História (1)
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Volume 02HISTRIA
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Frente A06 3 MercantilismoAutor: Alexandre Fantagussi07 9 RenascimentoAutor: Alexandre Fantagussi08 21 Reforma e ContrarreformaAutor: Alexandre Fantagussi09 31 Revoluo InglesaAutor: Alexandre Fantagussi10 41 IluminismoAutor: Alexandre Fantagussi
Frente B05 49 Povos africanosAutor: Edriano Abreu06 61 Brasil Colnia: economia aucareiraAutor: Edriano Abreu07 71 Brasil Colnia: atividades econmicas complementaresAutor: Edriano Abreu08 81 Brasil Colnia: invases estrangeiras Autor: Edriano Abreu
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MDULOHISTRIArazo pela qual o comrcio era tido como uma atividade em que havia um ganhador e um perdedor, sendo o seu resultado equivalente a uma soma zero. Nesse sentido, a nao que conseguisse um saldo positivo em suas transaes comerciais garantiria sua superioridade em relao s demais.
Para garantir o sucesso na acumulao de riquezas, era necessrio ainda que houvesse a regulamentao do comrcio de produtos vindos do exterior. O aumento das tarifas alfandegrias foi o principal mtodo para alcanar tal objetivo, uma vez que a taxao sobre produtos estrangeiros reduzia as chances da entrada destes em um Estado e, como consequncia, impedia a sada de metais preciosos.
Se no plano internacional a tendncia foi o estabelecimento de taxas aduaneiras, internamente havia a necessidade da eliminao das barreiras. Dessa forma, a unificao dos mercados dentro de uma mesma nao foi uma caracterstica desse perodo e tambm colaborou para o fortalecimento econmico dos Estados.
O investimento nas manufaturas nacionais tambm foi comum, posto que o fortalecimento da produo manufatureira impedia a concorrncia no mercado internacional e evitava a necessidade da aquisio de produtos estrangeiros. Os monarcas incentivavam a produo interna por meio da concesso de privilgios aos interessados.
O conjunto de prticas econmicas dos Estados europeus durante a Idade Moderna recebe o nome de mercantilismo. Essas prticas no apresentavam grande uniformidade, variando de Estado para Estado e sendo mais presentes nas monarquias absolutas. O prprio termo mercantilismo foi cunhado a posteriori por economistas do sculo XIX que criticavam tais medidas. O auge do mercantilismo se deu nos sculos XVI e XVII e sua existncia estava vinculada atividade comercial entre os pases europeus e suas colnias.
As primeiras prticas mercantilistas tiveram origem em meados do sculo XV, quando a Europa sofria com a escassez de metais preciosos. A crena na interveno do Estado na economia era um dos fundamentos do mercantilismo. Neste contexto, com o objetivo de fortalecer os pases europeus, os chefes de Estado aprovavam leis que regulavam as atividades econmicas em seu territrio, impondo limites ao livre mercado. Tais medidas visavam, principalmente, acumulao de metais preciosos e consequente sustentao dos Estados. O ouro e a prata, transformados em moeda, garantiram a formao da burocracia estatal e a manuteno de um poderoso Exrcito e de uma frota naval.
Nos reinados de Henrique VIII e de Elizabeth I, ao longo do sculo XVI, o Parlamento ingls aprovava pilhas de estatutos, que controlavam muitos aspectos da vida econmica, da defesa nacional, nveis estveis de salrios e preos, padres de qualidade dos produtos industriais, apoio aos indigentes e punio aos preguiosos, e outros desejveis objetivos sociais.
STONE, Lawrence. As causas da Revoluo Inglesa. So Paulo: Edusc, 2000.
Apesar de ter sido uma prtica predominante durante boa parte da Idade Moderna, a interveno do Estado na economia foi alvo de severas crticas pelos tericos liberais do sculo XIX. Para eles, a atuao estatal provocava uma limitao ao desenvolvimento econmico e o atraso das naes. Desse modo, a consolidao do sistema capitalista no sculo XIX foi acompanhada da reduo do papel do Estado no plano econmico.
PRTICAS MERCANTILISTASComo j foi dito, as prticas mercantilistas variaram com
o passar dos sculos e de um Estado para outro. Algumas estratgias comuns, no entanto, podem ser verificadas. A principal inteno dessas prticas era garantir uma balana comercial favorvel aos pases da Europa, uma vez que, durante a Idade Moderna, pensava-se que todas as riquezas do mundo estavam numa posio esttica e constante,
[...] a fim de ajud-los no grande investimento necessrio a esse estabelecimento concedemos aos ditos industriais a soma de 180 000 libras, soma essa que conservaro por 12 anos sem o pagamento de juros, e no fim desse tempo sero chamados a nos devolver apenas 150 000 libras e as restantes lhes sero dadas como prmio.
HUBERMAN, Leo. Histria da Riqueza do Homem. 20. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1984.
Em muitos casos, a determinado produtor era concedido at o monoplio da produo de certos artigos em regies especficas do reino.
Desejando tratar favoravelmente o senhor Van Robais e servir-me dele como exemplo para atrair os estrangeiros que primam em qualquer espcie de manufatura, a fim de que venham estabelecer-se em nosso reino, pedimos ao prefeito e aos magistrados que lhe forneam alojamentos convenientes para a instalao dos teares [...] Queremos que ele [Van Robais] e os trabalhadores estrangeiros sejam considerados sditos do rei e naturalizados [...] Ele ser ainda isento de impostos, da corveia e de outros encargos pblicos durante a vigncia da presente concesso [...]
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MERCANTILISMO NA PENNSULA IBRICA
A conquista colonial determinou as caractersticas do mercantilismo na Pennsula Ibrica, pois as riquezas provenientes das colnias favoreceram a tendncia metalista de suas economias. O monoplio sobre o comrcio com a Amrica foi fundamental para Portugal e Espanha. Estima-se que 18 mil toneladas de prata e 200 toneladas de ouro foram extradas da Amrica e levadas para a Europa. Tambm conhecida como bulionismo, a preocupao com o acmulo de metais preciosos levou ao estabelecimento de uma rgida poltica colonial por parte das Coroas ibricas.
A Espanha, privilegiada pela riqueza das suas colnias, estabeleceu uma srie de mtodos para garantir os lucros com a explorao dos metais preciosos provenientes das minas do Mxico e do Peru, como o sistema de comboios anuais e o regime de porto nico, que visavam ao controle sobre o ouro e a prata. O pas contava ainda com a Casa de Contratao, com sede em Sevilha, que foi um poderoso rgo de regulamentao do comrcio colonial, e com uma forte Marinha de guerra, conhecida como a Invencvel Armada, que auxiliava a Espanha na proteo das riquezas.
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Antigo prdio da Casa de Contratao em Sevilha
A Coroa portuguesa tambm se esforou, embora de forma menos organizada, no sentido de controlar a extrao dos metais preciosos. No sculo XVIII, auge do perodo de explorao aurfera nas Minas Gerais, uma srie de impostos foi criada visando impedir os desvios e o contrabando do metal. Alm disso, foi criada a Casa de Fundio e delimitado o Distrito Diamantino, com o objetivo de ampliar o controle na regio das Minas.
Tanto na colonizao espanhola quanto na portuguesa, a excessiva dependncia das riquezas coloniais provocou consequncias negativas nas economias metropolitanas. Se entre os sculos XVI e XVII esses pases viveram o seu perodo ureo, nos sculos XVIII e XIX sua fora econmica foi reduzida. A pouca preocupao com o desenvolvimento interno de suas economias levou a um cenrio de dependncia externa e pouco crescimento logo no incio da Idade Contempornea.
MERCANTILISMO NA FRANAAs medidas adotadas pela monarquia francesa, principalmente
no sculo XVII, receberam o nome de industrialismo ou colbertismo graas ao ministro de Lus XIV, Jean-Baptiste Colbert, que foi o responsvel pela aplicao de prticas de incentivo ao desenvolvimento das manufaturas francesas.
Permitimos a esse empresrio e aos operrios que continuem a professar a religio reformada [...] Proibimos a outras pessoas imitar ou falsificar a marca dos ditos tecidos, pelo prazo de vinte anos, bem como que se estabeleam na cidade de Abbeville e a dez lguas de seus arredores oficinas de tecelagem semelhantes [...]
LUS XIV, ao autorizar o estabelecimento de manufatura
em Abbeville, no ano de 1651.
O estabelecimento dos monoplios foi prtica comum entre as naes mercantilistas, pois a concesso do controle de determinadas atividades econmicas a particulares garantia a presena do Estado na regulao da economia e atendia aos interesses dos grandes comerciantes. Tais restries impostas livre-circulao de mercadorias foram fundamentais para o enriquecimento dos comerciantes durante parte da Idade Moderna.
Outra forma de enriquecimento dos comerciantes foi a utilizao do monoplio sobre as atividades coloniais, conhecido como exclusivo colonial, que tambm fez parte desse conjunto de prticas. Teoricamente, a colnia deveria oferecer melhores condies comerciais ao pas a que estava submetida a metrpole , fornecendo matria-prima de maneira exclusiva e consumindo os produtos manufaturados metropolitanos, como exposto no trecho a seguir.
O objetivo das colnias o de fazer o comrcio em melhores condies [para as metrpoles] do que quando praticado com os povos vizinhos, com os quais todas as vantagens so recprocas. Estabeleceu-se que apenas a metrpole poderia negociar na colnia; e isso com grande razo, porque a finalidade do estabelecimento foi a constituio do comrcio, e no a fundao de uma cidade ou de um novo imprio [...]
MONTESQUIEU. Do esprito das leis (1748).
So Paulo: Martin Claret, 2004. p. 387.
Sendo o comrcio a principal atividade geradora de riquezas, era fundamental, naquele contexto, o investimento em uma potente Marinha mercante. O incentivo produo naval garantia o controle dos mares, principal rota de comrcio entre a Amrica e a Europa. Uma poderosa Marinha de guerra tambm poderia significar a proteo das frotas comerciais e vitrias nas inmeras batalhas entre os recm-formados Estados, j que muitas das disputas entre os pases foram, na poca, resolvidas por meio da guerra.
Apesar do esforo das metrpoles em manter inabalvel o exclusivo colonial, vlido ressaltar que esse monoplio nem sempre foi to rgido. Em maior ou menor escala, as colnias de Portugal, da Espanha e da Inglaterra desfrutaram de certa liberdade no interior desse sistema.
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A descoberta de terras de ouro e prata na Amrica, o extermnio, escravizao e enterramento da populao nativa nas minas, o incio da conquista e pilhagem das ndias Orientais, a transformao da frica numa coutada para a caa comercial de peles-negras assinalam a aurora da era da produo capitalista. Esses processos idlicos so momentos principais da acumulao original. Segue-lhes de perto a guerra comercial das naes europeias, com o globo terrestre por palco.
