HEMOSTASIA E REAÇÃO TECIDUAL AO IMPLANTE DE …A todos os meus companheiros de trabalho,...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL HEMOSTASIA E REAÇÃO TECIDUAL AO IMPLANTE DE ESPONJA DE QUITOSANA EM LESÃO HEPÁTICA DE CAMUNDONGOS Flávia Resende Martins da Costa Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo GOIÂNIA 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

HEMOSTASIA E REAÇÃO TECIDUAL AO IMPLANTE DE ESPONJA

DE QUITOSANA EM LESÃO HEPÁTICA DE CAMUNDONGOS

Flávia Resende Martins da Costa

Orientador: Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo

GOIÂNIA

2015

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FLÁVIA RESENDE MARTINS DA COSTA

HEMOSTASIA E REAÇÃO TECIDUAL AO IMPLANTE DE ESPONJA

DE QUITOSANA EM LESÃO HEPÁTICA DE CAMUNDONGOS

Tese apresentada para obtenção do título de

Doutor em Ciência Animal junto à Escola de

Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal

de Goiás

Área de Concentração:

Patologia, clínica e cirurgia animal

Orientador:

Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo – EVZ/UFG

Comitê de Orientação:

Prof ª. Dra. Letícia de Souza Castro Filice -

FAMED/UFU

Prof ª. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti -

EVZ/UFG

GOIÂNIA

2015

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FOLHA DE APROVAÇÃO

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A Deus, por minha vida e por tudo e todos que a

tornam tão especial... meu esposo, meus filhos,

avós, pais e irmãos. À Izzy (in memorian), Amèlie,

Meggy, Kitty e Matilda.

Aos animais.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Eugênio Gonçalves Araújo, eterna gratidão por seus ensinamentos,

exemplo de postura e trabalho e pela orientação essencial ao desenvolvimento deste estudo.

Ao Prof. Dr. Marcelo Emílio Beletti e à Profa. Dra. Letícia de Souza Castro

Filice, pela amizade, orientação e auxílio imprescindível à execução desta Tese.

À Profa. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti, pela orientação e apoio.

À Dra. Vilma Ferreira de Oliveira, pela amizade e companheirismo, desde o

princípio desta Tese.

Ao Prof. Dr. Ednaldo Carvalho Guimarães e ao MSc. Matheus Matioli

Mantovani, pela atenção, disponibilidade e orientação na análise estatística.

Ao Professor Dr. Adilson Donizeti Damasceno, pelo apoio, auxílio,

compreensão e amizade.

Ao Prof. Dr. Juan Carlos Duque Moreno e à Profa. Dra. Neusa Margarida Paulo,

pela colaboração.

À Universidade Federal de Goiás, Escola de Veterinária e Zootecnia, Programa

de Pós-Graduação em Ciência Animal e seus docentes, pela oportunidade de aperfeiçoamento.

À Universidade Federal de Uberlândia, Hospital Veterinário, Laboratório de

Cirurgia e Anestesiologia Experimental da Faculdade de Medicina Veterinária, Laboratório de

Histologia do ICBIM da UFU e seus funcionários, em especial à Rosiane e ao Fabrício, pelo

processamento do material histopatológico e disponibilização dos equipamentos necessários

para sua análise e captura de imagens.

À FAPEMIG, pela manutenção do microscópio eletrônico utilizado.

À Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) e à Profa. Dra. Ângela Maria Morais, pela disponibilização das esponjas de

quitosana testadas.

Ao serpentário Pentapharm© de Uberlândia, pelo fornecimento dos

camundongos utilizados no experimento.

Ao Diretor do Hospital Veterinário da Universidade Federal de Uberlândia, Sr.

Amado da Silva Nunes Júnior e aos professores MSc. Marco Antônio Ribeiro de Faria, Dr.

Cirilo Antônio de Paula Lima, Dr. André Luiz Quagliatto Santos, Dr. Frederico Ozanam

Carneiro e Silva, Dr. Fábio de Oliveira, Dr. Alcimar Barbosa Soares, Dr. Alfredo Júlio

Fernandes Neto, Dr. Arquimedes Diógenes Ciloni, pelo apoio, amizade e estímulo profissional.

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A todos os meus companheiros de trabalho, funcionários do Hospital Veterinário

da Universidade Federal de Uberlândia, especialmente à Gerente Administrativa Vânia Amaral

da Rocha e aos Médicos Veterinários Administrativos e Residentes, pelo auxílio, compreensão

e amizade.

À MSc. Ana Flávia Delben Pereira Arruda, pela amizade e auxílio em todas as

etapas deste estudo.

À Profa. Dra. Jussara de Souza Carneiro, Profa. Dra. Liliane Aparecida Tanus

Benatti e Profa. MSc. Suzana Akemi Tsuruta.

A todos os colegas do Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, pela

amizade, convivência agradável, companheirismo e colaboração.

Aos secretários do Programa de Pós-Graduação, pela atenção e auxílio.

Aos professores convidados a compor as bancas de qualificação e defesa, pelo

enriquecimento deste estudo.

A todas as pessoas não nomeadas aqui, mas que, de alguma maneira, me

incentivaram ou participaram da minha formação.

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"Nada é tão nosso quanto nossos sonhos."

Nietzsche

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Introdução ................................................................................................................................... 1

Estrutura e caracterização da quitosana ..................................................................................... 2

Aplicações da quitosana ............................................................................................................. 4

Quitosana na hemostasia ........................................................................................................... 5

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 10

CAPÍTULO 2 – ESPONJAS DE QUITOSANA PROMOVEM HEMOSTASIA

EFICIENTE EM FÍGADO DE CAMUNDONGO

RESUMO ................................................................................................................................. 18

ABSTRACT ............................................................................................................................ 18

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 19

METODOLOGIA .................................................................................................................... 20

Local da pesquisa...................................................................................................................... 20

Animais de experimentação ..................................................................................................... 20

Manejo dos animais .................................................................................................................. 21

Tratamentos ............................................................................................................................. 21

Materiais utilizados .................................................................................................................. 22

Procedimentos pré-cirúrgicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos ..................................................... 23

Eutanásia .................................................................................................................................. 25

Estudo histológico e análise de imagens ................................................................................. 25

Análise estatística .................................................................................................................... 26

RESULTADOS ....................................................................................................................... 26

Avaliação macroscópica .......................................................................................................... 26

Hemostasia................................................................................................................................ 26

Avaliação microscópica ........................................................................................................... 27

DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 29

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CONCLUSÕES ....................................................................................................................... 32

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 32

CAPÍTULO 3 – ESPONJAS DE QUITOSANA SÃO BIOCOMPATÍVEIS E

ESTIMULAM SÍNTESE DE COLÁGENO EM FÍGADO DE CAMUNDONGO

RESUMO ................................................................................................................................. 34

ABSTRACT ............................................................................................................................ 34

INTRODUÇÃO ....................................................................................................................... 35

METODOLOGIA .................................................................................................................... 37

Local da pesquisa...................................................................................................................... 37

Animais de experimentação ..................................................................................................... 37

Manejo dos animais .................................................................................................................. 37

Tratamentos ............................................................................................................................. 38

Materiais utilizados .................................................................................................................. 39

Procedimentos pré-cirúrgicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos ..................................................... 39

Eutanásia .................................................................................................................................. 41

Estudo histopatológico e análise de imagens .......................................................................... 41

Análise estatística .................................................................................................................... 43

RESULTADOS ....................................................................................................................... 44

Avaliação macroscópica .......................................................................................................... 44

Avaliação microscópica ........................................................................................................... 44

Avaliação ultramicroscópica ................................................................................................... 53

DISCUSSÃO ........................................................................................................................... 54

CONCLUSÃO ......................................................................................................................... 58

REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 58

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................... 60

ANEXOS ................................................................................................................................. 63

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LISTA DE FIGURAS

Capítulo 2

FIGURA 1 – Esponjas utilizadas nos tratamentos hemostáticos.(A) Esponja de quitosana

alginato; (B) Esponja de colágeno hidrolisado liofilizada......................................

22

FIGURA 2 – Fotografias de fígado de camundongo. Incisão circular através da cápsula

hepática realizada com um punch de 5,0 mm (setas)..............................................

24

FIGURA 3 – Fotografias de fígados de camundongos submetidos a tratamento hemostático.

(A) Esponja de quitosana-alginato durante tratamento hemostático em fígado de

camundongo (área demarcada por círculo); (B) Esponja de colágeno hidrolisado

durante tratamento hemostático em fígado de camundongo (área demarcada por

círculo). Nota-se maior embebição de sangue pela esponja de

colágeno..................................................................................................................

27

FIGURA 4 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Ausência de alterações

histológicas e inflamatórias significativas nas áreas adjacentes às lesões após

hemostasia compressiva com esponja de gaze, quitosana e colágeno. Grupos: G

= gaze, Q = quitosana, C = colágeno. (A) G0; (B) Q0; (C) C0; (D) G7; (E) Q7; (F)

C7; (G) G14; (H) Q14; (I) C14. Setas: sinusóides. Asteriscos: hepatócitos. Estrelas:

degeneração granular. Cabeças de seta: necrose. Coloração: HE. Barras:

50μm.......................................................................................................................

28

FIGURA 5 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas correspondentes às lesões

induzidas por punch após hemostasia compressiva com esponja de gaze,

quitosana e colágeno, no pós-operatório imediato e aos 7 e 14 dias pós-

operatórios, demonstrando processo de reparação tecidual. Grupos: G = gaze, Q

= quitosana, C = colágeno. (A) G0; (B) G7; (C) G14; (D) Q0; (E) Q7; (F) Q14; (G)

C0; (H) C7 e (I) C14. Estrelas: fibras colágenas. Coloração: Picrosirius. Barras:

50μm.......................................................................................................................

