HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO
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HISTÓRICO DOS PRINCIPAIS POVOADOS DE BOM JARDIM - MARANHÃO
Adilson Motta, 2015
Povoado Rosário
O povoado do Rosário foi fundado em 1961, dois anos depois da fundação de Bom Jardim, que se deu em 1959.Seu primeiro habitante foi o Sr. Raimundo José da Silva,
conhecido por Raimundo Caruncha, veja como ele esclarece a origem do nome do
povoado: “o povoado recebeu o nome de Rosário porque o Rio Pindaré tinha muitas curvas, parecendo com um rosário. Segundo o mesmo, o nome “Rosário” foi dado ao
local por caçadores e pescadores que ali exerciam tais atividades .
Todos migrantes Nordestinos, inclusive o Sr. Raimundo Caruncha tem uma explicação para o
motivo de sua vinda para o Maranhão; entre
estes, veja o que trouxe o referido primeiro
morador de Rosário a se estabelecer no povoado.
“Eu e minha família morávamos no Piauí, próximo ao rio Parnaíba. Devido ao
empobrecimento do solo e a falta de mata, fomos para o Maranhão em busca de uma
vida melhor. Chegando aqui, sai a pés pelas margens do rio Pindaré até o lugar que se chama hoje Rosário, como havia muitas terras devolutas e boas para o cultivo e matas
propícias para a caça, resolvi me estabelecer no local”.
Entrevista com antigos moradores revela que eles eram oriundos do Ceará,
Piauí e do próprio Maranhão, com um número reduzido de representantes de outros
estados que vieram a procura de terras para a lavoura de subsistência. Os mesmo viviam da lavoura, da caça e da pesca. As suas vindas para o local, se deram através
de parente que lhes formaram da região. Muitos desses primeiros vieram a pés e outros
montados em animais. Entre as muitas dificuldades enfrentadas por esses pioneiros,
citam-se animais ferozes como onça e doenças, como malária e febre amarela. A região, segundo eles era coberta de extensas matas e muitos animais. Veja a entrevista a
seguir com Raimundo de Jesus da Silva:
“O local era cheio de matas com muitas caças e apresentava um solo favorável para o
plantio; tinha muitos frutos como: tuturubà, bacuri, juçara, pequi, buriti e também
muitos peixes, que serviam de suprimento para o sustento de nossas famílias”.
A situação social nos primeiros dias da história do povoado Rosário era de
tempos difíceis. A título de comprovação observe o relato com o senhor Augustinho
Gomes da Silva, um dos antigos moradores:
”Era muito difícil porque não tinha estrada, energia elétrica, telefone nem médicos.
Quando alguém ficava doente era preciso levar para Pindaré, pois era lá que tinha melhores médicos”.
Um dos primeiros moradores também foi o Sr. Cecílio Bispo da Silva que era maranhense, e que chegou em 1961. O qual era morador de Juçaral e trabalhava com
lavoura. Veio para o povoado Rosário. O povoado do Rosário já chegou ater 600 casas,
atualmente tem cerca de 221 casas. Isto é, já foi um povoado florescente, regredindo
nos últimos anos.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
2 A causa da regressão do povoado, segundo os depoimentos de antigos
moradores foi a expropriação das terras a latifundiários e fazendeiro e franco amparo
de políticas públicas no setor agrícola ao longo de sucessivos governos. Atualmente apresenta uma população de 683 habitantes. O comércio neste
povoado já foi muito desenvolvido; tinham lojas de tecidos, usinas de beneficiamento
de arroz, etc.. Hoje apresenta morosidade no seu desenvolvimento, em consequência
das migrações de muitas famílias que iniciaram o lugar tendo em vista as terras do povoado já pertencerem a grandes latifundiários, ficando os lavradores privados de
construírem suas roças. O distrito de Rosário já possuiu um cartório, cuja tabeliã foi
Sra. Maria Perpetuo Socorro de Oliveira; o cartório em referência já foi desativado. O Juiz do Cartório era o Sr. Raimundo Pinheiro. Existia também uma subdelegacia, cujo
delegado era o Sr. Adroaldo Cecílio.
Já foram eleitos 3 vereadores residentes no povoado Rosário. Sendo: Adroaldo Alves Matos e Augustinho Maranhão ambos concorreram às eleições a vereador em
1968, e em 1972, a prefeitura de Bom Jardim como candidatos a prefeito. Foi eleito
também no mesmo ano (72) a vereador, o senhor Ângelo Vieira.
Atualmente em Rosário existe uma igreja católica e uma igreja Assembleia de Deus, duas escolas municipais e a implantação de um Sistema Telemar, através de
orelhões.O povoado já é beneficiado com energia elétrica, água encanada, um posto de
saúde, um mercado municipal. Na área cultural apresenta: Festival do peixe, realizado no mês de outubro. A festa mais popular da comunidade de Rosário é a da senhora
conhecida por Siriáca, realizada em maio com procissões, novenas, leilões e danças. A
principal atividade econômica é a pesca e a pecuária com a criação de bovinos e suínos, a quebra do coco babaçu e a agricultura.
A agricultura é explorada em grande parte, por pequenos produtores rurais. Sabe-
se que, economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do
município, mais essa não apresenta bons índices de produtividade nos últimos anos. Alguns moradores e líderes políticos afirmam que tal fato é resultado da falta de
assistência técnica. A estrutura agrária põe em evidência a preponderância do
latifúndio, onde se percebe que as maiores partes das terras são ocupadas por latifundiários.
Em relação a Rosário, a agricultura é geralmente praticada pela maioria das
famílias em pequenas propriedades, como o cultivo de arroz, feijão, milho, mandioca, abóbora, quiabo, maxixe, pepino, melancia e outros. Segundo entrevistas realizadas
com antigos moradores, ao longo da história do povo rosariense houve conflitos
agrários.
Acerca desses conflitos veja o que diz Domingos de Sousa Oliveira:
“Houve conflito sim, sendo que por consequência foram presos
Eu, Pedro Pacheco, Riba Guará, Sabino, Castor, Trocate e outros; (houve um certo caráter político nos acontecimentos,
pois éramos da oposição). O conflito se deu com o chefe político
da época, o qual propôs comprar as minhas terras; no entanto,
eu não a dispus à venda. Esse fato levou consequentemente às nossas prisões. Fomos presos quando estávamos em reunião na
igreja católica. No entanto, dois dias depois fomos libertos pelo
deputado estadual na época, José Gerardo de Abreu”.
Por outro lado, os conflitos agrários bem como rumores de atrito com os indígenas no município desapareceram, a partir da intervenção do governo com a
demarcação e legalização das terras, resolvendo os conflitos agrários através do INCRA
(Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) e a criação da FUNAI (Fundação
Nacional do Índio) como órgão que defende e ampara os indígenas e suas terras. Firmando-se assim o que diz MARTINS (1996, p 27), a respeito desaparecimento das
fronteiras e diferença que separava ambos os mundos:
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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3 A fronteira só deixa de existir quando o conflito desaparece,
quando os tempos se fundem, quando o outro se torna a parte
antagônica do nós. Quando a história passa a ser nossa a história da nossa diversidade e pluralidade, e nós já não somos nós
mesmos porque somos o outro que devoramos e nos devorou.
O acesso a Rosário é feito através de uma estrada vicinal e de lancha via rio Pindaré. A distância do referido povoado a sede do município é de 22 km.
VILA BANDEIRANTE
Em 1970 o lavrador, Antonio Vieira dos Santos conhecido por Antonhão,
fundou a Vila Bandeirante que inicialmente ficou conhecida pelo nome de Centro do
Antonhão. Outros lavradores tomaram conhecimento das matas e terras devolutas ali existentes e começaram a mudar-se para o Centro do Antonhão, onde construíram suas
residências e roças para o cultivo do arroz. Seus moradores mudaram o nome do
povoado para Fazenda Nova. O povoado crescia, tanto populacional como economicamente, devido ao seu
desenvolvimento. Seus habitantes acharam por bem trocá-lo de nome e
cognominaram-no de Vila Bandeirante. Em 30 de abril de 1979 através da Lei nº 26, o aglomerado foi elevado a categoria de Distrito Administrativo. Tendo inicialmente como
administradores: um subdelegado de polícia, o senhor Antonio Vieira dos Santos (o
fundador do lugar), do delegado do sindicato dos Trabalhadores Rurais, o senhor José
Gomes de Souza, os dirigentes protestantes, um representante político, o senhor João Evangelista Prado.
As festas populares são as novenas do mês de maio, e os festejos Santo
Antonio, o padroeiro da Vila Bandeirante, que são realizadas no dia 31 de julho, com ladainhas, danças e leilões. O tambor de crioula faz parte do folclore do lugar.
Atualmente (2006), o povoado tem apenas uma igreja, a católica.
Economicamente existecinco comércios e seis mine usinas de pilar arroz. Existindo
também três escolas, num total de 306 alunos matriculados. O ensino médio funciona desde 2004, apenas com o 1º ano.
Apresenta uma infraestrutura com água encanada e eletrificação. A
infraestrutura habitacional povoado Vila Bandeirante em 8/2005 é de 191 casas. Destas, 19 são de tijolos e telha.
Quanto aos meios de comunicação, o povoado é servido por dois canais de
televisão: Globo e SBT; além de rádio comunitárias. Geograficamente, à distância do povoado a sede do município é de
aproximadamente 54 quilômetros. Os povoados fronteiriços a Vila Bandeirante são:
Escada do Carú, Três Olhos D´água, Igarapé das Traíras e Rapadurinha.
1º morador de Rosário Igreja Católica em Rosário
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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Antonio Vieira dos Santos, Antonhão, primeiro morador do povoado Vila Bandeirante.
Igreja Católica de Vila Bandeirante Povoado Vila Bandeirante
NOVO CARU
O povoado Novo Carú foi fundado em 1º de maio de 1963 pelo lavrador Raimundo Nonato Pinheiro, conhecido pela alcunha de Didico, e recebeu o nome de Centro do
Dico, com a chegada de moradores para o lugar, o povoado foi crescendo em população.
Sendo o rio o único fluxo para o crescimento do lugar, seus moradores em
homenagem ao rio Carú deram ao povoado o nome de novo Carú. O povoado faz fronteira com outros povoados como: Rapadurinha, Nova Vida, Barra do Galego e a
reserva indígena Carú.
No principio, o povoado seguia em marcha ascendente, no comércio, na indústria de beneficiamento de arroz, na produção agrícola e em população. Era lancha
chegando quase que diariamente trazendo migrante do Ceará, Piauí e de vários lugares
do próprio Maranhão, atraídos pela abundancia de matas e terras devolutas ali existentes. Tais migrantes trouxeram consigo os seus costumes, suas crenças, enfim,
suas cultura. A partir daí, com o passar do tempo, firmou-se a cultura de novo Carú.
Essa cultura baseia-se em danças típicas nordestinas como as quadrilhas (nas festas
juninas), o Bumba-meu-boi e em comidas típicas como cuxá, tapioca (beiju), cuscuz dentre outras iguarias.
Com o rápido crescimento, foram instaladas várias casas comerciais, sendo as
principais: Casa Branca, Casas Matos, Casa Vera Cruz (com eletrodoméstico) os quais vendiam todos os artigos de primeira necessidade e outros como calçados, bebidas,
confecções, alumínio, etc. Nos anos 70 a 73 os comerciantes enriqueceram por
especulações. As mercadorias eram trocadas com os agricultores pelo arroz (no
acelerado, antes da colheita). Em novo Carú o movimento era acelerado, havia muitos hotéis, bares, boates, dois clubes para recreação e festa: o Canutão e o Clube
Recreativo Boa Vontade (CRB), duas usinas para o beneficiamento de arroz do Sr.
Manoel Vera Cruz e a do Sr. José de Deus. Atualmente Novo Carú apresenta morosidade no seu desenvolvimento, existindo ainda, várias casas comerciais.
Em 1976, na administração do Prefeito Miguel Alves Meireles foi instalada a
iluminação elétrica através de um motor a óleo DIESEL. Em 30 de abril 1983, de acordo
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5 com a Lei nº 27, Novo Carú foi elevado à categoria de distrito. O povoado Novo Carú
apresentava muitos setores (povoados) aos seus redores que aqueciam e mobilizavam
a economia local. Esses setores, no entanto, desapareceram e o desenvolvimento em Novo Carú caiu em declínio, devido às terras haverem passados para as mãos de
proprietários e posseiros e também pela inexistência de matas que foram devoradas
pelos lavradores. Muitos moradores mudaram-se do lugar, e os grandes comerciantes
fecharam suas portas mudando-se para Santa Inês e outras cidades desenvolvidas a fim de instalar seus evoluídos comércios.
Atualmente no povoado existem três igrejas: Igreja Católica, Assembleia de Deus e um
templo Adventista. As festas tradicionais de Novo Carú são as novenas do mês de maio, quaresma, festas e rezas com terços e ladainhas.
A padroeira do lugar é Nossa Senhora da Conceição, cujo festejo é realizado no
dia 8 de Dezembro. Até 2007, a dirigente da Igreja Católica no povoado foi Maria de Fátima Pires Santos.
O acesso ao referido povoado é feito via estrada vicinal, abertas da cidade de
Bom Jardim a Rapadurinha. Até o povoado Rapadurinha a estrada é empiçarrada (com
constantes falhas). Deste a Novo Carú a estrada é carroçal. No inverno são maiores as
viagens via Rio Carú e Pindaré. A distância do povoado à zona urbana do município é
de 57 km. A principal atividade econômica do lugar é a agricultura para o cultivo do arroz,
feijão, milho e a mandioca que, depois do abastecimento do mercado local, o excedente
é exportado para a sede do município, outras principais atividades são a quebra de coco babaçu e a pesca no rio Carú que se constituiu uma fonte para a sobrevivência dos
Novocaruenses e também a pecuária com pequenas fazendas com criação de bovinos
e suínos. Grande parte dos agricultores do Povoado dependem de terras localizadas à outra
margem do rio, precisamente na Reserva Indígena do Carú habitada por índios da etnia
guajajara. Os chefes das aldeias “cedem” parte da terra para os lavradores numa
transação chamada “renda’ que acontece de forma que o lavrador deixa para o chefe um terço da produção da lavoura”.
Por outro lado, outros lavadores trabalham para grandes proprietários, recebendo
o que lhes é devido em duas situações, a primeira consiste em diárias no valor que varia entre R$ 7,00 e R$ 10,00. Em segundo, e a paga com a própria produção em
“renda”, ou seja, o lavrador recebe entre um meio e um terço da produção total
dependendo do “acordo” feito entre o proprietário e o lavrador.
Uma relação de dominação e posse. De acordo com isso e sobre o mito vivenciado nessa relação, cita FREIRE (1983 p. 1983, p. 172):
“Na verdade, estes pactos não são diálogos porque,... está inscrito o interesse inequívoco da classe dominadora. Os pactos,... são meios para realizar suas
finalidades”.
Há diálogo quando há acordo, e quando ambos os lados são beneficiados sem prejuízo
a nenhuma das partes envolvidas. Ou seja, a classe detentora dos meios de produção
e capital em contraste com aquelas que possuem apenas a força de trabalho como
mercadoria a oferecer, encontra-se em posição de submissão “espontânea”, frente à
Igreja Católica em Novo Carú
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
6 situação ditada pelo capital e a necessidade de “ter que trabalhar” para a
sobrevivência, que no silêncio, abraça o sistema de coisas que está posta, apesar das
amplas conquistas “tão asseguradas nas letras da Magna Carta”. Pactos estes, fundamentados na desigualdade social e na situação de pobreza, ausência de terras e
capital na mão da maioria, que é a classe pobre e predominante. (Grifo meu – Adilson
Motta)
Na busca pelo “ter as coisas” muitos jovens e adultos abandonam os estudos
para se dedicarem ao trabalho, por entenderem que a escola não proporciona tais
ambições impostas na subjetividade deles de maneira a se realizarem. Portanto, não entendem que é através da aquisição do conhecimento, da visão de mundo crítico-
coerente que realmente podem mudar suas percepções de vida e a situação ou
realidade. Daí explica-se que dos 36 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos) de 1ª a
4ª série em 2004 no povoado Novo Carú, 44,4% desistiram e 13,8% evadiram-se.
Esses dados são a marca registrada tanto do pensamento supracitado, quanto do
abandono, da ausência de políticas públicas educacionais e de juventude no sentido de que se encontrem soluções para essas mazelas. Fato este, processando-se ao longo de
sucessivos governos. Sendo o exposto apenas um retalho do que ocorre no contexto
maior, assim como em nível de Estado e Nordeste. Sendo filhos do analfabetismo, os mesmos têm direito de acesso e, no entanto, não têm de sucesso.
Frente à situação difícil em que se encontram, tais jovens não tendo como
conciliar estudo e trabalho, os últimos por ser difícil, terminam abandonando a escola. Pois não enxergam a educação como saída, e nem tão pouco têm estímulo e incentivo
para continuar. Não percebem que há uma intenção ideológica “desinteressada”
controlando imperceptivelmente os acontecimentos, que os leva a não enxergar a
escola como tal “saída” e “instrumento de mudanças”. Nesse sentido, veja que diz FREIRE (1983 p. 173):
A manipulação aparece como uma necessidade imperiosa das elites dominantes, com o fim de, através dela, conseguir um tipo inaltêntico de “organização”, com que
evite o seu contrário, que é a verdadeira organização das massas populares emersas e
emergindo. Dentro dessa perspectiva, eles tendem a deixar o povoado indo para outros
municípios, estados e, até mesmo, outros países, como, por exemplo, Mato Grosso,
Pará, Roraima e Suriname. Nos estados de Matos Grosso e Pará, eles encontram
serviços em madeireiras, fazendas e em serrarias. No Suriname, trabalham como garimpeiros na extração de ouro. Este é o mais cobiçado dos trabalhos, pois acreditam
conseguir prosperidade em pouco tempo.
Todos querem arriscar a sorte grande, para isso deixam pais, esposa filhos, acreditando-se “... que todos são livres para trabalhar onde queiram. Se não lhes
agrada o patrão, podem então deixá-lo e procurar outro emprego”. FREIRE (1983 147).
Em muitos casos, por faltas de alternativas, os referidos trabalhadores se submetem
permanecer nas atividades, tudo isso, por conta do desamparo de políticas de geração de emprego e renda de uma política agrícola que prenda o homem do campo no campo,
e leve as condições e benefícios da zona urbana para a vida do campo. O exposto é
apenas uma pequena amostra de um contexto maior. O povoado Novo Carú dispõe hoje (2005) de três escolas municipais num total
de 9 salas de aula. Tem também um posto de saúde, uma praça e uma subdelegacia
de polícia. No aspecto educacional, as escolas refletem o contexto municipal, de
administrações sucessivas, não dispondo de biblioteca publica, nem de livros gratuito
que cubra toda rede de ensino, o que dificulta o processo ensino-aprendizagem nesse
povoado e aumenta a insatisfação dos moradores que aspiram melhoria. A juventude encontra-se dispersa, dividida entre trabalho duro do campo no
período diurno e a ociosidade dos que não estudam no período noturno. Por falta de
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
7 opções no que diz respeito à diversão, muitos desses jovens procuram os bares quase
que regularmente, e alguns a se entregar ao alcoolismo.
Povoado Novo Carú –jan./2007
Não é muito e custa pouco, mas o sonho maior daquela comunidade é que os governantes do município façam um cais na beira-rio e empiçarrem a estrada
de Novo Carú ao povoado Rapadura – pois, no inverno, fecham-se as saídas de
acesso, quando o rio não está cheio.
Em fins de 2006, a administração Roque Portela fez uma obra que para muitos novocaruenses foi de grande importância, segundo a população carente que foi:
empiçarrou todas as ruas do povoado e fez duas pontes de acesso dentro do
povoado. Se o pouco gera satisfação, imaginem o que seria se fosse feito o que
se pode fazer.
Rio Carú – no povoado Novo Carú
Raimundo Nonato Pinheiro,
conhecido por Didico, foi o primeiro morador do povoado
Novo Carú.
Escola Municipal Raimundo Nonato Pinheiro
Subdelegacia de Polícia no
povoado Novo Carú
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
8 REGIÃO DA MIRIL, VARIG, BREJO SOCIAL, AEROPORTO E
ANTONIO CONSELHEIRO
A parte populacional mais afastada e que muitos bonjardinenses desconhecem é a região da Miril, Varig, Brejo Social, Aeroporto, Antônio Conselheiro e outros
assentamentos que correspondem a um aglomerado de cerca de 60 povoados. O
populacional da região é estimado em 9.515 habitantes e um eleitorado de 4.321
eleitores. As rendas de despacho da produção econômicas (agricultura, pecuária e exploração de madeiras) são escoadas para Buriticupu e Açailândia, gerando renda aos
mesmos, deixando o município de Bom Jardim de arrecadar boa fonte de receita
naquela região, sem que haja aproveitamento na economia municipal. Esta é, no entanto, uma região muito enxergada em período eleitoral, pois seu peso eleitoral já
definiu muitas vitórias políticas em Bom Jardim a políticos que só enxergam em período
eleitoral. A juventude daquela região sob a tutela política administrativa de Bom Jardim,
encontra-se entregue ao abandono – quanto ao ensino médio, onde também são desamparados (pelo Estado). Frente a situação, segundo Francinaldo da Silva, membro
do Comitê Pró-Emancipação da Vila Varig em o Jornal Agora Santa Inês (2011):
“Nós estamos cansados de tanto abandono e isolamento!”
Escola Municipal em Brejo Social. Data: Agosto de 2012.
Sendo em sua maioria áreas de assentamentos, marcadas por histórias de lutas
do homem do campo na busca pelo direito a terra, já que estes direitos não vêm nas
diligências pleiteadas nas políticas públicas por gestores que planejem o
desenvolvimento na região, é produto de conquistas sociais e de lutas isoladas. Das áreas pertencentes a Bom Jardim que abrange a região da Miril, Varig, Brejo
Social e Aeroporto são as maiores produtoras de arroz e apresenta grande criatório de
gado; exportando muita madeira, além de produzir pimenta (cujo fato deriva o nome de um povoado - povoado da Pimenta). O povo daquela região sobrevive da agricultura,
pecuária, carvoaria e extração de madeira (esta última, atualmente encontra-se
escasseando). E grande parte de seu território é ocupado por plantio de eucaliptos de empreendimentos empresariais de porte como o Grupo Viena, Pindaré, Ferro Gusa e
outros.
O grande problema enfrentado é a ausência de estradas para a escoação da
produção como: madeira, cereais, castanha, gados para o abate, queijo, arroz, feijão, etc. Sabe-se que, as verbas federais também vêm na proporção/população, ou seja,
considerando o coeficiente populacional.E o que se observa, é que o povo daquela região
apenas serve para engordar as contas do cofre público, ou melhor, sem uma equivalente retribuição. O povo precisa mais do que uma simples ponte, e um pedaço de estrada
raspada e empiçarrada...
Por conta da situação, em toda aquela região, segundo Frei Valadares (que lá muito
frequenta), está ocorrendo certo êxodo – ou seja, muitos proprietários de terras estão vendendo suas propriedades e migrando para outras regiões onde se oferece melhores
condições.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
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O acesso até aquela região não é por via direta (por dentro de Bom Jardim);
atravessam-se 7 municípios para atingir os confins mais distantes da região. Como: Pindaré-Mirim, Santa Inês, Tufilândia, Santa Luzia, Butiticupu, Bom Jesus das Salvas e
Açailândia. Devido a grande distância que separa o município àquela região, perdura
certa dificuldade administrativa para os governantes, ficando assim, muito a desejar
àquela população que também é “povo bonjardinense”, e que sonha por uma autonomia administrativa através de emancipação política. O fato de ser um dos povoados mais
distante da sede administrativa, torna-se difícil a administração de rendas, recursos e
projetos, e se resolveria com a instalação de uma subprefeitura para aquela região para trabalhar e gerir o seu desenvolvimento. Tal projeto foi implantado na administração
Gralhada, mas, não foi em frente por razões político-partidária entre aqueles que
representavam o poder público municipal (Executivo e Legislativo). Nas adjacências da estrada Sunil (empiaçaral), que liga Bom Jardim a Açailândia,
existe uma grande plantação de eucaliptos da empresa Viena, estimada em 15 km de
extensão, para a produção e destinada à fundição em siderurgias da Companhia Vale
do Rio Doce. Existe seis carvoeiras na região.
A difícil situação administrativa por conta da situação geográfica da região permite
criar um certo isolamento social distanciando a comunidade da região dos benefícios
da sede administrativa. A perda econômica se dá através do alto fluxo de madeiras
que é escoada via fronteira de outros municípios, os quais se beneficiam por meio de
suas serrarias via impostos e empregos (diretos e indiretos). Os pontos de escoação
de madeiras na região são:
Casa Redonda;
Buriticupu (após 6 km);
Nova Vida;
E Bom Jesus das Selvas.
Há a existência de bauxita da qual se extrai o alumínio na Serra do Tiracambu,
que foi detectada em pesquisas pela Companhia Vale do Rio Doce. A C.V.R.D ou Vale
está se instalando na região, na localidade do Rio da Onça, para exploração do minério de bauxita. Para que isto aconteça, a CVRD tem que obter a liçença ambiental e alvará
dos municípios onde a Serra do Tiracambu se localiza. Fato que acarretaria renda e
desenvolvimento ao estado e região através dos royalties.
Obrigações Sociais Omissas da Vale com as Comunidades de Bom
Jardim na Região Miril e Caru
Para quem não conhece, a questão da Vale nos limites da política e de suas obrigações
com as comunidades que se localizam nas suas adjacências, não é nada realmente de
interessante. Mas a partir do momento que conhecemos realmente a Vale e seu
potencial, seu processo de privataria ou privatização – ai, o assunto se torna um
problema além de Bom Jardim, e sim um problema nacional. A Vale tem de fato
direitos e obrigações de bancar projetos ao longo das comunidades que se localizam ao
longo da ferrovia em até 15 quilômetros de distância. As comunidades de Bom Jardim
(REGIÃO MIRIL) por onde passam os trilhos da Vale na região, localizam em menos
de um quilômetro de distância (marcados pelos limites do rio Pindaré naquela região).
A VALE tem sim, obrigações sociais com as comunidades de Bom Jardim – seja infra
estruturais (pontes e passarelas), educacionais (campanhas, construção de escolas,
asfaltamento). Quanto mais na Serra do Tiracambu, onde se localiza uma enorme
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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10 reserva de bauxita, minério de onde se extrai o alumínio – que no futuro irá gera
royalties a Bom Jardim.
A Vale é uma ferida no coração do Brasil nas flâmulas da corrupção. Afinal, seu
processo de privatização foi na total sombra da corrupção. É tido como o maior caso
de corrupção da história da humanidade. Pois, segundo um de seus últimos diretores
(que precedeu Rogger Agnelli – pós privatizada), a empresa valia R$ 100 bilhões e foi
vendida por apenas 3,3 bilhões (para as próprias empresas que a avaliaram (Merrill
Lynch – americana - e Bradesco, que também foram os compradores, onde boa parte
dos recursos pelo qual foi auferida, foi financiado pelo BNDES). Afinal, 68% de seus
novos donos são estrangeiros. Especialistas afirmam que, devido ser 400 anos de
exploração mineral noite e dia (minério diversos, raros e caros), a mesma, que é
detentora da lavra em termos monopolizados esteja valendo algo em torno de 7 trilhões.
E os brasileiros a ver navios... A pérola de um povo atirada aos porcos (capitalistas e
saqueadores do patrimônio da nação que se escondem por traz de políticos, bancos
privados e empresas multinacionais). Em 2012, a empresa Vale faturou algo em torno
de R$ 21 bilhões anual, quase 3 vezes o orçamento de todo estado do Maranhão com
seus 217 municípios. Hoje, é uma multinacional e opera nos 5 continentes e 18 países. Veja o discurso na câmara federal de Chiquinho Escórcio, em que se fundamenta os direitos
das comunidades e deveres da Vale:
“A Vale está deixando muito a desejar no meu Estado. Os
senhores verão que não são apenas os índios, mas a
população está revoltada com todas aquelas casas
rachadas, as pessoas que estão morrendo nos trilhos, a
zoada permanente, tudo isso é exatamente o rastro de
mal-estar que os senhores estão deixando”, disse.
Carvoeira na região da Miril; sendo por muitos conhecidas por “rabos quentes”, é uma espécie de
iglu, feito de tijolo e barro. Grande extração de carvão vegetal que é revendido para as siderurgias.
Povoados de Bom Jardim que encontram-se dentro dos limites de 15 quilômetros e que
podem receber projetos de impacto socioambiental da Vale:
a) Cristalândia (Região Miril);
b) Miril;
c) Bela Vista;
d) Povoado Rosário;
e) Povoado Barra do Galego;
f) Chapada;
g) E Santa Luz (em grandes probabilidades).
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IMAGENS DA REGIÃO MIRIL
Rio Azul Rio Pindaré
Participação da comunidade em ações política e associativismo.
Rio Azul
Povoado aeroporto. Vila Varig
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VILA VARIG – ATUAL NOVO JARDIM (EM PERSPECTIVA DE
EMANCIPAÇÃO)
Fonte: Antonio Castro Leite. Agrimensor Topografia. 2015
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PRÉDIO DO DAVI – POVOADO ANTONIO CONSELHEIRO
Serra do Tiracambu Localizada na Amazônia maranhense, a Serra do Tiracambu, que compreende área territorial
de vários municípios do Maranhão e Pará. Entre os municípios que sofrem influência geológica de
seu platô*, estão: Açailândia, Bom Jardim, Imperatriz, Itinga do Maranhão e Marabá.
Localiza-se a Oeste Maranhense – Serra do Tiracambu – divisa de Bom Jardim e
Carutapera – Serra do Gurupi – nos municípios de Imperatriz, Açailândia e João Lisboa. (Fonte:
Geografia do Maranhão,2010).
Apresenta grande área florestal dentro do universo e domínio da Unidade de Conservação
(Reserva Biológica do Gurupi – REBIO do Gurupi no Maranhão), e em algumas terras indígenas – o
que lhe serve de proteção à sua biodiversidade. O platô que forma a área da Serra do Tiracambu
ocorre numa região de relevo dissecado (MARÇAL, 1994), cuja altitude na Serra do Tiracambu
varia entre 400 e 600 m. O feixe (de platô), que passa por imperatriz e Marabá (segundo estudos e
pesquisas) com mais de 350 km de extensão impõe anomalias em cotovelo no baixo curso dos rios
Araguaia e Tocantins, além de controlar o baixo curso do Rio Itacaiúnas (Pará). A área geológica
(do Tiracambu compreende uma extensão de 560 km).
O Rio Gurupi nasce na Serra do Tiracambu, que constitui o principal divisor de águas desta
bacia, estabelecendo limites com as bacias do Pindaré e Turiaçu.
Grande parte florestal da Serra já sofreu exploração seletiva de madeira recente, havendo
também evidência de incêndios florestais comum na região.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
14
HORTO FLORESTAL NOVA VIDA – VIENA SIDERÚRGICA
=
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
15 POVOADO TIRIRICAL
O povoado Tirirical foi fundado entre 1950 a 1951, pelo lavrador Raimundo
Bacabal, conhecido por Raimundo Tiririca. O mesmo veio com mulher e dois filhos. O referido primeiro morador é maranhense, oriundo da cidade de Bacabal. O povoado
recebeu este nome porque tinha muita tiririca, (tipo de capim cortante). O
desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente do arroz. Apesar de se localizar bem próximo à aldeia indígena, não consta ao relato dos antigos
moradores a existência do conflito com os referidos primeiros habitantes daquela terra.
O povoado faz fronteira com outro povoado, Zé Boeiro e a aldeia indígena. Sempre
houve uma relação amistosa do povoado com a população indígena existente naquelas imediações.
“[...] o relacionamento era muito bom, nós trabalhávamos juntos, e não tinha
nenhum tipo de desavenças” (Eliésio, 12/2004). Veja o que diz outra entrevista com Francisca Pereira da Conceição “... era um bom relacionamento, eles se entendiam
muito bem, era melhor do que agora”. (CUNHA, 12/2004).
O princípio da história do povoado Tirirical é marcada com a presença de caçadores que ali caçavam somente para o consumo; segundo Eliésio (12/2004), a
grande dificuldade no povoado era o acesso, pois não tinham carros, e as viagens eram
feitas a cavalo e a pés.
Não existia delegacia, mas, Raimundo do Tiririca era tido como o delegado arbitrário do lugar. Veja relato abaixo que comprova o fato:
“Raimundo do Tiririca era quem cumpria essa função, amarrava o infrator no pé
do mourão que era levado para Bom Jardim e entregava para o delegado de lá” (Eliésio Sotero da Cunha, 66 anos/2004). Há uma explicação para a vinda de cada morador
para essa região. Veja o que trouxe Eliésio Sotero da Cunha para o povoado Tirirical:
“Por causa da seca e não existir condições de trabalho na lavoura onde morava. No entanto, pela facilidade de terra fértil para a lavoura aqui existente, vim e me
estabeleci”.
O povoado se localiza a leste do município a 12 quilômetros da sede, com uma
área de aproximadamente 1 km2. É servido pela estrada Federal BR 316, que liga aos municípios de Bom Jardim e Santa Inês.
Segundo pesquisas realizadas, a população residente na comunidade, em
dezembro de 2004 era de 1600 habitantes, integrantes de 420 famílias. A população de Tirirical enfrenta inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo,
levando famílias para os lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativas de
empregos, principalmente para a classe juvenil. A infraestrutura habitacional é de 420 casas, onde apenas trinta são de tijolos. As restantes são de taipas, algumas cobertas
de telhas, outras de palha de babaçu.
Atualmente existem 16 pequenos comércios no povoado Tirirical. Uns vendem
secos e molhados e outros vendem bebidas (bares). Os principais produtos comercializados são: feijão, farinha, açúcar, café
aguardente, sabão, sal, margarina, bolacha, óleo, etc.
A primeira escola ali existente foi num casebre que se chamava Escola João de Barro, que visava alfabetizar. Por longo tempo a educação funcionou com professores
leigos, devido à carência de profissionais formados.
Quanto ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Tirirical são:
São João, Bumba-meu-boi, quadrilha e Candomblé. O padroeiro do lugar é São João batista.
A primeira igreja a se estabelecer no povoado foi a igreja católica. As missas
eram celebradas nas casas das pessoas O fundador da Assembleia de Deus foi o senhor Amadeus. Da igreja católica foi
Chico França.
A religiosidade está presente numa parcela significada dos moradores da região, sendo o catolicismo a religião predominante. Atualmente em Tirirical existe uma igreja
católica e Assembleia de Deus.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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16 A renda da população de Tirirical é de fontes diversas; entre elas, da quebra
de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de benefícios, programa
bolsa escola, PETI, e alguns outros benefícios. Existe um grande número de pessoas, que não possuem qualificação profissional,
dedicam-se tão somente ao trabalho agrícola, mas, como não têm posse de terra
alguma, trabalham como arrendatários, pagando dois alqueires de arroz aos
proprietários e latifundiários. Atualmente o povoado é beneficiado com escolas, energia elétrica, água
encanada, um posto de saúde, um mercado municipal e vários orelhões.
POVOADO CASSIMIRO
O povoado Cassimiro foi fundado em 13 de outubro de 1967, pelo lavrador
João Cassimiro, que veio com a família. O referido primeiro morador é
maranhense, oriundo da cidade de Pinheiro. O povoado recebeu este nome em homenagem ao referido primeiro morador. O princípio da história do povoado
Cassimiro é marcada com a presença de caçadores que ali caçavam somente
para o consumo. O acesso ao município era difícil, pois não circulavam carros, e
as viagens eram realizadas a cavalo e a pés. O desenvolvimento do povoado se deu através da lavoura, principalmente
do arroz. No entanto, com o transcorrer dos anos, desenvolveu-se também a
pecuária, a qual é hoje uma das maiores fontes de economia no povoado, assim
como no município. O povoado já possuiu delegacia, cujo delegado era Vicente e Sebastião Alves.
Cassimiro está localizado no município de Bom Jardim, fazendo limites com
os povoados: Gurvia, Centro do Alfredo e Rapadurinha.
Localiza-se a oeste do município, a 42 quilômetros da sede, com uma área de aproximadamente 6 km de extensão. É servido pela estrada piçarral Bom
Jardim / São João do Carú, e se liga a outras estradas vicinais que dão acesso a
outros povoados fronteiriços.
Sua população, segundo pesquisas realizadas em dezembro de 2004 era
de 488 habitantes. A infraestrutura habitacional é de 122 casas, onde aproximadamente 50%
são de telhas e tijolos; o restante, de taipas e palhas de coco babaçu. A principal
atividade econômica é a agricultura, pecuária com a criação bovina e a quebra
do coco babaçu. No povoado, desde seus primórdios existiu e ainda existe engenho, o qual
é utilizado para a fabricação de cachaça. A população de Cassimiro enfrenta
inúmeros problemas. Um deles é a falta de terras para o cultivo, levando famílias
a produzirem por arrendamento em terras de latifundiários e algumas a irem embora para lugares distantes, para trabalhar. Há falta de alternativa de
empregos, principalmente para a classe juvenil.
Povoado Tirirical, em
28/12/2006
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17 Atualmente existem 8 pequenos comércios no povoado Cassimiro. Uns
vendem secos e molhados e outros vendem bebidas (bares), existindo também
uma farmácia.
Os principais produtos comercializados são: arroz, feijão, farinha, açúcar, café, aguardente, sabão, sal, margarina bolacha, óleo, etc. O acesso ao povoado
no verão se dá através de caminhões, carros pequenos, motos. Sendo utilizado
também animais (burros e jumentos) para o transporte de cargas,
especialmente pelas famílias de baixa renda. O povoado em estudo usufrui telefones públicos através de orelhões
espalhados pelas ruas. Os referidos canais de televisão assistidos no município
são os mesmo assistidos no povoado Cassimiro. Sendo: TV Globo e SBT. Quanto
ao aspecto cultural, as festas populares da comunidade de Cassimiro são: São João, Bumba-meu-boi, quadrilha e candomblé. O padroeiro do lugar é São
Raimundo, cujo festejo é realizado no dia 31 de agosto. A primeira igreja a se
estabelecer no povoado foi a igreja católica. No principio, as missas eram
celebradas nas casas das pessoas.
No povoado Cassimiro funciona escolas de ensino Médio e Fundamental. As escolas do Estado funcionam escolas como anexo, em salas emprestadas pelo
município.
A renda da população de Cassimiro é de fontes diversas; entre elas, da
quebra de coco, da produção de carvão, do corte de arroz, da pesca, de benefícios de aposentados, alguns funcionários públicos, programas bolsa
Escola, PETI, e alguns outros benefícios.
Atualmente o povoado é beneficiado com energia elétrica, água encanada,
um mercado municipal, posto de saúde e orelhões .
Igarapé da Água Preta Igarapé do Arvoredo
Igreja Evangélica do
Povoado Cassimiro
Povoado Cassimiro Capela da ólicaIgreja Católica
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18
Igarapé do Galego Povoado Igarapé dos Índios
Local das piçarreiras em Bom Jardim:
Povoado Barrote: Serrinha; Oscar (com senhor Marcelino) e outros povoados.
Um dos graves problemas que constitui um empecilho ao desenvolvimento dosMunicípios de Bom
Jardim e São João do Carú reside na questão infraestrutura de suas estradas. Pois 65,83 da população
de Bom Jardim reside na zona rural; e a população rural de São João do Carú é de 76,6%. Isso
demanda a necessidade de se tornar a agricultura um ponto prioritário na Política Pública desses dois
municípios, incluindo-se nessas prioridades, é claro, boas estradas e transportes para escoação da
produção - como projeto municipal de modo que venha contribuir para que exista possibilidades
depreçosacessíveis e competitivos no mercado local.
Um dos problemas mais crônicos entre esses dois municípios reside justamente no que toca o
indispensável: ESTRADAS E PARCERIA COM O HOMEM DO CAMPO! O qual vive entregue a
sorte das políticas públicas, dependendo único e exclusivamente de programas ligados ao PRONAFE,
que em muitos casos, se torna mais fácil e acessível quando na sombra de política partidária. O
documentário: “Estrada dos Sonhos” desenvolvido por Paulo Montel (at al/apresentado in julho de
2009), mostra uma região, onde “as riquezas do ecossistema revelam uma contradição com a pobreza
do povo que habita essas matas da pré-amazônia, ou Amazônia Legal”(Tone Barone) cujo descaso
“...aponta para o desinteresse do Poder Público – que durante décadas submeteu a população ao
sofrimento em todas as estações do ano”. Segundo o documentário, a falta de estradas afeta
diretamente a geração de renda. Afinal, a população rural desses dois municípios depende da
agricultura e da pesca (realizada nos rios Caru e Pindaré e empreendimentos com açudes). Os rios
Caru e Pindaré torna a região, um excelente DELTA de fertilidade.
Esta é apenas uma das várias piçarreiras que existe ao
longo da estrada Bom Jardim/São João do Carú. O
preço, segundo um dos proprietários, é de R$ 5,00 a caçambada. A insatisfação maior do povo de São João
do Carú entre outras é o problema das más condições
de estradas, apesar da existência de recursos para isto. Em Bom Jardim, 65% da população é rural e
dependem dessas estradas para escoar produção e
resolverem seus problemas no município. Estas
estradas muitas vezes cortam no período do inverno, deixando essas comunidades isoladas para tudo,
inclusive quando pessoas da comunidade adoecem,
que são levadas em redes para o município (como se
não existisse governo nem recurso para construí-las)
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Belezas naturais - Rios Pindaré e Carú. Fonte: Documentário “Estrada dos sonhos”
Um pedaço do Maranhão com cara de Amazônia. Estes são os rios que
extremam e perpassam os municípios de Bom Jardim e São João do Caru. Condições das estradas no inverno de 2009 (ver fotos abaixo extraídas do
documentário: “Estrada dos sonhos” que já rendeu muitas eleições a corruptos e
demagogos na história política de Bom Jardim (e São João do Caru):
Fonte: Documentário, 07/2009 Fonte: Arnobe,07/09
Fonte das fotos: Documentário “Estrada dos sonhos”, 2012.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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20 Segundo o documentário, em 10 de dezembro de 2007, foi estabelecido um
contrato entre a prefeitura Municipal de Bom Jardim e uma determinada empresa
contratada, no valor de R$ 1.076.596,00 (Um milhão, setenta e seis mil, quinhentos e
noventa e seis reais) para melhoramento e revestimento da MA 318. Só em 2008 foi
dado início a obra, em perído de inverno e de eleição. O documentário revela
tambémem depoimentos de moradores da região que, “quando passou a eleição, a firma
(empresa) foi embora” retirando suas máquinas.A política dessa forma, se torna um
instrumento de perpetuação de grupos detentores do poder a quem “interessam” a
manutenção da situação de pobreza, subdesenvolvimento e atraso na região, o que se
transforma numa arma política de políticos comprometidos com o subdesenvolvimento
e atraso.
Distância Estimativa dos Povoados à Sede Municipal Cidade de São João do Caru 100 km
Santa Luz 13 km
Centro do Bastião 5 km
Pedra de Areia 7 km
Centro do Bastião a Pedra de Areia 01 km
Boeiro 5 km
Tirirical 11 km
Rosário 22 km
Rapadura Velho 18 km
Centro do Nascimento 20 km
Barra do Galego 38 km
Sapucaia 45 km
São João do Turi 70 km
São João dos Crentes 7 km
Turizinho 50 km
Três Olhos d´A´guas 55 km
Km 18 12 km
Oscar 18 km
Galego 26 km
Cassimiro 35 km
Rapadurinha 40 km
Novo Caru 53 km
Vila Bandeirantes 50 km
Macaca 45 km
Igarapé dos Índios 74 km
Da Sede Municipal à Resina 25 km
Do Igarapé dos índios ao Pov. Canaã 6 km.
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Polos Administrativos de Bom Jardim
Os Polos Administrativos foram criados informalmente e independente de Lei
Instituída, não possuindo caráter administrativo, numa perspectiva da geopolítica local
para fins de promoção de planejamento em políticas públicas. Apenas serve de
“agregação” de povoados adjacentes a outros maiores para fins de abranger blocos de
povoados no sentido de mapeamento de concursos por blocos regionais; em outro caso,
serve como agregação de povoados para fins de apuração eleitoral, como acontecera
na eleição de 2012 para apuração eleitoral, a qual muito se especulava temores de que
por trás de certa “inovação” – o que dantes não acontecia, fosse corromper os resultados
da disputada eleição dos dois fortalecidos blocos.
Polo Bela Vista;
Polo Brejo Social e Antônio Conselheiro;
Polo Caru, Cassimiro, Vila Bandeirante e Igarapé dos Índios;
Polo Vila Varig;
Polo Santa Luz, Tirirical e Oscar.
