 2017. “Considero toda a gente na Wynn Macau como sendo da minha família e acredito que o nosso grandioso sucesso deveria, também, ser partilhado como uma família”, disse Steve Wynn, citado em comunicado.

A ideia, continua ainda o responsável, é que os empregados continuem a lutar pelo sucesso da empresa que, agora, também lhes pertence. “Este é o tipo de benefícios que, através da valorização de acções e dividendos regulares, continuarão a trabalhar para eles e para as suas famílias, no futuro.” - J.F.

A pensão de invalidez é atribuída, mediante requerimento, aos beneficiários que reúnam, cumulativamente, os seguintes requisitos: estejam em situação de invalidez, declarada pela junta médica do FSS, e a invalidez seja verificada depois de obtida a qualidade de beneficiárioFUNDO DE SEGURANÇA SOCIAL

Os deficientes mentais que ficaram sem acesso a pensão de invalidez do FSS – e que denunciaram o caso através de carta aberta – não têm direito ao subsídio porque não eram trabalhadores quando ficaram incapazes. O FSS e o IAS têm políticas diferentes na forma de atribuição de apoios financeiros e é por isso que os documentos não são reconhecidos entre departamentos. Aindaassim, o FSS ofereceuma solução possível

PENSÃO DE INVALIDEZ FSS RESPONDE A PAIS E EXPLICA QUE FORMA DE ATRIBUIÇÃO É DIFERENTE ENTRE DEPARTAMENTOS

“Sistema de segurança socialnão é política de benefícios sociais”

WYNN DÁ MIL ACÇÕES A CADA UM DOS FUNCIONÁRIOS

Tudo em família

deficiência se terem queixado de injustiças na atribuição da pensão de invalidez.

Os visados apontavam que o cartão de avaliação de deficiência emitido pelo IAS, para que os deficientes tenham acesso a benefícios, não era reconhecido pelo FSS. Os pais diziam que a justificação dos serviços para a não atribuição da pensão de invalidez do FSS é que os dois departamentos – este e o IAS – eram diferentes.

De acordo com o que explicou o FSS ao HM, para

terem acesso à pensão de inva-lidez do fundo, os deficientes teriam não só de fazer provas com o próprio departamento, como ter ficado inválidos enquanto trabalhavam – algo

que não foi possível a nenhum dos deficientes mentais. “A pensão de invalidez é atribu-ída, mediante requerimento, aos beneficiários que reúnam, cumulativamente, os seguin-

tes requisitos: estejam em si-tuação de invalidez, declarada pela junta médica do FSS, e a invalidez seja verificada depois de obtida a qualidade de beneficiário.”

Ora, se o departamento diz que a aprovação da invalidez só pode ser feita depois de ser beneficiário, diz também que, no caso do acesso à pensão de invalidez do FSS, só resulta em casos de incapacidade no emprego. “Por isso, o princí-pio à avaliação de invalidez do FSS é diferente do IAS. Por isso, é que o cartão de deficiente emitido pelo IAS não pode subsistir a prova médica do FSS.”

SOLUÇÃO ENCONTRADAO problema pode ter co-meçado quando Cheong U, secretário para os Assuntos Sociais e Cultura, disse na Assembleia Legislativa que os deficientes podiam levantar subsídios e pensões, explica a mãe de um dos deficientes mentais em causa ao HM. Para o IAS, que ape-nas falou ao telefone com o nosso jornal, as declarações de Cheong U podem ter sido mal interpretadas pelos pais, uma vez que a pensão atribuída pelo FSS não se relaciona com os apoios do instituto. O mesmo diz o FSS. “O sistema de seguran-ça social é um mecanismo de segurança social combinado com direito e obrigação, não é como uma política de be-nefícios sociais.” A mãe de um dos jovens que padece de deficiência disse ao HM que alguns pais fizeram as contribuições necessárias para o FSS que, diz, “nunca lhes explicou que não po-diam receber a pensão de invalidez”.

Os pais pedem expli-cações e alterações a este sistema, mas o FSS explica que pode haver ainda uma solução: se o beneficiário da pensão de invalidez possuir o cartão de avaliação de de-ficiência, pode assinar uma permissão para que o FSS peça ao IAS directamente a avaliação da deficiência. Con-tudo, se não houver quaisquer informações para provar de forma suficiente a deficiência, ou as informações estejam fora de prazo, a junta médica do FSS é quem tem a última decisão sobre a atribuição ou não da pensão de invalidez.

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7 sociedadehoje macau sexta-feira 28.3.2014

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AvisoPrograma de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2012

Nos termos do artigo 18º da Lei n.º 13/2013, a Direcção dos Serviços de Finanças vai devolver 60% do imposto profissional de 2012 pago pelos contribuintes, portadores do bilhete de identidade de residente da Região Administrativa Especial de Macau, em 31 de Dezembro de 2012, até ao limite de 12.000,00 patacas. No entanto, não se vai proceder à devolução do imposto de valor inferior a 50,00 patacas. O montante da devolução vai ser pago por cheque cruzado a enviar por via postal, por transferência bancária e por título de pagamento M/7.

A Direcção dos Serviços de Finanças vai proceder, em Março e Abril do corrente ano, à devolução do referido imposto aos contribuintes que reúnem os requisitos, pelos seguintes meios:

- Transferência bancária: trabalhadores que exercem funções nos serviços da Administração Pública (incluindo os organismos autónomos) e que por eles recebem remunerações; trabalhadores de estabelecimento de ensino que recebem o subsídio directo, e pessoal docente que recebe o subsídio para o desenvolvimento profissional, previstos nos Despachos do Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura n.ºs 66/2004 e 76/2012, respectivamente e

- Cheque cruzado: contribuintes cuja devolução não é efectuada por transferência bancária.

A obtenção dos dados referentes à devolução pode ser da seguinte forma:

1) Dirigem-se pessoalmente aos seguintes locais:Núcleo de Informações Fiscais / Núcleo do Imposto Profissional, sitos no Edifício Finanças, r/c e sobreloja, respectivamente;Centro de Atendimento Taipa; ouCentro de Serviços da RAEM.

2) Os utilizadores do Serviço Electrónico da DSF podem consultar detalhadamente os dados de devolução, através do mesmo sistema

3) No website da DSF estão disponibilizadas informações sobre a existência ou não da devolução do imposto;

4) Podem consultar nos 44 quiosques da Direcção dos Serviços de Identificação localizados em 31 locais de Macau, sendo necessário para o efeito o BIR.

Os contribuintes podem entregar o “Pedido de emissão de 2ª via do cheque do Programa de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2012”, nos seguintes prazos e locais:

Prazo

1) Para os cheques enviados para Macau: 14/04/2014 a 29/12/2017;2) Para os cheques enviados para Taipa e Coloane: 17/04/2014 a 29/12/2017.

Locais de entregaNúcleo de Informações Fiscais, sito no Edifício Finanças, r/c;

Centro de Atendimento Taipa; ou

Centro de Serviços da RAEM.

Aos 24 de Março de 2014.

A Directora,Vitória da Conceição

CECIL IA L [email protected] JOANA [email protected]

A jovem de 25 anos que estava em es-tado vegetativo por alegado erro

médico não resistiu ao coma e faleceu no dia 17 deste mês. De acordo com notícia avançada pelo jornal All About Media, a jovem – que tinha 15 anos quando entrou em coma – terá morrido no hospital.

O caso remonta a 2001, quando foi diagnosticado à filha de Chan Kuok Sam uma doença chamada púrpura trombocitogénica idiopáti-ca, que diminui o número de plaquetas no sangue. Em 2004, a adolescente, então com 15 anos, deu entrada no hospital Conde de São Januário, tendo alta três dias depois. Mas uma hemorragia cerebral voltou a levá-la ao hospital, tendo sido operada. Ainda assim,

O posto fronteiriço de Gongbei vai ter novas medidas

para dividir os muitos visi-tantes que entram e saem de Macau diariamente. Quem possuir um cartão de passagem automática vai passar a ser transferido para uma nova ala. Segun-do a imprensa chinesa, a medida servirá para aliviar a pressão sentida nas horas de ponta. A medida deverá entrar em vigor este fim-

-de-semana de forma ex-perimental, apenas durante a manhã.

Cerca de 300 mil visi-tantes passam a fronteira por dia, sendo que os visitantes ocupam filas de longas horas. Lin Meihong, responsável das autori-dades de Zhuhai, disse à imprensa chinesa que vão funcionar 23 vias especiais de passagem automática numa ala especial.

Na ala normal já exis-

tem 32 vias para que as pessoas possam mostrar os seus documentos de identificação, o que exige longos períodos de espera.

Depois da abertura a titulo experimental ainda não há um calendário certo para a abertura das 23 vias especiais. Os grandes bene-ficiários serão os residentes de Macau e Hong Kong que moram em Zhuhai, bem como os trabalhadores não residentes em Macau. - C.L.

GONGBEI NOVAS MEDIDAS PARA DIVIDIR VISITANTES

Uma ala especial com passagem automática

JOVEM QUE ESTAVA EM ESTADO VEGETATIVO APÓS ALEGADO ERRO MÉDICO FALECEU ESTE MÊS

Pai não desiste de procurar justiçaa rapariga entrou em estado vegetativo. Segundo o pai, o primeiro diagnóstico mé-dico terá sido errado. O ho-mem interpôs um processo por negligência médica, mas em Junho de 2010 o tribunal deu o caso como encerrado por falta de provas.

Os Serviços de Saúde (SS) já negaram que isto tenha sido um caso de erro médico, mas o pai insiste no argumento e, em Outubro do ano passado ainda chegou a apresentar o que dizia serem novos factos: quando pro-curava por documentos do hospital, “descobriu que o médico do Hospital Conde de São Januário” terá feito uma “assinatura falsa na de-claração de consentimento” à cirurgia. O pai diz que não concordou com a operação e fez, então, queixa à Polícia Judiciária. Chan Kok Sam ainda chegou a acusar a antiga procuradora-adjunta

do Ministério Público, Song Man Lei, “de ter falsificado o documento da declaração de objecção” a essa operação.

Para o MP, contudo, que reagiu às acusações do pai da jovem no dia a seguir, nenhuma das queixas tinha fundamento e disse ainda que, dada a insuficiência das provas que indiciem a prática do crime, o delegado titular do processo decidiu o arquivamento do processo em 2008. Depois da apre-ciação de uma reclamação do pai, o MP manteve a decisão de arquivamento do processo em 2009.

O homem ainda pediu ajuda a Chui Sai On e apre-sentou queixa ao Centro de Avaliação de Queixas sobre as Actividades Médicas, mas não teve resultados. A edi-ção do jornal é de dia 21 de Março e indica que a jovem acabou por morrer. Chan Kuok Sam já tinha dito o ano

passado que tinha sido infor-mado pelos médicos que a filha não teria muito tempo de vida. “Até porque o erro médico já foi há dez anos. Agora, não estou à espera que a minha filha acorde, mas quero que a verdade seja publicada”, disse, na altura, acrescentando mais uma vez que não queria indemnização.

Em declarações ao mes-mo jornal, Chan Kok San falou sobre a actual Lei do Erro Médico que está, ac-tualmente, na AL. “Mesmo que a lei seja executiva, já não ajuda nada à minha filha. Ela já morreu. Que esperança posso ter ainda?” Seja como fora, o pai da jovem assegura que não vai desistir e explica que ainda vai lutar para conseguir encontrar peritos em Hong Kong ou no continente que provem que a sua assinatura foi falsificada.

