História do suco de laranja

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A história do suco de laranja. A laranja, consumida ao natural ou em forma de suco, é a fruta mais desejada do planeta. Um negócio que faz rolar no mundo todo algo como um bilhão de dólares por mês. Na forma de sucos puros, os citros (laranja, tangerina e “grape-fruit”) estão em primeiro lugar de consumo nos Estados Unidos. Essa posição da laranja é antiga e sólida, com crescimento estimulado pela tendência de valorização permanente do consumo de produtos naturais. E entre os produtos naturais o suco de laranja é um dos que mais inspira confiança. A motivação principal que as pessoas têm para gostar do suco de laranja – a ponto de fazer dela a fruta mais consumida no mundo – é pura e simplesmente o seu gosto. Assim como o café, chocolate, carne bovina, o suco de laranja tem o privilégio de ter um “gosto universal”, que é assimilado com prazer por pessoas de qualquer parte do mundo. Esse “gosto universal” é que faz com que se possa tomar suco de laranja – ou comer a fruta – todo dia, várias vezes por dia, sem enjoar. O resultado é sempre uma sensação gratificante – de prazer e saúde – que se segue ao ato de sorver um copo de suco. A laranja chegou ao Mundo Ocidental quase na mesma época das grandes navegações. Ficou a idéia de ela foi trazida do Oriente – principalmente da China – pelos navegantes portugueses. E todos aprenderam consumir a laranja ao natural. Com o advento da máquina de espremer – primeiro os extratores de bar, depois os domésticos, finalmente os industriais – chegou a era de se beber laranja. Coisa de americano. Já em 1905 um esforço conjugado de produtores, comerciantes e industriais do setor nos EUA passou a sugerir que o povo “bebesse laranja” e fizesse isso sem esforço, e sem melar ( ou machucar) as mãos, usando as maquininhas de espremer que custavam tão barato....Em verdade os produtores de laranja absorviam eles próprios uma parte do custo dessas maquininhas para que elas, a preços bem acessíveis, chegassem logo à mão das donas de casa e mostrassem do que eram capazes. Um anúncio de jornal em 1916 – “Beba uma laranja!” dava o preço de um espremedor elétrico: 10 centavos de dólar, menos do que um maço de cigarros. Para os produtores de laranja substituir o fruto “in natura” pelo suco significava aumentar a demanda, pois são necessárias em média de três a quatro laranjas para fazer um copo de suco. O americano logo adotou a idéia. Na década de 30 o consumo de suco de laranja passou, no país, de meio litro por pessoa, por ano, para cinco litros por pessoa/ano. Em 1936, 90% das famílias americanas já tinham assimilado o costume – uma verdadeira instituição nacional – do suco de laranja no “breakfast” – o café da manhã. Em muitas cidades, o mesmo esquema de distribuição do leite é usado para o suco, que chega à porta das casas cedinho, gelado, confiável, seguro, insubstituível... Simultaneamente, no início da década de 30 teve início o enlatamento de suco natural preservado em solução de dissulfito de potássio. Então o negócio cresceu vertiginosamente e o desenvolvimento da indústria acelerou-se com a Segunda Guerra Mundial. O suco de laranja é gostoso por suas qualidades de sabor e de aroma, conceitos que a Engenharia de Alimentação fundiu numa só palavra: “saboroma”. O sabor e o aroma, unidos, vão dar a “essência” da fruta, que no