DISTRIBUIÇÃO POPULACIONAL DE BOM JARDIM ZONA URBANA
Nome da Localidade
Número de
Imóveis
Número de
Habitantes
Número de Famílias Imóveis Desabitado Imóveis fechado
BOM JARDIM 2.636 8.482 2.406 545 08
VILA PEDROSA 439 1573 456 62 ----
VILA MUNIZ 250 1001 236 27 ----
VILA SÃO BERNARDO 248 838 222 49 ----
VILA ESPERANÇA 251 709 184 66 ----
COHAB 159 591 173 07 03
MUTIRÃO 207 816 246 22 ----
VILA ABREU–POVOADO 65 183
ZONA RURAL
NOME DA LOCALIDADE Categoria Habitantes Residências Quarteirão imóveis Prédios
ADÃO FAZ. 6 2 1 2 2
AEROPORTO POV. 205 70 6 74 74
ÁGUA BOA FAZ. 155 51 7 64 56
ÁGUA BRANCA (ALDEIA) MALO 8 3 3 3 3
ÁGUA BRANCA I SÍT. 183 58 5 3 3
ÁGUA BRANCA II SIT. 119 39 6 49 43
ÁGUA LIMPA II SIT. 78 26 4 38 28
ÁGUA PRETA POV. 124 22 5 24 24
ALDEIA DA MASSARANDUBA MALO 133 44 8 54 48
ALDEIA DO ROMÃO MALO 17 6 2 8 6
ALDEIA DO VELHO ALD 8 3 --- 3 3
ALDEIA DOS PRATOS MALO 14 5 2 8 5
ALDEIA SANTA RITA ALD 16 5 3 6 6
ALDEIA SÃO
PEDRO
ALD 6 2 1 2 2
ALEGRIA FAZ. 58 20 3 27 21
ALTO BONITO FAZ. 8 3 1 3 3
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22 ALTO BONITO IVAN FAZ. 11 4 2 7 4
ALTO BONITO I SIT. 11 4 2 4 4
ALTO DOS ÍNDIOS SÍT. 52 8 6 17 17
ALTO FLEXA FAZ. 111 37 6 46 40
ALTO HORIZONTE SÍT 11 4 2 6 4
ALTO SANTO SÍT 79 17 4 26 26
ANTONIO CONSELHEIRO POV. 554 190 9 216 200
AREIÃO ALD 81 24 10 29 29
ARICIRANA SÍT 16 4 4 9 9
ARVOREDO POV 01 --- 2 3 3
ARVOREDO SIT 4 2 2 4 2
ASSENTAMENTO DO
ROS=RIO
POV 47 11 3 19 19
BAIXÃO DO VITOR SIT 105 34 5 43 36
BAIXÃO DO ZÉ LEAL SIT 28 9 2 10 10
BAIXÃO DO ZEZINHO ALD 30 11 3 13 11
BARBOSA FAZ 53 19 3 21 19
BARRA DO GALEGO POV 317 74 7 93 93
BARRA LIMPA POV 3 1 1 1 1
BARRACA COMPRIDA POV 82 19 6 23 23
BARRACA DA PIMENTA SIT 72 26 4 30 26
BARRACA FELIZ POV 51 14 8 19 19
BARRACA LAVADA POV 165 40 2 47 47
BARRAS FAZ 33 10 3 12 12
BARRINHA FAZ 28 10 3 10 10
BARROTE SIT 144 40 7 50 50
BATEDOR FAZ 188 63 4 74 68
BELA VISTA PAD 261 90 8 103 94
BOA ESPERANÇA SIT 61 21 4 28 22
BOA ESPERANÇA I POV 28 10 3 10 10
BOA ESPERANÇA II FAZ 30 10 6 10 10
BOA ESPERANÇA III POV 113 23 7 24 24
BOA VIDA POV 106 25 6 35 35
BOA VISTA SIT 11 4 1 4 4
BOM FUTURO FAZ 22 8 2 8 8
BREJÃO DA MIRIL SIT 183 62 7 75 66
BREJÃO I POV 335 117 11 131 121
BREJÃO II SIT 238 82 6 94 86
BREJINHO I SIT 108 36 7 45 39
BREJO DO AÇAIZAL FAZ 180 63 7 75 65
BREJO DO PORCÃO SIT 36 13 3 17 13
BREJO DOS ÍNDIOS SIT 638 226 13 246 230
BREJO GRANDE I POV 25 6 4 8 8
BREJO GRANDE III POV 111 38 5 45 40
BREJO SANTO ANTONIO FAZ 33 12 3 15 12
BREJO SOCIAL FAZ 638 223 14 245 230
CABECEIRA AZUL FAZ 55 20 3 24 20
CABOCLO MORTO POV 3 1 1 1 1
CAFETEIRA FAZ 50 18 3 22 18
CAJUEIRO POV 18 4 3 10 5
CAJUEIRO POV 7 1 1 1 1
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23 CANAÃ MALO 24 7 2 10 10
CANASTRA POV 3 1 1 3 3
CANTAREIRA FAZ 17 6 2 9 6
CANTINA FAZ 11 4 2 5 4
CARLITO FAZ 42 14 3 21 15
CARÚ POV 2 1 1 1 1
CARÚ ANIL SIT 69 24 4 28 25
CASA BRANCA SIT 39 14 3 18 14
CAVALO MORTO POV 12 4 2 6 6
CAXIAS SIT 105 36 4 46 38
CENTRO DA RAPADURA POV 122 29 14 37 37
CENTRO DO ADEBALDO SIT 6 2 1 2 2
CENTRO DO ADRIANO POV 5 1 1 2 2
CENTRO DO ALENCAR SIT 28 10 3 14 10
CENTRO DO ALENCAR FAZ 20 6 3 14 10
CENTRO DO BARBEIRO POV 19 7 2 10 7
CENTRO DO BRECHOR SIT 19 7 3 10 7
CENTRO DO CASSIMIRO POV 544 126 10 182 182
CENTRO DO CHICO
ATANÁSIO
POV 27 7 4 12 12
C. CHICO DA ANTA SIT 14 5 2 7 5
C. DO CIRILO SIT 89 30 3 38 32
C. DO COPIARA SIT 36 13 2 17 13
C. DO DOCA POV 16 4 2 17 13
C. DO DOMINGOS SIT 8 3 1 4 3
C. DO ELIAS POV 17 6 2 8 6
C. FELIX SIT 39 13 3 17 14
C. DO GURVIA POV 247 57 5 75 75
C. JOÃO BASTIÃO POV 147 48 6 62 53
C. JOÃO BATISTA SIT 33 11 3 14 12
C. JOÃO COSTA SIT 106 28 4 32 32
C. JOÃO MODESTO FAZ 47 15 4 23 17
C. DO LAUDIR SIT 1 0 2 2 2
C. DO LIGA ALD 11 4 3 8 4
C. MANUEL BRINCO ALD 6 2 1 2 2
C. NASCIMENTO POV 225 47 10 66 66
C. DO NETO ALD 6 2 1 2 2
C. NICODEMOS SIT 136 47 6 58 49
C. DO OLÍMPIO POV 10 5 4 11 11
C. DO ORISTIDES SIT 144 49 6 57 52
C. DO OSCAR I POV 325 97 7 105 105
C. DO OSCAR II POV 67 24 4 28 24
C. DO PAULO II POV 3 1 1 1 1
C. PEDRO BENTO SIT 4 1 2 4 4
C. PEDRO FRANGA SIT 6 2 1 2 2
RAIMUNDO BOI SIT 01 0 2 2 2
C. ROSENO POV 19 7 2 9 7
C. SEBASTIÃO POV 3 1 1 3 3
C. SOUSA SIT 8 3 1 3 3
C. DO TEOTÔNIO SIT 11 4 1 4 4
C. DO TOINHO POV 13 4 1 7 7
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24 C. VALBER POV 18 4 2 5 5
C. DO VALDIVINO POV 11 3 1 4 4
C. DO VIRIATO SIT 17 6 2 9 6
C. DO XAVIER POV 0 0 1 3 3
C. DO ZAQUIEL SIT 42 15 3 18 15
C. DO ZÉ BARRETO SIT 4 1 2 2 2
C. DO ZÉ BATISTA POV 0 0 1 1 1
C. ZÉ BOEIRO POV 335 108 13 126 116
C. ZÉ LOURENÇO SIT 14 5 2 7 5
C. ZÉ MESTRE POV 21 4 3 7 7
C. ZÉ SILVA SIT 3 1 1 1 1
ZÉCA BENVINDO SIT 28 10 3 12 10
C. DO ZEQUINHA FAZ 13 5 1 5 5
C. DOS CARNEIROS POV 8 3 1 3 3
C. DOS CRENTES SIT 47 15 4 21 17
C. DOS FEIOS SIT 30 11 3 14 11
C. DOS FERREIRAS SIT 40 9 3 11 11
C. DOS PACHOLAS SIT 52 12 4 17 17
C. DOS PERNAMBUCANOS SIT 25 9 2 12 9
C. DOS TRAPIACAS POV 6 2 1 2 2
C. RICO MALO 3 1 1 1 1
CHAPADA POV 116 26 8 32 32
CHICO CONCEIÇÃO SIT 8 2 3 6 6
COCAL DA VARIG SIT 47 16 3 20 17
CÓRREGO VERDE FAZ 36 13 2 17 13
CRUZETA POV 21 4 1 8 8
CURVA POV 64 18 3 26 26
CUTUVELO FAZ 103 34 4 43 37
DEUS AJUDA FAZ 17 6 2 8 6
DEUS AMOR / RIO DA ONÇA FAZ 130 45 10 56 47
DEZESSETE POV 11 3 1 6 6
DEZOITO POV 268 65 8 73 73
DOIS IRMÃOS V FAZ 6 2 1 2 2
DOZE POV 2 1 1 1 1
ENGENHO D´ÁGUA SIT 7 2 2 6 6
ESCADA POV 162 55 9 87 87
ESPERANÇA NOVA SIT 17 6 2 9 6
ESPERANTINA POV 7 2 3 4 4
ESTAMOS UNIDOS FAZ 22 8 2 11 8
FARINHA MOLHADA SIT 14 5 1 7 5
NASCENTE DO CRISTAL FAZ 30 3 15 11
NAZARÉ FAZ 2 1 2 2 2
SANTO ANTONIO I FAZ 13 4 2 4 4
SÃO JORGE FAZ 44 16 3 18 16
FORTALEZA II FAZ 8 2 1 5 5
GALEGO I POV 156 41 6 46 46
GALEGO III POV 48 11 3 13 13
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25 GAMELEIRA SIT 17 6 2 8 6
GARRAFA POV 28 10 4 16 10
GONZAGA FAZ 28 10 3 14 10
GUARAINA FAZ 58 21 5 28 21
HAROLDO FAZ 11 4 2 6 4
HÉLIO FAZ 14 5 1 8 5
IGARAPÉ DA ÁGUA FRIA SIT 53 19 3 25 19
IG. DA AREAIA II POV 11 4 1 4 4
IG. DA LATA POV 103 24 4 40 40
IG. DO BANDEIRA SIT 103 37 4 41 37
IG. DO COCO SIT 28 10 3 14 10
IG. DO CRISTAL SIT 127 46 6 56 48
IG. DO JARDIM POV 77 15 8 25 25
IG. DO TIRO SIT 58 21 3 26 22
IG. DOS ÍNDIOS POV 664 147 25 213 213
IG. GRANDE POV 27 11 5 16 16
IG. SECO POV 12 2 1 2 2
IMBAUBAL FAZ 3 1 1 1 1
IPANEMA I FAZ 33 12 3 16 12
IPANEMA II FAZ 33 12 4 16 12
IPEZAL FAZ 3 1 1 1 1
JATOBÁ FERRADO POV 33 8 2 12 12
JOÃO HORANGO ALD 19 7 3 11 7
JUÇARAL DO ARTUR ALD 55 20 4 26 20
JURACÍ FAZ 55 9 3 13 9
LAGO DA BOLÍVIA MALO 114 16 8 25 16
L. DA INHUMA SIT 153 55 8 61 55
LAGOA DA SAMBRA SIT 100 36 7 42 36
LAGOA DO INHUMA SIT 42 15 4 19 15
LAGOA DOS BICHOS SIT 69 25 4 31 25
LIMEIRA SIT 3 1 1 2 1
LIMOEIRO SIT 14 5 1 7 5
LIMOEIRO I POV 3 1 1 2 1
LOBÃO FAZ 3 1 1 1 1
LOURIVAL FAZ 3 1 1 1 1
MACHADO FAZ 11 4 2 6 4
MAPOA FAZ 19 7 2 10 7
MARIBONDO FAZ 17 6 1 6 6
MARQUISA FAZ 8 3 1 3 3
MIRIL POV 423 132 16 144 135
FONTE BELA POV 8 3 1 5 3
MONTEIRO POV 33 12 3 12 12
MUCUMBO FAZ 3 1 1 1 1
MUTUM DA VARIG SIT 39 14 3 17 14
MUTUM I SIT 133 48 6 57 49
MUTUM II SIT 89 32 6 37 32
NASCENTE RIO DOS BOIS POV 111 40 6 50 42
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
26 NOVA ALEGRIA II FAZ 28 10 3 14 10
NOVA BETEL POV 94 34 6 41 34
NOVA JERUSALÉM FAZ 14 4 4 9 9
NOVA OLINDA POV 43 11 5 14 14
NOVA SANTANA FAZ 6 2 1 3 2
NOVA VIDA ALD 10 3 2 5 5
NOVA VIDA II POV 11 5 4 13 13
NOVA VIDA III FAZ 39 14 3 20 14
NOVO CARÚ POV 1313 302 29 391 391
NOVO EGITO POV 21 6 4 8 8
NOVO JARDIM SIT 19 7 2 10 7
NOVO PLANETA ALD 49 16 6 20 20
OLHO D´AGUA DO
GAMELEIRA
POV 2 1 1 2 2
OLHO DÁGUA DO SULINO POV 40 11 4 14 14
PALMEIRA COMPRADA POV 91 21 4 29 29
PALMEIRA SOZINHA POV 71 19 4 25 25
PALMEIRINHA POV 109 27 7 35 35
PARACHOQUE FAZ 14 5 2 7 5
PAUZADA FAZ 199 72 8 83 74
PAVÃO POV 36 13 3 17 13
PÉ DA SERRA POV 3 1 1 2 2
PEDRA DE AREIA POV 50 18 4 24 18
PEDRA GRANDE FAZ 36 19 3 23 19
PEQUI SIT 88 32 5 38 32
PETROLINA POV 15 3 2 6 6
PIABA I SIT 0 0 1 2 2
PIÇARRA PRETA ALD 158 52 22 56 56
PILÕES SIT 9 2 2 4 4
PIMENTA III POV 6 2 1 3 2
PIMENTAL SIT 14 5 2 8 5
PIMENTEL FAZ 44 16 3 21 16
POÇO FEIO SIT 6 2 1 4 2
POLIANA SIT 44 16 3 19 16
PONTO CERTO FAZ 64 --- ---- --- 23
PORTO DE SANTA LUZ POV 698 242 16 261 249
PORTO DO GARROTE SIT 55 20 3 26 20
PORTO DOS ÍNDIOS
JANUÁRIA
ALD 357 98 12 104 104
PORTO DO RICO POV 6 2 1 3 2
PORTO SEGURO SIT 158 30 5 43
POSTO INDÍGENA AWA MALO 75 27 6 35 27
QUATORZE POV 4 1 1 1 1
QUATRO IRMÃOS SIT 31 11 2 14 11
QUER LUZ POV 30 9 4 12 12
RAPADURINHA POV 209 60 8 84 84
RIACHUELO FAZ 28 10 2 13 10
RIO ANIL SIT 97 35 6 45 37
RIO ANIL I SIT 50 18 3 24 18
RIO BOTE FAZ 11 4 2 7 4
RIO DA LONA FAZ 8 3 1 4 3
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
27 RIO DO OURO POV 125 45 6 55 48
RIO DOS BOIS I FAZ 78 28 3 34 28
RIO DOS BOIS II FAZ 72 26 4 32 26
ROSÁRIO POV 659 140 15 193 193
ROÇA GRANDE POV 71 18 4 31 31
SAMBA SIT 19 7 2 10 7
SAMBRA FAZ 97 35 3 41 35
SANTA CRUZ DO ARVOREDO SIT 5 1 2 3 3
SANTA CRUZ DO MATA
ONÇA
SIT 6 2 1 3 2
SANTA LUZ II SIT 6 2 1 4 2
SANTA MARIA SIT 17 6 2 9 6
SANTA MARIA I SIT 33 9 6 14 14
SANTA MARIA II POV 5 1 2 2 2
SANTA ROSA DO GAPO POV 17 6 2 9 6
SANTA ROSA II FAZ 94 34 4 42 34
SANTA TEREZA I POV 12 2 2 6 6
SANTA TEREZA II POV 36 9 3 12 12
SANTO ANTONIO DO
ARVOREDO
POV 216 55 6 68 68
SANTO ANTONIO DOS
COSTAS
POV 4 1 1 1 1
SANTO ANTONIO I POV 30 6 5 10 10
SANTOS FAZ 22 8 2 11 8
SÃO DOMINGOS FAZ 25 9 2 11 9
SÃO FRANCISCO I POV 50 18 3 22 18
SÃO FRANCISCO II FAZ 17 6 2 9 6
SÃO JOÃO FAZ 28 10 2 13 10
SÃO JOÃO DO TURIZINHO POV 308 64 7 80 80
S. JOÃO DOS CRENTES POV 79 17 14 25 25
S. JOÃO I SIT 8 3 1 5 3
S. JOÃO II FAZ 44 16 3 19 16
S. JOSÉ DA GAMELEIRA POV 8 3 1 5 3
S. MIGUEL FAZ 3 1 1 1 1
S. PEDRO DO CARÚ POV 358 78 13 105 105
S. PEDRO I POV 41 8 5 12 12
S. PEDRO II FAZ 97 35 6 43 35
SÃO RAIMUNDO I POV 0 0 1 2 2
S. RAIMUNDO II POV 3 1 1 2 1
SAPUCAIA POV 244 54 5 68 68
SATUBAS POV 15 7 6 11 11
SÍTIO BOA SORTE SIT 14 5 1 5 5
SÍTIO NOVO SIT 0 0 2 4 4
SÍTIO NOVO I SIT 19 7 1 7 7
SÍTIO NOVO III SIT 4 2 2 6 6
TABOCA POV 36 13 2 17 13
TABOCAL ALD 88 30 6 34 34
TAQUARI FAZ 8 3 6 34 34
TERRA LIVRE POV 8 3 1 4 3
TIMBIRAS POV 9 7 4 19 19
TIRACAMBU –“MIRI –MIRI” MALO 42 15 4 21 15
TIRIRICAL POV 801 281 19 303 289
TOMGO POV 34 8 7 16 16
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
28 TRAÍRA DO CHICO MAGRO POV 292 69 16 105 97
TRAÍRA DO ROBERTO POV 0 0 2 3 3
TRECHO SECO SIT 22 8 3 2 11
TRÊS IRMÃOS POV 32 18 15 25 25
TRÊS IRMÃOS POV 0 0 2 6 3
TRÊS MARIAS SIT 31 11 2 14 11
TRÊS OLHOS DÁGUAS POV 281 55 12 83 75
TRIPUCHO FAZ 25 9 2 12 9
TURI DO AUGUSTO POV 197 38 15 57 57
VAI PASSANDO SIT 17 6 2 9 6
VALE DO CARÚ SIT 8 3 1 5 3
VARIG – ASSENTAMENTO FAZ 1385 500 26 540 512
VIANA III SIT 3 1 1 1 1
VIDA NOVA II SIT 122 44 8 52 45
VILA AMAZONAS
ASSENTAMENTO
SIT 221 80 10 91 82
VILA BANDEIRANTES POV 1034 159 16 226 205
VILA DA PIMENTA –ASSENT.
VARIG
POV 125 45 7 55 47
VILA MARANHÃO POV 100 36 4 42 36
VILA NOVO BRASIL SIT 33 12 3 16 12
VILA NOVA POV 138 50 8 56 50
VILA SÃO RAIMUNDO SIT 44 16 4 22 16
VILA VALENTIN SIT 44 16 2 19 16
VILINHA DO CARÚ ANIL SIT 69 25 3 31 25
VIVA DEUS POV 2 1 2 3 3
Fonte: FUNASA, José Matias Porto, 11/8/2006; e SUS (Sistema Único de Saúde).
Legenda: FAZ.: FAZENDAPOVO: POVOADO
ALD: ALDEIASIT: SÍTIO
MALO: MALOCA
LOCALIDADES POR CATEGORIA:
POVOADOS: 127
SÍTIOS: 109
FAZENDAS: 75
BAIRROS: 09
10 Bairros
Bairro Joana Dark
Bairro Vila Muniz
Bairro Vila Pedrosa
Bairro Vila Meireles
Centro
Birro Santa Clara
Bairro Boa Esperança
Alto dos Praxedes
Bairro Mutirão
Bairro União (Bairro novo que fica atrás e entre o Bairro Joana Dark e Vila Muniz)
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
29
São João do Caru
O município de São João do Carú até o ano de 1994 era povoado de Bom
Jardim, e ganhou sua emancipação política pela Lei Nº 6.125, de 10 de novembro de 1994, sendo o primeiro prefeito eleito, James Ribeiro. Atualmente
emancipado, possui um número populacional segundo as estimativas do IBGE
de 2007 de 12.796 habitantes. Em 2006 eram 14.845. E apresenta uma área
territorial de 616 km². São João do Carú tem três vias de acesso: Bom Jardim, Governador Newton Belo e a cidade de Maranata - Pará. A fronteira de São João
do Carú com Bom Jardim se dá na ponte do povoado Joãozinho (pertencente a
São João do Carú).
A cerca de 100 km de Bom Jardim, este município possui o maior índice de analfabetismo do estado do Maranhão: 50,6% (IBGE 2000)/. Nos indicadores
da ONU, esse índice era de 53%. Em 2010 esse índice de analfabetismo caiu
para 31,06%.
-Renda percapita: 597,00
-Índice de Desenvolvimento Humano: 0,511 - Ranking no Estado – dos 217 municípios - (MA): 205º
Piora nos indicadores de Desenvolvimento Humano
IDH 2.000: 0,511 IDH 2010: 0,509
Em 2000 ocupava a 205ª posição no ranking do Estado. Em 2010 despencou para 211ª posição. Isso significa
que a qualidade de vida da população, considerando EDUCAÇÃO, SAÚDE, LONGEVIDADE E RENDA -
Piorou. É o preço da falta de políticas públicas sérias e planejadas e competente para o município.
- População Urbana: 23,4% População rural: 76,6% Sabendo que o índice de analfabetismo da África é de 36% (Segundo
dados do Relatório da ONU/2000), conclui-se que existem verdadeiras
“pequenas áfricas” no interior do Maranhão pelo exposto acima.
Rua do
Comércio – Município de São João do Carú.
Segundo a senhora Joana, esposa do 1º morador, a rua do comércio foi o local onde foi plantada a primeira roça no município.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
30
Centro Educacional Aldenor Leônidas Siqueira.
Rio Carúem São João do Carú/1/2007
Na região Carú existe grande extração de madeira, que é exportada para
Paragoaminas, no Pará. O escoamento se dá através de estradas vicinais abertas àquela região, via-Carú. Obs.: São João do Carú em 1980 possuía apenas 1.346 habitantes.
Comparando o IBGE de 2003 com o de 2007 ficou observado a redução populacional dos municípios
de Bom Jardim, São João do Carú, Governador Newton Bello e outros municípios maranhenses.
Seria o modelo político comprometido com a exclusão social e subdesenvolvimento que “embala”
a ausência de perspectivas que está “expulsando” esse grande contingente de pessoas que estão indo
embora a outros estados? Ou indicadores distorcidos na perspectiva do aumento dos recursos e
repasses federais?
Segundo o documento Indicadores Ambientais do Maranhão (2009), São João do Caru apresentou
220 focos anuais de queimadas, e um remanescente de 65% de suas florestas naturais.
Indício de Colonização na Região Caru
Apesar da região Caru ter sido habitada apenas nos anos 66 do século XX, como é do
conhecimento de todos, há relatos e indícios que levam às evidências de ter existido povoações na
região possivelmente entre o século XVIII a XIX na região. Quando analisamos os anais da história
na região do Vale do Pindaré que ocorreu entre os séculos XVIII a XIX, um questionamento dedutivo
paira no ar:
- Essa colonização na região Pindaré não teria se espalhado pela região Caru, que está em suas
adjacência? Analisei os relatos de pessoas que chegaram em Bom Jardim nos anos de 1959 os quais,
como numa aventura de colonizar tiveram os primeiros contatos com uma região ocultada ou seja,
desconhecida da população civilizada da época. Os relatos foram colhidos de Dionísio Silva Lima,
1º morador de São João do Carú
Aldenor Leônidas Siqueira
1º morador de s. j. caru
Aldenor Leônidas Siqueira
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
31 Luiz Xavier Ferreira (popular Luiz da SUCAM) e Manoel P. Santos, do povoado Siringal,
adjacência do relato. Veja o que diz Dionízio:
“No ano de 1953, meu pai veio morar num povoado por nome Limoeiro do Bento Moraes,
próximo a Águas Boas, município de Monção. Na época não existia Bom Jardim, tudo era mata.
No ano de 1959, meu pai e outros companheiros vieram caçar aqui onde hoje é Bom Jardim,
em cuja localidade estava acontecendo um extenso desmatamento em todo o trajeto que segue a BR
22, atual 316, eram homens contratados por agentes do governo federal para desmatar e construir em
anos que seguiram, a BR 316. Na ocasião, pararam com a caçada e empreitaram3 quilômetros para
desmatar um espaço entre a Curva e Chapéu de Couro – provavelmente no Pau D´árco.
Em 1968, eu, meu pai e mais quatro pessoas da família saímos tipo uma expedição no rio
Caru que durou três meses. Nós fomos de canoa descendo pelo igarapé Água Preta até o Pindaré e
fomos de rio acima até o Caru. Tínhamos levado alguns mantimentos, mas sobrevivíamos mesmo da
farta caça que a floresta oferecia.
Na região Caru tudo era mata fechada e poucas pessoas moravam onde hoje é São João do
Caru, que era a última morada ou seja, que apresentava habitantes. Existia ali entre 15 a 20 barracas
de lavradores e caçadores.
O rio Caru era um paraíso cheio de peixes de couro principalmente surubim, lírio, mandubé e
outros. Caça existia até demais de muitas espécies. Porco queixada (porco do mato) eram em torno
de quinhentos.
Depois de alguns dias de aventura subindo pelo rio tivemos que recuar quando chegamos
numa ponte feita por índios brabos da tribo Guajá. A madeira da ponte não era cortada de ferro e sim
com pedras que eles fatiavam rodeando até rolar (cortar). Movidos pelo medo, tivemos que voltar e
paramos perto da Barra do Turi, onde passamos muitos dias. Foi ali que tive uma grande curiosidade
por uma cadeia de fatos e antiguidades que muito me chamou a atenção:
- Ao lado direito do rio, ou seja, entre o Caru e o Pindaré tive a sorte de fazer várias descobertas.
Numa grande área de mais ou menos 15 km encontrei uma grande quantidade de pedaços de louças,
possivelmente do século XVIII a XIX. Tudo bem decorado num colorido com grande relevo. Quando
se tocava nas peças, elas se desmanchavam – pela ação de tanto tempo que ali se encontrava exposta
(a sol e chuvas). Distante deste local, a cerca de 2 quilômetros, vi o aterro de uma casa que tinha
mais ou menos 50 a60 metros. Neste local tinha pedaços de telhas que media mais de 20 centímetros,
e tudo debaixo da mata. Mais adiante, a uns 9 quilômetros, chegamos num seringal. Com suas
gigantescas árvores, fiquei abismado em ver esta riqueza da Amazônia aqui em Bom Jardim, na região
Caru. Vi que aquelas seringueiras tinham sido exploradas a muitos anos; encontrei logo adiante um
instrumento de ferir as cascas das árvores para tirar o leite (látex) que fabrica a borracha, achei
também mais de duzentos copos de flandres –estes, quando os tocávamos, se desmanchavam - e um
galão de coletar o leite das seringueiras. Já quase desaparecido no meio daquela mata encontrei o
forno de defumar a borracha.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
32 Ao retornar para o rancho na beira do rio, tive mais uma surpresa do lado de São João do
Caru, achei um forno de assar telha e em cima das grelhas tinha uma árvore que media cerca de 80
centímetros de diâmetros.
Muito curioso e fascinado diante de tudo aquilo, eu queria ao menos saber um pouco da
origem de tudo que se apresentava a vista. Mas graças a Deus, tive a sorte de ver e conhecer um
senhor de 76 anos que se identificou pelo nome de Leriano. Vendo minha preocupação e curiosidade
diante de todos aqueles achados, ele me esclareceu dizendo:
- Vou te contar um pouco dessa história. Desde pequeno, sou desta região e o meu avô sabia muito
sobre Pindaré; ele falava que na época que situaram o Engenho Central, por volta dos séculos XVIII
a XIX, muita gente subiu às margens do rio Pindaré e Caru. Lá onde você viu o aterro da casa foi
uma feitoria e onde você viu o forno de assar telha, existiu mais de 40 casas. Só que naquela época,
o número de índios era muito grande e todos, além de selvagens, eram brabos e houve um conflito
entre os índios (defendendo suas terras) e o povo que não resistiram, tiveram que abandonar tudo.
A cacaria que você viu era do dono da feitoria. A história do seringal e seringueira foi dramática.
Um homem rico de Pindaré de influência política mandou homens para explorar o seringal só que o
encarregado da exploração era um homem muito mal e astuto. O mesmo contratava trabalhadores que
tinha mulher para trabalhar e armava cilada. Convidava para caçar e lá no mato, matava-os para ficar
com a mulher. Depois de algum tempo, ele chegava procurando pelo outro dizendo que num momento
haviam se apartado e dizia não saber o que havia acontecido, se estava perdido ou algum bicho o
havia devorado. Simulando preocupação e chorando, convidava os outros para ir atrás do
“desaparecido”, só que ia para outros lados diferentes, de forma que o mistério permanecia encoberto.
Certo dia, ele saiu com mais um trabalhador, ou melhor “vítima” para fazer mais uma tragédia. Mas
como tudo tem o tempo certo e fim, houve um vacilo e o homem escapou e fugiu imediatamente e
chegando onde estava a mulher, rapidamente fugiu pela mata. Depois de muitos dias de viagens e
sofrimento pela mata, quase morreram de fome e doença. Chegaram em Pindaré e denunciaram o
que ali acontecia. Segundo o velho, este foi o problema do seringal abandonado”.
A foto acima é o Rio Caru no povoado Siringal/ o outro lado desse rio é área indígena onde morava
o senhor Carlos Gomes, o qual morreu entre
os anos 65 a 70, onde segundos os relatos, sua
casa era edificada num local próximo a uma
feitoria. Atualmente tudo está coberto de
mata.
Povoado Siringal em São João do Caru
No povoado Siringal há existência de
vegetação típica da Amazônia como:
Castanheira-do-pará e açaí.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
33
Foto e texto por Adilson Motta, 2011.
7 DESCOBRINDO NOSSAS ORIGENS (Bom Jardim)
A amostra abaixo é resultado de uma pesquisa de campo realizada na zona
urbana de Bom Jardim, pelos alunos do Colégio Municipal Ney Braga II, vespertino na data 27/04/2004. Foram entrevistadas 2.083 pessoas. Professores empenhados na
pesquisa realizada: Adilson Motta, Diwey, Laurecy, Cristiane Varão, Tatiane e Mágila.
MARANHÃO: 63,03% CEARÁ: 14,3% PIAUÍ: 13,68% PERNAMBUCO: 3,65% PARÁ: 1,06%
OUTROS (Paraíba, Mato Grosso, Bahia, Rio Grande do Norte): 4,28%
7.1 Programas sociais, benefício e emprego
SAÚDE / EDUCAÇÃO E PROGRAMA S SOCIAIS
ZONA URBANA E RURAL ANO-2004 2006 03/2007
Nº APOSENTADOS 4.200
Nº DE FUNCIONÁRIOS / MUNICIPIO 1.250 930 *
PETI-PROG. DE ERRADIAÇÃODO TRABALHO INFÂNTIL
500
BOLSA ALIMENTAÇÃO 1.682
PROGRAMA GESTANTE 158 FAMILIAS. FONTE: SECRETARIA DE AÇÃO SOCIAL/BANCO DO BRASIL/INSS/ 12/2004&/2007
* Não fornecido FAMÍLIAS BENEFICIADAS E CADASTRADAS NO BOLSA FAMÍLIA, 2008 - E 2013
Cidade Estimativa de Famílias
Pobres – Perfil Cadastro
único (IBGE, 2004)
Número de Famílias
Beneficiárias
do Bolsa Família – Set, 2008
2013
Bom Jardim 6.367 5.633 6.750 benefícios
Valor R$ 2013: 8.277.482,00
O Programa Bolsa Família* foi criado em 2003, a partir da unificação dos programas Bolsa Escola, auxílio-gás, Bolsa Alimentação, Cartão Alimentação. O Programa Bolsa Família tem por objetivo a inclusão social das famílias em situação de pobreza e extrema pobreza por meio da transferência direta de renda e da promoção do acesso a serviços sociais de saúde e educação. O Bolsa Família consiste na concessão de benefícios mensais às famílias que recebem até R$ 100,00 “per capita” por mês, segundo os critérios abaixo, em contrapartida ao compromisso dessas famílias de garantir a freqüência escolar e cuidados com a saúde das crianças e adolescentes. O objetivo do programa é a universalização do público alvo. * A relação nominal dos beneficiários do Bolsa Família está disponível na Internet - www.msd.gov.br (Lembrando que, há um código de acesso que apenas o pessoal ligado à Ação Social possuem).
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
34 7.2 INSTITUIÇÕES, SINDICATOS, ASSOCIAÇÕES e
MOVIMENTOS SOCIAIS EM BOM JARDIM
O QUE É SINDICATO?
A palavra sindicato tem raízes no latim e no grego. No latim, “sindicus”
denominava o “procurador escolhido para defender os direitos de uma corporação”, no grego, syn-dicos” é aquele que defende a justiça.
O sindicato está sempre associado à noção de defesa com justiça de uma
determinada coletividade. É uma associação estável e permanente de trabalhadores que se unem a partir da constatação de problemas comuns. Num sentido mais
moderno, podemos dizer que sindicato é a instituição utilizada para a organização dos
trabalhadores na luta por seus direitos junto aos governos e principalmente em relação
aos empresários. Ao longo dos anos, o movimento sindical teve um papel político importante e
decisivo no contexto das políticas nacionais, no caso do Brasil, temos um presidente
que vem das massas populares, emergido das forças sindicais que se consolidava na CUT (Central única dos Trabalhadores): Luiz Inácio Lula da Silva.
Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bom Jardim Sindicatos dos trabalhadores rurais de Bom Jardim, fundada em 1971, a primeira
associação criada em Bom Jardim com a finalidade de prestar assistência Social aos
trabalhadores rurais de Bom Jardim. É vinculado à FETAEMA (FEDERAÇÃO DOS TRABALHADORES DO ESTADO DO MARANHÃO), sendo que seus associados
(aposentados e não aposentados pagam uma contribuição de R$ 4,00(1,7%) do salário
para estar em dias e usufruírem do serviço prestado pela entidade, além do direito à aposentadoria. Seu presidente fundador foi o Sr. Joaquim Alves de Andrade.
SINDICATO DOS ARRUMADORES DE BOM JARDIM
Fundada em 12 de abril de 1968. Objetivo: Assegurar direitos Previdenciários à
classe, mediante taxas pagas pelos associados ao INSS. Sendo que durante 25 anos de serviço prestado e se encontrando quite, o associado tem o direito a aposentadoria.
Este são todos presidente desde sua fundação: Dioclides Mendes Viera (1968 / 1975)
Raimundo Ferreira dos Santos (1975 / 1976)
Aldezílio Cícero Viana (1976 / 1979)
Domingos da silva (Tarzan) – (1979 até 2010 que vence.)
Sindicato dos Trabalhadores
Rurais de Bom Jardim-MA.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
35
CLUBES DAS MÃES
Foi fundado em 12/01/1973. Objetivo: Servir de creche para crianças de 2 a 6 anos, e alfabetização das mesmas.
Sua primeira presidente fundadora foi a Senhora Adelaide, tendo como vice:
Francisca Germana. A atual presidente (em 2007) é Socorro Barbosa Pereira. Até dezembro de 2006, o Clube de Mães de Bom Jardim atendia crianças em situações onde
os pais trabalhavam e lá deixavam sob os cuidados daquela tão necessária instituição.
Em dezembro de 2006, a instituição foi fechada deixando de atender às crianças, pois,
segundo a presidente, o Poder Público se negou renovar (assinar) o convênio que repassava os recursos, por razões político-partidária.
COLÔNIA DE PESCADORES DE BOM JARDIM – MA
A colônia de pescadores do município de Bom Jardim foi fundada em 08/12
de 2001. Registrada no Ministério da Pesca, a mesma possui cerca de 700
associados; tendo como presidente: Gesso Soares da Silva. Com sede localizada
no povoado Santa Luz. Cada associado paga R$ 4,00 para a associação. Deste
valor, 60% é para manutenção da associação e 40% são repassados para o governo. Do qual seus associados gozarão do direito à aposentadoria como
pescadores. Apesar de ter crescido bastante o número de açudes para criatórios
de peixe como atividade econômica no município, a produção fluvial e lacustre
ainda é superior. (Segundo o presidente da referida associação). A Associação de Pescadores pode atuar em duplo objetivo em suas
funções: Lutar pelos interesses da classe pesqueira e defesa do meio ambiente,
amparada pelo IBAMA e órgãos competentes.
O grande problema que a associação enfrenta no município é a pesca predatória. (realizada antes de crescimento dos peixes ou na fase da desova).
Para isto, o governo federal através do Ministério da Pesca criou o salário
desemprego aos pescadores para o sustento destes durante o período de
proibição à pesca ou desova.
Clube de Mães em Bom Jardim
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
36 CONSELHO TUTELAR
OBJETIVO: Zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente, definidos na Lei Federal nº 8.069/90 do Estatuto da Criança e do
Adolescente.
Nunca é demais lembrar dos direitos daqueles que são o futuro do nosso
país. “Para a lei, considera-se “criança” a pessoa até 12 anos de idade
incompletos, e adolescentes” aquela entre 12 e 18 anos de idade. A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais garantindo, garantindo a
eles o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social.
A família, a comunidade, a sociedade em geral e o poder Público devem,
por lei, assegurar que sejam respeitados e aplicados os direitos dos nossos jovens à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à
profissionalização, à cultura, a dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.
A nível internacional, quem cuida dos direitos das crianças e adolescentes é o UNICEF (Fundo da Nações Unidas para a Infância). O órgão foi criado em
1946 para promover o bem-estar de meninos e meninas com base em seus
direitos sem discriminação de raça, credo, nacionalidade, condição social ou
opinião política. O Estatuto também prevê punição a qualquer forma de negligencia,
discriminação, exploração, violência crueldade e opressão às crianças e
adolescentes do nosso país.
Referindo-se a essa criança e jovem que será o futuro do país, veja o que
diz o papa João Paulo I (antecessor de João Paulo II). “Quando olho para uma criança, vejo o futuro homem que será.
Quando olho para um homem, vejo a criança que foi”.
DATA DE ELEIÇÃO E FUNDAÇÃO EM BOM JARDIM:
Foi fundado a partir da Lei Municipal n° 364/2000 de 13 de março de 2000.
A primeira eleição de fundação em Bom Jardim foi realizada em 11/07/2000,
sendo eleitas 05 conselheiras e ficando as outras 05 na função de suplentes.
Membros componentes da 1ª eleição do 1º mandato:
Maria Elieusa Pimentel de Macedo Pedrosa (Presidente)
Osmarina Gomes Soares (Vice-Presidente) Deuzenir Ribeiro Araújo
Odília Oliveira Coelho
Adneumária Andrade de Oliveira
Os recursos que mantém o órgão correspondem a 1% do FPM (Fundo de
Participação do Município) que são repassados para o FIA (Fundo da Infância e
Adolescência) para desenvolver as políticas do conselho, os componentes do
Conselho Tutelar são remunerados pelo Poder Executivo através da Secretaria de Ação Social.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
37 SINDICATOS DOS PROFESSORES DE BOM JARDIM
SINPROBEM
Fundado em 2003. Tendo como primeira Presidenta fundadora: Vaneres Ferreira Pereira
Cardoso e Vice, Ângela. Na eleição de 17 de dezembro de 2007 foi eleito Rivelino que desistiu,
assumindo a presidência Ângela Maria Carvalho e como vice, Rossana. Na terceira eleição Foi eleita
Ângela e sua Vice Rossana. Durante este mandato, em 2010 o sindicato conseguiu a carta sindical e
tem advogado para lutar pela causa dos educadores. Na quarta eleição, foi eleita Rossana presidente
e Elisângela como vice.
Objetivo: Defender os interesses da classe dos professores da rede municipal. É mantido com a
contribuição dos associados e mantém vínculo com a CUT e CNTE (Conselho Nacional dos
Trabalhadores em Educação).
O direito de Greve é garantido pelo Supremo Tribunal Federal pela Lei Nº 7.783/89. Entre
suas diretrizes está a de que deve ser descontado 2% do salário de seus associados.
O sindicato dos professores de Bom Jardim é tido como referência a outros sindicatos da
região em termo de experiência e lutas pela causa dos educadores.
Entre as conquistas auferidas pelo SINPROBEM, estão:
Aprovação do Plano de Cargo e Carreira;
O que resultou na elevação do salário em 40%.;
Conquista do 14% salário – aos educadores que não apresentarem faltas no trabalho. E
como incentivo à formação.
Conquista do abono (sobra do FUNDEB), direito dantes encobertos que a classe não
recebia. (Direito percebido até antes da aprovação do Piso).
E, a conquista do tão sonhado Piso Salarial do Magistério, resultado de 08 anos de brigas e
greves na vigência do Governo Roque Portela, cuja aprovação deu-se após sua derrota para
o adversário Beto Rocha em sua indicada Lidiane Leite.
O Sindicato, conforme se verifica nos acontecimentos atuais, tornou-se um
instrumentoinstitucional político que por longos anos não tinha espaço e prestígio tal qual o adquirido
na gestão Malrinete Gralhada. Tornou-se assim, um instrumento de resistência diante a abusos de
poder cometidos por gestores “sem noção” e concentradores de poder.
Junto ao direito da classe, em momento de protestos, o sindicato como forma de fortalecer sua
ação e ter maior impacto – de protesto e greve, acampou situações sociais precárias envolvendo
outros segmentos, o que atinge em cheio, gerando um efeito e impacto na estrutura política de certos
gestores.
GRÊMIO ESTUDANTIL
Movimento Estudantil, uma História de Resistência
A resistência que existe até hoje em nosso país sobre os movimentos estudantis
e que fizeram muitos companheiros tombarem desde a formação da UNE (União dos
Estudantes), vem principalmente da época em que a burguesia brasileira se instalou
mais explicitamente as “suas garras” (Ditadura Militar), não foi porque simplesmente
reivindicam educação pública, democrática e de qualidade e sim porque a classe
dominante sabia e sabe que os estudantes têm clareza do que é necessário para uma
transformação da sociedade.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
38 Muitos jovens, no quotidiano da vida escolar encontram-se “isolados e
aprisionados” por não estarem unidos e usarem a grande arma que têm nas mãos: a
liberdade, a cidadania e o voto. É hora de darem as mãos e romperem as amarras da
acomodação. Afinal, a juventude representa mais de 50% da sociedade civil.
A IMPORTÂNCIA DOS GRÊMIOS ESTUDANTIS
Os Grêmios Estudantis têm um papel fundamental na construção de uma sociedade
mais unida e solidária. Eles são a “célula” do movimento, os espaços que reúne
pessoas, para mostrar seus projetos, debater realidades e possíveis conquistas.
É importante que os componentes do Grêmio, vencedores de eleição, ocupem estes
espaços, integrem o maior número de pessoas possíveis nas discussões, tornando-os
sujeitos do processo de transformação – que será uma construção coletiva.
DIREITO É GARANTIDO POR LEI
. A Lei Federal nº 7.398, de 1985, garante a organização de grêmios estudantis como entidades
autônomas para representar os estudantes em qualquer escola pública ou particular do país, com
finalidades educacionais, culturais, cívicas, desportivas e sociais. Todos os projetos deverão ser
aprovados em assembleia geral. A aprovação e a escolha dos dirigentes serão realizadas pelo voto
direto e secreto de cada estudante, observando as normas da legislação eleitoral e as regras da escola,
a qual o grêmio é pertinente. Não apenas em uma escola, mas em todas as escolas em projetos restritos
e comum.
UMESB-UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTUDANTES SECUDARISTAS
DE BOM JARDIM
Fundado em 24/07/2003. Primeiro Presidente foi Joaby Nascimento da conceição.
Objetivo: Representar a classe estudantil do município.