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8 hoje macau sexta-feira 28.3.2014CHINA

C AO Guangjing, ex--presidente da Chi-na Three Gorges, o maior acionista

da EDP, considerou esta quarta-feira “um passo nor-mal” a sua saída da empresa e negou que a mudança esteja relacionada com uma recente investigação feita aquela companhia estatal chinesa. “A mudança de quadros entre as grandes empresas estatais e insti-tuições governamentais é um fenómeno muito co-mum na China”, disse Cao Guangjing à agência Lusa em Pequim.

“É um passo normal na carreira dos quadros dirigen-tes chineses”, acrescentou.

Nas primeiras declara-ções públicas após o anún-cio da sua saída da presidên-cia da China Three Gorges (CTG), Cao Guangjing real-çou que “a China é diferente dos países ocidentais”. “O governo desempenha um papel muito importante na sociedade”, afirmou.

Cao Guangjing, 50 anos, membro do suplente do Co-mité Central do Partido Co-munista Chinês (PCC), vai assumir na próxima semana o cargo de vice-governador da província de Hubei, no centro da China.

O activista Tan Zuoren, fa-moso pela

sua investigação à derrocada das esco-las no terramoto na província chinesa de Sichuan em 2008, foi libertado ontem depois de cumprir uma pena de cinco anos de cadeia “por incitar à subver-são contra o poder do Estado”, revelou a organização “Human Rights in China”.

O escritor Ran Yunfei, amigo de Tan

Zuoren, assegurou à organização humani-tária que o activista estava a caminho de casa.

Tan Zuoren foi de-tido a 28 de Março de 2009 depois de mani-festar a sua intenção de publicar uma lista com nomes de crian-ças que morreram no sismo de Sichuan onde perderam a vida 5.600 jovens e crian-ças entre um total de 87.000 mortos naquele que foi considerado o

mais devastador e mais forte sismo a atingir a China nas últimas três décadas.

A catástrofe hu-manitária levou a uma forte mobilização da comunidade interna-cional na prestação de ajuda à China e os Governos das duas Regiões Administra-tivas Especiais do país – Macau e Hong Kong – fizeram do-nativos significativos para o apoio à recons-trução da região.

Pequim assina grande pacote de cooperação com AirbusA Airbus China anunciou ontem em Pequim que a Empresa de Suprimentos de Aviação da China assinou esta quarta-feira em Paris um grande pacote de cooperação com a Airbus. Segundo o acordo, a empresa chinesa vai comprar 70 aviões da Airbus e as duas partes vão produzir em conjunto 1000 helicópteros. O Presidente chinês, Xi Jinping, que está de visita a França e o presidente francês, François Hollande, participaram na cerimónia de assinatura do contrato. Para além disto, a Airbus assinou ainda outros acordos de cooperação com a China na área de aviação.

CHINA THREE GORGES EX-PATRÃO CHINÊS DA EDP CONSIDERA A SUA SAÍDA “UM PASSO NORMAL”

Sem qualquer sombra de pecado

A mudança de quadros entre as grandes empresas estatais e instituições governamentais é um fenómeno muito comum na China CAO GUANGJING Ex-presidente da China Three Gorges

LIBERTADO ACTIVISTA QUE INVESTIGOUDERROCADA DE ESCOLAS NO SISMO DE SICHUAN

A caminho de casa cinco anos depois

Lu Chun, outro quadro ligado à construção e ges-tão da Barragem das Três Gargantas do rio Yangtze, é o novo presidente da CTG.

O director-geral da em-presa também mudou, com

Chen Fei a ser substituído por Wang Lin. “Já falei com o meu sucessor. A parceria com a EDP vai continuar”, garantiu Cao Guangjing.

A mudança na direcção da CTG, anunciada esta semana, ocorre um mês depois de serem conheci-dos os resultados de uma investigação à empresa feita pela Comissão Cen-tral de Disciplina do PCC. “Não há nenhuma relação (entre os dois factos)”, afir-mou peremptoriamente Cao Guangjing.

Ao anunciarem quarta--feira a nomeação dos novos líderes da empresa, a CTG e a agência noticiosa oficial Xinhua também não rela-cionaram a mudança com a referida investigação nem com as “irregularidades” detectadas na altura, nome-adamente “abuso de poder em licitações e contratos de projectos” e “ineficiên-cias na comunicação entre funcionários com cargos importantes.

Cao Guangjing disse que “a companhia adoptará uma atitude de tolerância zero face à corrupção e punirá severamente os que estiverem envolvidos em casos de corrupção”, afir-mou então a Xinhua.

Quanto ao seu futuro, o ex-presidente da CTG disse agora à Lusa que a entrada num governo provincial é “sempre uma mudança promissora” e que “propor-ciona mais oportunidades de carreira”.

A província de Hubei, onde se encontra a Barra-gem das Três Gargantas, tem cerca de o dobro da superfície de Portugal e mais de 60 milhões de habitantes.

A China Three Gorges tornou-se o maior accio-nista da EDP (Energias de Portugal) em 2012, depois de ter pago cerca de 27 mil milhões de patacas por 21,35% do capital da eléc-trica portuguesa.

Foi um dos maiores investimentos chineses na Europa e o início de uma nova era nas relações eco-nómicas luso-chinesas.

A participação no ca-pital da EDP detida pela China Three Gorges foi comprada ao Estado por-tuguês na sequência de um processo de privatização a que concorreram também duas empresas brasileiras e uma alemã.

Depois dessa operação, outra grande empresa es-tatal chinesa, a State Grid, comprou 25% do capital da REN e em Janeiro passado, o governo português aceitou a proposta do um consórcio privado de Xangai, o grupo Fosun, para comprar as seguradoras da Caixa Geral Depósitos.

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9 chinahoje macau sexta-feira 28.3.2014

REGIÃO

A Comissão Reguladora de Seguros na China ordenou às companhias do país que deixem de

oferecer apólices “anti-smog” através das quais os turistas podem ser indem-nizados se o local que visitam estiver contaminado. Este tipo de seguros começou a ser transaccionado há uma semana, revelou a imprensa estatal.

O dono do clube britânico Birmingham City, Carson

Yeung, apresentou um recurso contra a pena de seis anos de cadeia imposta por um tribunal de Hong Kong depois da jus-tiça o ter acusado de lavagem de dinheiro.

O Tribunal de Recurso da antiga colónia britânica recebeu o requerimento dos advogados de Carson Yeung, um antigo cabeleireiro que se tornou milio-nário. Apesar de ter confirmado a entrada do recurso, o tribunal não revelou qualquer data para a audiência. Carson Yeung acabou

detido a 7 de Março depois de um longo julgamento em que não conseguiu explicar, na óptica da justiça, a origem de fundos que passaram por cinco contas a si associadas num montante global de cerca de 750 milhões de patacas.

Mesmo tendo abandonado a presidência do clube de futebol, Carson Yeung poderá ainda ficar sem aquele activo já que está agendada para a próxima quinta--feira uma audiência que vai de-terminar se e quais os activos que possui podem ser confiscados no âmbito do julgamento.

A polícia sul-co-reana indiciou 22 pessoas que

poderão enfrentar acusa-ções criminais devido ao colapso do telhado de um ginásio a 17 de Fevereiro em que morreram dez pessoas e mais de 200 ficaram feridas.

O telhado do ginásio lotado com dezenas de jovens, a maioria caloi-ros universitários, não resistiu ao peso na neve e cedeu num caso ocorrido num resort de montanha nos arredores da cidade de Gyeongju, sul do país.

Na investigação a polícia diz ter encon-trado falhas estruturais e controlos de gestão inadequados dado que a

Japão ADN liberta japonês que estava há 46 anos no corredor da morteUm homem que esteve 46 anos no corredor da morte no Japão foi libertado e vai ser novamente julgado porque testes de ADN revelaram que pode estar inocente. Iwao Hakamada fora condenado à pena capital em 1968 pelo assassínio do patrão e da família deste (a mulher e os dois filhos). Hakamada, que tem 78 anos, confessou os crimes após 20 dias de interrogatórios durante os quais foi espancado. Mais tarde, em tribunal, retirou a confissão e denunciou a tortura. Forçar confissões é uma prática comum no Japão, refere a BBC. Num comunicado, a Amnistia Internacional (AI) diz que Iwao Hakamada era, provavelmente, o prisioneiro há mais tempo no corredor da morte em todo o mundo. “Se há um caso que merece voltar a ser julgado, é este. Hakamada foi condenado com base numa confissão forçada e as provas de ADN levantaram muitas dúvidas [sobre a sua culpa]”, disse à estação de televisão britânica Roseann Rife, investigadora para a Ásia da AI. Hakamada era pugilista quando foi acusado de matar, à facada, o patrão e a família deste numa fábrica de soja em Shizouka, em 1966. Os advogados de defesa que conseguiram reabrir o caso provaram em tribunal, com análises de ADN, que o sangue nas roupas identificadas como do assassino não é de Hakamada. O juiz mandou libertar o preso – “É injusto mantê-lo na prisão uma vez que a possibilidade de estar inocente é grande” – e decidiu que haverá novo julgamento.

POLUIÇÃO REGULADOR DE SEGUROS PÕE FIM A APÓLICES “ANTI-SMOG”

Adeus indemnizações

COREIA DO SUL POLÍCIA IDENTIFICA 22 CULPADOS EM QUEDA DE TELHADO QUE MATOU 10 PESSOAS

Falta de estrutura

Tailândia Identificados 300 objectos que podem pertencer ao avião desaparecidoUm satélite tailandês identificou 300 objectos suspeitos de pertencerem ao Boeing 777 da Malaysia Airlines a flutuarem no Oceano Índico, revelou a agência espacial tailandesa. Os objectos, com tamanhos entre os dois e os 15 metros foram identificados numa zona a cerca de 2.700 quilómetros a sudoeste da cidade australiana de Perth, explicou o director executivo da agência tailandesa, Anond Snidvongs, em declarações à agência AFP.

De acordo com o “China Daily”, em língua inglesa e que no início da semana revelou a existência da-quele tipo de apólices, a comissão estatal entrou em contacto com as principais seguradoras do país de-terminando a suspensão da oferta de tais seguros, poucos dias depois das companhias os terem lançado no mercado.

O regulador não terá explicado as causas da proibição, ainda que peritos do sector tenham comentado esta semana que as compensações do novo produto eram demasiado altas face ao preço da apólice e que condicionar um seguro ao clima é uma “lotaria”.

Com um pagamento entre cerca de 13 e 18 patacas diários os turistas poderiam receber uma indemnização de cerca de 60 patacas por cada dia em que a poluição impedisse as férias.

O fim dos seguros “anti-smog” surge quando os céus altamente poluídos e a escassa visibilidade em Pequim, capital chinesa, registam um índice de poluição de 400, numa escala em que o máximo é 500 pontos.

Acima dos 300 pontos considera--se que a poluição é grave e as pes-soas são aconselhadas a evitar saídas para o exterior.

Hong Kong Dono do Birmingham City apresenta recurso contra a sua prisão

região tinha experimen-tado uma excepcional queda de neve na semana anterior ao acidente.

Entre o grupo de pessoas que a polícia pretende acusar estão responsáveis do espaço, a empresa que construiu o pavilhão e funcionários municipais.

O grupo vai ser acu-sado de utilização de

materiais inadequados e baratos, aprovação municipal a um projecto mal elaborado, falhas na limpeza de neve, entre outras acusações. “A investigação revelou os culpados deste desastre desde a aprovação mu-nicipal à construção e à manutenção”, disse o inspector policial Bae Bong-gil.