MARX, Karl. O capital. So Paulo: Nova Cultural, 1988.
O colbertismo, que se caracterizou pela produo de artigos de luxo, tecidos finos, tapearia, vidros e papel, visava manter a balana comercial favorvel. As conquistas coloniais tambm foram responsveis pelo fortalecimento do Estado francs que, atravs do investimento na Marinha e na pirataria, atuou sistematicamente na Amrica, conquistando, assim, metais preciosos e o fortalecimento do poder absoluto.
MERCANTILISMO NA INGLATERRAO incentivo s manufaturas, principalmente txteis,
a limitao das importaes e a tentativa de controle da sada de matria-prima tambm foram comuns Inglaterra, caracterizando, assim, a variao mercantilista denominada comercialismo.
Durante o reinado de Elizabeth (1533-1603), o estmulo pirataria foi uma outra fonte de arrecadao para o Estado ingls. Os corsrios recebiam autorizao da Coroa para pilhar galees espanhis carregados de riquezas coloniais. Alm disso, os Atos de Navegao, editados anos mais tarde, durante o processo revolucionrio ingls do sculo XVII, dificultaram a entrada de navios estrangeiros em seus portos, atacando, principalmente, os interesses holandeses. Tais estmulos ao fortalecimento da Marinha foram fundamentais para o controle ingls sobre os oceanos, principalmente aps as vitrias sobre a Invencvel Armada espanhola e sobre as frotas holandesas.
Alm de consolidarem uma estrutura comercial na prpria Europa, os ingleses atuaram tambm em outras partes do mundo. Nas ndias, a atuao inglesa era coordenada pela Companhia das ndias Orientais. J na Amrica, a colonizao das Treze Colnias e das Antilhas inglesas garantiram o fornecimento de gneros agrcolas e mercado consumidor para a Inglaterra.
ACUMULAO PRIMITIVA DE CAPITAIS
As prticas mercanti l istas colaboraram para o desenvolvimento da economia capitalista, estando ligadas sua consolidao no sculo XIX, afinal, as riquezas originrias desse perodo permitiram a ocorrncia do processo conhecido como acumulao primitiva de capitais. A pilhagem do mundo colonial e os lucros oriundos do trfico de escravos tambm contriburam para a chamada Revoluo Comercial e o fortalecimento da classe burguesa. Esse acmulo levou, no sculo XVIII, ecloso e expanso do capitalismo industrial a partir da Inglaterra. De acordo com Karl Marx:
EXERCCIOS DE FIXAO
01. (UFMG2006) Considerando-se o papel e a importncia do mercantilismo, INCORRETO afirmar que
A) essa doutrina tinha como fundamento bsico a convico de que o Estado deveria interferir nos processos econmicos.
B) as polticas fundamentadas nessa doutrina abarcavam as relaes entre os pases da Europa Ocidental e, tambm, os laos entre estes e suas colnias.
C) o principal aspecto dessa doutrina era a adoo de aes planejadas para fomentar a industrializao da economia.
D) essa doutrina consistia num conjunto de pressupostos e crenas econmicas vigentes no perodo de formao e apogeu dos Estados Modernos.
02. (UEPG-PR) O mercantilismo no era uma doutrina fechada, apenas um conjunto de ideias e prticas econmicas adotadas pelo Estado absolutista entre os sculos XV e XVIII.
A respeito desse assunto, estabelea a soma das alternativas CORRETAS.
01. O mercantilismo tinha como princpio fundamental a interveno do Estado na economia.
02. A acumulao de metais preciosos significava fora e riqueza para as naes.
04. O mercantilismo espanhol (bulionismo) se restringiu ao acmulo de metais oriundos do Mxico, do Peru e da Bolvia regies de seu imprio colonial , sem impulsionar a atividade manufatureira.
08. No mundo mercantilista, circulava a ideia da existncia de um mercado que funciona por conta prpria, beneficiando o mundo todo.
16. A Holanda baseava seu mercantilismo nas atividades comerciais, manufatureiras e financeiras. Foram indispensveis para essas prticas a Companhia das ndias Orientais, a Marinha mercante e o Banco de Amsterd.
Soma ( )
03. (Unifor-CE2007) Considere a ilustrao.
Pr
opriet
rio de terras E
stado absolutista
Bur
guesia mercantilNo
breza
e de escravos
Monocultura
Escravido
Latifndio
Metrpole
Dependnciaexterna
ALENCAR, Francisco et al. Histria da sociedade brasileira.
Rio de Janeiro: Ao Livro Tcnico, 1981. p. 25.
Mercantilismo
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02. (UFMG) Todas as alternativas apresentam medidas que expressam formas atravs das quais o mercantilismo se exerceu, EXCETO
A) abolio das aduanas internas.B) balana comercial favorvel.C) incentivo ao crescimento demogrfico.D) poltica tarifria protecionista.E) tributao exclusivamente colonial.
03. (UFV-MG) Mercantilismo um termo criado pelos economistas alemes da segunda metade do sculo XIX para denominar o conjunto de prticas econmicas dos Estados europeus nos sculos XVI e XVII. Das alternativas a seguir, assinale aquela que NO indica uma caracterstica do mercantilismo.
A) Busca de uma balana comercial favorvel, ou seja, a superao contbil das importaes pelas exportaes.
B) Intervencionismo do Estado nas prticas econmicas, atravs de polticas monopolistas e fiscais rgidas.
C) Crena em que a acumulao de metais preciosos era a principal forma de enriquecimento dos Estados.
D) Aplicao de capitais excedentes em outros pases para aumentar a oferta de matrias-primas necessrias industrializao.
E) Explorao de domnios localizados em outros continentes, com o objetivo de complementar a economia metropolitana.
04. (UFU-MG) O mercantilismo foi um conjunto de doutrinas e prticas econmicas que vigoraram na Europa desde a metade do sculo XV at meados do sculo XVIII, sendo vital para a acumulao capitalista.
A respeito desse contexto, podemos afirmar queA) Inglaterra e Frana foram as naes pioneiras
nas Grandes Navegaes, impulsionadas pelas novas descobertas cientficas e pela centralizao administrativa, proporcionada pelo Estado absolutista, responsvel pelo combate aos contrabandistas e aos piratas espanhis e portugueses.
B) atravs da produo de artigos manufaturados, Portugal se firmou como a maior potncia do final do sculo XVII, enquanto a Inglaterra, restrita acumulao de ouro e de prata extrados de suas colnias, ficou dependente da importao de manufaturados.
C) a colonizao, sustentada pela grande utilizao de trabalho escravo de ndios e negros nas chamadas colnias de povoamento, foi vital para o acmulo de capitais naquele momento, quando Portugal e Espanha incentivaram a produo manufatureira e o comrcio interno.
D) com o intervencionismo estatal e o protecionismo, o Estado Moderno estimulava o progresso burgus e evitava a concorrncia comercial de pases vizinhos, fixando tarifas alfandegrias, controlando preos e dificultando a importao de produtos concorrentes.
05. (UFMG2007) O objetivo das colnias o de fazer o comrcio em melhores condies [para as metrpoles] do que quando praticado com os povos vizinhos, com os quais todas as vantagens so recprocas. Estabeleceu-se que apenas a metrpole poderia negociar na colnia; e isso com grande razo, porque a finalidade do estabelecimento foi a constituio do comrcio, e no a fundao de uma cidade ou de um novo imprio [...]
MONTESQUIEU. Do esprito das leis (1748). So Paulo: Martin Claret, 2004. p. 387.
Com base no conhecimento do processo histrico da Amrica Portuguesa, POSSVEL afirmar que a ilustrao refere-seA) estrutura poltica e social da colonizao de
povoamento.
B) ao sistema colonial de produo de manufatura algodoeira.
C) estrutura administrativa autnoma da colnia portuguesa.
D) ao poder dos senhores feudais na organizao das colnias.
E) ao sistema de colonizao baseado no monoplio comercial.
04. (UNIFESP2010) Mercantilismo o nome normalmente dado poltica econmica de alguns Estados Modernos europeus, desenvolvida entre os sculos XV e XVIII. INDIQUE
A) duas caractersticas do mercantilismo.
B) a relao entre o mercantilismo e a colonizao da Amrica.
05. (UFPI2006) Entre os sculos XV e XVIII, vigorou na Europa uma srie de doutrinas e prticas econmicas que se tornaram conhecidas como mercantilismo. Sobre essa doutrina, podemos afirmarI. que tinha como objetivo fortalecer o Estado e a burguesia,
numa fase de transio do feudalismo ao capitalismo.
II. que tinha no intervencionismo estatal uma estratgia chave para promover a acumulao primitiva de capital nos Estados Modernos.
III. que tinha no metalismo, na balana comercial favorvel, no protecionismo e no intervencionismo estatal os seus princpios basilares.
IV. que teve caractersticas especficas em diferentes pases europeus.
A) Todas as afirmaes anteriores so verdadeiras.B) Apenas a afirmativa IV correta.C) Apenas as afirmativas II e IV esto corretas.D) Apenas as afirmativas I e II esto corretas.E) Todas as afirmaes anteriores so falsas.
EXERCCIOS PROPOSTOS
01. (UFTM-MG) Durante a Idade Moderna, na Europa, a vida econmica, social e poltica foi marcada
A) pelo liberalismo econmico, pela sociedade estamental de privilgios e pela formao das monarquias nacionais.
B) pelo intervencionismo do Estado na economia, pelos privilgios do clero e da nobreza e pelos Estados absolutistas.
C) pela acumulao de metais para indicar a riqueza do pas, pela diviso em classes sociais e pela repartio do poder em trs.
D) pela liberdade de produo e de comrcio, pela ampla mobilidade entre as classes sociais e pelos Estados liberais burgueses.
E) pelo controle estatal da economia, pela liberdade de expresso e pelas monarquias absolutistas de direito divino.
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Considerando-se as informaes desse trecho, INCORRETO afirmar que as colnias europeias, na poca Moderna,
A) deveriam levar ao estabelecimento e ao incremento do comrcio, regulando-se em funo dos interesses recprocos entre as colnias.
B) deveriam oferecer s metrpoles melhores condies de comrcio que as verificadas entre os pases europeus e seus vizinhos.
C) estariam sujeitas ao exclusivo comrcio das metrpoles, cujos negcios essas colnias deveriam incrementar.
D) foram estabelecidas com finalidades comerciais, pois, inicialmente, no era objetivo das metrpoles fundar um novo imprio.
06. (UFJF-MG) Acerca do mercantilismo, assinale a alternativa INCORRETA.
A) Promovia a transferncia de rendas dos setores mais produtivos para os setores menos dinmicos, taxando pesadamente os primeiros em benefcio dos segundos.
B) Baseava-se na interveno econmica e poltica do Estado na esfera dos negcios e da produo, favorecendo a acumulao de capitais.
