Hoje Macau 24 FEV 2015 #3277

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GCS hojemacau PUB DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ WWW.HOJEMACAU.COM.MO MOP$10 TERÇA-FEIRA 24 DE FEVEREIRO DE 2015 ANO XIV Nº3277 Trancas na porta O Secretário para os Assuntos So- ciais e Cultura anunciou a intenção de negociar a limitação de turistas vindos do continente. Contraria- mente ao que vinha a ser defendido pelos Serviços de Turismo, o recém empossado Secretário diz-se agra- decido ao Governo central mas con- fessa “ser impossível” receber um número cada vez maior de turistas. Em vez de cimento, eram sacos de papel que enchiam a parede de um apartamento em Seac Pai Van. Um caso que, diz quem sabe, não é único AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB CHINA Visita de PM indiano a zona de fronteira disputada aquece ânimos SEXUALIDADE DSI acusada de impedir mudança de género HABITAÇÃO Se as paredes falassem GRANDE PLANO PÁGINA 3 SOCIEDADE PÁGINA 7 PÁGINA 12 SOCIEDADE PÁGINA 7

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Hoje Macau N.º3277 de 24 de Fevereiro de 2015

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Trancas na porta

O Secretário para os Assuntos So-ciais e Cultura anunciou a intenção de negociar a limitação de turistas vindos do continente. Contraria-mente ao que vinha a ser defendido pelos Serviços de Turismo, o recém empossado Secretário diz-se agra-decido ao Governo central mas con-fessa “ser impossível” receber um número cada vez maior de turistas.

Em vez de cimento, eram sacos de papel que enchiam a parede de um apartamento em Seac Pai Van. Um caso que, diz quem sabe, não é único

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2 hoje macau terça-feira 24.2.2015

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por Carlos Morais José

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l i g u e - s e • pa r t i l h e • v i c i e - s ePropriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Joana Freitas; José C. Mendes Redacção Andreia Sofia Silva; Filipa Araújo; Flora Fong (estagiária); Leonor Sá Machado Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Gonçalo Lobo Pinheiro; José Simões Morais; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca Colunistas Agnes Lam; António Conceição Júnior; Arnaldo Gonçalves; David Chan; Fernando Eloy; Fernando Vinhais Guedes; Isabel Castro; Jorge Rodrigues Simão; Leocardo; Paul Chan Wai Chi; Paula Bicho Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau Pineda; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia Hoje Macau; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

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“Macau é uma região rica mas isso não significa que os oficiais e funcionáriospúblicos possam gastar o dinheiro do Governo de forma desordenada. É angustiante

ver a forma como utilizam o erário público sem limites”Susana Chou, antiga presidente da AL, sobre o metro | P. 5

SolDADoS turcos colocam uma bandeira do país no caminho para o túmulo de Suleyman Shah, para uma operação de evacuação perto da cidade de Aleppo, na Síria. O histórico tumulo otomano, localizado no coração do conflito com a Síria,foi evacuado, bem como as dezenas de tropas turcas que o protegiam

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Um mundo estranho

ViVemoS num mundo estranho e, por vezes, dou por mim a pensar que devo ser um estranho numa terra estranha, apesar de não ter vindo de Marte como o herói de Robert Heinlein. Foi o que me sucedeu recentemente quando soube que uma suite num hotel de quatro estrelas em Veneza, a cem metros da Praça de São Marco e com vista para um canal, custa metade do preço de uma suite no Venetian. Portanto, paga-se mais pela cópia do que pelo original. Estranho, não é?E, no entanto, é assim. Percorremos este planeta que os homens fizeram estranho, cheio de contra-sensos, de maldade e estupidez. E damos com estas situações paradoxais, cuja existência nos faz duvidar da “nor-

malidade” das mentes humanas e da sua capacidade. Afinal, parece que andamos para aqui à mercê do que nos impingem, quase que sem vontade própria mas manobrados pelos vendedores de falsificações.Esta situação que acima descrevo faz-me pensar que algures as ovas de salmão serão vendidas mais caras do que o caviar, que pretendem imitar. E que uma cópia da Mona Lisa poderá ser vendida mais cara que o original. Chegamos, portanto, a um estado civilizacional onde o verdadeiro e o falso já se confundem, onde a autenticidade, como valor, basicamente, desapareceu. Como previu Baudrillard, somos consumidores de simulacros e a coisa em si (o real) há muito

que foi extinta ou nunca existiu. Isto é verdade para quase tudo, incluindo as nossas relações pessoais, hoje manipuladas pelas sombras, sejam elas de cinzento ou meramente cor-de-rosa, como nas revistas que mais vendem neste desgraçado planeta. Vidas falsas como as páginas que as publicam entretêm quem se contenta em viver por interposta pessoa, se bem que essa interposta nem sequer seja aquilo que nos impingem.O mundo está, de facto, um lugar estranho. Mas mais estranho ainda é, duzentos anos depois das Luzes, a maior parte da Humanidade continuar envolta nestas estranhas sombras e supinamente infeliz.

“Chegou-se à conclusãode que a maioria [dos crimes] resultou, obviamente, da fraca consciência dos ofendidos quanto à prevenção criminal e segurança cibernética”PoLíCiA JudiCiáriA• Sobre as burlas informáticase ‘nude chat’

“O grande problemados litígios irem parar ao tribunais está relacionado com o facto de, no processo de resolução, perdurarem, de parte a parte, falta de mecanismos intermédios para dirigir esses conflitos. Por isso decidimos propor esta parceria”JoSé PereirA Coutinho• Presidente da ATFPM, sobre a parceria com o Executivo para resolver problemas na Função Pública

“O crime de violência doméstica ou é público ou não é, e eu acho que deve ser. Façam uma lei avulsa. Já vi muitos casos de violência e o que se passa é que a violentada está subjugada ao poder doméstico. Seja pelo álcool ou jogo, são pessoas que não têm poder próprio.Se não houver intervenção do poder públicode penalizar o crimevamos ficar na mesma”Pedro LeAL• Advogado

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hoje macau terça-feira 24.2.2015 3grande plano

Fil ipa araú[email protected]

a notícia chegou na quinta--feira passada pela voz de Alexis Tam, Secre-tário para os Assuntos

Sociais e Cultura: o Executivo vai discutir com o Governo Central a possibilidade de limitar o número de entradas dos turistas chineses no território ainda este ano. Helena de Senna Fernandes, directora dos Ser-viços de Turismo, que anteriormente tinha descartado esta possibilidade, afirma concordar com a medida, mas alerta que nada está ainda decidido.

À margem das festividades do Ano da Cabra, Alexis Tam explicou que o número elevado de turistas, a grande maioria da China, já está a causar dificuldades à população e que é tempo de impor um limite ao fluxo de pessoas - uma medida muitas vezes sugerida mas, até agora, rejeitada pelo Executivo. O Secretário confirmou que o Executivo local vai negociar com o Governo Central para que este limite ao número de turistas seja imposto “muito em breve”.

“Depois da Semana Dourada vamos combinar reuniões com os ministérios do Governo Central li-gados à política de turistas da China. Vamos apresentar as nossas ideias e dificuldades”, assegurou Alexis Tam.

A mensagem a transmitir será clara: “Vamos dizer-lhes: ‘Obriga-do, estamos agradecidos de coração mas não podemos receber mais’”.

O Secretário não quis avançar

mais de 400 mil visitantesEm apenas três dias de feriados de Ano Novo Chinês, Macau acolheu 434.549 visitantes, segundo informação disponibilizada pelos Serviços de Turismo. Esta é uma subida anual de 3,4%. A maioria das pessoas chegou do interior da China: um total de 308.089 pessoas, o que representa um acréscimo de 6,9%.

“Vamos dizer [ao Governo Central]: ‘Obrigado, estamos agradecidos de coração mas não podemos receber mais [turistas]’”Alexis TAm secretário paraos Assuntos sociais e Cultura

Contrariando o que foi defendido anteriormente pelos Serviços de Turismo, a RAEM quer agora limitar o número de entradas de turistas do interior da China. Alexis Tam agradece ao Governo Central, mas diz que prefere a “qualidade de vida dos cidadãos” em primeiro lugar. Helena de Senna Fernandes concorda com a medida, mas diz que ainda nada está decidido

Alexis TAm quer negociAr limiTAção de TurisTAs dA chinA

Por hoje, já basta assim

ainda números. “Vai haver um limite mas não posso dizer o nú-mero”, disse, acrescentando que qualquer metodologia a aplicar será “científica” e terá em conta os impactos na economia de Macau, fortemente dependente do turismo.

“Há muitas hipóteses” para o esquema a ser adoptado, apontou Alexis Tam, indicando que estes limites podem oscilar consoante a época do ano.

É preciso estudarRelembre-se que esta medida vem contrariar uma posição manifesta-da pela Direcção dos Serviços de Turismo (DST), que tem defendido que Macau continua a ter capaci-dade para receber mais turistas. A própria directora do organismo, Helena de Senna Fernandes, pre-sente durante as declarações de Alexis Tam, defendeu diversas vezes, incluindo na Assembleia Legislativa, que a média diária de turistas estava abaixo da capaci-dade da cidade.

Em declarações ao HM, ontem, a responsável esclarece que “ainda nada está decido” e que ainda há muito a negociar.

“Este assunto vai ser discutido com as autoridades do Governo

Central após estes feriados. O limite pode ser uma das hipóteses, mas neste momento ainda não está finalizada e acordada qual será a decisão”.

Questionada sobre a sua posi-ção relativamente ao limite de tu-ristas, Helena de Senna Fernandes mostra-se apologista da medida.

“Concordo inteiramente com aquilo que o Secretário [Alexis Tam] disse. Mas sobre a decisão ainda é

preciso trocar ideias com o Governo Central”, esclareceu, reforçando que ainda não estão reunidas as condições para afirmar “qual o formato final” da medida, seja esta “limite ou outra medida qualquer”.

Até à discussão entre a Adminis-tração da RAEM e o Governo Central é preciso, defende Helena de Senna Fernandes, explorar todas as outras hipóteses possíveis para além do limite de número de turistas.

“Não podemos limitar-nos a uma ou duas hipóteses de solução, vamos explorar todas as possíveis medidas que podem ser implemen-tadas”, conclui ao HM.

ainda este anoO Secretário para os Assuntos Sociais e Cultura confirmou que a política deverá avançar ainda este ano, especificando que será “muito em breve”, já que a cidade não pode, diz, receber ainda mais gente.

“Macau é pequeno, temos 30 e poucos quilómetros quadrados, não podemos receber ainda mais gente. No ano passado tivemos cerca de 31 milhões de turistas. Se [este número] continuar a crescer, para nós é impossível”, sublinhou.

Alexis Tam lembrou que o esquema de vistos individuais, que facilitou a entrada de turistas chineses em Macau, surgiu como forma de auxílio ao território, numa altura em que a economia se ressentiu devido ao surto de pneu-monia atípica, em 2003. Contudo, o mesmo sistema não está, agora, a facilitar a vida a quem cá vive.

“O Governo Central foi muito bom para nós. Queria que Macau fosse uma sociedade próspera e conseguiu. Mas achamos que neste momento já é difícil. O importante é a qualidade de vida dos cidadãos. Hoje em dia já é muito difícil apanhar transportes, consumir nos restaurantes ou ir ao cinema”, lamentou.

passo a passo Numa análise à medida, Anthony Wong, professor assistente do Instituto de Formação Turística de Macau (IFT), diz concordar com o limite mas alerta para a neces-sidade desta medida ser colocada de forma faseada.

“É preciso um passo de cada vez. Concordo que seja colocado em vigor um limite ao número de entradas [de turistas] mas acho que, primeiramente, o Governo deve limitar durante as Semanas Douradas, altura de mais fluxo”, argumenta, sublinhando que é na altura destes feriados que “Macau sente um grande impacto [causado] pelos turistas”.

Numa primeira fase, diz o pro-fessor, o Governo “deve fazer este teste” como uma forma de teste. “É preciso experimentar primeiro nestes dias [feriados] só depois é que se poderá pensar nos outros dias, os dias normais”, avança.

Em causa estão também os im-pactos económicos que esta limita-ção poderá ter. Para Anthony Wong é impossível negar a dependência que o território tem relativamente ao negócio do Jogo.

“Limitar o número de turistas poderá de facto reduzir o impacto negativo que existe sobre o nosso território, mas pode ter também um impacto negativo no que diz respeito aos negócios”, alerta.