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10 EVENTOS

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O INIMIGO DE DEUS • Bernard CornwellO Rei guerreiro trouxe paz às ilhas – Mas por quanto mais tempo? Após uma vitória gloriosa no campo de batalha, Artur parece ter conquistado a união das Ilhas Britânicas. Agora terá de enfrentar as hordas invasoras dos Saxões, enquanto Merlim inicia uma demanda para descobrir os Tesouros Mágicos da Bretanha, na crença de que os poderes dos velhos deuses irão interceder a favor de Artur na batalha decisiva. Mas Artur esquece-se que os deuses amam o caos e cedo a frágil paz desmorona no momento em que velhas rivalidades irrompem e ameaçam destruir todas as suas conquistas. E no pior momento, os mais próximos de Artur preparam-se para a traição… Neste segundo volume da Trilogia dos Senhores da Guerra, Bernard Cornwell dá nova vida à lenda arturiana, combinando factos históricos, batalhas intensas e o velho mundo mágico de Merlim.

AS REGRAS DO TAGAME • Kenzaburo OeQuando Goro, um prestigiado realizador, se suicida, o escritor Kogito, seu cunhado e amigo, fica destroçado. Goro tinha enviado a Kogito várias cassetes nas quais gravara reflexões sobre a amizade que os unia. Uma noite, Kogito escuta no Tagame uma gravação perturbadora. «Agora vou passar para o Outro Lado», anuncia Goro, e ouve--se um estrondo. Passado um momento de silêncio, a voz de Goro continua: «Mas não te preocupes, não vou deixar de comunicar contigo.» “As Regras do Tagame” é uma notável história de amizade, perda e ambição artística que confirma Kenzaburo Oe como um dos maiores talentos do nosso tempo. Nele, o autor combina magistralmente ficção e realidade, refletindo sobre a condição humana e os temas que dão forma ao leitmotiv da sua obra: a incompreensão, a violência e a identidade.

hoje macau sexta-feira 28.3.2014

O dramaturgo sul--africano Brett Bai-ley, autor da mensa-gem do Dia Mundial

de Teatro, difundida pelo Insti-tuto Internacional do Teatro, no âmbito da UNESCO, questiona se os mercados têm medo dos artistas do palco. “Estaremos nós, os artistas do palco, em con-formidade com as exigências dos mercados higienizados ou será que têm medo do poder que te-mos para limpar um espaço nos corações e no espírito da socieda-de, reunir pessoas, para inspirar, encantar e informar, e para criar um mundo de esperança e de colaboração sincera?”, escreve o dramaturgo.

O Dia Mundial do Teatro celebrou-se esta quinta-feira, uma iniciativa da UNESCO,

organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cul-tura, que remonta a 1962, e que, em Portugal, foi assinalado com várias iniciativas, nomeadamen-te espectáculos gratuitos ou a preços reduzidos, ou nem sequer é assinalado, como aconteceu com o grupo A Cornucópia, por não ter qualquer peça em cena.

Na mensagem do Dia Mun-dial de Teatro, difundida pelo Instituto Internacional do Te-atro, Brett Bailey atesta que, “desde que existe sociedade humana, existe o irreprimível espírito da representação”.

Num tempo “em que tantos milhões lutam para sobreviver”, o dramaturgo pergunta: “O que é que nos sentimos obrigados a revelar?”. “Está-se a sofrer com regimes opressivos e capi-

talismos predadores, fugindo de conflitos e dificuldades, com a nossa privacidade invadida pelos serviços secretos e as nossas palavras censuradas por gover-nos intrusivos; com as florestas a ser aniquiladas, as espécies exterminadas e os oceanos envenenados”, afirma Bailey, interrogando qual o papel do actor/artista, neste contexto.

“Neste mundo de poder desi-gual, no qual várias hegemonias tentam convencer-nos que uma nação, uma raça, um género, uma preferência sexual, uma religião, uma ideologia, um qua-dro cultural é superior a todos os outros, será isto realmente defensável? Devemos insistir que as artes sejam banidas das agendas sociais?”, questiona o dramaturgo.

Brett Bailey sublinha que a re-presentação nasce de um colectivo e usa as “máscaras e os trajes das mais variadas tradições [e] apro-veita as nossas línguas, os ritmos e os gestos, e cria espaços no meio de nós”. A arte de representar, o Teatro, define-se pela pluralidade, afirma o dramaturgo.

Brett Bailey, dramaturgo sul-africano, é director artístico da “Third World Bunfight”, companhia independente, tendo trabalhado sobretudo em países africanos - Zimbabué, Uganda, Haiti e República Democrática do Congo, além da África do Sul - e no Reino Unido.

“Big Dada” e “Mumbo Jum-bo” estão entre as suas mais conhecidas peças, que analisam, em particular, dinâmicas do mundo pós-colonial.

AUTOR DA MENSAGEM DA UNESCO CONFRONTA MERCADOS COM PODER DA ARTE

Quem tem medo dos artistas?

DIA MUNDIAL DO TEATRO

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eventos 11hoje macau sexta-feira 28.3.2014

O conto inédito de Agustina Bessa-Luís “Colar de Flores

Bravias”, escrito em 1947, é publicado na próxima semana, com ilustrações de Mónica Baldaque, filha da escritora.

Em comunicado, a edi-tora Labirinto de Letras, que chancela a obra, cita o marido da autora, Alberto Luís, “constante companhia na sua escrita”, segundo o qual este conto surgiu “mui-tos anos depois de a autora abandonar a ficção luxuriante das suas primeiras criações romanescas, para nos relatar episódios do seu contacto com o mundo exterior”.

O conto, segundo a mesma fonte, “narra a aventura de passeios improvisados, em férias escolares de Setembro e na companhia duma prima convidada, através duma quinta próxima das ruínas romanas da Cividade, ao norte de Bagunte”, em Vila do Conde.

A obra inclui um texto analítico do catedrático de

C OMEÇOU pela caligrafia para, em seguida, se consagrar à pintura clássica do seu país.

Mas é em França, ao sintetizar as suas referências iniciais com as ocidentais, que vai conhecer grande sucesso. Morreu esta quarta-feira em Paris, aos 93 anos.

A sua obra convoca e cita algu-mas das referências fundamentais da pintura clássica chinesa que rodeia e recria através da gramática visual do abstraccionismo lírico ocidental, que se afirma no imediato após II Guerra Mundial. Como recordava quarta--feira, no anúncio da sua morte em Paris, aos 93 anos, o comunicado da Academia de Belas-Artes de França, a obra de Chu Teh-Chun, após o re-

A empresa de design Goldfish, foi con-

vidada para representar Macau na 1.ª edição dos Prémios Lusófonos de Criatividade, na quali-dade de júri do evento. “Foi com orgulho que a Goldfish – creative agency recebeu o convite para representar Macau nos Prémios Lusófonos de Criatividade con-

tribuindo assim para a divulgação e presença do nosso território na comunidade lusófona”, refere Henrique Silva (Bibito), director criativo da agência sediada em Macau.

Os Prémios Lusófo-nos de Criatividade vêm preencher um espaço da criatividade pensada em português que tão bem se

tem afirmado nos maio-res festivais mundiais, mas que desde há alguns anos se encontra sem um local de troca de ideias, de reconhecimento do mérito e de valorização de experiências, pode ler-se no comunicado de imprensa da organização do evento que teve a sua 3ª gala trimestral de entrega de prémios esta

semana no Musicbox, em Lisboa.

Henrique Silva che-gou a Macau em 1991 onde criou a TOOL de-sign & comunications, tendo em 1999 regressa-do a Portugal. Em 2012 volta ao território para fundar a Goldfish, onde assume actualmente as funções de director criativo.

LITERATURA CONTO INÉDITO DE AGUSTINA BESSA-LUÍS PUBLICADO NA PRÓXIMA SEMANA

Passeios improvisados

Goldfish representa Macau em Prémios Lusófonos de Criatividade

PINTURA MORREU CHU TEH-CHUN, O ÚLTIMO ABSTRACCIONISTA LÍRICO CHINÊS

Referência fundamental clássica

cente desaparecimento de Georges Mathieu e do seu compatriota Zao Wou-Ki, “encarnava aquilo que o encontro de duas culturas, a francesa e a chinesa, pode originar de mais elevado em matéria artística quando a riqueza de uma herança milenária

se reúne com a afirmação soberana da liberdade criativa”.

Chu Teh-Chun nasceu a 24 de Ou-tubro de 1920 numa família de letrados; desde cedo cultiva a arte da caligrafia. É quando estuda arte em Xangai, que entra em contacto com a pintura oci-dental. Cézanne é um dos primeiros artistas com cuja obra se familiariza. Nos anos 30, começa a pintar segundo o cânone clássico chinês. A invasão japonesa e a guerra civil levam-no a partir para Taiwan, onde lecciona sobre pintura ocidental até 1955, ano em que viaja para França. Este país é então um centro de experimentação artística e o pintor vai interessar-se pela arte abs-tracta, numa vertente também cultivada por Vieira da Silva. Como referido

por diferentes críticos, a sua principal influência será Nicolas de Staël e as suas telas povoam-se de elementos e cores que recriam os volumes da pin-tura clássica e as linhas da caligrafia chinesas em conjunto com perspectivas e formas ocidentais. A partir dos anos 60, conhece sucesso crescente e volta a praticar caligrafia nos anos 70. A cinemática das suas telas oscila entre a agitação e a desconstrução, por um lado, e a intensidade subtil de universos cromáticos que convidam à reflexão.

No início dos anos, volta à China, visitando Pequim, onde recebe um acolhimento caloroso. Expôs ainda em Hong Kong e também em Macau.

Em 1987, tem uma grande re-trospectiva organizada em Taipei e uma outra em Pequim, em 2010, ao completar 90 anos.

Membro da Academia francesa de Belas-Artes desde 1997, a sua obra conheceu grande valorização em anos recentes.

literatura da Universidade de Coimbra José Carlos Seabra Pereira.

“Colar de Flores Bravias” é apresentado pelo catedráti-co Salvato Trigo, na próxima segunda-feira, na Fundação Engenheiro António de Al-meida, no Porto, e, no dia 03 de Abril, em Lisboa, no Centro Nacional de Cultura, pelo seu presidente Guilher-me d’Oliveira Martins.

Desde Fevereiro do ano passado, tem-se vindo a publicar diferentes materiais inéditos da autora de “A Si-bila”, que se retirou da vida pública depois de ter sofrido um acidente vascular cerebral, após a edição de “A Ronda da Noite”, em finais de 2006.

Em Fevereiro do ano pas-sado foi publicado “Kafkia-na”, um conjunto de quatro

ensaios sobre Franz Kafka, ao qual se seguiu o conto “Cividade”, e, em Outubro passado, “Caderno de Signi-ficados”, que Mónica Balda-que, coordenadora da edição, disse à Lusa incluir “contos inesperados, perfeitamente fora da estrutura de escrita habitual de Bessa-Luís”, no-

meadamente um, intitulado “Os dois amigos”, redigido “em forma de cantilena”.

O primeiro livro de Agus-tina Bessa-Luís, “Mundo Fechado”, foi publicado em 1948. Desde então a escritora publicou ficção, ensaios, teatro, crónicas, memórias, biografias e livros para crian-

ças. Várias obras suas foram adaptadas ao cinema por realizadores como Manoel de Oliveira (“Fanny Owen”, “Vale Abraão”) e João Bo-telho (“A corte do Norte”).