C) Atuava como um importante componente do Antigo Regime europeu ao articular o Estado absolutista explorao colonial.
D) Negligenciava o pacto colonial ao defender o livre-comrcio, o fim das tarifas protecionistas e maiores incentivos s importaes das metrpoles.
07. (UEPB) O modelo econmico dos Estados Nacionais, conhecido genericamente por mercantilismo, corresponde ao estgio inicial do capitalismo.
Assinale a alternativa que compatvel com a referida etapa.
A) Nessa fase, o maior volume de capitais investido por pases como Portugal est voltado para a produo de artefatos industriais.
B) Em um momento de crescimento das atividades comerciais, o desmonte de barreiras alfandegrias prtica comum entre os pases europeus.
C) A interveno do Estado na economia objetiva garantir o acmulo de capitais atravs da explorao colonial, viabilizando, por consequncia, a obteno de resultados favorveis na balana comercial.
D) A opo pelo modelo econmico mercantilista descartou a utilizao de escravos como capital mvel, centrando as atenes exclusivamente na utilizao dos cativos na produo agrcola.
E) A instalao de monarquias fortes e centralizadoras no foi condio indispensvel para a implementao de medidas econmicas que permitiram a acumulao de capitais por parte dos setores burgueses na Europa.
08. (UFU-MG2006) Com o objetivo de aumentar o poder do Estado diante dos outros Estados, [o mercantilismo] encorajava a exportao de mercadorias, ao mesmo tempo em que proibia exportaes de ouro e de prata e de moeda, na crena de que existia uma quantidade fixa de comrcio e riqueza no mundo.
ANDERSON, Perry. Linhagens do Estado absolutista. So Paulo: Brasiliense, 1998. p. 35.
O trecho anterior refere-se aos princpios bsicos da doutrina mercantilista, que caracteriza a poltica econmica dos Estados Modernos dos sculos XVI, XVII e XVIII.
Com base nessa doutrina, marque a alternativa CORRETA.
A) A doutrina mercantilista pregava que o Estado deveria se concentrar no fortalecimento das atividades produtivas manufatureiras, no se envolvendo em guerras e em disputas territoriais contra outros Estados.
B) Uma das caractersticas do mercantilismo a competio entre os Estados por mercados consumidores, cada qual visando fortalecer as atividades de seus comerciantes, aumentando, consequentemente, a arrecadao de impostos.
C) Os tericos do mercantilismo acreditavam na possibilidade de conquistar mercados por meio da livre-concorrncia, de modo que era essencial desenvolver produtos competitivos, tanto no que diz respeito ao preo como em relao qualidade.
D) A conquista de reas coloniais na Amrica a base de qualquer poltica mercantilista. Tanto que o ouro e a prata, de l provenientes, possibilitaram ao Estado espanhol figurar como o mais poderoso da Europa aps a Guerra dos Trinta Anos.
09. (Mackenzie-SP2007) Fundamental para a estruturao do sistema colonial portugus na Idade Moderna, o chamado exclusivo colonial visava, sobretudo, a
A) estimular, nas colnias, uma poltica de industrializao que permitisse metrpole concorrer com suas rivais industrializadas.
B) reservar a grupos ou a companhias privilegiadas ou mesmo ao Estado o comrcio externo das colnias, tanto o de importao quanto o de exportao.
C) restringir a tarefa de doutrinao dos indgenas americanos exclusivamente aos membros da Companhia de Jesus, assegurando, dessa forma, o poder real entre os povos nativos.
D) impedir, nas colnias, o acesso de fidalgos mazombos a cargos administrativos importantes, reservados a fidalgos reinis.
E) orientar a produo agrcola conforme as exigncias da populao colonial, evitando, por esse meio, crises de abastecimento de alimentos nos centros urbanos.
10. (UFPel-RS2006) A causa principal, quase nica, da alta dos preos (que ningum at agora mencionou) a abundncia do ouro e da prata existente hoje em dia neste reino, em escala bem maior do que h quatrocentos anos. Mas, diria algum, de onde pode ter vindo, desde ento, assim tanto ouro e tanta prata? [...] Os castelhanos, submetendo ao seu poder as novas terras ricas em ouro e prata, abarrotaram a Espanha. Ora, a Espanha que s vive graas Frana, vendo-se inevitavelmente forada a vir buscar aqui cereais, linhos, tecidos, papel, corantes, livros, artefatos de madeira e todos os tipos de manufaturas, vai procurar para ns, nos confins do mundo, o ouro e a prata.
BODIN, Jean. Da Repblica.
Mercantilismo
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O fato de muitas naes o Japo o exemplo recente mais notrio ainda tentarem manter balanas comerciais inclinadas a seu favor pode redundar em guerras comerciais, depresses e em um conflito internacional.CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutao. So Paulo: Cultrix, 1993.
A anlise do trecho nos permite concluir que
A) se tornou extremamente importante repensar o mercantilismo para a melhor compreenso dos fenmenos econmicos contemporneos.
B) o fato de o Japo no ter experimentado um sistema mercantilista clssico durante a Idade Moderna explica sua postura imprudente no cenrio econmico mundial de hoje.
C) as monarquias modernas, sustentadas pelas noes mercantilistas, se apresentaram mais capazes de manter relaes econmicas diplomticas que as naes contemporneas.
D) ainda que as naes desejem atingir supervits, a manuteno de uma conduta mercantilista rgida para obt-los no mundo contemporneo perigosa.
E) as bases cientificistas do mundo renascentista, especialmente a newtoniana, foram fundamentais para que as monarquias mercantilistas tivessem mais supervits que as naes de hoje.
As afirmaes de Bodin apontam para
A) uma crtica ao mercantilismo metalista (bulionismo) e seus malefcios sobre as manufaturas, assim como sobre o valor monetrio, no incio da Idade Moderna.
B) uma explicao da valorizao monetria, com o afluxo de metais preciosos para a Europa, e da autonomia econmica ibrica, durante a Revoluo Comercial.
C) a importncia do ouro e da prata no crescimento das manufaturas espanholas, com consequente prejuzo para a agricultura.
D) a eficincia maior do protecionismo francs, em relao ao ibrico, devido precedncia dos gauleses no colonialismo moderno.
E) o incio da Revoluo Industrial de 1760, na Frana, provocada pela explorao e pela comercializao de metais preciosos pelos ibricos, na Amrica.
SEO ENEM01. Leia o texto a seguir:
A interveno do Estado na economia no momento negativo uma receita aprendida na primeira grande crise global em 1929, quando as economias dos pases mais ricos entraram em depresso [...] Existe a possibilidade at de os Estados Unidos e a Inglaterra estatizarem bancos sob ameaa. No ideologia estatizante, mas a nica alternativa que eles esto vendo.
Disponvel em:.
Acesso em: 17 out. 2010
Com base nos conhecimentos sobre as relaes entre Estado e economia, pode-se afirmar que
A) as prticas mercantilistas durante a Idade Moderna caracterizavam-se pela atuao direta do Estado no mbito econmico.
B) o liberalismo econmico do sculo XIX reforou a tendncia intervencionista ao afirmar ser necessria a atuao do Estado na economia.
C) as solues para a recente crise foram caracterizadas pelo afastamento do Estado em relao s atividades econmicas.
D) a interveno do Estado no mbito econmico foi uma prtica surgida no sculo XX com o objetivo de conter as crises do capitalismo.
E) as relaes entre Estado e economia foram pautadas, desde a formao do mundo moderno, pela interveno direta nos setores econmicos.
02. Observe o trecho a seguir.A ideia mercantilista de balana comercial a crena em que uma nao enriquece quando suas exportaes excedem suas importaes tornou-se um conceito central do pensamento econmico subsequente. Foi indubitavelmente influenciado pelo conceito de equilbrio da mecnica newtoniana, e era inteiramente compatvel com a viso de mundo limitada das monarquias insuladas e escassamente povoadas desse tempo. Mas, hoje, em nosso mundo superpovoado e interdependente, bvio que nem todas as naes podem ganhar simultaneamente no jogo mercantilista.
GABARITOFixao
01. C 02. Soma = 23 03. E04. A) Entre as caractersticas do mercantilismo,
pode-se destacar a busca por uma balana comercial favorvel, o protecionismo alfandegrio, o incentivo natalidade, ou seja, vrias formas de interveno do Estado na economia visando acumulao de capital.
B) Interessados nas riquezas naturais do continente americano, os europeus, que chegaram ao Novo Mundo em 1492, buscaram fazer com que as novas terras servissem de complemento s suas economias. Nesse contexto, os dois pases que saram na frente foram Portugal e Espanha, que dividiram o continente atravs do Tratado de Tordesilhas. A partir da, os ibricos impuseram o pacto colonial sobre as regies conquistadas. De acordo com tal imposio, caberia s colnias complementar a produo metropolitana, assim como servir de mercado consumidor para os gneros manufaturados europeus. vlido ressaltar, ainda, que o exclusivo colonial tambm deveria ser respeitado, fazendo, assim, com que as colnias comercializassem exclusivamente com as suas metrpoles.
05. A
Propostos01. B 03. D 05. A 07. C 09. B02. E 04. D 06. D 08. B 10. A
Seo Enem01. A 02. D
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MDULOHISTRIAMdia passou a ser vista como a Idade das Trevas, e a fora da religio e da Igreja foi associada ao atraso e ao irracionalismo. Nota-se, portanto, que foram os homens do Renascimento que criaram a imagem negativa a respeito do Perodo Medieval, uma vez que eles acreditavam estar retomando o momento de glria da humanidade: a Antiguidade Clssica.
Novas correntes historiogrficas, no sculo XX, demonstraram, no entanto, que essa ruptura no teria sido assim to radical, j que grande parte das razes do Renascimento se encontrava no Perodo Medieval. Alm disso, a mentalidade do homem moderno estava povoada de fortes traos das crenas medievais, que valorizavam uma viso mstica e religiosa sobre o mundo e sobre a sociedade. Para o historiador Peter Burke:
Esta idia de Renascimento um mito [...] No caso da descrio do Renascimento por parte de Burckhardt, estes historiadores opem-se aos vincados contrastes que ele estabelece entre o Renascimento e a Idade Mdia, entre a Itlia e o resto da Europa. Consideram que so contrastes exagerados, uma vez que ignoram as muitas inovaes produzidas na Idade Mdia, a sobrevivncia de atitudes tradicionais no sculo XVI e mesmo mais tarde, e o interesse italiano pela pintura e pela msica de outros
pases, em especial dos Pases Baixos.
BURKE, Peter. O Renascimento italiano - Cultura e Sociedade na Itlia. So Paulo: Nova Alexandria, 1999.
O termo Renascimento designa um conjunto de
transformaes na mentalidade do homem europeu ocorrido
entre o final da Idade Mdia e o incio da Idade Moderna.