29

Capítulo 3

FIGURA 1 – Esponjas utilizadas nos tratamentos hemostáticos. (A)Esponja de quitosana-

alginato; (B) Esponja de colágeno hidrolisado liofilizada...................................

38

FIGURA 2 –

Fotografias de fígados de camundongos. A - Incisão circular através da cápsula

hepática realizada com um punch de 5,0 mm (seta). B - Remoção do segmento

hepático (seta) e detalhe do aspecto e dimensão do segmento após remoção

(cabeça de seta). C - Implante de esponja de quitosana-alginato em defeito

hepático (seta). D - Implante de esponja de colágeno hidrolisado liofilizada em

defeito hepático (seta)...................................................................

41

FIGURA 3 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja

de quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento

cirúrgico. Parênquima hepático normal (asterisco verde); área de necrose

(asterisco azul); fragmentos da esponja de quitosana (estrela amarela);

fragmentos da esponja de colágeno (estrela laranja); reação inflamatória (estrela

branca). Coloração: HE. Barras: 200μm..................................................

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FIGURA 4 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja

de quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento

cirúrgico. Parênquima hepático (asterisco verde); fragmentos da esponja de

quitosana (estrela amarela); fragmentos da esponja de colágeno (estrela laranja);

fibras colágenas entre parênquima e esponja (estrela azul). Nota-se a presença

de fibras colágenas mais maduras no 14ºdia, em ambos os grupos (Q e C).

Coloração: Picrosirius. Barras: 200μm.......................................

47

FIGURA 5 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja

de quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento

cirúrgico. Parênquima hepático (asterisco verde); área de necrose (asterisco

azul); fragmentos da esponja de quitosana (estrela amarela); fragmentos da

esponja de colágeno (estrela laranja); fibras reticulares entre parênquima e

esponja (estrela azul). Coloração: Reticulina. Barras:

200μm...................................................................................................................

48

FIGURA 6 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os tempos pós-

operatórios do grupo Q (relação asterisco/barra). Aumento dos infiltrados

mononucleares (p=0,0022) e polimorfonucleares (p=0,0026) entre controles

(T0) e 7 dias após o implante (A e B). Aumento do número de células gigantes

entre controles (T0) e 7º dia pós-operatório, com ausência das mesmas 14 dias

após o implante (p=0,0078) (C). Aumento de tecido de granulação entre

controles (T0) e 7 dias e entre controles (T0) e 14 dias após o implante

(p=0,0002) (D). Teste de Kruskal-Wallis.............................................................

49

FIGURA 7 – Comparação da percentagem média de colágeno entre os tempos pós-

operatórios do grupo Q (relação asterisco/barra). Maior quantidade de fibras

colágenas entre controles (T0) e 14 dias após o implante (p=0,001), pelo teste

de Kruskal-Wallis.................................................................................................

49

FIGURA 8 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os tempos pós-

operatórios do grupo C (relação asterisco/barra). Aumento dos infiltrados

mononucleares (p=0,0022) (A), polimorfonucleares (p=0,0010) (B), de células

gigantes (p=0,0049) (C) e de tecido de granulação (p=0,0002) (D) entre

controles (T0) e 7 dias e entre controles (T0) e 14 dias após o implante, pelo teste

de Kruskal-Wallis.........................................................................................

50

FIGURA 9 – Comparação da percentagem média de colágeno entre os tempos pós-

operatórios do grupo C (relação asterisco/barra). Maior quantidade de fibras

colágenas entre controles (T0) e 14 dias após o implante (p=0,001), pelo teste

de Kruskal-Wallis.................................................................................................

50

FIGURA 10 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os grupos Q e C nos

momentos experimentais 7 e 14 dias. Não há diferenças de infiltrados

mononucleares (controles T0: p=0,699; 7 dias: p=0,180; 14 dias: p=1) (A),

infiltrados polimorfonucleares (controles T0: p=1; 7 dias: p=0,394; 14 dias:

p=0,24) (B) e tecido de granulação (controles T0: p=1; 7 dias: p=1; 14 dias: p=1)

(D). Há diferença de células gigantes em 7 dias (p=0,699) e em 14 dias

(p=0,015) (controles T0: p=1) (asterisco) (C), pelo teste U de Mann-

Whitney................................................................................................................

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FIGURA 11 – Eletromicrografias de fígados de camundongos. Áreas adjacentes aos implantes

de esponjas de quitosana (A, B e C). A - Grupo Q7: fibrilas colágenas

desorganizadas (estrela). B - Grupo Q21

: fibrilas colágenas em processo de

organização (estrela). C - Grupo Q21

: fibrilas colágenas desorganizadas

(estrela). Áreas adjacentes aos implantes de esponjas de colágeno (D, E e F). D

- Grupo C7: fibrilas colágenas organizadas em feixe (corte transversal) (estrela).

E - Grupo C21

: fibrilas colágenas desorganizadas (estrela). F - Grupo C21

: maior

densidade de fibrilas colágenas em processo de organização (estrela). Nota-se

prolongamento citoplasmático de fibroblasto (cabeça de seta). Barras: A e B -

1μm, C, D e E - 2μm. F - 1μm. Magnificação: A, B e F - 20.000X, C – 7.000X.

D e E - 12.000X............................................

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LISTA DE TABELAS

Capítulo 3

TABELA 1 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos controle (N) e após implante de esponjas de quitosana

(Q) e colágeno (C)................................................................................

51

TABELA 2 – Percentagens médias de colágeno das áreas submetidas ao implante de esponjas

de quitosana e colágeno aos 7 e 14 dias após implantação....................

52

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LISTA DE QUADROS

Capítulo 2

QUADRO 1 – Distribuição dos grupos de camundongos conforme o tratamento hemostático e

o período para análise histológica.....................................................................

22

QUADRO 2 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos após tratamento hemostático compressivo com

esponjas de gaze, quitosana e colágeno hidrolisado, adaptada de

Schreinemacher8 ..................................................................................................

25

Capítulo 3

QUADRO 1 – Distribuição dos grupos conforme o implante e o período para análise

histológica em microscopia de luz ......................................................................

38

QUADRO 2 – Distribuição dos grupos conforme o implante e o período para análise

microscópica ultraestrutural ................................................................................

39

QUADRO 3 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos após implante de biomaterial, adaptada de

Schreinemacher13..................................................................................................

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABS - Ankaferd Blood Stop®

ABTO - Associação Brasileira de Transplante de Órgãos

°C - grau Celsius

C - colágeno

cm - centímetro

FC - frequência cardíaca

FR - frequência respiratória

G - grama

G - gaze

HE - hematoxilina eosina

ICBIM - Instituto de Ciências Biomédicas

IM - intramuscular

hm-quitosana - quitosana hidrofobicamente modificada

HV/UFU - Hospital Veterinário Universidade Federal de Uberlândia

kg - quilograma

mg - miligrama

mm - milímetros

µm - micrômetro

N - controle

nm - nanômetro

NaCl - Cloreto de sódio

NaOH - Hidróxido de sódio

Na5P3O10 - Tripolifosfato de sódio

Q - quitosana

SBCAL - Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de Laboratório

UV - ultravioleta

UFU - Universidade Federal de Uberlândia

UFG - Universidade Federal de Goiás

UNICAMP - Universidade Estadual de Campinas

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RESUMO

A quitosana é um polissacarídeo amino derivado da quitina. Constitui a maior parte dos

exoesqueletos dos insetos, crustáceos e parede celular de fungos, sendo um produto

natural, de baixo custo, renovável e biodegradável. Características como

biocompatibilidade e biodegradabilidade possibilitam diversas utilizações deste

biomaterial na área da saúde. Com o presente estudo objetivou-se avaliar o efeito

hemostático ao contato e a reação tecidual ao implante de esponja de quitosana-alginato

em lesão hepática em camundongos (linhagem Swiss) saudáveis, comparando-os aos de

esponjas de colágeno hidrolisado liofilizadas. As lesões foram induzidas cirurgicamente.

O acesso à cavidade abdominal foi feito por meio de incisão longitudinal mediana pré-

retro-umbilical, seguida de localização e exposição do lobo hepático esquerdo. O defeito

hepático foi realizado por incisão circular através da cápsula hepática com punch

dermatológico de 5,0mm, centralizado na região exposta do lobo esquerdo. Os efeitos

hemostáticos de contato das esponjas de quitosana e colágeno hidrolisado foram

avaliados por meio de sua compressão sobre as lesões hemorrágicas, enquanto os efeitos

de seu implante foram observados a partir da incorporação de fragmentos das referidas

esponjas nos defeitos hepáticos produzidos. Esponjas de gaze foram usadas como

controle para o estudo de contato. Para a avaliação dos implantes, os segmentos hepáticos

retirados para a produção da falha hepática foram utilizados como controles. Os tempos

médios para hemostasia nos tratamentos com quitosana e colágeno foram de 49 segundos

e, nos tratamentos com gaze, um minuto e 28 segundos. À macroscopia observaram-se

aderências omentais sobre os implantes e integração mais rápida da esponja de colágeno

ao tecido receptor. A avaliação microscópica evidenciou reação inflamatória aos dois

materiais implantados e estímulo à síntese de colágeno. A percentagem média de

colágeno dos segmentos hepáticos receptores dos implantes de esponja de quitosana-

alginato e de esponja de colágeno hidrolisado apresentou elevação significativa entre 7 e

14 dias pós-operatórios, permitindo inferir efeito estimulante exercido pelas esponjas de

quitosana sobre a reparação tissular. Concluiu-se que esponjas de quitosana apresentam

ação hemostática e efeito estimulante sobre a síntese de fibras colágenas hepáticas.