O romance “A Sibilia” valeu-lhe os prémios Delfim Guimarães, em 1953, e Eça de Queiroz, em 1954, os pri-meiros de uma lista de vários galardões, entre os quais o de Romance e Novela, da Associação Portuguesa de Escritores, em 1983, pela obra “Os meninos de ouro”, prémio que voltou a rece-ber em 2001, com “Jóia de família”.

A escritora foi distinguida pela totalidade da sua obra com, entre outros, os Prémios Camões e Vergílio Ferreira, ambos em 2004, e o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema, em 2005.

“O comum dos mortais”, “A quinta essência”, a trilogia “O princípio da incerteza”, “Antes do degelo”, “Doidos e amantes” contam-se entre a sua obra.

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12 hoje macau sexta-feira 28.3.2014

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José simões moraisTEXTO E FOTOS

A PÓS navegarmos de barco pelo Changjiang (Rio Lon-go, mas mais conhecido por Rio Yangtzé), chegamos de

novo a Nanjing, capital da província de Jiangsu. Capital do Sul é o significado do nome da cidade situada a meio da China, na parte Leste, assim chamada quando a dinastia Ming conquistou o poder aos mongóis, fazendo aí a sua primeira capital entre 1368 e 1420.

Na anterior dinastia Yuan, a cidade chamava-se Jiqing e em 1329, voltou a ter um dos seus antigos nomes, Jiankang até Março de 1356, após Zhu Yuanzhang, um dos chefes dos Turbantes Vermelhos, a conquistar e lhe chamar Yingtian. A di-nastia mongol governava a China e dis-criminava o povo Han a tal ponto que, este, já na miséria, se revoltou.

MAUSOLÉU DO FUNDADOR DA DINASTIA MING EM NANJING

A história da revolta dos campone-ses contra a opressão dos imperadores mongóis da dinastia Yuan chegou-nos aos ouvidos quando visitámos Bozhou, na província de Anhui.

Os mongóis encontravam-se com problemas desde 1328 devido a não terem regras para a sucessão dos khan

(em português can ou cão) e a corte Yuan estava em guerra entre si.

Mobilizando a população descon-tente em 1351, Liu Futong conseguiu ocupar o Sul da província de Henan e o Norte de Anhui com um grande gru-po de rebeldes, que usavam bandeiras vermelhas e turbantes da mesma cor.

Em 1352, Zhu Yuanzhang (1328-1398) alistou-se nesse movimento, conhecido pelos Turbantes Vermelhos, que foram vencendo os exércitos do imperador Yuan, tendo em 1355 criado um go-verno em Bozhou. Liu Futong (1321-1363) proclamou a nova dinastia Song em Bouzhou e coroou o filho de Han Shantong (seu primeiro companheiro de luta que tinha sido capturado e mor-to), Han Liner como Pequeno Rei da Luz. O movimento, que contou com a ajuda da sociedade secreta tauista do Lótus Branco, aumentou e alastrou-se tendo, depois de muitas peripécias, conquistado todo o Norte da China.

MENSAGEM DENTRO DO BOLO LUNARZhu Yuanzhang, nascido em 1328 de uma família Han de camponeses,

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13 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 28.3.2014

(Continua na página seguinte)

ZHU YUANZHANG TINHA UM PLANO PARA ATACAR A

DINASTIA YUAN E COM A FINALIDADE DE INFORMAR

TODOS OS QUE COM ELE ESTAVAM NESSA LUTA, JÁ

QUE OS ESPIÕES MONGÓIS ESTAVAM POR TODO O

LADO, ESCREVEU UM PAPEL COM A MENSAGEM DOS

PORMENORES DO PLANO. ESCONDENDO-A DENTRO

DOS BOLOS LUNARES, ENVIOU-OS AOS SEUS HOMENS

teve como primeiro nome Chong-ba. Ficou órfão ainda jovem, devido à peste que lhe levou toda a família e para sua sobrevivência, entrou no templo de Huangjue, onde se tornou monge budista. Como eram muitos a recorrer a esse estratagema e havendo pouco alimento no templo, teve que o abandonar. Assim, vagueou alguns anos e em 1352 juntou-se à revolta contra a dinastia Yuan, entrando no grupo chefiado por Guo Zixing. Este, vendo as qualidades e bravura de Zhu Yuangzhang, casou-o com a sua filha adoptiva, Ma.

Guo Zixing e o seu grupo, onde estava inserido Zhu Yuangzhang, combatiam a Norte do Rio Yangzté e após ocuparem Hezhou (Hexian em Anhui) em 1355, Guo Zixing mor-reu. Como Zhu não quis ficar sobre as ordens de outros chefes, criou um grupo de guerreiros e foi combater os mongóis para Sudeste. É dessa al-tura a História do Bolo Lunar. Conta esta que, Zhu Yuanzhang tinha um plano para atacar a dinastia Yuan e com a finalidade de informar todos os que com ele estavam nessa luta, já que os espiões mongóis estavam por todo o lado, escreveu um papel com a mensagem dos pormenores do pla-no. Escondendo-a dentro dos bolos lunares, enviou-os aos seus homens. Depois, ao mesmo tempo que espa-lhava pela cidade servir o bolo para prevenir desgraças, passou a palavra para que quem apoiasse o movimento, dependurasse lanternas às portas de suas casas. Tudo isso ocorreu sem que os mongóis desconfiassem já que não sabiam ler chinês. Quando os chineses comeram os bolos e leram as mensa-gens, mobilizaram-se e derrotaram os mongóis. Assim conquistou Yingtian em 1356 e toda a área circundante, onde fez a sua base.

Bouzhou caiu nas mãos dos mon-góis em 1359 e Han Liner acompanha-do por Lui Futong fugiram para An-feng. Entretanto as divergências entre os chefes dos revoltosos levaram a que muitos deles procurassem, ao longo do Changjiang, criar reinos independen-tes. Em 1363, após a morte em com-bate de Lui Futong, Zhu Yuangzhang foi ajudar Han Liner e colocou-o em Chuizhou, ainda como Rei Song. Já em 1366, Zhu convidou o Rei Song para se vir estabelecer em Yingtian, mas na travessia do Changjiang, aconteceu o naufrágio do barco que o transportava e assim morreu Han Liner.

Por ordem de Zhu Yuanzhang, em torno da cidade Yingtian começaram em 1366 a ser construídas as muralhas, empregando 200 mil trabalhadores. Es-

tas só terminaram em 1386, altura em que as fronteiras dos Han deixaram de ser ameaçadas pelos mongóis.

A MONTANHA PÚRPURAEm 1368, Zhu Yuanzhang ascendeu ao trono em Yingtian, mudando-lhe o nome para Nanjing, onde fez a sua capital e fundou a dinastia Ming (1368-1644), tornando-se imperador com o nome de Hong Wu (1368-1398). De salientar que Ming significa brilhante e este imperador, após a morte, ficou com o nome de Tai Zu. Está sepulta-do na Montanha Púrpura (Zijinshan), a Lesta da cidade, no mausoléu Xiao, que desde 2003 é Património Cultural da Humanidade.

Sabendo tal, subimos a pé pela parte Oeste da Montanha Púrpura, calcorreando um dos montes pela es-trada e atalhos, cheios de bambus. Ao entrar no parque do mausoléu de Tai Zu e da sua esposa, a imperatriz Ma, temos à nossa frente a estrada sagra-da com 1100 metros de comprimento e dividida em três partes. A primeira secção, com 618 metros de um cami-nho empedrado por onde seguimos, é ladeada por 24 grandes esculturas em pedra. Dispostas em pares e de frente umas para as outras, representando seis diferentes animais, é a sequência acom-panhada por árvores. Nas bordas do caminho e de frente um para o outro encontramos dois cavalos em pé e após 20 metros, dois outros cavalos, desta vez sentados. Situados todos os pares de animais sempre à mesma distância,

aparecem os lendários qilin, ou kylin (unicórnio chinês), que simbolizam paz e são animais auspiciosos, estando os primeiros de pé e de novo, a seguir, vêm os sentados. O mesmo acontece com as esculturas seguintes onde os elefantes, os camelos, os xiezhi e por fim os leões estão representados. Os lendários xiezhi, parecidos a porcos, tanto na forma do corpo, como no fo-cinho, apesar dos seus grandes dentes a tal não corresponderem, encontram-se sempre a guardar os túmulos pois, pela crença antiga, estes animais são bons contra os espíritos diabólicos, já que os enganam ao responderem ao contrário, quando estes lhes fazem perguntas.

Continuando a caminhar, chega-mos a um edifício sem telhado onde, no centro, se encontra uma escultura de nove metros, constituída por uma tartaruga e um enorme bloco de pedra, denominada estela (a maior que até hoje vimos), encimada por outro bloco, onde se encontram esculpidos dragões, revelando assim ter sido mandada fazer por um imperador. Para prestar home-nagem ao fundador da dinastia Ming, o seu filho e terceiro imperador, Yong Le, mandou erguer a estela “Grandes Mé-ritos”, cujo inicial projecto se revelou impossível, tal as dimensões escolhidas para a pedra. Teria esta 62,8 metros de altura e por isso, nem sequer saiu da pe-dreira. A que temos à nossa frente foi esculpida em 1413 e o texto nela in-serida contém 2746 caracteres. Segun-do os peritos em caligrafia, são eles de uma rara elegância, como era a escrita

do imperador. No entanto, na parte la-teral da pedra e para nosso espanto, en-contramos as letras US. SVHLOBOS e por baixo DEC 1904, havendo ain-da quatro marcas, talvez provenientes de disparos com arma de fogo. Outras inscrições romanizadas também aí se encontram gravadas mas, não têm a vi-sibilidade, nem a força desta.

Atraídos para um edifício ligeira-mente afastado, revela-se, quando jun-to a ele, com pouco interesse. Conhe-cido como a Grande Porta Dourada é o que resta da muralha que tinha 22,5 km de comprimento, 4 metros de altura e 1,5 metros de largura e envolvia todo o recinto do mausoléu Xiao.

Voltamos para trás e pensando conseguir pela diagonal chegar à zona onde está o mausoléu, damos com a estátua do fundador do reino Wu, Sun Quan (182-252), do Período dos Três Reinos. O primeiro imperador Ming, Hong Wu, escolhera este lugar para a sua sepultura, mas deixou que Sun Quan aqui continuasse enterrado e assim, encontramos o pequeno monte onde este descansa para a eternidade. Seguindo ao longo do enorme jardim, cruzamos com uma mansão onde, se-gundo uma placa, se desenrolou a nar-rativa do livro do século XVIII, “Sonho das Mansões Vermelhas”. Mais à fren-te, um outro edifício onde um peque-no museu expõe muitos panos de seda, sobretudo os famosos brocados de nu-vens, nome por que é conhecida a seda fabricada em Nanjing.

Reencontramos a estrada sagrada e percorremos a terceira secção, que nos leva directamente ao local onde, no décimo quarto ano do seu reinado, em 1381, Hong Wu mandou construir o seu próprio mausoléu, como era cos-tume acontecer. No ano seguinte, a imperatriz Ma morreu, tendo-lhe sido atribuído o título de Xiaoci, que signi-fica filial e carinhosa e por isso, ao local onde o túmulo se encontra, foi dado o nome de xiao, que significa filial.