Essas mudanas se refletiam na crescente valorizao e
estudo das atividades humanas o humanismo e em uma
postura mais racional e individualista diante do mundo em
que viviam aqueles homens.
Historiadores e pensadores do sculo XIX associaram
essas transformaes a uma ruptura radical em relao
ao Perodo Medieval: Jacob Burckhardt, em seu livro
A cultura do Renascimento na Itlia, escreveu que, no
Perodo Medieval:
A conscincia humana [] repousava sonhadora ou
semiacordada sob um vu comum. O homem estava
consciente de si prprio apenas como membro de uma raa,
povo, partido, famlia, ou corporao apenas atravs de
uma qualquer categoria geral. [No Renascimento], este vu
evaporou-se [] o homem tornou-se um indivduo espiritual
e reconheceu-se a si mesmo como tal.
BURCKHARDT, Jacob. A cultura do Renascimento na
Itlia. Braslia: Editora da UNB, 1991.
Essa noo de ruptura com o mundo medieval foi uma ideia muito difundida entre os renascentistas. Para eles, o que ocorria era um novo nascimento aps um perodo de ignorncia e de escurido. Dessa forma, a Idade
Fonte
: pt.
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angel
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roti
A Criao de Ado, afresco de Michelangelo, sintetiza alguns aspectos do Renascimento. A representao de uma passagem bblica demonstra a presena ainda marcante da religiosidade. O encontro entre as mos de Deus e do homem exaltam a capacidade criativa e elevam o homem a uma condio quase divina. J a representao do corpo humano remete Antiguidade Clssica.
Renascimento 07 A
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10 Coleo Estudo
AntropocentrismoA valorizao das atividades humanas veio acompanhada
da postura antropocntrica. Buscando se opor ao
teocentrismo medieval, o homem do Renascimento
acreditava ser o centro das atenes e o sujeito fundamental
para a explicao dos elementos que o rodeavam. Dessa
maneira, somente ele poderia decidir seu prprio destino
e suas aes deveriam ser glorificadas. Apesar desta
convico renascentista, no se deve acreditar em uma
postura radical em relao ao teocentrismo medieval, uma
vez que, ainda naquele momento, a mentalidade religiosa
se fazia muito presente.
RacionalismoA valorizao da razo foi uma decorrncia das
transformaes observadas ao final do Perodo Medieval.
Fatores como o desenvolvimento do comrcio e das atividades
financeiras na Baixa Idade Mdia trouxeram a necessidade dos
clculos das distncias, do tempo, dos lucros e dos prejuzos.
A postura humanista e antropocntrica colaborou para isso
ao considerar o uso da razo como a marca definidora do
homem. As verdades, antes buscadas principalmente a partir
do vis religioso, poderiam agora ser alcanadas a partir
da anlise racional que se opunha rigidez dos dogmas
da Igreja, gerando, assim, conflitos entre o clero e alguns
estudiosos renascentistas.
Postura crticaOriundo do racionalismo, o crescimento da postura
crtica tambm foi uma caracterstica do Renascimento.
A desconfiana em relao s tradies e s verdades impostas
pela autoridade clerical gerou importantes mudanas naquele
contexto. Sendo assim, crticas ao clero, aos valores medievais
e realidade da poca passaram a ser mais comuns, apesar
da represso e censura tpicas do perodo.
IndividualismoA postura individualista, tpica do homem renascentista
e oposta ao coletivismo medieval, pode ser associada ao
crescimento da atividade comercial e urbana ainda na Idade
Mdia. O homem do Renascimento se via como distinto
do coletivo e detentor de caractersticas especficas que
o diferenciava dos demais. Como exemplo dessa postura,
pode ser citado o fato de as obras de arte do Renascimento
serem assinadas por seus autores. O nome, caracterstica
individual, presente no quadro chama a ateno para aquele
que executou a obra.
O Renascimento no se restringiu ao mundo italiano.
A divulgao do humanismo foi faci l i tada pelo
desenvolvimento da imprensa, ainda no sculo XV, por
Gutenberg, que permitiu a expanso da cultura escrita com
maior facilidade e velocidade. Alm da Pennsula Itlica,
outras regies, como a dos Pases Baixos, de forte
desenvolvimento comercial, assistiram expanso da arte
em suas cidades.
No se deve, no entanto, acreditar que as transformaes
proporcionadas pelo Renascimento tenham tido ampla
difuso no interior das sociedades. As mudanas do
perodo no atingiram a todos os setores sociais, que eram
majoritariamente analfabetos, mas ficaram restritas s elites. Alm disso, a Renascena foi um movimento urbano,
ficando a vida no mundo rural ainda regida pelos valores medievais. De acordo com Laura de Mello e Souza:
Na verdade, Cincia e Razo eram apenas uma face
de realidade bem mais complexa. Enquanto as elites
redescobriam Aristteles ou discutiam Plato na Academia
florentina, de Loureno de Mdicis, a quase totalidade da
populao europeia continuava analfabeta. Praticamente
alheia matematizao do tempo, tinha seu trabalho regido
ainda por galos e pelos sinos [...] a vida continuava pautada
por ritmos sazonais.
SOUZA, Laura apud FARIA, Ricardo; MARQUES, Adhemar;
BERUTTI, Flvio. Histria. Belo Horizonte: L, 1993.
CARACTERSTICAS DO RENASCIMENTO
HumanismoO humanismo foi resgatado dos textos da Antiguidade
Clssica por estudiosos como Petrarca e Bocaccio.
At o sculo XIV, a leitura e a interpretao desses textos
estiveram, em grande parte, controladas pela Igreja, e a
retomada deles proporcionou uma alterao na viso a
respeito do papel do homem no mundo. A partir de ento,
o estudo das atividades humanas passou a ser preponderante
nas universidades, que se afastavam do teocentrismo
medieval e assumiam uma postura cada vez mais laica.
O estudo das obras de Herdoto, Plato e Homero ampliou
o conhecimento sobre as lnguas antigas, permitindo
tambm um aprofundamento nos estudos bblicos. Vrios
dos humanistas se dedicaram s questes religiosas, como
Erasmo de Rotterdam, que fez uma importante traduo
grega do Novo Testamento.
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durante a Idade Mdia, tendo sido preservadas nos mosteiros
medievais. O humanista Leonardo Bruni afirmou que seria necessrio trazer luz a antiga elegncia de estilo que se
perdera e extinguira.
Rafa
el S
anzi
o
A escola de Atenas de Rafael Sanzio reflete a importncia da
Antiguidade para o Renascimento. A referncia a filsofos gregos,
como Plato e Aristteles ao centro, demonstra a preocupao
com o racionalismo. O uso da perspectiva e a construo
geomtrica do quadro so caractersticas das obras do perodo.
UniversalismoA crena em sua capacidade fazia com que o homem do
Renascimento se dedicasse s mais diversas atividades.
A especializao em uma determinada rea, comum no mundo
atual, se contrasta com a postura renascentista, que defendia
que o homem universal poderia se destacar em vrias reas
do conhecimento humano. Leonardo da Vinci, que era pintor,
arquiteto, poeta, engenheiro e escultor, chegou a afirmar:
J fiz planos de pontes muito leves [...] sou capaz de desviar
a gua dos fossos de um castelo cercado [...] Conheo os
meios de destruir seja que castelo for [...] Sei construir
bombardas fceis de deslocar [...] galerias e passagens
sinuosas que se podem escavar sem rudo nenhum [...],
carros cobertos, inatacveis e seguros, armados com
canhes. Estou [...] em condies de competir com qualquer
outro arquiteto, tanto para construir edifcios pblicos ou
privados como para conduzir gua de um lugar para outro.
E, em trabalhos de pintura ou na lavra do mrmore, do
metal ou da argila, farei obras que seguramente suportaro
o confronto com as de qualquer outro, seja ele quem for.
VINCI, Leonardo da. In: DELUMEAU, Jean. A Civilizao do
Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa,
1984. vol. 1. p. 154.
Jan V
an E
yck
O quadro O Casal Arnolfini, do holands Jan Van Eyck, apresenta um casal burgus no interior de sua casa. O detalhamento
na representao dos objetos tem como objetivo valorizar a
riqueza do casal. A cena do cotidiano foge das tradicionais
representaes sacras e corresponde necessidade da burguesia
de enaltecer seus valores e modo de vida. A riqueza dos detalhes
s foi possvel graas s inovaes tcnicas como a pintura a
leo e a perspectiva. No fundo, acima do espelho, possvel
observar a assinatura do pintor.
NaturalismoA valorizao da natureza e do seu estudo tambm
foi uma caracterstica do Renascimento. Se para muitos homens medievais a natureza era fonte de medo, para os renascentistas, ela deveria ser investigada. Atravs da observao dos fenmenos naturais, portanto, os renascentistas puderam aguar seus conhecimentos c ient f icos, ass im como o seu espr i to cr t ico. A natureza humana tambm foi alvo de preocupaes, o que fez com que surgissem estudos mais aprofundados sobre o corpo humano. Os estudos sobre o universo e seu funcionamento tambm foram comuns, dando origens a teorias como a heliocntrica.
Retomada dos valores ClssicosA revalorizao da cultura greco-romana orientou a
postura do homem do Renascimento, principalmente no
que se refere valorizao da razo. Textos de Plato e de
Aristteles sofreram novas interpretaes que se afastavam
daquelas defendidas pela Igreja. vlido ressaltar que
essas obras no haviam sido completamente abandonadas
Renascimento
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12 Coleo Estudo
RENASCIMENTO ITALIANO
Para a maioria dos autores, o Renascimento atingiu seu auge no norte da Pennsula Itlica. Botticelli, Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael so apenas alguns dos nomes ligados grande expresso artstica da regio, tendo a pintura, a escultura e a arquitetura alcanado o seu esplendor nas cidades italianas.
O desenvolvimento comercial e urbano daquela regio foi uma das razes para a fora da Renascena italiana, uma vez que o ambiente urbano era mais propcio para o desenvolvimento artstico devido presena de mercadores de vrias regies, o que permitia uma maior troca de informaes. Alm disso, a existncia de uma forte burguesia, que desejava principalmente ver representados os seus valores e princpios, garantiu o financiamento de boa parte das obras de arte.
O mecenato, nesse perodo, foi muito comum, pois, alm da burguesia, a Igreja, com sede em Roma, financiou os artistas do Renascimento, o que proporcionou a realizao de grandes obras, como a pintura do teto da Capela Sistina,
encomendada pelo papa Julio II, por Michelangelo.
Michel
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A pintura do teto da Capela Sistina levou cerca de quatro anos e representa uma srie de passagens bblicas. Michelangelo, que se considerava melhor escultor do que pintor, utilizou a tcnica do afresco para realizar o trabalho. Essa tcnica, aprimorada no Renascimento, consistia em uma representao pictrica feita sobre parede, com base de gesso ou argamassa.