Palavras-chave: biomateriais, hemostáticos, fígado, quitosana-alginato, roedores.

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ABSTRACT

Chitosan is a polysaccharide amino derivative of chitin, and constitutes most of the insects

and crustaceans exoskeletons and fungal cell wall, thus being a low-cost, renewable and

abundant, biodegradable natural product. Biological characteristics, biocompatibility and

biodegradability allows various uses of this biomaterial in healthcare. The present study

aimed to evaluate the hemostatic contact effect and tissue response to the implant of

chitosan-alginate sponge in hepatic lesion in Swiss mice, comparing to freeze-dried

hydrolyzed collagen sponges. The lesions were surgically induced. The hemostatic

contact effects of chitosan and hydrolyzed collagen sponges were evaluated through its

mechanical compression on hemorrhagic lesions, while the effects of his implants were

observed from the incorporation of fragments of those sponges in liver failures. Gauze

sponges were used as control for contact study. For the implants evaluation, liver

segments removed to produce hepatic injury were used as controls. Average hemostasis

times for chitosan and collagen treatments were 49 seconds, and one minute and 28

seconds for gauze treatments. Grossly, omental adhesions were observed on the implants

and faster integration of collagen sponge at receiver tissue. Microscopic evaluation

showed inflammatory reaction to both implanted materials and collagen synthesis

stimulation. Average percentage of collagen from hepatic recipients segments of the

chitosan-alginate sponge implant, and collagen hydrolyzate sponge implant increased

significantly between 7 and 14 days postoperatively, pointing to a stimulating effect

exerted by chitosan sponges for tissue repair. In conclusion, chitosan sponges have

hemostatic action and stimulating effect on the synthesis of hepatic collagen fibers.

Keywords: biomaterials, chitosan-alginate, hemostatic, liver, rodents.

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CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Introdução

A prática da Medicina, bem como da Medicina Veterinária, exige atualização

constante no que concerne a procedimentos e produtos utilizados, visando atingir uma

relação entre custos e benefícios cada vez mais satisfatória.

Estudos têm sido realizados a fim de determinar a eficácia de polímeros em

diferentes aplicações biológicas, inclusive como agentes hemostáticos e na medicina

regenerativa1-7. Quitina e quitosana são polímeros atóxicos, biodegradáveis,

biocompatíveis e produzidos por fontes naturais renováveis, cujas propriedades e

versatilidade vêm sendo exploradas em aplicações tecnológicas há aproximadamente

setenta anos8-11.

Apesar dos substanciais avanços tecnológicos em relação à hemostasia

obtidos ao longo das duas últimas décadas, a hemorragia continua sendo uma das

principais causas de morte em pacientes traumatizados e importante complicação

cirúrgica6,12-14.

Atualmente existem diversos agentes hemostáticos à disposição do cirurgião,

com diferentes mecanismos de ação e custos. O emprego responsável destes agentes para

uso tópico e intracavitário envolve o conhecimento do tipo de sangramento, presença de

diáteses hemorrágicas e estado do sistema de coagulação do paciente. Também é

importante ter consciência da eficácia, propriedades biológicas e interação dos produtos

com o meio, visto que, colocados em contato direto com os tecidos podem suscitar

reações locais ou sistêmicas adversas e comprometer o prognóstico do procedimento15-17.

Em paralelo, a insuficiência hepática grave continua apresentando elevada

taxa de mortalidade, aumentando os custos médicos a cada ano, mundialmente. No Brasil

atual, pacientes em estágio avançado de doença hepática têm como principal opção

terapêutica o transplante de fígado, cuja prática não atinge 50% da necessidade estimada,

devido ao baixo número de doadores, além de apresentar taxa de sobrevida e eficácia

limitadas18-20.

A medicina regenerativa surgiu como uma nova abordagem para o

tratamento de hepatopatias severas e para diminuir a necessidade de transplantes de

órgãos. A terapia celular e a liberação controlada de fármacos são alternativas ao

transplante, ao estimular a regeneração hepática ou atuar como uma terapia paliativa até

a realização do transplante hepático21-22.

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Biomateriais são definidos como materiais sintéticos ou naturais utilizados

em dispositivos médicos que ficam em contato com sistemas biológicos, com o intuito de

tratamento ou substituição de tecidos individuais, órgãos inteiros ou algumas funções

exercidas por eles23, ou ainda como materiais não vivos utilizados na área médica ou

biomédica, objetivando a interação com o sistema biológico24.

Outros conceitos de biomateriais envolvem: substâncias sistemática e

farmacologicamente inertes projetadas para implantação ou incorporação em sistemas

vivos; materiais de origem sintética ou natural em contato com tecido, sangue e líquidos

biológicos e destinados para uso em aplicações protéticas, diagnósticas, terapêuticas e de

armazenamento, sem afetar o organismo vivo e seus componentes; toda a substância (à

exceção de fármacos) ou combinação de substâncias, sintéticas ou naturais, que podem

ser usadas por qualquer período de tempo, no conjunto ou como parte de um sistema que

trate, aumente ou substitua tecidos, órgãos ou funções do corpo25.

Uma variedade de materiais vem sendo estudada objetivando aplicações

biológicas; sua seleção baseia-se principalmente na aplicação a que se destinam. Trata-se

de polímeros sintéticos, metais, cerâmicas, macromoléculas naturais (biopolímeros) e

compósitos, manufaturados ou processados para utilização em dispositivos médicos, onde

entram em contato direto com proteínas, células, tecidos, órgãos e sistemas orgânicos26.

Dentre os biopolímeros naturais mais estudados podem ser citados: alginato,

colágeno, ácido hialurônico, dextrana, celulose, fibrina, quitina e quitosana. Os

biopolímeros estruturais mais importantes são os polissacarídeos, como quitina e

quitosana. O interesse por polímeros naturais se justifica por sua biocompatibilidade,

facilidade de processamento e relativa abundância, traduzida por boa relação custo-

benefício e disponibilidade comercial27.

A quitosana vem sendo avaliada como agente hemostático e na engenharia de

tecidos, em sistemas implantáveis de liberação de células e fármacos devido a sua

biocompatibilidade, baixa toxicidade e efeitos imunoestimulantes, antibacterianos e

antifúngicos28,29.

Estrutura e caracterização da quitosana

A quitosana é um biopolímero cuja história inicia-se em 1859, quando Rouget

discutiu seu isolamento pelo aquecimento da quitina em solução concentrada de

hidróxido de potássio30,31. Em 1935 foi publicada sua fórmula original1,32.

A quitosana deriva do processo de desacetilação parcial da quitina (termo

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derivado da palavra grega Khitón, que significa carapaça, casca ou caixa de

revestimento)24, principal componente dos exoesqueletos dos insetos (ex.: gafanhotos,

libélulas) e crustáceos (ex.: caranguejos, camarões), parede celular de bactérias e fungos

como Flammulina velutipes, Lentinus edodes33, Zygomicetes (gênero Mucor)34 e gênero

Mycelia35, bem como de algas36.

A estrutura química da quitina assemelha-se à da celulose; todavia, apresenta

propriedades diferenciadas pela presença dos grupos amínicos funcionais 31,37. Em termos

de disponibilidade, a quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante na natureza

depois da celulose. Ambas são disponíveis na natureza numa quantidade de mais de 10

gigatoneladas anualmente11,38.

Quitina e quitosana são produzidas comercialmente em larga escala, a partir

de carapaças de crustáceos37, resíduos abundantes rejeitados pela indústria pesqueira e

frequentemente considerados poluentes38,39. Tratam-se de produtos naturais, de baixo

custo, renováveis e biodegradáveis, de grande importância econômica e ecológica, pois

sua utilização reduz o impacto ambiental causado por seu acúmulo nos locais onde é

gerado ou estocado11,34.

A quitosana consiste em um biopolímero do tipo polissacarídeo amino com

uma estrutura química única, formando um policátion linear hidrofílico, com elevada

densidade de carga e de grupos reativos, bem como inúmeras ligações de hidrogênio,

facilitando seu processamento e biocompatibilidade36. A quitosana, copolímero de N-

acetilglucosamina e glucosamina é exatamente o derivado N-desacetilado da quitina, ou

seja, o produto da desacetilação parcial da quitina, visto que esta N-desacetilação quase

nunca é concluída40. O correto grau de desacetilação para diferenciar quitina de quitosana

não está totalmente definido, sendo aceitos como quitosana materiais obtidos a partir da

quitina com 50% a 95% de unidades desacetiladas (dependendo da origem do polímero e

da metodologia utilizada) e solúveis em meios ácidos diluídos (ácido acético e

fórmico)24,27,35,39.

Em suma, a quitosana caracteriza-se por apresentar uma estrutura química

que permite modificações e à qual podem ser introduzidos determinados grupamentos

para o desenvolvimento de polímeros destinados a aplicações específicas27, o que se

traduz, por exemplo, em capacidade de geleificação com poliânions, produção de

soluções viscosas, solubilização em misturas de água (dependendo de seu peso molecular)

e álcool, com subsequentes benefícios associados à saúde30,31,41-44.

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Aplicações da quitosana

A quitosana tem sido produzida comercialmente em larga escala em vários

países (Japão, Estados Unidos da América, Polônia, Itália, Rússia, Noruega e Índia), em

consequência do aumento da sua utilização em diferentes aplicações. Seus grupos aminos

permitem reações químicas com sistemas aniônicos, possibilitando diversas combinações

e, consequentemente, um vasto potencial de formulações35,45.