“A nossa economia depende efectivamente dos turistas, do que eles aqui gastam, principalmente no Jogo. Se o Governo limitar este número demasiado, considero que se fará sentir um impacto negativo na nossa economia. Por isso, de-fendo que sim, temos que limitar o número de turistas, especialmente nas épocas festivas, mas também defendo que se este limite for demasiado exigente, demasiado grande, irá provocar um impacto negativo na nossa economia.”

“Este assunto vai ser discutido com as autoridades do Governo Central após estes feriados. O limite pode ser uma das hipóteses, mas neste momento ainda não está finalizada e acordada qual será a decisão”HelenA de sennA FernAndes directora da dsT

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4 hoje macau terça-feira 24.2.2015Política

O vice-presidente da Associação Choi In Tong Sam, Lam U

Tou, considera que a Direcção dos Serviços para Protecção Ambiental (DSPA) deve co-municar bem com as entida-des responsáveis pela emissão de licenças a estabelecimen-tos comerciais, por forma a combater os ruídos de baixa frequência por eles emitidos fora do horário permitido pela nova lei contra o ruído. O responsável pede, assim, que caso estes estabelecimentos não cumpram as novas regras, que seja aplicada uma multa, suspensão ou retirada das licenças comerciais.

Lam U Tou apontou que é difícil evitar o ruído de baixas frequências, como por exemplo, o funcionamento dos ares condicionados em estabelecimentos comerciais. “No caso dos ares condicio-nados ou equipamentos de refrigeração pode existir falta de manutenção, pelo que é difícil evitar esses barulhos”, disse ao Jornal do Cidadão.

O presidente da Asso-ciação Choi In Tong Sam lembrou ainda que não exis-tem datas para as diversas leis que estão inseridas no planeamento da protecção ambiental. Por isso, Lam U Tou apela à DSPA para que

faça uma revisão do plano, considerando que a taxa de execução desse planeamento tem sido baixa. Ao Jornal do Cidadão, o responsável deu como exemplo os problemas com a poluição do ar e da água, que carecem de legislação.

“A DSPA já fez as consultas públicas em 2009, mas só este ano é que a lei do ruído entrou em vigor. Então podemos ver como é lenta a legislação. O Governo deve rever as causas por estes resultados e pela má execução dos planos e levar a cabo o mais depressa possível as leis sobre outras áreas da protecção ambiental, para além da lei do ruído”, apontou. - F.F.

O professor da área da Admi-nistração Pública do Instituto Politécnico de Macau (IPM)

Lou Shenghua considera que a super-visão da Assembleia Legislativa (AL) em relação ao Governo “é fraca”, de-vido à permanência dos deputados que representam o sector comercial ou que são empresários. Em declarações ao jornal Ou Mun, Lou Shenghua referiu que muitas propostas de debate acabam por ser chumbadas devido aos votos destes deputados.

O docente do IPM deu como exem-plos as recentes propostas de debate apresentadas pelos deputados Ng Kuok Cheong e Ella Lei, sobre as cláusulas compensatórias nos contratos públicos e o projecto do metro ligeiro. Lou Shen-ghua relembrou que muitos deputados se

abstiveram ou votaram contra, tal como Mak Soi Kun, Chan Meng Kam, Melin-da Chan e Angela Leong, entre outros, para referir que, quando os temas dos debates envolvem a vida da população mas os interesses pendem para o sector comercial, os deputados-empresários abstêm-se de votar, o que faz com que os resultados dos plenários acabem por interessar ao Governo.

“Macau é uma sociedade de asso-ciações e uma pessoa pode representar várias entidades. A sociedade comenta que cada vez é pior o desempenho dos deputados, porque a AL inclina--se para os interesses comerciais, o que levou a uma insuficiência na supervisão do trabalho do Governo e a coordenação do seu trabalho”, concluiu. - F.F.

AssociAção teme que novA lei não AcAbe de vez com o ruído

Males de baixas frequênciasAl debAtes rejeitAdos por deputAdos empresários

Inclinação de interesses

Quem não respeitar o horário de silêncio em edifícios habitacionais poderá pagar entre mil a duas mil patacas

E NTrOU em vigor este do- mingo a nova Lei de Pre- venção e Controlo do ru- ído Ambiental, que preten-

de regular as fontes de poluição sonora, quer estas aconteçam em zonas residenciais, quer aconteçam em espaços públicos.

Na prática, a lei passa a de-terminar a proibição do barulho nas zonas habitacionais entre as 22h00 e as 9h00 do dia seguinte. O mesmo horário aplica-se a espaços públicos e espectáculos, mas apenas entre domingo e sexta-feira, já que aos sábados e vésperas de feriado o horário de proibição de barulho será entre as 23h00 e as 9h00.

Em relação ao barulho prove-niente de obras, como a cravação de estacas, é proibida a reprodução de sons entre as 20h00 e 8h00 do dia seguinte, sendo que não é per-mitido que o nível sonoro contínuo exceda os 85 decibéis. Quanto ao controlo do ruído vindo de obras de modificação, conservação e re-paração em edifícios habitacionais, o horário de proibição do barulho é entre as 19h00 e as 9h00 da ma-nhã, incluindo semana, feriados e fins-de-semana.

Castigo reForçadoA nova lei reforça ainda as sanções a aplicar no caso de violação destes horários. Quem não respeitar o horário de silêncio em edifícios habitacionais poderá pagar entre

mil a duas mil patacas. No caso de violar a lei com obras de reparação em prédios, ou ainda em espaços públicos, as multas sobem para entre cinco mil a dez mil patacas. No caso da construção civil, os montantes ascendem às 100 e 200 mil patacas.

Na prática, caberá à PSP e Direc-ção dos Serviços de Protecção Am-biental (DSPA) a fiscalização e tra-tamento dos casos. “Os problemas resultantes do ruído perturbador es-tão directamente relacionados com o ambiente de vida e o sentimento dos cidadãos. Sendo Macau uma

região de pequena dimensão, mas com alta densidade populacional, dificilmente poderemos resolver todas as questões na base de uma única lei, pelo que necessitamos também do empenho e da colabo-ração dos cidadãos e empresários”, alerta ainda a DSPA. - a.s.s.

lei do ruído Entrada Em vigor proíbE barulho a partir das 22h00

silêncio que se vai dormir melhorJá está em vigor a nova lei contra o barulho, que traz novos horários e sanções mais pesadas

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5 políticahoje macau terça-feira 24.2.2015

Chui Sai On garante que o Go-verno vai “recolher a sabedoria

da população, reunir consensos e congregar esforços, a fim de planear o desenvolvimento de Macau”.

Na tradicional mensagem de Ano Novo Lunar, o Chefe do Exe-cutivo garante que se mantém firme na convicção de servir os residentes e apela à solidariedade, sobretudo para com os mais necessitados.

Também na abertura das fes-tividades do ano novo, o Chefe do Executivo deixou conselhos à população e expressou um conjunto de desejos, que passa por resolver todos os problemas “de forma gra-dual”. De acordo com a rádio Ma-cau, a habitação está nas prioridades do líder do Governo, sendo que Chui Sai On garantiu novamente que há terrenos disponíveis para a construção de mais casas.

Outra questão em cima da mesa é a proliferação de conselhos, como o do Planeamento Urbanístico, que já tem as horas contadas. Tudo em nome da racionalização de quadros e simplificação adminis-trativa. “Não iremos perturbar o bom funcionamento. Portanto, nós concordamos com a sugestão do Secretário. O Secretário tinha dito que não iria aumentar o número de funcionários e o Conselho do Planeamento Urbanístico não vai mudar a forma de funcionamento”, garantiu Chui Sai On.

Chui Sai On promete ouvir a população para governar melhor

Flora [email protected]

a antiga presidente da As-sembleia Legislativa (AL), Susana Chou, escreveu um

novo texto no seu blogue onde mostra preocupação em relação às previsões orçamentais do metro li-geiro, bem como as consequências para a população. Susana Chou defende que o projecto tem vindo a ser implementado por “crianças que fazem coisas de adultos”, referindo-se aos oficiais do Gover-

no, e defende que os responsáveis das entidades públicas precisam de ter mais conhecimentos.

Susana Chou citou uma frase antiga dita pelo ex-Chefe do Exe-cutivo, Edmund Ho, em 2007, que serviu para explicar as razões para os erros das entidades públicos: são “crianças que fazem coisas de adultos”. A responsável acredita que o projecto do metro ligeiro é exemplo disso.

“Macau é uma região rica mas isso não significa que os oficiais e funcionários públicos possam

residentes para alcançar a meta de ver o metro ligeiro a operar.

Estado dE choquEA antiga presidente da AL diz ter ficado “chocada” com o facto do CA ter alertado para o facto das despesas de construção do projecto poderem aumentar anualmente em cerca de cem milhões de patacas, para além do facto de não haver um limite para as despesas.

Susana Chou considera que a situação “comum” da prorrogação

gastar o dinheiro do Governo de forma desordenada. É angustiante ver a forma como utilizam o erário público sem limites”, escreveu no blogue.

Comentando o mais recente relatório do Comissariado da Au-ditoria (CA), a antiga presidente da AL revelou estar preocupada com as previsões de circulação da primeira fase do traçado da Taipa para 2017, bem como as previsões do traçado para a penín-sula. Susana Chou quer saber qual será o preço a pagar por parte dos

das obras públicas não se deve apenas à falta de um mecanismo de supervisão das despesas públicas, mas também à falta de experiência de vida e gestão de conhecimentos na Administração.

“Pela minha experiência em gestão empresarial, tanto no sector público como privado, o que decide o sucesso ou o fracasso de uma entidade é a coordenação dos seus custos e a eficácia no trabalho. No projecto do metro, os responsáveis obviamente não compreenderam que deviam considerar primeiro os custos antes de começarem o projecto. Espero que o Governo organize mais cursos de gestão para que todos os oficiais e funcio-nários percebam esse princípio”, concluiu.

Metro SuSana Chou CritiCa gaStoS no projeCto

“Crianças que fazem coisas de adultos”

Fil ipa araú[email protected]

O Chefe do Execu-tivo, Chui Sai On, encontrou-se com a Associação dos

Técnicos da Administração Pública de Macau (ATAPM) e a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de Origem Chinesa (ATFPOC) e ambas as associações pedem o mesmo: a revisão do Regime Jurídico da Função Pública.

O presidente da direcção da ATAPM, dentro das suas sugestões, alertou o Governo para a necessidade da revisão total do regime, tendo em conta também a necessidade de aperfeiçoar os regimes de nomeação e responsabiliza-ção dos dirigentes e chefias, introduzindo mecanismos de concurso e concorrência de responsáveis governamentais.

Também o presidente de direcção da ATFPC, Cheong Koc Iun, se mostrou atento ao assunto, alegando que há necessidade de “aumentar a base de referência de todos os vencimentos”, ajustando consequentemente o índice das outras categorias. O mesmo representante sugeriu que o Go-verno alargue as competências da Comissão de Avaliação das

Remunerações dos Trabalha-dores do sector, adiantando que o Executivo precisa de ajudar os funcionários de categorias baixas a “enfrentar as pressões da inflação”.

É necessário ainda, avan-çaram as associações, criar medidas de “incentivo aos as-salariados e eventuais aposen-tados para continuar a prestar serviços na função pública”, assim como, “melhorar o re-gime de salários e de carreiras, elevando as remunerações dos trabalhadores de base”, e criar e optimizar mecanismos de queixas.

É já a sEguirEm resposta, Chui Sai On, garantiu que o Governo irá dar início ao processo de revisão ainda este ano. O Chefe do Exe-cutivo avançou ainda ter conhe-cimento de que o crescimento acelerado da economia veio, ao mesmo tempo, trazer pressões na vida dos funcionários de ca-tegoria mais baixa, mas frisou que tanto o Governo como os grupos associativos do sector têm prestado atenção, “pelo que está determinado a optimizar as garantias atempadas para os funcionários de base”.

Por sua vez, Sónia Chan, Secretária para a Administra-ção e Justiça, reforçou que, relativamente à revisão do Regime, é “necessário tempo para proceder aos trabalhos”.

Recorde-se que em curso de revisão está também o contrato além do quadro e de assalaria-mento na Função Pública, que será substituído pelo novo Con-trato Administrativo de Provi-mento (CAP). No mês passado, depois de um encontro entre a 2.ª Comissão Permanente da Assembleia Legislativa (AL) e Sónia Chan, o presidente, Chan Chak Mo, disse que ainda há vários pontos que o Governo precisa de ponderar.