HedonismoA busca pelo prazer foi marca do homem moderno, tendo a
valorizao do mundo temporal e da vida terrena incentivado a procura por prazeres intelectuais e materiais. Os prazeres mundanos foram colocados em destaque, e a preocupao com o tempo humano passou a conviver com o tempo da eternidade, aquele posterior morte, vinculado ao cristianismo.
MecenatoO incentivo financeiro foi comum para a produo das obras
do Renascimento. Diversos grupos sociais desejavam ver os seus valores representados pelos artistas do perodo. Igreja, burguesia e nobreza financiavam pinturas e esculturas com a inteno de exaltar seus hbitos e sua viso de mundo. No caso da burguesia, essa necessidade estava vinculada ao desejo dos burgueses de ascenderem a um novo status social em meio a uma Europa ainda marcada pela presena de valores aristocrticos.
Busca pela perfeioAs noes de harmonia e simetria so caractersticas
do Renascimento. A busca pela perfeio e pelo realismo nas obras colaborou para o aprimoramento das tcnicas de representao, como a noo de perspectiva, que foi fundamental para as representaes mais fiis da realidade. Os estudos do corpo humano tambm foram aperfeioados, permitindo que a anatomia humana, em seus detalhes, pudesse ser representada nas obras de arte.
Michel
angel
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Moiss, escultura de Michelangelo, denota a preocupao com a representao fiel do corpo humano. Acredita-se que as formas simtricas e a harmonia nas posies do corpo levaram o autor a gritar Fala! aps sua concluso.
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Outro fator fundamental para o destaque das cidades
italianas o fato de estas se localizarem na regio da
antiga sede do Imprio Romano, que preservara parte
do patrimnio greco-romano, o que facilitou a busca dos
humanistas pelo estudo das obras da Antiguidade Clssica.
A tomada de Constantinopla pelos turcos em 1453 gerou
o deslocamento de muitos estudiosos do Imprio Bizantino
para a Pennsula Itlica. Estes levaram consigo uma parte
considervel do patrimnio guardado no Imprio Romano
do Oriente, o que foi fundamental para o Renascimento
italiano.
RENASCIMENTO E LITERATURA
Alm das artes plsticas, a literatura tambm foi
um segmento artstico beneficiado pelo pensamento
renascentista. Entre os sculos XIV e XVII, escritores de
vrias regies da Europa se destacaram com obras que
propagavam os valores antropocntricos. Dentre eles,
pode-se destacar:
Dante Alighieri: Em A Divina Comdia, Dante utilizou
o dialeto florentino e no o latim, como era comum
nas obras do perodo, abrindo espao para a utilizao
das lnguas nacionais.
Lus de Cames: Em Os Lusadas, poema pico,
Cames narra a saga expansionista dos portugueses
pelos oceanos. A epopeia, datada do sculo XVI,
retrata as faanhas portuguesas igualando-as a
outras grandes aventuras.
As armas e os bares assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda alm da Taprobana,
Em perigos e guerras esforados,
Mais do que prometia a fora humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reino, que tanto sublimaram.
CAMES, Lus de. Os Lusadas.
Miguel de Cervantes: O espanhol narra de maneira
pardica as aventuras do fidalgo Dom Quixote de la
Mancha e seu fiel escudeiro Sancho Pana. Na obra,
os valores exaltados nos romances de cavalaria de
origem medieval so satirizados.
Franois Rabelais: Em Gargntua e Pantagruel,
Rabelais misturou elementos de diversos gneros
narrativos com humor popular. Enaltecia os prazeres
fsicos como a comida, a bebida e o sexo e satirizava
o ascetismo religioso.
William Shakespeare: Hamlet, Romeu e Julieta e
Otelo so clssicos do autor ingls. Em seus livros,
colocava as paixes humanas como centro das
atenes. Em Hamlet, afirmou:
Que obra de arte o homem: to nobre no
raciocnio, to vrio na capacidade; em forma o
movimento, to preciso e admirvel; na ao
como um anjo; no entendimento como um Deus;
a beleza do mundo, o exemplo dos animais.
SHAKESPEARE, William. Hamlet.
Thomas Morus: Em seu livro Utopia, o autor descreve uma ilha imaginria onde haveria uma sociedade ideal.
A noo de utopia (do grego, utopos = no lugar)
pode ser compreendida como uma crtica de Morus
sociedade europeia.
REVOLUO CIENTFICAAs transformaes provocadas pelo Renascimento
acarretaram o desenvolvimento de vrias reas do
conhecimento humano, sendo que, ao longo dos
sculos XVI e XVII, essas transformaes deram forma
s cincias modernas. Esse conjunto de mudanas ficou
conhecido como Revoluo Cientfica. A valorizao da
razo, da experincia e da observao favoreceu a expanso
do conhecimento cientfico e a alterao de concepes
a respeito do funcionamento da natureza e da vida em
sociedade.
A mais importante desmitificao ocorrida nesse perodo
se relacionou concepo geocntrica do Universo.
De acordo com essa teoria, a Terra seria o centro do Universo
e os demais astros girariam ao seu redor. Essa noo foi
defendida pela Igreja durante a Idade Mdia e baseava-se
nas concepes do grego Ptolomeu. Ainda na Idade Moderna,
essa era a posio oficial da Igreja sobre o tema, o que gerou
conflitos com estudiosos da poca.
Para Nicolau Coprnico e Galileu Galilei, contemporneos
do Renascimento, no entanto, a Terra no seria um
astro fixo e, sim, um astro mvel que estaria orbitando
em torno do Sol. O heliocentrismo, forma como
conhecida essa teoria, afrontava um dos principais dogmas
do catolicismo.
Renascimento
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14 Coleo Estudo
LEITURA COMPLEMENTAROs vrios Renascimentos
Houve vrios Renascimentos na Idade Mdia, manifestamente no sculo XII e de forma mais discreta na poca de Carlos Magno. Em
ambos os casos, houve uma combinao de feitos artsticos e literrios com um reavivar do interesse pela educao clssica, e tambm,
em ambos os casos, houve alguns contemporneos que descreveram a sua poca como sendo de regenerao, renascimento ou renovao.
Alguns espritos mais audazes, nomeadamente Arnold Toynbee na sua obra A Study of History, foram ainda mais longe e descobriram
Renascimentos fora da Europa Ocidental, quer em Bizncio, no mundo islmico, ou mesmo no Oriente [...]
Houve de fato um Renascimento? Se descrevermos o Renascimento em termos de prpura e ouro, como um milagre cultural isolado,
ou como o sbito emergir da modernidade, a minha resposta ser no. Os arquitetos do Renascimento produziram obras-primas, mas
tambm os mestres maons do perodo gtico o fizeram. A Itlia do sculo XVI teve o seu Rafael, mas o Japo do sculo XVIII teve o
seu Hokusai. Maquiavel foi um poderoso e original pensador, mas tambm o foi o historiador Ibn Khaldun, que viveu no norte de frica
durante o sculo XIV. Se, no entanto, o termo Renascimento for usado sem prejuzo para os feitos da Idade Mdia, ou para os do
mundo no europeu para referir um importante conjunto de mudanas na cultura ocidental, ento pode ser visto como um conceito
organizador que ainda tem o seu uso.
BURKE, Peter. O Renascimento italiano - Cultura e Sociedade na Itlia. So Paulo: Nova Alexandria, 1999.
Para Galileu, a tradio e a autoridade dos antigos sbios no eram fontes de conhecimento cientfico, pois,
de acordo com ele, o livro da natureza escrito em caracteres matemticos. Por suas ideias, Galileu foi perseguido
pela Igreja, enquanto Giordano Bruno, por defender a noo de um Universo infinito, foi condenado e morto pela
Inquisio.
O mapa apresenta a concepo geocntrica. Nele, os
astros do sistema solar aparecem orbitando a Terra, um
corpo fixo.
Nesse mapa, o Sol apresentado como fixo e a Terra gira ao seu redor.
Assim como os cosmgrafos, outros pensadores se destacaram no contexto renascentista. Entre eles, certamente
est Ren Descartes, que foi um importante filsofo do perodo e considerado um dos pais do racionalismo. dele a
mxima Penso, logo existo, assim como a elaborao da noo de dvida metdica. Os ingleses John Locke e Francis
Bacon defendiam o empirismo e acreditavam que a experincia e a observao eram caminhos para a verdade. J o
fsico Isaac Newton buscou leis universais para o funcionamento do universo a partir da observao de fenmenos
particulares.
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Sobre o Renascimento Cultural na Europa, podemos
afirmar que
I. se caracterizou pelo impulso na elaborao de estudos
do homem e da natureza. O homem teria capacidade
de, utilizando-se da razo, encontrar explicaes
racionais para os fenmenos naturais.
II. tinha na Antiguidade Oriental, particularmente na
cultura bizantina, seu mais sofisticado modelo, sendo
a praa de So Marcos, em Veneza, um marco da
arquitetura renascentista de inspirao oriental.
III. a Itlia foi um dos principais centros de produo cultural
renascentista, tendo em Nicolau Maquiavel, Giordano
Bruno e Michelangelo nomes de destaque do perodo.
IV. foi um movimento artstico que atingiu particularmente
a produo literria, enquanto as artes plsticas,
mesmo na Itlia, davam continuidade ao gosto
artstico medieval.
Para responder, use a chave adiante.
A) Somente as afirmativas I e IV so corretas.
B) Somente a afirmativa III correta.
C) Somente as afirmativas I e III so corretas.
D) Somente a afirmativa II errada.
E) Somente a afirmativa IV errada.
04. (UFMG) Renascimento, Expanso Martima e Comercial Europeia, Estado Nacional, Reforma so assuntos que
necessariamente devem ser relacionados, pois o processo
histrico que envolve a Europa Ocidental na poca
globalizante e os fatos se interpenetram.
A afirmativa anterior pode ser considerada
A) VERDADEIRA pois os fenmenos histricos da poca,
para a regio assinalada, no podem ser tomados em
separado, sob pena de no entendimento do processo
histrico do Ocidente.
B) FALSA pois o Renascimento foi um movimento
intelectual, artstico, sem nenhuma relao com o
processo da evoluo comercial, poltica ou religiosa
europeia.
C) FALSA pois o Estado Nacional teve seus fundamentos
em etapa posterior, principalmente no sculo XVIII,
com a Revoluo Francesa, enquanto os demais
movimentos indicados so do sculo XVI.
D) VERDADEIRA se entendermos o Renascimento e a
Expanso Martima e Comercial Europeia como um
s fato, o do Renascimento Comercial no Ocidente
Mediterrneo.
E) FALSA pois o movimento comercial europeu estava
ligado exclusivamente ao fechamento do Mediterrneo
pelos turcos, em nada se relacionando com o
Renascimento ou a Reforma, questo de fundo religioso.