À entrada do que será a parte mais importante da estrada sagrada, um par de colunas de pedra abre para um con-junto de grandes estátuas que repre-sentam os leais guardas do mausoléu. Consiste em dois pares de oficiais civis e outros dois pares de oficiais militares. Depois, pela Porta Lingxing, da qual pouco resta, e atravessando pela pon-te do Quinto Dragão o canal da Água de Ouro, por onde corre o Rio Impe-rial, atingimos a secção do Palácio do mausoléu. À frente do Palácio Sacrifi-cial, três lanços de escadas e na parte

PARA PRESTAR HOMENAGEM AO FUNDADOR

DA DINASTIA MING, O SEU FILHO E TERCEIRO

IMPERADOR, YONG LE, MANDOU ERGUER A ESTELA

“GRANDES MÉRITOS”, CUJO INICIAL PROJECTO

SE REVELOU IMPOSSÍVEL, TAL AS DIMENSÕES

ESCOLHIDAS PARA A PEDRA

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14 hoje macau sexta-feira 28.3.2014h

central, enormes lajes esculpidas com dragões e outros animais de simbolo-gia imperial. Continuando a percorrer o jardim, passamos por vestígios de edifícios que vão deixando de merecer a nossa atenção até que, chegamos às portas interiores e um corredor leva--nos à Cidadela. Aí, como única passa-gem, há um comprido túnel e por trás, vê-se o monte amuralhado onde está sepultado o imperador. Lateralmente, as escadas por onde subimos pelo enor-me edifício rectangular da Cidadela até ao topo, onde existiu uma torre e nesse terraço, revemos todo o recinto do pa-lácio.

Visitado o mausoléu, seguimos um trilho encostado ao muro do monte--sepultura, para dar uma espreitadela ao túmulo Dong que, pelo mapa, se en-contra a Leste de Xiaoling (mausoléu Xiao). O caminho parece não ter fim e não fosse o passo determinado de uma chinesa de meia-idade com uma mochi-la aos ombros, que por nós passa, tería-mos desistido, tal a distância que pare-ce termos já feito. Andamos um pouco mais e, de repente, entre as árvores, um lago de tamanho considerável dá-nos a compensação pelo caminho percor-rido. A chinesa despe-se e ficando em fato de banho, começa a encher umas pequenas bóias, enquanto vai entrando na água. Na companhia de outros na-dadores, ali usufruem a quente tarde de Verão. De regresso pelo mesmo trilho, é quando vemos, meio escondido, as ruínas de Dongling. O mausoléu Dong foi construído para o príncipe her-deiro Zhu Biao, o filho mais velho de Zhu Yuanzhang (primeiro imperador Ming). Mas Zhu Biao morre em 1392, seis anos mais cedo que seu pai e por isso não chega a imperador. O ainda imperador Zhu Yuanzhang aponta o neto Zhu Yunwen, filho de Zhu Biao, para seu sucessor. Quando Zhu Yunwen chega ao trono, como imperador Jian Wen, dá a seu pai o título póstumo de imperador e por isso, Dongling ficou como mausoléu imperial. Mas logo em 1403, o túmulo foi vandalizado pois o tio de Zhu Yunwen, Cheng Zu usurpou-lhe o trono e autoproclamou--se imperador Yong Le. O imperador deposto Jian Wen foge e apesar das buscas, nunca mais apareceu. É por isso que nada mais do que as fundações dos edifícios aí se encontram. O caminho de regresso é feito num ápice. Com a chegada à paragem do autocarro dos serviços de transportes de Nanjing, situada em frente à porta principal do recinto Xiaoling, decidimos voltar para a cidade e deixar para o dia seguinte a visita ao mausoléu de Sun Yat-sen (Sun Zhongshan).

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15 artes, letras e ideiashoje macau sexta-feira 28.3.2014

Muitos aspirantes a cineastas ficam bastante desencorajados na fase do financiamento, de-sistem, sentem-se derrotados e nunca fazem o seu filme. Não seja um deles.

C ONSEGUIR investidores que lhe dêem dinheiro para

concretizar o seu projec-to é a coisa mais difícil do mundo. A menos que tenha nascido em berço de ouro ou que tenha con-tactos com uma indústria cinematográfica madura – como a de Hong Kong -, prepare-se para lutar (e muito) para conseguir fi-nanciamento para o seu filme.

Felizmente para mim, fui sortudo o suficiente para conseguir arranjar investidores que já co-nhecia desde os meus

Thomas Lim*

FAZER UM FILME EM MACAU: DO GUIÃO ÀS FILMAGENS

Capítulo III: Os investidores e como arranjar um produtor

* actor, guionista e directordo filme “Roulette City”,

em exibição nos cinemas

tempos de actor. Inves-tidores que acreditavam em mim o suficiente para apoiar financeiramente o meu projecto do ‘Roulle-te City’. Não posso men-cionar exactamente de quanto foi o financiamen-to – mas, digo-vos já que foi definitivamente menor do que o ‘Ocean’s Eleven’. Seja como for, há bastan-tes festivais de cinema e organizações cinemato-gráficas que apoiam os no-vos produtores de filmes. Mesmo em Macau, e mais recentemente, começa-ram a surgir fundos e as-sociações para ajudar a – ainda pequena – indústria local. Com o guião certo – lembram-se do que falá-mos no capítulo anterior? – e uma equipa de pessoas capazes, eventualmente conseguirá dinheiro para fazer o seu filme. Algum, pelo menos.

Mas o que pode ajudar na busca por este financia-mento? Ter um produtor experiente a bordo sem dúvida que pode ajudar nesta área. O produtor que escolher deverá, ide-almente, saber que tipo de programas de apoio finan-ceiro são mais apropriados

para o seu filme e como preparar os materiais ne-cessários à candidatura para esse fundo. Por ou-tras palavras – o melhor mesmo é ter um produtor conhecedor e experiente.

Posto isto, a próxima questão será onde arranjar este produtor. Bem, acho que aí entra a nossa capa-cidade de lidar com pes-soas – e claro o facto de termos um bom guião. Ter boas capacidades sociais ajuda imenso no merca-do cinematográfico, afinal porque este é um mercado de e para pessoas. Goste ou não, está na natureza dos produtores trabalha-rem apenas com pessoas que gostam e confiam. Por

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AVISOCOBRANÇA DA CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL

1. Faço saber que, o prazo de concessão por arrendamento dos terrenos da RAEM abaixo indicados, encontra-se terminado, e, que de acordo com o artigo 3.º da Lei n.º 8/91/M, de 29 de Julho, conjugado com os artigos 2.º e 4.º da Portaria n.º 219/93/M, de 2 de Agosto, foi o mesmo automaticamente renovado por um período de dez anos a contar da data do seu termo, pelo que deverão os interessados proceder ao pagamento da contribuição especial liquidada pela Direcção dos Serviços de Solos, Obras Públicas e Transportes.Localização dos terrenos:- Avenida do Almirante Lacerda, n.ºs 19 a 21A e Avenida Marginal do Patane, n.ºs 348 a 356, em Macau, (Edifício

Jardim San Tou Seng);- Travessa da Capitania dos Portos, n.ºs 1 a 15, em Macau.

2. Agradece-se aos contribuintes que, no prazo de 30 dias subsequentes à data da notificação, se dirijam ao Núcleo da Contribuição Predial e Renda, situado no rés-do-chão do Edifício “Finanças”, ao Centro de Serviços da RAEM, ou, ao Centro de Atendimento Taipa, para levantamento da guia de pagamento M/B, destinada ao respectivo pagamento nas Recebedorias dos referidos locais.

3. Na falta de pagamento da contribuição no prazo estipulado, procede-se à cobrança coerciva da dívida, de acordo com o disposto no artigo 6.º da Portaria acima mencionada.Aos, 4 de Março de 2014.

A Directora dos Serviços de Finanças,Vitória da Conceição

isso mesmo, conseguir fa-zer com que as pessoas gostem de si – pessoal e profissionalmente – é muito importante.

Boas maneiras de co-nhecer produtores cine-matográficos é começar, realmente, a fazer parte da ‘cena’. Ir a eventos re-lacionados com filmes e cinema, pedir referências (esta é uma das melho-res formas) e até mesmo arriscar e enviar emails a produtores que queremos conhecer. Hoje em dia, é muito fácil conseguir os endereços de email para contactá-los: a menos que a pessoa seja muito famo-sa, é, normalmente, aces-sível através do endereço electrónico da empresa, provavelmente disponível no site da companhia.

Seja como for, acre-dito que devemos tentar apenas marcar reuniões com potenciais colabora-dores apenas se temos já um guião ou uma sinop-se de cerca de cinco ou nove páginas pronta. Se não houver nada de subs-tancial, de palpável, as colaborações não podem acontecer, mesmo que o produtor esteja interessa-do em trabalhar consigo.

Bem, depois disto tudo, resta-nos entender que, se for novo nisto, e tiver apenas poucos con-tactos, então não vai con-

seguir arranjar facilmente investidores ou produto-res experientes a bordo da equipa. Mesmo assim, isto não deve ser desculpa para impedi-lo de levar avante o seu projecto, se tiver, pelo menos, estas duas qualidades como cineas-ta: determinação e paixão. Se lutou por tanto tempo para conseguir arranjar dinheiro, deve avançar e

fazer o seu filme, mesmo com os recursos limitados. Se continuar à espera, sen-tado, o dinheiro também não chega. Pelo contrário, todo o fervor que tem, vai acabar, desaparecer...

Com a tecnologia avançada a que hoje te-mos acesso, é bem pos-sível conseguir filmagens de alta qualidade com câ-maras DSLR e é possível editar-mos o filme no nos-so próprio computador. Por isso, não há desculpas para não fazer o filme, se é mesmo isso que quer fazer. Muitos aspirantes a cineastas ficam bastante desencorajados nesta fase (do financiamento), desis-tem, sentem-se derrota-dos e nunca fazem o seu filme. Não seja um deles.

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16 DESPORTO hoje macau sexta-feira 28.3.2014

A Liga das Nações, uma competição entre selecções eu-

ropeias, foi aprovada pela UEFA durante o congresso desta quarta-feira, em Astana (Cazaquistão) e deverá arrancar em 2018.

O voto favorável foi unânime e reuniu o consen-so das 54 federações euro-peias, afirmou o presidente da UEFA, Michel Platini. As selecções europeias “querem deixar de fazer amigáveis que não inte-ressam a ninguém, nem aos jornalistas, nem ao público”, afirmou Platini, citado pela AFP.