Função públiCa Mudanças no RegiMe JuRídico ainda este ano

rever para crerNos encontros com várias associações de funcionários públicos a revisão do Regime Jurídico da Função Pública tem sido temática predominante. O Governo garante que se empenhará na sua total revisão, mas adianta que todo o processo levará o seu tempo

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6 hoje macau terça-feira 24.2.2015sociedade

Joana [email protected]

o s acordos entre o Go- verno e o Hospital Kiang Wu fizeram com que saíssem dos cofres

da RAEM mais de 550 milhões de patacas no ano passado para a insti-tuição privada. Dados dos serviços de Saúde (SS), publicados na semana passada em Boletim Oficial, dão conta que o organismo gastou quase a totalidade dos subsídios de apoio distribuídos entre Outubro e Dezem-bro com o Kiang Wu, perfazendo - ao juntar o que o Kiang Wu recebeu durante todo o ano - um total de 555,1 milhões de patacas entregues pelos SS ao hospital privado em 2014.

A maioria do dinheiro diz res-peito a subsídios protocolares, mas há ainda grandes fatias alocadas noutros serviços, não especificados em Boletim Oficial.

É o caso do segundo maior valor atribuído nos últimos três meses do ano passado à instituição privada – 28,3 milhões de patacas – que serviu para um “subsídio de investimento e desenvolvimento relativo à quarta prestação”, como se pode ler no Boletim Oficial sem que mais detalhes sejam revelados.

Só de Outubro a Dezembro, saíram dos cofres dos SS 170 mi-lhões de patacas para a instituição privada.

No total, foram mais de cin-quenta as associações e entidades que receberam apoios dos SS, sendo que a maior fatia – 88,42% -, como já vem sendo hábito, foi para o hospital privado. De uma fatia de 197,99 milhões distribuí-

Vídeo obscenono site do GITfoi culpa da CTMA presença de um vídeo pornográfico no site do Gabinete para as Infra-Estruturas de Transportes (GIT) deveu-se a um erro da Companhia de Telecomunicações de Macau (CTM). Em comunicado, a empresa admite ter sido falha no sistema e não um ataque pirata, como se chegou a pensar. “Depois de uma investigação, a CTM pode confirmar que o incidente não foi causado por qualquer ataque cibernético ou actividades maliciosas contra o website, mas sim devido a uma falha no software da CTM”, começa por indicar a empresa, que explica que a visualização do conteúdo obsceno se deveu a um erro de url. A Direcção dos Serviços para a Regulação das Telecomunicações (DSRT) assegura já ter recebido o relatório apresentado pela CTM e exigiu à empresa que proceda “a uma investigação profunda deste incidente”. Apesar de a CTM ter já explicado o problema, a DSRT estabeleceu “um grupo especializado para acompanhamento da investigação”, de forma a prevenir a ocorrência de incidentes semelhantes. A CTM assegura que o assunto está resolvido.

Gripe Aumentosem gravidade Com base na vigilância epidemiológica da gripe, os Serviços de Saúde (SS) afirmam que a taxa relativa aos resultados positivos ao vírus H3N2 é de 16%, o que revela um aumento da prevalência da gripe em Macau. Contudo, até agora o vírus ainda não originou mortes, ao contrário de Hong Kong, onde este fim-de-semana faleceu uma criança com esta doença. Desde o início do ano que morreram 240 pessoas na região vizinha devido ao H3N2, a maioria idosos. Os SS registaram um número normal de utentes no hospital público, sendo que até à meia noite de domingo, tinham recorrido a tratamento hospitalar diversos utentes, sendo 19,4% crianças, números semelhantes a igual período do ano passado. Quanto aos adultos, a taxa foi de 0,5%, valor inferior ao período homólogo. Os SS asseguram que a gripe não é grave em Macau.

Contas feitas, o Kiang Wu domina como sempre a lista das entidades que mais dinheiro receberam dos serviços de saúde. O hospital privado ganhou mais de 550 milhões de patacas no ano passado, sendo que a maior parte diz respeito a acordos com o Governo. Mas há mais milhões a sair dos cofres da RAEM para a entidade

Saúde MAIS DE 550 MIlHõES pARA O KIANG Wu

O papa-tudo

A maioria do dinheiro diz respeito a subsídios protocolares, mas há ainda grandes fatias alocadas noutros serviços, não especificados em Boletim Oficial

dos, o Kiang Wu ficou com 175,1 milhões de patacas.

A maior parte - 80,2 milhões de patacas – diz respeito ao paga-mento de um subsídio “protocolar para a prestação de internamento” entre os meses de Julho a Dezem-bro. Mas, os acordos ditaram mais investimento da parte dos SS: 9,6 milhões de patacas foram alocadas como “subsídios protocolares para a prestação de consultas externas e serviços de urgência” nos meses de Agosto a Dezembro e 11 milhões de patacas foram para o “subsídio protocolar para financiamento das despesas médicas dos doentes do foro cardíaco não transferidos pelo Conde de São Januário”.

Os SS deram ainda 17 milhões

de patacas ao Kiang Wu para subsidiar a formação de “pessoal médico” e mais de dois milhões para o Fundo de Intercâmbio e Formação do Hospital Kiang Wu.

Também o Instituto de En-fermagem do Kiang Wu recebeu 19,7 milhões de patacas como um “apoio financeiro”, descreve o Boletim Oficial.

Em nomE do dEsEnvolvimEnto Os apoios em forma de subsídios protocolares surgem para cobrir despesas de doentes que, eventual-mente, saíram do Centro Hospitalar do Conde de São Januário, porque a instituição pública não conseguiu acompanhar as necessidades dos pacientes. Há ainda protocolos

no sentido de que os pacientes possam ser atendidos em consultas no serviço de urgência e consultas externas, uma medida definida para aliviar a pressão de atendimento nos cuidados de saúde públicos.

Contudo, e apesar do Kiang Wu receber mais dinheiro devido a estes acordos, há dinheiro a ser entregue à instituição que não faz parte de subsídios protocolares. É o caso de cerca de 200,6 milhões de patacas, distribuídos entre o Kiang Wu e o Instituto de Enfermagem do hospital privado, que dizem respeito a “apoios financeiros” e “subsídios de inves-timento e desenvolvimento”. Estes, no valor de mais de 200 milhões de patacas, foram entregues durante o ano passado.

Na lista dos apoios concedidos pelos SS está ainda a Federação das Associações dos Operários de Macau (FAOM), que recebeu mais de 8,7 milhões de patacas, e a Associação de Beneficência Tong Sin Tong, a quem foram atribuídos 4,7 milhões de patacas. Também a Associação Geral das Mulheres recebeu cerca de dois milhões de patacas.

Os SS gastaram ainda 3,8 milhões de patacas em propinas para custear parcialmente cursos de medicina familiar e de iniciação pré-profissional.

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7 sociedadehoje macau terça-feira 24.2.2015

Flora Fong [email protected]

U ma parede de um apar-tamento do Edifício Koi Nga do complexo de habi-tação pública de Seac Pai

Van continha sacos de papel a en-cher o interior, em vez de cimento. a situação foi denunciada através de uma fotografia no Facebook, mas vai motivar hoje a entrega de uma carta ao Chefe do Executivo.

Da parte do Governo a expli-cação não tardou: foi por causa da falta de conhecimento dos operários que isso aconteceu. Já os moradores consideram que a situação – que o Hm sabe que não é única - é “inaceitável”.

Lei Kuok Keong, membro de uma associação social, disse ao Hm que tinha ajudado o proprie-tário do apartamento em causa a publicar o problema na rede social Facebook, criticando a qualidade de construção.

De acordo com um comuni-cado do Gabinete de Desenvolvi-mento de Infra-Estruturas (GDI), juntamente com o Instituto de Habitação (IH), as empresas de construção e de fiscalização fi-zeram uma inspecção a um outro apartamento do mesmo complexo, que ainda não foi vendido, no dia

Fil ipa araújo*[email protected]

F oI na semana passada que o caso de avery, um tran-sexual residente de macau,

chegou à associação arco-Íris de macau. avery submeteu-se a uma cirurgia de alteração de género na capital tailandesa, tornando-se agora mulher. Depois de recuperada do pós operatório, a jovem dirigiu-se à Direcção dos Serviços de Identificação do território para a devida alteração de género. Contudo, esta foi-lhe recusada.

“Este pedido de alteração foi submetido antes do pedido da ajuda à associação arco--Íris”, começou por explicar anthony Lam, presidente da associação que defende os direitos da comunidade LBGT em macau.

Em declarações ao Hm, o representante explica que avery “está bastante transtornada pelo pedido de alteração de identidade não ter sido aceite”, algo que segundo o mesmo

Táxis mais de cemilegalidades registadas

o ano Novo Chinês terminou com um total de 166 casos de ilegalidades cometidas por taxistas,

sendo que 64 dizem respeito à cobrança excessiva de tarifas e 25 devem-se à recusa, por parte dos taxistas, em transportar passageiros. os dados, cedidos ao Hm pela Polícia de Segurança Pública (PSP), foram registados entre os dias 17 e 22 de Fevereiro.

ao Hm, a directora dos Serviços de Turismo (DST), Helena de Senna Fernandes, mostrou-se satisfeita com os números e afirma que são resul-tado de um trabalho que já vem sendo feito pelas autoridades.

“as medidas para regularizar os taxistas não começaram agora. Logo em Janeiro a polícia também fez muitas acções de combate contra essas irregularidades. a polícia vai continuar a fazer esse combate e o que queremos atingir para macau é erradicar este tipo de irregularidades. mas essa vai ser uma acção de longo curso. Da parte da DST queremos que os cidadãos e os turistas possam gozar de um serviço melhor na área do serviço de táxis”, disse a directora dos Serviços de Turismo.

o Hm tentou obter comentários aos dados fornecidos pela PSP a andrew Scott, presidente da associação dos Passageiros de Táxi de macau (mTPa), mas até ao fecho da edição não foi pos-sível. - A.S.S.

o papel substituía o cimento num edifício em Seac Pai Van.A situação agora denunciada através do facebook parecenão ser caso único

Habitação pública Paredes ocas em seac Pai Van

casas de papelão

pedido de mudança de género negado

Ser e não serpoderá trazer problemas graves futuramente. “Na existência, por exemplo, de um cancro da mama [avery] não poderá receber o apoio de saúde que é prestado às mulheres, em caso de doenças femininas”, explicou o presidente citando a jovem transexual.

DeScriminAção preSentemas não é apenas esta recusa na alteração da identificação

que transtorna a jovem. avery abandonou macau há algum tempo por “sofrer de demasiada descriminação na escola e até enquanto procurava emprego”, como conta. Por isso, deci-diu mudar-se para Inglaterra onde agora reside. “Há muita descriminação em macau, era muito mal tratada na escola e nunca consegui trabalho”, explica a jovem, sublinhando “que o futuro não passa por

residir no território”, até porque, não quer “criar os filhos nesta sociedade”.

o pedido de ajuda à asso-ciação arco-Íris surgiu porque, explica a jovem, a reunião com a DSI está agendada para o dia de hoje, data em que a jovem não poderia marcar presença.

“É a associação que me vai representar e que me vai ajudar para que me seja alterada a identificação como homem”, explica ao Hm.

a DSI já reagiu e explicou que a jovem em causa terá que apresentar o caso à Direcção dos Serviços de administração e Justiça (DSaJ), entidade competente.

“Vamos ter uma reunião com a DSI amanhã, seremos nós a representar a avery e vamos ver o que podemos fazer para que lhe seja reconhecida a alteração de género”, explica anthony Lam.

Segundo informou a DSI este é o terceiro pedido de alteração de identidade. - *com Flora Fong

seguinte à publicação da foto, na semana passada.

Depois da investigação ini-cial, os organismos garantem que a parede não é um dos pilares principais da casa e minimizam a preocupação, assegurado que já pediram às entidades de super-visão que acompanhem o caso e que indiquem ainda a eventual responsabilidade da manutenção e a causa da falha nas obras.

Segundo o canal em chinês da Rádio macau, as duas entida-des dizem ainda esperar que os residentes possam fornecer mais informações sobre o assunto agora exposto.

o GDI frisou, ainda, que vai verificar a qualidade das constru-ções e se for encontrada alguma

ilegalidade, o empreiteiro será punido de acordo com a legislação.

DeSconFiAnçASNo entanto, Lei Kuok Keong apontou que a maioria dos pro-prietários deste edifício considera que a resposta do Governo é “inaceitável”.

De acordo com o responsável, a fracção em causa foi construída pela mesma empresa que outros três blocos de apartamentos. ou seja, defende, “pelo menos, todos os apartamentos destes quatro blo-cos enfrentam a mesma situação”.