EXERCCIOS DE FIXAO
01. (UFMG) O Renascimento teve o seu bero na Itlia em razo de vrios fatores, EXCETO
A) a existncia de uma economia que possibilitou
investimentos na produo cultural.
B) a preocupao da burguesia de obter afirmao social,
transformando-se nos grandes mecenas.
C) a presena de uma tradio clssica muito forte, pois
a regio foi o centro do Imprio Romano.
D) a influncia da cultura bizantina e sarracena com
a chegada de intelectuais, quando da tomada de
Constantinopla em 1453.
E) a supremacia militar do Imprio Italiano na Europa,
o que permitia o controle das principais rotas e do
mercado financeiro.
02. (UFMG) Leia este trecho, em que se faz referncia construo do mundo moderno:
[...] os modernos so os primeiros a demonstrar que o
conhecimento verdadeiro s pode nascer do trabalho interior
realizado pela razo, graas a seu prprio esforo, sem
aceitar dogmas religiosos, preconceitos sociais, censuras
polticas e os dados imediatos fornecidos pelos sentidos.
CHAU, Marilena. Primeira filosofia. 4. ed. So Paulo: Brasiliense,
1985. p. 80.
A partir da leitura desse trecho, CORRETO afirmar que
a formao do mundo moderno se caracteriza por
A) uma nova postura com relao ao conhecimento,
a qual transforma o modo de entendimento do mundo
e do prprio homem.
B) uma ruptura com as concepes antropocntricas,
a qual modifica as relaes hierrquicas senhoriais.
C) uma ruptura com o mundo antigo, a qual caracteriza
um distanciamento do homem face aos diversos
movimentos religiosos.
D) adaptaes do pensamento contemplativo, as quais
reafirmam a primazia do conhecimento da natureza
em relao ao homem.
03. (UFPI2010) O Renascimento implicaria uma redescoberta do homem, fazendo com que o teocentrismo da
Idade Mdia cedesse lugar ao antropocentrismo [...]
O Renascimento no seno a passagem, lenta e gradual,
da Idade Mdia para a poca moderna.
AZEVEDO, Antnio Carlos do Amaral. Dicionrio de nomes,
termos e conceitos histricos. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 1990.
Renascimento
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16 Coleo Estudo
02. (UFTM-MG2007) O Renascimento Cultural teve sua origem nas mudanas polticas, econmicas e sociais
ocorridas a partir da Baixa Idade Mdia. Foram
transformaes dos padres de comportamento, das
crenas, das instituies, dos valores espirituais e
materiais transmitidos coletivamente e que atingiram
a alta burguesia e a nobreza, excluindo os demais
segmentos da sociedade.
MOTA, Myriam; BRAICK, Patrcia. Histria: das cavernas ao
Terceiro Milnio.
Entre as transformaes a que as autoras se referem,
CORRETO mencionar
A) a afirmao dos Estados liberais, sob controle da
burguesia, a partir da retomada do estudo do Direito
Romano nas universidades.
B) o desenvolvimento das atividades mercantis, que
fez surgir uma nova camada social interessada em
valorizar o indivduo e a razo.
C) o fortalecimento da autoridade dos doutores da
Igreja Catlica, que defendiam a f como meio de
compreenso da realidade material.
D) a ascenso poltica das camadas populares, que
questionaram a viso de mundo centrada em Deus
e incentivaram a crtica e a experimentao.
E) a consolidao do sistema fabril, substituindo as
corporaes medievais, devido s novas exigncias
da economia autossuficiente.
03. (UFG2007) No houve preocupao com as consequncias da revoluo copernicana seno depois de Giordano
Bruno ter extrado dela certas conseqncias filosficas.
Bem depressa Giordano Bruno estava a afirmar a
infinidade do mundo. Rejeitava, pois, por completo,
a noo de centro do universo. O Sol, perdido o lugar
privilegiado que Coprnico lhe atribua, era um sol entre
outros sis, uma estrela entre estrelas.
DELUMEAU, Jean. A civilizao do Renascimento. Lisboa:
Editorial Estampa, 1994. p. 147 (Adaptao).
O texto refere-se importncia dos pronunciamentos de
Giordano Bruno para a constituio da noo moderna
de Universo, que se relaciona com
A) a definio de um Universo concebido como fechado
e finito.
B) o abandono da ideia de um Universo criado por Deus.
C) a ruptura da concepo geocntrica do Universo.
D) a percepo de que o Universo contido numa esfera.
E) a compreenso heliocntrica do Universo.
05. (Unimontes-MG2007) Leia os textos.
A experincia, que a madre das coisas, nos desengana
e de toda dvida nos tira.
Duarte Pacheco
Demasiada luz agressiva; demasiada sombra impede-
se que se veja.
Leonardo da Vinci
No existe beleza extraordinria que no tenha alguma
peculiaridade na proporo.
Francis Bacon
Que bela obra de arte o homem, to nobre no raciocnio,
to vrio na capacidade [...] no entendimento como
um deus.
William Shakespeare
Todos esses autores viveram no incio da Idade Moderna
e seus pensamentos, expressos nesses textos, revelam
a valorizao do / da(s)
A) esttica barroca e da crena inabalvel nas explicaes
religiosas.
B) experimentao, observao, equilbrio, comprovao
dos fatos e humanismo.
C) teorias acerca do poder dos reis e da origem e do
funcionamento do universo.
D) ressurgimento da vida urbana e da proliferao das
universidades.
EXERCCIOS PROPOSTOS
01. (FUVEST-SP2008) Nos sculos XIV e XV, a Itlia foi a regio mais rica e influente da Europa. Isso ocorreu
devido
A) iniciativa pioneira na busca do caminho martimo para
as ndias.
B) centralizao precoce do poder monrquico nessa
regio.
C) ausncia completa de relaes feudais em todo o
seu territrio.
D) neutralidade da Pennsula Itlica frente guerra
generalizada na Europa.
E) combinao de desenvolvimento comercial com
pujana artstica.
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06. (UFU-MG) Sempre que se evoca o tema do Renascimento, a imagem que imediatamente nos
vem mente a dos grandes artistas plsticos e de
suas obras famosas [...] As artes plsticas acabaram
se convertendo num centro de convergncia de todas
as principais tendncias da cultura renascentista.
E, mais do que isso, acabaram espelhando, atravs
de seu intenso desenvolvimento nesse perodo, os
impulsos mais marcantes do processo de evoluo das
relaes sociais e mercantis.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento.
So Paulo: Atual, 1994. p. 25.
De acordo com o trecho anterior, o papel central das artes
plsticas na cultura renascentista est relacionado aos
impulsos mais marcantes do processo de evoluo das
relaes sociais e mercantis porque
I. expressavam o carter sacro e piedoso do humanismo,
revalorizando a tradio medieval e procurando
reconciliar razo e f, que se encontravam dissociadas
a partir do predomnio do racionalismo burgus nas
transaes mercantis.
II. expressavam o desejo da nascente burguesia de
construir uma nova imagem da sociedade em que
ela teria papel central, contrapondo-se aos valores
da sociedade medieval que privilegiavam o clero e
a nobreza.
III. expressavam o ideal de beleza relacionado ao sentido
de permanncia atemporal, imutvel, tomado de
emprstimo s artes do mundo antigo e que serviam
como contraponto velocidade e intensidade
das inovaes e das transformaes vividas pelas
sociedades europeias modernas.
IV. expressavam como a cultura tornou-se um campo
de luta privilegiado, onde a produo artstica
deveria transmitir valores e princpios importantes
para a consolidao da sociedade moderna, como o
antropocentrismo, a razo, a positividade da riqueza
material, o desejo de conhecimento e o domnio sobre
a natureza e sobre o espao geogrfico.
Assinale a alternativa que contm as afirmativas
CORRETAS.
A) Apenas II e III
B) Apenas I e III
C) Apenas III e IV
D) Apenas II e IV
04. (UFF-RJ2006) O incio dos tempos modernos associado ao Renascimento, no qual se destacavam, entre outras
caractersticas, a descoberta do homem e do mundo.
Considerando essa afirmao, assinale a alternativa que MELHOR interpreta o esprito moderno da Renascena em
sua relao com a Expanso Martima e com as grandes
descobertas do perodo.
A) O fato de Galileu, no sculo XV, descobrir a luneta,
propiciando um novo olhar sobre o mundo e
denominando a Amrica de Novo Mundo.
B) A combinao entre os conhecimentos da cosmologia
do sculo XII com a cincia da astronomia renascentista
que denominou de Novo Mundo ao conjunto formado
pela Amrica, frica e sia.
C) A renovao do conhecimento sobre a natureza e o
cosmos realizada no Renascimento e que atribui
Amrica a denominao de Novo Mundo.
D) A reunio dos novos conhecimentos da Renascena
com a cosmologia oriental, explicando o porqu de a
Amrica e a sia serem os continentes denominados
de Novo Mundo.
E) Os movimentos de circulao de trocas, estruturados
a partir das necessidades que o Renascimento tinha
de aumentar a sua influncia sobre o mundo oriental, fazendo da sia o Novo Mundo.
05. (PUC Rio2011) Meu falecido pai, de memria abenoada, fez todo esforo para que eu pudesse alcanar excelncia
mental e tcnica. O fruto dos meus estudos e trabalhos
alcanou o seu desejo mais querido. Mas voc pode
perceber que, para a educao, as condies no eram
favorveis como so hoje. Nem eu tive professores to
capazes como voc. Ns ainda estvamos na idade
das trevas. [...] Agora, pela graa de Deus, a luz e a
dignidade foram restitudas s letras e eu vivi para v-lo.
Hoje as antigas cincias esto restauradas [...]
As lnguas restitudas: o grego [...]; o hebraico e o latim [...]
Hoje o mundo est repleto de homens sbios [...]
Mas lembre-se disso, a sabedoria de nada lhe servir se
voc no amar e temer a deus [...] Seu pai, Gargantua.
RABELAIS, Franois. Carta de Gargantua a Pantagruel, 1532.
So caractersticas do humanismo renascentista indicadas
nesse texto, EXCETO
A) a crtica Idade Mdia, percebida como perodo
de trevas.
B) a valorizao de uma educao laica e a abertura das
bibliotecas monsticas.
C) o desejo de renovar a f crist mediante a traduo
e circulao dos textos sagrados.
D) a retomada do patrimnio cultural e literrio da
Antiguidade Clssica.
E) o otimismo em relao aos avanos humanos no
campo da educao.
Renascimento
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18 Coleo Estudo
Cenas da vida da Virgem (1304-1306), de Giotto. (Detalhe)
Um elemento de distino entre elas, responsvel pelo
surgimento de uma arte tipicamente renascentista,
expressa-se por meio da
A) introduo da perspectiva ou do efeito de profundidade
na composio da pintura.
B) produo da pintura considerando a figurao
bidimensional.