Muitos pormenores da prova ainda serão decidi-dos durante os próximos quatro anos, mas já se sabe, por exemplo, que as selecções vão ser dividi-

WWW. IACM.GOV.MO

ANÚNCIO

[N.º 35/2014]

Paraosdevidosefeitosvimosporestemeionotificarosrepresentantesdosagregadosfamiliaresdoconcursodehabitaçãoeconómicaabaixo indicados,nousodacompetênciadelegadapelaalínea15)don.º1doDespachon.º01/IH/2014,publicadonoBoletim OficialdaRAEM,n.º3,IISérie,de15deJaneirode2014enostermosdon.º2doartigo72.ºdoCódigodoProcedimentoAdministrativo,aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro:

Nome N.ºdoBoletimdecandidatura Nome N.ºdoBoletim

decandidaturaNGSEKSANG 115801 WUHONIENG 108321CHOICHONGMENG 110472 LAISISI 101867MAKLOUKA 71755 CHANWENGCHUN 119003MUICHANLON 78752 FONGWAILON 122394IOIAOKAN 67036

Porcausadosrepresentantesdosagregadosfamiliaresacimamencionadosnãocompareceremno este Instituto para escolha de habitação após a emissão da segunda convocação, as respectivascandidaturasserãoexcluídasnalistageral,deacordocomostermosdaalínea2)don.º5doartigo60.ºdaLein.º10/2011(Leidahabitaçãoeconómica)ealíneaa)doartigo14.ºdoRegulamentodeAcessoàCompradeHabitaçõesConstruídasnoRegimedeContratodeDesenvolvimentoparaaHabitação,aprovadopeloDecreto-Lein.º26/95/M,de26deJunho,revistopeloRegulamentoAdministrativon.º25/2002. De acordo com os artigos 93.º e 94.º doCódigo do ProcedimentoAdministrativo, aprovadopeloDecreto-Lein.º57/99/M,de11deOutubro,devemapresentar,porescrito,assuascontestaçõese todasasprovas testemunhais,materiais,documentaisouasdemaisprovas,noprazode10dias,acontardadatadepublicaçãodopresenteanúncio.Senãoapresentaremascontestaçõesnoprazofixado,considerandoasdesistênciasdorespectivodireitoenãoaceitaçãodascontestaçõesentreguesforadoprazofixado. Nocasodedúvidas,poderãodirigir-seaoIH,sitonaTravessaNortedoPatane,n.º102, IlhaVerde,Macau,duranteashorasdeexpediente,oucontactarSrª.Cheong,atravésotel.n.º28594875(Ext.220),paraconsultadoprocesso.

OChefedoDepartamentodeHabitaçãoPública,

ChanWaKeong26deMarçode2014

AVISO

Faz-se público que a Piscina Estoril, sob a dependência do IACM, estará aberta ao públicodurante a época balnear de 2014 entre 1 deAbril e 30 de Novembro, com o seguinte horário defuncionamentoetabeladepreços:

Piscina Estoril

Aberta entre 1 de Abril e 30 de Novembro2a feira:13h00às22h30

3a feiraaDomingo:7h00às12h00e13h00às22h30

* Às 2a feira,apiscinapermaneceráencerradaduranteoperíododamanhãparaefeitosde limpezaemanutençãoperiódica, reabrindoàs13h00.Casouma2a feiracoincidacomumferiado,apiscinapermaneceráabertapassandoosserviçosdelimpezaedemanutençãoparaoperíododamanhãde3a feira.

Preços, em patacas, dos Bilhetes de Ingresso e Passes da Piscina Estoril

Tipo BilheteSimple

Passe Mensal

Passe Trimestral

Passe por épocabalnear

Adultos $15.00 $260.00 $610.00 $1,230.00Portadoresdecartãodeestudante $7.00 $150.00 $440.00 $880.00

Criançascomidadeinferiora12anos $5.00 $90.00 $210.00 $440.00Séniorescomidadesuperiora65anos $7.00 $150.00 $440.00 $880.00

* A aquisição de passes é efectuada na bilheteira da piscina,mediante a apresentação de 2 (duas)fotografiasde1.5”(umapolegadaemeia)eumafotocópiadodocumentodeidentificaçãoválido.

Macau,aos19deMarçode2014.

OPresidentedoConselhodeAdministração,substitutoVongIaoLek

UEFA LIGA DAS NAÇÕES FOI APROVADA PORUNANIMIDADE E PODE SURGIR EM 2018

Federações dão luzverde a competição

NATAÇÃO ATLETA MAIS MEDALHADODE SEMPRE EM JO DEVERÁ REGRESSAR

Phelps pode estarde volta no Verão

H Á cinco anos, Michael Phelps disse que, após os Jogos Olímpicos de

Londres, iria “pendurar o fato de banho e levar uma vida fácil”. Mas, a acreditar nas palavras de Bob Bowman, o seu treinador, a “vida fácil” da bala de Baltimore está prestes a acabar. “Ele parece estar em forma. Está a sentir-se bem”, diz Bowman nesta quarta--feira, citado pela jornal norte--americano USA Today. Phelps já não nada em competição desde que se tornou nos Jogos de Londres em 2012 o atleta mais medalhado de sempre, com 22 medalhas (18 de ouro).

No horizonte poderá estar a participação nos campeonatos norte-americanos em Agosto próximo, em Irvine, na Cali-fórnia, mas, segundo Bowman, Phelps deverá primeiro testar as actuais suas capacidades em outras provas. “Se ele nadar em alguns meetings e estiver bem, ele deverá ir a Irvine”, garantiu o técnico de Phelps, que nunca confirmou que iria regressar à natação competitiva, mas que, em Novembro do ano passado, voltou a submeter-se a controlos anti-doping fora de competição. Phelps tem passado os últimos meses a

das entre quatro grandes divisões, agrupadas pelo ranking. Portugal faria parte da primeira divisão, neste momento.

Cada divisão é dividi-da em grupos de três ou quatro equipas, que jogam entre si. Isto significa que, entre o Mundial de 2018 e o Europeu de 2020, cada selecção terá de jogar qua-tro ou seis jogos, para além de uma final four entre os vencedores de cada grupo.

Em disputa irá estar uma vaga extra no Cam-peonato Europeu de 2020, que vai ser organizado por

13 cidades diferentes. A Liga das Nações vai ser jogada durante as datas previstas pela FIFA para os encontros particulares entre selecções.

A criação da nova com-petição surge na sequência do processo de centraliza-ção dos direitos televisivos dos jogos entre selecções pela UEFA. O presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Go-mes, que esteve presente no congresso de Astana, acredita que a Liga das Nações “potenciará o valor dos direitos já centraliza-dos pela UEFA”.

Por conhecer está ain-da a forma como se vão coordenar as etapas de qualificação para as com-petições internacionais e a nova competição.

recuperar a forma nos últimos meses no North Baltimore Aquatic Club, juntamente com alguns dos elementos da equipa norte-americana.

Para já, diz Bowman, Phelps vai centrar-se em dis-tâncias mais curtas, ele que conquistou títulos em provas dos 100m aos 400m. “Vamos começar com coisas mais cur-tas, para ver se ele tem alguma velocidade, ou para ver como

estão as braçadas, esse tipo de coisa”, acrescenta Bowman.

Se as coisas correrem bem, Phelps poderá marcar presença nos Mundiais de natação do próximo ano, que se realizam em Kazan, na Rússia, tendo como objectivo final a presença nos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

A presença de Phelps no Brasil seria a sua quinta par-ticipação olímpica, ele que se estreou em Sydney 2000, com apenas 15 anos, sem ter ganho qualquer medalha. Quatro anos depois, em Ate-nas 2004, o norte-americano conquistou seis medalhas de ouro e duas de bronze, a que se seguiram oito medalhas de ouro em Pequim 2008. Em Londres, Phelps teve os seus Jogos menos produtivos, com “apenas” quatro medalhas de ouro e duas de prata.

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hoje macau sexta-feira 28.3.2014 FUTILIDADES 17

TEMPO CH UVA FR A C A M IN 20 M AX 24 HUM 85 -99% • E URO 11 BAHT 0 .2 YUAN 1 .3

Kirill Oreshkin arrisca a vida para tirar selfies• Kirill Oreshkin está a tornar-se famoso, nas redes sociais, como o ‘homem-aranha’ russo. Desde 2008 que este jovem sobe aos prédios mais altos de Moscovo para tirar selfies no topo. Depois, publica-as no site 500px. “Gosto de paisagens”, explicou-se Kirill Oreshkin, numa entrevista ao jornal britânico The Independent. “Gosto de fotografar a cidade e as pessoas que estão à minha volta e queria ter pontos de vista diferentes”, reforçou. Para ajudar à fama, o jovem escala os prédios sem qualquer tipo de equipamento de segurança. “Se usar” nem que seja uma corda “muda alguma coisa”, justificou-se, numa entrevista ao site Vocativ.

Comboio descarrila e pára nas escadas rolantes do Aeroporto• Um comboio que serve o Aeroporto Internacional de Chicago terminou o serviço, às 2h50 locais, no cimo das escadas rolantes. O descarrilamento insólito ocorreu na paragem de O’Hare, que é subterrânea, e só não houve vítimas mortais por ter ocorrido de madrugada, segundo o comandante dos bombeiros de Chicago, José Santiago. A mesma fonte precisou que foram registados 32 feridos, mas nenhum ficou em perigo de vida. “Eu ouvi um ‘bum’ e, quando saí do comboio, ele tinha ido até ao topo das escadas rolantes”, contou Denise Adams, uma passageira citada pelo Chicago Sun-Times: “foi um grande susto”.

Pu YiPOR MIM FALO

APENAS CATALINA OTALVARO

Ao primeiro olhar surgem de pronto alguns nomes à cabeça... Adriana Lima? Irina Shayk? Puro engano. A deusa colombiana dá pelo nome de Catalina Otalvaro, 25 anos, 1,68 metros, 48 kg, olhos verdes, enfim, as semelhanças já levaram a várias comparações com as duas manequins citadas inicialmente. Mas não se trata de nenhum clone. Catalina é a manequim do momento em terras colom-bianas. Natural de Cali, esta ardente modelo viveu grande parte da sua vida em Medellín. Estuda Direito, uma ocupação que concilia com aulas de guitarra.

João Corvofonte da inveja

Poesia é vida, alimento e cor

C I N E M ACineteatro

SALA 1NOAH [3D] [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly14.15, 19.15

NOAH [C]Um filme de: Darren AronofskyCom: Russell Crowe, Anthony Hopkins, Jennifer Connelly16.15, 21.45

SALA 2 HORSEPLAY [B](FALADO EM CANTONÊS LEGENDADOEM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Lee Chi NgaiCom: Tony Leung, Ekin Cheng, Kelly Chen, Eric Tang14.30, 16.15, 21.30

KANO [B](FALADO EM JAPONÊS, HOKKIEN E HAKKAE LEGENDADO EM CHINÊS E INGLÊS)Um filme de: Chih-HsiangCom: Masatoshi Nagase, Oosawa Takao, Togo Igawa18.15

SALA 3DIVERGENT [C]Um filme de: Neil BurgerCom: Shailene Woodley, Kate Winslet, Maggie Q, Zoe Kravitz14.15, 16.45,21.30

NON-STOP [B]Um filme de: Jaume Collet-SerraCom: Liam Neeson, Julianne Moore19.30

NOAH

Há um qualquer poeta em mime outro mais, em ti também,mais um outro que é assim…um poeta de mais alguém!...

A poesia é encantovigília compensação,é versátil e espantoem generosa sedução,é rigor tão liberalcontexto e elevação,dissertar sem ter igualé terapia e emoção.

Tantos poetas houveram,tantos há e mais haverão,tantos nos permaneceramtantos são inspiração.

Camões que nos descrevePessoa que nos ultrapassaEugénio que nos harmonizaO’Neill que nos percebeRégio que nos devassaGedeão que nos imortalizaAdolfo que nos antecedeFlorbela que nos desfaçaAfonso que nos gizaBocage que nos enxergueAry que nos abraçaNatália que nos revitalizaSofia que nos conheceDavid que nos entrelaçae a poesia se eterniza.

Tantos foram os poetastanta poesia criada,tantas as palavras certasentre tantas festejadas…tanto verso tanta fonte,tanta métrica estudada,entre rios e montesPoesia, és tão amada.

Por entre versos forçadose outros com alegria,tantos temas abordadosportanto: viva a poesia!...

A vida não são dois dias, mas o Carnaval são três.

