HEPATOPATIAS EM CÃES E GATOS. INTRODUÇÃO O fígado é a maior estrutura glandular do corpo....
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HEPATOPATIAS EM CÃES E GATOS
INTRODUÇÃO
O fígado é a maior estrutura glandular do corpo. Alguns autores estimam que o fígado tenha, pelo menos, 1500 funções bioquímicas em seu hospedeiro e possui uma capacidade de armazenamento e regeneração fenomenais.
PRINCIPAIS FUNÇÕES
Secreção de bile e conjugação da bilirrubiuna;
Síntese de proteínas ( e globulinas, albumina, fibrinogênio, protrombina);
Produção dos fatores e componentes da coagulação sangüínea;
Metabolismo dos aminoácidos, gorduras e carbohidratos;
Desintoxicação e eliminação de toxinas (barbitúricos, amônia, ...);
Estocagem (vitamina A, complexo B).
ICTERÍCIA
Ocorre quando a elevada produção de bilirrubina excede a capacidade de eliminação da mesma. É manifestada clinicamente pela coloração amarelada da pele, membranas mucosas e plasma.
TIPOS (quanto a sua fonte de origem) Pré-hepática ou hemolítica; Hepática ou tóxica; Pós-hepática ou obstrutiva.
ICTERÍCIA
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
Ocorre quando um insulto súbito e grave ao fígado compromete pelo menos 70 a 80% da massa hepática funcional, excedendo a capacidade de reserva funcional do órgão e resultando em sinais clínicos de insuficiência hepática.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
CAUSAS Hepatotoxinas: a) medicamentos e
anestésicos (acetaminofen, griseofulvina, cetoconazol, halotano, tetraciclina, tiacetarsamida, sulfadiazina-trimetoprim,...) b) Agentes químicos (aflatoxina, cogumelos da espécie Amanita, metais pesados,...)
Agentes infecciosos ou parasitários: hepatite infecciosa canina, peritonite infecciosa felina, leptospirose, abscesso hepático, histoplasmose, toxoplasmose, dirofilariose.
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA AGUDA
Distúrbios sistêmicos ou metabólicos: pancreatite aguda, anemia hemolítica aguda, lipidose hepática felina idiopática.
Lesão traumática, térmica ou hipóxica: traumatismo abdominal, hérnia diafragmática com retenção do fígado, insolação, hipotensão e hipóxia cirúrgicas, torção de lobo hepático.
SINAIS CLÍNICOS História de surgimento agudo/animal em bom
estado nutricional Anorexia, depressão, vômito, diarréia e
poliúria/polidipsia Icterícia, especialmente na ausência de anemia Hepatodinia e hepatomegalia Encefalopatia hepática: depressão, alterações
comportamentais, demência, ataxia, andar em círculos, cegueira, hipersalivação, convulsões e coma
Distúrbios hemorrágicos (muito raro) Sinais compatíveis com a enfermidade
causadora
ICTERÍCIA
DIAGNÓSTICO Bioquímica sérica:
ALT (necrose hepática) e FA (obstrução intra-hepática);
da bilirrubina sérica total ( absorção, conjugação e excreção); 0,3 mg/dl e 0,6 mg/dl
Bioquímica compatível com insuficiência renal (tiacetarsamida, anestésicos inalatórios)
Hemograma inflamatório
DIAGNÓSTICO
Radiografia abdominal e torácica (dirofilariose)
Ultra-sonografia (ecogenicidade diminuída)
Abdominocentese (neoplasia) Biópsia hepática (usar ultra-som como
guia), não realizar na suspeita de tumor ou coagulopatia
INSUFICIÊNCIA HEPÁTICA CRÔNICA
CIRROSE HEPÁTICA
É uma hepatopatia em estágio terminal, caracterizada por fibrose ou cirrose hepática grave e irreversível. É responsável por 15% dos casos de hepatopatia para os quais foi praticada a biópsia, em cães.
CIRROSE HEPÁTICA
CAUSAS: (repetição de episódios)# Exposição a toxinas ou medicamentos
(primidona em felinos);# Infecção;# Colestase (colângio-hepatite em gatos);# Lesão imunológica;# Hipóxia (insuficiência cardíaca)
SINAIS CLÍNICOS Icterícia Hipertensão
portal/ascite Anorexia/vômito/
perda de peso Letargia Hipoalbuminemia Coagulopatia Encefalopatia
hepática
DIAGNÓSTICO
ALT (normal ou aumentada) Proteína Plasmática Total (albumina) Rx ( no tamanho do órgão, difícil no
animal com ascite) Ultra-som
DIAGNÓSTICO
Ultra-som Micro-hepatias Bordas hepáticas
irregulares Nódulos hepáticos ecogenicidade do
parênquima Tecido fibroso/ascite Biopsia (diagnóstico
definitivo)
TRATAMENTO Repouso e confinamento: o fluxo
de sangue para o fígado e a carga de trabalho sobre o órgão, reduz a dor.
Reposição hidroeletrolítica: usar Ringer lactato. Deve ser acrescentada Glicose 5% pois combate a hipoglicemia e a degradação de proteínas teciduais e com isso impede o acúmulo de material nitrogenado no sangue.
TRATAMENTO Antibióticos: (evitar drogas que sejam
metabolizadas ou excretadas pelo fígado) Penicilina (eliminada pelo fígado) Ampicilina (Optacilin®) Cefalosporinas (eliminada pelos rins) Gentamicina (eliminada pelos rins) Cefalosporina + aminoglicosídeo Neomicina (eliminada pelos rins) OBS: Não utilizar tetraciclina (suprime a
produção de vitamina K), sulfa-trimetoprin, cloranfenicol, lincomicina.