“muitos donos preocupam-se com a estrutura de suas casas, bem como se a supervisão e inspecção de obras do Governo foi realmente séria. Como é que possível acon-

tecer um tão grande problema de qualidade na habitação pública?”

o GDI admite ser “inaceitável” a falta de conhecimento técnico dos empreiteiros e reitera ainda que, caso se descubra que o problema se deve à empresa, esta vai sofrer sanções. mais ainda, diz, a manu-tenção será feita de forma gratuita.

o Chefe do Executivo, Chui Sai on, assegurou que a protecção da po-pulação é importante e que, por isso, o caso está a ser investigado e que depois serão publicados resultados.

Lei Kuok Keong revelou que hoje um grupo de moradores do Edifício Koi Nga vai apresentar uma carta na Sede do Governo, sendo uma das solicitações apre-sentadas o problema de segurança da estrutura do edifício.

ainda assim, o Hm sabe, através de uma testemunha que trabalha na construção civil, que paredes ocas nas construções de macau é algo comum. “Quando estava a trabalhar nas obras de um grande empreendi-mento no Cotai, via os meus colegas a atirar com lixo, garrafas, restos de ‘tapao’, tudo lá para dentro [das paredes]. Tudo servia para encher as paredes, menos cimento e sei que é assim noutras obras onde também participei”, revelou um residente ao Hm, pedindo para se manter no anonimato.

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8 sociedade hoje macau terça-feira 24.2.2015

Inês santInhos Gonçalves*

H oje, e até 2049, são duas as línguas oficias de Macau: o Português e o Chi-

nês. No entanto muitos ques-tionam o que está em causa com o termo chinês. É aquele que abarca todas as línguas do país e, portanto, o cantonês, ou é antes o mandarim?

Em Hong Kong, a ques-tão é polémica, e tem sido alvo de intenso debate polí-tico. Actualmente, a página oficial do Governo de Hong Kong lista o cantonês, o mandarim e o inglês como línguas oficiais, mas no iní-cio de 2014, a publicação de uma referência ao cantonês como “um dialecto não oficial” numa página dos

a Escola Portuguesa de Ma-cau continua sem planos para oferecer aulas de can-

tonês aos alunos, apostando antes no mandarim. Desde 2014 que um grupo de professores está a apren-der, mas a escola não sente que os alunos partilhem dessa necessida-de. “Não iria ter muita afluência. O que queremos desenvolver é o mandarim”, explica à agência Lusa Zélia Mieiro, vice-presidente da direcção da EPM.

Actualmente, há 11 professores da EPM a terem aulas de cantonês com o antigo vice-presidente da escola, Pedro Xavier. Os profes-sores manifestaram interesse por sentirem “necessidade de saber falar em situações do dia-a-dia, no autocarro, no supermercado. Querem compreender melhor o ambiente que os rodeia”, conta Pedro Xavier, que rejeita, no en-

Escola PortuguEsa dE Macau sEM Planos Para Ensinar cantonês

“Alunos não precisam”tanto, a possibilidade de se virem a organizar cursos semelhantes para os alunos, mesmo que extracurricu-lares. “Eles já aprendem tanta coisa, ainda vamos impingir o cantonês? Os alunos não precisam tanto desse tipo de contactos”, diz.

ProPosta recusadaEm 2004, Rui Rocha representava a Fundação Oriente (de que era delegado) na Fundação Escola Portuguesa, tendo acompanhado processo de escolha da língua chi-nesa. O académico, que viria depois a dirigir o Instituto Português do Oriente e o Departamento de Lín-gua Portuguesa da Universidade da

Cidade de Macau, apresentou uma proposta para que o cantonês fosse ensinado nos primeiros sete anos, passando, depois, para o mandarim,

um projecto que a escola recusou, optando apenas pelo mandarim, es-crito com caracteres simplificados, diferentes dos utilizados em Macau. “É incoerente pôr os miúdos a aprender caracteres que não podem ler na rua”, critica.

Fluente em cantonês, Rui Ro-cha considera que a EPM perpetua uma tradição do ensino português em Macau, que pouco acarinhou o cantonês. “A minha mãe pagava 10 cêntimos se falasse cantonês no recreio”, recorda. Sem sanções nem castigos, o académico considera que a tradição se mantém. “Os miúdos continuam a não falar a língua da cidade”, lamenta.

PortuGueses sem domínIo

cantonês IdIoma em posIção frágIl

Em busca da línguaO domínio do Português, primeiro, como língua de lei de Macau, e depois do mandarim, o idioma nacional da China, deixaram o cantonês numa posição indefinida: é a voz da população, mas não se sabe se algum diaserá a oficial

serviços de educação gerou uma onda de indignação, obrigando à remoção da frase.

Em Macau, o gabinete do Chefe do Executivo explica que o termo ‘chinês’ na Lei Básica refere-se apenas ao idioma escrito, não ha-vendo uma especificação sobre a oralidade: “Não há uma interpretação. Tanto o mandarim como o cantonês são empregados largamente pelo Governo e pela popu-lação.”

Para Rui Rocha, acadé-mico e estudioso da história, língua e cultura da China, o cantonês não é assumido como língua oficial “por uma questão política”.

Já Brian Chan, linguista da Universidade de Macau, considera que, mesmo sem o dizer, o Governo dá a sua resposta ao comunicar ex-clusivamente em cantonês: “Não sei porque não querem tomar uma posição firme mas em todos os gabinetes oficiais fala-se cantonês. Acho que é justo dizer que é a língua oficial de facto”.

entre imPériosRui Rocha lembra que a situação actual do cantonês tem uma raiz histórica, já que, apesar da sua enorme força popular, viveu sempre entre as duas potências que dominaram o território.

“Juntaram-se aqui dois imperialistas linguísticos, Portugal e a China”, co-menta, lembrando o lema do movimento de reforma linguística da China, “Uma nação, um povo, uma lín-gua”, que evidência como o país “não vê com bons olhos a proliferação de outras línguas”.

Numa tentativa de uni-ficar a nação, o mandarim foi tornado língua nacional em 1913, apesar de não ser falado pela maioria. A escolha não foi consensual, com Sun Yat-sen, o pri-meiro Presidente chinês, a fazer campanha pelo cantonês, por considerar o mandarim “um idioma simplista e uma escolha que seria um desprestígio para a China”, lembra Rui Rocha.

Por outro lado, Macau teve também de lidar com o Português, uma língua que lhe era estranha. “[Macau] era um projecto colonial, as pessoas vinham para a coló-nia e falavam a língua admi-nistrante. Portugal sempre entendeu que o cantonês era uma língua de desprestígio”, lamenta. - *Lusa/Hm

Ao fim de cinco séculos em Macau, poucos são os portugueses que conseguem dominar o cantonês. A sensação de estadia temporária, as dificuldades de aprendizagem e o pouco prestígio que o idioma goza face ao mandarim são alguns dos motivos apontados. Gilberto Lopes, chefe do canal português da Rádio Macau, é um caso emblemático: há 25 anos no território, não domina a língua chinesa, tal como as filhas. “Embora tenha feito algumas tentativas, não passei disso. Reconheço que foi uma asneira não ter insistido. É evidente que foi uma carência, sobretudo no meu caso que trabalho com informação”, conta à agência Lusa. “Quando cheguei não era previsível que a minha permanência fosse tão longa”, justifica, lembrando como 1999 era o horizonte de regresso comum. “Contam-se pelos dedos os que vieram nessa altura que tenham aprendido”, assegura. Já Maria Antónia Espadinha, vice-reitora da Universidade de São José, manifesta arrependimentos: “Senti uma grande frustração porque pensei que os meus filhos fossem para a escola luso-chinesa. Toda

a gente me desencorajou, mas ainda hoje tenho pena, acho que lhes teria dado mais horizontes”. Filipa Simões, designer, em Macau há 11 anos, optou por colocar a filha de três anos num infantário chinês, uma escolha rara entre a comunidade portuguesa. “Queríamos mesmo que a Matilde aprendesse o cantonês para poder viver completamente em Macau. Queríamos que ela fosse uma cidadã plena”, conta.No primeiro ano do infantário, a Matilde fala mais cantonês que os pais, utilizadores “básicos” da língua. “Connosco não fala muito mas quando fala nem sempre a percebo, já me ultrapassou”, conta a designer. Cabell Chan, professora de cantonês, dá conta de um maior interesse dos portugueses em aprender a língua de Macau. “Nestes últimos anos fiquei surpreendida por ver os portugueses a aparecer nas minhas aulas. Dizem que querem comunicar com os chineses, querem perceber a comunidade, o que me surpreendeu porque a ideia que tinha era que os portugueses não sentiam que precisavam do chinês”, conta.

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9 sociedadehoje macau terça-feira 24.2.2015

O director-execu-tivo da Socieda-de de Jogos de Macau (SJM),

Ambrose So, manifestou--se contra o alargamento do número de licenças de Jogo, que começam a ser renego-ciadas em 2016. Para um dos rostos da operadora, se a intenção do Executivo passa por controlar a indústria do Jogo, atribuir mais licenças não deveria ser o plano.

“Se o objectivo geral vai no sentido de controlar o desenvolvimento da indús-tria do Jogo, a ideia de dar mais licenças não vai ser um contributo positivo para esse objectivo”, disse Ambrose So no final do jantar de ano novo chinês da SJM, na semana passada.

Num evento onde es-teve presente o Chefe do Executivo, Chui Sai On, e Vítor Sereno, cônsul-geral de Portugal em Macau, Ambrose So admitiu que a situação actual da RAEM apresenta um certo dese-quilíbrio.

“O ambiente econó-mico de Macau no que ao turismo e indústria do Jogo diz respeito tornou-se mais desafiante do que nos últimos anos. As mudanças nas políticas do Governo e na economia à escala global

MGM com aumentos líquidos de 7%

Num jantar de ano novo, o discurso de Ambrose So não deixou de lado cenários de cautela, apesar do optimismo. O director-executivo da SJM mostrou-se contra mais licenças de Jogo, se a ideia do Governo é controlar a indústria

Jogo Ambrose so contrA mAis licençAs

Moderadamente optimistaCaso alan HoEspErar para vErQuestionado sobre a detenção de Alan Ho, sobrinho do fundador da SJM, Stanley Ho, e gestor dos hotéis da Sociedade de Turismo e Diversões de Macau (STDM), por suspeitas de exploração de prostituição, Ambrose So escusou-se a comentar, apontando que a SJM e a STDM são empresas distintas. “No que toca à SJM, [o desmantelamento de uma alegada rede de prostituição] não aconteceu na propriedade da SJM. É uma questão interna, vamos ver como se desenvolve”, afirmou, acrescentando que “é esperar para ver”. No início do ano, Alan Ho e outros cinco homens foram detidos pela Polícia Judiciária no âmbito de operação de combate à prostituição. A operação no hotel Lisboa levou à detenção de uma centena de pessoas, a maioria das quais mulheres que, alegadamente, se dedicavam à prostituição na unidade hoteleira.

“Se o objectivo geral vai no sentido de controlar o desenvolvimento da indústria do Jogo, a ideia de dar mais licenças não vai ser um contributo positivo para esse objectivo”

criaram um clima incerto e isto chega numa altura em que Macau está a fazer progressos significativos no

objectivo de se tornar um centro mundial de turismo e lazer, como os novos projectos e infra-estruturas

demonstram”, disse So no seu discurso.

Ainda assim, sobre a situação financeira da SJM,

Ambrose So assegurou não estar preocupado porque, “apesar de ter havido uma certa descida” nas receitas dos casinos, a situação financeira geral de Macau, diz, está segura.

“Acho que toda a gente consegue uma boa fatia, mesmo estando em queda, o mercado é bom”, sublinhou.

Sem anSiedadePara Angela Leong, número um da SJM, também não há grande motivo para preocu-pações. A responsável frisa que, apesar das quebras nas receitas no ano passado, a

SJM “continua optimista” no desenvolvimento de Macau. Leong recordou que a empresa foi a primeira a anunciar aumentos para os funcionários e que a cons-trução do Lisboa Palace – o primeiro empreendimento da operadora no Cotai – são os motivos e provas de uma confiança no desenvolvi-mento económico.

Ambrose So garante que o projecto no Cotai está a avançar “a toda a veloci-dade” – sendo que as mais recentes previsões apontam para a conclusão da obra em 2017.

Recorde-se que, há duas semanas, o empresário Da-vid Chow, líder do grupo Macau Legend, que opera dois casinos sob a bandeira da SJM, defendeu o aumento do número de licenças de Jogo para haver uma maior concorrência, e instou o Governo a permitir a entrada de investidores locais.