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18 OPINIÃO hoje macau sexta-feira 28.3.2014

“Energy efficiency is a relatively quick and effective way to minimize depletion of resources. It is the way for the future development of alternative resources. Effective energy efficiency programs can reduce a country’s reliance on non-domestic energy sources, which can in turn improve national security and stabilize energy prices.”

Energy Efficiency: The Innovative Ways for Smart Energy, the Future Towards

Moustafa Eissa, Modern Utilities

A Agência Internacional de Energia (AIE) e outros organismos internacio-nais identificaram três suportes tecnológicos para diminuir as emis-sões de dióxido de car-bono ligadas à energia, como a melhoria na eficiência energética

aplicadas na produção de energia e no consumo energético de utilizadores finais; a alteração da produção de energia com baixos níveis de carbono, como por exem-plo, passar do carvão ao gás, emprego de biocombustíveis, energias renováveis bem como a produção de energia nuclear e captura e armazenamento de carbono.

O avanço na execução destes suportes tecnológicos nos países do G20 foi exíguo e raras vezes sustentado. Quase toda a al-teração na intensidade de carbono a nível mundial pode ser atribuída ao melhoramento da eficiência energética. A maioria das alte-rações favoráveis na intensidade de carbono após 2007 deve-se ao melhoramento na eficiência energética, e só cerca de 10 por cento se deve a uma modificação para um modelo energético mais limpo.

A Itália, Reino Unido e Turquia são as economias de maior eficiência energética adentro dos países do G20. A melhoria na eficiência energética de alguns países de forte sector agrícola deve-se ao facto do aumento do PIB ser em parte devido a um crescimento substancial no valor das suas exportações agrícolas, por vezes mais que às actividades suportadas no consumo de energia.

As recentes mudanças no ciclo hidrológico, nomeadamente as precipitações em alguns pa-íses originaram uma diminuição na produção de energia hídrica nos últimos sete anos e o aumento da procura de electricidade foi coberta pela produção de energia térmica. A redução da dependência do carbono só é possível através do aumento da eficiência energética, apesar das medidas de eficiência soem ter um efeito contrário e existir um limite para a redução do uso de energia por unidade de PIB.

Tais medidas, são em especial opções de menor custo para a redução de carbono como por exemplo, mudanças no compor-tamento, o que parece indicar que outras opções na procura de eficiência como a produção conjunta de calor e de electrici-dade, talvez requeiram maiores custos e incentivos. Algumas das maiores economias emergentes conseguiram aumentar a sua

perspect ivasJORGE RODRIGUES SIMÃO

O investimento da China era dez vezes maior que o da Índia em 2012. A Índia aumentou nos últimos cinco anos os seus investimentos em energias renováveis 140 por cento e o restante da Ásia e Oceânia com exclusão da China aumentaram 170 por cento

Eficiência energéticaeficiência energética como a África do Sul e a Indonésia, mas existe possibilidade de uma melhoria significativa na maioria das economias emergentes.

A intensidade energética, ou seja, a energia consumida por unidade de PIB das economias do grupo de países do E7 continua a ser um terço mais alta que a das economias dos países do G7, tendo sido desconsiderado o formato do G8 devido à crise da Ucrânia e anexação da Crimeia pela Rússia. O modelo energético ainda é intensivo em carbono. A quantidade de dióxido de carbono emitida por cada unidade de energia consumida foi flutuando, mas em termos gerais permaneceu dentro de limites razoáveis durante os últimos cinco anos.

A dependência do petróleo para a energia tem diminuído, mas o modelo de combustí-veis global está dominado por combustíveis fósseis, e em particular o carvão que sofreu um aumento de consumo. O uso da fracturação hidráulica para comercializar recursos que anteriormente eram inacessíveis provocou uma expansão propagandista em todo mundo a respeito do potencial do gás de xisto como um combustível de baixo preço, combustão limpa e menor emissão de carbono.

de carbono diminuíram nos Estados Unidos, tornando fácil o acesso ao gás natural barato que fez baixar o preço do carvão aumentando o seu consumo em outros locais.

A União Europeia teve três condições desfavoráveis que foram o baixo preço do carvão, os baixos preços para os créditos de carbono e o iminente fecho de centrais geradoras mais antigas e intensivas em car-bono, regulado pela Directiva 2001/80/EC (LCPD na sigla inglesa) relativa às grandes instalações de combustão, que levaram a um significativo consumo do carvão.

O preço de referência do carvão no Noro-este de Europa baixou de vinte e sete euros por tonelada entre 2011 e 2012 e os preços dos créditos de carbono foram abaixo dos três euros no final de 2013, quando em 2011 eram acima dos dezassete euros. A LCPD estabelece um limite de vinte mil horas de actividade às centrais geradoras intensivas em carbono até 2015, altura em que devem encerrar as centrais geradoras mais antigas cuja actividade operativa é feita por recurso à fonte de combustível mais barata.

O Reino Unido, por exemplo, registou um aumento da electricidade produzida pelo

sua quase totalidade era misturada com 10 por cento de etanol há três anos nos Estados Unidos, representando o máximo de mistura para veículos automóveis ligeiros e pesados aprovados pela Agência de Protecção Am-biental (EPA na sigla inglesa).

A procura de petróleo tem vindo a diminuir desde há sete anos nos Estados Unidos, devido à acção conjunta da recessão económica que levou a conduzir menores distancias, a regulamentação sobre poupança média de combustível, conhecida por normas Corporate Average Fuel Economy (CAFE) mais rigorosas e o uso de biocombustíveis. A procura de biocombustíveis no Brasil continua a ser sustentada pela percentagem obrigatória de 20 por cento em 2012 e 25 por cento em 2013 de etanol que se mistura com a nafta e pela procura dos Estados Unidos.

A China continua o vagaroso aumento nas energias renováveis, tendo a dependência dos combustíveis fósseis quase triplicado em termos de carvão desde o início do século com um aumento de 42 por cento em 2013. A China superou os Estados Unidos em 2012, com os maiores investimentos em energias renová-veis, principalmente em energia solar. A sua intensidade de carvão desceu em média 2 por cento face à taxa mundial de 0,68 por cento. A China, ocupa o terceiro lugar em termos de crescimento no consumo de energias renová-veis entre as economias dos países do G20.

A Itália, Reino Unido, Brasil, Austrália e França tiveram um elevado crescimento no consumo de energias renováveis, sem incluir a energia hídrica em 2013. A Austrá-lia teve uma experiência admirável porque o crescimento coincidiu com a introdução de um preço para os créditos de carbono, o que indica que criar incentivos de mercado pode ter um impacto material. A produção de energia solar quase duplicou, e tanta a produção de energia hídrica como a de ener-gia eólica aumentaram significativamente.

A China implementou o seu primeiro regime experimental de comércio de direitos de emissão, estando por comprovar se o facto de colocar preço ao carbono estimulará níveis mais significativos de descarboniza-ção. A Índia registou uma descida muito significativa no consumo de petróleo de 30 por cento do modelo energético, em média nos últimos cinco anos, que foi compensado pelo aumento de 50 por cento no mesmo período no consumo de carvão.

A proporção do investimento nas energias renováveis permaneceu sem alterações. Os novos investimentos da Índia em energias renováveis baixaram para mais de metade em 2013. É notável que a taxa de investimentos em energias renováveis na Índia ficou muito além de outras economias asiáticas, em particular e em relação à China que investiu quase três vezes mais. O investimento da China era dez vezes maior que o da Índia em 2012. A Índia aumentou nos últimos cinco anos os seus investimentos em energias renováveis 140 por cento e o restante da Ásia e Oceânia com exclusão da China aumentaram 170 por cento.

A AIE considerou há três anos a possi-bilidade de o mundo estar a entrar numa era dourada do gás. A revolução energética do gás de xisto está limitada principalmente aos Estados Unidos. O gás de xisto, abundante, fez diminuir o preço da energia, amparou a criação de empregos e permitiu afastar o carvão para a produção de electricidade, o que explica grande parte do impacto da descarbonização realizada nos últimos anos nos Estados Unidos. Todavia, a fracturação hidráulica ainda não teve um impacto no modelo energético mundial.

O gás natural continua a representar a quarta parte do modelo energético mundial desde o início do século. O investimento em energias renováveis aumentou consideravel-mente desde o início do século mas a sua participação no modelo energético global situou-se abaixo dos 9 por cento nos últimos seis anos. A revolução do gás de xisto não conseguiu fazer passar o carvão ao gás. Os Estados Unidos lideram a lista dos países do G20, com uma taxa de descarbonização de 6 por cento, dado que o apogeu do gás de xisto contribuiu para diminuir as emissões de carbono ligadas à energia.

A proporção de gás natural na produção de electricidade nos Estados Unidos aumentou 30 por cento, tendo havido uma diminuição de 45 por cento para 35 por cento na produção de electricidade assente no carvão. As emissões

carvão de 30 por cento para 40 por cento entre 2011 e 2012, com uma redução equi-valente no uso de gás, de 39 por cento para 29 por cento no mesmo período. O efeito da LCPD pode ser transitório, e existe a dúvida metódica de que os baixos preços do carvão e os créditos de carbono possam retroceder sem uma importante intervenção política.

A Comissão Europeia, em 2012, propôs pela primeira vez um plano para adiar os leilões de algumas licenças de carbono que são reguladas pela Directiva 2003/87/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 13 de Outubro de 2003, relativa à criação de um regime de comércio de licenças de emissão de gases com efeito de estufa, conhecido como diferimento, para ajudar a melhorar os preços dos créditos de carbono. A proposta de diferimento ainda estava em debate na altura em que foi redigido o relatório da Comissão Europeia, assim como outras reformas es-truturais mais amplas que o requerido com urgência pelo comércio de licenças de emissão a fim de atribuir incentivos adequados para in-vestimento em tecnologias de baixo carbono.

Os Estados Unidos e o Brasil continuam a ser os maiores produtores de etanol e bio-diesel. Os biocombustíveis representaram menos de 1,5 por cento da procura total de energia nos Estados Unidos e mais de 4 por cento no Brasil em 2012. A nafta na

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19 opinião

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editor Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Cecilia Lin; Joana de Freitas; José C. Mendes Colaboradores Amélia Vieira; Ana Cristina Alves; António Falcão; António Graça de Abreu; Hugo Pinto; José Simões Morais; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros Colunistas Agnes Lam; Arnaldo Gonçalves; Correia Marques; David Chan; Fernando Eloy ; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

hoje macau sexta-feira 28.3.2014

C OMO muitos dos leitores deste jornal, sou uma re-sidente de Macau com o privilégio de ter tido várias moradas na terra. Um ano num apartamento, uns meses noutro e, feitas as contas, já lá vão sete, de diferentes áre-as, tipologias e preços. Isto de ter vivido em muitas casas

torna-nos peritos em caixotes e sacos, dá-se uma nova função ao arquivo dos jornais, passamos a ser especialistas em decoração de interiores e aprendemos muito, mas mesmo muito, da cultura local dos negócios.

Quase todas as minhas mudanças fica-ram marcadas por histórias mais ou menos curiosas. A melhor de todas tem já dez anos, numa altura em que o mercado imobiliário era mais simpático do que é hoje. Apesar de os preços do arrendamento serem dez vezes mais comportáveis, os truques dos agentes eram já insuportáveis: ao final de um ano de contrato, toca a tentar expulsar o inquilino a ver se, em arranjando um novo pateta à procura de casa, chove mais uma comissão.