C) elaborao de imagens antirrealistas, com apelo
ao sagrado.
D) atribuio de destaque s figuras sagradas, conforme
a hierarquia religiosa.
E) composio da pintura com base na representao
de figuras sem volume.
09. (UFMG) No amplo conjunto de transformaes ligadas ao advento do mundo moderno, destaca-se um fenmeno
que pode ser chamado Revoluo Cientfica. Tal processo,
relacionado ao trabalho de homens como Kepler,
Coprnico e Newton, entre outros, levou a profundas
mudanas nas concepes acerca da construo do saber.
Considerando-se as condies que tornaram possvel o
advento da Revoluo Cientfica, CORRETO afirmar que
A) os avanos cientficos foram estimulados pelas
tendncias humanista e racionalista emergentes
na poca.
B) o trabalho dos cientistas foi facilitado pelo processo de
crescimento da influncia exercida pela Igreja Catlica.
C) as descobertas da cincia moderna se tornaram
viveis a partir de uma postura de completo
rompimento com o passado.
D) a renovao da cincia foi estimulada pela queda do
absolutismo russo, que abriu a Europa Oriental ao
contato com o Ocidente.
07. (FUVEST-SP2006) As guerras que, h algum tempo, horrorizaram a Europa, as pestes e fomes na Espanha,
as rebelies na Nova Espanha foram causadas por qual
cometa? Nenhum. Portanto, os males que porventura
aconteam no sero causados pelo cometa de agora,
ainda que as autoridades se empenhem em prov-lo.
SIGENZA Y GONGORA, Carlos de., astrnomo mexicano, 1680.
Com base no texto, CORRETO afirmar que
A) essa perspectiva nada tinha de inovadora, pois a
cincia moderna j havia sido reconhecida pelas
autoridades civis e eclesisticas na Espanha desde o
incio do sculo XVII.
B) a opinio do autor de exclusivo carter poltico,
no se podendo estabelecer relaes com debates e
posies sobre astronomia e cincia moderna.
C) a perspectiva crtica sobre a relao entre a passagem
dos cometas e as catstrofes terrenas fazia parte
dos manuais religiosos dos jesutas desde o incio do
sculo XVII.
D) a viso do autor surpreende, pois, no Mxico
colonial, no havia universidades, imprensa ou
uma vida cultural que possa explicar afirmaes
semelhantes.
E) a viso do autor era a de um estudioso que, mesmo
vivendo no Mxico colonial, tomava posio na
defesa dos conhecimentos cientficos mais avanados
produzidos na Europa.
08. (UFG2007) Compare as duas imagens.
Iluminura do Saltrio de Ingeborg (anterior a 1210)
Frente A Mdulo 07
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HIS
TR
IA
19Editora Bernoulli
que os matemticos sejam da minha opinio, se
quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento,
no superficialmente mas duma maneira aprofundada,
das demons t raes que da re i nes ta ob ra .
Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem
cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos
da Escritura (sagrada), a que toram o sentido,
desprezarei os seus ataques: as verdades matemticas
no devem ser julgadas seno por matemticos.
COPRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium.
Aqueles que se entregam prtica sem cincia so
como o navegador que embarca em um navio sem leme
nem bssola. Sempre a prtica deve fundamentar-se
em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra
geral, experimente-o duas ou trs vezes e verifique se
as experincias produzem os mesmos efeitos. Nenhuma
investigao humana pode se considerar verdadeira
cincia se no passa por demonstraes matemticas.
VINCI, Leonardo da. Carnets.
O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para
exemplificar o racionalismo moderno
A) a f como guia das descobertas.
B) o senso crtico para se chegar a Deus.
C) a limitao da cincia pelos princpios bblicos.
D) a importncia da experincia e da observao.
E) o princpio da autoridade e da tradio.
02. (Enem2001) O franciscano Roger Bacon foi condenado, entre 1277 e 1279, por dirigir ataques aos telogos,
por uma suposta crena na alquimia, na astrologia e no
mtodo experimental, e tambm por introduzir, no ensino,
as ideias de Aristteles. Em 1260, Roger Bacon escreveu:
Pode ser que se fabriquem mquinas graas s quais
os maiores navios, dirigidos por um nico homem, se
desloquem mais depressa do que se fossem cheios de
remadores; que se construam carros que avancem a
uma velocidade incrvel sem a ajuda de animais; que se
fabriquem mquinas voadoras nas quais um homem [...]
bata o ar com asas como um pssaro. [...] Mquinas que
permitam ir ao fundo dos mares e dos rios.
apud. BRAUDEL, Fernand. Civilizao material,
economia e capitalismo: sculos XV-XVIII,
So Paulo: Martins Fontes, 1996. vol. 3.
10. (UFMG) Observe estas duas figuras:
CELLARIUS, Andreas. Map of the heavens. A book of postcards. The Britsh Library. San Francisco:
Pomegranate Artbooks, 1993.
Essas figuras fazem parte da coleo de mapas celestes
reunidos, no livro Atlas Celestial da Harmonia, por
Andreas Cellarius, que pretendia divulgar as descobertas
nas cincias e na arte de seu tempo.
1. ANALISE a principal diferena entre os dois sistemas
de representao do cosmos configurados nesses dois
mapas celestes.
2. RELACIONE a mudana de concepo do cosmos
representada nesses mapas com as transformaes
que ocorriam, na poca, no campo da arte e
da cincia.
SEO ENEM
01. (Enem1999) [...] Depois de longas investigaes, convenci-me por fim de que o Sol uma estrela fixa
rodeada de planetas que giram em volta dela e de
que ela o centro e a chama. Que, alm dos planetas
principais, h outros de segunda ordem que circulam
primeiro como satlites em redor dos planetas principais
e com estes em redor do Sol. [...] No duvido de
Renascimento
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20 Coleo Estudo
GABARITO
Fixao01. E 02. A 03. C 04. A 05. B
Propostos01. E 04. C 07. E
02. B 05. B 08. A
03. C 06. D 09. A
10. 1. O aluno deve ser capaz de identificar e
analisar as diferenas entre os dois sistemas
cosmolgicos apresentados: o geocntrico
e o heliocntrico. O primeiro representa a
Terra como o centro do universo e tpico
da mentalidade do homem medieval, j
o segundo tem o Sol como centro e
fruto das mudanas do incio da chamada
Idade Moderna.
2. A diferena entre as duas representaes pode
ser associada s transformaes na mentalidade
do homem moderno, como a crescente
valorizao da razo, o antropocentrismo,
a valorizao do empirismo, entre outras.
Seo Enem01. D 02. E 03. E
Considerando a dinmica do processo histrico, pode-se
afirmar que as ideias de Roger Bacon
A) inseriam-se plenamente no esprito da Idade
Mdia ao privilegiarem a crena em Deus como
o principal meio para antecipar as descobertas
da humanidade.
B) estavam em atraso com relao ao seu tempo
ao desconsiderarem os instrumentos intelectuais
oferecidos pela Igreja para o avano cientfico
da humanidade.
C) opunham-se ao desencadeamento da Primeira
Revoluo Industrial ao rejeitarem a aplicao da
matemtica e do mtodo experimental nas invenes
industriais.
D) eram fundamentalmente voltadas para o passado,
pois no apenas seguiam Aristteles, como tambm
baseavam-se na tradio e na teologia.
E) inseriam-se num movimento que convergiria mais
tarde para o Renascimento, ao contemplarem a
possibilidade de o ser humano controlar a natureza
por meio das invenes.
03. As imagens a seguir so de duas esculturas que retratam o mesmo personagem, o heri bblico Davi.
Observe:
Davi, Michelangelo
(1501)
David, Bernini
(1623)
A partir da interpretao das obras de arte, depreende-se
que ambas
A) so fruto do Renascimento, movimento artstico
moderno que, atravs do naturalismo, valoriza a
contemplao da inrcia do corpo humano.
B) representam o atesmo do homem moderno que, em
busca da razo, passou a refutar as temticas ligadas
ao cristianismo.
C) buscam se reaproximar dos valores artsticos
medievais que prezavam pela representao da
simetria humana.
D) podem ser consideradas produtos da genialidade de
homens que, por estarem a frente do seu tempo, no
representaram valores culturais contemporneos a si.
E) refletem as constantes mudanas das produes
artsticas, que so resignificadas de acordo com o
contexto histrico em que esto inseridas.
Frente A Mdulo 07
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FRENTE
21Editora Bernoulli
MDULOHISTRIAO processo de diviso da cristandade ocidental ocorrido
no sculo XVI, durante a Idade Moderna, recebe o nome de Reforma Protestante. A formao dos Estados Modernos, o fortalecimento da classe burguesa, a crescente valorizao da razo e do individualismo e o aperfeioamento da imprensa foram fundamentais para o sucesso dos movimentos de contestao Igreja. O controverso comportamento do clero catlico e a dificuldade da Igreja em satisfazer uma espiritualidade cada vez mais complexa tambm proporcionaram o ambiente para as crticas dos reformistas.
A ciso com a Igreja Catlica provocada pela Reforma foi precedida por outras contestaes, que, no entanto, no causaram um abalo definitivo na religiosidade da Europa Ocidental. fundamental, portanto, a compreenso dos fatores que permitiram a ecloso dos movimentos reformistas no sculo XVI.
PRECURSORES DOS MOVIMENTOS REFORMISTAS
Durante o Perodo Medieval, no foram incomuns as contestaes Igreja. Em 1054, por exemplo, houve a diviso da cristandade. Nesse contexto, foram formadas a Igreja Catlica Romana e a Igreja Ortodoxa com sede em Constantinopla, no Imprio Bizantino. O questionamento da autoridade papal pelos patriarcas de Bizncio foi um dos principais fatores que levou ruptura. Alm disso, a ao dos iconoclastas, que criticavam a adorao de imagens religiosas e denunciavam a idolatria, tambm foi fundamental para o Cisma.
Outro ponto de divergncia envolvendo os cristos se relacionou s heresias (termo originrio do grego hairesis, que significa escolher), que ameaavam a Igreja desde os seus momentos iniciais. possvel afirmar, porm, que tais manifestaes foram mais intensas nos sculos XII e XIII, quando as heresias deixaram de se restringir ao campo filosfico e terico e passaram a se caracterizar pelo seu cunho popular assentado sobre uma nova viso tica da instituio eclesistica e do cristianismo como religio vigente na sociedade ocidental. Os ctaros, os valdenses e os franciscanos so exemplos desses grupos que contestavam aspectos da doutrina religiosa.
Diante do avano das heresias, a Igreja decidiu institucionalizar as formas de represso. Assim, em 1229, durante o Conclio de Toulouse, foi criado oficialmente o Tribunal do Santo Ofcio. Os dominicanos, que compunham uma importante ordem eclesistica, possuam papel destacado na organizao da nova instituio, cabendo-lhes a tarefa de inquirir e condenar os herticos.