GRÊMIO ESTUDANTIL EDSON LUIS-BANDEIRANTE
Data de fundação: 2002 Primeiro presidente: Dal Adler
Objetivo; Defender ao interesses da classe estudantil.
SINSERP -BJ
O sindicato SINSERP foi fundado em 2008, tendo como primeiro presidente Jamilson Pereira de Sousa e Vice Isac Manfrine. Atualmente, a estimativa de associados é de 190
(segundo Edeilson, presidente interino). Seus associados pagam uma taxa de R$ 10,00.
O SINSERP-B.J., diferente do Sindicato dos Professores (que agrega apenas a classe de educadores), comtempla toda categoria, desde educadores, gari, vigilantes, etc. sem
delimitações.
A função do SINSERP-B.J. é proteger e fazer a representação legal da categoria, defesa,
independência da classe nos termos da lei. SINSERP-B.J.: [email protected]
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Adilson Motta
39
A importância de uma associação na comunidade
A associação é uma forma de organização da sociedade civil sem fins lucrativos que,
além de captar recursos e projetos sociais em instâncias Municipais, Estaduais, Federais, ONGs (Organização Não Governamental) e empresas privadas como a Vale
do Rio Doce, e outras, é um meio juridicamente organizado de representação da
comunidade ante os poderes públicos e privados, por exemplo: através da câmara de
vereadores, Secretarias Administrativas, Assembleia Legislativa de Estado, Câmara Federal dos Deputados e diversos, onde se possibilita a liberação de recursos para os
seus representados.
A associação é uma porta aberta para recursos e projetos, sendo um meio de levar desenvolvimento diretamente às comunidades, tirando-as do “isolamento social”
quanto à participação de recursos e projetos que demandam de órgãos diversos.
Livrando-a de representações ideológicas e fontes geradoras de “currais eleitoreiros”. O problema existente em muitas associações é a falta de preparação e
capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma auto-gestão,
ficando desta forma exposta as manobras e “controles de interesses”.
RELAÇÃO DAS ASSOCIAÇÕES FORMAIS DE BOM JARDIM
01. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santa Maria 02. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Meio
03. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Dezoito
04. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Igarapé da Onça 05. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro de Oscar
06. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro Oscar
07. Associação dos Produtores Rural do Povoado de Olho D’água do Sulino
08. Associação dos Pequenos Agricultores Rurais do povoado de Galeno 09. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Galego
10. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Grande 11. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de Centro do Cassimiro 12. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Centro do Cassimiro
13. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Rapadurinha
14. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Vila Bandeirante 15. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Centro do Bernardinho
16. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé dos Índios
17. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Igarapé do Jardim 18. Associação dos produtores Rurais do Povoado de São Pedro do Carú
19. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Nova Canaã
20. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Garrafa
21. Associação dos produtores Rurais do Povoado de Zé Boeiro 22. Associação dos produtores Rurais do Povoado Tirirical
23. Associação dos Moradores do Tirirical 24. Associação dos Produtores Rurais dos povoados de São João e São Pedro de Água Preta 25. Associação de Moradores e dos Produtores Rurais do Povoado de Monteiro da Água
Preta.
26. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Rosário
27. Associação de Moradores de rosário
28. Associação dos Pescadores da Zona Rural de Santa Luz 29 Sindicato dos Pescadores de de Bom Jardim
29.Associação dos produtores rurais do Povoado de Bom Jardim
30. Associação Fé em Deus de Santa Luz 31. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra do Galego
32. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Chapada
33. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Carú
34. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Barra de Escada
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
40 35. Gurvia-Associação Comunitária Antonio Feitosa Primo 36. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Santo Antonio do Arvoredo
37. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Novo Progresso 38. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Turizinho
39. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Três Olhos D’Água
40. Associação São Sebastião do Povoado de São Sebastião 41. Associação de Lavradores do Povoado de Vila Santa Clara
42. Associação dos Pequenos Produtores Rurais de Brejão I
43. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão II
44. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Assentamento Flecha
45. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do Açaí 46. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo Social
47. Associação dos Pequenos Produtores Rurais e Moradores do Povoado de Brejo
Social
48. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Novo Brasil 49. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego do
Jenipapo 50. Varig I Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Vilinha
51. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Pindaré 52. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Pimenta
53. Varig- Associação dos Pequenos Produtores Rurais da Vila Polyana 54. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Córrego da
Inhuma
55. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de vila Sapucaia
56. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Água Preta 57. Associação dos Pequenos Agricultores do Povoado de rio Carú-Anil
58. Associação dos Pequenos Produtores e Agricultores do Povoado de Rio do
Ouro 59. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Vila Santo Antonio
60.Associação de Moradores e Agricultores do Povoado de Vila Itaquary
61.Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Assentamento Rio Ubir 62.Associação dos Produtores Rurais do Povoado da Vila Jardim
63. Associação de Produtores Rurais do Povoado do Povoado de Cristal
64. Associação de Produtores Rurais do Povoado de Pedra Grande
65. Associação de Moradores e Produtores do Setor Aeroporto 66. Associação de Agricultores e Produtores rurais do Povoado de Vila Jacutinga 67. Associação de Pequenos Agricultores Rurais do Povoado de vila Maranhão
68. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Vila Bom Jesus
69. Associação dos Pequenos Agricultores da Vila Quilombo dos Palmares
70. Associação de Moradores da Vila Canaã II
71. Rio Verde-Associação dos produtores rurais e Moradores Nossa Senhora Aparecida, Gleba.
72. Associação de Moradores do Povoado de Córrego do Mutum
73. Associação dos pequenos Agricultores do Povoado de Bela vista 74. Associação de Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro
75. Associação de Produtores Rurais, Setor Córrego das Pedras.
76. Associação de Pequenos Agricultores do Povoado de Aeroporto 77. Associação dos Trabalhadores do Assentamento Nascente do Rio Azul
Vila boa Esperança 78. Associações de Pequenos Produtoras Rurais do Assentamento da Vila São
Raimundo do Rio dos Bois
79. Associação dos Produtores Rurais do São Gonçalo
80. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Cocal
81. Associação dos Produtores Rurais do Baixão do Inhuma e Sapucaia 82. Associação dos Agricultores do Vale Mutum
83. Associação dos Pequenos Produtores do Vale do Sapucaia
84. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejão
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
41 85. Associação dos Produtores rurais do Povoado de Monte Alegre 86. Associação de Moradores e Pequenos Agricultores do Córrego do Mutum 87. Associação dos Pequenos Produtores Rurais do Povoado de Brejo do Tiro
88. Associação dos Produtores Rurais do Povoado de Alto bonito
89. Associação Santa Fé dos Produtores Rurais da Vila Bela Vista 90. Associação de Produtores Rurais e Moradores da Comunidade do Povoado
Nossa senhora Aparecida
91. Associação do Taxistas de Bom Jardim
92. Associação dos Moradores e Moradoras da Vila Abreu 93. Associação Bomjardinense de Radiodifusão Comunitária
93- APDFAM-ASSOCIAÇÃO DE PORTADORES DE DEFICIÊNCIA FÍSSICA AUDIVISUAL E MENTAL
LEVE.
94- A.M.B.J. Associação de Moto taxistas de Bom Jardim – MA.
95- Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos
FONTE: Prefeitura Municipal / 2003/2013.
Obs: O problema existente com tão grande número de associações é a falta de
preparação e capacitação do corpo de associados. Onde perdura a ausência de uma auto-gestão, ficando desta forma expostas a manobras e controles de interesses
políticos.
SINTRAF – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar
(de Bom Jardim)
É dirigida por coordenadores que, em Bom Jardim (em 2008):
Osfernandes; Raimundo Solidão;
E Nilson.
8 INFRA – ESTRUTURA HABITACIONAL DE BOM JARDIM
Fonte: FUNASA, CEMAR, 2000.
SITUAÇÃO DOS DOMICILIOS ZONA URBANA
SITUAÇÃO BOM JARDIM-MA BRASIL
Com água encanada 72,7% 90%
Com esgoto sanitário e fossa séptica
31,8% 92%
Com coleta de lixo 46,8% 92%
Fonte: IBGE, 2000.
DOMICÍLIOS GERAL
ZONA URBANA: 41,15%
ZONA RURAL
TIJOLOS TAIPAS TABUA TIJOLOS TAIPAS TABUA
7256 42,18% 56,84% 0,93% 9,12% 86,47% 4,41%
COM ENERGIA ELÉTRICA: 4,738 ligações
ZONA URBANA 75, 63% ZONA RURAL 58,03%
ZONA URBANA E RURAL 65,3%
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
42 PROPORÇÃO DE MORADORES POR TIPO DE INSTALAÇÃO SANITÁRIA ANO 2010
Instalação Sanitária Domicílios particulares
permanentes (unidades)
Domicílios particulares
permanentes
(percentual)
Total 9.592 residências 100%
Rede geral de esgoto ou pluvial 136 1,42
Fossa séptica 242 2,52
Fossa rudimentar 5.219 54,41
Vala 1.953 20,36
Rio, lago ou mar 25 0,26
Outro tipo 701 7,31
Não tinham 1.316 13,72 Fonte IBGE/Censos Demográficos 2010
9- SETOR DE COMUNICAÇÃO
Um dos primeiros meios de comunicação considerada pioneira no Município
foi a Voz Itamarati – propriedade do senhor Pedro Juvino – O tempo da “preficadora”,
como cita o popular, a qual era amarrada ou pregada em um alto mastro e que espalhava
som para toda cidade. Servia para divulgar propagandas, músicas e informativos. Um
dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos que por
longos anos trabalhou em várias
Um dos pioneiros nos meios de comunicação em Bom Jardim é o Sr. A. Santos
que por longos anos trabalhou em várias rádios.
A. Santos
De 1989 a 1995 funcionou no município a TV Cidade Cultura, administrada pelo
locutor e apresentador Herbeth Jansen onde eram divulgadas notícias da região, a
cultura local e propagandas comerciais. Na história da radiodifusão no município já existiram muitas rádios comunitárias
de prestação de serviço à comunidade. Algumas extintas, outras ainda permanecem ativas. As extintas, devido as constantes fiscalizações da ANATEL (Agência Nacional de
Telecomunicações). As pioneiras surgidas a partir da lei (9.612/98) que regulamenta a
difusão de Rádios Comunitárias no Brasil que entraram no ar foram:
Digital FM;
União FM;
Cultura FM Vale lembrar que estas emissoras todas possuíam associações através das quais
pleitearam a licença ou outorgas de funcionamento e que, devido demora, burocracia e
indeferimentos, foram extintas. Outras se estabeleceram de forma clandestina. Foram elas:
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
43 Stúdio FM – pertencente a Tony Barone;
Rádio Cidade – de Hérbeth Jansen (atualmente Duca Pedras);
Rádio Stylus FM, 91,5 fundada em 10 de março de 2006 a qual funciona como rádio comunitária pela associação cultural bumba-boi de Bom Jardim –
do Sr. Paulo Costa;
Bom Jardim FM, do Sr. Nildão (Fundada em 2001) – Com a mensagem pano
de fundo: “Esta veio para ficar”, e em apenas dois meses fechou. Alternativa FM – De Tony Barone – Surgiu após o fechamento da Rádio Stúdio
FM;
104 FM – De Paulo Costa – Surgiu após o fechamento da Stylus FM; Educativa FM – De Francisco Mota (Fechada).
Mania FM – (de Barone(Surgiu após o fechamento da Alternativa FM;
Estação FM (De Barone) -surgiu após o fechamento da Mania FM.
Um fato que vale lembrar é que o locutor e radialista A. Santos foi o único que trabalhou
em todas essas rádios.
Todo esse histórico representa a resistência e luta por uma maior liberdade de expressão e concessão das Rádios Comunitárias.
Outro meio de comunicação existente no município é através dos correios, que
apresenta um eficiente meio de transportes de cartas e encomendas. Os serviços prestados são: Sedex, cartas registrada e simples, encomenda normal, telegrama e
FAX.
Há escolas de informática particulares e que dispõe de serviços prestados de internet, que também é um dos meios de comunicação.
O município é servido por dois canais de televisão: SBT e rede globo, além de
recursos particulares como antenas parabólicas e TV por assinaturas via sky que
permite pegar outros canais. Apresenta uma ampla rede telefônica do sistema Telemar espalhado por todo município através de orelhões e telefones fixos (particulares) e uma
rede de telefonia celular da Operadora VIVO e CLARO.
www.bomjardim.com.br O site bomjardim.com, é de propriedade de Rafael e foi fundado em janeiro de
2011. No primeiro mês de fundação, teve um total de 3.000 acessos. Hoje,
apresenta estimativamente 60.000 acessos mensal Em novembro de 2013
constava um total de 800.000 acessos (em breve chegará a marca de 1 milhão
de acessos). O site apresenta 800 postagens e 2 mil seguidores. Atualmente é umas das mídias mais acessadas no momento em Bom Jardim e região, e de
enorme poder de informação imediata e com precisão com os fatos que
acontecem. É o site de maior circulação regional e que leva notícias e informação
para todos que estão plugados, o que já é um grande número. O poder de informação que os meios de comunicação tem exerce grande
influência, na atualidade, na história política local e regional. Pois, a medida que
o povo se informa, muda atitudes, “higieniza” a democracia, renova a cidadania
e promove mudanças, não permitindo que grupos políticos perniciosos e sem compromisso, na sombra da alienação e ignorância do povo venha perpetuar no
poder pela liberdade de opção proporcionada pelo voto livre. Mesmo que tenha
surgido dentro de um contexto não apartidário, verifica-se que, atualmente o
site divulga suas notícias e informações de modo imparcial, sem compromisso político-partidário, o que é bom para a democracia local e região.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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44 Jornal Gazeta
Fundado por Paulo Montel em 2006, teve pouco tempo de duração, o qual foi
substituído por outro circulante na região (Jornal Leia Hoje) – sociedade de Paulo Montel com um colega. Era de caráter apartidário, e mantido com fundos de propagandas de
lojas e circulava no município. Apresentava também utilidade pública no tocante a
assuntos sociais no que condiz as relações sócio-políticas no Município e divulgação. Sendo um instrumento de comunicação social a serviço da comunidade bonjardinense.
Neste caso, era um instrumento de cidadania e utilidade pública.
O projeto Jornal Leia Hoje fracassou, e, em 2007, Paulo Montel reativou o Gazeta;
decidindo editar a 2ª edição de sua Revista Alfa (protótipo do que era em Parauapebas). Mas como o nome Gazeta tinha caído no gosto da população, bonjardinense, o mesmo
resolveu deixar o nome GAZETA.
10 EDUCAÇÃO E CULTURA
10.1 História da educação de Bom Jardim
O presente trabalho é resultado de um esforço, na busca de divulgar para
comunidade bonjardinense, no que diz respeito á evolução e história da educação local. Para esse fim contamos com o apoio de pessoas que acompanharam o processo
educativo do município desde sua fundação, passando pela sua emancipação que se
deu no dia 30 de dezembro de 1966 até os dias atuais.
A IMPORTÂNCIA DA EDUCAÇÃO
A educação é responsável pela realização do individuo, permitindo-lhe explicitar suas realizações, compatibilizar–se com a realidade e nela atuar de forma responsável
e eficiente. Desta maneira, todos e cada serão beneficiados, na medida em que o
individuo realiza suas aspirações pessoais e sociais. O que toca no indivíduo toca no
sistema social como um todo. Porque toca na família, que é célula mãe dessa sociedade, que toca no município, que toca no estado, que abrange o país.
A educação como processo de desenvolvimento, é também um instrumento de
mudança de comportamento do educando. Tendo em vista que cultura é o processo pelo qual o homem transforma a natureza, o meio social e sua existência.
10.2 AS PRIMEIRAS ESCOLAS EM BOM JARDIM
Segundo informações prestadas pelas primeiras professoras de Bom Jardim, a
primeira escola era denominada Escola Costa Fernandes Sobrinho, quando Bom Jardim
ainda era distrito do município de Monção – MA, no ano de 1966. Esta escola tinha como diretora a senhora Laura Arrais. Um ano depois veio a professora Mariza Almeida
Abreu, normalistas que assumiu a direção da escola. Trabalhavam também às
professoras Antônia Cavalcante Gonzaga e Maria Almeida Bezerra. Após dois anos da fundação de Bom Jardim chegava aqui a SUDENE, que construí
uma escola próxima ao aeroporto, a extinta Escola Estadual Unidade Integrada Bom
Jardim, que ainda hoje os bonjardinenses a chamam de Colégio da Sudene.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
45
Em 1968 foi implantado o projeto Bandeirante, objetivando inicialmente suprir a
falta de ginásio (hoje ensino fundamental) em cerca de 25% dos municípios
maranhenses. Mas foi construído em 1970, sendo denominado Colégio Governador José Sarney, que teve início suas atividades em 1971, mantido em Convênio com a prefeitura
de Bom Jardim. Passou a fazer parte do Projeto Bandeirante, ou seja, passando para o
Estado em 1977.
Na época, existiam ainda escolas particulares leigas, sendo a mais conhecida a Escola da professora Raimunda Bezerra, que era a professora mais tradicional.
O município possuiu escola pelo programa MOBRAL (Movimento Brasileiro de
Alfabetização), cujas escolas tinham como objetivo atender a população na faixa etária de 15 a 30 anos de idade,. Sendo fundadas durante o governo militar, a metodologia
de alfabetização aplicada era totalmente desprovida do sentido critico e
problematizador. A cidade possuiu em 1983 colégios particulares de 2° Grau. Essas escolas foram
extintas por falta de alunos em condições financeiras para paragem seus estudos em
nível de 2º Grau. Em vista dessa realidade, o vereador João Franco Souza, levando em
consideração o reduzido poder aquisitivo de maioria das famílias de Bom Jardim, quase sem nenhuma possibilidade de custearem os estudos de seus filhos nas escolas
particulares de 2º grau existente na sede do município, deu entrada em Janeiro de 1985
a um requerimento na Câmara Municipal de Vereadores, solicitando a criação do ensino de 2º Grau mantido pela prefeitura, o qual foi aprovado por unanimidade e logo
encaminhado ao prefeito Municipal que era Adroaldo Alves Matos. O 2º grau municipal
iniciou no dia 04 de maio de 1985 no prédio da Escola Municipal Ministro Ney Braga, mantido com os recursos próprios da prefeitura Municipal logo foi reconhecido pelo
conselho Estadual de Educação, através da Resolução nº. 398/85 que oferecia aos
egressos do 1° grau as habilitações: Magistério com habilitação até a 4ª série do 1º
grau e o curso Técnico em Contabilidade. No ano de 2000 o Estado assumiu o Ensino Médio. Percebe-se que a cada ano,
na zona urbana e rural a demanda populacional pelo ensino médio cresce numa
constante. Até 2002, o ensino médio era ministrado apenas na zona urbana, deixando o
jovem interiorano (rural) sem perspectiva. No ano de 2003, a Gerência de
Desenvolvimento Humano de Estado ampliou atendendo a demanda da população rural, sendo instalado o ensino médio através de anexos nas seguintes localidades: Novo Carú
e Rosário. Em 2004 em outros povoados foi implantado o ensino médio: Novo Carú,
Rosário, Rapadurinha, Cassimiro, Tirirical, Vila Bandeirante e aldeia dos Índios. Porém,
havendo “cortes” no orçamento do governo do Estado, este se obrigou a extinguir escolas em pleno funcionamento (letivo), e o restante, baixou os salários dos
professores contratados em mais de 60% do valor antes pago. Dos povoados onde
funcionava o ensino médio, só permaneceram Rosário, Novo Caru, Cassimiro e Vila Bandeirante. Muitos jovens desta forma ficaram impossibilitados de continuar o ensino
médio por falta de vagas.
Apesar dos avanços e do aumento do atendimento à demanda no que toca o
ensino médio, a escolha e seleção de professores para suprir as vagas do quadro
Antiga Escola da Sudene abandonada servindo de abrigo para
famílias sem-teto.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
46 docente se processa precariamente, devido o atrelamento e a politização das
decisões no que toca o destino da educação no Maranhão. As escolhas eram realizadas
através de transações artificiosas e políticas pelas quais eram articuladas a educação a nível Estadual. Tal fato se processa quando o quadro docente por contrato é escolhido
por “acordos” e “negociatas” políticas. Recebendo o nome que todos os professores já
conhecem “QI”; (Quem Indique) politicamente. Deixando os professores na perspectiva
de não acreditarem em títulos e competências. E sim procurarem “dedo político” que “Indique”. Professores que tem formação em uma determinada área eram determinados
pelo “Indique” a lecionar disciplinas que não tem formação ou afinidade. Tal fato vinham
a comprometer o padrão qualidade, fazendo perpetuar os “indicadores sociais”, que vergonhosamente são ostentamos para o Brasil e o mundo. “Alguns” politicamente
tiravam proveito com isto, em prejuízo ao social, porque compromete o padrão
qualidade. A nível municipal, com a criação do Programa FUNDEF (Fundo de manutenção e
desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do Magistério), houve maior
valorização ao professor. E o aumento de implementos didáticos. Em Bom Jardim
podemos citar um grande avanço na educação com o Convênio da Prefeitura Municipal com a Universidade Federal do Maranhão, nos termos da Resolução nº. CT-
07.003.020/2001, (na gestão de Manoel Gralhada), sob a influncia e ação da deputada
Malrinete Gralhada, trazendo para Bom Jardim o Programa Especial de Formação de Professores para a Educação Básica - PROEB, que tem como principal objetivo à
melhoria da educação e a habilitação de professores a nível superior. Era um curso de
Licenciatura Plena. Num Total de 157, candidatos distribuídos nos 4 cursos: Letras, Matemática, Pedagogia e História.
A primeira Pedagoga do município foi a senhora Irene Alves Matos Souza, que
começou sua vida na educação do município em 1973, a qual, até 2004 esteve à frente
da coordenação da educação. A primeira secretária de educação do município foi a senhora Mirene Antonia dos Anjos. De 2000 a 2004 esteve à frente da educação do
município, como secretária, Cleuma Santos Matos. De 2005 a meados de 2007 foi
Antonio Otávio Oliveira sendo substituído por Rivelino. Obs.: Em 2003 foi realizado a elaboração e votação do Plano Decenal de Educação
de Bom Jardim (2003/3013). No entanto, ainda não foi usado na coordenação de política
educacional no município. E nem tão pouco levantado como bandeira de política pública.
Escola Fernanda Sarney onde funcionou o curso da UFMA (Universidade Federal do
Maranhão) de 2001 a 2005 nas áreas de Letras, Matemática, História e Pedagogia. E
serviu de abertura para o PQD (Programa de Qualificação Docente) em 2006 ministrados pela UEMA (Universidade Estadual do Maranhão).
Em 2006, a Secretaria de Educação na gestão de Rivelino mandou um projeto para a
câmara municipal o qual foi votado mudando o nome da escola Fernanda Sarney para Edinare Feitosa – que era realmente de Bom Jardim e conhecida pelos filhos da terra.
E não produto de bajulações políticas para angariar projeto.
No ano de 2013, com a eleição de Beto/Lidiane Rocha, a Secretaria de Educação ficou
ao encargo da supervisora Rozana. Devido a demora de início letivo das aulas na zona
Rural (por conta do impasse entre Poder Executivo e Legislativo, sob alegação de não
aprovação dos projetos do executivo de contratação tendo em vista os excedentes
assegurados em Lei, o que chocaria direitos), houve um grande número de
transferência de alunos para outras cidades vizinhas, cerca de 2.000 alunos foram
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
47 transferidos. Um certo desajuste instalado na casa criou um impasse entre Secretária
de Educação e a categoria Sindicalizada e demais professores (pois a mesma era
culpada de perseguir e tratar mal as pessoas), o que instalou um clima de inimizade, a
ponto de o sindicato mobilizar um abaixo assinado pela maioria dos professores
solicitando a remoção do posto da dita Secretária – que, segundo agentes do sindicato,
criava obstáculo ao diálogo que deveria acontecer entre a categoria e o Poder Executivo
(o que não foi atendido). Na região da Miril, onde falta de tudo, - apesar de as aulas
no município terem começado em fevereiro, muitas encontravam-se sem professores,
o que comprometeu o índice de desempenho e aprendizagem dos alunos – sob o risco
de redução do IDEB municipal que acontece no respectivo ano. Num clima de
insatisfação e mesmo com uma atitude impopular, a secretária ficou afastada por
aproximadamente uma semana (com foguetaria e tudo mais pela cidade), depois
retornou, para o desagrado de uma grande parte que não a via com bons olhos nem
cativação: O retorno da que não foi, da supervisora Rosana ao cargo de Secretária,
aconteceu. Entretanto, um mês depois, mediantes reclamações, insatisfação e um índice
de rejeição acima de 90% - o que era comprometedor a uma eleição que estava às portas
a acontecer – o Poder Executivo resolveu demití-la sumariamente (antes que o
agravante se tornasse maior, conforme expressava opinião pública) no
comprometimento a imagem política do governo municipal.
Um desajuste que ocorre, segundo se pode verificar, está no contraste entre professores
concursados e contratados: Ambos trabalham a mesma carga horária (20h/2016) e,
enquanto que o concursado recebe uma remuneração de cerca de 2.000,00 reais, o
professor contratado recebe cerca de 800 reais – menos da metade, e sem direito de 13º
salário, que segundo a lei, não é só prerrogativa de concursados.
2013 - o ano perdido na educação em Bom Jardim
Mais de 2.000 alunos transferidos por falta de aula/professores, ou
funcionamento das escolas que demoravam, principalmente na zona rural (onde
se localiza o maior contingente de alunos no município);
Mais de 17 escolas fechadas;
Na região Miril/Novo Jardim/Antonio Conselheiro e outros, onde moram cerca
de 6.000 habitantes, 70% dos alunos ficaram fora de sala de aula – pelo não
início das aulas e falta de professores por inércia da (in-)gestão sob pretexto de
“briga político-partidária”. O significado maior muitos dizem: incompetência
política.
No dito ano letivo (2013), 70% dos alunos de 1º ao 5º ano, conforme
avaliação/SEMED (2013) da Rede Municipal, não sabem ler nem escrever.
Apesar dos avanços, o município não possui uma proposta curricular de ensino clara e
definida (grade curricular de conteúdos), ainda não promove formação continuada
(bimestralmente) aos professores, apenas formação inicial (que é generalista). E por
não apresentar uma grade curricular de conteúdos comum e específica às escolas, os
conteúdos são definidos em planejamento na “liberdade e autonomia” dos educadores,
em conformidade com os livros didáticos que chegam das editoras. Isto leva a existir,
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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48 muitas vezes, uma prática curricular muito pobre; que não leva em conta nem a
experiência trazida pelo próprio professor, , nem a trazida pelo aluno, ou mesmo às
características da comunidade em que a escola está inserida. Os órgãos colegiados das
escolas (Conselho escolar, Conselho de Classe e Grêmios Estudantis) não apresentam
muita evidência de atuação; não oferta aula de reforço nas escolas como um todo, ou
uma meta sistemática traçada, mas no entanto, o Programa Mais Educação é usado para
esta finalidade, o qual funciona num certo desajuste. E por outro, o município não
possui um Fórum Municipal de Educação nem de caráter provisório, nem em caráter
permanente e legal que asseguraria viria o não “engavetamento” do Plano Decenal de
Educação – no qual estão traçadas as metas, estratégias, enfim a vida dinâmica da
educação no município.
O DESAFIO DAS ESCOLAS MULTISSERIADAS EM BOM JARDIM – MA
Devido a existência de poucos alunos para compor salas em determinados
povoados, o município, assim como muitos municípios brasileiros adotam o
multiseriado, que na visão dos críticos, é o ensino mutilado. Neste, a aula é composta
de alunos de todas as séries do ensino fundamental e o quadro negro é dividido na
mesma aula assim como o tempo para atender os alunos.
Um exemplo claro dessse modelo, segundo professor Antonio, é verificado na
escola do povoado São João do Turi, a 3 quilômetros do povoado Sofia e a 1 quilômetro
do povoado Turi dos Costas onde cada povoado funcionada o multiseriado, ou seja:
uma sala de educação infantil, misturada com alunos de séries diversas – do 1º ao 5º
ano, e cada qual sem infraestrutura adequada de escola. Tudo se resolveria se a
Secretaria Municipal de Educação instituisse Escolas Polo que agregasse todas mais
distanciadas com poucos alunos. Para isto, é necessário um sistema de transporte
(nucleação) permanente na localidade (povoado) onde situa esssas escola Polos para o
transporte dos referidos alunos. Neste ponto de solução surge um grande problema:
Acessibilidade, cujo problema dar-se no período do inverno, onde as estradas tornam-
se intrafegáveis, sob risco de perda do ano letivo dos alunos do campo. Acredita-se que
a saída seria o município fortalecer e dar prioridade em cuidar da infraestrutura
(empiçarramento) das vicinais que interligam os povoados com orçamento e projetos
preistos em caráter de permanência.
O fato é que muitos males assombram as escolas multisseriadas: falta de
infraestrutura, sobrecarga do professor, falta de material didático-pedagógico
(adequado), professores leigos (no assunto das multisséries e suas metodologias), e
muitas vezes, falta de Formação Continuada para a operacionalização pedagógica do
processo.
Em nível de Brasil, nas classes multisseriadas encontram-se cerca de 60% dos
estudantes do campo. Segundo o Censo Escolar 2009, existem 96,6 mil turmas do
Ensino Fundamental nessa situação em todo país.
O Nordeste representa o maior contingente de escolas multisseriadas, com
58%, seguido pela região Norte, com 24% região Sudeste, com 11%, região Sul, com
5% e região Centro-Oeste, com 2%, confirmando que essa organização escolar
continua sendo uma realidade em todas as regiões do país e deve ser contemplada com
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49 políticas educacionais que realmente incluam e neguem a educação de qualidade
social aos sujeitos do campo.
O Estado do Maranhão, é o segundo com maior número de classes
multisseriadas, num total de 11.038, perdendo apenas para a Bahia, com 14.298 classes. (Fonte: MEC/INEP/Deed – Censo Escolar, 2012.)
O município de Bom Jardim, dentro desse universo não é diferente, pois o
mesmo, com um total de 103 escolas, das quais 09 encontram-se na zona urbana, e 94
delas localizam-se na zona rural. Das quais em 88 dessas escolas funcionam sob esta
modalidade. O município possui um total de 10.595 alunos, dos quais, 4.121, que
correspondem a 38,9% estão matriculados em multisséries. Há um consensoentre os
coordenadores de que, ao se trabalhar/aprimorar as multisséries, consequentemente irá
resultar na melhoria do IDEB da Rede Municipal. No entanto, apesar de existir um
Programa do Governo Federal Voltado para atender a esta demanda, o Município até
2015 não encontrava-se aderido, e funcionava sem parâmetro, ou no estilo “normal”
das classes seriadas.
Relatos da primeira pedagoga municipal que acompanhou de 1973 até
os dias atuais o processo educativo em Bom Jardim (Irene Matos)
“Em 1973, ano em que iniciou o segundo mandato de prefeito em Bom Jardim
como eleito Adroaldo Alves Matos havia na sede e no interior poucas escolas municipais
e duas estaduais (Escola da Sudene e Bandeirante). Naquela época a carência de professores formados em magistério era total. O prefeito tinha que buscar estes
profissionais em São Luís, os quais teriam que trabalhar dia e noite. Durante o dia no
primário a noite dando aulas nas séries do ginásio, todos com apenas o 3º ano do curso Magistério e alguns com o 4º ano adicional. Os mesmo sem nenhuma especialidade
teriam, que ministrar aulas de matemática, Português, História , Geografia e os demais
componentes curriculares do curso. Os alunos não tinham livros, as aulas eram ditadas
para os educandos copiarem; a metodologia eram tradicional as avaliações mensais, a reprovação era bem acentuada assim como as desistências. O tempo foi passando,
novas eleições vieram, novos prefeitos eleitos e a educação continuava do mesmo jeito.
Prefeitos só se preocupavam em construir escolas sem equipamentos necessários, os professores saindo do e entrando a cada prefeito eleito por causa da política. Saíam os
de experiência e entravam sem experiência, prejudicando assim a aprendizagem do
alunado. O que mudou nos últimos anos foi a construção de novas escolas, o número de alunos cresceu também. Os professores passaram a receber treinamentos com novas
metodologias. O material didático começou a aparecer nas escolas como lápis,
borrachas, cadernos, papel e livros enviados pelo MEC a todos os alunos da rede pública.
Treinamentos e cursos para formar professores como leigos cuja maioria era absoluta: treinamentos de PCN (Parâmetros Curriculares Nacionais) que capacitam para as novas
mudanças educacionais. Todas estas mudanças e melhorias se fundamentam na
criação do FUNDEF, a partir de 1996, onde o governo federal, priorizando a educação, liberava mais recursos para o setor.
Novos colégios foram construídos em Bom Jardim como o 2º grau municipal que
oferecia dois cursos: Magistério e Técnico em Contabilidades que ajudou muito as
famílias de pouca renda que não podiam tirar seus filhos como concludentes da 8ª série para estudarem fora do município. O município hoje conta com muitos professores
formados a nível superior que a principio só contava com uma pedagoga habilitada em
administração Escolar, professora Irene Alves Matos Souza que administrava o Ginásio Bandeirante, o atual colégio Estadual C.E.E.F. Médio José Sarney.
Um avanço também no município foi a Educação de Jovem e Adultos implantada
em 1986 pela professora Irene que era secretária de educação na época. Atualmente o avanço é ainda maior, devido a implantação do PROEB pela tão conceituada
Universidade Federal (UFMA) aqui em Bom Jardim com a finalidade de formar a nível
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50 superior os professores que trabalham na educação; também foi implantada as
telesalas, existindo um número de salas, sendo 10 na sede e 3 no interior, Além do
programa de cunho do governo Federal, como: Alfabetização Solidária e o Programa Vamos ler, que visam erradicar o analfabetismo do município.
Até então (2004), os professores trabalhavam sob a orientação da pedagoga
Irene e alguns supervisores. Processo esse, que deu continuidade no governo seguinte.
HISTÓRICO DO COLÉGIO BANDEIRANTE
O ginásio Bandeirante foi fundado em 1971 com o primário nos turnos matutinos
e vespertinos. O ginásio no noturno. Tendo como primeira diretora Sônia, e professoras: Olga, Conceição e Irací. Depois vieram Irene Matos, Maria Lurdes, Jobenilde; secretário:
Professor Eufrásio.
A partir de 1977, (no mandato de Adroaldo), foi realizado sua inauguração. Passou a funcionar como: Unidade Integrada Gov. José Sarney. Em 2002, o ensino
médio, antes mantido pelo município foi integrado a rede estadual de Ensino
Fundamental e Médio Governador José Sarney.
Fonte: Direção Escolar / 2004 (Profº Firmino Viveiros dos Santos)
10.1 SITUAÇÃO POLÍTICO-EDUCACIONAL DOS ANOS 60 / 80 (E 2015) EM BOM JARDIM
Os professores municipais eram admitidos através de portarias e nomeações assinadas pelo prefeito.
Para que um professor fosse nomeado era necessário ser apresentado através de
políticos ou representantes de povoados. O candidato era submetido a uma prova
escrita de Português em nível de 3ª série do 1º grau, na qual eram consideradas a ortografia do professor, uma prova de matemática com as 4 operações fundamentais e
outra de conhecimentos gerais. 50% das questões eram sobre a cultura do município.
Este teste só era aplicado para professores leigos da zona rural. Passando por uma entrevista para observar o desembaraço do candidato. Ao assumir o professor, o
professor não assinava nenhum termo de compromisso, chegando até às vezes a
Colégio Estadual Bandeirante
-Funciona Ensino Médio e
Fundamental mantido pelo
Estado.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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51 arrepender-se sem iniciar os trabalhos tendo em vista os salários não compensarem.
O salário pago aos professores era de acordo com o nível de instrução de cada classe
estabelecida pelo Executivo municipal que compreendia: - Classe A: professores com instrução de 2ª a 4ª série do 1º grau completo;
- Classe B: com instrução de 1º grau completo;
-Classe C: professores com magistério. Eram descontados dos seus salários 8,5%
para o INSS. Em consonância com a situação de pobreza e carência no município, o professor
tinha que usar apenas sua força de vontade, o quadro de giz e a espoja para a
transmissão de suas aulas sem contar com o apoio de material de didático. Os professores viviam uma realidade cruciante: sem assistência pedagógica e sem livros
para consultas para subsidiar seus conhecimentos, sem nenhuma reciclagem oferecida
pela secretaria de educação, enfim, sem material didático básico para a preparação de suas aulas.
O município, além das fontes de Recursos Federais oriundos do FUNDEB possui também
Programas complementares advindos do FNDE como suporte as demandas educacionais:
PDDE – Programa Dinheiro Direto na Escola (Recurso a ser gasto pelos
Gestores, Conselhos e Associação de Pais e Mestres das Escolas da Rede Municipal (Com conta específica de cada escola).
Mais Educação – ou Educação em Tempo Integral que funciona em contra-turno
dos horários nas escolas.
PAR – Plano de Ações Articuladas - é um instrumento de planejamento da educação por um
período de quatro anos. É um plano estratégico de caráter plurianual e multidimensional que
possibilita a conversão dos esforços e das ações do Ministério da Educação, das Secretarias
de Estado e Municípios, num SISTEMA NACIONAL DE EDUCAÇÃO. A elaboração do
PAR é requisito necessário para o recebimento de assistência técnica e financeira do
MEC/FNDE, de acordo com a Resolução/CD/FNDE nº 14 de 08 de junho de 2012.
Relação das Escolas Municipais de Bom Jardim - MA. Ano 2013
Escola Localidade N.º de Alunos
1 03 de Setembro Antonio Conselheiro 182
2 Adelaide Matos Pedra de Areia 15
3 Adroaldo Alves Matos Sede 355
4 Alexandre Costa Pov. Canaã 36
5 Almirante Barroso Pov. Altº da Sofia 09
6 Antº Carlos Bekman Tirirical 142
7 Antº. Palhano Silva Pov. Igarapé do Jardim 09
8 Antonio M. Gomes Pov. Igarapé Grande 10
9 Belarmino da Mata Faz. Espora de Aço PARALISADA
10 Boa Vista Pov Rio dos Bois PARALISADA
11 Boa Esperança Turi dos Costa 12
12 Bom Jesus Vl. Novo Jardim 83
13 Caminho do Saber Vl. São Francisco 11
14 Castelo Branco Cabeceira Brejão 33
15 Castro Alves Cassimiro 144
16 Cecília Meireles C. do Aristide (Bidulas) 47
17 Cleuma S. de Matos Centro do Alfredo 11
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52 18 Conceição Raposo Pov. Varig II 14
19 Coração de Jesus Pov. Chapada 35
20 Creche Adroaldo Sede 522
21 Danilo Furtado Córrego Genipapo PARALIZADA
22 Dep. Vieira da Silva Rapadura Velha 21
23 Deus é por nós Ass. B. Esperança (42) 59
24 Deus é Tudo Rio da Onça II 14
25 Dom Pedro I Barraca Lavada 42
26 Dom Pedro II Rapadurinha 73
27 Dom Valmir Palmeira Comprada 16
28 Dr. Antonio Dino Pov. Oscar 115
29
Dr. Antonio Muniz Alves Sede 257
30 Dr. Benedito A. Carvalho Vila Pimenta 188
31 Dr. J. Cláudio Moreira Igarapé dos Índios 152
32 Dr. Mário H. Simonsen Pov. Novo Caru 168
33 Dr. Nunes Freire Turizinho de Augusto 57
34 Duque de Caxias Igarapé das Trairás 82
35 Edson Lobão Brejo da Iuma
36 Ester de F. Ferraz Pov. Sapucaia 54
37 Eurico Gaspar Dutra Pov. Novo Caru 100
38 Francisca G de Brito Neves Santa Luz 223
39 Francisca Machado VI. Novo Jardim 23
40 Fé em Deus Lagoa da Sambra 14
41 Fernando de Noronha Zé Boeiro 48
42 Ferreira Gulart Vila Maranhão PARALISADA
43 Frei Antonio Sinibalde Sede 593
44 Frei Damião Pov. Galego 48
45 Frei H. de Coimbra Escada do Caru 50
46 Futuro da Vida Brejão Sunil 12
47 Getulio Vargas Três olhos D’água 98
48 Gonçalves Dias Rio Azul 83
49 Infância do Amor Varig Sapucaia 14
50 João Alberto Brejo dos Índios 14
51 José Procópio Pov.Tres Poderes 38
52 João Paulo II Vl. Bom Jesus 108
53 José Bonifácio São Pedro do Caru 97
54 Josué Montelo Centro Zaqueu 17
55 Juscelino Kubschek Córrego do Açaí 23
56 Lago verde Pov. Mutum III 20
57 Leal Cruz Comunidade R. Verde 12
58 Leonel Brisola Vl. Bandeirante 18
59 Luis Rego C. do Nascimento 82
60 Machado de Assis Vl. Bandeirante 93
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
53 61 Malrinete Gralhada Pov. Tirirical 117
62 Manoel da Conceição Boa E. Água Preta 18
63 Manoel Lidio A. de Matos Portal Amazônia PARALISADA
64 Maria Socorro O. Oliveira Rio dos Bois 11
65 Mário Guiddi Vila Abreu 115
66 Marly André Barragem de Mutum 12
67 Mauzol Miguel de Sousa Pov. Altos Santos 14
68 Men de Sa Pov. Rosário 69
69 Monteiro Lobato Varig Água Preta 18
70 Nagib Haickel Pov. Km. 18 168
71 Ney Braga Sede 1094
72 Nossa Sª. Aparecida Vl. Cristalândia 169
73 Nossa Sª. de Fátima Jatobá Ferrado 16
74 Nossa Sª. dos Anjos Pov. João Bastião 19
75 Rosilda Martins Oliveira Sede 251
76 Novo Horizonte Pov. Bairro Cocal 24
77 Osvaldo Cruz Stº Ant. Arvoredo 96
78 Osvaldo de Andrade Pov. Três Irmãos PARALISADA
79 Otavio Z. de Oliveira Vl. Varig 45
80 Padre José de Anchieta Vl. Bandeirante 66
81 Padre Newton I. Pereira Fazenda Amazônia 12
82 Pedro Costa Sousa Índios dos Machados 08
83 Pedro Neiva de Santana Igarapé dos Índios 39
84 Primavera Faz São Jorge - Mutum I 16
85 Princesa Isabel Pov. Boa Vista 27
86 Profª. Dinare Feitosa Sede 825
87 Raimundo B. Duarte Neves São João do Turi 113
88 Raimundo Meireles Pinto Sede 193
89 Raimundo Nonato Pinheiro Novo Carú 147
90 Raimundo Rosa Pov. 17 de Outubro 05
91 Rosa Castro Brejo Social 70
92 Roseana Sarney Vl. Jacutinga 56
93 Rui Barbosa Pov. Água Branca 15
94 Ruth Cardoso Pov. Gurvia 114
95 Santa Clara Pov. Rosário 162
96 Santa Maria Rio da Onça II 42
97 Santa Maria Bela Vista 136
98 Santa Rita de Cássia Vl. Aeroporto 86
99 Santa Tereza Asset. Rio Ubim 67
100 Santo Antonio Pov 60 33
101 Santo Antonio Pov. Alto Flecha 75
102 São Benedito Barro do Galego 78
103 São Francisco de Assis Vl. Pausada 82
104 São José Três Poderes (Brejinho) 23
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
54 105 São José Porto Seguro 32
106 São Miguel Pov. Barrote 55
107 São Pedro I Pov. Vl. Varig 404
108 São Raimundo Barraca Comprida 21
109 Tomé de Souza Pov. Poliana PARALISADA
110 Terra Livre Ass. Terra Livre 105
111 Vereador Antº F. Primo Sede 198
112 Vila Nova Ass. Vila Nova 39
113 Zeferino G. Pereira Nova Olinda 41
114 Zeferino G. Pereira Zé Boeiro 38
115 Pedreira Vital Vila União 21
116 Reino da Alegria Brejinho da Água Limpa 15
TOTAL GERAL DE ALUNOS
Ano 2013
10.327 ALUNOS
REGIÃO CARÚ 3.656 ALUNOS
REGIÃO MIRIL 2.412 ALUNOS
REGIÃO CARÚ E MIRIL 6.068 alunos
ZONA URBANA 4.259 alunos
Fonte: SEMED, 2013
10.2 GRÁFICOS SITUACIONAIS DA EDUCAÇÃO DE BOM JARDIM
Evolução da matricula inicial do ensino fundamental da rede municipal – 1997-2013
Área
Rural
ano 1ª 2ª 3ª 4ª 1ª a
4ª
6ª 7ª 8ªa 5ª a
8ª
1ª a
8ª
1997 3776 903 551 397 5229 45 31 23 169 5398
1998 4501 966 569 385 6421 46 18 13 198 6619
1999 5033 1401 768 477 7679 73 36 21 307 7986
2000 3745 1466 893 582 6686 132 66 26 645 7331
2001 3478 1435 1087 737 6737 270 100 53 930 7667
1997 708 426 234 168 1536 0 0 0 0 1536
1998 863 439 191 137 1630 0 0 0 70 1700
1999 830 579 264 175 1848 31 0 0 112 1960
2000 769 649 373 265 2056 179 76 54 521 2577
2001 636 521 494 281 1932 49 35 0 182 2114
Urbana
1997 4086 1329 785 565 6765 45 31 23 169 6934
1998 5364 1405 760 522 8051 46 18 13 268 8319
1999 5863 1980 1032 652 9557 104 36 21 419 9946
2000 4514 2115 1266 847 8742 311 142 80 1166 9908
2001 4114 1956 1581 1018 8667 319 135 53 1112 9781
Urbana
E Rural
2012 1ª a 4ª série: 4.675 5ª a 8ªsérie: 3.151
Fonte: Semed, 2007-2013
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
55 REDE MUNICIPAL - DISTRIBUIÇÃO DE MATRÍCULAS
Modalidade Urbano Rural Total
Creche 194 0 194
Pré-escola 578 1.047 1625
Ensino Fundamental inicial(1ª a 4ª) 1.966 5.132 7.098
Ensino Fundamental (anos finais: 5ª a 8ª) 993 1.525 2.516
Fonte: INEP, 2007.