TRATAMENTO Anticonvulsivos:
Diazepan ( 0,1-0,5 mg/kg) Protetores hepáticos:
Silimarina (Legalon)- estabiliza a membrana celular e promove regeneração hepática. 4 mg/kg 12/12 horas.
Outras drogas: Cimetidina (Tagamet) Metronidazol (Flagyl)
TRATAMENTO
Lactulose (Farlac/Lactulona): é um dissacarídeo que não sofre absorção ou degradação no trato gastrointestinal, chegando ao cólon praticamente inalterada. No cólon é fermentada pelas bactérias produzindo ácido lático, desta forma, o ambiente ácido faz com que transforme a amônia em um íon não-absorvível, reduzindo seus níveis na circulação.
Diuréticos (Furosemida/Espironalactona) e redução de Na na dieta
DIETAS
AFECÇÕES PANCREÁTICAS EXÓCRINAS
PANCREATITE AGUDA INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA
FUNÇÕES DO PÂNCREAS
PÂNCREAS ENDÓCRINO Secreção de insulina Secreção de glucagon
PÂNCREAS EXÓCRINO Secreção de enzimas digestivas
(tripsinogênio, amilase, lipase, ...) Secreta outras substâncias: bicarbonato,
fatores antibacterianos, ...)
PANCREATITE AGUDA
FATORES RELACIONADOS Obesidade Dietas ricas em gordura Hipovolemia CID Traumatismo abdominal Peritonite Infecciosa Felina (PIF)
PANCREATITE AGUDA
PATOGENIA Enzimas na forma inativa (zimogênios) Autodigestão permeabilidade capilar/necrose Polipeptídeos vasoativos (edema
pulmonar, miocardiopatia, CID, ...) Cães de meia-idade ou idosos
PANCREATITE AGUDA SINAIS CLÍNICOS
Depressão/dor Anorexia/vômito Febre Diarréia Icterícia Hematoquezia/
melena Peritonite/choque
PANCREATITE AGUDA
PANCREATITE AGUDA
DIAGNÓSTICO Hemograma (estresse)
Leucocitose/desvio a esquerda discreto Bioquímica sérica
Uréia/creatinina (azotemia pré-renal) Glicose (hiperglicemia moderada) ALT e FA aumentadas
PANCREATITE AGUDA
Amilase sérica Em mais de 80% dos cães está aumentada Teste específico para essa doença
Urinálise (avaliação da azotemia) Rx/ultra-som
Tamanho e forma do pâncreas Dilatação dos ductos biliares
PANCREATITE AGUDA
TRATAMENTO Restaurar e manter o volume
intravascular e a perfusão pancreática; Reduzir a secreção pancreática; Aliviar a dor; Tratar as complicações que retardam a
recuperação completa do animal; Fornecer suporte nutricional.
PANCREATITE AGUDA
TRATAMENTO Nada por via oral Fluidoterapia (Ringer lactato) Alimentação com pouco sal e gordura
(Feline w/d® ou Canine i/d®) 4x/dia Antibioticoterapia (IM ou IV):
enrofloxacina, amicacina (7 mg/kg), ampicilina, cefalotina.
ABSCESSO PANCREÁTICO
INSUFICIÊNCIA PANCREÁTICA EXÓCRINA (IPE)
IPE
PATOGENIA Perda na capacidade acinar pancreática de
secretar enzimas digestivas; Atrofia acinar hereditária (P. Alemão); Atrofia idiopática (animais adultos)
Atrofia de vilosidade intestinal Proliferação bacteriana duodenal
IPE SINAIS CLÍNICOS
Perda de peso crônica Ótimo apetite Coprofagia/alotrofagia Fezes volumosas Esteatorréia P. Alemão (2 anos) Adultos de meia-idade
IPE
DIAGNÓSTICO História e sinais clínicos Exames laboratoriais normais Teste de desafio com triglicerídeos
Após 12 horas de jejum obter amostra de soro e administrar 3 a 4 ml/kg de óleo de milho VO;
IPE
DIAGNÓSTICO Medir concentr. Sérica de triglicerídeos
nas horas 0, 2 e 3 após a administração do óleo:
Normal: duas a três vezes aumentada sobre o valor basal nas amostras após a administração do óleo.
Anormal: sem alteração do valor basal das amostras após a administração do óleo.
IPE DIAGNÓSTICO
Se anormal, repetir o teste no dia seguinte, mas acrescentar 2 colheres de chá de enzimas pancreáticas (Viokase-V®) por dose de óleo de milho. (Pancrease®)
Responsivo às enzimas: 2 a 3x na concentr. Sérica de triglicerídeos em relação ao valor basal.
Irresponsivo às enzimas: nenhuma alteração na concentr. Sérica. Considerar problema intestinal.
IPE
IPE
TRATAMENTO Restabelecer a atividade das enzimas
pancreáticas intraluminais; Reverter os desequilíbrios nutricionais Enzimas pancreáticas em pó (Pancrease®):
1 colher de sopa/10 kg em cada refeição. Dieta pobre em fibras e gorduras: 3 ou 4
pequenas refeições/dia.
IPE
TRATAMENTO Metronidazol (15 mg/kg 12-12 horas): para
controle da má absorção induzida pela proliferação bacteriana.
O tratamento enzimático geralmente dura toda a vida do animal.
PROGNÓSTICO FAVORÁVEL