O potencial de aplicação da quitosana é multidimensional. É utilizada na

agricultura (defensivos e adubos), em proteção ambiental e no tratamento de água

(floculante, removedor de íons, redutor de odores). Também possui funções na indústria

têxtil (fixador de cor), na indústria de alimentos (alimento funcional redutor de colesterol,

fibra dietética, conservante, fungicida e bactericida, recobrimento de frutas) e na indústria

de cosméticos (esfoliante, hidratante capilar, creme dental)11,30,35,46-48.

Adicionalmente, características como bio e histocompatibilidade,

biodegradabilidade e o diferencial de ser reabsorvível a tornam uma substância muito

atrativa como biomaterial na área biomédica e biotecnológica, em suturas cirúrgicas,

curativos para feridas e queimaduras, materiais odontológicos (implantes dentários),

lentes de contato, sistemas de liberação local e sistêmica de fármacos, genes, vacinas e

células tronco, encapsulamento de enzimas, engenharia de tecidos, com fabricação de

biomembranas artificiais (pele), membranas para hemodiálise, dentre muitas outras10,11,35-

37,42,43,45,49-56.

Atualmente, é reconhecida por seus efeitos benéficos à saúde. Apresenta

propriedades estimulantes sobre o sistema imune, a proliferação e a reorganização

celular43,47,50,57. A quitosana impulsiona o recrutamento de células, a angiogênese, a

remodelação óssea e a reparação cartilaginosa34,57-59, favorecendo a penetrabilidade

osteoblástica e a cicatrização60-63. Propriedades analgésicas, hemostáticas, antioxidantes,

antivirais, bactericidas, bacteriostáticas, fungicidas, fungistáticas, antineoplásicas,

antiácidas e hipocolesterolêmicas também são atribuídas à quitosana9,64-67.

A expansão do interesse nas aplicações biomédicas da quitosana impulsiona

a produção de biomateriais especializados, modificados química e fisicamente visando

novos efeitos biológicos para fins específicos na medicina regenerativa. Com o advento

da nanotecnologia, a versatilidade química e tecnológica da quitosana permite sua

combinação com outros polímeros e partículas bioativas, gerando vários

bionanocompósitos50,53,57,68.

Considerando suas propriedades farmacológicas, a quitosana tem sido

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utilizada por diferentes vias de administração: oral, parenteral, nasal, ocular, transdérmica

ou transepitelial e implantes30,33,34. Várias apresentações podem ser empregadas, como

soluções, suspensões, tabletes, cápsulas, géis, filmes, membranas, esponjas, colmeias,

pós, flocos, fibras, grânulos, nanopartículas, microcápsulas / microesferas, microesferas

entrecruzadas (com polissacarídeos ou lipídeos), sistemas de liberação, suportes,

arcabouços ou matrizes extracelulares69-73.

A quitosana é empregada como matriz em sistemas de liberação controlada

devido à sua propriedade mucoadesiva, facilitando o transporte de drogas sistêmicas ou

locais, proporcionando taxas de liberação controladas e prolongadas e ainda otimizando

o efeito de vários fármacos24,30,45,64, sendo decomposta por enzimas e apresentando

produtos de degradação não tóxicos74.

Dependendo das condições do meio em que a quitosana se encontra e do seu

grau de desacetilação, pode se ligar a lipídeos; tal propriedade justifica uma de suas

indicações, como alimento funcional auxiliar no controle de excesso de gordura das

dietas75.

Estudos realizados não evidenciaram efeito tóxico agudo significativo da

quitosana quando injetada em camundongos, tampouco sinais de irritação ao ser aplicada

na pele e olhos de cobaias e coelhos, respectivamente. Também não ocorreram danos

devido a seu implante no tecido subcutâneo de coelhos76.

O potencial de aplicações da quitosana é reconhecido em diversos aspectos

na Medicina Veterinária, inclusive em sistemas de liberação de quimioterápicos, como

antibióticos, antiparasitários, anestésicos, analgésicos e promotores de crescimento de

epitélio, passíveis de administração por via oral, nasal, conjuntival, mamária, vaginal,

retal e transdermal37.

Quitosana na hemostasia

Em condições fisiológicas, a coagulação do sangue envolve várias proteínas

do plasma e ocorre por meio da cascata de coagulação, culminando na conversão de

fibrinogênio em polímeros de fibrina. Estes polímeros formam tramas que prendem os

leucócitos e as hemácias, as plaquetas e o plasma, formando um coágulo. Subsequentes

interações de miosina e actina nas plaquetas aprisionadas fazem com que o coágulo se

retraia formando um tampão e estancando a hemorragia7.

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A hemostasia adequada é imprescindível para minimizar a morbidade e a

mortalidade decorrente de hemorragias. Por intermédio de técnicas hemostáticas, é

possível reduzir o tempo cirúrgico, facilitar a visualização das estruturas afetadas,

prevenir deiscências de suturas, infecções, hematomas e coleções de sangue em cavidades

pré-formadas do organismo17,77.

Frente a uma hemorragia, a agilidade da hemostasia é essencial para a

sobrevivência e qualidade de recuperação do paciente. Mesmo com o controle do

sangramento, o volume de sangue perdido pode ser suficiente para determinar hipotermia,

coagulopatia, infecção, acidose e falência múltipla de órgãos78-80.

A prática corrente requer do cirurgião conhecimento e atualização frente à

tecnologia da hemostasia e suas diversas aplicações durante os procedimentos cirúrgicos

eletivos, cirurgias de controles de danos ou uso pré-hospitalar emergencial em

hemorragias traumáticas65,76,81,82. Em situações nas quais o sangramento não pode ser

controlado por métodos tradicionais como compressão local, ligaduras ou eletro-

cauterização, técnicas alternativas podem ser empregadas, como a cauterização por

radiofrequência, ultrassom, laser e aplicação de agentes hemostáticos locais e

sistêmicos5,15,83,84.

Sangramentos exagerados, particularmente em pacientes com perfis

hemostáticos complexos como os portadores de doença hepática grave ou diáteses

hemorrágicas hereditárias ou adquiridas, exigem protocolos terapêuticos baseados no

conhecimento de sua patogênese. A administração de agentes hemostáticos cujos

mecanismos de ação envolvam basicamente a cascata da coagulação não serão efetivos

nestes casos16,85.

Por não apresentar correlação direta com os mecanismos fisiológicos de

coagulação sanguínea, a quitosana, dependendo de sua concentração, é capaz de estimular

a coagulação em poucos segundos, mesmo na ausência de fatores de coagulação e de

plaquetas (sangue heparinizado e desfibrinado). Não foram observadas reações com

albumina ou globulina e o coágulo formado não apresentou retração, (diferente do que

ocorre durante o processo de coagulação na ausência de quitosana), sugerindo

repolimerização da quitosana ou entrecruzamento por contato com os elementos celulares

do sangue1.

As propriedades químicas da quitosana relacionadas à hemostasia

provavelmente incluem peso molecular, extensão de ionização, número de íons, grau de

desacetilação e grau de cristalinidade86. Em função de suas propriedades mucoadesivas,

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a quitosana apresenta grande potencial como agente hemostático6. Pode ser aplicada

diretamente sobre o local da hemorragia por meio de variadas formas físicas, tais como

pós, soluções, revestimentos, filmes, hidrogéis e filamentos compostos86.

Solução e bandagem de quitosana hidrofobicamente modificada, quando em

contato com o sangue humano heparinizado, apresentam a capacidade de gelificá-lo

rapidamente. A gelificação ocorre devido à ligação dos hidrófobos às membranas das

células sanguíneas, promovendo uma forte ligação entre elas, ao invés de apenas

aprisioná-las em uma trama, como ocorre com a quitosana natural. A reação pode ser

revertida com a adição de α-ciclodextrina, substância capaz de sequestrar os polímeros

hidrofóbicos. Este diferencial permite a reversão do coágulo em casos de embolia de

vasos periféricos à lesão7.

É importante mencionar que a aplicação tópica de soluções de quitosana foi

bastante eficaz na hemostasia de incisões linguais de coelhos normais, coelhos com

alteração plaquetária promovida por epoprosterol e coelhos com comprometimento da

coagulação sanguínea promovida pela heparina. A observação dos coágulos formados

pela quitosana à microscopia eletrônica de varredura mostrou que os eritrócitos haviam

perdido seu formato bicôncavo característico e estavam fortemente agregados, indicando

efeito da quitosana sobre a interação entre os mesmos e estabelecimento de um “plugue”

hemostático2-4.

A propriedade policatiônica da quitosana e sua ligação inespecífica a

membranas celulares estão, provavelmente, relacionadas a seu potencial hemostático. A

quitosana possui carga elétrica positiva e se liga prontamente à superfície celular

carregada negativamente das hemácias, formando um complexo adesivo independente

dos fatores de coagulação sanguínea76,80.

O comportamento pró-coagulante de filmes de quitosana foi comprovado pela

observação de ligações de fibrinogênio e outras proteínas plasmáticas à quitosana, porém

não à quitosana acetilada. A ativação do sistema complemento e da cascata de coagulação

ocorreram em intensidades dependentes do grau de acetilação da quitosana42.

A aplicação de quitosana estimula significante vasoconstrição, em parte via

mecanismo endotélio-dependente (efeito direto da quitosana) e em parte pelo estímulo às

células endoteliais para expressão de endotelina-165,87. A aglutinação de hemácias e

ativação plaquetária para a formação de rede de fibrina também são efeitos de fibras de

quitosana88.