Tentado, sem sucesso, o clássico golpe do contrato-que-termina-ao-final-de-um--ano, o agente deu asas à imaginação: dia

O rapaz do capacetecontramãoISABEL CASTRO

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sim, dia sim, chegava a casa e tinha vários papéis colados na porta com a mensagem “paga a renda, paga o que deves”. Um recado escrito em português e em chinês, para que os meus vizinhos não tivessem dúvidas acerca do conteúdo e eu fugisse de vergonha, sem a face que teria acabado de perder. Nunca soube o que ficou a vizi-nhança a pensar, mas apreciei a preocupação com o bilinguismo.

Enviadas cópias dos comprovativos dos depósitos bancários para a agência, com a promessa de que, na próxima tentativa, o caso iria ser resolvido por alguém que percebesse mais de leis do que eu, eis nova manobra: o rapaz – alto, moreno e com um capacete ao estilo tigela que lhe dava um ar patético – começou a visitar o prédio a horas improváveis e, tendo acesso às ligações da electricidade e da água no corredor do andar de apartamentos, deixava-me às escuras e com as torneiras secas. Fazia-o quando me sabia em casa – e com a ajuda preciosa do porteiro, que o informava do meu paradei-ro. Foi assim que acordei mais do que uma vez com o ar condicionado desligado e o frigorífico em pleno processo de desconge-lamento. Passei a entrar pelo bloco do lado e a atravessar a garagem para conseguir

chegar ao elevador e ao meu sétimo andar sem ser vista pelo porteiro.

Como a técnica da luz e da água também não funcionou, o agente recorreu a outra in-venção particularmente parva: selava a porta de ferro com várias camadas de fita-cola larga para evitar que eu saísse. E para que, quando saísse, fosse embora de vez. Num destes parvos episódios, deu-se mal: o elevador onde eu descia fechou-se no momento em que ele e o porteiro amigo se preparavam

para nova acção de embelezamento da porta. Ainda tive tempo de os ver, mas não me viram. Quando regressei, entrei pela porta do meu prédio – e jamais me esquecerei da cara aparvalhada de espanto do porteiro, que me julgava na casa do sétimo andar. Já não vi o agente, mas à minha espera tinha o mimo do costume que, nessa noite, me levou a telefonar à polícia.

Apesar da indicação expressa de que não falava chinês, veio um polícia simpático com claras dificuldades de expressão noutro idioma que não o cantonês. Ainda assim, entre gestos e monossílabos, consegui perceber que ele não entendia o que tinha acontecido e que, se eu queria alguma coisa, o melhor era ir à esquadra. O que não fiz – a presença do polícia no sétimo andar bastou para que o porteiro avisasse o agente amigo de que as autoridades andavam por ali. E foi assim que tive um último mês sossegada naquela casa: desisti por cansaço, por receio da artimanha seguinte, por não me sentir protegida sozinha numa casa que julgava ser minha enquanto pagasse a renda ao dia certo e tivesse um contrato válido. Nunca cheguei a conhecer o meu senhorio.

Não sei se vai funcionar, mas aplaudo a iniciativa que corre pelo Facebook de se tentar ter um tecto em Macau sem se estar nas mãos de rapazes de capacete patético e ideias parvas na cabeça. As normas legais que dispõem sobre o arrendamento oferecem pouca protecção ao arrendatário, mas mais grave ainda é a falta de honestidade de agen-tes que se aproveitam do desconhecimento da lei e/ou da fragilidade dos inquilinos para fazerem negócio.

Não sei se o movimento lançado pelo Facebook vai ser bem-sucedido, se vai con-seguir traduzir-se para a língua que a maioria da população fala, se vai haver proprietários interessados em negociar directamente com os inquilinos. Para já, estimula o debate.

O facto de o movimento ter conquistado rapidamente um grande número de segui-dores em pouco tempo diz muito do estado das coisas – e diz ainda mais do estado de espírito e do cansaço que afecta muitos dos residentes de Macau. Parece ser dado adqui-rido por todos que o Governo de Chui Sai On nada vai fazer para alterar o que hoje se passa no mercado do arrendamento.

É bom que a sociedade se mexa – em defesa do ambiente, da educação, por uma melhor qualidade de vida, pelo direito a um tecto. Bater o pé faz-nos bem, torna-nos cidadãos mais plenos, menos conformados com o que nos dão. Não sei se nos leva a algum lado – talvez nos dê apenas a ilusão de que as coisas podem mudar. Mas há ilu-sões que, em doses certas, não nos fazem mal: afinal, existem porque não estamos de braços cruzados a olhar para os vizinhos.

Era um recado escrito em português e em chinês, para que os meus vizinhos não tivessem dúvidas acerca do conteúdo e eu fugisse de vergonha. Nunca soube o que ficou a vizinhança a pensar, mas apreciei a preocupação com o bilinguismo

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hoje macau sexta-feira 28.3.2014

Portugal desembolsa 400 mil euros para OE de MoçambiquePortugal vai canalizar um total de 400 mil euros para apoiar directamente o Orçamento do Estado de Moçambique, no âmbito de um acordo realizado na cimeira entre os dois países, que decorreu ontem em Maputo. Este será o montante que será desembolsado por Portugal, de um total de cerca de 134 milhões que o Estado luso vai disponibilizar para a cooperação com Moçambique, de acordo com o site moçambicano “O País”. Recorde-se que Portugal está entre os 19 países e instituições que contribuem directamente para o OE moçambicano.

Alemanha prepara plano para expulsar imigrantes desempregadosO governo da chanceler Angela Merkel está a preparar um diploma que prevê o fim da apelidada “imigração da pobreza”. Na origem desta medida está o aumento de imigrantes europeus que emigram para a Alemanha e se candidatam às prestações sociais. Na sua maioria estes casos ocorrem por parte de cidadãos búlgaros e romenos. O objectivo é legalizar a expulsão dos cidadãos imigrantes que, entre três a seis meses após chegarem ao país, não encontrem trabalho, revela um relatório elaborado por especialistas e apresentado pelo ministro do Interior, Thomas de Maizière, e pela ministra do Trabalho, Andrea Nahles, aos jornalistas. Segundo o jornal El País, os peritos defendem o referido prazo como limite para a expulsão dos imigrantes, para que estes não sobrecarreguem, alegadamente, o sistema de prestações sociais que vigora na Alemanha. O processo é delicado, uma vez que estes cidadãos usufruem da liberdade de circulação na União Europeia mas acabam por se aproveitar do sistema social alemão.

Juros da dívida de Portugal a descer para mínimos de 2009Os juros da dívida estavam esta quinta-feira a descer em todos os prazos para mínimos desde o inverno de 2010. Esta manhã, os juros a dez anos estavam a 4,030%, um mínimo que não era registado desde Março de 2010 e abaixo dos 4,109% do encerramento de quarta-feira. No prazo de cinco anos, os juros estavam a descer para 2,933%, um mínimo desde Dezembro de 2009, depois de terem terminado a 2,999% na quarta-feira. No prazo de dois anos, os juros também estavam a descer para 1,293%, um mínimo desde Janeiro de 2010 e contra 1,343% na quarta-feira.

Papa Francisco e Barack Obama encontraram-seO papa Francisco encontrou-se com o presidente dos Estados Unidos pela primeira vez esta manhã no Vaticano. À chegada, Obama foi recebido por Georg Ganswein, o prefeito da Casa Pontifícia, que o conduziu pelos longos corredores. Francisco recebeu depois Obama no Palácio Apostólico e os dois tiveram uma breve conversa, a uma mesa, partilhando sorrisos e falando com recurso a tradutores. “É fantástico estar aqui”, conseguiu ouvir-se de Obama. Depois de uma conversa privada, seguiu-se a habitual troca de prendas. Apesar de diferentes opiniões sobre o aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, é aceite que os dois têm visões muito próximas sobre a pobreza e a desigualdade económica. O presidente norte-americano, acompanhado pelo secretário de Estado John Kerry e a conselheira Susan Rice, vai passar o dia em Itália, tendo um almoço de trabalho com o presidente Giorgio Napolitano e depois um encontro com o primeiro-ministro Matteo Renzi.

Dinamarca Zoo abateu quatro leões saudáveis, incluindo duas criasO Jardim Zoológico de Copenhaga está debaixo de fortes críticas depois de ter matado quatro leões saudáveis, alegando falta de espaço. Este jardim zoológico foi criticado no mês passado por abater uma girafa saudável, justificando motivos de consanguinidade. Os dirigentes do espaço fizeram saber que vão receber novos leões mas que não tinham espaço para os acomodar. A solução encontrada foi matar um casal de leões com 16 anos e as suas duas crias, de 10 meses de idade. Dirigentes do jardim explicaram que tentaram procurar um novo lar para os leões mas não encontraram um parque que quisesse ficar com eles. No que concerne às crias, foram abatidas pois não se conseguiram defender dos novos leões. “O zoo tinha a obrigação ética de esterilizar os leões, em vez de deixarem vir as crias ao mundo apenas para abatê-las”, anunciou a PETA, citada pelo The Guardian.

Mulheres ucranianas proíbem relações sexuais a homens russos“Não a dês a um russo.” Este é o nome de uma campanha inusitada promovida por um grupo de mulheres ucranianas, na sequência da anexação da Crimeia pela Rússia. “É preciso lutar contra o inimigo de todas as maneiras possíveis”, pode ler-se na rede social Facebook, onde é promovida a campanha, lançada pela escritora Irena Karpa. A página já tem 2300 “gostos”.

POLITÉCNICO ENTRA EM RANKING DE UNIVERSIDADES DA CHINA

Quatro estrelas para o IPM

cartoon por Stephff

EL-SISSI CANDIDATA-SE À PRESIDÊNCIA

CECÍLIA L [email protected]

O website da Associação dos Antigos Alunos das Universidades da China

anuncia que o Instituto Politéc-nico de Macau (IPM) ganhou pela primeira vez a classificação de quatro estrelas no relatório de estudo das avaliações às uni-versidades da China, em 2014. Trata-se da primeira vez que uma instituição académica do territó-rio obtém esta classificação.

A gestão e o nível académico são dois dos padrões utilizados para esta classificação. O facto do IPM ter passado na avalia-ção sobre o ensino superior do Reino Unido, pela Agência de

Garantia de Qualidade (Quality Assurance Agency), trouxe mais benefícios para a entrada neste ranking, explicou o presidente do IPM, através de resposta escrita enviada ao HM. “O pre-sidente do IPM considera que esta lista é muito importante e traz prestigio. Ficamos muito honrados por sermos a única instituição do ensino superior da RAEM a obter uma classificação nesta lista.”

Contudo, a classificação no ranking não significa menos trabalho para o IPM daqui em diante. “Há mais uma lista que classifica instituições do ensino superior com cursos de mestrado e doutoramento, e, por isso, o IPM não conseguiu

obter classificação. Queremos aumentar o nível de qualidade dos estudantes, do ensino e do nível académico para um nível mais internacional.”

Para além da lista de univer-sidades de quatro estrelas, há ainda uma lista de instituições académicas com a atribuição de seis estrelas. A Universidade de Pequim ficou em primeiro lugar na lista deste ano, de entre um conjunto de 600 universidades chinesas. Em segundo lugar fi-cou a Universidade de Tsinghua. Ambas lideram este ranking há cerca de 12 anos.

A Universidade de Tamkang, de Taiwan, também foi a primeira da Ilha Formosa a ser classificada com quatro estrelas no ranking.

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