As actuais três conces-sões de operação de casinos - SJM, Wynn e Galaxy - e as três subconcessões - Venetian, MGM e Melco Crown - expiram entre 2020 e 2022. Este ano, o Governo avança com uma avaliação intercalar e em 2016 come-çam as renegociações das licenças. - LUSa/J.F.

A MGM anunciou na semana passada lucros líquidos de 5,7 milhões de

dólares de Hong Kong em 2014, mais 7% do que em 2013. O aumento dos lucros fez-se sentir apesar da descida anual de 1% nas receitas da operadora de Jogo, em linha com a primeira queda anual das receitas brutas dos casinos para 351.521 milhões de patacas, ou 2,6%, face a 2013, e potenciada por quedas homólogas suces-sivas desde Junho.

Assim, as receitas da MGM passaram de 25,7 milhões dólares de Hong Kong em 2013 para 25.454 milhões dólares de Hong Kong em 2014.

Já o EBITDA ajustado (resultados antes de impostos, juros, depreciações

e amortizações) atingiu 6,9 milhões de dólares de Hong Kong, mais 5% que em 2013. Os ganhos do segmento de jogo VIP sofreram uma quebra de 15% e os das slot machines desceram 10%, informa a operadora, salientando que, por outro lado, o hotel em Macau registou uma taxa de ocupação de 98,7% ao longo de 2014.

Desafio é a palavra de ordem das operado-ras na estimativa para este ano. “Não estamos certamente imunes aos desafios apresentados no mercado de Macau, mas acreditamos que temos estratégias de resposta robustas que nos vão permitir criar oportunidades de crescimento para o futuro”, diz Grant Bowie, administrador da MGM, citado pelo comunicado da empresa.

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gcs

Os vencedOres

10 hoje macau terça-feira 24.2.2015eventos

Manifesto anti-Dantas e por extenso • José de Almada NegreirosPublicado em 1915 o Manifesto Anti-Dantas foi uma reacção pública e veemente de Almada Negreiros contra a oposição crítica e conservadora ao movimento modernista português, aqui personificada por Júlio Dantas. A edição que agora se apresenta, da responsabilidade de Sara Afonso Ferreira, inclui uma gravação inédita do Manifesto Anti-Dantas lido pelo próprio Almada Negreiros.

À veNdA NA LivrAriA PortuguesA rua De s. DoMingos 16-18 • tel: +853 28566442 | 28515915 • fax: +853 28378014 • [email protected]

novas Coisas Da China • Alberto Caeiro«O aeroporto de Pequim é hoje o segundo mais movimentado do planeta, à frente de Londres ou Nova York, e grande parte dos produtos que usamos diariamente – os originais, as cópias e as imitações – são Made in China. O mais surpreendente, no entanto, é o ritmo com que essas «coisas» aconteceram e estão ainda a acontecer. “A velocidade na China é cinco vezes mais rápida do que na Europa”, diz uma jovem arquitecta portuguesa que trabalha num atelier britânico estabelecido em Pequim.»

M iLhArES de pessoas junta-ram-se nas ruas de Macau para

ver passar a Parada do Ano da Cabra, onde a Marcha Popular de Alfama marcou presença, juntando-se a 48 grupos, num total de 1288 artistas. Este é o segundo ano consecutivo em que os portugueses participam na parada de ano novo e a co-mitiva, de 45 pessoas, de verde

Óscares Birdman e The Grand BudapesT hoTel vencedores da noiTe

Empate técnico

• Melhor filme: Birdman • Melhor realizador: alejandro g. iñárritu, Birdman • Melhor actor: eddie redmayne, a teoria de tudo • Melhor actriz: Julianne Moore, still alice • Melhor actor secundário: J.K. simmons, Whiplash • Melhor actriz secundária: patricia arquette, Boyhood • Melhor argumento original: Birdman • Melhor argumento adaptado: o Jogo da imitação • Melhor filme de animação: Big hero 6 • Melhor canção original: selma • Melhor banda sonora: grand Budapest hotel • Melhor guarda-roupa: grand Budapest hotel • Melhor caracterização: grand Budapest hotel • Melhor cenografia: grand Budaspest hotel • Melhor montagem: Whiplash • Melhor mistura de som: Whiplash • Melhor fotografia: Birdman • Melhores efeitos visuais: interstellar • Melhor edição de som: american sniper • Melhor filme estrangeiro: ida • Melhor documentário: Citizenfour • Melhor curta-metragem: phone Call • Melhor curta de animação: feast • Melhor curta documental: Crisis hotline: veterans press 1

E o Óscar de Melhor Fil-me foi para... Birdman ou (A inesperada Vir-

tude da Ignorância). O mo-mento mais aguardado da noite ficou mesmo para o fim e a Academia de hollywood distinguiu o filme do mexi-cano Alejandro González iñárritu, que também levou os prémios de Melhor reali-zação, Argumento Original e Fotografia, afirmando-se como o grande vencedor.

Julianne Moore e Eddie redmayne, os principais favoritos, confirmaram o seu estatuto e saíram do Dolby Theatre com as estatuetas de Melhor Actriz e Melhor Actor. Para Moore era a quinta nomeação, por Still Alice, enquanto o britânico era um estreante (A Teoria de Tudo).

Nas categorias de inter-pretação, aliás, não houve sur-presas, com Patricia Arquette

a levar o Óscar de Melhor Actriz Secundária, o único de Boyhood, e J.K. Simmons, a ganhar o de Actor Secundário por Whiplash, um filme que surpreendeu.

No balanço final, The Grand Budapest Hotel, que tinha tantas nomeações como Birdman, acabou por ser outro dos vencedores, com quatro Óscares, nas categorias mais técnicas - Melhor Banda--Sonora, Cenografia, Carac-terização e Guarda-Roupa. Whiplash, com três, foi uma pequena surpresa.

O Melhor Filme Estran-geiro foi ida, da Polónia, e na animação ganhou Big Hero 6.

Leões, dragões e dançarinos, tradição e modernidade de mão dada. Foi assim a parada do Ano Novo Lunar, que encheu as ruas de Macau com mais de mil artistas

ano novo Parada com artistas Portugueses e locais

e a fesTa fez-se na ruasegurando largas varas de incenso amarelas, os membros do Governo usaram a brasa para acender os pavios de uma longa fila de panchões vermelhos, que rebentaram com estrondo, deixando a praça momentaneamente envolta em fumoe com cheiro a pólvora

e amarelo, quis dar um colorido lisboeta ao Extremo Oriente.

“Este ano trazemos uma metáfora: Girassol sobre Al-fama”, disse à agência Lusa Vanessa rocha, ensaiadora da marcha. O tema tem um duplo sentido, já que se refere à flor, mas também quer dizer que “gira o sol sobre Alfama”, uma alusão à luz que Lisboa tem.

O carácter tradicional da marcha portuguesa atraiu a curiosidade dos outros grupos da parada, com quem mantêm uma boa relação.

“Somos muito bem re-cebidos. Nem sempre temos essa noção, mas Portugal é muito conhecido pelas suas tradições e toda a gente vem ter connosco. Este ano trouxe-mos as mascotes [crianças] e está a ser um sucesso aqui na China. Toda a gente quer estar ao pé delas”, contou Vanessa

rocha, minutos antes de o espectáculo começar.

drAgões e LeõesCerca das 20h00, já as famílias tomavam os seus lugares nas bancadas que os Serviços de Turismo ergueram junto ao Centro de Ciência: foi dali, junto ao rio, que partiram 15 carros alegóricos, 25 grupos locais e nove do exterior em direcção à Torre de Macau.

Como manda a tradição, a parada abriu com o dragão e leões chineses, que marcam as inaugurações, trazidos pela Associação Desportiva do Leão Acordado Lo Leong.

A partir daí, a marginal de Macau assistiu a um desfile variado, ora oferecendo per-formances futuristas - fatos prateados e luzes néon -, ora com maior pendor cultural, representando as diferentes

tradições da China e de outros países.

Além da Marcha Popular de Alfama, Portugal fez-se representar por grupos locais como a Associação de Danças e Cantares Portuguesa ‘Ma-cau no Coração’ e pela Casa de Portugal em Macau.

Da China vieram grupos de cidades como Chongqing e Zhuhai e também de hong

Birdman

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11 eventoshoje macau terça-feira 24.2.2015

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Ano novo Parada com artistas Portugueses e locais

E A fEstA fEz-sE nA ruASegurando largas varas de incenso amarelas, os membros do Governo usaram a brasa para acender os pavios de uma longa fila de panchões vermelhos, que rebentaram com estrondo, deixando a praça momentaneamente envolta em fumoe com cheiro a pólvora

Kong e Taiwan. A Parada do Ano da Cabra contou ainda com a participação de grupos da Coreia do Sul, Malásia, Tailândia e Itália.

Por fim, as operadoras de Jogo marcaram presença, cada uma com um carro alegórico.

do CenTRo HiSTóRiCoDurante estes dias, também o Centro Histórico se encheu

de cor para a cerimónia de vivificação do dragão dourado que deu as boas-vindas ao Ano da Cabra, acompanhado dos típicos leões chineses e figuras dos 12 animais do zodíaco chinês.

Às 11h00 do primeiro dia do Ano da Cabra, os turistas

acotovelavam-se junto à esca-daria das Ruínas de São Paulo para assistir a um espectáculo típico da época: o desfile do dragão dourado gigante pelo Centro Histórico.

Nas celebrações, repletas de famílias locais e também turistas, estiveram presentes

alguns membros do Governo, como o Secretário para os As-suntos Sociais e Cultura, Alexis Tam, e a directora dos Serviços de Turismo, Helena de Senna Fernandes, que subiram ao palco para desejar ‘Kung Hei Fat Choi’ à população.

Segurando largas varas de

incenso amarelas, os membros do Governo usaram a brasa para acender os pavios de uma longa fila de panchões ver-melhos, que rebentaram com estrondo, deixando a praça momentaneamente envolta em fumo e com cheiro a pólvora.

“No primeiro dia do Ano

da Cabra, gostaria de desejar a todos e às suas famílias um ano cheio de felicidade, cheio de sorte, muito amor e paz. Muito obrigado e ‘Kung Hei fat Choi’!”, disse Alexis Tam, que optou por apresentar as suas felicitações em três lín-guas, incluindo o Português.

Page 12: Hoje Macau 24 FEV 2015 #3277

12 china hoje macau terça-feira 24.2.2015

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resPosta Para este jornal através do telefone

2875 2401

avisoPrograma de Devolução do Imposto Profissional do Ano de 2013

nova forma de restituição para contribuintes que não sejam funcionários públicos e pessoal docenteNos termos do artigo 18.º da Lei do Orçamento de 2015, vai-se proceder à devolução de 60% da colecta do imposto profissional, devido e pago, até ao limite de $12.000,00 (doze mil patacas), relativamente ao ano de 2013, pelos contribuintes que, em 31 de Dezembro de 2013, sejam titulares do Bilhete de Identidade de Residente da Região Administrativa Especial de Macau. No entanto, não se procede à devolução do imposto de valor inferior a $50,00 (cinquenta patacas), nos termos do n.º 2 do art.º 39 do Regulamento do Imposto Profissionalpor forma a facilitar o recebimento do montante da devolução, os contribuintes que não sejam funcionários públicos e pessoal docente, podem proceder até ao dia 25 de Fevereiro de 2015, à entrega da declaração junto dos 7 Bancos abaixo indicados, para que os montantes da devolução sejam depositados, por transferência, para as suas contas bancárias em patacas. Os Bancos visados e as formas de registo disponibilizadas pelos mesmos são os seguintes:

Denominação dos bancos Meio Electrónico BalcãoBanco da China √ √Banco Comercial de Macau x √Banco Industrial e Comercial da China √ √Banco Luso Internacional x √Banco Nacional Ultramarino √ √Banco OCBC Weng Hang √ √Banco Tai Fung √ √

Aos 5 de Fevereiro de 2015.a Directora,

Vitória da conceição

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P equim manifestou a sua “forte insatisfação” e “firme oposição” re-lativamente à visita

do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, a uma zona fronteiriça controlada pela Índia mas reivindicada pela China, informaram os ‘media’ oficiais.