O processo movido contra o hertico muitas vezes era feito de tal modo que o acusado ignorava o nome do prprio acusador, sendo que mulheres, escravos ou crianas podiam servir de testemunhas da acusao, mas nunca da defesa. Para obter a confisso podia-se utilizar mtodos que no deixavam de ser, de certa forma, torturas, como, por exemplo, a fadiga, propositalmente provocada, ou o enfraquecimento fsico do acusado. Uma vez apurada a culpa, concedia-se ao ru um prazo para que se apresentasse espontaneamente ao tribunal. Caso isso no ocorresse, poderia ser denunciado pelo inquisidor e ser preso. Em caso de confisso da culpa, dava-se ao acusado a oportunidade de retratar-se, sendo que, neste caso, deveria submeter-se a uma srie de penitncias, flagelaes, peregrinaes e, em casos mais graves, priso. Porm, como j dissemos anteriormente, se o acusado persistisse em seu pecado, era julgado e entregue ao brao secular que, por sua vez, o conduzia fogueira.
NACHMAN, Falbel. Heresias Medievais. So Paulo: Editora Perspectiva, 1977.
Franci
sco
Goy
a
Cena de Inquisio. A cena apresenta a atuao da Inquisio, presente mesmo no sculo XIX.
No sculo XIV, o chamado Cisma do Ocidente voltou a ameaar a autoridade eclesistica. Naquele contexto, a autoridade real francesa, em processo de fortalecimento, e a autoridade papal duelaram foras, tanto que, aps o episdio conhecido como Cativeiro de Avignon quando o papa Clemente V foi mantido fora na cidade de Avignon, na Frana , a cristandade conviveu com a existncia de dois papas, o romano e o francs. Somente em 1417, ou seja, cerca de 70 anos aps o incio dos conflitos, durante o Conclio de Constana, o Cisma foi superado. Naquele ano, o papado foi restabelecido em Roma, anulando, assim, a resistncia francesa.
Reforma e Contrarreforma 08 A
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22 Coleo Estudo
Ainda no sculo XIV, o professor da Universidade de Oxford, John Wycliffe (1324-1384), foi responsvel pela primeira traduo da Bblia para o ingls, o que representava, naquele perodo, uma ameaa ao monoplio dos textos sagrados pelo clero. Seus seguidores, os lollardos, criticavam a hierarquia da Igreja e acreditavam que a salvao poderia ser obtida pela f. Em reao expanso de suas ideias, mesmo aps a morte, a Igreja decretou que os textos de Wycliffe fossem destrudos e que seus restos mortais fossem exumados e queimados em cerimnia pblica.
John F
oxe
Exumao e cremao dos ossos de John Wycliffe. Book of Martyes - 1563
Por fim, vale ressaltar o Movimento Hussita, que foi influenciado pelas contestaes de Wycliffe e deve o nome ao seu principal lder, Jan Huss. Nascido na regio da Bomia, o padre criticava o luxo e a corrupo do clero, alm de denunciar a venda de indulgncias, ou seja, a concesso do perdo mediante o pagamento. A morte de Jan Huss na fogueira, executada aps a sua condenao pelo Conclio de Constana (1415), deu incio s chamadas Guerras Hussitas.
Como pode se perceber, o alto clero cristo se mostrou intolerante diante daqueles que ameaavam sua primazia. Ainda assim, a represso no se mostrou capaz de calar os crticos, tanto que, no sculo XVI, estes amadurecem seus discursos.
ANTECEDENTES DA REFORMA PROTESTANTE
Os movimentos reformistas do sculo XVI aconteceram em um ambiente propcio para a divulgao de suas ideias. As contestaes produziram efeitos mais incisivos no interior da cristandade e, ao contrrio das anteriores, provocaram a diviso da Igreja Catlica na Europa Ocidental.
Entre os fatores que facilitaram a disseminao dos ideais reformistas, est a postura renascentista do homem, afinal, a difuso do humanismo permitiu a expanso de uma nova viso sobre o homem e o mundo que o cercava. Essa nova perspectiva refletiu-se na relao entre os homens e o sagrado e permitiu o surgimento de novas concepes religiosas. A postura crtica, principalmente em relao ao Perodo Medieval, se dirigia tambm Igreja e aos membros do clero. Dogmas, como o geocentrismo, passaram a ser contestados a partir da valorizao da experincia e da observao em oposio crena exclusiva nas autoridades religiosas.
O individualismo, que tambm ganhava fora na ocasio, levava percepo de que a relao entre o homem e Deus poderia existir sem a mediao do clero. A postura individualista incentivou ainda a leitura da Bblia e o surgimento de novas interpretaes dos textos sagrados. Membros do clero, como Erasmo de Rotterdam, influenciados por essa postura, dirigiram suas crticas ao despreparo do clero e ao carter belicoso de alguns papas.
O desenvolvimento da imprensa de tipos mveis por Gutenberg, ainda no sculo XV, tambm colaborou para a expanso das ideias reformistas. A ampliao do pblico leitor, j que os livros anteriormente eram acessveis a uma minoria, permitiu o acesso de um maior nmero de pessoas aos textos bblicos e aos textos dos reformadores. Apesar dos altos ndices de analfabetismo entre os europeus, as leituras individuais se tornaram mais comuns, reforando, portanto, o individualismo e o surgimento de novas interpretaes religiosas.
Ainda no contexto de transio da Idade Mdia para a Idade Moderna, verificou-se o fortalecimento do poder real, o que representou um obstculo ao poder supranacional exercido pela Igreja na Idade Mdia. Se em alguns casos a Igreja colaborou para tal fortalecimento, justificando o carter divino dos reis, em outros, a interveno do papado nos assuntos dos Estados e a cobrana do dzimo eram vistas como ameaas soberania dos monarcas, favorecendo, assim, a proliferao de religies reformadas. Vale ressaltar que as riquezas e as terras da Igreja eram alvos de cobia dos reis e da nobreza europeia. Ao longo da Reforma, portanto, vrios nobres conseguiram se apropriar desses bens, que representavam alternativas para o aumento de seu poder.
Outra importante faco social que se indisps com a Igreja foi a burguesia, afinal, os clrigos condenavam o lucro exagerado e a usura. Tais prticas, consideradas pecaminosas, se expandiam desde a Baixa Idade Mdia e foram fundamentais para o desenvolvimento do capitalismo. A interferncia clerical no mundo secular significava, desse modo, um entrave s atividades dos comerciantes.
Por fim, a crtica que mais gerou repercusso entre os europeus se relacionava venda das indulgncias, que despertou a fria de alguns reformistas, como Martinho Lutero. O monoplio da salvao pelo clero era contestado e a venda do perdo era tida como inadmissvel.
Diante de tanta presso, as contestaes se contrastavam com o despreparo e os abusos dos membros do clero, afinal, o desconhecimento das escrituras, a quebra do celibato e a corrupo eram comuns no perodo.
REFORMA LUTERANA
O Sacro Imprio GermnicoO Sacro Imprio Germnico, situado em grande
parte na regio da atual Alemanha, era marcado pela descentralizao poltica. Apesar da existncia do imperador, seu poder era limitado pela atuao dos prncipes que compunham a nobreza de origem germnica. Carlos V, da dinastia dos Habsburgo, que tambm reinava na Espanha, era o imperador e desejava concentrar o controle dos reinos germnicos nas suas mos no contexto em que ocorreu a Reforma.
Frente A Mdulo 08
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Tese 21Erram, portanto, os pregadores de indulgncias que afirmam que a pessoa absolvida de toda pena e salva pelas indulgncias do papa.
Tese 24Por isso, a maior parte do povo est sendo necessariamente ludibriada por essa magnfica e indistinta promessa de absolvio da pena.
A reao da Igreja ocorreu em 1520. Por meio de uma bula papal, Lutero foi convocado a renegar suas ideias, sob pena de excomunho. Ao receber a advertncia, Lutero se recusou a acatar as ordens do papa e queimou o documento que havia recebido. Assim, como fora estabelecido pela bula, Lutero foi punido com a excomunho em 1521. Naquele mesmo ano, a Dieta de Worms, assembleia que contava com a participao dos prncipes do Sacro Imprio e com a presena de Lutero, foi convocada pelo imperador Carlos V. Na reunio, aps reafirmar o teor de suas crticas, Lutero foi obrigado a deixar o territrio alemo.
Se eu no estiver convencido de erro pelo testemunho das Escrituras ou pela razo clara no posso retratar-me nem me retratarei de coisa alguma, pois no seguro nem honesto agir contra a prpria conscincia. Deus me ajude. Amm.
Martinho Lutero
Aps decretada sua expulso, Lutero teve o apoio de Frederico da Saxnia e refugiou-se em suas terras. O apoio da nobreza alem foi fundamental para o sucesso do movimento luterano, mas, vlido ressaltar que os nobres estavam interessados na reduo do poderio da Igreja, bem como na apropriao das terras clericais. Enquanto esteve refugiado, Lutero dedicou-se a uma de suas principais realizaes: a traduo da Bblia para o alemo.
Assim como Frederico da Saxnia, outros prncipes colaboraram para a Reforma financiando a divulgao dos princpios luteranos. Isso permitiu que as propostas reformistas circulassem e se fortalecessem em outras regies do Imprio. Entre os camponeses, tais ideias tambm passaram a circular, levando ao surgimento de grupos mais radicais, como o dos anabatistas.
Lucas
Cra
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Frontispcio de um panfleto de Sylvias, Alemanha, 1524. Foi comum, no perodo, a divulgao dos ideais religiosos por meio das gravuras. Para a maioria da populao analfabeta, as imagens explicitavam as posies da Igreja e dos reformistas. Na primeira imagem, possvel perceber a crtica ao papa e ao clero, retratados de modo monstruoso no momento da venda de indulgncias. Na segunda, Lutero, tambm deformado, aparece de mos dadas com o Diabo.
Apesar da sua vontade, Carlos V necessitava do consentimento dos demais nobres alemes para intervir diretamente nos assuntos do Sacro Imprio.
Alm da descentralizao, persistiam, na regio, caractersticas do Perodo Medieval, como a servido em larga escala. Entre outras consequncias, a fragmentao poltica facilitava as interferncias da Igreja, que, alm de cobrar impostos, era grande proprietria de terras na regio. A venda de indulgncias tambm era comum e a influncia da Igreja tendia ao crescimento, j que Carlos V possua fortes ligaes com o papado.
Principados do Sacro Imprio Romano-Germnico (1512)
MAR DO NORTE
MAR BLTICODinamarca
Polnia
Frana
Rep. de VenezaHungriaMilo
Sabia
ConfederaoSuia
Trento
Tirol Carnthia
Estria
Carniola
ustria
Morvia
Bohmia
SilsiaSaxnia
Brandenburgo
Pomernia