Evolução: Matrículas / 2004 ANO Nº
Professores
Pré-
escolas
Ens.
Fund. 1ª / 4ª
s.
Ens.
Fund. 5ª / 8ª
EJA
1ª / 4ª
EJA
5ª / 8ª
2004 124 418 8.387 1.388 376 714
Total geral de alunos: 11.283 (incluído pré-escolares)
2006 Nº alunos 1ª a 8ª série 9.616 alunos (só 1ª a 8ª série)
Fonte: secretária de Educação /Out. / 2004
EVOLUÇÃO DA TAXA DE APROVAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE
MUNICIPAL – 1997 – 2002 (%) ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4 5ª/8
ª TOTAL
1997 47,4% 68,2 74,4 85,9 74,2 72,4 90,9 85,2 59,1 78,4 59,6
1998 58,8% 64,5 73,1 66,7 56,8 83,7 75, 80 61,8 64,4 61,9
1999 65,8% 69,% 77,3 78,2 71,7 86,1 65,6 71,4 68,5 74,9 68,8
2000 70,1% 74,% 78,1 80,5 77,3 71,2 70,5 79,5 73,2 75 73,4
EVOLUÇÃO DA TAXA DE REPROVAÇÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL
DA REDE MUNICIPAL 1997 / 2000 (%) ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4ª 5ªA8ª TOTAL
1997 31,7 10,8 6,6 4,1 Nd Nd Nd Nd 21,2 Nd. 20,6
1998 212 17,7 13,1 10,7 16,6 8,2 8,3 20% 19,0 14,7 18,9
1999 21,1 17,8 9,8 11,4 14,2 2,8 3,1 Nd. 18,5 9,6 18,9
2000 18,0 17,4 13,0 11,2 12,7 21,7 18,7 15,4% 16,6 16,1 16,5
2006
Taxa de reprovação de 1ª a 8ª série: 7,4%
EVOLUÇÃO DO ABANDONO NO ENSINO FUNDAMENTAL DA REDE
MUNICIPAL 1997 – 2000 Ano
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1ªA4ª 5ªA8ª TOTAL %
1997 20,9 21,0 19,0 10,1 25,8 27,6 9,1 - 19,7 21,6 19,8
1998 20,0 17,8 13,8 22,5 26,6 8,2 16,7 0- 19,2 20,9 19,2
1999 13,1 13,1 13,0 10,5 14,2 11,1 31,3 28,6 12,9 15,4 13,0
2000 11,9 8,6 8,0 8,4 10,0 7,1 10,8 5,1 10,2 9,0 10,1
2006 De 1ª a 8ª série 20,65%
No gráfico abaixo se observa que, além da evolução das matrículas, existe também um elevadíssimo número de evasão no município, sendo apenas um retalho do que é a
realidade Maranhão afora. Lembrando que a taxa de transferência oscila entre 2 a 3%.
EVOLUÇÃO DA TAXA DE EVASÃO ESCOLAR EM BOM JARDIM
ANO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª
1997 4.086.
1998 1.405
1999 1.032
2000 847
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
56 2001 605
2002 402
2003 379
2004 219
2005 214 FONTE: PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO DE BOM JARDIM/ SECRETARIA DE EDUCAÇÃO /2004
De acordo com o gráfico acima, apenas 5,5% dos alunos da rede municipal chegam a terminar o ensino fundamental, enquanto a média Nacional é de 42,9%. Isto significa
exclusão social. Pois as pessoas sem estudo ou com baixo nível de escolaridade, em
sua maioria, vivem de bico e subemprego, tal fato contribui para manter a situação de injustiça e controle social em que vivem muitos estados e municípios. Onde se abstraem
premissas de que, analfabetismo e pobreza são as maiores armas políticas).
O estudante rural de Bom Jardim é enormemente afetado nesse processo de exclusão
social frente ao “silêncio” ou omissão dos gestores (Executivos e Legislativos). Pois na Zona Rural, onde se localiza 64,83% da população municipal (que corresponde a
25.428 habitantes), apenas 170 alunos encontram-se matriculados cursando o Ensino
Médio. Um contraste com a Zona Urbana, onde se localiza 35,17% da população (que corresponde a 13.795 habitantes), com 1.399 alunos matriculados. Se o ensino Médio
é uma responsabilidade do Estado, não significa que os gestores municipais devam
“cruzar os braços” – porque seus filhos estudam em escolas particulares e têm de tudo e futuro garantido na sombra daqueles “desassistidos”. *Fonte: Dados auferidos na escola Bandeirantes, 12/2009. (Profº Firmino)
TAXA DE DISTORÇÃO IDADE SÉRIE (%) 1997/ BOM JARDIM ANO ESTADUAL MUNICIPAL
1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª TO 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 1997 - - - - - - - - - - - - - - - - - 1998 28
6 41,3
51,4
62, 6
79,5
73 75,6
73,4
64,8
83,4
94,0
90,1
90,4
85,3
85,7
93,3
100
1999 12, 1
41,7
49,5
44,1
75, 7
72,9
83,2
73,3
62,5
69 90,5
94,9
92,0
94,6
86,5
83,3
95,2
200 20, 4
37,3
25 42,0
62,9
68,9
68,6
77,3
51 68,4
86,5
91,3
94,3
95,6
95,8
90,1
93,8
2001 32, 8
42,4
31,5
52 70,4
71,5
76,4
69,9
64,5
66,5
80,6
88,4
90,5
92,4
92,2
92,9
86,8
2005 Média de 1ª a 8ª série (índice fornecido por Rivelino/Secretário de Educação, 2007)
31,72
Tabela 6: DESEMPENHO NA EDUCAÇÃO – 2012
Aprovação reprovação e abandono
Escolas localização Ensino fundamental
Aprovação Reprovados Abandono ou evasão
Municipal Rural
Urbana
80% 9% 11%
Total de alunos: 11.153
Fonte: SEMED, 2013
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
57
Segundo o IBGE no ano de 2010, 7.541 pessoas nunca frequentaram as escolas, 15.040 frequentaram
antes do ano respectivo a pesquisa e hoje não frequentam mais, entretanto 16.468 pessoas frequentam
as escolas são do total de 16.468, divididos nas respectivas faixas etárias, conforme a Tabela abaixo:
QUADRO DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES CONTRATADOS
2015. Total: 191 FORMAÇÃO QUANTIDADE
ENSINO MÉDIO 57
MAGISTÉRIO 79
ENSINO SUPERIOR COMPLETO 18
ENSINO SUPERIOR EM
ANDAMENTO
23
ESPECIALIZAÇÃO 14
MESTRADO 0
Fonte: SEMED, 2015.
Ensino Médio – evolução de matrículas de 1985 / 2006
Ano Total de alunos Nº de professores
1985 125 -----
1986 174 -----
1988 176 -----
1997 317 12
1998 386 ------
1999 410 10
2000 633 25
2001 703 29
2004 934 31
2006 2009
2012
2013
1.352 1569 11.153
1.424
--------------------------
Fonte: Secret. Educ../ e Escola Bandeirantes. Profº Firmino./2009/2013
Vale lembrar que em na zona rural, onde se concentra 65% da população do município, que corresponde a 22.750 habitantes (em 2006) existe apenas 247 alunos cursando o
Ensino Médio. Isso significa abandono da juventude nas políticas públicas educacionais
e o passaporte para a exclusão social de muitos jovens que residem no município. Em
80%
9%
11% RESULTADO FINAL – 2012
Taxa deaprovação
Taxa dereprovação
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
58 resumo: Está sendo negada educação ao povo bonjardinense e enterrando a
cidadania de muitos cidadãos. E apesar de tudo, existe um legislativo.
AVALIAÇÃO DO ENEN – 2006
ENSINO MÉDIO, ESCOLAPÚBLICA
ESCOLA PÚBLICA
Nome da Escola
Brasil Maranhão Bom Jardim
Em Bom Jardim
CEEFM. – Gov. José
Sarney
42,622
36,8810
Escola Pública
Bom Jardim:
29,760
Em Santa Inês
Escolas da rede privada
52,842 46,829 Escola privada em
Santa Inês: 45,420
(Média de todas) Fonte: INEP, 11/2007.
Distribuição das Pessoas de 10 anos ou mais de Idade, por grupos de anos de Estudos
Ano: 2006 Total Homens
Mulheres
Total (1) 100,0 100,0 100,0
Sem instrução e menos de 1 ano 10,2 10,2 10,1
1 a 3 anos 13,5 14,5 12,6
4 a 7 anos 30,8 31,7 30,0
8 a 10 anos 16,5 1, 16,4
11 anos a mais 28,9 26,9 30,8
Fonte: INEP, 2007-11-17
Taxa de escolarização líquida:
Bom Jardim: 69,8% (2006)
Brasil: 91% (2002 – Ensino Fundamental)
Ensino Médio: 4,2% ( Bom Jardim)
Brasil: 25% (Ensino Médio)
O Brasil precisa cuidar mais em termos de políticas públicas do ensino médio. Os
indicadores mais alarmantes estão no campo. Neste grande contingente está a
população jovens do país – que consequentemente, sofrem e sofrerão a exclusão social
causada pelo baixo nível de escolaridade e não-qualificação profissional.
Ideb 2009 Maranhão Nordeste Brasil
3,9 3,8 4,6
Bom Jardim IDEB 2009
Ano 2005 2009
Municipal 3,0 3,5
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
59 Público 3,0 3,5
Inep 2010.
Fonte: IBGE, cidades, 2001
Fonte: IBGE, cidades, 2001
CONTEXTO HISTÓRICO DA EJAI (EDUCAÇÃO DE JOVENS, ADULTOS E
IDOSOS EM BOM JARDIM – MA
A Educação de Jovens, Adultos e Idosos (EJAI) em Bom Jardim foi implantada em 1993,
no 6º prefeito eleito, Dr. Carlos Celso Ribeiro. Em seu momento inicial funcionou apenas na sede
municipal – ou melhor, Zona Urbana – deixando a zona rural como sempre, nas condições de
excluídos e relegados. A primeira escola do município onde funcionou o EJA foi a Escola Frei
Antonio Sinibalde. No momento, o município apresentava um índice de analfabetismo alarmante,
cerca de 50%, e em 2000 esse índice caiu para 42%, segundo Nações Unidas. O índice de analfabetos
funcionais era outro indicador perverso e assustador, que dentro de um universo ou região Nordeste,
colocava o município num elevado índice de pobreza e desigualdade social. Tal realidade ou situação
comprimia, ou melhor, levava o grande número de jovens a abandonarem seus estudos, muitos destes,
por razões socioeconômicas.
85%
6%9%
MODALIDADE GERAL DA EDUCAÇÃO EM BOM JARDIM
Municipal Fundamental
Estadual Fundamental
Estadual Médio
56%35%
9%
PRÉ-ESCOLAS EM BOM JARDDIM
Municipal
Privada
Estadual
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
60 De acordo com relatos de professores da época e alunos evadidos, a falta de emprego e
renda foi um dos principais elementos que contribuiu para a evasão, e outra causa é a busca de
trabalho em outras localidades para garantir o sustento da família. Para VIEIRA (2005), esses
problemas devem ser vistos como efeito da má distribuição de renda e a falta de acesso à escola na
idade própria.
Frente a esse grande contingentes de alunos evadidos daqui e outros que chegavam de outros
lugares com situações semelhantes, a gestão que sucedeu aquela que implantou (no ano de 1997 a
2004 – Gestor Manoel Gralhada) abriu largas portas ampliando as demandas educacionais nessa
modalidade a esse contingente de desassistidos, entregues a revelia do governo anterior, e algo
semelhante em muitos outros municípios, onde não se via na educação um instrumento de fazer
política pública para fins de desenvolvimento e inclusão social.
Além de funcionar na Escola Frei Antonio Sinibalde, funcionou também na EMEB.
Fernanda Sarney (Hoje Dinare Feitosa), no Ney Braga e escola Nova Brasília (hoje conhecida
Rosilda Martins de Oliveira).
Em levantamentos realizados verificou-se que de 2002 a 2010, muitas escolas da
Modalidade EJA na zona urbana e rural foram fechadas por mero descaso e “desvalor” a
esse segmento de excluídos na visão de gestores que não viam na educação um dos eixos
centrais para a promoção humana, inclusão social e desenvolvimento local. Em 2011, o
município contava com um total de 1080 alunos do EJA matriculados na Rede Municipal.
No ano de 2013 caiu para 707 alunos. No entanto, no ano de 2014, devido campanhas ou
Mutirão de Matrículas promovidos pela Secretária de Educação Nazaré, esse número de
alunos matriculados subiu para 1.534 alunos.
A maioria das escolas, especificamente da Zona Rural não possui o PPP (Projeto
Político Pedagógico). Percebe-se então, que a gestão da direção de muitas escolas da
Zona Rural em relação à qualidade, bem como sua preocupação é mais discurso, enquanto
que na prática a educação se arrasta. E sua não-abrangência a zona rural reduz a
perspectiva de futuro às famílias de seus jovens – condenados a um ciclo de pobreza, o
que ultimamente está promovendo uma grande migração do campo para a sede municipal,
ou outras cidades.
Evolução do Número de Matrículas no EJAI 2011-2014
Etapas Ano 2011 Ano2013 Ano 2014
EJA 1080 707 1534
Fonte: Secretaria Municipal de Educação/SEMED – 2014.
Não sendo diferente do que acontece nas outras regiões brasileiras, a modalidade
EJA/EJAI apresenta um alto índice de abandono, conforme mostra a tabela abaixo.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
61 Taxa de Rendimento Rede Municipal. EJAI -
Fase/Nível Taxa Aprovação Taxa de Reprovação Taxa Abandono
3º ANO
Fundamen
tal
200
7
Urban
a
Rur
al
Tot
al
Urba
na
Rur
al
Tot
al
Urba
na
Rur
al
Ger
al
34,7 61,
2
58,
1%
3,3% 3,6
%
3,6 6,2 35,
2
38,
3 Fonte: Secretaria Municipal da Escola. 2015.
Em 2014, segundo MEC/INEP, o município apresenta um total de 1.543 alunos
matriculados distribuídos num total de 40 escolas e 77 professores. Três destas funcionam
na zona urbana e as demais na zona rural. Do total de alunos matriculados, 35% são da
zona urbana e 65% da zona rural.
Podemos constatar o descaso no investimento econômico e social, pois o problema
tem maior gravidade dando menos oportunidade educacional, apesar de discursos oficiais
das políticas educacionais procurando-se incluir a população jovem e adultos excluídos da
escola ou dela expulsa precocemente.
10.6 POSSÍVEL EXPLICAÇÃO PARA O FRACASSO ESCOLAR
A explicação para o fracasso escolar relacionado à evasão e reprovação tem suas origens no interior da sociedade e da própria escola.
No interior da sociedade – Observa-se a desestruturação do trabalho familiar e a violenta expulsão do homem do campo, por parte de posseiros e fazendeiros.
De outro, o seu acentuado deslocamento em direção à periferia dos centros urbanos.
Consumando-se deste modo, um crescente processo de exclusão social ocasionada pela
expropriação de suas terras por parte daqueles que vão adquirindo com o poder econômico, e destes que vão embora por fala de apoio em políticas públicas e condições
econômicas de permanecerem na terra. Indo somar-se àqueles que vão “inchar” os
centros urbanos nas cidades, com igual situação e despreparados para o mercado formal de trabalho (que requer mão de obra qualificada). No centro urbano é o problema
socioeconômico ou questão do desemprego. Confirmando com a referida explicação
veja o que diz o JMTV, (13 / 7 / 2004): “A falta de renda é a principal causa do abandono precoce nos estudos”. É o que também afirma o Ipea (2009): “Entre crianças com renda
mais elevada, a taxa de frequência é de 93,6% e as de renda mais pobre é de 75,2%”.
A maior causa de evasão escolar em muitas instituições são: os baixos salários,
o desemprego, a desmotivação dos pais e baixa autoestima dos alunos que acham
que a escola não resolve o problema do desemprego. A gravidez precoce também é um dos motivos que causam a evasão escolar. Cita-se também, que a baixa qualidade
do ensino é um incentivo para a evasão.
Por parte da escola - Percebe-se que a ausência de uma pré-escola abrangente na
rede municipal é um dos fatores que permite perpetuação de altos índices de evasão e
reprovação nas séries iniciais do ensino fundamental e seguintes, onde se observa que a maioria do alunado abandona a escola logo no ensino fundamental. Deste modo, os
alunos sem pré-escola entram “cegos” na 1ª série do ensino fundamental. Essa
“deficiência” vai acompanhá-los ao longo de toda sua vida escolar, gerando
reprovações, desistência, distorção idade-série, enfim, o futuro aluno do EJA ou aqueles que jamais voltam para a escola. A grande maioria da população estudantil, entretanto,
acaba desistindo da escola. Desestimulada em razão das altas taxas de repetência e
pressionada por fatores socioeconômicos que obrigam boa parte dos alunos ao trabalho
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
62 precoce. Deste modo, o fracasso escolar reforça e exclusão social. Onde as maiores
vítimas são as crianças das camadas populares. Sendo, portanto, poucos os que chagam
ao ensino médio. Como no caso do município de Bom Jardim, onde se ver no gráfico da página 109, em que apenas 5,5% dos alunos terminam o ensino fundamental e
ingressam no Ensino Médio. Grande parte da evasão está associada à repetência. Em
Bom Jardim existe 126 escolas do ensino fundamental e apenas duas do ensino Médio.
Percebe-se a inexistência de uma política educacional que prenda o homem do campo no campo, em condições que este lá se desenvolva e se fixe. Sendo que 64,8%
da população do município está localizada na zona rural,
percebe-se nos indicadores, que os filhos do analfabetismo têm garantia de acesso, e, no entanto, não têm de sucesso. Problemas estes, ligados também à estrutura social
(ou socioeconômico e político), com a ausência de política de cunho municipal para a
questão em sucessivo governo. A LDB 9394/96, define que “A Educação infantil é de responsabilidade dos municípios”. Porém o que se percebe em muitos municípios é um
total descaso para essa primeira fase da educação, que será alicerce para a construção
do futuro de ensino fundamental, médio e posteriores formações. Com a criação do
FUNDEB (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica), o financiamentodo ensino público no país, aumentou de R$ 700,00 para R$ 1.200.00; ampliando atendimento à
demanda a crechese ensino médio. Apesar do FUNDEB prever a criação de conselhos
nos três âmbitos da Federação compostos por governos, trabalhadores, pais e estudantes, com a responsabilidade de fiscalizar a aplicação dos recursos do FUNDEB
e o censo escolar estadual ou local, cabe, no entanto a sociedade civil organizada agir
para defender o que é de todos. (Já que as casas legislativas de muitos municípios assim não o fazem, descaracterizando sua função). Se o dinheiro não for repassado, a
autoridade poderá ser denunciada por crime de responsabilidade. (Diário de Natal, copyright
2006).
A solução, segundo Professor Hamilton Werneck (2002, p.30), é... Enquanto o ensino fundamental resolve os seus problemas, as prefeituras devem aumentar os
pré-escolares e creches, que, por sua vez, melhoram as crianças para um futuro
fundamental, o que fará, certamente, que elas tenham êxito nas escolas. E, a capacitação de professores que trará melhoras em todos os sentidos. Acrescentando-
se, é claro, a continuidade nos cursos de formação a nível superior e melhor
remuneração para conservar um quadro docente decente para a qualidade. Sendo também imprescindível no combate à evasão, a adequação da escola à comunidade;
Principalmente em municípios como Bom Jardim, onde 65% da população é rural.
Quando no período de safras, muitos alunos saem para trabalhar, e em muitas aulas
perdidas... Acabam desistindo. A educação dessa camada da população representa uma forma de inclusão social. Caso contrário, o município estará negando a possibilidade
de uma vida digna e dias melhores para a referida classe. E nesta, um grande número
de pessoas que foram e são vítimas do fracasso escolar, que compõe a modalidade EJA, além de outros que nem retornam à escola.
As propostas para uma educação de qualidade e inclusiva é vista nos PCNs
(2001, p. 13), que impõe a necessidade de investimentos em diferentes frentes, como a formação inicial e continuada de professores, uma política de salários dignos, um
plano de carreira, a qualidade do livro didático, de recursos e de multimídia, a
disponibilidade de materiais didáticos.
Um problema que afeta o futuro da juventude, produzindo exclusão social reside
no fato de não existir cursos de qualificação técnico-profissional em Bom
Jardim. Ensino médio não é formação, é nível de escolaridade. Existem apenas cursos que formam para a educação. E as demais áreas sociais? Nem todos
querem ser professor.
Um provérbio muito conhecido de todos: “Não dê peixe ao homem, ensine-o a
pescar...”. Ensinar o povo a pescar na pescaria da vida e do mercado de trabalho
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
63 – é prepará-lo, é educá-lo, e qualificá-lo para essa jornada da exigência da vida e do mercado de trabalho. Um fato nada louvável acontece nos municípios maranhenses em relação seu
quadro profissional na educação que vão se formando - Os municípios estão perdendo
seu quadro docente decente de nível superior para outros Estados e Municípios. As razões são diversas e entre elas:
Questão salarial (é um dos maiores motivos);
A política partidária, que boicota a cidadania e a liberdade de opção, que gera pressão por parte daqueles que não sabem diferenciar política partidária de
política pública - onde a promessa eleitoreira de emprego faz demitir bons
profissionais em nome do “acordo” fechado pelo voto.
A saída, como já acontece em muitos municípios por pressão da justiça e não vontade
deliberada de gestores, é a realização de concursos públicos.
10.7 ANALFABETISMO VERSUS PROGRAMAS DE ERRADICAÇÃO EM BOM JARDIM
O analfabetismo em Bom Jardim
Segundo o IBGE de 2000 e o Plano Decenal de Educação de Bom Jardim, temos uma população de 34.474 habitantes. Nesta, a população acima de 10 anos de idade é
de 25.2226 habitantes. Nesta população acima de 10 anos o município apresenta uma
taxa de analfabetismo de 42,5%. O Maranhão: 28,3%. Sendo a média nacional 13,3%. No censo de 2010, segundo o IBGE, este índice caiu para 31,84%.
Consequências do Analfabetismo
O analfabetismo é uma porta entreaberta para a pobreza.” (Roza, 2005, p. 8).
“Os problemas causados pelo analfabetismo são as principais razões do ciclo permanente de
pobreza e subdesenvolvimento em que muitos países se encontram”.(Correio Brasiliense,
7/9/1989).
“O analfabetismo inibe o progresso e a produtividade, impede o avanço cultural e espiritual, e
ajuda a manter a dependência crônica de sociedades inteiras”.(Correio Brasiliense, 7/9/1989)
“O trabalhador maranhense é um dos mais despreparado do Brasil. Somente 2% conseguem
terminar faculdade. A falta de renda é a principal causa do abandono precoce nos estudos.
”JMTV,(13/7/2004).
Programas de alfabetização implantados no município em 2003
Alfabetização solidária Total de professores: 37 EM 2001 TOTAL
ANO Z.urb. Z. Rural
2001 174 304 478
2002 598 598
2003 470
Brasil Alfabetizado
2014
Fonte: Secretaria de Educação Municipal: 2/2003 *Dados da evasão – não fornecidos na Gerêcia de Desenvolvimento Humano.
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Adilson Motta
64 Alfabetização Solidária: Apresenta um baixo índice de evasão.
O programa é mantido por:
- Bancos Privados e nacional
-Empresas nacionais,
- Caixa Econômica Federal, - Universidades,
-Empresas Multinacionais,
Empresas de avião, Indústrias,
Empresas de Televisão (Globo, SBT)
Editoras e revistas. PROGRAMAS VAMOS LER / OU AVANÇA BRASIL
ATUAL: BRASIL ALFABETIZADO
Apresenta um altíssimo índice de evasão escolar, acima de 50%. Causas:
Problemas de vista (em sua maioria) e sócio econômico. Ambos os programas estão vinculados ao município, que banca toda
infraestrutura.
A meta do Plano Decenal de Educação municipal é que seja erradicado o analfabetismo do município até 2010. Cabendo, portanto, ao executivo cumprir tal meta
ou ao legislativo fazer com que se cumpra.
Analisa-se, portanto, que combater o analfabetismo, sem eliminar as causas
geradoras, fará com que o circulo se perpetue. Vergonhosamente um professor alfabetizador em 2009 ganha R$ 250,00.
10.8 A UNIVERSIDADE EM BOM JARDIM E CONSIDERAÇÕES AO
PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO
Antes da chegada da Universidade em Bom Jardim através da UFMA com o
programa PROEB, não existiam professores formados a nível superior em toda rede
municipal de ensino. Existia apenas uma pedagoga assumindo o comando administrativo – pedagógico no município: Irene Alves Matos Souza.
As possibilidades e especulações de vir uma universidade para formar os
profissionais da educação do município eram remotas, que nem se cogitava. Porém, com a criação do FUNDEF em 1996, isto garantiu mais recursos na educação,
permitindo desta forma, em 2001, a firmação do contrato de nº 07.003.020 entre a
Prefeitura Municipal de Bom Jardim e a Universidade Federal do Maranhão no custo de
1.300.000,00 (um milhão e trezentos mil reais), visando instituir quatro Cursos de nível superior com licenciatura plena do Programa Especial de Formação de Professores
para a Educação Básica (PROEB), nas seguintes áreas: Letras, Historias, Matemáticas
e Pedagogia Magistério. Foram selecionados 157 candidatos distribuídos nos 4 respectivos cursos. Programa Superior para profissionais da educação.
Em dezembro de 2005, a administração Roque Portela através da UEMA
(Universidade Estadual do Maranhão) assinou um contrato trazendo o PQD (Programa de Qualificação Docente) com os cursos:Matemática, Biologia e Geografia num total de
128 alunos que estão em fase de qualificação.
Não se pode falarem qualidade de ensino sem incluir a qualificação profissional do docente. É essa a proposta do PROEB e cursos semelhantes como o PQD visam,
tendo como objetivo a melhoria da educação e a habilitação de professores a nível
superior para o ensino Publico de Bom Jardim. Em 2004, o município apresentava 485
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65 professores cobrindo toda rede Municipal de ensino. Destes, 30,5% estavam
cursando a universidade.
A meta do Plano Decenal de Educação de Bom Jardim estabelece que o Poder Executivo Municipal deve expandir o PROEB ou cursos Semelhantes e garantir que se
atinja até o final de 2010 a meta de ter 70% do quadro de professores com graduação
plena no mínimo em nível de Licenciatura.
No entanto, se não houver uma política de plano de cargos, carreira e salário que valorize os profissionais de nível superior (conforme o Estatuto do Magistério da lei nº
368/00 de 03/07/2000), a perspectiva é de que o município venha a perder esses
profissionais e tantos quantos se formem futuramente para outros municípios e estados em vista de melhores remunerações como já aconteceu após a vigência do curso
PROEB. Fazendo com que grande parte desse recurso investido venha se tornar em vão
(com a ida desse professores para fora), fazendo com que a educação do município retorne aos seus rudimentos no qual dantes estivera, sem perspectiva de se atingir a
meta do plano Decenal de Educação do município.
Merecendo a consideração e alerta ao que diz a LDB 9394/96, no artigo 87 do
parágrafo 4º que diz: “Até o fim da Década de Educação (2007), somente serão admitidos professores habilitados em nível superior ou formados por treinamentos em
serviços” - prorrogado.
Nome dos professores que trabalharam na elaboração do Plano Decenal de Educação de Bom Jardim:
Adilson Pires Mota Alaíde Gomes Silva
Antonia dos Santos Silva
Antonio de Brito
Cheila Gomes Lima Clodoaldo Matos da Silva
Deuzimar Vaz de Carvalho Silva
Eucélia da Silva Chagas Francisca da Conceição Miranda
Janaína Carvalho
Jocicléia Costa de Araújo Lóide Gomes da Silva dos Santos
Lucineide Costa Teixeira
Luzinete e Silva Vieira
Marconi Mendes Souza Maria Célia Oliveira Sampaio
Maria Cleude Memória Silva
Maria Marlene da Silva Costa Rosélia Chagas Silva Costa
Rosileude Brasil de Araújo
Tatiana Lima Sousa
Vilma Soraia Maranaldo
Houve também a participação das pedagogas Irene Alves Matos Souza e
Andréa Dutra Almeida Nascimento.
Apesar da participação de muitos professores em sua elaboração, o Plano, que
é de grande importância para a educação e desenvolvimento do município, foi votado em 2003 sem a participação da sociedade e dos professores numa total ausência de
POVO. Para muitos professores, o objetivo não era a EDUCAÇÃO, e sim assegurar
recursos do FUNDEF, que dependiam de sua elaboração e votação na Câmara de
Vereadores. A cada 2 anos o Plano Decenal de Educação deve ser revisado, analisado suas metas e cumprimentos para reajustamentos; isto aonde há compromisso com a
educação.
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66 CONSIDERAÇÃO AO PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO (2003 A 2013)
O primeiro Plano Nacional de Educação surgiu em 1962, elaborado na vigência da primeira Lei de diretrizes e Bases da Educação Nacional Lei nº 4.024 de 1961, dentro
de uma perspectiva de reforma à educação Nacional – sendo um conjunto de metas
quantitativas e qualitativas a serem alcançadas num prazo de 8 anos.
Em 2001, o presidente Fernando Henrique Cardoso na Lei nº 10.172, de 09/10/2001 aprova o plano Nacional de Educação com duração de 10 anos. Devendo
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, com base no Plano Nacional de Educação,
elaborar os planos decenais correspondentes.
OBJETIVOS E PRIORIDADES DO PLANO DECENAL DE EDUCAÇÃO
- A elevação global do nível de escolaridade da população;
- A redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e permanência, com sucesso, na educação pública e, democratização da gestão do ensino
público nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos
profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes.
O plano Decenal de educação de Bom Jardim que dá todas essas garantias foi
votado no ano de 2003 com abrangência até 2013. A elaboração do Plano contou com a participação do professor Ronaldo Martins Frasão, da UFMA, um grupo de professores
do município das pedagogas Irene Alves Matos Souza e Andréia Dutra que coordenaram
o seu desenvolvimento. O plano apresenta um total diagnóstico dos problemas
educacionais do Município e plano de metas a serem alcançados a curto, médio e longo prazo para a solução dos problemas identificados. Adequando-se às políticas públicas
voltadas para educacional do Município.
Segundo Plano Decenal de Educação de Bom Jardim –
Maranhão 2015 a 2025 Em junho de 2015, o Município de Bom Jardim através da equipe técnica
da SEMED e Sociedade Civil Organizada debatem a elaboração/aprovação do
segundo Plano Decenal de Educação, com vigência de 2015 a 2025, conforme
Lei Municipal nº 601/2015, de 24 de junho de 2015.
Fonte: www.bomjardimma. 06/2015
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67 11 Aspectos Culturais de Bom Jardim
“Desvalorizar a cultura (em especial a alta cultura – clássica e acadêmica) é a forma mais segura de extinguir a consciência critica, pois é ela que alimenta a reflexão questionadora
e a vontade de transformar o mundo.” (Rouanet)
Os aspectos culturais de Bom Jardim apresentam uma diversidade,
compondo-se de aspectos da cultura nacional e regional que pintam o dia-a-dia nas
datas festivas e comemorativas no município.
Entre os aspectos culturais encontram-se as manifestações Folclóricas
(Dança do coco, mangaba, quadrilha, bumba-meu-boi), e afins são representados
também o tradicional casamento na Roça nas festas Juninas (mês de junho) que
também é um marco na cultura local e regional. O município em sua bagagem
cultural apresenta também a Dança Indígena que é apresentada nos períodos
juninos, o Carnaval que é apresentado com Blocos e Foliões, o Festival do Peixe
também tornou-se parte da cultura Municipal. Como a pecuária é predominante na
economia bonjardinense, acontecem periodicamente Vaquejadas em períodos
indeterminados e locais variados – especialmente na Zona Rural. Traço Cultural
também presente na cultura bonjardinense é a presença da Capoeira, praticada por
muitos jovens no Município que encontra-se institucionalizada por meio de
associações representativas.
No campo religioso predomina o catolicismo, seguido de várias outras
igrejas protestantes (Assembleia de Deus, Adventista do 7º Dia e demais que se
espalham nos Bairros do Centro Urbano e Povoados na Zona Rural de Bom Jardim,
onde acontecem festejos religiosos – como A Festa de São Francisco de Assis (da
Igreja Católica) que é uma das de maior evento em Bom Jardim.
No campo das Religiões Afro encontram-se espalhadas pelo município
vários terreiros de umbanda e candomblé.
11.1 Manifestações Folclóricas
A palavra FOLCLORE é de origem inglesa sendo composta por
FOLK: Que quer dizer POVO e LORE: Que significa SABEDORIA.
O conjunto de lendas, contos, mitos, crendices, cantiga, histórias, danças, festas, conhecimentos etc, que fazem partes da vida e da sabedoria de um povo - conservados
pela tradição popular é chamado de folclore ou cultura popular. Quando estudamos o
folclore de um povo, conhecemos seu modo de pensar, agir e sentir. Dentro do folclore
está contemplando a literatura oral, mãe e origem da literatura letrada.
11.2 DANÇAS: Do Coco, Mangaba, Quadrilha, Bumba-meu-boi A dança do coco tem sua origem no canto de trabalhadores nos babaçuais do
interior do Maranhão. É uma dança de roda constituindo-se num convite para a “quebra
de coco”, com acompanhamento de pandeiros, ganzás, cuícas e das palmas dos que
formam a roda. A coreografia não apresenta complexidade. Como adereços, os componentes da
dança carregam pequenos cofos e machadinhas, imitando os instrumentos de trabalhos
nos babaçuais. Afirma o senhor Jaime Arão, de Bom Jardim, que aprendeu a dança na cidade de
Coroatá, e se apaixonou. Quando chegou em Bom Jardim em 1963, anos depois foi o
primeiro a desenvolver a dança no município em estudo.
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68 Apesar de haver afirmação de que tenha origem nos babaçuais maranhenses,
afirma-se que aqui tenha chegado na bagagem dos escravos africanos e que ela seja o
produto da raça negra com o nativo (da região). Apesar de mais freqüente no litoral, há quem defenda que o “Coco” tenha surgido
no interior de alagoas, provavelmente no Quilombo dos Palmares, onde se misturava
escravos índios com africanos no inicio da vida social brasileira (época colonial). A dança
do coco continua sendo a expressão de desabafo da alma popular, da gente mais sofrida do Nordeste brasileiro. Muitos estilos da dança do coco caíram em desuso, por causa
das influências culturais urbanas e, a repressão das autoridades. Há um grau de
erotismo embutido nas danças, mas ainda são praticados nas festas juninas. O Coco é um folguedo do ciclo junino, que é dançado também em outras épocas do ano.
Indumentárias
Homens: Calça listrada, xadrez, ou branca, de boca estreita, camisa de meia,
sandálias, chapéu de palha. Mulheres: Vestidos de palhas de estampa alegre, mangas fofas, saias bastante
rodada, com babados. Nos pés usam tamancos de madeiras que ajudam a sonorizar o
ato da pisada no chão.
Instrumentos
O Coco é uma dança do povo e os principais instrumentos são as próprias mãos.
As cantigas são acompanhadas pelo bater de palmas com as mãos encovadas, imitando
o ruído de quebrar da casca de um coco, daí o nome da dança, na falta de um instrumento musical.
Celebrada por muitos artistas em letras de músicas como: Gal Costa, Gilberto
Gil, Alceu Valença e Xuxa.
DANÇA DA MANGABA
Na dança da mangaba, fazem uma parceira com duas duplas, damas e
cavalheiros ao som do tambor, os pares vão se deslocando e trocando de damas, meio
passo com meia volta para a direita, quando entrega a dama para o cavalheiro que vem atrás de si e seguido outro com uma meia volta para o lado esquerdo, recebendo a
dama do cavalheiro à sua frente.
Maria Gomes Ferreira (Maria Lavina), nascida em 30/10/1932, natural do Maranhão, em uma entrevista realizada, a mesma afirma que chegou a Bom Jardim em
20/108/ 1961.
Primeira pessoa a trazer a dança da mangaba a esta cidade no ano de 1973, por
um pequeno grupo de alunos orientados pela mesma, a qual foi uma das primeiras professoras do MOBRAL.
Dona Lavina mudou-se para Santa Inês em 23/06/1978, onde continua prestando
trabalhos comunitários.
Dança da Mangaba, 2012
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69 FESTAS JUNINAS
O ciclo das festas juninas gira em torno das principais datas abaixo:
13 de junho, festa de Santo Antonio;
24 de junho, São João; 29 de junho, São Pedro.
Durante esse período todas as cidades brasileiras ficam tomadas por festas. De norte a sul do Brasil comemora-se os santos juninos, com fogueiras e comidas típicas.
É interessante notar que não apenas o dia, propriamente dito, mas todo mês, é
considerado como tempo consagrado a estes santos na região e, principalmente, às
vésperas, que é quando se realizam os sortilégios e simpatias, a parte mágica da festa típica do catolicismo popular, quando se realizam os sortilégios e simpatias, a parte
mágica da festa típica do catolicismo popular.
Inúmeras adivinhações a respeito dos amores e do futuro a respeito dos amores e do futuro(com quem vai se casar, se é amado ou amada, quantos filhos se vai ter, se
vai morrer jovem ou ganhar dinheiro etc), são festas nas vésperas do dia santos, em
geral de madrugada.
O “São João” (modo pelo qual se referem os nordestinos ao ciclo de festas do mês de junho) transforma as cidades e o espírito das pessoas, que parecem sentir uma
irresistível atração e afinidade pela festa. A festa adquire importância na vida social
nordestina que não apenas é fonte de preocupação durante todo ano, como ainda move interesses políticos e econômicos que poucas vezes se imagina.
QUADRILHA
Desenvolvida na cidade de Bom Jardim, como em outras cidades maranhenses,
sendo tipicamente realizada em todos os municípios do Vale do Pindaré e municípios brasileiros.
Essa contradança foi desenvolvida em Bom Jardim, segundo Rosa Dacir (Rosa
Vitor), que afirma ter participado na época da primeira quadrilha em 1962, tendo como responsável Dona Marina, esposa do Senhor Expedito que não se encontram mais na
cidade. Com o passar dos anos, surgiram várias outras quadrilhas como: Coração
Cigano, Certo ou Errado, Flor do Sertão, Luar do Sertão, Nova Geração, etc.. A quadrilha é uma dança francesa que surgiu no final do século XVIII e tem suas
raízes nas antigas contradanças inglesas. Ela foi traduzida ao Brasil no inicio do século
XIX, passando a ser dançada nos salões da corte e da aristocracia.
Com o passar do tempo, a quadrilha passou a integrar o repertório de cantores e compositores brasileiros e tornou-se uma dança de caráter popular.
Sendo típica das festas juninas, a quadrilha é considerada uma herança do
folclore francês acrescido de manifestações típicas da cultura portuguesa. Ela é inspirada na contradança francesa e sua origem, no Brasil, está na chegada da corte
real Portuguesa, no começo do século passado. Com D. João VI, que fugia do avanço
das tropas de Napoleão Bonaparte, além de artistas franceses, como Debret e Rugendas, vieram também modismos da vida européia, dos quais um dos favoritos era
a quadrilha, dirigida por mestres franceses da contradança. Muitas das ordens desta
dança transformaram-se “anarriê” (enarriére, que significas “para trás”) ou “anava”
(em avant, que significa”em frente”), “changedidame” (changer de damé, ou seja, “troca de dama”), “chemadidame” (chemin de dame, caminho de damas) ou “otrefua”
autre fois”),”outa vez”. A quadrilha foi a grande dança dos palácios do século XIX e
abria os bailes das cortes em qualquer país europeu ou americano, tendo se popularizado, reinterpretada pelo povo, que lhe acrescentou novas figuras e comandos
constituindo o baile em sua longa e exclusiva execução, composta de cinco partes ou
mais, com movimentos vivos e que terminava sempre por um galope.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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70 É tradicional nas festas juninas de muitos municípios brasileiros a apresentação
da peça “O casamento na roça”; uma peça burlesca e cômica, onde revela toda uma
linguagem típica do homem do campo, sua cultura, valores e crenças. Segue abaixo a composição dos personagens da peça:
Boi De Orquestra de Arari Dança Indígena de Pio XII
Boi de Matraca de Monção Dança do Carimbó
Dança Indígena Festa Junina – Escola Dinare
Feitosa, 2013
Grande parte dessas atrações são importadas de outras cidades da região, como
mostram as legendas acima.
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11.3 Casamento na roça
Personagens da peça
Autoridades: (6 personagens)
- Prefeito: Alexandrino Xexéu de Sá
- Primeira Dama: Felomena Fifi de Sá - Juiz: Dr. Bacuri Pitanga da Fonseca
- Delegado: Dr. Figo Fino Pixaxado de Oliveira Pinto
- Escrivão: Bergamo Quirino de Alcimar Sacre Silva - Padre: Nicrolando Frieira das Buchechas Maciadas
Pessoal do Casamento: (12 personagens)
- Noivo:Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição
- Noiva: Esmingarda da Mata do Ramo Rôxo
- Pai da noiva: Simpiliço da Simpilicidade Símpilis Roxo - Mãe da noiva: Cricri Prepeta do Ramo Roxo
- Pai do noivo: Martin Aboba Seca
- Mãe do noivo: Quelementina Liodora Seca - Padrinho da noiva: Escândio Chumbo da Prata
- Madrinha da noiva: Antonia Pereréca Grande da Prata
- Padrinho do noivo: Zé Pipoca da Pitanga Verde - Madrinha do noivo: Juca verde Pimenta Pereira
- 1ºassistente: Saturnino Tremendo Home
- 2º assistente: Lobata do Maxixe Pôde
Casamento na Roça – Início da peça
Juiz: Pessoal que estão me ouvindo, estão aqui para se casar o Sr. Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição e a Senhorita dona Esmingarda da Mata do Ramo
Rôxo. Se tiver por aí alguém que saiba d´algum empedimento pode dizer agora,
enquanto é tempo. Tô esperando, pode falar!
Noiva: Mais num tem impidimento não seu juiz, nós semo mesmo é livre e
disimpidido; num é mêrmo Belxior? (x:ch =som)
Noivo: É pois é Esmingarda, oia o tamanho dessa pregunta do dotô.
Saturnino: (Fala para o pai da noiva): Seu Simpilíço, se eu fosse vós mim cê, num
deixava esse cabra casar cum sua fia não, ele num tem nem um pedaço de roça, ele
é um vagabundo, eu inté sube que´le é casado e dexô a muié dele no Quixadá cum 10 fios pra criá. Agora sim eu dava certo pra casar cum sua fia, eu tenho criação
de porco, bode, jabuti, e inté um parmo de roça já prantada de fumo.
Noivo: Num to dizendo mermo! Era só o que me fartava, tu diz isso é pruquetu quer
se casar cum ela, mais ela num te quer, se tu tem tudo isso que tu dixe é pruque tu
roubou, eu não tenho nada mais num sô ladrão.
Pai da noiva: (Diz para o noivo): Oia home o que tu tá fazendo, bota logo a carga abaixo, diz se tu tem mermo arguma coisa, minha fia nunca passô fome, ela come
de manhã, meio dia, de tarde e de noite. O bucho dela sempre tá cheio.
Noivo: Num se procupe seu Simpiliço qui sá fia vai cumê muito piqui com farinha
todo dia e num vai passar má.
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72 Juiz: Vamos deixar de cachorreira e vamos jogar esse casamento para mais
longe, porque o que o Senhor Saturnino disse é grave e não posso fazer o
casamento, visto que o homem é casado.
Noiva: Num é casado não seu dotô, eu já dixe, o Belxior nunca mintiu e cumavera de mintir agora?