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Outro relato interessante de utilização deste composto descreveu o emprego

de solução de quitosana como agente hemostático em enxertos vasculares porosos

preveniu hemorragias em estudo envolvendo clampeamento e lesões aórticas infrarenais

em cães heparinizados. As lesões foram preenchidas com segmentos de telas “Dacron”

embebidas em solução de quitosana ou salina e o sangramento foi monitorado logo após

a remoção dos clampes e após 24 horas do procedimento cirúrgico. Os enxertos de tela,

avaliados macroscopicamente, por microscopia de luz comum e eletrônica, após 30, 60,

90 e 120 dias, integraram-se ao músculo liso vascularizado, promovendo suporte ao

endotélio luminal1.

Foram realizados estudos sobre polímeros surfactantes de quitosana,

utilizados para melhorar a compatibilidade dos biomateriais já existentes com os

componentes sanguíneos. Como a quitosana é um polímero policatiônico e trombogênico,

suas cargas de superfície foram modificadas a fim de se determinar o efeito destas sobre

a adesão plaquetária. Observou-se aumento da adesão plaquetária frente às cargas

positivas, bem como redução da superfície de indução à coagulação ativada em resposta

ao surfactante carregado negativamente, indicando a possibilidade de produção de

superfícies adequadas para aplicações cardiovasculares52.

Um estudo comparativo entre os agentes hemostáticos Celox® (quitosana) e

TraumaDex® (polissacarídeo derivado de fécula de batata) foi realizado em suínos. Após

transecção de artéria e veia femoral, os produtos foram introduzidos na lesão,

permanecendo em compressão durante 35 minutos. Celox® e TraumaDex® foram

considerados agentes hemostáticos efetivos, bem como não foram registradas diferenças

estatísticas significativas entre ambos80.

Esferas de quitosana macroporosas recobertas por xerogel de sílica

mesoporoso foram desenvolvidas para hemostasia. As esferas foram aplicadas sobre a

hemorragia provocada por transecção completa da artéria femoral de coelhos, enquanto

o grupo controle foi tratado com compressas de gaze; os animais foram acompanhados

durante 180 minutos. As esferas aceleraram significativamente a via de ativação por

contato da cascata de coagulação, agregaram eritrócitos para a promoção de coágulo

sanguíneo e demonstraram potencial para imobilização de enzimas e antibióticos,

característica interessante para o desenvolvimento futuro de agentes hemostáticos e

cicatrizantes89.

Em humanos, o uso de tampões de quitosana revelou-se eficaz no tratamento

de epistaxes intratáveis convencionalmente, produzindo hemostasia imediata em 95% dos

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pacientes, mesmo em indivíduos medicados com inibidores de plaquetas e

anticoagulantes84.

Os efeitos de três agentes hemostáticos tópicos foram estudados em ratos

parcialmente nefrectomizados: grânulos de quitosana Celox®, celulose oxidada

Surgicel® e extrato vegetal Ankaferd Blood Stop® (ABS). A quitosana e o extrato

medicinal foram tão efetivos quanto a sutura convencional em promover hemostasia,

contudo, o emprego da quitosana provocou aumento significativo de aderências

intestinais e peritoneais91.

A quitosana natural vem sendo utilizada como material hemostático devido à

sua natureza catiônica e antimicrobiana1,7,86, apesar de demonstrar falhas na manutenção

de coágulos estáveis a longo prazo e, portanto, ineficácia como agente hemostático em

lesões graves, quando utilizado como bandagem / curativo92,93.

A fim de avaliar o desempenho de Omni-Stat® (quitosana) como agente

hemostático em presença de disfunção da coagulação por heparinização, foi realizado um

estudo em suínos. Após a excisão de um segmento circular da artéria femoral, produzido

por um punch vascular, grânulos de quitosana foram depositados e comprimidos no

interior da lesão; o grupo controle recebeu manobras compressivas com gaze e ambos os

grupos foram acompanhados durante 30 minutos. A hemostasia falhou aos sete minutos

nos cinco animais controle e foi obtida em nove dos 12 casos quitosana em cinco minutos,

com manutenção de coágulo estável até 30 minutos após o tratamento94.

A eficácia da membrana de quitosana-alginato hidrofobicamente modificada

(hm-quitosana) como curativo hemostático foi comparada à membrana de quitosana-

alginato não-modificada e curativos de gaze, em modelo de injúria arterial letal em suínos.

A compressão com gaze mostrou-se ineficaz em conter a hemorragia provocada por

transecção da artéria femoral, enquanto as taxas de sucesso da membrana de quitosana-

alginato e da hm-quitosana foram, respectivamente, 75% e 100%. Todavia, os curativos

de quitosana demonstraram, após 44 minutos em média, incapacidade na manutenção da

hemostasia, enquanto a hm-quitosana produziu hemostasia segura durante as três horas

do experimento13.

Em relação à hemostasia, a quitosana demonstrou capacidade de induzir

coalescência de eritrócitos para a formação do coágulo sanguíneo, enquanto o colágeno

depende da clássica cascata da coagulação. Em comparação com o colágeno animal, o

polissacarídeo natural quitosana de alto peso molecular apresenta como importante

diferencial o seu baixo custo95.

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A quitosana atuou na hemostasia independentemente das vias clássicas de

coagulação e os coágulos ocorreram mesmo frente aos anticoagulantes. Entretanto,

estudos não comprovaram a estabilidade do coágulo a longo prazo. Assim, o produto foi

efetivo em produzir hemostasia em situações emergenciais, porém não deve ser

considerado como tratamento definitivo, e sim como adjuvante às terapias cirúrgicas

convencionais94.

Diante do exposto objetivou-se, com este estudo, avaliar o efeito da esponja

de quitosana-alginato e compará-la à esponja de colágeno hidrolisado liofilizada na

hemostasia e reparação hepática em camundongos saudáveis. Com este propósito foram

observados os seguintes aspectos: tempo para hemostasia nos diferentes tratamentos,

efeito do contato da esponja sobre a lesão hepática e efeito do implante da esponja em

defeito hepático.

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CAPÍTULO 2 – ESPONJAS DE QUITOSANA PROMOVEM HEMOSTASIA

EFICIENTE EM FÍGADO DE CAMUNDONGO

RESUMO

Colágeno e quitosana tem sido estudados como agentes hemostáticos, demonstrando

mecanismos diferentes para a produção da hemostasia. O colágeno depende da clássica

cascata da coagulação, enquanto o efeito pró-coagulante da quitosana relaciona-se à sua

capacidade de interação com a membrana celular dos eritrócitos, adsorção de fibrinogênio

e outras proteínas plasmáticas, agregação plaquetária e estímulo à liberação de fatores de

crescimento pelas plaquetas. O intuito do presente estudo foi avaliar, por meio de

compressão sobre lesões hemorrágicas, o efeito hemostático de contato e o estímulo à

reação inflamatória das esponjas de quitosana-alginato, comparando-os aos de esponjas

de colágeno hidrolisado liofilizadas. Esponjas de gaze foram usadas como controle.

Foram provocadas cirurgicamente hemorragias hepáticas em camundongos saudáveis. O

acesso à cavidade abdominal se deu por meio de incisão longitudinal mediana pré-retro-

umbilical, seguida de localização e exposição do lobo hepático esquerdo. O defeito

hepático foi realizado por incisão circular através da cápsula hepática com punch

dermatológico de 5,0mm, centralizado na região exposta do lobo esquerdo. Foi permitido

que o ferimento sangrasse por três segundos e removido o excesso de sangue com

esponjas de gaze, antes da aplicação do tratamento hemostático a cada grupo. Os tempos

médios dos tratamentos hemostáticos com gaze, quitosana e colágeno, foram,

respectivamente, um minuto e 28 segundos, 49 segundos e 49 segundos, demonstrando

estatisticamente a capacidade hemostática elevada das esponjas de quitosana e de

colágeno, com diminuição do tempo de hemostasia em 94,32% em relação à gaze

utilizada como controle. Os segmentos hepáticos submetidos ao contato com as esponjas

de gaze, quitosana e colágeno não apresentaram reação inflamatória significativa.

Palavras-chave: biomateriais, coagulação sanguínea, fígado, polímeros, reação

inflamatória, trauma.

CHAPTER 2 - CHITOSAN SPONGES PROMOTE EFFICIENT HEMOSTASIS

IN MOUSE LIVER

ABSTRACT

Collagen and chitosan have been studied as hemostatic agents, promoting hemostasis

through different mechanisms. Collagen depends on the classical coagulation cascade,

while the procoagulant effect of chitosan relates to its ability to interact with the cell

membrane of erythrocytes, fibrinogen adsorption and other plasma proteins, platelet

aggregation and by stimulating platelet release of growth factors. The aim of this study

was evaluate by mechanical compression, the hemostatic contact effects of gauze,

chitosan-alginate and hydrolyzate lyophilized collagen sponges. Gauze sponges were

used as control. Liver hemorrhage in healthy mice was surgically induced. Access to the

abdominal cavity was through pre-retro-umbilical median longitudinal incision, followed

by location and exposure of the left hepatic lobe. Liver defect was performed by circular

incision through the liver capsule with a 5.0 mm dermatological punch centered on the

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exposed region of the left lobe. The wound was allowed to bleed for three seconds, and

excess blood removed with gauze prior to application of hemostatic treatment for each

group. The average times of treatments with gauze, chitosan and collagen sponges were,

respectively, one minute and 28 seconds, 49 seconds and 49 seconds, statistically

demonstrating the high hemostatic capacity of chitosan and collagen sponges, with

reduction of hemostasis time in 94,32% as compared to gauze used as control. The liver

segments subjected to contact with the gauze, chitosan and collagen sponges presented

no significant inflammatory reaction.