A visita de Narendra Modi, realizada na passada sexta-feira, ao estado indiano de Arunachal

“Este acto atenta contra a soberania territorial da China, contra os seus direitose interesses”Liu Zhenmin Vice-ministro dos negócios estrangeiros chinês

As disputas fronteiriças entre as duas nações voltam à ordem do dia após a visitado PM indiano ao estado de Arunachal Pradesh nunca reconhecido pela parte chinesa

CrítiCas à visita de PM indiano a zona fronteiriça disPutada

Querelas inflamadas

Pradesh, onde presidiu à inau-guração de infra-estruturas fer-roviárias e do sector da energia, suscitaram a ira das autoridades chinesas, levando o vice-minis-

tro dos Negócios Estrangeiros chinês Liu Zhenmin a chamar, no dia seguinte, o embaixador indiano em Pequim.

“Este acto atenta contra a sobe-

rania territorial da China, contra os seus direitos e interesses”, frisou Liu Zhenmin, manifestando a “forte insatisfação” e “firme opo-sição” de Pequim, em declarações reproduzidas, ao final do dia de sábado, pela agência Xinhua.

Contra o estabeleCidoO episódio “exacerba artificial-mente o diferendo relativo às questões fronteiriças e vai contra o consenso – estabelecido entre os dois países – sobre a necessidade de gerir convenientemente este problema”, disse o mesmo res-ponsável no encontro com o em-baixador indiano Ashok Kantha.

Como afirmara, na véspera, a porta-voz do Ministério dos Ne-gócios Estrangeiros da China Hua Chunying, em comunicado, “o governo chinês nunca reconheceu o chamado ‘‘Arunachal Pradesh’”.

Liu Zhenmin apelou à Índia para “cessar qualquer acção” susceptível de inflamar as que-relas fronteiriças e de complicar o desenvolvimento dos laços bilaterais entre os dois gigantes económicos, ambos membros do bloco BRICS.

Índia e China travaram uma guerra breve, mas sangrenta, em 1962, pelo estado de Arunachal Pradesh, localizado no nordeste da Índia.

O lado indiano reclama 38 mil quilómetros de Caxemira à República Popular, enquanto Pequim diz que 90 mil quiló-metros do estado indiano de Arunachal Pradesh são terri-tório chinês.

Hong Kong Criançamorre devido à estirpeda gripe H3N2Hong Kong registou a primeira morte de uma criança devido à estirpe da gripe H3n2, foi sábado anunciado. a menina, de um ano, apresentava febre na terça-feira, tendo dado entrada no hospital tseung Kwan o no dia seguinte, de acordo com a rádio e televisão Pública de Hong Kong (rtHK). Mais de 240 pessoas morreram na antiga colónia britânica desde o início do ano devido à estirpe da gripe H3n2, na sua maioria idosos. o pediatra Wilson fung, antigo vice-presidente da associação Médica de Hong Kong, realçou a necessidade de as crianças serem vacinadas o mais rapidamente possível para minimizar a gravidade da gripe, mesmo que as vacinas que visam combater sobretudo o tipo H3n2 não estejam disponíveis antes de abril.

Oito mortos e um desaparecido em naufrágio oito pessoas morreram e outra encontrava-se ontem de manhã desaparecida na sequência do naufrágio de um barco no rio zijiang, no centro da China, segundo a agência oficial Xinhua. o acidente ocorreu por volta das 16:00 horas de domingo, quando a embarcação privada se afundou no rio, à passagem pela província central de Hunan, com 18 pessoas a bordo. o barco tinha sido emprestado por um vizinho a um indivíduo chamado tang Huilong, para levar a família a visitar a ilha de taohua. o acidente ocorreu no regresso da excursão. entre as vítimas mortais há um bebé de um ano. sete dos nove resgatados receberam alta do hospital.

Maior mercado de comércio de ouro há oito anos consecutivos a Gold exchange de Xangai publicou um relatório recentemente, revelando que em 2014, o negócio de ouro na China chegou às 18,4 mil toneladas, ocupando o primeiro lugar do mundo há oito anos consecutivos. segundo um funcionário da Gold exchange, após a aprovação do comércio internacional de ouro pelo banco central da China na zona do livre comércio de Xangai, foi registado um negócio de 190,55 toneladas de ouro até ao final de 2014, no valor de 45,452 mil milhões de yuans.

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13regiãohoje macau terça-feira 24.2.2015

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A Indonésia cha-mou o seu repre-sentante no Bra-sil e apresentou

um protesto formal depois de a Presidente daquele país, Dilma Rousseff, ter recusado receber as cartas credenciais do novo em-baixador indonésio, Toto Riyanto, informaram sábado os media locais.

Coreia do Norte Líder pedeao exército para estar “totalmente preparado” para a guerraO líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, instou o seu exército a estar “totalmente preparado” para a guerra, numa reunião do Partido dos Trabalhadores, informou ontem a agência estatal KCNA. O jovem líder proferiu um “discurso histórico” na primeira reunião em 10 meses da comissão militar central do partido único, no qual afirmou que a situação de segurança é “mais grave do que nunca” tanto na Coreia do Norte como no estrangeiro, segundo a agência oficial KCNA. Kim exigiu ao exército lealdade a si próprio e ao partido e instou-o a “estar completamente preparado para reagir a qualquer forma de guerra desencadeada pelo inimigo”, que referiu como “os imperialistas dos Estados Unidos”.

Presidente da Honda demite-se O presidente da Honda Motor, Takanobu Ito, anunciou ontem a sua demissão após seis anos à frente da empresa, um período marcado pelo escândalo dos ‘airbags’ defeituosos que obrigou à revisão milhões de veículos a nível mundial. Ito, de 61 anos e funcionário da empresa com sede em Tóquio desde 1978, será substituído no cargo por Takahiro Hachigo, de 55 anos, dirigente da companhia, que anteriormente exerceu as funções de vice-presidente da Honda na China. A demissão de Ito, que vai manter um cargo directivo como assessor, ocorre depois de nos últimos anos a Honda ter sido o fabricante mais afectado por falhas nos ‘airbag’ da companhia nipónica Takata. O defeito nos ‘airbag’, que apresentavam o risco de abrir com demasiada força e projectar fragmentos de metal para os ocupantes do veículo, obrigou a chamar à revisão, desde 2008, cerca de 20 milhões de veículos em todo o mundo (quase 10 milhões nos Estados Unidos) para substituir a peça. A Honda chamou à revisão cerca de 13 milhões de automóveis pelo problema, que também afectou outros fabricantes como a Toyota Motor, Nissan e Mitsubishi.

Tailândia Dois actores condenadosa prisão por lesa-majestade O Tribunal Penal da Tailândia condenou ontem dois actores a dois anos e seis meses de prisão pelo crime de lesa-majestade, informou a imprensa local. O estudante Patiwat Saraiyaem, de 23 anos, e o activista Porntip Mankong, de 26 anos, declararam-se culpados por difamar a monarquia durante a representação em Outubro de 2013 da obra “The Wolf Bride” (A Noiva do Lobo, em tradução livre) uma sátira passada num reino fictício. O tribunal reduziu a condenação inicial de cinco anos, porque os acusados admitiram as acusações, mas negou a suspensão da pena de prisão, segundo o diário “Prachatai”.

Dilma Rousseff não recebeu, na sexta-feira, as credenciais do embaixador Toto Riyanto devido aos desentendimentos com a Indonésia desde a execução de um cidadão brasileiro,em Janeiro

INdONéSIA CHAMA EMBAIxAdOr E PrOTESTA CONTrA BrASIL

Diplomacia em baixaO Ministério dos Negó-

cios Estrangeiros da Indonésia qualificou a atitude de Rousse-ff para com o seu enviado de “inaceitável”, de acordo com o diário local Kompas.

Dilma Rousseff não recebeu, na sexta-feira, as credenciais do embaixador Toto Riyanto devido aos desentendimentos com a Indonésia desde a execução de um cidadão brasileiro, em Janeiro.

Marco Archer Cardoso Moreira foi condenado à mor-te por tráfico de droga na Indo-nésia, ignorando os apelos de clemência por parte do Brasil, sendo que, actualmente, um outro cidadão brasileiro, Rodrigo Gularte, aguarda no corredor da morte a marcação da data para a aplicação da pena capital.

“Nós achamos importan-te que haja uma evolução na situação para que a gente

tenha clareza em que con-dições estão as relações da Indonésia com o Brasil. O que nós fizemos foi atrasar um pouco o recebimento de credenciais”, afirmou Rou-sseff aos jornalistas, após negar que o acto tivesse sido uma retaliação.

Rousseff recebeu, po-rém, as credenciais dos embaixadores da Venezuela, Panamá, El Salvador, Sene-gal e Grécia.

Assine-oTelefone 28752401 | fax 28752405

e-mail [email protected]

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14 hoje macau terça-feira 24.2.2015

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luz de inverno Boi Luxo

Yakusoku, 1972, saito koichi

Y akusoku é um dos meus filmes fracos preferidos, um que preenche uma necessida-de setentrional periódica, um

desejo de azuis escuros, desencontros amorosos, cinzentos e nevões inconse-quentes. Revê-lo requer uma fidelidade difícil de compreender que se prende, apenas, com umas cenas durante uma viagem de comboio e uma breve estada numa pequena cidade do norte.

o comboio é tão essencial ao cinema japonês como o murro o era ao cinema de Hong kong na sua época de ouro. Estas cenas ferroviárias, não necessaria-mente muito úteis mas que ocupam me-tade da sua metragem, estabelecem de novo com o teimoso espectador (é pre-ciso ser teimoso para ver Yakusoku mais do que uma vez) um pacto: esquecer as suas fragilidades e segui-lo até junto do mar onde a personagem principal depõe um ramo de flores junto do túmulo da mãe. Não é a primeira vez que aqui se exprime uma nostalgia pelo Japão anó-nimo e provinciano.

keiko, a protagonista, é perseguida por uma figura improvável, apalhaçada

e solitária, um homem novo e órfão cujo programa criminoso só a mais de meio do filme se nos revela. Esta é uma das pequenas seduções desta historinha: o segredo que se mantém, até muito tarde, em torno das intenções e condição das suas personagens. até que se façam as revelações mais sérias e esclarecedoras, somos obrigados a flutuar numa igno-rância misteriosa e um pouco excêntrica à mecânica usual do melodrama.

No final do filme voltamos ao com-boio porque o regresso de keiko é inevi-tável. ao entrar de novo nele já sabemos qual a sua condição e o que a impele a um regresso impiedoso e sentimos mui-ta compaixão por ela. Do homem que por ela se apaixona pouco sabemos mas nenhuma das ignorâncias a que o filme nos obriga é suficiente para impedir que não acreditemos neste melodrama mui-to curto e simples.

Este filme fraco não dura sequer hora e meia e o tempo da sua história não chega a dois dias inteiros. uma das impressões com que o filme de sai-to koichi nos deixa é a de que tudo se passa muito rapidamente, muito mais

rapidamente do que desejaríamos. Mal há tempo para nos habituarmos a pen-sar que o homem que se deixa seduzir por keiko não é um palerma. a cerca de dois terços do filme tudo se precipita, e a recusa de saito koichi em nos deixar acompanhar um pouco mais a sua breve história de amor é uma maldade difícil de perdoar.

Não creio que Yakusoku seja muito conhecido fora do Japão (mesmo ten-do sido editado na colecção de DVD a Century of Japanese Cinema) mas esta não é uma história demasiadamente japo-nesa, quer no seu assunto quer no modo como é filmada – o que não é difícil de compreender se pensarmos que se ins-creve numa moda de filmes à la nouvelle vague europeia (especialmente francesa)

que permaneceu actuante no cinema ja-ponês durante mais de uma década. Nela revemos um sentido de abandono e de realismo (e urgência) que se apercebe noutros da mesma estética. Encontramos, enquanto recusa alguma da linguagem típica do cinema melodramático, vários planos ousados, rápidos, propositada-mente desnorteados e tão urgentes como a história se desenrola.

Yakusoku é uma versão de um filme coreano dos anos 60 chamado Man chu (Late autumn), do realizador Lee Man--hee, a que nunca tive acesso.

Parte da qualidade do abandono que este filme revela terá origem no enge-nho de saito koichi, anteriormente fotógrafo e operador de câmara, em fil-mar as imagens marítimas que Yakusoku oferece. a esta sensibilidade junta-se uma insistência melodramática na exi-bição de grandes planos, especialmen-te do rosto hipnótico e insubstituível da sumptuosamente triste e bela keiko kishi. o complexo composto pelos grande planos, os grandes silêncios, as imagens de mar e as imagens captadas dentro do comboio, pela sua falta de diversidade e pelo conjunto que forma com a singularidade da situação de cada um dos amantes cria um sussurro íntimo e cúmplice.

seria interessante mostrar-se aqui uma pequena história do cinema me-lodramático japonês e coreano, uma disposição que tem origem cinemato-gráfica na época do mudo e que per-siste, vigorosa, até aos dias de hoje, na televisão e no cinema, mas este cronista não tem capacidade para o fazer. o ci-nema shinpa, que tem origem num tipo de teatro oitocentista popular, de ten-dência melodramática, tem um peso na história da cinematografia japonesa que se estendeu a países que estiveram sob o seu domínio, como Taiwan ou a Coreia.