Mãe do noivo: Coitado do meu fio, cuma é que se alevanta um farso dessa moda,
meu fio é sorteiro.
Pai do noivo: Meu fio num é casado não seu dotô, posso lhe agaranti: Taí o padrinho dele o meu cumpade Zé Pipoca da Pitanga Verde qui diga apois ele cunhece meu fio
desde minino, criança, bem pequeno...
Zé Pipoca: É verdade o que meu cumpade Martim dixe, sô inté capaz de jurar cum
a mão na briba cuma meu afiado num é casado.
Pai da noiva: (Fala zangado, puxando da cintura um facão): - Eu quero é saber
mermo se êxe cabra é casado, pruque se for eu quero logo dá um insino nele e é
pra já!!! (puxa pelo facão e risca no chão).
Noiva: - Num é casado não papai, arrenego dexe tal de Saturnino qui só vei meter
gosto ruim no casamento do zôto. Parece mais um bode do que gente!
Mãe da noiva: Se acarme mia fia qui você vai casar. (E diz para o marido): -
Simpiliço, dexa de afobação, apois tu num sabe que ele é direito e a famia dele
também?
Pai da noiva: Num sei disso não Cricri Prepeta! Eu já tô é aguniado.
Madrinha: Apois é cumpade Simpiliço, tenha carma. (Fala para a noiva). Num
chore não mia afiada. Tudo vai dá certo.
Noiva: Eu só tenho raiva é da tal de Lobata, pruque ela foi quem inventou qui o Belxior era casado, pruque ela era doida purele. Pragas de seiscentos diachos!
Lobata: Praga não, miserável! Eu nunca fiz conta dexe cara de bode, me arrespeite qui é mió, sua engraçadinha.
Noiva: Tu é doida mermo pelo Belxior, mais nem vai vê nem o apito da lancha, quem vai casar cum ele é eu.
Juiz: (Fala zangado):- Vamos acabar com essa zueira, senão não vai ter casamento
nem nada.
Escrivão: Eu já tô quase doido! Tô cum medo é de briga, num posso nem ficar de
pé e nem inscrever, tô todo tremeno.
Pai da noiva; Eu já tou zuado, agora quem vai fazer êxe casamento é eu, cuma é
seu juízo, casa ou num casa os noivo?
Juiz: Eu também tô zuado com tanta zueira, casa sim Senhor Simpiliço. Vamos seu
escrivão, dê cá o livro. (pausa).
Juiz: (Pergunta):- Senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, quer receber
a senhorita Esmingarda da Mata do Ramo Roxo como sua legitíma mulher?
Noivo: Quero Nhô sim, se não queresse num tava aqui, isperano tanto tempo
puressa progunta.
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73
Juiz: (2ª pergunta): - A senhorita dona Esmengarda do Ramo Rôxo , quer receber
o senhor Belxior Pira Lima da Imaculada Conceição, coma seu ligítimo homem?
Noiva: Isso num é nem pregunta qui si faça! Tô doida de vontade qui o dotô mi
preguntasse a pregunta. Quero sim, é tudo qui eu mais quero.
Juiz: - Então, como disseram que querem, eu declaro casados, como marido e
mullher em meu nome. A noiva de hoje em diante passa a se assinar com o nome
de Esmingarda da Mata do Ramo Roxo da Imaculada Conceição.
Juiz: (Diz para o escrivão):- Escrivão, o casamento no civil acabou, lavre o termo
perante a lei!
Padre: - Pessoal que tão presente, vocês escutaram o juiz fazer as perguntas e os
noivos, maridos e mulher. E abençoo: Em nome do prato, do frito, do assado e
amem-se. Agora as pessoas já podem jogar arroz nos noivos que é para eles serem felizes. Viva São João e viva São Pedro meu povo, viva!
Obs.: Na apresentação de peças, no final é recomendado jogar arroz e soltar foguetes logo em seguida. *Texto fornecido pela 1ª secretária de Educação de Bom Jardim: Mirene Antonia dos Anjos.
11.4 O BUMBA-MEU-BOI EM BOM JARDIM A cultura bonjardinense mantém viva suas tradições e manifestações como
bumba-meu-boi, que hoje constitui um aspecto fundamental na realidade local.
O primeiro Bumba meu boi de Bom Jardim, foi desenvolvido pelo senhor Edson
de Araújo de Oliveira, nascido em 10/05/1938, na cidade de Bacabal, o mesmo veio morar em Bom Jardim em 1960, e em 1963, juntamente com o seu irmão Raimundo
Justino A. Oliveira confeccionaram o primeiro boi que se chamava “Pena verde”, o
mesmo foi criado em junho e morto em outubro. Em junho de 1964, levantou o boi “Rei das ondas”, e em outubro, o matou.
Em 1965, levantou o boi “Barra azul” e o matou. Levantou o boi “Mimoso”. Em
1999, levantou o boi Mimo de São João. Em 2001, levantou o boi “Mimo de São José”.
O senhor Edson passou 07 anos brincando por promessa. Seus principais
instrumentos são: tambores, matracas, roncador do boi etc. Seus componentes são
voluntários, convidados pelo mesmo. Afirma Edson, que seu boi está desativado por falta de recursos.
Apesar das dificuldades, o bumba-meu-boi é visto e apreciado por aqueles que
participam dessas manifestações: cujos membros convivem como uma verdadeira irmandade, onde vários contribuem para que esta manifestação seja bem sucedida.
Bom Jardim os festejos ocorrem no mês de junho no período das festas juninas, a
maioria dos brincantes têm como devoção esses dias como pagamento de votos; essas
promessas dedicadas aos santos da devoção. Sabe-se que, atualmente, em Bom Jardim existe uma Associação Cultural e
Folclórica Bumba-meu-boi, tendo como presidente Manoel Messias, com sede provisória
sem fins lucrativos. Em vista dessa realidade, o senhor Moisés, Messias e Antonio Góis, simpatizantes do bumba-meu-boi, conseguiram formar essa associação, isto, com apoio
de outras pessoas. No bumba-meu-boi do município em estudo, os representantes
costumam, portanto, manter uma dose de conservação e de inovação, sendo ao mesmo tempo, igual e diferente a cada ano. Nesse sentido, veja entrevista com Moisés (02/03
2005).
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“O nosso boi misterioso apresenta-se em alguns terrenos, alguns pessoas as vezes se
deslocam dos seus lugares mais próximo para brincar e outros para assistir a boiada. Os brincantes conservam o tradicional, e alguns apresentam inovações nos trajes e
cantigas”.
Devidos a falta de recursos e investimento cultural, o bumba-meu-meu em Bom Jardim não apresenta grandes estéticas, deixando muito a desejar, levando às vezes
brincantes a desistirem, insatisfação no grupo e reclamação de várias pessoas que
desconhecendo o fato, tacham de “feio”, “fraco”, etc.
“A manifestação do bumba-meu-boi para muitas pessoas até hoje se “arrasta”. Nosso
boi, por exemplo, muitos chamam de“boi da cachaça”, e é visto como coisa de pobre e bêbado. Além disso, ouve-se falar das reclamações de várias pessoas que
desvalorizam o nosso grupo”. (Moisés, 02/03/2005).
Desse modo, dentro da manifestação do bumba-meu-boi bonjardinense pode-se perceber através dos depoimentos dos brincantes que na maioria das vezes
essas manifestações não têm incentivos financeiros, sendo que os gostos para a
realização das brincadeiras ficam por conta dos participantes, o que acaba acarretando em um desestímulo a essas manifestações. Esses fatores como a falta
de incentivo financeiro e a falta de apoio da comunidade na maioria dos casos são
visto como uma forma de desapreço, levando, portanto, uma baixa na valorização da referida cultura (Bumba-meu-boi) no município. Onde vale lembrar que cada
povo tem sua cultura, de um povo é o que define sua identidade cultural no contexto
e sua existência, no mundo civilizado. O fato acima citado significa
“estrangulamento” de um dos elementos de nossa identidade. Ou concorre para sua morte.
Mesmo com todos fatores desestruturais, o bumba-meu-boi em Bom Jardim
é uma manifestação cultural, que resiste e, comumente é representado por alguns
grupos de brincantes.
“O nosso boi Milagre de são João está com 30 anos de realização; muito bonito,
mas não tem ajuda financeira, apoio de nenhuma associação. Os gasto e manutenção é. Por nossa conta; somos 20 brincantes, o nosso ritual costuma ser
em homenagem a São João e antes de brincarmos nós rezamos e saímos com os
santos de devoção pelos terreiros, não temos lugar fixo para nossa diversão, mas nossa turma, mesmo assim, é muito animada, brincamos até amanhecer o dia.
Sabemos que tem pessoas que não gostam das manifestações. Tendo hora para
começar mas não temos hora para terminar”. (Pedro Maciel, Bom Jardim 07/01/2005)
O município de Bom Jardim apresenta todo um contexto favorável para se ter
um genuíno folclore de bumba-meu-boi; os dois principais elementos que caracterizam esse folclore é o boi e o índio. E isso o município apresenta bastante.
Onde temos duas reservas indígenas e a pecuária (boi) como o elemento número
Bumba-meu-boi com a dança indígena
exportado de outros municípios para
divertir o povo de Bom Jardim.
E a cultura local de Bom Jardim?
Fotos retiradas de Internet
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75 um na economia municipal. No entanto o bumba-meu-boi que vem divertir a
população é geralmente de fora, até mesmo de municípios que não apresentam tão
favorável contexto quanto o bonjardinense. Um dos bumbas-meu-boi mais famoso do Brasil conhecido nacionalmente e
televisionado é o Boi-Bumbá de Parintins, Amazonas. Sendo realizado numa disputa
entre os dois grupos de boi-bumbá. Sendo eles: O caprichoso (boi preto) e o
Garantido (boi branco) – os quais disputam o titulo do Festival Folclórico de Parintins, nome oficial da festa. O boi de Parintins foi exposto do Maranhão; o qual,
adequando-se ao contexto daquela região, representa as lendas e os mitos da
Amazônia.
Foto retirada de Internet, Parintins, 2006.
Rivalidade amazônica
Em Parintins, quem não é caprichoso é Garantido. Os integrantes de um bumba nunca pronunciam o nome do outro (tratado apenas como “contrário”). Durante
a apresentação de um grupo, a torcida adversária fica em silêncio absoluto, sob pena
de perder pontos na competição. Esse é o colorido Festival Folclórico de Parintins, na
ilha amazônica de Tupinambarana.
11.5 O AUTO DO BUMBA-MEU-BOI
A festa surgiu com o ciclo econômico do gado e sofreu influência indígena,
portuguesa e negra. A brincadeira é aberta a todos, homens e mulheres, idosos e
crianças, e conta a história de pai Francisco e Catarina, sua mulher, que moravam em uma fazenda onde ele era vaqueiro e escravo.
Grávida, Catarina desejou comer língua do boi de estimação do rico
fazendeiro e pede a seu marido que satisfaça sua vontade. Mesmo contrariado, Pai
Francisco atende ao pedido da mulher para que o filho não nascesse com problemas de saúde.
Quando iniciou a matança, ele foi descoberto. O casal fugiu com o animal,
mas, sendo aquele o boi predileto do patrão, iniciou-se uma busca. Depois de várias tentativas, os índios acharam os fugitivos e o boi morto. Por esta razão, Pai
Francisco é condenado à morte e só é salvo porque um padre e um pajé ressuscitam
o boi de seu amo (estes personagens podem ser uma feiticeira, uma mãe-de-santo, ou qualquer outro que tenha o domínio da magia).
Antes disso, Pai Francisco apanhou muito e foi obrigado a ajudar no trabalho
de ressurreição. O animal, então ressuscitou com grande urro e o casal foi perdoado.
Surgiu uma festa com comidas, cantorias, danças à noite toda. Os instrumentos específicos da festa são matraca, zabumba e orquestra. Além desses
existe o sotaque de Pindaré, também conhecido como pandeirões. Esta festa,
encenada pelo povo maranhense, é também chamada de matança do boi branco, o negro e o índio presente no inicio da formação do Brasil.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
76 Para MARQUES, essa ideia de valorização do boi, remete a uma mitologia
em torno desse animal, suscitando um ciclo de rituais – vida, morte e ressurreição
do boi. O boi como um animal indomável, que ninguém consegue amansar, mas que
acaba sendo vencido e morto pelo mais valente dos vaqueiros. É assim que para o
brasileiro rústico, o boi torna-se a encanação dos princípios alimentares, da
resistência e da fertilidade, passando a significar tudo o que é necessário à vida.(MARQUES, 1999.P 72)
Na verdade, “[... ] em termos maranhenses, o bumba-meu-boi é quase uma oração [...] (AZEVEDO,1983.P66), pois, a brincadeira é realizada na intenção de
homenagear São João através da organização do boi e do cumprimento de
promessas feitas a esse santo. A morte e ressurreição deste animal revela-se numa sátira, onde o negro e o
índio lutam contra a opressão do branco.
Simbolizando a historia de luta do povo brasileiro, ressaltada na análise das
personagens que revelam os traços dos três agentes étnicos e culturais presentes nas origens do brasileiro: o pai Francisco encarna o negro africano (dominado), o
fazendeiro, dono do boi, representa o branco português (elemento, dominante), e
o indígena, protagonizado nos índios que perseguem Chico. De acordo com CARVALHO (apud Barbosa, 2005),nesse confronto de classes, o elemento ameríndio
perde sua identidade ao devolver o bem perdido (o boi) ao proprietário.
A homenagem do acontecimento pela vida do boi é manifestada através de músicas e danças, que se tornam fatores de alegria e descontração na festa do Boi.
A recuperação do boi
Histórico e interpretação do auto do Bumba-meu-boi O bumba-meu-boi tem suas origens no período colonial brasileiro, ligado no
assunto, estes admitem a origem do bumba-meu-boi no período colonial brasileiro,
ligado ao processo do ciclo do gado.
[...]: O bumba-meu-boi é originado do ciclo econômico do gado no
Brasil, tendo realmente este folguedo a tríplice miscigenação, com
a influência das raças responsáveis pela nossa colonização: o negro, o índio, e o branco. Os indígenas, como sabemos
alimentam-se da caça e da pesca, por conseguinte não possuíam
animais domésticos,. Supomos que a realização da colonização brasileira foi iniciada com a expedição de Martim Afonso de Sousa,
tendo sido, pois, com eles, a vinda dos primeiros animais
domésticos. Começa a criação de gado nos idos de 1934, com a iniciativa da esposa de Martim Afonso de Sousa, Ana Pimentel,
trazendo as primeiras cabeças de gado para a capitania de seu
marido (REIS, Apud Barbosa, 2005).
E dessa forma que o boi, ao longo do seu trajeto pelo interior do Brasil,
disseminou e povoou gerações, narrando sua história e marcando sua importância,
nutrindo populações, ajudando no trabalho duro da lavoura, e através do seu ciclo reprodutivo servindo de renda familiar. “[...] Mas também aparece como um
elemento ativo e sempre presente passando a ser percebido pelos negros e índios,
seus companheiros de trabalho, como símbolo de força, violência e resistências, assim como de equilíbrio, calmas e solidez. (MARQUES, 1999.P 72). Foi a partir
deste processo simbólico de valorização do boi, que se originou a brincadeira do
Bumba-meu-boi, pois se admitiu no seu processo de formação e desenvolvimento,
a contribuição secreta dos três elementos étnicos e culturais: e a salvação da vida do Pai Francisco, é uma represália a tirania dos fazendeiros e senhores dono de
engenhos na época colonial.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
77 Procede-se que muitos aspectos do folclore bonjardinense estão se
reduzindo e sendo pouco praticados. Precisa-se resgatar o nosso folclore, e avivá-
lo antes que desapareça. A escola deve ser transformada num instrumento de conservação da cultura, conjugada a um centro cultural que congregue e mantenha
viva essas tradições que são nossa essência, alma e identidade do povo
bonjardinense.
Ficou percebido nas pesquisas que o grupo cultural do bumba-meu-boi segue sua marcha, resistindo apesar do desamparo e descaso cultural.
Festas: Festival do peixe, Carnaval, Festejo de S. Francisco
de Assis, Festa do divino.
FESTIVAL DO PEIXE
Salomão da silva Pereira, nascido em 10/07/1950, foi o primeiro a realizar esse evento em Santa Luz – no município de Bom Jardim.
O festival surgiu de uma conversa entre amigos sobre algumas festas que já
tinham visto entre eles “FESTIVAL DO PEIXE”, daí surgiu então, a ideia de um 1º
festival do peixe. Esse evento teve início em julho de 1985, com duração de 12 horas, com
patrocínio de Dr. Muniz para pagar a banda musical “MOÇO BOSA”.
Salomão levou um saco de farinha, para ser servido com peixe, 10 mulheres para a distribuição da comida, e para a atração de todos, um campeonato com 12
times de futebol.
O festival do peixe virou cultura, e centro de lazer em Bom Jardim, e todos
os anos, um grande número de pessoas do município e outras localidades se divertem com três dias de festas realizadas sempre no último final de semana de
julho. O festival, além de desenvolver o turismo local, gera renda e economia para
os pequenos comerciantes.
Festival do Peixe, 2013
CARNAVAL DE BOM JARDIM
O carnaval de Bom Jardim se transformou bastante comparado com o que
era antes. Muitas características e tradições desapareceram. Nosso carnaval antes era brincando com máscaras e fofões, noutras fases, os homens se maquiavam e
saiam vestidos de mulher e saíam com tambores nas ruas. Hoje o carnaval
bonjardinense ganhou um toque de estética na relação com o carnaval moderno das grandes cidades, atraindo muitas pessoas de fora quando na disputa dos blocos
de rua.
Surgiram 3 blocos carnavalescos que disputavam o melhor carnaval de rua em Bom jardim (com estética e ornamentação). Sendo: Cobra Sem Veneno, Swing
da Cor e Tribus da Folia.
Em 2008, novos blocos carnavalescos surgiram, entre eles: Beber, cair,
levantar, Porca que fuça, Gato safado e outros blocos menores.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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78
Bloco carnavalesco Beber, Cair, Levantar. Bloco carnavalesco Tribus da Folia
ORIGREM DO CARNAVAL
O carnaval nasceu no Egito, passou pela Grécia e por Roma, desembarcando aqui no Brasil no século XVII, trazido pelos Portugueses.
Para alguns etimólogos. CARNAVAL se origina da palavra latina
carnelevamen, que significa “adeus carne”. Essa palavra pode também ser interpretada como que marcam os momentos prazerosos que antecedem o período
da quaresma, que é um período de abstinência.
O carnaval, segundo o antropólogo Roberto da Matta, autor de carnavais,
transforma pobres em faraóis, ricos em mascarados, homens em mulheres, recato em luxúria. É uma compensação da realidade.
Fonte : Revista Super Interessante, ano 9, nº 2, fev. 1995.
FESTA DE SÃO FRANCISCO DE ASSIS
A festa de São Francisco de Assis é de homenagem a Francisco de Assis, o
padroeiro da cidade, cujos festejos são realizados num período de duas semanas, e seu encerramento dia 04 de Outubro, dia consagrado São Francisco de Assis com
procissão, missa, ladainhas, leilões, barraca com comida típicas e festas dançante,
onde se faz presente todo o ano o Parque de Diversões São Francisco.
VAQUEJADAS EM BOM JARDIM
A agropecuária (agricultura e pecuária) bonjardinense, segundo o IBGE, corresponde a 77,4% da
economia Municipal.
A agricultura responde por 21% da economia e a pecuária (criação bovina), por
56,4%.
Evolução da Pecuária em Bom Jardim
Pecuária 1993 1994 1995 2000 2005 2006 2010 2013
Bovinos: nºde cabeças/ano
59.716
62.702
65.210
75.133
141.23
144.455
169.045
cabeças
155.432 cabeças
Fonte: IBGE/2014.
Observa-se uma evolução crescente na produção bovina do município. Sendo que nos primeiros dias
de sua história, eram insignificantes os indicadores nessa cultura.Atualmente, acima de 140.000
cabeças de gado, o município de Bom Jardim sempre desenvolveu as famosas VAQUEJADAS com
premiações aos ganhadores; e por outro lado, contribui para o turismo e lazer no município
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
79 favorecendo a venda de lanches, cervejas, rendas, etc. ... Veja abaixo DVDs gravados das últimas
vaquejadas realizadas em 2009.
1ª Grande Vaquejada no Parque J. Belém a 3 km da sede de Bom Jardim em 2009.
Org.: J. Belém.
1ª Grande Vaquejada realizada no povoado Galego, em Bom Jardim – MA, na Zona Rural.
1ª Grande Vaquejada realizada no Parque Nova Betel na área Urbana de Bom Jardim. Org.: Josa e
Riba
FESTA DO DIVINO ESPÍRITO SANTO
O culto ao Divino Espírito Santo, em suas diversas manifestações, é uma das
mais antigas e difundidas práticas do catolicismo popular brasileiro. Sua origem remonta às celebrações realizadas em Portugal a partir do século XIV, nas quais
a terceira pessoa da Santíssima Trindade era festejada com banquetes e
distribuição de esmolas aos pobres.
Ainda na Idade Média teria aparecido em Portugal um monge considerado como um santo. Depois de longos anos de retiro no deserto, foi-lhe revelada a vinda
próxima de uma nova era de relações entre os homens sobre a Terra: a época
do Espírito Santo. A humanidade teria já ultrapassado a época do Pai (o Antigo
Testamento) e, ao seu tempo, terminava o seu trânsito por sobre a época do Filho (o Novo Testamento). Estaria para chegar ao mundo a época final, a do
Espírito Santo, marcada pelo advento de uma implantação definitiva da paz, do
amor da bondade entre todos os homens do mundo. [...] O monge voltou às
cidades e procurou difundir a revelação recebida, tida imediatamente como revolucionária pelas autoridades eclesiásticas do seu tempo. Suas ideias
proféticas conquistaram inúmeros adeptos, logo perseguidos por uma igreja
oficial, ao mesmo tempo medieval e fechada. Segundo a versão, ‘ só em
Portugal foram queimadas mais de 400 pessoas por sua crença no Espírito
Santo’. Inúmeros adeptos de sua crença migraram para o Brasil, logo depois de sua colonização e, depois da conquista dos espaços mediterrâneos, ocuparam
prioritariamente, antes as terras de Minas Gerais e, depois, os espaços de Goiás
e, em menor escala, os de Mato Grosso” (Brandão, 1978:65/).
A festa do Divino Espírito Santo realiza-se no Domingo de
Pentecostes, festa móvel católica, que acontece sempre cinqüenta dias depois
da Páscoa, em comemoração à vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos de
Jesus Cristo. Desde um cafezinho até às esmolas propriamente ditas, tudo se pede
cantando e em nome do Divino Espírito Santo. As cantigas são significativas
do universo simbólico envolvido na festa do Divino:
“A bandeira aqui chegou um favor quer merecer:
uma xícara de café
para os foliões beber”
Enquanto a dona da casa oferece o café, a “Bandeira”, com seus menestréis
adornados de fitas, e chefiados pelos “alferes da bandeira”, canta, por
exemplo:
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
80 “O divino entra contente
nas casas mais pobrezinhas
toda esmola ele recebe
frangos, perus e galinhas” O Divino é muito rico
Tem brasões e tem riqueza,
Mas quer fazer sua festa
Com esmolas da pobreza”.
A festa do Divino Espírito Santo no Maranhão
Dentre os muitos festejos que fazem parte da cultura popular do Maranhão, a festa do Divino Espírito Santo se destaca como um dos mais importantes, por
sua ampla difusão e pelo impacto que tem sobre a população. Hoje, existem dezenas de festas do Divino espalhadas por todo o Estado, levando adiante uma
tradição viva e dinâmica, em que se destaca a beleza do repertório musical.
Toda a festa do Divino gira em torno de um grupo de crianças, chamado império
ou reinado. Essas crianças são vestidas com trajes de nobres e tratadas como
tais durante os dias da festa, com todas as regalias. O império se estrutura de
acordo com uma hierarquia no topo da qual estão o imperador e a imperatriz (ou rei e rainha), abaixo do qual ficam o mordomo-régio e a mordoma-régia,
que por sua vez estão acima do mordomo-mor e da mordoma-mor.
A cada ano, ao final da festa, imperador e imperatriz repassam seus cargos aos
mordomos que os ocuparão no ano seguinte, recomeçando o ciclo. A festa se
desenrola em um salão chamado tribuna, que representa um palácio real e é
especialmente decorado para este fim. A abertura e o fechamento desse espaço marcam o começo e o fim do ciclo da festa, durante o qual se desenrolam as
diversas etapas que, em conjunto, constituem um ritual extremamente
complexo, que pode durar até quinze dias: abertura da tribuna, buscamento e
levantamento do mastro, visita dos impérios, missa e cerimônia dos impérios, derrubamento do mastro, repasse das posses reais, fechamento da tribuna e
carimbó de caixeiras.
Entre os elementos mais importantes da festa do Divino estão as caixeiras,
senhoras devotas que cantam e tocam caixa acompanhando todas as etapas da
cerimônia. As caixeiras de São Luís são em geral mulheres negras, com mais de
cinqüenta anos, que moram em bairros periféricos da cidade. É sua responsabilidade não só conhecer perfeitamente todos os detalhes do ritual e do
repertório musical da festa, que é vasto e variado, mas também possuir o dom
do improviso para poder responder a qualquer situação imprevista. As caixeiras
do Divino são portadoras de uma rica tradição que se expressa nas cantigas que
pontuam cada uma das etapas da festa.
Uma das formas de representação do Espírito Santo é uma pomba branca
O culto ao Divino Espírito Santo no Maranhão provavelmente teve início com os colonos açorianos e seus descendentes, que desde o início do século XVIII
começaram a habitar a região. Em meados do século XIX, a tradição da festa do
Divino estava firmemente enraizada entre a população da cidade de Alcântara,
de onde teria se espalhado para o resto do Maranhão, tornando-se muito popular entre as diversas camadas da sociedade, especialmente as mais pobres. Essa
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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81 popularidade entre os setores mais humildes da população maranhense,
inclusive os escravos, talvez possa ser explicada pela ênfase não só na fartura,
mas também na fraternidade e na igualdade, que o culto ao Divino costuma
apresentar.
Festa do Divino – Popular em muitas cidades brasileiras
A Festa do Divino Espírito Santo foi trazida a Bom Jardim no ano de 1987,
por Maria Soares Silva, nascida em 10/12/1932, em uma entrevista, a mesma afirma que começou a festejar porque logo que chegou aqui encontrou na casa a
‘pomba’, em cima de uma mesa. Clodomiro Bezerra da Silva (falecido), seu filho,
achou que deveria festejar justamente pelo fato ocorrido.
A festa do Divino é móvel. Quarenta dias depois do Domingo da Ressurreição a quinta-feira de ascensão do Senhor (dia da hora), dez depois é Pentecostes, dia
do Divino Espírito Santo.
O Divino tem um significado muito importante que é Deus e tendo como símbolo a POMBA.
SUPERSTIÇÕES
Chamar pra vir embora de cemitério (almas acompanharão).
Se cair no cemitério (será a próxima vítima).
Passar por baixo de escada (azar). Pisar no rabo de gato (perde o casamento).
Gato preto em dia de sexta feira (azar).
ARTESENATO
No artesanato de Bom Jardim, encontramos um variado número de produtos:
balaios, artesanato de madeiras, crochês, lembranças, bordados pontos de cruz e
vagonite (em tolha de banho, de mesa, guardanapo, pano de geladeira e colcha de cama), tapete de linha, de tecido, pintura e tapete bordado. Esses trabalhos são
feitos por inúmeras pessoas, que sem recursos e apoio para ampliar mercado,
conduzem o artesanato no município. Sendo aproximadamente 70 pessoas que praticam essa atividade, distribuídas em todo município. Percebe-se a necessidade
de exposição ou EXPOEB para exportar e vencer a produção artesanal que se produz
no município.
O município tem possibilidades potenciais humanas que precisam de fomento e amparo de políticas públicas para que se desenvolva e exporte o que se produza
em artesanato.
12 LITERATURA BONJARDINENSE
CRÔNICAS DE BOM JARDIM
CONTOS BONJARDINENSE
POEMAS LENDA PADRE CORDEIRO “A EXCOMUNHÃO”
COLETÂNEA DE TEXTOS DO AUTOR
CALADAS E VELADAS VOZES NOVOS MUNDOS A REDESCOBRIR
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
82 O MANIFESTO I
O MANIFESTO II
SANGUESSUGAS E MORCEGOS: A DOMINAÇÃO
PARLENDAS
PROVÉRBIOS
CORDEL
CONSIDERAÇÕES À LITERATURA
Para trabalhar este capitulo relacionado à literatura bonjardinense foi realizada uma pesquisa de campo pelos alunos da turma de letras (PROEB/2003) sobre a
literatura oral da população de Bom Jardim, regatando nesse trabalho: Poemas,
parlendas, contos, acrescidos de 4 crônicas, uma lenda do município e um texto literário
(do autor deste), que entra como um manifesto ambiental contra a derrubada de palmeiras.
A literatura abre horizontes para novas formas de comunicar e interpretar o
mundo. A realidade é comunicada em símbolos. Contribuindo desta forma, para um melhor enriquecimento da língua.
Contemplada no folclore do município, a qual é vista como uma verdadeira fonte
para criar uma literatura local e contextual. A literatura, seja local, nacional ou a universal buscara no relatos de casos, experiências, crendice, fábulas e contos
populares. E o que se observa na trajetória da literatura universal de William
Shakeaspeare que muitas vezes baseava-se lendas e histórias contadas oralmente para
criar suas peças teatrais e Charles Perrault e irmãos Green, para escreverem seus contos infantis, que atravessaram séculos.
A literatura permite ao leitor problematizar o mundo, incita-o à reflexão, desafia-
o em sua sensibilidade enriquecendo a cada leitura, levando a um processo de apreensão da realidade.
O texto literário é carregado de sentidos. As palavras indicam ou sugerem outros
sentidos, além do seu sentido habitual. Transporta o leitor a conhecer novos mundos, aventuras, culturas, povos, pessoas, costumes e longínquas terras; enfim, transporta-
o a um mundo cheio de novas experiências que se escondem nas “letras”. Quem não
as detém, correrá o risco de fazer parte do anexim de Monteiro Lobato que diz:
“Quem não lê, mal ouve, mal fala, mal vê“
12.1 CRÔNICAS DE BOM JARDIM
O Matuto na capital – I
O Sr. Batista Feitosa - primeiro prefeito por intervenção - conta que no ano de
62 a 64, um grupo de pessoas foram a São Luís representar o povoado (Bom Jardim)
junto ao candidato a governo do Estado José Sarney, o qual prometera, caso se
elegesse, cumpriria a promessa de emancipar Bom Jardim aos políticos e comunidade. Ia com os políticos, um grupo de comerciantes representar o local.
Ao chegar na casa do Sr. candidato, já governador do estado, José Sarney,
ficaram na sala de espera, aguardando audiência. De repente, um dos empresários que representava Bom Jardim por nome M>M>, olhando um jornal, em cuja seção
apreciavam carros da Ford, o mesmo exclamou: “Êita pessoal! Vejam só, dez carros
bateram que emborcaram, e não amassou um! ...” Um dos companheiros ali próximo
que também olhava advertiu : Sr. M>M>, o jornal está pelo avesso! E os amigos ali presentes o lavaram em zombaria.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
83 O matuto na capital II
Conta o Sr. Batista Feitos que numa das viagens a São Luis para tratar de emancipação de Bom Jardim, levaram outros representantes. E aconteceu o seguinte
episódio:
- Estavam na sala de espera aguardando para falar com o governador já eleito,
José Sarney, para cobrar o compromisso firmado. Os bancos (assentos) estavam todos ocupados. “E um dos nossos representantes
sentou-se num largo banco que se encontrava desocupado. Instante depois uma
senhora apareceu, trouxe uma cadeira e ofereceu-a para nosso citado homem que estava no “banquinho” dizendo:” Moço, eu trouxe essa cadeira para o senhor, é mais
confortável”. E ele respondeu: “Não precisa senhora, aqui está bem confortável”. E os
amigos cochicharam em seus ouvidos: “Ela trouxe a cadeira, porque isso que você tá sentado é a mesa de centro”.
O matuto na capital III
Numa terceira viagem feita a São Luís, para falar com o Governo do estado, foi
um grupo de cinco homens, e com eles estava um amigo que era repórter de São Luís.
Estava também um empresário de Bom Jardim, por nome Z. F.. E já passando das doze horas do meio dia, e todo mundo brocado! Resolveram ir
para um hotel, numa esquina próxima, onde almoçaram. Depois do almoço, retiraram-
se para uma praça que ficava de frente para a casa do governo. E demoraram por ali. De repente, o senhor Z.F., vestido de terno, paletó e gravata sobe num banco e fica na
posição de cócoras. E o amigo jornalista ali presente, resolveu tirar uma foto de Z.F.
(Na mesma posição). E dissera para o amigo: “Vai dar uma boa reportagem!”. – O
que vai dar uma boa reportagem? Perguntaram os amigos. Responde o repórter: “Esta foto que eu acabei de tirar, do senhor Z.F., cagando em
cima de um banco de praça, se cobrindo com o casaco pra disfarçar”. E o amigo Z.F.
se agoniou, indagando ao jornalista se ele ia mesmo fazer isto.E o jornalista: “É com esses tipos de matérias que ganhamos mais dinheiro” - Pra arrancar uns tostões do
senhor Z.F., complementa: “A reportagem vai ser: Representante político de Bom
Jardim é pego cagando em plena praça pública em São Luís.” O senhor Z.F. era candidato a vice-prefeito. E foi logo desembolsando o que jornalista queria (dinheiro)
para este não levar o fato à imprensa e tecer o inventário jornalístico.
Matutagem total
Contam os mais antigos moradores de Bom Jardim que, quando um avião aqui pousava, no aeroporto da SUDENE, grande era o número de pessoas que corriam para
ver o avião. Era uma grande multidão correndo dos becos e ruas rumo ao aeroporto
(assim conhecido por todos). Pessoas deixavam suas atividades para ir ver, mulheres
esqueciam panelas no fogo. Tudo para ver a celebridade, “o avião”. Dizem que, certa vez ocorreu um caso excepcional: mais um avião passava, e
para lá acorriam as multidões. E no meio de tantos, uma mulher, que precipitada,
escanchou nos braços (colo) um cachorro, pensando ser o filho e saiu ás disparadas, para também ver o avião. Quando na correria percebeu ser um cachorro e não o filho,
a mesma desconfiada, pôs o cão no chão e seguiu correria.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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84 12.2 CONTOS BONJARDINENSE
A alma penada Num certo lugarejo morava um senhor, cuja profissão era agricultor, e vivia
numa casa que ele construíra à margem de uma estrada vicinal que ali passava. O
quintal de sua casa era o começo de uma grande roça que se estendia na imensidão do terreno adentro.
Certo dia, numa manhã de aspecto chuvoso, ele saíra como rotineiramente fazia
para averiguar as plantações na roça. Num certo lugar adentrado na roça ele escutou
uma voz que exclamava: “Zé! Zé!“ Ele olhou em todas as direções e a ninguém via, porém a voz insistia: “Olhe à sua esquerda para uma alta árvore já ressecada e você
verá um velho pássaro preto.Este pássaro sou eu. Sou uma alma penada que quando
em vida fiz uma promessa de jejum e não cumpri, e, por esta razão, ainda estou preso a este mundo.Mas, se alguém fizer o jejum por mim, então serei liberto”.
O pássaro disse ao homem que o jejum a ser feito teria que começar numa
segunda-feira e terminar num domingo (em sete dias). O homem voltou para casa acordado na promessa de cumprir o solicitado jejum
conforme o pássaro lhe havia dito. No segundo dia do jejum, o homem foi na roça e
passou por onde se encontrava o velho pássaro, olhou para o alto da árvore e percebeu
que várias penas do pássaro estavam ficando brancas. E assim continuava à medida que caminhava para o fim do jejum.
No sexto dia, o homem foi na roça e viu o pássaro quase que totalmente branco,
faltando-lhe apenas algumas penas. Na noite de domingo, em que findava o jejum, antes da meia-noite, o homem percebeu a aproximação de pessoas que chegavam a
cavalo e bateram à porta; quando recebidos, pediram hospedagem e assim foram. Eram
tropeiros (pessoas que trabalham com tangida de burros - especialmente no Nordeste)
que ele jamais havia visto. Os mesmos alegaram estar famintos e pediram-no para fazer um fogo e assar carne que eles trouxeram. Quando já estavam postos à mesa,
convidaram o homem (dono da casa) para comer com eles. Ele, porém de princípio
rejeitou, pois estava em jejum – alegou. Os tropeiros insistiram, alegando que já se passava de meia-noite e que já se cumprira o tempo do jejum. Este, acreditando no
que disseram os tropeiros, comeu junto com eles,e, quando amanheceu, notou que os
homens haviam partido sem que ninguém visse. Logo cedo, o homem partiu para a roça para ver o pássaro, e, chegando lá viu o que menos almejava: o pássaro estava
totalmente preto. Este, porém entendeu o que se passara e se propôs a fazer o jejum
novamente e que nada desta vez faria com que ele falhasse.
Então começou novamente a jornada do jejum, e, quando estava no último dia, domingo, a tropa de homens novamente apareceu e bateram à porta. Este, porém
reconhecendo os homens, pelas vozes,recomendou que a mulher não abrisse a porta,
então eles disseram que se não lhes abrisse a porta, eles iriam soltar os animais para devorar toda a plantação de milho. E em poucos minutos o silêncio se fez como espera.
E o silêncio se quebra no moer das palhas e no devastar da roça pelos animais que
foram soltos. O homem nada fez... Aguentou na escuridão o negro prejuízo da roça que a essas alturas estava toda devorada – imaginou. Porém, ao amanhecer, notaram
que nada havia sido destruído e que não havia nenhum rastro de animal ao redor da
casa. O homem, mais que rapidamente, dirigiu-se para a roça e, chegando lá, olhou
para o alto da árvore e viu que o pássaro estava luminosamente branco como uma pomba e o agradecia ao mesmo tempo em que voava rumo ao infinito, onde aos poucos
desaparecia...
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85 O anjinho pagão
Uma senhora conhecida por M.P.M. contou um episódio que aconteceu com ela
em Itapipoca-Ceará. Segundo ela, as casas eram distantes umas das outras e que ela morava numa destas que pertencia a uma antiga família que ali morava. Ela ia todos
os dias a uma cacimba que ficava a quase meio quilômetro de distância para pegar
água para o consumo da família. No trajeto para a cacimba existia uma pequena tumba que era de uma criança,
filho dos antigos moradores da casa. Certo dia, numa das idas rotineiras à cacimba, a
senhora aqui citada, ao passar em frente à pequena tumba escutou um choro de
criança.Ela olhou para todos os lados e não viu ninguém. O choro era imediato e logo parava em interrupções.
Na terceira vez que esse episódio se repetiu, ela seguiu a direção para ver de
onde vinha o choro e, seguira diretamente para a pequena tumba. Ao chegar próximo à tumba, o choro perdurava. Ela, uma católica devota, logo entendeu que aquele choro
era de uma criança que havia sido enterrada sem ser batizada e, imediatamente
procurou uma vassourinha e a mergulhou na água que trazia na cabaça e batizou a criança sobre a tumba como reza a praxe católica, segundo o evangelho. Na medida
em que ia findando o batismo, o choro ia diminuindo até se dar por total silêncio. E,
daquele dia em diante, ela nunca mais ouviu choro algum ao passar por aquela pequena
casa, que agora descansava em paz.
A mão flutuante
Segundo relatos de moradores de Bom Jardim, três pessoas que presenciaram
um acontecimento contam que, numa certa noite aconteceu o seguinte caso: uma
pessoa por nome C estava deitada em sua cama, quando de repente, do nada, surgiu uma mão escura flutuando ao redor da cama.Ela, apavorada com o que via, começou a
gritar por sua mãe que estava conversando com mais dois outros parentes noutra sala.
Ao escutarem os gritos e, ao chegarem lá presenciaram a mesma visão. Um dos que foram ao quarto era um homem e se encaminhou em direção à mão
que, ao notar a aproximação dele, parou de circundar a cama e se articulou chamando-
o em sua direção. O moço, ao notar que a mão o chamava, congelou de medo e não
seguiu mais. Segundos depois o galo cantou. Eram por volta das doze horas em ponto, e a mão sumiu misteriosamente e nunca mais apareceu por lá.
VISÃO INFERNAL
Um senhor cujo nome é J.C. contou um caso que sucedeu com ele numa certa madrugada em que voltava para sua casa. Conta ele que estava passando pela rua
Arlindo Meneses quando se deu com a visão de uma mansão toda iluminada e com
portões de ferro. Lembrou-se então que aquele lugar era um terreno baldio e que não
havia nada construído ali. No entanto, tinha aquela casa. Ele, por curiosidade, aproximou-se do portão e, de repente, ouviu uma voz advertir “Não entre! Aqui é o
inferno!” E, a voz que o falava era feminina reconheceu ele ser uma macumbeira que
conhecia. Ele recuou, mas a curiosidade o atiçava a se aproximar novamente da casa e quando na terceira tentativa, chegou ao portão e ficou a olhar as grades o que havia
dentro da casa.Ele viu pessoas dependuradas pelos pés como boi em ganchos. Pessoas
graúdas que conhecera da ala política e empresarial que se encontravam em suplício.
Em seguida, como que por um empurrão, ele foi arrebatado distante do portão. Nisso, ele virou para olhar a casa novamente, porém, a casa sumiu misteriosamente, não
estava mais lá. Ele seguiu para sua casa em passos apressados, pois estava atônito
com o que acabara de ver; ao dobrar a rua que dava acesso à sua casa, avistou um homem na estrada por onde ele tinha que passar. O homem usava um cordão de ouro
ou algo parecido que de longe refletia seu brilho. Ele pressentiu que aquele homem
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
86 estava associado à cena que acabara de ver. Ele seguiu seu trajeto andando do outro
lado da estrada, porém ao emparelhar com ele, o homem lhe disse: “ Acerca do que
vistes, tenho-te duas recomendações: Não contes nada a ninguém da tua casa e da igreja; e ao chegares em tua casa, não entres pela porta da frente e sim pela porta do
fundo (quintal). Ele seguiu viagem e ao chegar em casa, entrou pela porta da cozinha
como o homem lhe dissera, porem, foi logo contando a historia para sua mulher e no
dia seguinte seu casamento desmoronou e logo foi abandonado pela família. Viveu por certo tempo sozinho, adoeceu e faleceu no início de 2004.
PEÇA TEATRAL: Brasil Contraste
Participantes: 6 coreógrafos
MENDIGO: MÃE DESESPERADA;
DEFENSOR DA NATUREZA;
RELIGIOSO;
FILÓSOFO; SEM TERRA;
DECLAMADOR.
ROTEIRO:
Ao som de música suave entram coreógrafos (roupa e rosto nas cores da Bandeira do
Brasil).
Coreógrafo 1:
Ouviram, às margens do Ipiranga, o brado retumbante de um povo heróico:
Independência!!! E neste instante, o sol da liberdade brilhou, em raios fúlgidos, no céu da Pátria.
ENTRAM AS PESSOAS CARACTERIZANDO AS SITUAÇÕES DO BRASIL HOJE E SE POSICIONAM À FRENTE
Mendigo: (brada forte): - Povo heroico? Igualdade? Oh, minha amada e idolatrada Pátria!!! Onde está a
igualdade! Só consigo ver desigualdade! Enquanto uns poucos ganham demais, a
maioria não ganha nada! Há mendigos e milionários, analfabetos e letrados! Para
onde foi esta igualdade, meu Brasil?
Coreógrafo/a 2
Ó Pátria amada, idolatrada.... Salve! Salve! Brasil és um sonho intenso! Um raio vívido de amor e esperança.
Mãe desesperada:
Amor? Esperança? Tanta violência, ainda me falam de amor e esperança? Pessoas que dominadas pela maldade, matam sequestram, roubam! A violência contra o menor,
contra a mulher! o preconceito! Ó minha amada e idolatrada Pátria, para onde foi o
seu amor? As famílias não podem viver em paz! Políticos e polícia se corrompem! Já não temos mais esperança!
Coreógrafo/a 3
Gigante pela própria natureza, és belo, és forte, impávido, colosso! E o teu futuro
espelha essa grandeza, Terra adorada...
Defensor da natureza
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
87 Destroem nossa fauna e nossa flora, poluem nossos rios, levam para longe nossas
riquezas...! Entre outras mil, tu és Brasil, a Pátria mais amada, mas dos filhos do teu
solo, já não és a mãe gentil!
Filósofo
Como pode o teu futuro espelhar essa grandeza? Pois há tanta carência onde não
deveria existir! As riquezas da nação transbordam em todo lugar nas mãos daqueles que podem algo fazer!
Se a distribuição de rendas não acontece, é porque as propostas com os bens da nação
são favoritas a alguns privilegiados que ignoram a justiça de humanamente se viver! Qualquer outra verdade não diz nada, é condicionada,
É propositada nos corredores da insana burocracia,
Terreno dos bandidos onde seguram à manutenção das Leis Para que este tipo de justiça não venha a acontecer!