Keywords: blood clotting, chitosan-alginate, hydrolyzate collagen, inflammatory

reaction, liver, trauma.

INTRODUÇÃO

A hemostasia depende do equilíbrio entre cascata da coagulação e sistemas

complemento e fibrinolítico, com complexas interações envolvendo proteínas

plasmáticas, células sanguíneas, endotélio vascular, fluxo e viscosidade sanguínea1.

Tanto filmes de colágeno quanto de quitosana apresentam capacidade de indução à adesão

e agregação plaquetárias, bem como de ativação da via intrínseca da cascata de

coagulação2,3.

Entretanto, os mecanismos utilizados pelo colágeno e pela quitosana para a

hemostasia não são idênticos. Diferente do colágeno, o qual é dependente da clássica

cascata da coagulação, indução plaquetária e fatores de coagulação solúveis, a quitosana

pode induzir hemostasia por coalescência de eritrócitos, formando um coágulo

sanguíneo4. Diante de uma hemorragia no fígado, principalmente quando associada a um

quadro de insuficiência hepática e distúrbios da coagulação sanguínea, um mecanismo

hemostático independente da cascata de coagulação torna-se bastante oportuno. A

localização anatômica do fígado e sua consistência friável frequentemente restringem o

acesso cirúrgico à lesão, dificultando a utilização das técnicas hemostáticas por

compressão local, ligaduras e eletro-cauterização5.

Nesse sentido, a avaliação do agente hemostático à base de hm-quitosana,

por meio de compressão em injúria venosa hepática central de suínos, demonstrou sua

capacidade de redução do tempo para hemostasia em relação às esponjas de gaze6. Ainda,

o efeito da esponja de hidrogel de quitosana foto-polimerizável sobre a hemostasia

hepática de ratos (heparinizados ou não) foi comparado ao da esponja de colágeno

revestida de fibrina em lesões penetrantes produzidas por punch dermatológico no lobo

hepático esquerdo foram preenchidas pelo fragmento do material a ser avaliado, enquanto

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os animais do grupo controle foram tratados por compressão com hastes de algodão.

Apesar do efeito hemostático dos materiais testados ter sido idêntico nos ratos não-

heparinizados, o tratamento com a membrana de quitosana-alginato foto-polimerizável

por meio de irradiação ultravioleta (UV) foi o mais efetivo para os heparinizados7.

Ampliando as possibilidades de uso desse biomaterial, a técnica utilizada para

o desenvolvimento das esponjas CS-B, curativos hemostáticos de quitosana tratados com

hidróxido de sódio (NaOH) e/ou tripolifosfato de sódio (Na5P3O10), permitiu o

aperfeiçoamento dos quesitos elasticidade, flexibilidade, capacidade de recuperação da

conformação original após compressão e hemostasia, velocidade de absorção sanguínea

e formação de coágulo e adesividade das células sanguíneas8.

Assim, objetivou-se, com este estudo, comparar o efeito das esponjas de

quitosana-alginato e colágeno hidrolisado liofilizada na hemostasia hepática de

camundongos saudáveis, avaliando o tempo para se atingir a hemostasia por meio de

compressão mecânica nos diferentes tratamentos, bem como quantificar e comparar a

reação inflamatória dos segmentos hepáticos submetidos ao contato com as referidas

esponjas, ao término do procedimento cirúrgico e após sete e 14 dias de pós-operatório.

METODOLOGIA

Local da pesquisa

Após aprovação pela Comissão de Ética na Utilização de Animais da

Universidade Federal de Uberlândia (UFU) (nº 138/11 e 219/11) (ANEXO A), o presente

estudo foi desenvolvido no Laboratório de Cirurgia e Anestesiologia Experimental da

Faculdade de Medicina Veterinária e Laboratório de Histologia da UFU, com a

colaboração da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

(UFG), da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) e do serpentário Pentapharm©, de Uberlândia, Minas Gerais.

Animais de experimentação

Foram utilizados 54 camundongos (linhagem Swiss) machos com dez

semanas de idade e peso médio de 35g, considerados hígidos após exames clínicos

(observação do estado de alerta, padrão respiratório, presença de secreções nasais ou

oculares e diarreia).

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Manejo dos animais

Todos os procedimentos de manejo dos animais foram conduzidos conforme

orientação e normas estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de

Laboratório (SBCAL).

Os camundongos foram alojados em caixas de polipropileno medindo

34x41x16cm (largura, comprimento, altura), com tampa em arame galvanizado e

bebedouro em polipropileno, com capacidade para 250ml, no biotério do Hospital

Veterinário (HV/UFU), que possui ambiente climatizado com temperatura média de 24°C

± 2°C e período de claro / escuro de 12 horas.

Foram colocados seis camundongos por gaiola. Todas as gaiolas possuíam

cama de maravalha. A alimentação foi constituída de ração específica para a espécie

(Presence® Ratos e Camundongos, Evialis, Paulínia, SP) fornecida ad libitum. Água

limpa permaneceu disponível durante todo o período experimental. A higienização das

gaiolas, bebedouros e ambiente foi realizada diariamente.

Antecedendo à fase experimental, foi considerado um período de 15 dias para

adaptação ambiental dos animais. Para minimizar o estresse e desconforto dos

camundongos, o manejo do biotério e manipulação dos animais foram realizados por

equipe previamente treinada e em horário pré-determinado.

Tratamentos

Os 54 camundongos foram distribuídos igualmente e aleatoriamente em três

grupos de tratamento, com 18 animais cada: Tratamento G, grupo controle, cujos animais

receberam tratamento hemostático físico por meio de compressão com esponjas de gaze

estéril; tratamento Q, com o uso de esponjas de quitosana-alginato (Figura 1 - A); e

tratamento C, com o uso de esponjas de colágeno hidrolisado liofilizadas (Figura 1 - B).

Cada grupo foi dividido em três subgrupos de seis animais, de acordo com o

tempo experimental pré-determinado para análise histológica hepática pós-cirúrgica,

realizada no dia do procedimento, aos 7 e 14 dias pós-operatórios (Quadro 1).

A

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22

QUADRO 1 – Distribuição dos grupos de camundongos conforme o tratamento hemostático e o

período para análise histológica

GRUPOS ANÁLISE HISTOLÓGICA

Dia 0 Dia 7 Dia 14

TOTAL DE

ANIMAIS

Controle (G) (G0)

6 animais

(G7)

6 animais

(G14)

6 animais

18

Quitosana (Q) (Q0)

6 animais

(Q7)

6 animais

(Q14)

6 animais

18

Colágeno (C) (C0)

6 animais

(C7)

6 animais

(C14)

6 animais

18

TOTAL 18 18 18 54

FIGURA 1 – Esponjas utilizadas nos tratamentos

hemostáticos. (A) Esponja de

quitosana-alginato; (B) Esponja de

colágeno hidrolisado liofilizada.

Materiais utilizados

As hemorragias hepáticas foram provocadas por um punch dermatológico

circular metálico de 5,0mm de diâmetro previamente autoclavado. As esponjas de

quitosana-alginato foram fornecidas pelo Departamento de Processos Biotecnológicos da

Faculdade de Engenharia Química da UNICAMP, São Paulo e esterilizadas em óxido de

etileno. Para os animais do tratamento C foi utilizado colágeno comercial (Hemospon®,

Technew©, Rio de Janeiro, RJ).

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Procedimentos pré-cirúrgicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos

Os animais foram submetidos a jejum pré-operatório alimentar e hídrico de

uma hora. Posteriormente, foram contidos manualmente e pré-anestesiados com 1mg/kg

de cloridrato de tramadol (Cloridrato de tramadol®, União Química Farmacêutica, São

Paulo, SP) e 0,5mg/kg de acepromazina (Acepran®, Vetnil Indústria e Comércio de

Produtos Veterinários Ltda, Louveira, SP) por via intramuscular (IM), na região posterior

dos membros pélvicos.

A indução e manutenção anestésica foram realizadas por inalação de mistura

gasosa de oxigênio e isofluorano (Isofluorano®, Instituto BioChimico e Indústria

Farmacêutica Ltda, Itatiaia, RJ) por meio de máscara e a profundidade anestésica foi

avaliada pela presença ou ausência de reflexos (cauda, palpebral e corneal), alterações

das frequências cardíaca (FC) e respiratória (FR) e da temperatura corporal.

Toda a região ventral dos animais foi tricotomizada e preparada

assepticamente com álcool etílico 70%, iodopovidona tópico e álcool etílico 70%. Em

seguida, os panos de campo foram adequadamente posicionados.

O acesso à cavidade abdominal foi realizado por meio de uma incisão

longitudinal mediana pré-retro-umbilical, seguida da localização e exposição do lobo

hepático esquerdo. O defeito hepático foi provocado por uma incisão circular através da

cápsula hepática com um punch dermatológico de 5,0mm, centralizado na região exposta

do lobo esquerdo (Figura 2). Foi permitido que o ferimento sangrasse por três segundos

e então removido o excesso de sangue com esponjas de gaze, antes da aplicação do

tratamento hemostático a cada grupo.

Nos animais do grupo G, a hemostasia foi realizada apenas por compressão

utilizando esponjas de gaze. Nos animais do grupo Q, uma esponja de quitosana-alginato

de 5mm de diâmetro, previamente hidratada em solução fisiológica (Solução isotônica de

Cloreto de sódio 0,9% - Glicolabor Indústria Farmacêutica Ltda, Ribeirão Preto, SP)

durante 30 minutos, foi aplicada sobre a lesão de forma a cobri-la por inteiro, até cessar

o sangramento. Nos animais do grupo C, a hemostasia foi obtida por aplicação sobre a

ferida da esponja de colágeno hidrolisado liofilizada, também recobrindo toda a lesão.