Trata-se, igualmente, de um cine-ma de difícil acesso, pouco disponível e muitas vezes apenas em cópias locais não legendadas. Não arriscando muito em mares pouco navegados presumo que seja um tipo de cinema muitas ve-zes desinteressante. se Yakusoku aqui aparece é porque é um caso especial.

Confesso que faria muito para ver no cinema este melodrama simples mas extremamente eficaz em que cada minuto conta para promover o desejo de que os dois intervenientes deste breve encontro (Rendez-vous é o nome por que é conhecido fora do Japão) possam permanecer juntos. apenas no cinema se poderá apreciar plenamente este esplendor da simpli-cidade e da brevidade.

O cOmbOiO é tãO essencial aO cinema japOnês cOmO O murrO O era aO cinema de HOng KOng na sua épOca de OurO

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15 artes, letras e ideiashoje macau terça-feira 24.2.2015

Todos sofremos agora mais do que em qualquer outro momento pela falta total de agentes, de instituições colectivas capazes de actuar efectivamente.Zygmunt Bauman

A o longo da história da hu-manidade, a formação da cidade enquanto território político de uma comuni-

dade (polis) ou das mais diversas ins-tituições (políticas, sociais, culturais, cívicas, etc), surge como resultado da interacção entre pessoas e a envolven-te contextual com o propósito de or-ganizar a vida colectiva em torno de princípios, valores e bens comuns (paz, saúde, liberdade, segurança, igualdade, educação, cultura,...) orientadas para promover a “vida boa” (bios) na sua pluralidade de situações, e assim salva-guardar o futuro.

Sem um nível adequado de interac-ção social e simbólica que permita gerar laços de pertença cultural, estimular no-

Para que servem as instituições culturais

em éPocas de crise?

vos vínculos sociais e simultaneamente produzir a capacidade para partilhar novas ideias e novos mundos, uma insti-tuição não cumpre o seu desígnio de nu-trir e sustentar as relações sociais. Neste sentido, uma instituição pode também ser vista como uma tecnologia social que possibilita a durabilidade e sustenta-bilidade de uma determinada sociedade.

Uma instituição é assim um colec-tivo de elementos em interacção per-manente – com maior ou menor inér-cia -, composto por actores humanos e não-humanos (máquinas), os quais em conjunto favorecem o desenvolvimen-to de estratégias de acção. No caso das redes telemáticas, veja-se, por exem-plo, o papel das tecnologias de media-ção, nomeadamente nas “redes sociais” (facebook, twitter,etc.) e o potencial que comportam para criar ligações on-line e offline.

Na esfera pública cultural uma das mais relevantes funções sociais das instituições, especialmente por via das práticas artísticas, é a capacidade de

criticar e propor alternativas ao status quo vigente, o qual se expressa na crista-lização das hierarquias, dos privilégios e das desigualdades. É por esse motivo que uma sociedade democrática não pede instituições paternalistas com modelos pré-concebidos, inculcados e administrados de cima para baixo, de-signadamente em épocas de crises múl-tiplas. As instituições devem antes con-jugar as vontades colectivas e repre-sentar a sociedade civil (ou parte dela) face aos poderes políticos previamente instituídos no âmbito das constituições políticas republicanas, contribuindo desse modo para o desenvolvimento das sociabilidades, das solidariedades e para a intensificação da democracia.

As instituições devem (re)conhecer e agir mediante os problemas concre-tos que afectam as sociedades em cada época, funcionando como um disposi-tivo colectivo de resolução/mitigação desses mesmos problemas. os públicos das instituições seriam então mobiliza-dos pelo pragmatismo e por uma ética

que não é fundada na noção de obri-gação mas na noção de valor, porque para lidar com os problemas as pessoas teriam de ajustar o seu comportamento (atitudes, motivações, estratégias, etc.) em relação à situação concreta.

Ao mesmo tempo que sustentam a coesão e o equilíbrio necessário à cons-trução social do mundo, as instituições (em geral) deveriam ser catalisadores do debate plural de ideias e projectos distintos - acolhendo o agonismo ine-rente às dissensões - de forma regular e sistemática, pois a isso obriga a di-versidade sociocultural. Neste aspecto é fulcral que as instituições articulem estratégias de resistência contra fenó-menos extremos, em especial contra toda e qualquer configuração do fascis-mo, seja político, social, financeiro ou de outro género. Desse modo, abrem espaço à inovação social e ao questio-namento radical, não ficando exclusi-vamente ao serviço de esquemas repro-dutores do condicionamento social e de comportamentos miméticos.

Rui MatosoIn esquerda.net

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16 Desporto hoje macau terça-feira 24.2.2015

Sporting recebee vence Gil VicenteO Sporting recebeu e venceu este domingo o Gil Vicente por 2-0, em jogo da 22.ª jornada da I Liga de futebol, colocando alguma pressão no FC Porto, que apenas joga na segunda-feira. Um golo do japonês Tanaka, aos 52 minutos, e outro de Nani, aos 69, foram suficientes para a equipa `leonina´ arrecadar os três pontos, em vésperas de uma deslocação ao estádio do Dragão para medir forças com o FC Porto. A vitória permite ao Sporting reforçar o terceiro lugar, enquanto os gilistas terminam a ronda na penúltima posição com 17 pontos.

Ténis de mesa Marcos Freitas ganha em pares Open do Qatar Marcos Freitas conquistou domingo o torneio de pares do Open do Qatar de ténis de mesa, fazendo equipa com o croata Andrej Gacina. Horas antes de vencer a final de pares, o mesatenista português já tinha estado em acção numa das meias-finais de singulares, perdendo contra o alemão Dimitrij Ovtcharov. O olímpico português, actual 10.º do `ranking´ mundial, e Andrej Gacina impuseram-se ante a dupla brasileira Hugo Calderano e Gustavo Tsuboi por 3-0, com os parciais de 11-3, 11-5 e 12-10. Para o madeirense foi uma despedida em grande do Qatar, já que, na meia-final, deu bastante luta a Ovtcharov, que era o primeiro cabeça de série do torneio, perdendo por apenas 4-2.

o treinador José Mourinho criticou domingo o árbitro inglês Martin Atkinson, con-siderando que este “cometeu

quatro erros importantes” no inesperado empate caseiro 1-1 do Chelsea frente ao `aflito´ Burnley.

“Os melhores futebolistas do mundo cometem erros. Este árbitro, que é um dos melhores da Europa, também pode enganar-se. No sábado cometeu quatro erros importantes”, lamentou o técnico português ao canal Sky Sports.

A expulsão do ex-benfiquista Matic, uma mão na bola de um defesa adversário na área contrária e duas entradas ̀ à margem da lei´ sobre Diego Costa, também na área, são os lances que merecem o desagrado de Mourinho.

“Os árbitros tentam, obviamente, mas não estão a ajuizar bem. Não é apenas a minha opinião, mas o que todos pensam”, reforçou.

A igualdade, que lhe custou ver dimi-nuída para cinco pontos a vantagem para o Manchester City, ainda não foi digerida:

“Se o árbitro não vê um penálti a três metros de distância, um auxiliar não o falhará se está em frente a um televisor. O que todos queremos é proteger a honestidade dos árbitros.”

José Mourinho considera que “a tecno-logia pode ajudar” e garante que “se fosse árbitro, gostava de a integrar no futebol”.

À espera das imagensO treinador luso revelou ainda que falou com Martin Atkinson no fim do jogo e que este lhe terá dito que ainda não tinha visto os lances na televisão.

“Também comentou que no terreno de jogo não tinha visto as quatro acções que marcaram o desafio”, lamentou.

Mourinho concluiu o desabafo de for-ma cáustica: “É como o advogado que é constante, porque perdeu 15 dos seus 15 casos. É um advogado que ninguém quer”.

A 28 de Janeiro, Mourinho foi multado pela federação inglesa em 33.500 euros pelas suas críticas aos árbitros, depois de dizer que havia uma “campanha” no Reino Unido contra o `seu´ Chelsea.

JOSé MOUrINHO ACUSA árbITrO MArTIN ATkINSON

“Erros importantes”

Page 17: Hoje Macau 24 FEV 2015 #3277

• DiariamenteExposição “Voz na EscuriDão” DE Óscar BalajaDia/papa osmuBal (até 14/03)creative macauEntrada livre

Exposição DE pintura DE zhEn Guo (até 3/03)Fundação rui cunhaEntrada livre

Exposição DE Esculturas Do ano Da caBra (até 01/03)Venetian, todo o dia Entrada livre

Exposição DE sânDalo VErmElho (até 22/03)Grande praça, mGmEntrada livre

Exposição DE DEsiGn DE cartazEs “V•x•xV:” (oBras DE 1999, 2004 E 2009) [até 15/03]museu da transferência da soberania de macau, 10h00 às 19h00Entrada livre

“sElF/unsElF” – Exposição DE traBalhos DE artistas holanDEsEs (até 15/03)centro de Design de macauEntrada livre

rEtratos a ÓlEo Dos séculos xix E xx:colEcção Do musEu DE artE DE macaumuseu de arte de macau, das 10h às 19h (até 31/12)Entrada livre

ilustraçõEs para calEnDário DE Guan huinonG (até 10/05)museu de arte de macau, das 10h às 19hEntrada livre

“BEyonD thE surFacE” DE mio panG FEi (até 01/03)albergue scm, das 12h às 20hEntrada livre

hoje macau terça-feira 24.2.2015 (F)utilidades 17

tempo muito nublado min 18 max 21 hum 85-99% • euro 9.03 baht 0.24 yuan 1.27

wJoão Corvo fonte da inveja

AcontEcEu HojE 24 DE FEVErEiro

O que fazer esta semana?C i n e m acineteatro

H o j e H á F i l m e

Sonhei com um mundo onde nada se altera, nada decai e nada se move. Ainda não decidi se foi ou não um pesadelo.

Dia de recordar Steve jobs, que completaria 59 anos• Visionário que revolucionou a indústria da comunicação, steven paul jobs nasceu a 24 de Fevereiro de 1955. morreu a 5 de outubro de 2011, vítima de um cancro no pâncreas. se fosse vivo, assinalaria hoje o 59.º aniversário. também a 24 de Fevereiro, a clonada ovelha Dolly mostra-se ao mundo.Depois de uma carreira notável, steve jobs não resistiu a um cancro no pâncreas, morrendo na califórnia (Eua), com 56 anos. a sua morte ocorreu poucos dias depois do lançamento do apple 4s. Quando se aguardava o apple 5, surge um smartphone com nome estranho, que muitos consideram representar ‘apple For steve’.no dia 24 de Fevereiro, em 1989, o ayatollah Khomeini oferece três milhões de dólares como recompensa para quem matar salman rushdie, autor do livro ‘os Versículos satânicos’. horas mais tarde, um Boeing 747, da united airlines, perde uma porta e parte da fuselagem, mas o que parecia ser um acidente fatal transforma-se num acto heróico do comandante do avião, que evita a morte de 337 passageiros.Este dia fica também na história como a data em que, em 1997, o cientista ian Wilmut, do instituto roslin, na Escócia, anuncia a existência da ovelha Dolly, o primeiro mamífero clonado a partir de uma célula de um animal adulto.já em 1991, os Eua iniciam sua ofensiva terrestre contra o iraque, em resultado da invasão ao Kuwait liderada por sa-ddam hussein. Em 2011, ocorre o derradeiro voo do Discovery.nasceram a 24 de Fevereiro Giovanni della mirandola, humanista e filósofo neo-platónico italiano (1463), johann ambrosius Bach, músico alemão, pai de johann sebastian Bach (1645), Ernestino augusto costa, ‘o costinha’, actor português (1891), David mourão-Ferreira, escritor e poeta português (1927), e alain prost, ex-piloto francês de Fórmula 1 (1955).