Pois quem geme é quem sente a dor
E não é justo ficar calado!...
Pois são milhões! Pois somos milhões...
Coreógrafo/a 4 Ó Pátria amada, idolatrada! Salve! Salve! Brasil, seja símbolo de amor eterno!
Religioso
Símbolo de amor eterno? Minha Pátria ainda não compreende a dimensão do amor. A
maioria de seus filhos vivem sem rumo, buscando explicação e solução para o seu vazio
interior. Procuram no esoterismo, nas imagens, nas muitas práticas religiosas o amor real. Procuram, procuram e não encontram. Meu Brasil é confuso. De muitas opiniões
e práticas religiosas. A brava gente brasileira não conhece a fonte de amor eterno.
Coreógrafo/a
Paz no futuro e glória no passado! Mas se ergue a clava forte da justiça, verás que um filho teu não foge à luta! Quem te adora, não teme a própria morte!
Sem terra
Paz no futuro...? Fala-se de paz...! Os conflitos de terra não são resolvidos. Existem os
sem terra, os sem teto, os sem emprego...! Verás que um filho teu, não foge à luta
pela justiça. Esta é a tua história de 506 anos, meu Brasil.
Coreógrafo/a 6
Brasil, Pátria amada, como será o teu futuro? OS COREÓGRAFOS SAEM DO MEIO DE TODOS E SE POSICIONAM NA PARTE DE TRÁS DO PALCO.
Uma sugestão: Durante a coreografia, fazer um movimento com a bandeira tais como:
abraça-la, abrí-la, erguê-la. Ao término – ao fundo musical saem os figurantes, os coreógrafos, ficando apenas (s/o)
declamador (a).
Declamador (a): Do meu País Brasil é meu cantar
Minha terra varonil!
Tu minha Pátria és Entre outras mil,
A mais amada!
Sê livre meu País, sê forte, sê feliz Sob justas leis!
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
88 Ó Reis dos Reis, concede proteção,
Aos filhos desta nação!
Faze-a prosperar, e sempre caminhar na tua luz Que o bom Senhor, o Rei Jesus
Cerque-te com favor e excelso amor.
Levantai-vos! Despertai para o combate!
Como povo heróico vamos gritar com brado retumbante: - Ou ficar a Pátria salva e livre, ou morrer pelo Brasil.
Autor desconhecido. Apenas pequena adaptação por Adilson Motta.
Um Ladrão em Apuros (Histórias que aconteceram em Bom Jardim)
(Texto do Gênero Memória, 03/2013, Por Adilson Motta)
O lugar onde hoje é o banco do Brasil até a loja Nova Opção (em Bom Jardim) era,
antigamente uma grande usina de beneficiamento de arroz. Na época, o dono era um
senhor cujo nome estão nas iniciais A. A., que já tinha fama de mau, e de pessoa
envolvida com forças ocultas – como macumba e feitiçarias.
Circulava relatos diversos de fatos que povoavam a imaginação de pessoas da cidade
na época; especialmente da meninada quando sentava nos terreiros enluarados, - sem
a televisão abundante de hoje para roubá-los dos mistérios e enigmas que cercam a
vida, como acontece no cotidiano dos últimos dias. E desta forma, muitas histórias ou
estórias pintavam o imaginário – de seu mundo que eram tecidos entre a fantasia e o
real que, sem distingui-los, eram sinonimamente pesados.
Pra reforçar a veridicidade das tensões e o aumento do medo, alguns que na velha usina
tinham trabalhado espalhavam relatos e casos por eles vividos na “Casa do Terror”, tão
temida, até então, por todos. Uns, que lá dantes haviam dormido afirmavam ter visto,
durante a noitada, homem todo de branco – dependurado na cumeeira da usina, de
cabeça pra baixo – tal como morcego; outros contavam outras, de pessoas que lá
haviam passado e vizinhos – que em plena madrugada, após às 12, ouviam fortes
barulhos de caminhadas e de redes balançando (nos gonzos). E na usina, ninguém.
Afirmava-se também, que em plena madrugada a usina começava a funcionar sozinha.
Outros escarreirados diziam que as luzes ficavam acendendo e apagando...
Para aumentar o pavor da meninada, falava-se que o dito cujo fazia sacrifícios com
crianças, e mais ainda todos se afastavam do macabro recinto.
Certo dia, um ladrão inocente dos fatos por todos já corriqueiro – resolveu pular por
cima do telhado e roubar a dita casa. Eram três da madruga e, ao chegar lá em baixo, o
cano frio de um rifle já o esperava. E o que o segurava, imediatamente apertou a pera,
o que fez alumiar todo ambiente sinistro. Diante de um rifle, representante da morte, a
pobre vítima jogou seu canivetezinho no chão e se rendeu. E, após amarrá-lo, o Sr.
A.A. saiu de casa e foi na BR, frente ao comércio de Chico Betel, onde grandes tonéis
ou tambores fumaçavam com pinche e breu para serem esparramados naquela que no
momento se preparava para mais uma reforma, a BR 316. O senhor A.A. trazia nas
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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89 mãos uma vasilha, a qual enchera de breu e pinche. Em seu retorno, Sr. A.A. pelou
a cabeça do moribundo e, instantes depois, só estava o coco. E, entre umas pinchadas
e outras, o pobre ladrão estava de coco preto, o qual – em tempo das 7 horas matutinas,
e na frente de muitos, como em espetáculo – foi liberado em caminhada pela rua
principal de Bom Jardim. E, pra justificar o ato, Sr. A.A. dizia em alto e bom tom para
os presentes: “É um ladrãozinho que peguei ontem à noite! Serve de exemplo para os
demais”.
13 LENDA: PADRE CORDEIRO “A EXCOMUNHÃO”
Muitas pessoas, ao longo da história de Bom Jardim percebendo tragédias nas vidas de muitos prefeitos que morreram assassinados, e o atraso pelo qual o município
passou e ainda passa, chegam a especular que tudo isso seja resultado de uma maldição
que o padre cordeiro jogou sobre a cidade em 1964.
Tudo começou quando o padre Cordeiro pretendia construir uma Igreja no lugar da capela – hoje praça governador José Sarney . Próximo ao local onde ia ser construída
a Igreja, havia um bar. Esse bar foi o desenrolar de todo o problema. O padre
juntamente com o ajudante Frei Abdias, não queriam um bar nas proximidades da Igreja e solicitaram que o proprietário o retirasse daquela localidade. Porém, como o
proprietário, o senhor Mário era marido da dona do cartório, dona Rita, não retirou o
bar. Segundo testemunhas da época, o padre Cordeiro excomungou a praça e o dono do bar, dizendo que todo bar que colocassem na praça não iria pra frente e que o Senhor
nunca iria prosperar na vida. E assim aconteceu. E assim perdurou ao longo da história
a excomunhão do padre Cordeiro, que muitos chamavam de maldição tava chegando
até mesmo a fazerem atribuições de que a excomunhão era sobre a cidade. Um fato curioso ficou evidenciado nas adjacências onde era a igreja:Atualmente,
a praça José Sarney é conhecida por muitas pessoas como “praça das viúvas”, pois lá
há muitas viúvas. O padre Cordeiro ainda é vivo e reside na cidade de Viana. Em 2004, Frei Cleves convencido pela população de que a maldição estava
causando o suicídio de muitos pais de família e fatos estranhos, resolveu celebrar uma
missa todos os dias 13 de maio, como devoção a Nossa Senhora de Fátima, para
quebrar a maldição atribuída à cidade e ao próprio atraso. Essa história trata-se de uma lenda, porque, além de ser um fato histórico é
considerada uma tradição popular, que é transmitido de geração em geração. Com o
passar do tempo, essa história vem sendo modificada pela imaginação do povo, ou seja, cada pessoa que conta, conta de uma maneira diferente.
A lenda da “maldição de Padre Cordeiro”, no imaginário popular era tida como a causa de muitas coisas estranhas que ali se passavam, como: assassinato, suicídio e assim como toda forma de desordens, inclusive e principalmente o atraso local.
Era tão acreditável a lenda da “maldição”, que a igreja com o aval da comunidade resolveu consagrar a localidade a uma santa. Porém, ao transcorrer dos anos que se sucederam, veio a mostrar que os fatos negativos da crença da maldição continuaram a persistir, a existir, inclusive o atraso. Resolveram então chamar o autor da excomunhão, para benzer e abençoar, retirando a maldição ali proferida. Apesar da retirada da excomunhão, e proferida bênção sobre a
comunidade, persistiram os fatos negativos que colocavam a pequena localidade na suposta maldição. Inclusive o atraso. O desenrolar da história ficou concluído, para alguns, que a maldição não era de Cordeiro; era sim o contexto de uma nova descoberta: a maldição que residia no próprio homem, especialmente naqueles que detinham o cetro de dominação – imbuídos da
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90 ganância, a qual era a causa e origem para tudo o que ali acontecia. Inclusive e principalmente o atraso. Assim acreditavam.
16 CANTORES E ESCRITORES DA TERRA 16.1 CANTORES DA TERRA
No campo da música Bom Jardim apresenta 10 cantores, todos com
lançamentos de CDs. Os cantores da terra e respectivos lançamentos são:
Onildo Reis - Nascido em Bom Jardim, em 09/10/1967, filho de Raimundo
dos Reis e Maria de Lourdes Ferreira, também foi artista plástico, com 17 anos.
Lançou seu primeiro CD em 2000, com músicas evangélicas. Título: “Desperta
igreja”. Segundo CD em 2005, cujo título é: “Amigo verdadeiro”.
Edilonildo Rodrigues da Silva, nome artístico “Hede Rodrigues” Nascido em 10/03/1982, filho de Francisco José da Silva e Zeneide Rodrigues
Silva, afirma que começou a cantar em aos oito anos de idade, além de cantar
muito bem, Hede Rodrigues também é compositor. Seu pontapé inicial foi a partir de um show de calouros promovido na escola Ney Braga, onde foi destaque e saiu
em primeira colocação.
Lançou seu primeiro CD em 2002. Título: Será se pensa em mim?
Antonio Feitosa (Tony Feitosa):
Nascido em Anajatuba e criado no Vale do Pindaré. Residente e domiciliado em Bom Jardim.
1º LP em Manaus em 1994 - Título: Amor profundo.
2º CD em Belém. Título: Moto Honda. Em 1996. 3º CD em Santa Inês em 2000. Título: Tony Feitosa em ritmo de seresta.
4º CD em São Paulo na Gravadora Gemas/ em 2002. Título: Nos braços de outro
alguém.
5º CD em 2003. Título: As melhores de Tony Feitosa. Gravadora: Atração.
Érik Cardoso: 1º CD gravadono início de 2002. Estilo: em ritmo de seresta.
Título: “Vou lhe entregar meu coração”.
Ribamar Soares: (pedreiro)
1º CD EM 2000. Música evangélica. Título: “A essência do amor”.
Amigo Baiano
1ºCD em 2000. Músicas bregas.
Jéssica Silva Matos, nascida em 07//09/1990, filha de Francisco Ataíde André
de Matos e Gecilene Machado Silva. Ela sendo evangélica, começou a cantar
aos 03 anos de idade, já se apresentou em vários eventos, por motivo de situações financeiras, Jéssica nunca conseguiu gravar seu 1º CD.
Dino Clemente
Cantor e compositor de todas as suas músicas.
1º CD em 2001. Título: Já quebrei a cama.
2ºCD: - EM 2003. Título: Voltei pra te ver.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
91 Volume 5: Ela me disse adeus.
Dinamarcos Cantor do Piragodê. Estilo: dançante humorista.
2 CDs: 1º- Piragodê 2º - Quero comer, mulher! / Taca o pau na cara dele.
J. Pacheco 1- CD. Título: Nas ondas do brega.
Residente em Novo Carú
Celso Batista
1 CD EM 2011. Título: “Sempre te amo”. Estilo musical: Músicas bregas.
Flávia Maranhão
1 CD em 2012. Título: “Em ritmos de Arrocha.”
Antonio Passarim
Compositor e poeta, tem de cor todas suas músicas, mesmo sem ter gravado, mas possui mais de 20 músicas.
Sua músicas são em ritmo de brega, foclore e forró.
Adenilton Santos “O Lobo Solitário”
Bonjardinense, residente no povoado KM18, “Lobo Solitário”, como é conhecido
Adenilton Santos, já gravou 7 CDs. Os ritmos de músicas de seu gênero musical, em
grande parte é brega, e com menor densidade o ritmo arrocha. Título dos CDs
gravados:
1. Amor dividido;
2. Eu sempre joguei;
3. Amor de mãe;
4. Amor carrapicho;
5. Mulher madura;
6. Briga e se ama;
7. Amor de primavera.
Atualmente, morando em Povoado KM 18, promove eventos culturais como Shows
de Calouros e eventos de shows pelas comunidades.
Rei Salomão
O cantor Rei Salomão iniciou sua jornada cultural no mundo da música como cantor
gravando seu primeiro cd em 2009, gravando ao todos quatro cds, e suas músicas no estilo Bolero ou serestas, os quais foram:
1- Em 2009: Meiga Senhorita; 2- 2010: Boate Azul;
3- 2011: Verônica;
4- 2013: Dama de Vermelho.
OS ESCRITORES DA TERRA
Jesus Tavares Pinheiro: Nascido em 13/01/1951, cearense, filho de Joaquim Tavares Pinheiro e Maria de Lourdes Fidélis Pinheiro, cearense. Afirma ter vindo
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Adilson Motta
92 a Bom Jardim em 1977, a um convite feito por seu cunhado Miguel Alves
Meireles, (prefeito da época), para assumir o cargo de secretário de
Administração, esse convite foi aceito e assim, passou a morar em Bom Jardim. Ao chegar, achando que Bom Jardim não tinha como se identificar, teve a ideia
de fazer a letra do hino, inspirada na própria cidade, a música é de autoria de sua
esposa Maria de Fátima Queiroz.
O hino foi oficializado pelo Decreto Lei de 31/04/1979.Jesus também foi Funcionário Público, professor de história e, em 1988 escreveu seu primeiro livro “Meus
versos - minha vida”.
Em 1992, foi professor de Direito e Legislação. Jesus diz: “Escrever é um dos meus “hobby” preferido, e mais, seu maior sonho era poder ter cursado a universidade em
2001 com os alunos do PROEB (não pode fazer por razões políticas que bloquearam seu
acesso). Ele não para por aqui, continua escrevendo e faz planos para lançar mais
umas de suas obras. Atualmente está trabalhando no município de São João do Carú.
Cícero Aguiar Neto: Professor de larga experiência, erradicado na região do Vale do Pindaré a 10 anos. Casado, tem três filhos.
Obras: Sutilezas da poesia. Ano: 2001.
Não chegou a lançar, por falta de patrocínio e apoio cultural. Isías do Maranhão:
Autor dos livros:
-Odisséia da Expiação. (publicada em 1995) -Setembro da Poesia
- Duzentos quilos de miséria (poesia)
- A navalha do futuro.
Antonio Siqueira
Formação: Pastor e formado em Psicologia clínica
Autor dos livros: -O poder da visão
-Levando a sério o adolescente
-Quando Deus nos escolhe.
José Maria da Conceição – conhecido por Zé do Binoca
Escreveu os livros:
- Estudo escatológico – em 2000. - Namoro, noivado e casamento – em 2001.
- Educando a família à luz da Bíblia – em 2005.
Por falta de apoio e recursos não chegou a publicar.
Adilson Motta: Formado em Letras pela Universidade Federal do Maranhão
(UFMA em 2005). Autor dos livros:
- Radiografia de uma cidade brasileira. E a sua? História e geografia. (Contribuindo para uma educação contextual). Ano: 2005.
- Linguagem e exclusão social. (Recomendado para todo bom cidadão)-
2005. - Contextual and interpersonal English. Parauapebas – Pará.-2006
- Contextual and Interpersonal English. Bom Jardim – Maranhão - Ano:
2006. - É um prazer me conhecer: Parauapebas/Pará (História, Geografia e
Cultura) – Contribuindo para uma educação contextual. Ano: 2006
- Escritos Políticos à Minha Terra. Ano: 2012
- Sintonia: Poemas, Crônicas e Contos; ano; 2010-2012 - Vale: Privatização – A Saída ou o Fundo do Poço?
- História de um comunidade na região Carajás: Vila Sansão
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
93 Assim como muitos outros colegas, que não tiveram apoio cultural naquilo que
produziam de cultura, os quatro livros acima , produzidos por mim (Adilson Motta)
não tive apoio cultural para lançamento. O livro de Bom Jardim, como não tive apoio também, fiz uma doação em CDs em PDF ao povo de Bom Jardim.
Chico Tupam: Residente em Bom Jardim desde os primórdios de sua
fundação, publicou o livro:
Sete histórias em Cordel - Literatura Maranhense
Neila Matias de Souza. Em nome de Deus: cavalarias, igreja, pecado e salvação no
Ocidente Medieval (Séc. XIII).
16.1 TEATRO
O Teatro Vida foi uma ideia de Irmã Esperança para tirar as crianças e jovens da
rua. O Projeto Vida desenvolveu atividades como: Culinária, corte e costura e artes
como: Artesanato, crochê, bordado, lembrancinhas, etc. Irmã Esperança Dettori, natural da Itália, faz parte da congregação missionária
“Filhas de Jesus Crucificado”.
O teatro deu início no ano de 1993 com 25 componentes, tendo como primeiro diretor: Marcos Bom Jardim.
O teatro se dividiu e o grupo passou a ser chamado “Teatro Reviver”, o motivo
foi não concordarem com algumas regras. Novamente, em 2004, os dois grupos de
teatro se uniram. No entanto, os grupos foram extintos em 2006. Atualmente o Projeto Vida além de funcionar como creche, ministra aula de informática e ou
computação, bordados etc.
ARTES PLÁSTICAS
Como podemos compreender o que são as artes plásticas? A grande maioria das
pessoas sabe que pintura e escultura fazem parte desta denominação, mas então
porque artes “plásticas”? O pintor usa tinta sobre algum tipo de superfície, o escultor
cria formas na madeira ou na pedra, entre outros materiais. O que tem o plástico a ver com isso?
Para compreender estas denominações precisamos retroceder um pouco e
entender - o que é arte? A arte não finda com as Artes Plásticas, as Artes Cênicas, a
Literatura, a Arquitetura, o Cinema, as Narrativas Televisivas e as Histórias em Quadrinhos.
Por boa parte da história a terceira das artes representava tudo aquilo que era
belo. A palavra “arte” vem do latim Ars,que significa habilidade. O artista era o habilidoso executor de uma função específica.
As “Artes Plásticas” não são nada mais que a capacidade de moldar, modificar,
reestruturar, re-significar os mais diversos materiais na tentativa de conceber e
divulgar nossos sentimentos e, principalmente, nossas ideias.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
94 Em Bom Jardim, as artes plásticas foram desenvolvidas pelos seguintes nomes
abaixo:
Francisco Oliveira de Jesus (Conhecido pelo nome de Reis): Nascido em 08/08/1959, filho de Pedro de Jesus e Luiza Oliveira de Jesus.
Reis afirmou que começou a pintar em 1979, seu primeiro trabalho em quadro foi
“A igreja de Roma”.
Domingos Mota da Silva: Nascido em 04/08/1974, filho de Antonio Sutero e
Doracir Mota da Silva, desenvolveu seu 1º trabalho em 1985, com 12 anos de
idade (Histórias em quadrinhos). Antonio Vilson Oliveira Silva: nascido em 10/01/1972, filho de José Oliveira
e Anilda Oliveira da Silva.
Vilson se destacou como um dos melhores na arte plástica de Bom Jardim, afirmou sua irmã Marlene. Começou a desenvolver seus trabalhos artísticos com sete anos
de idade, e que até ficou reprovado (por razões tais).
Atualmente, Vilson vive em São Paulo, nas horas vagas aproveita para pintar.
16.2 Aspectos desportivos
O esporte principal praticado no município é o futebol de salão e o de poeira -
onde o município apresenta 29 times esportivos. Sendo 12 times da zona urbana e 17 da zona rural. São realizados campeonatos municipais para selecionar os melhores com
premiações e troféus na definição do campeão dos campeões.
Ainda não participa de campeonatos municipais, ficando um futebol isolado.
Percebe-se, portanto, a necessidade de exportar o futebol de Bom Jardim, e inserí-lo nos torneios maranhenses. Para que não fique só na “poeira”.
Nome dos times de futebol de Bom Jardim
Zona Urbana
Boca da Mata Jovem Pan
SESB
Estrela Vermelha
15 de Novembro Goiás
Palmeira
América Satélite
Roma
Filadélfia
São Paulo
Fonte: Secretaria de Esporte/2004.
Zona rural
Nascimento Cassimiro Novo Caru Vila Bandeirantes
Três Olhos D´água Rosário
Tirirical Santa Luz
Igarapé dos Índios São Pedro do Caru
Canaã Escada do Caru
Galego
Rapadurinha
Oscar
Turizinho
KM 18
Gurvia
Jogadores de Bom Jardim e
Secretário de esporte Luiz do
Zezé.
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Adilson Motta
95
RALLY: BOM JARDIM / SÃO JOÃO
Outro evento desportivo que a cada ano ganha amplitude e aumento no número de
participantes e que envolve os municípios de Bom Jardim e São João do Caru é o
RALLY, cuja época favorável para a prática do esporte é o período chuvoso como
revelam as fotos abaixo.
Fonte foto: www.bomjardimma.com, 2013
Fonte foto: www.bomjardimma.com
Estádio Municipal José Moreira de
Araújo (Zezão). Construído na
administração de Dr. Roque Portela.
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Adilson Motta
96 16.5 A CAPOEIRA
O município apresenta também desde 1996, um grupo
capoeira composto de 28 membros. Tendo por objetivo a prática desportiva, além de ser usada como defesa pessoal. O grupo não
tem um local próprio, reunem-se para o treino dessa prática em local
público com apresentações para divertir o povo em geral. Em 2004
foi construído um centro cultural cujo objetivo era congregar e
fomentar todas as culturas no município (que, no entanto, se
encontra fragilizada). Na gestão de Roque Portela, o ponto foi
solicitado para o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social).
A partir de 2000 Hélio da Capoeira, como é conhecido, acampou
conquistas no âmbito da capoeira local, entre elas, o reconhecimento institucional da capoeira como prática legal e reconhecida na cultura
e educação do município. Outros nomes também deram sua
contribuição como: Elissandro, Ricardo Matos e outros. Em 2013, o
grupo capoeira de Bom Jardim possui vários praticantes nos povoados e ou zona rural. O grupo se organiza juridicamente em torno da
Associação Cultural de Capoeira Escravos Brancos, que é um instrumento de
representação política e de interesses da classe.
História da Capoeira
O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra
um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos
colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar. Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como
animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia
e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico.Ao contrário
do que muitos pensam, os negros não aceitaram pacificamente o cativeiro.A história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra
a humilhante situação em que se encontravam. Uma das formas dessa
resistência foi o quilombo; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em
locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses
quilombos estabeleceu-se em Pernambuco no século XVII, numa região conhecida comoPalmares. Uma espécie de Estado africano foi formado.
Distribuído em pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia
onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi, Palmares pode ter sido o berço
das primeiras manifestações da Capoeira.
Alguns historiadores defendem que a Capoeira nasceu como luta, com o objetivo
dos negros se defenderem dos Capitães de Mato (homens que recebiam recompensas para recapiturarem negros fugidos), das diversas expedições que
eram enviadas pelo governo e administradores de fazendas, para destruir os
quilombos (redutos de negros fugidos). O QUILOMBO era uma verdadeira
cidade, que tinha como Rei Zumbí, o grande guerreiro General das Armas.
Depois de derrotarem quase 30 expedições, o governo contratou as
tropas de Domingos Jorge Velho um exército poderosíssimo, (só 130 anos depois
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97 na guerra da independência que se viu um exército maior), destruiu
completamente Palmares, onde os negros só lutaram com pernadas, braçadas,
cabeçadas, armas feitas de madeira e a criatividade enfrentando canhões e
etc....
Em 1890 o governo federal baixou um decreto proibindo a capoeira, mas,
a partir de 1800 já se tinha notícia de pessoas presa por prática da capoeiragem, qualquer pessoa que fosse vista praticando-a seria presa e até mesmo deportada
para os países dos quaisvieram.
Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros
ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para
não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e músicas africanas para que parecessem uma dança. Assim, como no
Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira pode se desenvolver como forma
de resistência.
Do campo para a cidade a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de 'ganho' e dos freqüentadores da zona portuária. Na cidade de Salvador, capoeiristas
organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam
o caráter marginal da luta. Durante décadas a Capoeira foi proibida no Brasil. A
liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação
da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas.
A partir da década de 30 deste século, após um enorme período de
marginalização, a Capoeira foi reconhecida então como arte brasileira.
Hoje existem milhares de capoeiristas espalhados pelo mundo,
praticando essa forma de arte, luta e dança surgida no Brasil.
Capoeira como Educação Física: é a atividade física que mais trabalha o corpo. Desenvolve os domínios PSICOMOTOR, AFETIVO-SOCIAL O COGNITIVO
e todas as qualidades físicas.
Principais características da capoeiragem
A capoeiragem é uma luta em que os executantes se valem dos pés, das mãos
e da cabeça para bater no adversário ou derrubá-los. Baseia-se na utilização do peso
do corpo num sistema de alavancas com as pernas e os braços. A semelhança das lutas
japonesas, a destreza e a agilidade importam mais que a força muscular. É uma luta essencialmente agressiva: o capoeira se defende atacando. A sua principal vantagem,
com relação às outras lutas, é o de haver possibilidades de o praticante poder se
defender de vários atacantes não mesmo tempo. Um instrumento de percussão, o berimbau, é usado para auxiliar a
aprendizagem da “ginga”.
Grupo de capoeiras de Bom Jardim/
MA.
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98
17 INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS (Evolução Histórica em Bom Jardim)
Os indicadores das religiões em Bom Jardim estão assim distribuídos, conforme IBGE, 2012:
Fonte: IBGE, 2012
IGREJA CATÓLICA
Em Bom Jardim o catolicismo teve início já com os primeiros moradores, pois os
mesmos eram católicos. A igreja católica em Bom Jardim foi fundada em 1968 pelo
Padre Cordeiro e frei Abdias, que ainda não havia se consagrado Padre, mas a ele competia o papel de evangelizar. A primeira missa foi celebrada pelo padre Cordeiro
que, ainda sem local apropriado, a missa foi realizada em um salão. A primeira igreja
foi construída na praça Governador José Sarney, mas como na frente da referida igreja
foi construído um abrigo no qual funcionava um bar, o padre não aceitou a ideia e, com desavenças, resolveu mudar o local da igreja que passou para a praça São Francisco
de Assis. Junto com a referida igreja, foi também construída a casa paroquial. Os
primeiros padres residentes em Bom Jardim foram: Frei Antonio Sinibalde, Frei Alexandre e Frei José. Frei Antonio Sinibalde faleceu em um naufrágio em São Luís, na
Ilha do Medo, na praia do Boqueirão, na manhã no dia 07 de setembro de 1987. Após
os referidos freis, aqui residiram Padre Carlos Ubialli, também Já falecido em acidente
no dia 04 de março de 2001, Frei Eduardo, Frei Mário, Frei Guidi, Frei Carmine de Michelle, Frei Valadares, Frei Clever Mafra e atualmente, Frei Francisco Conceição
Ribeiro.
Na igreja católica de Bom Jardim já foram (formados) ordenados três padres: Padre Evangelista, Frei Antonio Cruz e Frei Francisco Sales.
Além da Igreja matriz o município já conta com cinco Capelas que são:
76,9
167,1
0
20
40
60
80
100
Indicadores das Religiões em Bom Jardim (%)
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99 São Bernardo, Nossa Senhora Aparecida, Santa Madalena, Santa Luzia, São José e
Nossa Senhora Imaculada Conceição. A paróquia promove várias festividades
religiosas, entre as quais destacam-se as seguintes: Natal com novena;
Páscoa e Semana Santa;
Santa Luzia com novena e procissão;
São João Batista com fogueira e Bumba-meu-boi; São Francisco de Assis, Padroeiro da cidade, com procissão e festejo.
O festejo de São Francisco de Assis é celebrado aos 4 de outubro. No decorrer do festejo realizam-se na praça da Matriz: leilões e especiarias em favor da Matriz.
Fonte: Agora Santa Inês.com.br,2013 A paróquia se ocupa da juventude, pois a finalidade é despertar os jovens
para uma consciência mais crítica da realidade social, política e econômica da
sociedade, tendo como base a fé em Jesus de Nazaré, primeiro evangelizador e transformador dos homens e mulheres do mundo. Desenvolve também trabalhos
como: conscientização quanto às drogas, prostituição, etc.
O primeiro casamento na paróquia de Bom Jardim foi de José Rosa de Lima com Maria de Jesus, no dia 14 de janeiro de 1969.
Igreja Católica de Bom Jardim – MA
Festejo e procissão de São
Francisco arrastam uma
multidão de fiéis em Bom
Jardim 2013.
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100
Fonte: www.bomjardim.com.br
Nova igreja Matriz inaugurada em 2013.
Prefeito Gildásio Ferreira Brabo, Padre Frei Antonio Sinibalde e Comunidade fazendo a recepção do Bispo Dom Adalberto no aeroporto de Bom Jardim.
Você sabia... Que até 1965, as missas eram celebradas em latim de costa para os católicos?
CONGREGAÇÃO MISSIONÁRIA FILHA DE JESUS CRUCIFICADO
A Congregação Missionária das Filhas de Jesus Crucificado foi fundada em 8
de dezembro de 1925 tendo como fundador o Padre Salvador Vico.
As missionárias filhas de Jesus crucificado desenvolvem, hoje na Itália, Brasil e Zaire, uma obra de evangelização e de promoção humana animadas de uma
espiritualidade sacerdotal e operativa.
Esta congregação chegou em Bom Jardim em julho de 1977, sendo fundador o Padre Frei José. As primeiras irmãs que aqui chegaram foram irmã Geovana, já
falecida, Adélia, superiora, Carla, Eliza, Esperança e Naíde. A casa da congregação foi
dada pela comunidade e sua estrutura era de taipa.
Já se consagraram nesta cidade, várias irmãs, dentre elas irmã Célia, Delzenir e Íris.
Para uma missionária se consagrar é preciso no mínimo 04 ou 05 anos, 02 anos
de postulado e 02 de noviciado e mais 5 anos de estudos para a profissão se perpetuar. As irmãs trabalham com a pastoral da criança e formação de líderes
comunitários, são responsáveis pelo Projeto Vida que é mais uma forma de ajudar os
adolescentes a ficarem longe do mundo das drogas e da prostituição. A forma de ajudar é dando Cursos profissionalizantes, culinárias, artesanato, bordados,
informática, etc. A madre superiora geral é a irmã Placídia, que reside na Itália.
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PROTESTANTISMO
Essa corrente do Cristianismo surge com a Reforma Protestante iniciada no
século XVI, pelo teólogo alemão Martinho Lutero. Ele rompe com a Igreja Católica, defende a fé como elemento fundamental para a salvação do indivíduo e condena a
venda de indulgências (absolvição dos pecados) pela igreja e a degradação moral do
clero da época. Os protestantes abolem o culto às imagens da Virgem Maria e dos santos, como também, o uso do latim nas celebrações. Aceitam que os religiosos
possam se casar. Mantém apenas dois sacramentos: o batismo e o culto cristão.
O luteranismo difunde-se na Alemanha e encontra receptividade em outros países da Europa. Nem todas as teses de Lutero são aceitas. Em razão disso, o
Protestantismo dá origem a diferentes grupos. O termo “Evangélico”, na América
Latina, identifica as religiões cristãs originadas da Reforma e é usado como sinônimo
de protestante. Em 2000, os evangélicos representam 15,4% dos brasileiros, ou 26,1 milhões. Comparando-se as estatísticas de 1991, nota-se um crescimento de 71,1%
na proporção de fiéis.
IGREJA PENTECOSTAL
A igreja Pentecostal Assembleia de Deus tem como fundamento o próprio Cristo; e
toma como ponto sublime o dia de Pentecostes que representou a descida do Espírito
Santo sobre a igreja (os fiéis). Com a quebra da unidade em 1517 através de Lutero e
outros como Calvin, gerou novas correntes religiosas que defendiam uma igreja santa com propostas de reformas, não atendidas.
Difundindo-se no novo continente, conhecido “novo mundo”, os pentecostais surgem
primeiramente como grupo autônomo em Chicago, nos Estados Unidos, em 1906, de um movimento denominado holiness (santidade). O movimento é, em grande parte,
de origem metodista. O grupo holiness anuncia práticas originais na relação dos fiéis
com o Espírito Santo: O batismo no Espírito, a glossolalia (dom de falar língua desconhecida) e o dom da cura. O texto de referência é a narrativa de Pentecostes –
daí a denominação Pentecostal. Os cultos têm uma dinâmica emotiva e teatral, visível
nos discursos eloquentes dos pastores, nos cantos e nas orações coletivas em voz alta
e nos rituais de cura realizados em grandes concentrações públicas. O movimento Pentecostal chegou ao Brasil em 1910, com a fundação da
Congregação Cristã no Brasil na cidade de São Paulo. Atualmente, existem centenas
de igrejas, e as principais, além da Congregação Cristã no Brasil, são: Assembleia de Deus (Pará, 1911), Evangelho Quadrangular (São Paulo, 1953), Brasil para Cristo (São
Paulo, 1955) e Deus é Amor (São Paulo, 1962). (Coleção Almanaque Abril, 2005, p. 12)
Convento das Freiras
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102 ASSEMBLEIA DE DEUS (OU PENTECOSTAL) EM BOM JARDIM
No ano de 1959, as reuniões eram ministradas pelo irmão Manoel Justino, em casa de taipa no Bairro Betel nesta cidade.
A congregação era no campo do Povoadas Águas Boas, município de Monção,
o primeiro templo foi inaugurado em 1962, e o primeiro pastor foi Arcanjo de Deus da
Silva. Até hoje se passaram 9 pastores: José Arcanjo, Pedro Jack, Alexandre, Joel dos Santos, Dugley Marcones Bezerra, Francisco Pereira de Moraes e José Cardoso Lindoso,
atual.
A igreja realiza durante todo o ano as festas: Círculo de oração da mocidade, no mês de janeiro, com a finalidade de orar em prol da juventude, faz visitas constantes
a jovens desviados do caminho do senhor.
Círculo de oração “Monte das Oliveiras”, no mês de setembro com a finalidade de trazer os jovens a casa de Deus através da evangelização em massa.
Como também confraternização infantil, com o fim de evangelizar os
pequeninos; encontro dos casais por um lar abençoado e a união da família com o seu
criador; campanhas contra as drogas com o fim de libertar os jovens das drogas através da palavra de Deus. A cruzada evangélica que tem a finalidade de levar o IDES
de Jesus a todas as pessoas até os confins da terra.
Além de evangelizar, a igreja incentiva a Juventude a andar no temor de Deus, prepara o encontro com Jesus e viver em comunhão com a sociedade, tendo um
crescimento diário bastante elevado. Os missionários treinados fazem a evangelização
indígena. A igreja teve como sede três templos nesta cidade, o 1º foi na Betel, o 2º na
Avenida José Pedro, onde funciona a prefeitura municipal e o 3º atualmente na 7 de
Setembro. Assembleia de Deus quer dizer “agrupamento das pessoas de Deus”.
Igreja Evangélica em Bom Jardim
ASSEMBLEIA DE DEUS MADUREIRA (do texto abaixo)
Chegaram em Bom Jardim os primeiros missionários em julho de 1999,
localizando-se no Bairro Santa Clara.
A igreja realiza durante o ano as festas: Círculo de oração, no mês de novembro, confraternização da mocidade em dezembro, batismo nas águas para
remissão dos pecados. Além de evangelizar trás os jovens para ensiná-los as doutrinas
bíblicas, as almas para o reino de Deus, se relacionam da melhor maneira com a comunidade, respeitando-a.
Em 2000, a igreja tinha em média 50 membros. A primeira família Madureira
em Bom Jardim era composta de Paulo César Silva Azevedo e esposa. O nome Assembleia de Deus da Madureira provém de um bairro de São Paulo e é uma
ramificação da Assembleia de Deus.
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103 TESTEMUNHAS DE JEOVÁ
A igreja Testemunhas de Jeová chegou em Bom Jardim em 1º de Agosto de 1990, com o objetivo de efetuar uma obra bíblica, a saber, proclamar o reino de Jeová.
Os primeiros representantes das testemunhas de Jeová em Bom Jardim foram: José
Antonio da Silva e Eliseu Antonio Malhas Gomes. E são tidos como “pioneiros” em Bom
Jardim.
A história moderna das testemunhas de Jeová assumiu forma há pouco mais
de um século. No começo da década de 1870, iniciou-se um pequeno grupo de estudos bíblicos na cidade de Allegheny, Pensilvânia, EUA, agora parte de Pittsburgh. Charles
Tase Russel foi seu primeiro promotor.
Chamam o nome de Deus de Jeová porque segundo a versão Almeida, revista e corrigida, da Bíblia no Salmo 83:18, diz: “Para que as pessoas saibam que tu, a quem
só pertence o nome de Jeová, és o altíssimo sobre toda a terra”. Porque o nome
Testemunhas de Jeová? É com base em Isaías 43:10 que diz: “Vós sois minhas
testemunhas”, é a pronunciação de Jeová.
Igreja Universal do Reino de Deus
A igreja Universal do Reino de Deus foi fundada por Edir Macedo no Brasil no
ano de 1977. Antes de se auto proclamar "Bispo", Macedo trabalhou como caixeiro da
loteria no estado do Rio de Janeiro.
Aos 20 anos abandonou o catolicismo e se converteu ao pentecostalismo,
ingressando à denominada Igreja Nova Vida. Permaneceu ali durante 10 anos antes de
abandoná-la - segundo disse- por ser "elitista". Em 1977, junto com um grupo de amigos abriu um pequeno local em um bairro pobre do Rio de Janeiro. Declarou se
"bispo" e fundou a Igreja Universal do Reino de Deus. Nos primeiros anos apenas
sobrevivia economicamente até que uma crente vendeu um terreno e lhe doou o dinheiro. Nesse momento comprou 10 minutos por dia na Rádio Metropolitana.
Começou o êxito.
Em 1980 tinha várias horas de rádio e uma hora de televisão no canal Rio Tupi.
Abriu um local na cidade de São Paulo e em 1982 comprou a primeira emissora de rádio
-Rio Copacabana -. Seu carisma falte de limites e o uso de técnicas de manipulação
produziram uma explosão em sua igreja e um crescimento incomparável.
Em que Acreditam
A Igreja Universal é similar a outros evangélicos pentecostais. Por exemplo, crêem na deidade de Jesus Cristo, a Trindade, a ressurreição corporal de Jesus Cristo
e a salvação pela graça através da fé.
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104 Entretanto, Macedo incorporou novos elementos a sua doutrina que pouco têm a
ver com o bíblico. Para curar-se vendem "pedras da tumba de Jesus", " a água benta
do rio Jordão", "a rosa milagrosa", "sal abençoado pelo Espírito Santo". A igreja universal foi fundada em Bom Jardim em 2001. Foi trazida pelo
pastor Abel, com a colaboração da professora Areny. O organizador é o pastor Júnior.
Atualmente em Bom Jardim, a igreja universal é coordenada pelo pastor Marcelino
(2005).
Imagens de Todas Igrejas de Bom Jardim Ano: 2014
Apenas as Igrejas da Sede. Existem também dezenas de igrejas espalhadas na zona rural de Bom
Jardim.
Igreja Matriz Nova de Bom Jardim – MA Igreja Matriz Antiga de Bom Jardim -
MA
Igreja Assembleia de Deus Salão do Reino das Testemunhas de Jeová
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105
Igreja Universal do Reino de Deus
Assembleia de Deus Preparando Vidas. CohabPastor Fundador: Pastor Carlos, Bom Jardim (A
da porta verde).
Igreja Adventista do 7º Dia (Rua 7 de Setembro
Igreja Batista Betel - Rua 7 de Setembro Igreja Santa Luzia (Católica) - Alto dos Praxedes
Igreja Adventista - 7º Dia (Extensão) Igreja Santa Maria Madalena. Alto dos
Praxeses
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106
Igreja Assembleia de Deus - Alto dos Praxedes (Extensão)
Igreja Assembleias de Deus - Congregação Monte Tabor. Bairro São Bernardo(verde)
Igreja Assembleia de Deus Nova Canaã Igreja Santa Joana Dark. Bairro Joana Dark.
Igreja Católica Nossa Senhora da Conceição. Vila Muniz
Igreja Assembleia de Deus. Vila Muniz. (de Barras azuis)
Igreja Mundial do Poder de Deus Igreja Assembleia de Deus - Missões. Rua Maranhão
Sobrinho
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107
Igreja Adventista. Ação Solidária Adventista (Extensão)
Assembleia de Deus Nacional. Bairro Santa Clara.
Igreja Assembleia de Deus (Extensão) Bairro Santa Clara
.Igreja Assembleia de Deus Madereira. Bairro Santa Clara.
Igreja Assembleia de Deus C. Betel. Bairro Nova Esperança
Congregação de YAOHUDIM
18 A MAÇONARIA EM BOM JARDIM
Em Bom Jardim a maçonaria foi fundada em 15 de abril de 1980. O Venerável Mestre
da Maçonaria no município foi Luiz Bezerra Linhares, conhecido por “Luiz do Posto”,
falecido em 2003. Este é um dos mais altos cargos da maçonaria. Segundo o venerável mestre, numa entrevista realizada em setembro de
2001, a Maçonaria é uma sociedade filantrópica sem fins lucrativos, ou seja, não tem
como meta alcançar riqueza com pacto com o demônio como as pessoas pensam; como toda sociedade, a maçonaria dedica-se a ajudar os que os procuram através de carta
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108 (que é enviada por meio de membros, sem identificação). Funciona tipo uma
irmandade.
Em Bom Jardim, só existiam até 2005, oito adeptos, pois vários já existiram, mas como deixaram de participar das reuniões que tem como sede Zé Doca, todas às sextas feiras,
estes foram afastados. As mulheres não podem participar das reuniões porque há
segredos que não podem ser revelados. Há um mito de que a pessoa maçônica teria
que dar o filho primogênito para o demônio. O venerável mestre, como é conhecido o superior maçônico, discordou
dizendo que não existe nenhum acordo deste tipo, pois a sociedade tem como livro
supremo A Bíblia Sagrada.
As festas realizadas na maçonaria são as festas brancas para iniciar uma
pessoa na sociedade e as festas de exaltação para promoção de cargos. O vocábulo – Maçonaria – derivou do termo francês – maçon, que traduzido
para o português, quer dizer – “pedreiro”. Eis como se justifica o motivo dos maçons
serem conhecidos como “pedreiros livres”. Os antigos pedreiros de profissão da Europa
exerciam seus misteres isoladamente. Com o passar do tempo, reconheceram as irrefutáveis vantagens de se associarem para melhor proveito na defesa de seus
direitos e interesses. Resolveram, então formarem-se em sociedade, à qual
emprestaram o nome simbólico de Maçonaria. Uma vez agrupados e constituídos em sociedade, começaram logo a ser procurados por outros de funções diferentes, tais
como arquiteto, carpinteiros, pintores, etc. Então, estes lhes propuseram uma união na
qual se estruturaria o fortalecimento da Associação. A Maçonaria proclama, desde a sua origem, a existência de um Princípio Criador, ao
qual, em respeito a todas as religiões, denomina Grande Arquiteto do Universo.
A Maçonaria constitui-se numa escola, impondo-se o seguinte programa:
a) Obedecer às leis do país; b) Viver segundo os ditames da honra;
c) Praticar justiça;
d) Amar o próximo; e) Trabalhar pelo progresso do homem.
A Maçonaria proíbe discussão político-partidária e religioso-sectária em seus templos.
Proclama os seguintes princípios:
a) Amar a Deus, a Pátria, a Família e a Humanidade; b) Praticar a beneficência, de modo discreto, sem humilhar; exigir de seus
membros boa reputação moral, cívica, social e familiar, pugnando pelo
aperfeiçoamento dos costumes.
Na história da Maçonaria brasileira, os maçons republicanos criaram Gabinetes de
Leitura, que eram pequenas bibliotecas que alugavam livros. Tinham o objetivo
iluminista de esclarecer a população. Os maçons também abriram escolas para alfabetizar adultos pobres, dentro do ideal ilustrado de “educar para libertar”.
Aproveitavam as aulas para divulgar o ideal republicano.
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109 19 RELIGIÕES AFRO - MACUMBA, UMBANDA E CANDOMBLÉ
As religiões afro ou oriundas da África foram introduzidas no Brasil na época
da colonização brasileira. Com a trazida de escravos para o Brasil, vindo também sua
cultura, hábitos e costumes religiosos.