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FIGURA 2 – Fotografias de fígado de camundongo. Incisão circular através da

cápsula hepática (setas) realizada com um punch de 5,0 mm.

Para os três grupos o tempo de sangramento foi mensurado, por meio de

cronômetro, com tempo inicial correspondendo à aplicação do tratamento e tempo final

determinado pela observação visual de interrupção do sangramento, com ausência de

escape de sangue além das bordas do material. A esponja utilizada para hemostasia foi

retirada e a lesão foi observada durante um minuto para se certificar da sua não

reincidência. Caso a hemorragia persistisse, novas esponjas seriam aplicadas até a

obtenção da hemostasia.

Finalizando o procedimento, com exceção dos animais dos subgrupos G0, Q0,

C0, a musculatura abdominal foi suturada por pontos simples isolados com fio de náilon

4-0 agulhado (Shalon®, Shalon Fios Cirúrgicos, São Luis de Montes Belos, GO). O

tecido subcutâneo foi aproximado com o mesmo material de síntese, bem como a pele,

suturada por pontos simples isolados. Os animais dos subgrupos G0, Q0 e C0 foram

submetidos à eutanásia logo após a confirmação da hemostasia hepática, para retirada de

material e preparo histológico.

Ao término da cirurgia, os animais foram colocados isoladamente em caixas

para a recuperação anestésica, com mínima manipulação, em local silencioso, com pouca

luz e temperatura ambiente variando entre 27 e 30ºC. Os camundongos foram mantidos

em observação até que retomassem a consciência, para depois serem recolocados em suas

respectivas caixas.

A analgesia pós-operatória foi promovida pela administração de cloridrato de

tramadol na dose de 1mg/kg a cada 12 horas por via subcutânea na região da nuca, durante

três dias consecutivos. Iodopovidona tópica foi utilizada diariamente para curativo local,

até a total cicatrização da ferida. Todos os procedimentos descritos acima foram

realizados pelo mesmo cirurgião.

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Eutanásia

Ao final de cada tratamento, os animais foram submetidos à eutanásia por

inalação profunda de isofluorano.

Estudo histológico e análise de imagens

Imediatamente após a eutanásia, os animais foram submetidos à necropsia

com colheita do segmento hepático tratado, localizado em região central do lobo hepático

esquerdo, para análise histológica do parênquima adjacente. O preparo das amostras para

análise histológica em microscopia de luz foi realizado utilizando-se, para fixação,

solução de formol tamponado a 10% em volume 20 vezes maior do que o volume da peça.

Cada frasco foi devidamente identificado. As peças foram mantidas no formol até o

momento do processamento histológico, quando foram desidratadas por uma série

crescente de álcool etílico, clarificadas em xilol e emblocadas em parafina. Os blocos de

parafina foram seccionados com auxílio de micrótomo em cortes de 4µm. Cada corte

histológico foi posicionado sobre uma lâmina de vidro e corado pela técnica de

hematoxilina eosina (HE) e picrosirius para análise morfológica dos tecidos.

Cada parâmetro foi avaliado às cegas, em cinco campos aleatórios por secção,

por meio de microscópio de luz, utilizando aumento de 40 vezes. As imagens foram

capturadas pelo fotomicroscópio DM500 (Leica Microsystems, Aotec Instrumentos

Científicos, São Paulo, SP, Brasil). Foi estabelecido um escore semiquantitativo para os

achados histológicos, de acordo com Schreinemacher8 (Quadro 2).

QUADRO 2 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos após tratamento hemostático com esponjas de

gaze, quitosana e colágeno hidrolisado (adaptado de Schreinemacher)8

Achados

Histológicos

Escore

Significado

Infiltrado

inflamatório

- mononuclear

- polimorfonuclear

- Ausência de alteração

+ Discreta

(presente em menos de 25% do campo)

++ Moderada

(presente em 26% a 50% do campo)

+++ Acentuada

(presente em 51% a 100% do campo)

Células gigantes

- Ausência de células gigantes

+ Discreta

(presença de 1 a 3 no campo)

++ Moderada

(presença de 3 a 4 no campo)

+++ Acentuada

(presença de 5 ou mais células no campo)

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Análise estatística

Para a análise estatística dos tempos para se atingir a hemostasia por

compressão mecânica nos diferentes tratamentos foi utilizado delineamento inteiramente

casualizado com três tratamentos e seis repetições. Foi empregado o teste de Anderson

Darling para verificar a normalidade dos resíduos (com base nos resultados do referido

teste, se observada normalidade, optou-se pela análise de variância; se não, utilizou-se o

teste de Kruskal Wallis). Os procedimentos de análise foram feitos no programa Action10,

sistema de estatística desenvolvido sob plataforma R11.

RESULTADOS

Avaliação macroscópica

Não foram observadas complicações trans-operatórias, reincidências

hemorrágicas após os tratamentos realizados, infecções ou deiscência de suturas durante

o período pós-operatório, e tampouco óbitos no transcorrer de todo o estudo. À necropsia

dos camundongos após o tratamento hemostático compressivo, os segmentos hepáticos

submetidos ao contato com as esponjas de gaze, quitosana e colágeno não apresentaram

alterações anatômicas macroscópicas.

Hemostasia

Em todos os camundongos dos três grupos avaliados, a hemostasia hepática

foi obtida durante o primeiro ciclo de tratamentos, não sendo necessária a utilização de

esponjas adicionais, seja de gaze, quitosana ou colágeno. As esponjas de colágeno

demonstraram maior capacidade de absorção de sangue, com perda de consistência e

dissolução parcial, quando comparadas às de quitosana, mais resistentes e menos

flexíveis, em todos os animais do grupo C (Figura 3).

Os tempos médios de hemostasia hepática dos camundongos tratados por

compressão com esponjas de gaze (G), quitosana (Q) e colágeno (C), foram,

respectivamente, 88 segundos, 49 segundos e 49 segundos.

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FIGURA 3 – Fotografias de fígados de camundongos submetidos aos tratamentos

hemostáticos. (A) Esponja de quitosana-alginato durante

tratamento hemostático em fígado de camundongo (área demarcada

por círculo); (B) Esponja de colágeno hidrolisado durante

tratamento hemostático em fígado de camundongo (área demarcada

por círculo). Nota-se maior embebição de sangue pela esponja de

colágeno.

Para a análise estatística dos dados, o resultado do teste de Anderson Darling

apresentou p-valor de 0,000049, portanto significativo, ou seja, os resíduos não

apresentaram distribuição normal. Assim, foi aplicado o teste de Kruskal Wallis. O p-

valor do referido teste foi de 0,0031 (menor que 5%). Desta forma, existiu diferença

significativa entre os grupos ou tratamentos. No teste de comparação dos grupos

verificou-se que a quitosana (Q) é estatisticamente igual ao colágeno (C), e a quitosana

(Q) e o colágeno (C) são estatisticamente diferentes da gaze (G).

Avaliação microscópica

A avaliação histológica do parênquima hepático dos segmentos adjacentes às

áreas tratadas com esponjas de gaze, quitosana e colágeno, embasada na graduação da

intensidade do infiltrado inflamatório mononuclear e polimorfonuclear, bem como de

células gigantes, não indicou alterações teciduais e presença de células gigantes em

intensidades dignas de nota. Em alguns segmentos hepáticos foram observadas áreas de

degeneração granular de hepatócitos e pequenos focos isolados de necrose. Porém, os

achados histológicos foram condizentes com parênquima hepático em processo de

reparação, conforme a análise comparativa dos períodos estudados (subgrupos G0, Q0 e

C0; subgrupos G7, Q7 e C7; subgrupos G14, Q14 e C14) representada pelas Figuras 4 e 5.

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FIGURA 4 - Fotomicrografias de fígados de camundongos. Ausência de

alterações histológicas e inflamatórias significativas nas áreas

adjacentes às lesões após hemostasia compressiva com esponja

de gaze, quitosana e colágeno. Grupos: G = gaze, Q = quitosana,

C = colágeno. (A) G0; (B) Q0; (C) C0; (D) G7; (E) Q7; (F) C7; (G)

G14; (H) Q14; (I) C14. Setas: sinusóides. Asteriscos: hepatócitos.

Estrelas: degeneração granular. Cabeças de seta: necrose.

Coloração: HE. Barras: 50μm.

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FIGURA 5 - Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas correspondentes às

lesões induzidas por punch após hemostasia compressiva com esponja de

gaze, quitosana e colágeno, no pós-operatório imediato e aos 7 e 14 dias pós-

operatórios, demonstrando processo de reparação tecidual. Grupos: G =

gaze, Q = quitosana, C = colágeno. (A) G0; (B) G7; (C) G14; (D) Q0; (E) Q7;

(F) Q14; (G) C0; (H) C7 e (I) C14. Estrelas: fibras colágenas. Coloração:

Picrosirius. Barras: 50μm.

DISCUSSÃO

Ao longo de muitos anos, o controle de hemorragias baseou-se em

compressão com esponjas absorventes de gaze, não obstante o anseio por agentes mais

efetivos ser consenso absoluto. Inovações tecnológicas em hemostasia tornaram-se uma

necessidade constante na busca por mais presteza e eficácia no controle dos

sangramentos12. Originário de fontes naturais renováveis, o polímero avaliado no presente

estudo tem sido alvo de pesquisas pelo seu mérito como biomaterial em diversas

aplicações biológicas.