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A história do suco de laranja. A laranja, consumida ao natural ou em forma de suco, é a fruta mais desejada do planeta. Um negócio que faz rolar no mundo todo algo como um bilhão de dólares por mês. Na forma de sucos puros, os citros (laranja, tangerina e “grape-fruit”) estão em primeiro lugar de consumo nos Estados Unidos. Essa posição da laranja é antiga e sólida, com crescimento estimulado pela tendência de valorização permanente do consumo de produtos naturais. E entre os produtos naturais o suco de laranja é um dos que mais inspira confiança. A motivação principal que as pessoas têm para gostar do suco de laranja – a ponto de fazer dela a fruta mais consumida no mundo – é pura e simplesmente o seu gosto. Assim como o café, chocolate, carne bovina, o suco de laranja tem o privilégio de ter um “gosto universal”, que é assimilado com prazer por pessoas de qualquer parte do mundo. Esse “gosto universal” é que faz com que se possa tomar suco de laranja – ou comer a fruta – todo dia, várias vezes por dia, sem enjoar. O resultado é sempre uma sensação gratificante – de prazer e saúde – que se segue ao ato de sorver um copo de suco. A laranja chegou ao Mundo Ocidental quase na mesma época das grandes navegações. Ficou a idéia de ela foi trazida do Oriente – principalmente da China – pelos navegantes portugueses. E todos aprenderam consumir a laranja ao natural. Com o advento da máquina de espremer – primeiro os extratores de bar, depois os domésticos, finalmente os industriais – chegou a era de se beber laranja. Coisa de americano. Já em 1905 um esforço conjugado de produtores, comerciantes e industriais do setor nos EUA passou a sugerir que o povo “bebesse laranja” e fizesse isso sem esforço, e sem melar ( ou machucar) as mãos, usando as maquininhas de espremer que custavam tão barato....Em verdade os produtores de laranja absorviam eles próprios uma parte do custo dessas maquininhas para que elas, a preços bem acessíveis, chegassem logo à mão das donas de casa e mostrassem do que eram capazes. Um anúncio de jornal em 1916 – “Beba uma laranja!” dava o preço de um espremedor elétrico: 10 centavos de dólar, menos do que um maço de cigarros. Para os produtores de laranja substituir o fruto “in natura” pelo suco significava aumentar a demanda, pois são necessárias em média de três a quatro laranjas para fazer um copo de suco. O americano logo adotou a idéia. Na década de 30 o consumo de suco de laranja passou, no país, de meio litro por pessoa, por ano, para cinco litros por pessoa/ano. Em 1936, 90% das famílias americanas já tinham assimilado o costume – uma verdadeira instituição nacional – do suco de laranja no “breakfast” – o café da manhã. Em muitas cidades, o mesmo esquema de distribuição do leite é usado para o suco, que chega à porta das casas cedinho, gelado, confiável, seguro, insubstituível... Simultaneamente, no início da década de 30 teve início o enlatamento de suco natural preservado em solução de dissulfito de potássio. Então o negócio cresceu vertiginosamente e o desenvolvimento da indústria acelerou-se com a Segunda Guerra Mundial. O suco de laranja é gostoso por suas qualidades de sabor e de aroma, conceitos que a Engenharia de Alimentação fundiu numa só palavra: “saboroma”. O sabor e o aroma, unidos, vão dar a “essência” da fruta, que no

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caso da laranja está no seu óleo essencial, um dos subprodutos da indústria cítrica. Conta-se que na história da tecnologia do suco de laranja, quando se buscava o melhor método de fazê-lo concentrado, houve um momento de indecisão. Após percorrer vários evaporadores, passar por choques de temperatura e quedas no vácuo, o suco de laranja estava uma beleza, em perda de água, volume, viscosidade, cor. Só que, misturado outra vez com a água, não tinha gosto de nada. Ou melhor, “parecia um líquido amarelo com duas colheres de açúcar e uma aspirina dissolvida”, na frase pitoresca de um jornalista. É que no processo de perder água, o suco também tinha perdido os componentes voláteis de sabor e aroma –sua “quintessência”. E só voltou a ter o gosto próprio quando, em novo passo tecnológico, as essências foram captadas e readicionadas no suco. Assim, em 1940 já era comercializado o suco concentrado embalado a quente (hot pack) e, em 1944 teve inicio a comercialização do suco concentrado congelado que por ser de superior qualidade tomou rapidamente o lugar do suco embalado a quente. A partir de então nos EUA laranja acompanha o status da família, seu nível de vida. À medida que sobe em escala social, mais laranja consome, mas, igualmente, mais aumenta a exigência. Até um certo ponto a dona de cada aceita descascar a laranja. Depois não aceita mais, exige o espremedor. Em seguida rejeita o trabalho de lidar com a casca e limpar o espremedor, que então o suco pronto, bastando por água e mexer. Próximo passo é não quer mais nem botar água nem mexer...... Isso é o que já acontece desde vinte anos atrás, com o advento do suco pasteurizado, pronto para beber. À parte o fato de que alimenta e dá prazer, o suco de laranja é um hábito do café-da-manhã dos americanos, e como esse hábito já se espraiou por muitos países, tem gente que garante que mais de 70% do suco de laranja do mundo é consumido entre as sete e as nove da manhã. Porque o americano, cumprido seu ritual matutino de cada dia, não volta mais ao suco a não ser na manhã seguinte. Já na maioria dos países europeus a identificação do suco de laranja com o “breakfast” não é tão marcante, e nem o certa um conceito de alimento ou de item obrigatório e com hora marcada da dieta cotidiana; é tomado por prazer mesmo, quando não, também, como refresco ou para matar a sede. E então, liberado do selo de ser comida matutina, é sorvido ao longo do dia, à noite, a qualquer hora e em todo lugar e circunstância, o que, teoricamente, até eleva o seu potencial de consumo. Os americanos são os maiores consumidores de suco de laranja. Em segundo lugar vêm os alemães, depois pela ordem, os suecos, os suíços, os noruegueses, os austríacos, a Inglaterra e a França. No Brasil a industrialização de cítricos teve início na década de 60 e, hoje, o Estado de São Paulo processa mais de 80% da produção de laranja, exportando mais de 90% de tudo que produz. A tecnologia de produção do suco concentrado permite que se obtenha os seguintes subprodutos: óleo essencial e óleo destilado (usados na indústria de cosmético, perfumes e alimentação) D’limonene (solvente usado na indústria de tintas e vernizes), polpa cítrica usada como componente de ração para gado bovino.