É impossível termos uma visão detalhada sobre a Macumba, Umbanda e o Candomblé, a não ser que partamos no sentido da origem destes rituais, que se
fundamentam na religião Yorubá.
A Religião Yorubá
Esta tem sido a religião de povos que vivem no oeste africano, mais
precisamente na Nigéria e em Benim. Tem-se caracterizado, há séculos, como um
conjunto de práticas e de rituais que visam adorar a natureza e reverenciar os
ancestrais. A religião Yorubá é essencialmente politeísta, pois adoram e servem a falsos deuses a quem chamam de Orixás.
Na concepção nigeriana de adoração, prestam cultos a entidades as quais, segundo
acreditam, manifestam-se em uma relação com a natureza. Tais entidades (espíritos) possuem personalidade, e dentre os mais conhecidos estão: Ogun, Oxossi, Obatalá,
Iemanjá, Xangô, Oxum, Oiá, Orulá e Babalú Aiê. Muitos religiosos acreditam que os
orixás são demônios.
Os orixás são arquétipos de uma atividade ou função e representam as forças que controlam a natureza e seus fenômenos, tais como as águas, o vento, as florestas, os
rios, etc. Cada Orixá tem um dia da semana a ele consagrado.
O panteão africano constitui-se basicamente por sete Orixás Maiores e ainda por muitos Orixás Menores. Os primeiros são voltados para o lado mais divino da obra de
Deus. Os últimos, são mais ligados à própria natureza humana.
Os “orixás’, ao presidirem a própria natureza através de seus agentes, trariam em si características de personalidade que os ligariam a determinados estados evolutivos da
espécie humana. A vibração provocada pelo tipo de personalidade de um certo
indivíduo, vai colocá-lo sob a influência de determinado “orixá”. Diz-se,então, que ele
é oriundo daquela faixa psíquica, ou como fazem no Candomblé, que ele é “filho de Santo”.
A origem dos orixás, segundo as lendas do povo africano, é a fragmentação do
pensamento criativo, quando este, por sua vontade, vai presidir a criação de determinado orbe. Os orixás não estariam sujeitos à evolução, embora fossem ligados
aos Espíritos que o estão, pela afinidade vibratória que os caracterizam.
Religiões Afro Brasileira
Na última década, o candomblé cresceu e a umbanda encolheu. Principais
religiões africanas trazidas pelos escravos ao Brasil (como citado anteriormente), de acordo como Censo de 2000, elas têm 571,3 mil praticantes no total, o que corresponde
a 0,3% da população.
Um dos principais motivos para a diminuição do número de umbandistas, segundo estudiosos, seria o avanço pentecostal na mesma área em que a umbanda
atua. Valendo-se do rádio, os pentecostais ganham simpatizantes em faixas da
população que antes freqüentavam terreiros, além das pregações “picantes” sobre o assunto. A maior concentração de devotos declarados das religiões afro-brasileiras está
no estado do Rio Grande do Sul, seguido de Rio de Janeiro e Bahia.
Durante décadas, as religiões afro-brasileiras foram um mundo à parte,
fechado, dentro da cultura brasileira. A partir do século XX, elas ganharam relevância nos livros de escritores de grande popularidade, como Jorge Amado, e nas canções da
bossa nova, cultuadas pela classe média.
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110 Candomblé – Os escravos vindos da África Ocidental entre os séculos 16 e 19
trouxeram o candomblé para o Brasil. A religião sofreu grande repressão dos
colonizadores portugueses, que a consideravam feitiçaria. Para sobreviver às perseguições, os adeptos passaram a associar os orixás aos santos católicos. Esse
fenômeno é conhecido como sincretismo religioso, ou seja, uma mistura de elementos
de diferentes crenças.
As cerimônias de candomblé ocorrem em locais de culto chamados terreiros; sua preparação é fechada e envolve muitas vezes o sacrifício de pequenos animais.
As entidades dessas religiões africanas são dotadas de sentimentos humanos, como
ciúme, raiva e vaidade. A consulta aos orixás é realizada por meio de jogos de adivinhação, como o de búzios. No Brasil, a religião cultua apenas 16 dos mais de 200
orixás existentes na África Ocidental e o deus supremo criador dos orixás, Olodumaré.
Os seguidores declarados do candomblé eram cerca de 107 mil em 1991 e quase 140 mil em 2000, o que representa um crescimento de 30,8%.
Umbanda – Religião brasileira nascida no Rio de Janeiro, na década de 1920, a partir
da mistura de crenças e rituais africanos e europeus. Suas raízes se encontram em duas religiões trazidas da África pelos escravos: a cabula, dos bantos, e o candomblé,
da nação nagô. A umbanda considera o Universo povoado por entidades espirituais, os
guias, que entram em contato com os homens por intermédio de um (médium), que os incorpora. Tais guias se apresentam por meio de figuras como o caboclo, o preto-
velho e a pomba-gira. Os elementos africanos misturam-se ao catolicismo, criando a
identificação de orixás com pai de santos. Outras influências são o espiritismo kardecista, os ritos indígenas e práticas mágicas européias. A umbanda contava com
cerca de 542 mil devotos declarados em 1991, mas teve queda em 2000, o que equivale
a uma perda de 20,2% de seus praticantes.
O SINCRETISMO DOS ORIXÁS E OS SANTOS CATÓLICOS NO BRASIL
Orixás Relação com os santos católicos
Oxalá O mais elevado dos
deuses Iorubás.
Nosso Senhor do Bonfim
Ogum Deus dos guerreiros Santo Antonio, na Bahia
São Jorge, no Rio de Janeiro
Xangô Deus do trovão São Jerônimo
Oxum Deusa das águas doces,
da fecundidade e do
amor
Nossa senhora das candeias, na Bahia
Nossa senhora dos prazeres, Recife
Oiá-Iansã Deusa das tempestades, dos ventos e dos
relâmpagos
Santa Bárbara
Oxóssi Deus dos caçadores São Jorge, na Bahia São Sebastião, no Rio de Janeiro
Iemanjá Deusa dos mares e
oceanos
Nossa senhora da Imaculada Conceição
Obaluaê/Omolu Deus da varíola e das
doenças
São Lázaro e São Roque, na Bahia
São Sebastião
Oxumaré Deus da chuva e do arco-
íres
São Bartolomeu
Exu Mensageiro e guardião
dos Templos, das casas e
das pessoas
Diabo
Ossain Divindade das plantas
medicinais e litúrgicas
São Benedito
Obá Deusa dos rios Santa Catarina
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111 Nana Deusa da lama Sant´Ána (Nossa Senhora Santana)
Logun Edé
Deus andrógino
considerado - o príncipe das matas
Santo Expedito
Ibejis Deuses da alegria, das
brincadeiras e da
infância
São Cosme e Damião
Olodumaré
Deus supremo. Criador
dos Orixás
Nenhum culto nem santo católicolhe é
destinado. Fonte: Orixás, Deuses Iorubas na África e no Novo Mundo, de Pierre Verger – Editora Corrupio in Coleção Almanaque Abril/2005.
Existe na zona urbana de Bom Jardim cerca de 9 terreiros (ou tendas) entre umbandas
e candomblé. No entanto, a pesquisa foi realizada apenas com as duas tendas abaixo:
TENDA SANTO ANTONIO (em Bom Jardim)
Maria Marques Nascimento, Presidente da União Espírita de Bom Jardim
forneceu dados curiosos a respeito da Umbanda, juntamente com a irmã Maria dos Reis
Nascimento Gomes, que apesar de não serem gêmeas sentem as mesmas enfermidade, as mesmas dores nos mesmos lugares. São proprietárias sócias da tenda Santo Antonio,
em homenagem ao pai de ambas. A tenda foi fundada em 29 de setembro de 1971 com
um alvará de funcionamento expedido pelo Juiz Raimundo Trindade; foi o primeiro salão de Umbanda a funcionar em Bom Jardim.
Segundo Nezinha, a umbanda é uma religião da fé, esperança e caridade
onde seus seguidores têm que seguir na íntegra os dez mandamentos da lei de Deus, cumprir a missão que cada um trás e obedecer para poder diminuir os sofrimentos da
matéria, pois através da obediência é que a graça é alcançada; as referidas se
caracterizam como um aparelho para receber mensagens dos orixás e é uma situação
congênita que não pode ser negada, tem que ser vivida para chamar os guias. Há um ritual com base na oração e muita concentração positiva que não há tempo
determinado. O santo que rege a umbanda é Jeová Deus e Santo Antonio (CIC). Ao
nos referirmos ao tambor, Nezinha relatou que é um símbolo de manifestações de alegria, mas, que pode atrair espíritos bons e maus. Os adeptos da umbanda ao
desobedecerem os preceito e religiosos recebem castigos que podem vir de várias
formas, tanto pode ser através de enfermidades, um negócio com prejuízo até bater as mãos numa pedra que se encontra na Tenda, este castigo é manifestado nas reuniões
quando os orixás se apossam da pessoa.
A responsabilidade da mãe de santo é cuidar das pessoas com problemas
espirituais para que ela possa se desenvolver (fazer a cabeça) para receber os orixás ou mesmo ficar apenas como guia.
No meio do salão existe uma haste com um círculo de cimento ao redor
chamado GUNA, que representa as forças da água e do fogo – as quais representam o equilíbrio. Na umbanda existem certas proibições como: não usar short, e as chamadas
roupas devassas, as restrições se estendem ao cigarro, bebidas alcoólicas e certas
comidas como surubim, jabuti, veado sutinga e etc.; segundo ela, são proibições feitas
pelos orixás. Em Bom Jardim existem aproximadamente 950 membros da umbanda.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
112 TENDA SÃO RAIMUNDO (em Bom Jardim)
Sendo proprietário o senhor Raimundo Nonato Pereira, nascido no dia 18 de
janeiro de 1955, segue o candomblé, e é filho de Iancã e Ogum.
A vida espiritual do pai de santo iniciou-se aos sete anos de idade e o primeiro
encontro foi Oxossi Maitá. Pelo fato de não aceitar-se como aparelho, passou nove anos doente, então foi levado a Tenda Santo Antonio a procura de tratamento, onde a mãe
de Santo Nezinha lhe fez entender que a única saída era trabalhar, ao contrário seria
fatal para ele. A partir de então, Raimundo da Xandoca, como é conhecido, passou a exercer a função de aparelho, sem local determinado até conseguir uma Tenda com
licença judicial para trabalhar, isto aconteceu no Povoado Igarapé do Jardim, neste
município, onde trabalhou durante onze anos, depois se mudou para Bom Jardim em 1991, sendo fundador do candomblé nesta cidade. Segundo Raimundo, o candomblé
é uma festa fetichista afro brasileira, também chamada macumba, tendo como ponto
de origem a Bahia (que a importou da África na bagagem dos negros no período da
escravidão – grifo meu), e foi fundado por mãe Menininha do Cantuá. A doutrina do candomblé é ditada por vários guias que são eles: João de Arubatão, que é
contramestre, ou seja não é o mestre desta Tenda, Maria Légua Bugi Trindade, que é
filha de Légua Bugi, a Pomba Gira e o Tranca Rua. De todos esses guias, a Maria Légua é a única da linha branca e os outros fazem parte da linha negra. O santo que rege o
candomblé (segundo ele - CIC) é o rei soberano e Jesus Cristo que no Candomblé é
Oxalá. Os festejos nesta Tenda são: Santa Bárbara, São Raimundo, O Sagrado Coração de Maria. Essas festas são indispensáveis na Tenda São Raimundo.
O ritual usado para chamar os guias é Oração e concentração com o
pensamento voltado para aquele guia que o aparelho quer receber. Existem imposições feitas pelos guias que, segundo Raimundo, tem que ser
cumprida, uma delas é não comer pimenta e a outra é que 30 dias antes de receber o
guia não pode manter relações sexuais para que estejam com o corpo limpo.
A sigla CIC – quando usada designa que o autor não é responsável pela afirmação feita. Exime-o do que foi
dito e responsabiliza o que afirmou.
Tenda São José em Bom Jardim
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
113 20- A POPULAÇÃO INDÍGENA
20.1 População Indígena Mundial
Estima-se que existam hoje no mundo pelo menos 5 mil povos indígenas,
somando cerca de 350 milhões de pessoas, representando 5% da população mundial.
A população indígena mundial vive em zonas que contém 60% dos recursos naturais do planeta”. Não admira, portanto, que surjam inúmeros conflitos pelo
domínio das terras. (...) A exploração de recursos naturais (petróleo e minas) e o
turismo são as principais indústrias que ameaçam os territórios indígenas na América”, segundo a OIT (Organização Internacional do
Trabalho). Estudo das Nações Unidas afirmam também que 80% dos indígenas da
América Latina vivem na pobreza.
2 Panorama Maranhense da População Indígena
No Maranhão existem 16 áreas indígenas habitadas por aproximadamente
19.000 pessoas pertencentes a 8 povos. São eles:
Awá Guajá Krikati
Guajajara Ramkokam
Kaápor Apaniekiá
Pukobye Krêpum Katoyê
O total das áreas indígena corresponde a 5,8% da superfície do Estado do Maranhão.
Das 1.908.389 ha. / desse total, 330.000 ha. estão degradadas, invadidas e
destruídas, essa área corresponde a 17,2% do total das superfícies das áreas indígenas. Os índios do Estado do Maranhão falam duas línguas: tupi-guarani e o macrojê.
A educação indígena é destaque no Maranhão. Atualmente, sete dos oito povos
são atendidos por ações que vão desde a construção de escolas indígenas e implantação de ensino regular bilíngüe. Ao todas são 226 escolas espalhadas pelas Terras Indígenas
presentes no estado, atendendo 11.338 alunos indígenas, matriculados em 2006. (Fonte: Jornal Pequeno – redaçã[email protected]) in 2006
20.4 A POPULAÇÃO GUAJAJARA
Os Guajajara é um povo que, há centenas de anos, batalha para manter-se
vivo, resguardando a essência de sua cultura e conservando a especificidade que o faz diferente dos outros povos indígenas e da sociedade nacional. Distribuem-se em 10
localidades pelo Estado do Maranhão.
As áreas habitadas por Guajajara, são:
1- Área Indígena Carú 2- Área Indígena Pindaré
3- Área Indígena Araribóia
4- Área Indígena Bacurizinho 5- Área Indígena Cana Brava
6- Área Indígena Geralda/ Toco Preto
7- Área Indígena Lagoa Comprida 8- Área Indígena Morro Branco
9- Área Indígena Rodeador
10- Área Indígena Governador
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
114
Os Tenetehara/ Guajajara são em sua maioria bilíngüe, falam o tupi-guarani e o
português. Sendo a população indígena do estado em número de 19.000 habitantes, desse número, os guajajara são cerca de 14.000 pessoas distribuídas em dez áreas.
Sendo de longe, o povo mais numeroso do Brasil ocupa a região Centro Sul do
Maranhão. É o povo que tem um contato secular com a sociedade não-indígena. Isto
lhe confere uma enorme capacidade de articular, negociar, reivindicar junto à sociedade como um todo. Tenetehara significa “gente verdadeira”. Assim se definem os Guajajara
do Maranhão, que habitam as dez áreas, todas regularizadas. Apesar disso, algumas
apresentam graves problemas de invasão.
20.5 A POPULAÇÃO INDÍGENA DE BOM JARDIM
Em Bom Jardim vamos encontrar duas reservas indígenas, a do Rio Pindaré e a do Carú. É uma população bilíngue em sua maioria, falando o tupi-guarani e o português.
A população indígena dessas duas reservas é de 1.179 habitantes (2005),
correspondendo a 3,42% da população bonjardinense. Ainda não possuem um vocabulário escrito (mas já estão trabalhando para este fim). Existem escolas indígenas
em Bom Jardim na aldeia. E as aulas são trabalhadas a base do diálogo. As duas línguas
(português e tupi) prevalecem na prática pedagógica da educação indígena.
Não sendo diferente do que acontece a nível nacional, a população guajajara
de Bom Jardim também passa pelo processo de aculturação, ou seja, pelo intercâmbio
cultural entre a língua deles e seus costumes na relação com o mundo civilizado através da televisão dentro das aldeias e os contatos que se processam na língua portuguesa.
Isto, ditado pelas necessidades de relações, que acontecem em nossa língua e nossos
costumes, eles vão esquecendo seus costumes e sua língua e incorporando os nossos e a língua do mundo civilizado. E para reforçar essa aculturação, segundo Alzenira
Guajajara, Professora indígena, as aulas são ministradas com mais frequência na língua
portuguesa. Em 2002, um grupo de índios formandos em magistério de várias aldeias
elaborou o dicionário da língua tupi-guarani (os guajajara). Pois há muito tempo são
tidos por uma população ágrafa (sem escrita). O dicionário por eles elaborado ainda
não saiu sua publicação. O dicionário conserva a língua, e conservando a língua conserva a cultura.
Eles têm total assistência médica e os professores são indígenas.
ÁREA INDÍGENA - PINDARÉ
Localiza-se no município de Bom Jardim e tem uma extensão de 15.004 ha.
Sendo uma população de 980 habitantes (índios). São compostos por cinco aldeias. A
aldeia corresponde a uma aglomeração de pessoas. Esta reserva foi demarcada pela firma PLANTEL, foi homologada e, sucessivamente, registrada no cartório de Bom
Jardim em 1982. As aldeias maiores são Januária e sede do Posto da Funai.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
115 LOCALIZAÇÃO E NOME DAS ALDEIAS INDÍGENAS EM BOM
JARDIM
No sentido Bom Jardim Santa Inês, 08/2013
Bom
Jardim
Santa
Inês
Zé Boeiro
Tirirical
1
2
3
4
5
1- Piçarra Preta
2- Aldeia Novo Planeta
3- Aldeia Areal
4- Aldeia Sede: Januária
5- Aldeia Tabocão
Existem também mais duas aldeias
menores (próximas as citadas): Aldeia Nova e
Areinha
Cada aldeia tem um Cacique, que também
é um representante político.
Ao todos estima-se um total de 1.200
índios, na comunidade onde funciona o
ensino médio e há um ônibus que faz a
nucleação e transporte dos mesmos para a
escola sede, na aldeia Januária.
Além destas aldeias, existem outras, como
a Aldeia Maçaranduba (com cerca de 320
habitantes) – que se localiza entre o
povoado Minerim (do Município de Alto
Alegre do Pinaré e o Povoado Novo Caru
(Bom Jardim). Tal como uma pequena
população AWÁ GUAJÁ que se distribui
ao longo do rio e região Caru.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
116 ÁREA INDÍGENA – CARU
A área Indígena Carú, limitada pelos rios Pindaré e Carú está também situada no município de Bom Jardim.
Foi demarcada em 1977, homologada e registrada em 1982, com uma
extensão de 175.000 ha. E hospeda cerca de 199 Guajajaras, que permanecem sob a
jurisdição do Posto Indígena do Carú, sediada na aldeia Massaranduba, além de cerca de 100 Guajás, que vivem nas proximidades do Posto Indígena AWÁ, e outros grupos
de guajás, espalhados na mata sem ter algum contato com a sociedade.
20.6 Estrutura da Sociedade Guajajara
A capacidade intrínseca de adaptação a novas situações e a novos ambientes
– essa agilidade cultural – é uma característica comum a todas as cultura tupi-guarani.
O princípio da organização social tupi-guarani são ao mesmo tempo, ou antes, princípios metafísicos. (Castro, apud Ubialli, 1997).
Há portanto, na cultura tupi-guarani “excesso de cosmologia sobre a
sociologia. (ibidem p. 95). Aparentemente, a sociedade guajajara apresenta-se mais como um aglomerado de famílias, distribuídas em várias aldeias ou num determinado
território do que como uma organização social, coesa como instituições estáveis e
diferenciadas. O que realmente se constata na sociedade guajajara é a ausência de
um poder central e de um governo. Isso suscita a impressão de que o anarquismo seja o específico da sociedade guajajara, caracterizando todo o complexo de suas relações
seja interna ou externa.
São famílias que exercem o poder na aldeia. Certamente a sociedade guajajara está perpassada por uma ambivalência que
parece ser uma contradição intrínseca no sentido de que é uma sociedade que se denota
pela ausência de uma ordem institucionalizada mas que, contemporaneamente, sente a exigência da presença de uma “autoridade” para controlar as “desordens”. É uma
sociedade em que coexistem a exigência de uma ordem e de um comando e a negação
de um poder institucionalizado.
É preciso destacar que, em compensação à falta de uma organização social
forte, na sociedade guajajara, há uma produção mitológica muito rica e vasta como
expressão da sua visão cosmológica e religiosa. Ainda hoje a vida dos guajajara é regida por esses princípios metafísicos. A
interferência do sobrenatural é constante e proeminente em todas as suas atividades –
produtivas e culturais – e relações sociais. A cultura guajajara apresenta a pessoa como uma unidade composta de um corpo e duas almas. Na cultura guajajara a pessoa se
torna o centro e o objeto das atenções da comunidade desde o nascimento.
A pessoa é o indivíduo concreto com seu nome, com suas especificidades, que
procura realizar sua felicidade pessoal, dentro do sistema organizativo da família, através da aquisição dos poderes de Ma´íra, (o criador, grande pajé e grande
guerreiro). O guajajara é constantemente incentivado a amadurecer sua personalidade
e a aperfeiçoar suas qualidades. O pajé e o cantor são os únicos sujeitos que, dentro da comunidade guajajara,
manifestam certa especialização e cumprem o papel específico de manter vivos os
mitos e os conceitos cosmológicos dos quais eles detêm os conhecimentos. De fato, para poder curar e cantar precisa conhecer tudo a respeito dos
espíritos, da natureza e dos rituais.
No processo de preservação e manutenção da cultura, as mulheres desenham
uma função fundamental porque elas providenciam e preparam tudo o que é necessário (enfeites, pinturas, cigarros) para a realização dos rituais e das festas e acompanham
as músicas dos cantores. O canto expressa todo ideário cosmológico, simbólico e
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117 religioso do universo guajajara. O canto é importante porque manifesta as fontes
do poder como conhecimento das forças sobrenaturais e naturais.
Ávida dos guajajara se balança entre o sobrenatural e o natural. Nessa peleja de poder dominar e controlar as forças sobrenaturais e naturais, sobressai a importância
da pessoa posta no centro dos dois universos. A figura do pajé reflete a ambivalência
e a tensão contraditória da cultura guajajara: ele é necessário porque cura; é perigoso
porque pode virar feiticeiro e prejudicar os membros do seu grupo.
O Povo Awá Guajá
Os Awuá Guajás são um povo de língua tupi-guarani presente em três terras
indígenas no estado do Maranhão – TI Caru, TI Awá e TI Alto Turiaçú - , com uma
população considerada de recente contato de mais de 400 pessoas, além de outros
grupos que vivem isolados.
Os Awá-Guajá, segundo reportagem do Jornal O Globo (08-08-2013), presentam
“uma história de resistência contra o desmatamento e o extermínio da população
conhecida como a mais ameaçada do planeta”. Historicamente, toda a subsistência
deles está na caça e na coleta. Eles dependem diretamente da floresta para viver” (Uirá
Garcia, 2013).
Junto com a Reserva Biológica do Gurupi, o território dos Awá-Guajá forma um
mosaico de áreas protegidas, chamado “Mosaico Gurupi”. Mesmo sendo uma região
com alto nível de proteção ambiental, dentro dessa área também estão grileiros e
madeireiros que derrubam inconsequentemente a floresta, encurralando os índios.
“Essa área da Amazônia é única, porque é a porta de entrada da floresta, e algumas
espécies só existem lá”, cita a reportagem. Eles foram contatados a partir de 1979, e
alguns indivíduos permanecem fugindo do contato com os brancos. Apesar de a sua
terra já estar demarcada, homologada e registrada pela União, eles enfrentam uma
ameaça real. Ainda que a justiça já tenha determinado a retirada dos não-índios de seu
território, os Awá temem pela própria sobrevivência.
Foto: Márcio Gomes, 1981.
Em 1961, o Presidente Jânio Quadros cria a Reserva Florestal do Gurupi, no
estado do Maranhão, com 1,6 milhão de hectares, por meio de Decreto nº 51.026 de
25/07/1961, sendo reconhecido o direito de ocupação dos indígenas que nela
habitavam.
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118 Em 1992 a Terra Indígena Awá é declarada como de posse permanente dos
Awá-Guajá, para efeito de demarcação, por meio da Portaria nº 373 de 27.07.1992
(DOU 29-7-1992, P.10.116), com uma superfície aproximada de 118.000 há (cento e
dezoito mil hectares), e perímetro aproximado de 190 km), considerando que a
declaração de ocupação tradicional indígena e definição de limite propostos visavam
assegurar a proteção territorial ao povo indígena Awá-Guajá.
Na década de 1980, a Funai reconheceu as Terras Indígenas Alto Turiaçu e
Caru, que se encontravam no perímetro da Reserva Florestal do Gurupi, e a Reserva
foi desmembrada. Uma área foi interditada para proteção dos Awá-Guajá, que já
estavam em número bastante reduzido à época, e foi criada a Reserva Biológica Gurupi.
Embora a TI Awá seja a única das três destinada à posse exclusiva dos Awá-Guajá, há
aldeias desse povo na TI Alto Turiaçu, coabitada por Ka´apor e na Caru com a presença
dos Guajajaras. A contiguidade das terras faz com que elas formem um complexo de
áreas disponíveis para a posse de grupos Awá-Guajá, que dão condições mínimas para
manterem as formas tradicionais de ocupação territorial.
Em 2012, após vários anos de disputa judicial, o Tribunal Regional Federal da
1ª Região julga todos os recursos improcedentes e confirma a validade da Portaria
373/92 do Ministério da Justiça, que declarou a Terra Indígena Awá como de uso
permanente do povo Awá-Guajá. A decisão, de março de 2012, confirma ainda a
nulidade de todos os efeitos da sentença e determinando que a Funai/União promova a
retirada de todos os ocupantes não indígenas da TI Awá.
Segundo Miriam Leitão (08/2013), “Ao ficarem tão aferrados, tão vinculados
à terra, esses índios estão na verdade prestando um serviço ambiental a todos os
brasileiros. Nós precisamos da floresta também, nós precisamos que eles estejam lá.
Precisamos que eles sobrevivam. Precisamos dessa sócio diversidade que o Brasil tem.
O Brasil precisa da sua diversidade – de gente e de floresta. Eles ajudam”. Eles vivem,
ajudam e protegem.
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119
MAPA DA RESERVA INDÍGENA AWÁ GUAJÁ
Fonte: http://www.funai.gov.br 08/2013
Atualmente, as áreas de ocupação pelos não-índios abriga um total de 1.200 famílias
que abrangem geograficamente áreas dos municípios na região de São João do Carú, o
Ibama e a Funai juntamente com o Exército Nacional, a Polícia Federal e Rodoviária e
a Força Nacional articularam-se para tomar uma grande área de terras onde vivem esse
contingente para cedê-las a 400 índios.
A área engloba os municípios de São João do Carú, Governador Newton Bello, Zé
Doca e Centro Novo Com e com a desapropriação mais de 40 mil pessoas serão
afetadas indiretamente. O Presidente da Comissão em Defesa dos Proprietários e
Agricultores, Arnaldo Lacerda, afirma que falta atenção com os proprietários da região
por parte do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, já que essa área não foi
demarcada como indígena.
Existe na região a denúncia de ação ilegal de madeireiros e, para proteger a mata, a
área estaria sendo reivindicada.
www.bomjardimma.com in 08-2013
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120 20.7 As Crendices Indígenas
Existem várias lendas, entre elas o mito de Ma´íra que os índios acreditam ser
o criador dos fenômenos da natureza como a chuva, o fogo e a água. Os índios tupi guaranis acreditam que Ma´íra, o seu protetor, é criador dos índios. Para eles, o sol e
a lua são fontes de vidas e procuram sistematizar suas vidas através desses dois astros.
A lua é chamada de Zahy por ter brilho frio, inexplicável e o sol é chamado de Zai Tata que significa fogo, por ter um brilho quente. Os índios ainda conservam os rituais como
a cura da pajelança que é feita pelo Pajé, onde ele fala com os espíritos para saber se
pode ou não tratar a pessoa que está doente; um índio só sai para buscar assistência
médica com autorização do Pajé. Outro ritual é quando um curumim começa andar, organizam uma caçada e todas as caças encontradas são usadas em cerimônia para
pedir proteção. Ao curumim pintam-no com líquido retirado do jenipapo verde que fica
de cor preta e com o urucum, após enfeitado com penas da ararajuba, do pica-pau do tucano e plumagem de socó; da carne das caças são feito um angu com farinha azeda
que é dada ao curumim. A noite todos cantam ao som do maracá, o Pajé usa uma
liturgia para falar com os antepassados e pedir proteção ao curumim. Os casamentos indígenas eram feitos através de uma negociação entre os
pais dos noivos, onde as crianças eram separadas uma para o outro, sendo a criada
pelo pai dos noivos, até a primeira menstruação quando é feita uma grande festa, onde
a moça é pintada todo o corpo e então está pronta para casar. O homem só está pronto quando muda a voz, após o casamento não pode haver separação. Um fato
curioso é que um homem pode namorar várias mulheres ao mesmo tempo, convivendo
na mesma casa pacificamente. Anteriormente quando um índio morria era colocado dentro de um buraco
sentado e nunca mais seus familiares passariam por aquele lugar, pois acreditavam que
os espíritos que o matou poderiam matá-los. Este era o motivo de serem nômades. Os índios não tiravam fotos, pois acreditavam que a alma das pessoas
fotografadas ficaria presa ao papel, e por este motivo morreriam.
Hoje, a aldeia Januária vive em condições tipicamente normais como os
chamados brancos; ainda conservam muitas lendas e mitos, porém a maior parte dos valores antigos foram deixados de lado. Já não são nômades, convivendo assim com
seus mortos em suas sepulturas.
20.8 Lendas e Mitos dos Guajajara
O Encanto do Ouro
“Havia um casal de índios meus antepassados, que recebeu do Governo uma
fábrica de para fazer dinheiro. Moedas de ouro. Aí os brancos souberam e começaram a aperrear os índios. Sendo que estava morrendo muita gente por causa disso, o velho
índio, dono da fábrica, e a mulher dele decidiram acabar com a fábrica e a jogaram num
poção chamado de Mineiro Velho. Quanto ao dinheiro, eles enterraram os dois baús e dois fornos na boca de um igarapé que fica entre a boca do Carú e o atual povoado
Novo Carú.
Os brancos prenderam o casal e o levaram não sei para onde. Mas o velho índio e a mulher nunca revelaram o segredo e morreram por lá. Alguns índios foram
atrás da velha índia empregada do grande chefe, dono da fábrica. Ela também conhecia
o segredo. Estes índios, novos, (novo não é gente), levaram a velha, de canoa, próximo
do lugar. A velha tinha revelado que os caixões estavam com armas carregadas de maneira que quem mexesse morreria. Então precisava uma reza muito forte para poder
desarmar os caixões. A velha foi, rezou, mas escutou os índios, que esperavam na
canoa, dizer que iam matá-la depois de pegar o ouro. Então a velha castigou os moleques. Pronto, nunca mais.
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121 Eles pegavam o ouro lá numa serra do Carú. Havia uma grande pedra
luminosa que clareava as redondezas. E no chão muitas pedras. Eram como tantas
faíscas. Os índios brincavam com as pedras jogando-as um contra o outro. Os brancos souberam e foram atrás das pedras dos índios. Começaram a trocar pedras por facas e
outras coisas. Um belo dia os brancos quiseram olhar a grande pedra luminosa. Alguns
índios os levaram para ver. Mas a serra encantou-se: nunca mais a acharam.
Cipriano Viana Guajajara.
Ma´íra, Criador dos Tenetehara “Os Tenetehara se referem aos sobrenaturais pela designação genérica
karowara, porém os distinguem em menos quatro categorias: criadores ou heróis
culturais, a quem atribuem a criação e transformação do mundo; os “donos” da floresta e das águas e dos rios; os azang, espíritos errantes dos mortos; espíritos de animais.
Os heróis culturais são sobrenaturais, porém não no sentido de divindade que seja
necessário propiciar e reverenciar - são criadores cujos efeitos lendários explicam a
origem das coisas e do homem. Na mitologia são descritos como homens dotados de imenso poder sobrenatural. Viveram algum tempo na terra, que abandonaram pela
residência eterna na “aldeia dos sobrenaturais” (Karowara-nekwawo). Os heróis
culturais criaram o homem, deram-lhe conhecimento das causas e trouxeram-lhe os alimentos. Hoje, porém, estão demasiado distante e já não dominam o homem e o
mundo em que ele vive.
Ma´íra é o mais importante desses heróis. Segundo a lenda, ele viajou pela
terra em busca da “Terra Bonita” (ywy porang). Onde encontrou o lugar ideal, aí criou o homem e a mulher. O casal vivia em condições ideais até que Ywan, o dono da água,
atraiu a mulher e copulou com ela. O homem ignorava o coito até que Ma´íra lhe
mandou ver o que acontecia à mulher. Ma´íra, após o homem e a mulher terem procriado, falou-lhes: “de agora em
diante, vocês terão um filho e morrerão, o filho de vocês terá um filho e também
morrerá”. Ma´íra ensinou ao homem a plantar mandioca e a fazer farinha. No princípio a mandioca se levantava por si mesma e amadurecia em um dia; porém a humanidade
duvidou de Ma´íra e ele, em represália, fez a mandioca amadurecer lentamente. Hoje
os Tenetehara têm que esperar todo o inverno para colher as raízes e, para seu plantio,
é grande o esforço de derrubar a mata e preparar a roça. Ma´íra trouxe algodão e ensinou como tecer as redes; roubou o fogo aos urubus e ensinou o homem a assar
carne, ao invés de deixa-la secar ao sol. Cansado de viajar pela terra, Ma´íra retirou-
se para Karaowawo onde ainda hoje vive uma vida de abundância. Antes de Ma´íra, os Tenetehara não sabiam nada, eram bestas” (Galvão e Waglei apud Ubialli 1997).
Pelas façanhas, portanto, Ma´íra foi o maior pajé e o maior guerreiro da terra
pois ele possuía poderes imensuráveis, criando e dominando os homens e a natureza. Ma´íra ainda representa, talvez a nível de inconsciente, um certo ideal para os
Tenetehara cuja maior aspiração é transferir os poderes dele para seu próprio domínio.
Na festa do “moqueado”,durante a qual os rapazes, que celebram a passagem da
infância para a idade adulta, são iniciados a serem pajés e guerreiros, transparece o anseio profundo dos Guajajaras de adquirir o domínio sobre a natureza e os homens.
Coisa que nunca acontecerá de forma perfeita assim como se realizou em
Ma´íra, porém sempre sobejará como ideal a ser alcançado pelos Tenetehara.
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122 FROTA DE BOM JARDIM-MA/ 2006 - 2009 2012
Automóvel - tipo de Veículo--------161 automóveis 296
Caminhão - tipo de veículo--------47 caminhões 79 96
Caminhonete – tipo de veículo ------35 caminhonetes 88 150
Micro-ônibus - Tipo de veículo----5 micro-ônibus 4 6
Motocicleta – Tipo de veículo ------656 Motocicletas 1.301 2.450
Motoneta – Tipo de veículo --------70 motonetas 135 209
Ônibus – Tipo de veículo-----------3 ônibus 6 7
Total geral de veículos no município em 2012: 3.452
Fonte: IBGE/DENATRAN – 2006/2012
21 ASPECTOS ECONÔMICOS DE BOM JARDIM
(DADOS EVOLUTIVOS)
Até a metade da década de 60, o crescimento econômico de Bom Jardim era
motivado pelas riquezas das matas virgens e terras devolutas. A fertilidade da terra
proporcionava fabulosa produção de arroz, motivo que levava a expansão da população do povoado. Todos os dias chegavam famílias de outras localidades do Maranhão e
também cearenses e piauienses que iam estabelecendo-se umas com comércio, outras
com lavouras. Os migrantes construíam seus barracos até a noite à luz do petromax e a querosene fornecido pelo fundador do lugar.
O comércio desenvolvia-se extraordinariamente, destacando-se a compra de
arroz e babaçu para a exportação. A maior parte dos agricultores trabalha em terras de propriedades privadas
em forma de aforamento (arrendatários), pagando dois alqueires de arroz com casca
(60 quilos) por linha de roça. Uma linha de roça é 25 braças, cada braça mede 2,2m.
Os posseiros e os proprietários usam como mão de obra o diarista e a força familiar. O plantio, em sua maioria, é feito no toco sem emprego de semente
especializada.
Atualmente, destaca-se na produção agrícola: arroz, milho, feijão, cana de açúcar, mandioca, soja. Sendo os principais frutos: banana, laranja, abacaxi e
melancia. O produto número um na produção municipal foi e continua sendo o arroz.
Bom Jardim já foi um dos maiores produtores e exportadores de arroz do Maranhão, um verdadeiro “garimpo agrícola”.
INDICADORES DA ECONOMIA BONJARDINENSE
Agricultura: 21%
Pecuária: 56,4%
Indústria: 0,3% Serviço: 22,3% Fonte: IBGE/2000
Vale lembrar que na atualidade a piscicultura também representa peso na economia
municipal no sistema de criatórios em açudes.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
123
DADOS EVOLUTIVOS DA ECONOMIA DE BOM JARDIM –
AGROPECUÁRIA Ano Produto Área
Plantada
Produção Esperada
(t)
Rendimento Médio
Esperado (kg/hectares)
2004
Arroz 7.000
hectares
8.400 toneladas 1.200 kg/hectares
Feijão 467
hectares
256 toneladas 548 kg/hectares
Milho 4.000
hectares
2.600 toneladas 650 kg/hectares
Cana de
Açúcar
11 hectares 231 toneladas 21.000 kg/hectares
Mandioca 1.019
hectares
9.171 toneladas 9.000 kg/hectares
Produção
Bovina
*
bubalino(búfalo)
93.969 cabeças
*3.708
2005
Arroz 7.500
hectares
9.000 toneladas 1.200 kg/hectares
Feijão 500
hectares
281 toneladas 562 kg/hectares
Milho 4.285
hectares
2.571 toneladas 600 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
11 hectares 220 toneladas 20.000 kg/hectares
Mandioca 5.000
hectares
45.000 toneladas 9.000 kg/hectares
Produção
Bovina
*
bubalino(cabeças
141.623 cabeças
* 3.522
2006
Arroz 7.000
hectares
8.400 toneladas 1.200 kg/hectares
Feijão 467
hectares
256 toneladas 548 kg/hectares
Milho 4.000
hectares
2.600 toneladas 650 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
11 hectares 231 toneladas 21.000 kg/hectares
Mandioca 1.019
hectares
9.171 toneladas 9.000 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
144.455 cabeças
* 3.345
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
124
Fonte: IBGE 2013-12-18
2007
Arroz 7.474
hectares
8.221 toneladas 1.099 kg/hectares
Feijão 605
hectares
295 toneladas 487 kg/hectares
Milho 4.300
hectares
2.408 toneladas 560 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares
Mandioca 7.370
hectares
67.670 toneladas 10.000 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
153.309 cabeças
* 2.676
2008
Arroz 5.322
hectares
5.322 toneladas 1.000 kg/hectares
Feijão 638
hectares
327 toneladas 512 kg/hectares
Milho 3.037
hectares
1.822 toneladas 599 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares
Mandioca 5.250
hectares
52.500 toneladas 10.000 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
145.644 cabeças
* 2.542
2009
Arroz 6.510
hectares
2.950 toneladas 453 kg/hectares
Feijão 680
hectares
295 toneladas 433 kg/hectares
Milho 3.544
hectares
2.126 toneladas 599 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
NÃO CONSTA NÃO CONSTA NÃO CONSTA
Mandioca 5.250
hectares
39.375 toneladas 7.500 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
169.045 cabeças
* 2.415
2010
Arroz 7.000
hectares
7.020 toneladas 1.002 kg/ hectares
Feijão 910
hectares
489 toneladas 537 kg/hectares
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
125
Conforme pesquisa realizada com técnicos da Secretaria de Agricultura, os indicadores
de produção agrícola do município fornecidos ao IBGE (pela Secretaria) passam por
uma avaliação técnica, e não é mero resultado de média aritmética ou ponderada de
estimativas numéricas – e sim são determinados por fatores de contextos interno e
externo como: a falta de transporte na Secretaria para a mobilização e deslocamento de
um trabalho mais dinâmico de encontro com a situação real a se oferecer aos agentes
da produção local e acompanhamento no que diz respeito à Assistência Técnica. Outros
fatores também que influenciam consideravelmente é a distribuição de lotes de
Milho 7.150
hectares
2.145 toneladas 300 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
20 hectares 400 toneladas 20.000 kg/hectares
Mandioca 7.000
hectares
52.500 toneladas 7.500 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
182.069 cabeças
* 427
2011
Arroz 6.237
hectares
7.173 toneladas 1.150 kg/hectares
Feijão 735
hectares
386 toneladas 926 kg/hectares
Milho 6.453
hectares
5.162 toneladas 799 kg/hectares
Cana-de-
açúcar
Não consta Não consta Não consta
Mandioca 4.854
hectares
48.540 toneladas 10.000 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
156.084 cabeças
* 918
2012
Arroz 6.000
hectares
6.900 toneladas 1.150 kg/hectares
Feijão 660
hectares
341 toneladas 517 kg/hectares
Milho 6.000
hectares
4.500 toneladas 750kg/hectares
Cana-de-
açúcar
Não consta Não consta Não consta
Mandioca 3.450
hectares
33.810 toneladas 9.800 kg/hectares
Produção
bovina
*
bubalino(cabeças
185.913 cabeças
* 744
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
126 sementes(cujo volume, a nível de estado ocorre de modo desproporcional e sem
parâmetros pela SAGRIMA. Do mesmo modo, a distribuição de sementes no
município acontece de modo não muito criterioso. O desamparo no que diz respeito à
escoação da produção agrícola e incentivos. As condições climáticas (no caso de
estiagem), e a falta de uma estrutura permanente que monitore, implemente e agregue
a Agricultura Familiar da compra local (via merenda escolar), como determina as
regras do Sistema Educacional– numa perspectiva da sustentabilidade do Campo e
Cidade.
21.1 AGROPECUÁRIA BONJADINENSE
Os dois elementos de destaque na economia Municipal bonjardinense
atualmente são: Agricultura e Pecuária, que juntos representam 77,4% da receita Municipal. Fonte: IBGE/2000
Roças sob queimadas
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
127
Produção Agropecuária de Bom Jardim
GADO PEPINO, MACACHEIRA,PEPINOS ETC.
BANANA ABÓBORA POLPA S
ALFACE LIMÃO AÇAÍ Fonte: Secretaria de Agricultura/2006
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
128 21.4 RECURSOS NATURAIS E EXTRATIVISMO
21.5
Recursos naturais - são as riquezas encontradas na natureza, das quais o homem utiliza para complementar o necessário para a sua sobrevivência. As riquezas naturais
que mais se destacam no município, são: o extrativismo mineral, vegetal e animal.
O extrativismo é o método que o homem utiliza para extrair do solo, da
floresta e da água os recursos oferecidos pela natureza.
Os recursos minerais encontrados no município são: pedras, utilizadas nas construções de casas, calçamento, etc..., areia é encontrada em abundância e utilizadas
nas construções e outras localidades, pedra seixo empregada na construção de casas,
concretagem, asfalto, várias piçarreiras, etc.
Os recursos naturais vegetais são encontrados principalmente na zona rural, os quais são cedro, andiroba, pau d´árco, jatobá, sapucaia, Angelim (houve grande
redução dessas madeiras, em conseqüência de uma exploração sem preservação ou
reflorestamento. O extrativismo vegetal praticado em grande quantidade é o babaçu, palmeira
nativa e predominante em todo município, o qual é quebrado e vendido aos quilos para
os pequenos e médios comerciantes locais para o suprimento das necessidades básicas da família do homem do campo. Do babaçu tudo se aproveita; seus exploradores
utilizam o caule para fazer pontes sobre os igarapés, cerca, e, quando apodrecido, é
utilizado para adubos das plantas. Das amêndoas se faz o óleo. A palha das palmeiras
do coco babaçu serve para cobertura e construções de das paredes das casas, esteiras para portas e janelas, fazem também o abano, o cofo que tem várias utilidades, o
abano para ativar o fogo do carvão ou da lenha, etc. O talo da palha, conhecido por
“vara do coco” é também utilizado para a construção de casas em paredes de taipa e cerca. A casca do coco é transformada em carvão para ser utilizado na cozinha e em
pequenas siderurgias domésticas. A amêndoa, além de produzir por prensagem, óleo
rico em glicerina, láurica, utilizada na fabricação de gorduras alimentícias, saponáceas,
cosméticos, etc. A torta de amêndoa é excelente matéria-prima para a preparação de mingaus, cremes e doces de diferentes qualidades, ou para nutrição infantil. A
amêndoa, que é o produto mais importante do coco babaçu, é extraído pelas
quebradeiras de coco, vendido aos quilos para os comerciantes do povoado, os quais revendem aos exportadores para fabricação de óleo e os resíduos, são aproveitados
para a fabricação de outros produtos.