“now You SEE ME”(LouiS LEtErriEr, 2013)

Um hino à ilusão, “Now You See Me” é empolgante do início ao fim. Um grupo de quatro mágicos junta-se devido a um convite de um homem mistério. Num esepctaculo em Las Vegas, os quatro comprometem-se a fazer o maior truque de sempre: assaltar um banco em Paris. O ‘grand finalle’ leva o FBI a investigar os quatro ilusionistas, que se dedicam a dividir o dinheiro pela audiência... Mas, será que tudo não passa de uma ilusão? - joana Freitas

Sala 1Stand by me doraemon [a](FalaDo Em cantonês)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi14.00, 17.40

Sala 1triumph in the SkieS [b](FalaDo Em cantonês)Filme de: matt chow, Wilson yip15.45, 19.30, 21.30, 23.30

Sala 2kingSman: the Secret Service [c]Filme de: matthew Vaughn14.30, 19.15, 23.30

Sala 2Stand by me doraemon [3d] [a](FalaDo Em cantonês)Filme de: takashi yamazaki, ryuichi yagi19.15

Sala 3penguinS of madagaScar [a](FalaDo Em cantonês)Filme de: Eric Darnell, simon j. smith14.00, 17.45

Sala 3from vegaS to macau 2 [c](FalaDo Em cantonês)Filme de: Wong jing15.45, 19.30, 21.30, 23.30

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18 opinião hoje macau terça-feira 24.2.2015

C onCorrer à presidência da FIFA é porventura o jogo mais difícil que Luís Figo alguma vez teve, na sua longa carreira futebolística!

Admito que o antigo capitão da selecção por-tuguesa de futebol tenha avaliado as probabilidades de sucesso e tudo não passe

de uma primeira tentativa, para mais tarde, quando a idade já não permitir a Blatter continuar o seu reinado, voltar com mais experiência e acima de tudo com um número maior de espingardas e aí sim, derrotar o sucessor do actual; isto porque neste tipo de cargos, onde os interesses são tantos, ao ponto de não deixarem espaço de manobra para intrusos, fora do sistema, que possam pôr a descoberto as negociatas numa pode-rosa indústria que gere milhares de milhões de Us dólares!

Mesmo quando Blatter decidir retirar-se, não se pense que o “general” vai embora sem apontar o seu favorito, quanto mais não seja, para ficar protegido do “jogo sujo “de que ele próprio é o maior visado.

A FIFA é uma instituição, que gere activos de milhares de milhões de dólares mil milhões e na hora da verdade Blatter, que conhece bem os cantos à casa, facilmente faz chegar aos sítios certos uma fatia do bolo para em nome de mais umas escolinhas de futebol, adoçar a boca aos barões, que têm direito a colocar o voto no próximo dia 29 de Maio.

Figo tem pela frente gente, que manda no futebol dos seus países, permeáveis a mordomias de verdadeiros príncipes, onde nada falta incluindo para além das ajudas de custo diárias, quando estão em viagens, incluindo despesas pagas para acompanhan-tes ou esposas dos que têm voto em matéria de eleições!

Qualquer membro do Comité executivo da FIFA, não necessita de apresentar facturas bastando apresentar ao comité financeiro da FIFA um simples papel com montante e um rabisco como assinatura, para receber a importância supostamente gasta!

É contra esta espécie de “máfia”, que continua a esconder qual é o vencimento do seu presidente honorário João Havelange, que Figo tem de lutar.

o candidato português não dispõe de “armas “ nem de poder para competir de igual para igual. A esmagadora maioria dos votos está do lado de Blatter.

não é pois de esperar qualquer mudança no funcionamento do órgão que tutela o fu-tebol mundial, tanto mais, que os candidatos a uma nova liderança, incluindo Luís Figo, tomaram como bandeiras a transparência e a credibilidade da própria FIFA!

Por defender os mesmos princípios Lennard Johansson perdeu para Blatter as eleições ocorridas em 1998!

os votos que elegeram Blatter vieram principalmente, dos continentes Africano, do Caribe, Sul-Americano e do Sudoeste Asiático, ficando os europeus para Johans-

son, que acabaria mais tarde eleito presidente da UeFA substituído depois pelo francês Michel Platini.

Luís Figo, ao tomar a decisão de se can-didatar à presidência da FIFA, neste contexto adverso, assumiu uma atitude, que no futuro, poderá abrir portas, para uma candidatura, que o leve a liderar o futebol mundial.

Curiosa e surpreendente, a declaração do candidato português, que em Londres, no passado dia 19, numa conferência no estádio de Wembley onde apresentou for-malmente a sua candidatura, questionado sobre o facto de Angola votar em Blatter, lamentou, acrescentando que a decisão tem a ver com as recomendações da Confederação Africana de Futebol!

Figo promete, se for eleito, aumentar para 40 ou mesmo 48 o número de países com acesso à fase final dos futuros campeonatos do mundo. Aumentará também em 50% as receitas a distribuir pelas federações, bem como apostar mais na formação de praticantes.

nem todas estas promessas me parecem suficientes para que Figo venha a ganhar a Blatter. Se do lado do primeiro estão as promessas, o segundo tem o dinheiro!

desporto e não sófernando vinhais guedes

Um jogo difícil para luís figo

O candidato português não dispõe de “armas “ nem de poder para competir de igual para igual. A esmagadora maioria dos votos está do lado de Blatter

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19 opinião

Rui TavaResin Público

hoje macau terça-feira 24.2.2015

“C rise” é um termo mé-dico de origem grega: o momento em que o paciente pode morrer ou melhorar substan-cialmente e recuperar a saúde. Por esta definição podemos dizer que a passada sexta-feira, com a aprovação de um mero

comunicado entre a Grécia e o eurogrupo, foi o momento em que a crise do euro co-meçou a acabar.

sei que já foram escritas inúmeras análises sobre este assunto e nenhuma tão taxativamente optimista como esta. Assumo esse risco e veremos daqui a uns meses. Mas primeiro deixem-me fazer alguns alertas.

Dizer que a crise do euro começou a acabar não significa que os nossos problemas crónicos tenham acabado, que o eurogrupo tenha decidido abolir a austeridade, ou até que não continuemos a ter estes momentos angustiantes com assustadora frequência. Já hoje [ontem] teremos a análise da lista de reformas proposta pelo Governo grego, depois os debates nos vários parlamentos do eurogrupo, e daqui a quatro meses repete--se tudo quando acabar este financiamento ao Governo grego. Vai continuar a haver incerteza e essa incerteza continuará a ge-rar notícias de jornal e especulação. Mas o grau dessa incerteza vai progressivamente diminuir.

Por outras palavras, a europa recuou na sexta um passo do precipício. Ainda vai demorar para decidir como dar meia volta e que direcção tomar. O que é igual em importância a quando Draghi disse que o BCe faria “o que for necessário” para salvar o euro. só quando os mercados acalmaram George soros declarou que “a fase aguda da crise tinha acabado”. O mesmo acontece agora para a crise do “Grexit”, ou da saída da Grécia: acabar a fase aguda não nos diz nada sobre os problemas crónicos, e menos ainda sobre a convalescença. Um fim de crise, não é — sublinho a diferença — o fim da crise.

As leituras do acordo obtido são muito divergentes mas em geral negativas. Um acordo entre parceiros que nem sequer ti-nham “concordado em discordar” teria de ter sempre muita ambiguidade. No máximo, o que eles fizeram agora foi “discordar em concordar”.

É preciso notar, porém, que este acordo foi muito menos mau do que é dito. O fim da troika e a negociação directa com cada instituição, como sabe quem tenha experiência desta, vai muito para além da nomenclatura. O objectivo principal dos gregos, flexibilidade no saldo primário, foi obtido. As reformas serão aprovadas pelas instituições europeias e pelo FMI, mas sem direito de veto da Alemanha — e, mais importante, são propostas pelos próprios gregos. Quem achar que consegue melhor, acabado de eleito, com

18 ministros-credores à sua frente, é um grande político imaginário.

No mundo real, toda a europa deve um grande agradecimento à razoabilidade e imaginação de Varoufakis. O Armagedão foi evitado. Agora vamos ao trabalho.

A acabar, uma palavra para o nosso Go-verno. Se se confirmarem as notícias de que

Portugal pressionou a Alemanha para ser mais dura com a Grécia, o Governo de Pedro Passos Coelho portou-se com dolo contra o interesse nacional e europeu. Se, com o euro e a União à beira do precipício, a posição portuguesa foi dificultar o passo atrás, isto justifica uma moção de censura, e espero que pelo menos um partido da oposição parlamentar a apresente.

No mundo real, toda a Europa deve um grande agradecimento à razoabilidade e imaginação de Varoufakis

Fim de crise

UE E a Gréciacartoonpor Stephff

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hoje macau terça-feira 24.2.2015

A chuva forte le-vou domingo ao cancelamento da procissão do Se-

nhor Bom Jesus dos Passos, em Macau, obrigando a cerimónia a decorrer dentro da Sé Catedral, onde a via da crucificação foi percorrida de forma simbólica.

A tradição tem cinco séculos e raramente falha: no primeiro domingo da Qua-resma, a imagem do Senhor dos Passos é transportada de volta a casa, a Igreja de Santo Agostinho, depois de ter passado uma noite na Sé, para onde foi levada no sábado.

No entanto, este ano, só no sábado é que se puderam cumprir os preceitos habi-tuais. Domingo, centenas de fiéis acotovelaram-se na catedral da Diocese de Macau, mantendo até ao último momento a esperança de que o evento não fosse cancelado.

“Participo sempre, eu e a minha família. Sou católico praticante e já é uma tradição, os meus pais traziam-me sempre e eu mantenho isto, mas por causa do tempo hoje só vim com a minha mulher”, disse

à agência Lusa o macaense Francisco Manhão.

Eulália Conceição já vive em Portugal há 21 anos, mas volta sempre que pode para visitar a filha e matar saudades da sua cidade. Antes de deixar Macau, não perdia uma procissão do Senhor dos Passos e, sempre que as férias no território coincidem com as festivida-des, desloca-se à Sé.

“Quando vivia em Ma-cau vinha sempre. Sou católica desde solteira até um dia morrer, gosto mui-to. Há cinco anos também vim, mas não estava a chover”, disse, enquanto se tentava abrigar na entrada da igreja.

Como alternativa, rea-lizou-se uma procissão simbólica, em que a figura do Senhor dos Passos, que reflecte a imagem de Jesus a caminho do calvário, percorreu as estações re-presentativas da via-sacra no interior da catedral.

Da HistóriaA procissão Senhor Bom Jesus dos Passos, cujas origens remontam a 1586, é uma das mais importan-tes tradições católicas da cidade e um raro evento na China, onde o culto está sujeito a pesadas restrições, uma vez que o Governo Central autoriza apenas a Igreja Católica Patriótica Chinesa, não reconhecida pelo Vaticano.

Talvez por isso a pro-cissão atraia habitualmente crentes vindos do outro lado da fronteira, tanto da China continental como de Hong Kong.

“É uma tradição de muitos anos. Toda a comu-nidade de Macau participa nesta procissão porque é o início da Quaresma, é

o tempo de penitência e também meditação sobre a morte e a paixão de Nosso Senhor. [Vêm] muitos paro-quianos católicos de Macau e também dos arredores, de Hong Kong, de Cantão, Shenzhen, Zhuhai”, disse à agência Lusa o bispo de Macau, José Lai.

Este ano, a procissão do Senhor Bom Jesus dos Passos aconteceu em plena celebração do Ano Novo Chinês, numa altura em que a cidade está decorada de luzes e cor. No entanto, para José Lai, o clima de festa não constitui qualquer conflito.

“Para nós, católicos, é uma lembrança da morte e paixão de Nosso Senhor como nosso salvador, por-tanto não há inconveniên-cia. Esta celebração da salvação da humanidade é uma boa notícia, não é uma coisa triste”, disse, subli-nhando que se tratam, no fundo, de duas celebrações.

De acordo com o bispo de Macau, a comunidade católica continua a crescer, ainda que represente uma pequena fatia da popula-ção: cerca de 30 mil crentes num universo de pouco mais de 600 mil pessoas.

“Todos os anos temos cerca de 200 registos de baptismo, é um número a aumentar. Por outro lado, também temos muitas pessoas de Macau que vão para fora. Mas também há alguns que vêm para cá. Por exemplo, os filipinos”, observou.

Da comunidade filipi-na, que em Dezembro de 2014 estava estimada em 21.549 trabalhadores não residentes, a Diocese de Macau reconhece cerca de 10 mil como crentes católicos. - Lusa

Chuva impede proCissão do senhor dos passos

Falha na tradiçãoO acontecimento, datado do século XVI, marcao inícioda Quaresmae atrai muitos visitantesdas províncias vizinhasdo continente