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Suco pronto para beber. Em 1999 a indústria brasileira, através da Citrosuco, industria do Grupo Fischer, desenvolveu a tecnologia que permitiu transportar a longas distância e a granel, o suco pronto para beber. Assim, graças ao armazenamento e transporte de suco fresco, dentro de rigorosas condições assépticas, consumidores do mundo inteiro já podem desfrutar do sabor da laranja brasileira, com a qualidade, aroma e o frescor da fruta colhida na hora. Fonte: Livro “Gota de Sol” – José Hamilton Ribeiro A tecnologia de produção do suco concentrado permite conservar todas

as características do produto. O Brasil é hoje um dos maiores produtores mundiais de suco concentrado e congelado de laranja. A tecnologia de fabricação do produto permite conservar todas a suas características nutricionais e sabor do suco natural, viabilizando extensa atividade econômica no cultivo e industrialização dos citros. Durante a safra as fábricas operam dia e noite, sem interrupção, para assegurar o processamento total da produção. A cada dia as fabricas recebem toneladas de frutas que serão analisadas, selecionadas, lavadas e individualmente prensadas. As laranjas são classificadas para melhor adaptação às prensas extratoras que, numa só operação, extraem o suco separando o bagaço, o óleo essencial da casca e a casca. O suco extraído, pré-filtrado nos tubos coadores, ainda contém uma certa quantidade de sólidos, a polpa. Necessita, pois, um acabamento, polimento ou filtração posterior. Dessa forma é conduzido aos filtros rotativos, chamados finishers, onde as eventuais “garrafinhas” que escaparam dos tubos coadores da extratora são rompidas, libertando seu líquido que é então filtrado novamente. Depois de armazenado em tanques de equilíbrio, o suco é bombeado para a fase de centrifugação, onde sofrerá uma separação mais apurada de seus componentes insolúveis. Nesta fase, um sistema automático de controle permite, em tempos pré-ajustados, a eliminação das menores partículas sólidas que não foram retidas na filtragem. O suco assim purificado, que contém oitenta e oito por cento de água e doze por cento de sólidos solúveis responsáveis pelo sabor, odor e propriedade nutritiva do produto, será agora concentrado nos evaporadores, especialmente projetados para não alterar as características do suco natural.

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Sob ação do vapor a baixa temperatura e vácuo, extrai-se o excesso de água até atingir a concentração de sessenta e cinco por cento de sólidos solúveis, com uma redução de volume e peso que torna o manuseio, congelamento e transporte do produto a longas distâncias economicamente viáveis. Nos laboratórios procedem-se à análise de cada lote, para assegurar a manutenção de pureza e propriedades naturais do suco, além dos requisitos técnicos como coloração e acidez. Após o processo de concentração o suco permanece com sua cor natural e sabor inalterado. Nos tanques/blenders o produto é homogeneizado e colocado dentro dos padrões de qualidade desejados, sendo depois resfriado e enviado para armazenamento a granel, a dez graus centígrados abaixo de zero. O suco pode ser comercializado na forma de concentrado ou sob diferentes marcas, embalagens e vias de distribuição, por empresas engarrafadoras que readicionam o volume de água, extraída durante o processo de concentração, comercializando o produto reconstituido. E assim, o suco chega ao alcance de consumidores dos consumidores, com o sabor integral e o incomparável valor nutritivo da laranja natural. Os subprodutos da laranja A industria tem pequisado constantemente todos os meios de aproveitar integralmente a laranja. Atualmente, da casca até o bagaço tudo é utilizado na obtenção de diversos subprodutos, como óleo essencial, óleo destilado, polpa cítrica congelada, polpa cítrica peletizada, D’Limonene e álcool cítrico. Esses subprodutos são extraídos durante o processo de produção do suco e utilizados na fabricação de plásticos, tintas, vernizes, remédios, cosméticos, bebidas, alimentos e rações animais. Fonte: Arquivo Citrosuco