A babaçu, cujo nome científico é “bygnya Martiana” é a maior riqueza do extrativismo maranhense, pois se trata do produto de exportação mais importante do
Estado, pois o Maranhão apresenta a maior produção nacional.
IBGE 2005: Produção anual Carvão vegetal - quantidade produzida: 94.001 toneladas.
Madeira – lenhas – quantidade produzida: 936 metros cúbicos
Madeira em tora – quantidade produzida: 4.824 metros cúbicos. Oleaginosos – babaçu amêndoa – quantidade produzida: 1.555 toneladas.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
129
Coco babaçu
bagre do coco babaçu Quebradeira de coco em Bom Jardim/MA.
Bom Jardim tem belezas naturais como rio Pindaré, Carú e rio Poranguetê (ou
Azul) na região da Miril; existindo também muitas praias lacustres ao longo de seus cursos, rios esses que adentram o município.
O Vale Fértil do Nilo foi o que possibilitou a vivência e a economia do Egito em pleno deserto durante milhares de anos.
Os rios que cercam a cidade de Balsas (MA) é que propiciam, através de uma
política agrícola planejada fazer do município de Balsas, uma referência na agricultura a nível de Estado.
Bom Jardim é uma enorme área fértil banhada por dois rios e vários igarapés
que adentram e circundam o município, tornando-se igualmente potencial em
termos de fertilidade e terra boa para a agricultura. Persiste porém, uma forma primitiva e decadente de agricultura com desamparo para a questão agrícola em
larga escala e de apoio mecanizado. O que está faltando?
Nos primeiros dias da história de Bom
Jardim, o buriti era uma fruta muito
comum na lita dos produtos extrativistas.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
130
Extração Vegetal e Silvicultura
Matéria-Prima Quant. Toneladas Valor Produção
Madeira – Carvão vegetal 248 toneladas 161 mil reais
Madeira – Lenha 437 metros cúbicos 9 mil reais
Madeira em tora 2.633 metros cúbicos 491 mil reais
Produtos da Silvicultura –
Carvão vegetal
108.578 toneladas 23.887 mil
reais
Oleaginosas – babaçu,
amêndoa
782 toneladas 927 mil reais
Fonte: IBGE, 2012
22 A DECADÊNCIA AGRÍCOLA EM BOM JARDIM
No capítulo que antecede foram vistos dados da economia bonjardinense, nos que seguem serão abordados indicadores que revelam a má distribuição das terras, oriundas
de um processo histórico que se formou ao longo da história municipal, a queda na
produtividade e pesquisas e relatos que explicam a decadência agrícola no município em estudo. A qual reflete a grande desigualdade social e número de excluídos
existentes no município; inclusive dados evolutivos pesquisados em fontes oficiais
como: IBGE, Prefeitura Municipal de Bom Jardim, órgãos de Estado como GEPLAN
(Gerência de Planejamento). O município já teve expressiva produtividade de arroz no sistema manual. Apesar dessa produtividade ter sido através de uma forma tradicional
ou primitiva, assim como noutros municípios maranhenses, tal fato ostentou ao
município um título que informalmente poucos conhecem, de ter sido o maior produtor de arroz no sistema manual não só a nível de Estado e Brasil, como também da América
Latina. Comprovando o exposto, veja o que diz o senhor Ozimo Jansen, ex-vereador e
ex-funcionário da Fazenda Estadual na época, que relata uma reportagem que ouvira na Rádio Nacional de Brasília, em 1982, assim como outras pessoas:
“Em 18 de março de 1982, ouvi na Rádio Nacional de Brasília uma entrevista com um
técnico do Ministério da Agricultura. Quando o repórter o questiona sobre qual o município do Brasil, naquele momento era tido como o maior produtor de arroz no
sistema manual. A resposta foi:
“O município de Bom Jardim, no Estado do Maranhão é
considerado o maior produtor de arroz no sistema manual, não só
do Maranhão e do Brasil, mas também da América Latina”.
Secretaria de Agricultura de
Bom Jardim
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
131 Atualmente o município não ostenta mais esse título, devido uma variante
de fatores, entre eles, o desamparo de política agrícola ao longo de sucessivos
governos; a expulsão do homem do campo, empobrecimento do solo, o uso de técnicas ultrapassadas ou primitivas (através de roças sob queimadas), expropriação das terras
a latifundiários e fazendeiros que detém grandes extensões improdutivas; e uma baixa
renda familiar, que denota a situação de extrema pobreza. Comprovando o fato, não é
à-toa, que o município detém indicadores sociais assustadores, comparados com a média nacional. Esse é o Bom Jardim de 40 anos de emancipação que falta emancipar-
se daqueles que não têm compromisso”. Veja os dados abaixo:
IDH: 0,647 (2000)
Posição no rank nacional: 5.464º
Rank no Estado: 203º Índice de Analfabetismo: 42,5% (IBGE/2000)
Índice de analfabetismo 2010: 31,84%
Renda capita: R$: 535,47 (IBGE/2000)
Percebe-se no decurso da história municipal, a ausência de políticas planejadas
e a altura, voltadas para combater o problema que levou a essa decadência; ou uma
política de reversão da situação. Chega-se portanto, à conclusão que este “círculo vicioso de situação” vá longe, caso persista o referido desamparo (como acontece).
Observou-se em relatos e informações anteriores, que o município já teve seu
tempo áureo, relacionado à economia agrícola. Ao analisar que Bom Jardim sofreu decadência econômica relacionada à agricultura, é de suma importância a busca por
explicações no tocante ao fato, que se processou gradual e lentamente, na dinâmica da
contradição “não contrariada”; fatos estes, que se esclarecem através de relatos de
antigos e atuais líderes políticos que acompanharam a trajetória histórica e econômica do município.
ECONOMIA BONJARDINENSE
Veja gráficos abaixo que comprovam a queda na produção agrícola no município de Bom Jardim:
Produto Ano: 1993 Ano: 1994 Ano: 1995 Ano: 2000 2006
arroz
18.826 ton.
34.800 ton.
36.240 ton.
8.044 ton.
8.140 ton.
Feijão 293 ton.
Milho 2.349 ton.
Fonte: Sinopse Estatística do Maranhão/IPES. Prefeitura Municipal e GEPLAN/2006.
Os indicadores acima não constam dados do “período áureo” da agricultura no município, que datam da origem aos anos 80. Se compararmos a tabela da produção
agrícola com a pecuária, chegaremos a conclusão de que houve uma inversão de
cultura. Ou seja, a agricultura foi e continua sendo suplantada pela pecuária a cada ano no município. Os fazendeiros são na maioria pessoas ricas e de condição média.
Os agricultores, na maioria, pessoas de baixa renda. A grande concentração de terras,
às vezes improdutivas nas mãos de poucos exclui uma grande maioria da possibilidade de viver dignamente e produzir com sustentabilidade na terra.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
132 Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e
quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão – 2006
Produto Quantidade/ ton.
Arroz
8.140 ton.
Cana-de-açúcar 285 ton.
Feijão 293 ton.
Mandioca 67.500 ton.
Milho 2.349 ton.
Abacaxi 94 ton.
Melancia 242 ton.
Fonte: IBGE, 2006
Pecuária
Pecuária 1993 1994 1995 2000 2005
Bovinos: nºde
cabeças/ano
59.716
62.702
65.210
75.133
141.23
Fonte: IBGE/2005.
Observa-se uma evolução crescente na produção bovina do município. Sendo
que nos primeiros dias de sua história, eram insignificantes os indicadores nessa cultura.
Comparando os dados da agricultura com os da pecuária conclui-se o que foi
citado anteriormente “substituição de cultura”. Ou seja, houve uma drástica queda na produção agrícola, porém, em contrapartida, a pecuária se mantém num constante
crescimento.
Apresentando ela um grande peso na receita do município. Veja abaixo dados da
economia municipal distribuída por setores:
10,20%
0,36% 0,37%
83,29%
2,95% 0,11% 0,30%0,00%
10,00%
20,00%
30,00%
40,00%
50,00%
60,00%
70,00%
80,00%
90,00%
Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão – 2006
Principais Produtos Agrícolas (lavoura temporária), por rendimento médio e quantidade produzida, segundo os municípios – Maranhão –2006
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
133 Agropecuária 77,4%
Agricultura 56,4%
Indústria 0,3%
Serviços 22,3%
Fonte: IBGE/2005
Acerca dos problemas agrícolas no município como: queda na produção, elevação na pecuária, e expropriação das terras dos agricultores, veja o que dizem
antigos moradores e líderes políticos, conhecedores dessa realidade e da política local
e sua evolução histórica. Os quais dão possíveis explicações para a dinâmica de tais acontecimentos em nível de Bom Jardim, que é apenas um possível retalho do que pode
ter acontecido em outros municípios.
Resumo dos relatos que explicam a queda na produção agrícola no
município de Bom Jardim:
No princípio, grande número de agricultores apossaram-se das terras, dantes
devolutas. E seguiram na marcha produtiva, num processo de agricultura
primitiva, que ainda hoje se arrasta, amparado com política agrícola pouco significativa, que fosse (ou seja) capaz de dar à agricultura seu devido potencial
produtivo, que não só de subsistência, mas de valor comercial para a exportação
e gerar receita para o município. No chamado “tempo áureo” da economia agrícola no município quanto a grande produção de arroz, as terras eram do
povo, razão essa das grandes safras que o município já apresentou (mesmo
sendo na forma primitiva e com as grandes roças sob queimadas). No transcorrer dos anos, com a ausência de políticas públicas capazes e
eficientes no setor agrícola que amparasse o homem do campo no sentido fixá-
lo no campo, levou-os a expropriarem –se de suas terras, vendendo-as a
latifundiários e fazendeiros que iam comprando com a “situação”.
Na relação entre lavradores e comerciantes, muitos comerciantes enriqueceram,
pois os lavradores, através de suas necessidades básicas vendiam na palha sua produção agrícola como arroz, em troca das compras e produtos de primeira
necessidade como: querosene, açúcar, foice, machado, cotelo, remédio, roupas
e possíveis empréstimos em dinheiro. Fato este, que levou muitos lavradores a se endividarem, (tendo consequentemente que se expropriarem de suas terras).
Independente das “situações” houve também casos de pressão por parte de
latifundiários e fazendeiros que, quando os agricultores não queriam vender suas terras por livre “necessidade”, eram pressionados a vender por livre
“pressão”.
Há na educação do campo a ausência de um currículo disciplinar que eduque os habitantes para a vida e a função no campo. E para isto, uma ideia que defendo para o problema da educação rural além da implantação de técnicas agrícolas na grade curricular, é a implantação de EFAs – Escola Família Agrícola – que é realidade em muitos estados brasileiros e vem dando certo há mais de 40 anos. É um projeto que se fundamenta na pedagogia da alternância e embasa projeto político para a comunidade
rural a partir do papel social da escola. Essa pedagogia e ou projeto valoriza a história
local, modelo cultural e padrão de respeito aos direitos do homem do campo sem excluí-lo dos benefícios da cidade. Não é simples pedagogia que se apresenta e sim também, uma ação política para o homem do campo que se integra nesse modelo.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
134 AGRICULTURA
Predomina no município a exploração de subsistência, dentre os quais: arroz, milho e mandioca. A atividade agrícola contribui com a receita do município em torno de 21%.
(Fonte: IBGE/2000)
A agricultura é explorada, em grande parte, por pequenos produtores rurais.
Sabe-se que economicamente, a agricultura é muito importante para o desenvolvimento do município, mas esta não apresenta ultimamente bons índices de
produtividade. A estrutura agrária põe em evidência o latifúndio, onde se percebe, que
a maior parte das terras são ocupadas por latifundiários.
Números da produção agrícola no município de Bom Jardim
Cultura Área colhida (ha) Produção toneladas
Arroz 7.270 8.044
Milho 4.230 2.348
Feijão 310 152
Mandioca 768 7.128
Fonte: Pref. Municipal de Bom Jardim/e GEPLAN/2000.
Na tabela acima percebe-se que o produto número um na produtividade do município é o arroz, seguido do milho, como segundo produto mais produzido.
Segundo levantamento realizado no comércio comprador e exportador de castanha: a produção anual deste produto está em torno de 20 toneladas por safras.
Sendo uma atividade marginal (ou seja, produzida apenas no regime extrativista).
Apesar dessa produção, no município só é aproveitada a castanha, perdendo-se o caju,
com o qual poderia ser feito suco, doce, etc.
Bom Jardim não tem um projeto social de desenvolvimento sustentável integrado; nem no campo nem na cidade... Desenvolvimento sustentável é quando a comunidade no município atinge a capacidade da auto sustentabilidade, a autonomia do desenvolvimento e do crescimento econômico sem depender de assistencialismo nem o município ter que exportar a maioria de seus bens de consumo (agrícola) de fora, que gera uma evasão de capital que vai aquecer a economia e promover emprego e renda em outras cidades. A zona rural de Bom Jardim, onde se localiza 65% da população municipal e 98,3% das terras do município, era pra ter uma economia agrícola forte e auto sustentável que abastecesse o mercado local e garantisse a estabilidade do homem do campo no campo; mas a maioria dos produtos agrícolas consumidos em Bom Jardim vem de fora. Importamos frutas, verduras, legumes, arroz, feijão e outros para o sustento da população. Isso significa que não existe uma agricultura forte. O que existe em Bom Jardim é uma dependência do empreguismo da prefeitura, de aposentadorias, e de programas assistencialistas do
governo federal como bolsa escola, bolsa família... No entanto, existe um excelente programa do governo federal – O PRONAF (PROGRAMA NACIONAL DE AGRICULTURA FAMILIAR, e o programa de estado PRODIM- Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão, que é um Projeto de Redução da Pobreza Rural. Ou seja, temos todo um aparato institucional de programas a serviço do homem do campo, mas apesar de tudo, o município não apresenta uma agricultura fortalecida nem auto sustentável.
Agricultor de Bom Jardim - MA
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
135
Você sabia...
Que o maior abacaxi do mundo foi encontrado em Bom Jardim, Maranhão, em 1997. O abacaxi pesava 9 kg. Foi colhido na fazenda Santa Maria, de Joaquim Boanerges Ayres
Guimarães, que tinha cerca de 1500 pés de abacaxi. (Fonte: The Guiness Book of
Records, in 1998).
PECUÁRIA - A pecuária é uma das atividades de destaque no município de
Bom Jardim. Predomina a criação de bovinos, suínos, cabras e aves. A atividade
pecuária contribui em maior escala para a economia municipal: 56,4%.
Espécie Nº cabeças / Ano
2000
Nº cabeças /
Ano:2003
Nº de cabeças/
Ano 2012
Rebanho Cabeças Cabeças Cabeças
Bovinos 76.133 80.652 186.647
Suínos 6.145 3.182 4.030
Aves 84.000 36.082 n.c
Galinhas, galos, pintos, frangos
18.643
Caprinos 4.450 * 1.855
Ovinos (ovelhas,
carneiros)
3.556 * 1.299
Fonte: Prefeitura Municipal e GEPLA/2000/2003.
Como foi visto em tabelas anteriores, de que a produção bovina mantém-se
em crescente, estes são apenas números estimativos. Porém, a produção é bem maior,
segundo fonte municipal e de censitários.
PRODUÇÃO ANIMAL
Espécie Ano: 2001 Ano: 2003 Ano 2012
Quantidade Idem Idem
Leite de Vaca 1368.000 litros 2.398.000 litros. 2.073.000 litros
Leite de cabra 1000 litros Não consta Não consta
ovos 33.000 dúzias 22.000 dúzias 21.000 dúzias
Fonte: IBGE/GEPLAN-2003
É alta a produção animal em Bom Jardim, como leite e ovos. Portanto, essa produtividade não é canalizada na fabricação de produtos secundários, como queijo,
doce, etc. Que poderiam ser produzidos e exportados, gerando renda e emprego no
município.
O município tem vocação agrícola, e apresenta condições geográficas e climática para produzir em larga escala. Este fato se evidencia nos fundamentos da
história do município nos anos 80. Esta vocação se mostra imprescindívelmente clara
ao se analisar que 65% da população do município vivem em área rural. Mais ainda: 98,3% das terras do município se localizam na zona rural.
É absurdo quando se vê esses indicadores junto a uma situação paralela de
ausência de política agrícola planejada, “capaz e eficiente” de suprí-la e transformar o município num potencial em favor da população. Se isto não acontece, vem a significar,
portanto, o “estrangulamento” da vocação agrícola do referido município. Outro ponto
de “estrangulamento” é a forma primitiva de agricultura que se mantém, a qual,
praticada desde a fundação do município, propicia uma produção mínima e perniciosa ao meio ambiente (o caso das roças sob queimadas).
Foi observado que houve uma mudança de cultura. Nessa mudança, a
agricultura praticada pela maioria da classe de baixa renda encaminhou-se para a sua decadência. Ou seja, ao longo do processo histórico, por necessidades, frutos do
desamparo de políticas públicas para a questão agrária, que prendesse o homem do
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
136 campo no campo; Isto fez com que, apesar do tempo “áureo” só explorado e não
atualizado com a “modernidade ou era da máquina e do crédito”, levasse esses
agricultores cuja forma de cultura praticada na agricultura era “sofrida” e de subsistência a abandonarem ou venderem barato suas terras. Você caro leitor, pode
estar se perguntando: “Se 65% da população reside na zona rural, como não tem
terras, se é a maioria? Pois bem, Há uma alta concentração de terras nas mãos de
poucas pessoas. E enorme o número de habitantes que mal tem onde morar e apenas o fundo do quintal para ser suprido com a ciente política do governo, através da
agricultura familiar”. Isto fez com que, no transcorrer dos anos que se seguiram, a
economia agrícola passasse a representar pouco na receita municipal, que já exporta arroz de outros Estados.
Com a mudança da agricultura para a pecuária, um novo panorama de
proprietários se definiu no quadro de relações formadas, a qual apresenta-se hoje definida, cujos proprietários não são mais a classe de baixa renda, para não se dizer
pobre, e sim é composta de pessoas ricas e de classe média (fazendeiros e políticos,
em sua maioria).
Esta alta concentração de terras em posse de poucos, em detrimento de muitos é um fato excludente que alimenta a situação de pobreza e mantém o município
na baixa produtividade agrícola. Tudo isto se comprova quando analisamos que 50%
da classe produtora (entre arrendatários, parceiros, ocupantes, etc.) detêm apenas 1,9% das terras produtivas ou cultiváveis (veja gráfico abaixo). Fato este, que vem a
manter o status quo (estagnação e atraso) econômico do município e conservar da
situação de pobreza e dependência político-econômica de grande número de pessoas no referido local do presente trabalho. Comprometendo com isto a cidadania e a
liberdade de opção pelo voto em troca de “migalhas”, que para muitos políticos
corresponde “comprar o poder”; levando-os ao descompromisso. Isto não é um fato
isolado, existem muitos “bonjardins”.
22 Programas à Serviço da Agricultura em Bom Jardim
Programa Fome Zero – Se destina à compra local (da Agricultura Familiar). Em Bom Jardim existem 67 produtores cadastrados que
fornecem os produtos - que são destinados a complementar a merenda
escolar e saúde.
PRONAF – (Programa Nacional de Agricultura Familiar) - Trabalha com a liberação de linha de crédito para agricultores rurais com taxas de
juros mais baixas e prazos especiais de pagamento. Existem quatro
modalidades de PRONAF:
Pronaf A, B,C,D e E. Em Bom Jardim só opera o PRONAF: B, C, D e E.
B – É liberado a pequenos produtores (mine produção rural) para criação de
pequenos animais e hortas, com juro de 1% ao ano. Neste, existe bônus de
25% de abatimento do valor total da dívida quando pago em 1 ou 2 parcelas.
O valor do empréstimo é no valor de 1.500,00 reais. C – Libera recursos para o custeio de mandioca a taxa de juros de 4% ao
ano com valor liberado até R$ 6.000,00 (seis mil reais).
D – Libera recursos para investimentos na agropecuária –com juros de 4%
ao ano. Libera até R$ 15.000,00 (quinze mil reais). E – Destina à pecuária (especificamente para infra-estrutura em
propriedades) com juros de 7,25% ao ano.
PRODIM – Ou Programa de Desenvolvimento Integrado do Maranhão é
um Projeto de Redução da Pobreza Rural,criado desde 2002, e que
começou a liberar recursos a partir de 2006. Os recursos se direcionam ao
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
137 associativismo através de fundos perdidos do Banco Mundial em
parceria com o Governo do Estado. A contrapartida é de 15%, e pode ser
por meio de material ou mão de obra da comunidade beneficiada.
Os subprojetos financiados pelo PRODIM são classificados em cinco tipos: apoio à geração de renda, apoio à saúde e ao saneamento, apoio à educação,
apoio à cultura e à preservação ambiental.
Diante de todos esses serviços e vantagens, a Secretaria de Agricultura trabalha com uma equipe de técnicos agrícolas, médicos veterinários e
Assistente social auxiliando o homem do campo quando este necessita.
ASPECTOS INFRA-ESTRUTURAIS (FUNDIÁRIO, ENERGÉTICO E SISTEMA DE ÁGUA)
ESTRUTURA FUNDIÁRIA
Situação Nº de Estabelecimento Área (ha)
Proprietário 3.485 248.535
Arrendatário 2144 3.195
Ocupante 1.295 1554
Parceiro 37 55
Total 6.961 253.339
Fonte: Prefeitura Municipal e GEPLAN/2000
Observa-se no gráfico acima que, 50% dos proprietários de terras detêm
98,1% das terras cultiváveis ou agricultáveis. Isto significa que, 50% da população
economicamente ativa que vive da lavoura entre arrendatários, ocupantes e parceiros se encontram ocupando apenas 1,9% de terras cultiváveis no município.
SITUAÇÃO A NÍVEL DE BRASIL
Os estabelecimentos agrícolas no Brasil se dividem nos seguintes números:
- 4,3 milhões com áreas inferiores a 100 há*
- 470 mil com área de 100 ha a menos de 1.000ha
- 47 mil com área de 1000 ha
- 2,2 mil com áreas a partir de 10.000 ha e o restante sem declaração. *ha: hectare
Em relação à mão de obra, constatou-se o seguinte:
- Os estabelecimentos com menos de 10 ha absorvem 40,7% da mão de obra;
- Os de 100 ha a 1.000 ha absorvem 39,9% da mão-de-obra;
- Os acima de 1.000 há absorvem 4,2% da mão-de-obra.
A falta de uma política clara em relação aos direitos econômicos, sociais e culturais reflete também a falta de uma política de reforma agrária no Brasil. A concentração de terra no Brasil é uma das maiores do mundo. Cerca de 1% dos proprietários rurais detêm em torno de 46% de todas as terras. Dos aproximadamente 400 milhões de hectares titulados como propriedade privada, apenas 60 milhões de hectares são utilizados como lavoura. A Constituição brasileira determina que as terras que não cumprem sua função social devem ser desapropriadas para fins de reforma agrária. A função social da terra é determinada de
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
138 acordo com o nível de produtividade, além de critérios que incluem os direitos trabalhistas e a proteção ao meio ambiente.
Segundo o Correio Brasiliense, dos cerca de 5,5 milhões de
estabelecimentos rurais estimados no país, apenas 7.042 (0,13%) estão no
cadastro do Incra de imóveis rurais certificados, ou seja, que foram
georreferenciados e estão com toda a documentação em ordem. Constata-se, portanto, que a realização da reforma agrária no Brasil é
fundamental para resolver problemas econômicos e sociais no país.
Segundo os dados, existem 100 milhões de hectares de terras ociosas no Brasil.
Você sabia...
Que o “milagre Alemão” no pós-guerra após o Tratado de Versalhes que isolava
o país de qualquer relação comercial com outros países foi a REFORMA AGRÁRIA. O povo foi a verdadeira arma de produzir riquezas. No Brasil essas
riquezas (terras) estão nas mãos de uma minoria, inclusive estrangeiros na
Amazônia, que possuem área do tamanho do estado do Rio de Janeiro.
ÁREAS DE ASSENTAMENTOS DE BOM JARDIM
Nº
Nome
Setor Área (ha) Famílias assentadas
Incra Iterma
01 Amazônia X 4.530
02 Flecha/Gleba Juriti
X 2.160
03 Rio Ubin X 2.489
04 Santa
Antonio/Bela Vista
X 7.037
05 Varig X 18.799
06 Rosário/ Centro
Batista
X 5.021
07 Santa Lúcia X 385
08 Sambra X 23.010
Fonte: Prefeitura Municipal de Bom Jardim
Não sendo diferente das informações anteriores, observa-se um acentuado número de assentamentos na região da Miril, e com menos ocorrência no restante do
município, onde também há um grande número de pessoas que necessitam de terras
para plantar e sobreviver. Esses assentamentos se deram através do INCRA e do ITERMA. Nesse sentido, o processo de assentamentos e apropriações de terras é uma
forma de inclusão social voltada para o homem do campo. Em Bom Jardim grande é
o número de famílias sem terras para a agricultura, segundo GISTELINK, (UFGO, 2002) que afirma no gráfico abaixo:
Município Total de famílias que vivem
da lavoura:
Famílias sem terra para
desenvolver a agricultura
Bom Jardim 7.000 4.900
GISTELINK, UFGO, 2002
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
139 O processo de latifúndio nas terras do município é grande e, a cada
tempo que passa, verifica-se sua crescente ação expropriadora. Como
comprovações, o IBGE de 2010 revela um acentuado declínio da população rural
de Bom Jardim, seja por determinado fator, ou o abandono de políticas capazes para o campo. Por outro lado, ao longo da trajetória política no município, é
notório também gestores que, além de não resolverem o problema, ou não
saberem como lidar, ou não se importarem compraram grandes áreas de terras,
vendo no problema, uma oportunidade de negócio, contribuindo desta forma, para o latifúndio e concentração de renda. Não apenas gestores locais, mas
também de outras cidades, assim como grandes fazendeiros vão “adquirindo”,
contribuindo com o minifúndio. Como conseqüência, vários povoados estão
desaparecendo.
Infraestrutura Energética
Consumidores
Urbanos/ Rurais
Ano:1993
1994
1995
2002
2004
Total de
Consumidores
2.575 3.315 4.577 4.877 5.248
Consumo total 498.534 kwat
Receita Mensal
(2004)
123.387,35
Fonte: CEMAR/2004.
A CEMAR (Companhia Energética do Maranhão), como parte do Programa Nacional
de Desestatização do governo FHC, foi privatizada em 15 de junho de 2000, vendida
para o grupo americano PPL Global LLC (Pensylvania Power Light por meio de sua
controlada indireta Equatorial. Em 6 de março de 2004, GP Investimentos adquiriu o
controle da Equatorial. Em 6 de março de 2006, 46,25% do capital social ainda restante
da Equatorial é transferido para o PCC Latim American Power Found Ltd. Atualmente
a empresa tem 1,5 milhão de consumidores.
Lembrando que a ampliação do sistema energético e rede se deve a Programas Federais
– entre esses, o Programa Luz para Todos.
Nome dos povoados com eletrificação rural Km 18 Pedra de Areia Boa Esperança
Boa Esperança D´água Preta Galego Zé Boeiro
Oscar Barrote Boa Vista
Rapadura Velha Cassimiro Barraca Lavada
Centro Nascimento Gurvia Centro João Bastião
Barra do Galego Palmeira Comprada
REGIÃO DA MIRIL:
Unicem Escada do Carú Varig
Dois Irmãos Traíras Mutum
São Francisco Igarapé dos Índios Cristalândia
Santa Luz São Pedro do Carú Bela Vista
Rosário Canaã Fazenda Amazônia
Macaca Porto Seguro Sapucaia
Chapada Três Olhos D´água Novo Carú
Rapadurinha Turizinho do Augusto Brejo social
Vila Bandeirante São João do Turi Vila Novo Jardim
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
140 SISTEMA DE ÁGUA
Ano 2004
Nº de Consumidores 2.324
Faturamento Mensal R$: 24.125,04
Fonte: CAEMA/ Out. 2004.
Atualmente o sistema de água implantado no município ainda na gestão de
Gildásio Ferreira Brabo não apresenta eficiência no atendimento à demanda de consumo da população total, apresentando constantes faltas de água e a penalização dos
consumidores. Alega-se que é por razões de que a empresa esteja tendo déficit e ser
de alto custo a escavação de novos poços artesianos para suprir a demanda local assim como em outros. Há especulações de que poços artesianos cavados com recursos
Federais estejam sendo usados pela empresa (que pretende cobrar taxa/consumo),
que é um fato ilícito. Outro fato ainda mais grave que também vale ressaltar se dá nas informações da entrevista do ex-prefeito Gildásio Ferreira Brabo nas seguintes
palavras:
“A CAEMA foi implantada em Bom Jardim na minha gestão. E no contrato que assinei com a empresa rezava que, com 20 anos depois de sua implantação, o sistema de água
passaria para o município. E o direito de exploração pelo contrato se extinguiria. Ou
seja: seria municipalizada. Os 20 anos venceram no governo de Antônio Soares Pedrosa. No entanto, ninguém se importou”.
Ninguém se importou com esse grande benefício que o povo bonjardinense
deixou de usufruir durante 20 anos, inclusive a Câmara de Vereadores. Segundo o entrevistado, o contrato venceu. E a mais de 20 anos a empresa explora a água no
município sem sua renovação.
Essa é também a realidade em muitos outros municípios maranhenses. A especulação de muitos políticos “veteranos” é de que se municipalizar a água, a
situação se torne pior, porque vai ser mais gastos dos cofres públicos. No entanto,
pessoas que não são da ala política opinam que a municipalização da água tem tudo para dar certo. Onde afirmam que o ponto negativo para não ser bem sucedido, é caso
haja negligência e irresponsabilidade política que venha transformar a empresa numa
“vaca leiteira” de voto em período eleitoral. O ponto positivo para ser bem sucedido,
é a implementação de artigo na lei orgânica do município visando assegurar o patrimônio público como intocável e culminante de crime contra o mesmo. Quanto a
questão econômica, o município articularia projetos de poços artesianos através de
Associações (pois são mais de 100 em Bom Jardim). Lembrando que, o que foi colocado acima é Municipalizar e não Privatizar. Privatizar seria
a pior das alternativas, pois, a privatização de empresas públicas – onde se transfere riquezas sociais
para grupos capitalistas privados é a meta essencial da política neoliberal – que contribui para a
concentração de renda; e num estado como o Maranhão, com os atuais indicadores de pobreza e
desigualdade, - seria abrir mais esse abismo entre ricos e pobres.
Para muitos, a saída seria aparelhar os mecanismos administrativos (como já acontece), priorizar
cargos técnicos comprometidos com o desenvolvimento e crescimento da empresa e não torná-la
cabide de emprego de políticos, o que compromete sua eficiência e qualidade.
Reformada em 2009.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
141
Em alguns municípios a Caema implantou o Programa de Responsabilidade Social “Caema na
Escola”, de caráter educativo e informativo, que visa conscientizar a comunidade estudantil sobre as
questões ambientais como: A Importância da Água Tratada; Combate ao Desperdício de Água;
Preservação dos Recursos Hídricos; Correta Utilização de Esgotos e outros.
23.1 Infraestrutura Bancária e Histórico
Em 1978 foi fundado em Bom Jardim um posto do Banco do Brasil, cuja finalidade era apenas para o crédito rural. Os aposentados recebiam seus benefícios
em Santa Inês e lá também os comerciantes realizavam suas transações bancárias. Em
28 de outubro de 1985 foi fundada a agência bancária em Bom Jardim, sendo o Banco
do Brasil, cujo primeiro gerente foi o senhor Clédio de Campos. Entre 1995 a 1996, o Banco do Brasil em Bom Jardim esteve às portas de
fechar. Devido a pouca circulação de moeda no município, repercutindo em poucas
transações e depósitos ali efetuados. Ficou evidente a importância e impacto que a prefeitura, como um dos maiores empregadores e fonte de renda representa na
economia municipal.
Para salvar a situação os aposentados concordaram em contribuir dos seus benefícios em favor do banco a título de contribuição. Houve também alguns
empresários que efetuaram depósitos para evitar seu fechamento.
Atualmente o município se desenvolveu bastante, vieram muitas lojas, gerando
empregos e aquecendo mais a economia municipal. Diante dessa realidade, reduziu-se bastante os riscos de fechamento da referida agência. Lembrando que o que mantém
a vida economicamente ativa do município são 4.200 aposentados que todo mês
recebem seus benefícios e 1212 funcionários da prefeitura além de funcionários do Estado (FUNASA e Educação). Esses são os principais fatores em torno dos quais circula
a economia bonjardinense, além da agropecuária que representa 77,4% da receita do
município.
Hoje o Banco do Brasil apresenta uma infra-estrutura moderna com atendimento eletrônico em terminais através dos quais os clientes realizam suas
transações bancárias como: saques, empréstimos, depósitos e emissão de cheques e
extratos. O município possuiu também uma agência do banco Banorte, que foi fundada
em julho de 1981, tendo como primeiro gerente o Senhor Rivaldo Sousa Guerra. É
considerada a primeira agência bancária do município, pois quando esta foi fundada como agência, o Banco do Brasil já existia não como agência e sim como posto do Banco
do Brasil. A agência Banorte fechou em 1986. Um dos seus últimos gerentes muito
conhecido foi o senhor João Vivaldo Carneiro Macias.
Banco do Brasil em Bom Jardim
CAEMA: Companhia de Água e Esgotos do
Maranhão em Bom Jardim.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
Adilson Motta
142
PROPOSTAS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
A BOM JARDIM
Programas Sociais e Qualidade de Vida
Programa de erradicação do analfabetismo. Aproveitar-se-á todos os programas já existentes
(Avança Brasil e Alfabetização Solidária) e será ampliado outros de cunho municipal. Meta de redução do analfabetismo: 3% a 5% ao ano. Bom Jardim apresenta 33,21% de analfabetismo (IBGE, 2010), o mesmo é o índice do Brasil dos anos 70.
Política Habitacional através de projetos habitacionais (com mutirões ou melhoria para construção de casas de tijolos e telhas), pois é grande o número de pessoas que moram em condições subumanas (em casas de taipas com coberturas de palha). Fonte: Programa Minha Casa e outros em articulação de projetos via associativismo e cooperativismo.
Política de Geração de Emprego e Renda, com a implantação de cursos Técnicos Profissionalizantes através de convênios com SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial), CEFET/IFMA e cursos voltados para a agricultura e o desenvolvimento sustentável do campo e cidade.
Criação de um Banco do Povo com Fundo Municipal e taxa de 1%/mês destinados ao micro e pequeno
empreendedor (formal e informal).
Propostas para a Educação
Ampliação ao atendimento à demanda do Ensino Médio.
Atendimento à demanda na Educação Infantil, que é mínimo - a qual é de suma importância para reduzir
as altas reprovações e evasões que ocorrem nas séries iniciais do ensino fundamental.
Instalação de Biblioteca nas escolas rurais para fomentar a leitura e a pesquisa e laboratórios de
informática.
Programa de inclusão digital– com laboratório de informática, Internet e cursos básicos oferecidos à
população.
Implantação da Política Salarial de Plano de Cargo e Carreira na Educação, que vise segurar os
professores a nível superior, sob o risco do município perdê-los a outros estados e municípios.
Um Centro de Cultura Popular com fundo de amparo e direcionamento de projetos às fontes oficiais
de recursos. O qual funcionará como o ponto de cultura local (quadrilhas, carimbo, mangaba, tambor
de crioula, arte cênica, histórias popular, Bumba-meu-boi, etc). Sugestão de Hélio Capoeirista.
Continuação à política educacional de formação a nível superior, melhores salários e bolsa de estudo a
educadores.
Construção de quadras esportivas nas adjacências das escolas como incentivo à educação física, lazer
e professores para a respectiva disciplina.
Eleição de Diretores nas escolas pela comunidade escolar (onde pais e alunos poderão votar e escolher
a direção escolar). Já é realidade em muitos municípios e estados brasileiros – e corresponde
democratizar a escola.
Implantação de Escolas Polo que agregue todas mais distanciadas com poucos alunos.
Para isto, é necessário um sistema de transporte (nucleação) permanente na localidade
(povoado) onde situa esssas escola Polos para o transporte dos referidos alunos.
Criação de um Setor de Patrimônio Público
Criação de um Setor Patrimonial ligado ao almoxarifado, sendo encarregado de fazer o levantamento dos bens móveis e imóveis do município através do “selo patrimonial” para preservá-los da “rapinagem” quando na mudança de gestores. Será o local onde os bens móveis e imóveis públicos devem ser registrados e fiscalizados.
Radiografia de uma cidade brasileira. Bom Jardim – Maranhão
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143 Propostas para a Agricultura
Implantação de uma Política Agrícola no Município, pois 59% da população é rural; e
implementação da disciplina de Técnicas agrícolas nas escolas rurais com área para aulas práticas.
Campo Agrícola Comunitário e hortas comunitárias para promover o desenvolvimento
sustentável rural - com leis permanentes implementadas na Lei Orgânica com fins de preservação como patrimônio municipal - Para servir à população sem terra e de baixa renda. Com loteamento e apoio técnico do município.
Construção de uma casa do Agricultor para ampará-los quando se encontrarem ou vierem
para a zona urbana venderem seus produtos, etc. (Para que isso não se transforme numa arma política de favoritismo nas mãos de políticos) oportunistas.
Apoio à Agricultura Familiar – com crédito rotativo para fomentar a produção de subsistência
e abastecimento ao mercado local. Apoio ao Associativismo e Cooperativismo na aquisição de terras (que se encontram
devolutas) e apoio técnico na elaboração de projetos para incentivo à produção agrícola. Projeto Mecanizar Minha Terra - através da Secretaria de Agricultura com apoio técnico a
custo zero aos agricultores. Criação de um Sistema de Transporte a serviço do Agricultor para transportar sua produção
agrícola possibilitando-lhe escoar sua produção com potencial de competir no mercado local ou “Feira Livre”.
Meio Ambiente
Delimitação e preservação às áreas de preservação ambiental de Bom Jardim (lagos e igarapés) que circundam e adentram o perímetro urbano, onde a densidade demográfica é de 107 (hab km²) habitantes por quilômetros quadrados.
* Revitalização e arborização nas margens e nascentes dos igarapés de Bom Jardim.
* Criação e implantação de uma Unidade de Preservação Municipal com base na lei 85/2000.
* Implantação da Política de Resíduos Sólidos em Parceria Público Privado para o processo da coleta seletiva.
* Projeto de Recuperação das Matas Ciliares às Margens do Rio Pindaré e Caru.
Saneamento Básico
Saneamento Básico e construção de um sistema de esgotos no município, pois toda
“rede” se interliga despejando seus dejetos nos igarapés comprometendo seus
ecossistemas e expondo em risco a saúde pública, bem como a qualidade de vida.
Infraestrutura
Empiçarramento e (abaloamento das estradas vicinais para escoação da
produção e locomoção da população rural à sede municipal). Asfaltamento das estradas Bom Jardim – Santa Luz e Bom Jardim – São João
do Caru (em parceria, ou seja: entre os dois municípios de interesse) junto ao governo do estado.
Asfaltamento do centro de todos os povoados da zona rural ou bloqueteamento infraestruturado com sarjetas.
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144 PROMOÇÃO HUMANA:
Propostas de Inclusão Social da Juventude em Políticas Públicas
Criação de uma Secretaria de Juventude com fundo municipal (que vise integrar o jovem nas políticas sociais do município) com incentivo para que esta promova ações culturais, cursos voltados para a juventude e trabalho de formação de consciência e cidadania.
Casa do Idoso (para amparo e acolhimento).
Implantação de creches
Construção de creches para crianças de 3 anos com acompanhamento especializado (psicólogo e pediatra) – como apoio às mães que trabalham ou estudam e não tem com quem deixar os filhos.
Propostas de Transparência Governamental e Combate a Corrupção
Dinamizar o envolvimento da comunidade no Orçamento Participativo (PPA), pois, o mesmo
é uma forma de controle social que, além de levar transparência da aplicação dos recursos públicos é uma forma de combate à corrupção. Bem como mobilizar a participação da sociedade civil organizada (associações, sindicatos e igrejas) em audiência pública trimestral com o Gestor para esclarecimento dos gastos orçamentários. Com poderes de decisão para estabelecer auditoria e sindicância interna.
Criação de um serviço de Disk Denúncia (Anticorrupção) para combater a fraude nas
secretarias (tipo: superfaturamento de nota fiscal ou forjação de notas para desvio de dinheiro público).
Lei Anti Nepotismo
É uma proposta a ser encaminhada a Câmara de Vereadores implementada na Lei
Orgânica Municipal. O nepotismo alimenta a corrupção. A proposta é tornar proibida
a prática do nepotismo em todos os níveis da administração pública municipal de Bom
Jardim. Será uma legislação altamente benéfica ao interesse público.
REGIÃO DA MIRIL, VARIG, BREJO SOCIAL, AEROPORTO...
Criação de uma Subprefeitura na região (Miril, Brejo Social, Aeroporto -com dinamização de uma política especial voltada para a região contemplada na proposta de desenvolvimento: Infraestrutura, Saúde, Agropecuária e Educação).
Articular ações no sentido de promover emancipação política da região tendo em vista a distância, isolamento social, assim como a dificuldade de acesso e sua administração.
MERCADO INFORMAL, AÇÕESADMINISTRATIVAS, TURISMO EDESENVOLVIMENTO
Construção de um Centro Informal de trabalho e Fundo de Amparo Avalizado ao Micro Empreendedorismo (MEI). Beneficiários: Vendedores ambulantes, celeiros, sapateiros, sacoleiras (os), costureiras e outros.
Fazer o aproveitamento do potencial turístico que o município oferece, (nunca explorado nas políticas públicas) nas margens dos rios Caru e Pindaré com suas praias lacustres (com a construção de cais, balneário . e arborização em suas adjacências).
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145
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho, retratando Bom Jardim em sua dimensão histórica,
geográfica, cultural e sua problemática, é uma verdadeira radiografia municipal. Mas os problemas em muitos municípios são comuns, configurando uma mesma situação
que está presente em muitos “bonjardins”.
É um material informativo de grande importância para conscientizar os cidadãos
bonjardinenses de sua história, geografia e realidade. Trabalho este, apresentado na sua 1ª edição, também visa auxiliar nas aulas de História e Geografia do município nas
escolas de ensino Fundamental e Médio. Sendo uma contribuição para uma educação
contextual. É preciso, pois, conhecer a realidade social, índices e indicadores de
necessidades, ou seja, desmascarar a realidade para que esta possa revelar os desafios
a serem enfrentados no campo das políticas sociais. Quanto à importância da geografia, que se desdobra em física e humana,
percebe-se que, dentro do fazer histórico fazemos também a geografia (no campo físico,
social e político); abstraindo-se deste modo, que o poder de interferência e
transformação da realidade vem do poder de informação que se tem da mesma. Desconhecer a realidade arremete a alienação do indivíduo e planejamentos
inconsistentes. “Pois, desenvolvimento acontece com planejamento que se faz com
informação”. Para termos a capacidade de agirmos sobre a realidade resta-nos seguirmos a linha filosófica do Positivismo do “conhecer para prever para prover”.
(Augusto Conte in positivismo)
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Adilson Motta
146
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do texto “Casamento na roça” que sofreu alterações e adaptações por Adilson Motta.
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BRABO, Gildásio Ferreira. Primeiro Prefeito eleito de Bom Jardim (MA). Entrevista sobre
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CAVALCANTI, C. Desenvolvimento e natureza: estudos para uma sociedade
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Adilson Motta
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Nota do autor
Foi pensando em você, caro aluno e cidadãos, que resolvi elaborar a presente obra. A mesma é de suma importância para a sociedade em geral. Podendo ser
considerada a cédula de identidade histórica, cultural e geográfica do município em
estudo, Bom Jardim, Maranhão.
Além de depreender informações de relevada importância até mesmo para a região do Vale do Pindaré onde o município está inserido, existem também informações que vão
bem além – que podem servir de suporte e pesquisas em qualquer município brasileiro.
A identidade histórica de um povo é de grande importância para seu desenvolvimento, para que haja perspectiva de melhoria em seu futuro.
Em parte, por ser produto de uma obra social, a mesma está aberta às críticas
e correções para que seja melhorada numa segunda edição ou atualização. Ensina-se nas escolas públicas dos municípios a história e geografia do Estado
e do país, e no entanto não se ensina a história e geografia local (desses municípios).
Ficando o alunado alienado e com uma aprendizagem pouco significativa de sua
realidade. E as disciplinas, ensinadas num “vazio e isolamento”. É nessa análise que considero que, este livro, sendo uma contribuição para uma educação contextual – é o
passo inicial para que outros municípios também o façam. O mesmo vem a suprir o
que imprescindivelmente solicita a LDB 9394/96 nos PCN, quando em suas diretrizes determina que a educação deva ser interdisciplinar e contextual.
Adilson Motta