A hemostasia ocorreu em 100% das lesões hepáticas, não se observando

recidiva hemorrágica após a utilização de esponja de quitosana-alginato, contrariando

resultados da comparação de esponja de quitosana hidrofobicamente modificada (hm-

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quitosana) com membrana de quitosana-alginato não modificada e gaze em lesão arterial

de suínos13. No referido estudo, os autores observaram, respectivamente, 75% e 100% de

hemostasia com o emprego de esponjas de quitosana e de hm-quitosana. Teria sido

constatada falha na manutenção da hemostasia pelos curativos de quitosana após o tempo

médio de 44 minutos.

As esponjas de quitosana-alginato e as esponjas de colágeno hidrolisado

apresentaram efeitos hemostáticos similares, porém diferentes capacidades de absorção,

após a hidratação das esponjas de quitosana-alginato em solução fisiológica. Apesar da

presença do alginato em sua constituição, utilizado para intensificar a absorção de fluidos,

as esponjas de quitosana-alginato demonstraram menos hidrofilicidade, flexibilidade e

adesividade ao fígado quando comparadas às esponjas de colágeno14. A quitosana

apresenta degradação lenta em meio aquoso, mesmo em presença de lisozimas, enquanto

o colágeno demonstra grande hidrofilicidade, baixa resistência a forças mecânicas de

compressão e degradação rápida15,16.

No presente estudo, o tempo para hemostasia no grupo quitosana apresentou-

se em torno de 94% menor quando comparado ao grupo esponjas de gaze. Estudando hm-

quitosana, reduções significativas no tempo de sangramento também foram observadas

por outros autores6,17. Em um estudo utilizando modelo de trauma hepático e hemorragia

venosa severa em suínos, foi relatada redução de aproximadamente 50% do tempo para

hemostasia no grupo hm-quitosana quando comparado ao grupo esponjas de gaze6. Em

outro estudo, constatou-se redução de 90% no tempo para aquisição do estado

hemostático em transecção de veia femoral de ratos, em relação aos controles salina e

quitosana nativa17.

Os resultados obtidos neste estudo demonstraram que, apesar da hemostasia

ter sido efetiva em todas as lesões dos camundongos, independente do tratamento ao qual

tenham sido submetidos, foi mais rápida com a utilização de esponja de quitosana-

alginato e do hemostático comercial colágeno hidrolisado, comprovando a eficácia dos

polímeros quitosana-alginato como agentes hemostáticos17.

As esponjas de quitosana-alginato e de colágeno hidrolisado avaliadas

controlaram o sangramento hepático em camundongos em tempos similares, permitindo

inferir que, apesar dos diferentes mecanismos utilizados pela quitosana e pelo colágeno

para indução à hemostasia, o tempo necessário para a coalescência de eritrócitos

provocada pela esponja de quitosana-alginato foi equivalente ao de ativação plaquetária

da cascata da coagulação pelo colágeno, em indivíduos saudáveis4. Porém, frente a

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diáteses hemorrágicas, a quitosana apresenta como diferencial sua propriedade

policatiônica e sua ligação inespecífica às membranas celulares das hemácias, produzindo

um complexo adesivo independente de ativação plaquetária e de fatores de coagulação

sanguínea19,20.

A esponja de quitosana utilizada como agente hemostático local no presente

estudo atingiu o objetivo em 49 segundos, em média. Tal desempenho traduz o que se

deseja de um agente hemostático frente a uma hemorragia hepática, considerando seu

reconhecido mecanismo de ação independente da cascata de coagulação. O controle

imediato e efetivo da hemorragia hepática está diretamente correlacionado à taxa de

sobrevida do paciente. A aplicação das técnicas convencionais de hemostasia, como

compressão local, ligaduras ou eletro-cauterização, torna-se naturalmente limitada pelo

difícil acesso cirúrgico e pela característica friável do fígado, sendo complicada por

distúrbios da coagulação quando existe doença hepática grave concomitante20.

O tempo de contato da esponja de quitosana-alginato com a lesão incisa no

fígado de camundongos foi suficiente para promover hemostasia durante os 14 dias de

estudo. O agente não estimulou reações adversas locais ou sistêmicas, demonstrando

estabilidade biológica essencial para sua utilização como hemostático tópico21.

A presença de áreas de degeneração granular e pequenos focos isolados de

necrose em alguns segmentos hepáticos foi atribuída à lesão incisa de cápsula e

parênquima produzida para o experimento. Dada a pequena espessura do lobo hepático

do camundongo, a incisão circular transfixou o órgão em alguns segmentos,

determinando considerável ruptura vascular e, consequentemente, privação do aporte de

oxigênio ao tecido circunjacente, causando injúria tecidual. Os achados histológicos

foram, assim, condizentes com processo de reparação em parênquima hepático22.

Foi necessário pouco tempo de contato das esponjas com as lesões

hemorrágicas para a aquisição da hemostasia. Esta variável pode ter contribuído para

menor taxa de despolimerização da quitosana no local, resultando na ausência de reação

inflamatória registrada pelo estudo. Durante a quantificação do infiltrado inflamatório em

lesões cutâneas de ratos tratadas com biomembranas de quitosana-alginato observou-se

estímulo ao recrutamento de neutrófilos e macrófagos no 2º dia de contato23.

Atualmente, novos compostos estão sendo desenvolvidos e avaliados em

busca de um agente hemostático ideal inserido em uma relação custo-benefício

satisfatória. Tanto a quitosana quanto o colágeno são polímeros naturais aptos à função

de hemostáticos tópicos e capazes de induzir hemostasia hepática em tempo similar,

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porém, em comparação com a quitosana, o colágeno apresenta um elevado custo de

purificação, o que restringe sua utilização4,15.

CONCLUSÕES

O tempo para efeito hemostático da esponja de quitosana-alginato é similar

ao da esponja de colágeno hidrolisado liofilizada. Os curativos hemostáticos sob a forma

de esponjas de quitosana, assim como os de colágeno, não provocam reação inflamatória

no fígado.

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CAPÍTULO 3 – ESPONJAS DE QUITOSANA SÃO BIOCOMPATÍVEIS E

ESTIMULAM SÍNTESE DE COLÁGENO EM FÍGADO DE CAMUNDONGO

RESUMO

A terapia celular e a liberação controlada de fármacos são alternativas de tratamento para

pacientes com hepatopatias severas e para diminuir a necessidade de transplantes de

órgãos. A quitosana vem sendo utilizada na engenharia de tecidos, em sistemas de

liberação de células e fármacos devido a sua biocompatibilidade, baixa toxicidade e

efeitos imunoestimulantes, antibacterianos e antifúngicos. Visando aperfeiçoar sua

solubilidade, implantes de compósitos de quitosana tem sido alvo de pesquisas. O

presente estudo teve como propósito avaliar o efeito do implante de esponja de quitosana-

alginato, comparando-o ao de esponja de colágeno hidrolisado liofilizada, em defeito

hepático em camundongos saudáveis. Fragmentos de esponjas de quitosana e de colágeno

foram preparados a fim de assumirem dimensões idênticas as do defeito hepático a ser

produzido. A lesão consistiu de incisão circular de 5,0mm através da cápsula, realizada

com um punch. Após a remoção do segmento hepático, utilizado como controle, foi feito

o implante de um fragmento de esponja de quitosana nos animais do grupo Q e de

colágeno nos animais do grupo C. À macroscopia observaram-se aderências omentais

sobre os implantes nos momentos avaliados e integração mais precoce da esponja de

colágeno ao tecido receptor. A avaliação microscópica evidenciou reação inflamatória

aos dois materiais implantados e estímulo à síntese de colágeno, confirmada pela análise

submicroscópica. A percentagem média de colágeno dos segmentos hepáticos receptores

dos implantes de esponja de quitosana-alginato e de esponja de colágeno hidrolisado

apresentou elevação significativa entre 7 e 14 dias pós-operatórios, permitindo inferir

efeito estimulante exercido pelas esponjas de quitosana sobre a reparação tissular.

Palavras-chave: biomateriais, tecido, hepático, implantes, polímeros, roedores.

CHAPTER 3 - CHITOSAN SPONGES ARE BIOCOMPATIBLE AND

STIMULATE COLLAGEN SYNTHESIS IN MOUSE LIVER

ABSTRACT

Cell therapy and drug delivery systems are treatment options for patients with severe liver

diseases and to reduce the need for organ transplants. Chitosan has been used in tissue

engineering, in cells and drug delivery systems because of their biocompatibility, low

toxicity effects and immunostimulating, antibacterial and antifungal agents. In order to improve their solubility, chitosan composite implants has been the subject of research.

This study aimed to evaluate the effect of chitosan-alginate sponge implant, comparing it

to the lyophilized hydrolyzed collagen sponge in liver defect in healthy mice. Fragments

of chitosan and collagen sponges were prepared in order to assume the same dimensions

of hepatic defect to be produced. The lesion consisted of a circular incision of 5.0 mm

through the capsule, carried out with a punch. After removal of hepatic segment, used as

control, it was made implantation of a chitosan sponge fragment in the animals of group

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Q and collagen in the animals of group C. Macroscopically omental adhesions were

observed on the implants in the evaluated time and early integration of collagen sponge

to the tissue receptor. Microscopic evaluation showed inflammatory reaction to the two

implanted materials and stimulating collagen synthesis confirmed by submicroscopic

analysis. The collagen average percentage of liver segments receptors of chitosan-

alginate sponge and lyophilized hydrolyzed collagen sponge implants increased

significantly between 7 and 14 postoperative days, allowing infer stimulating effect

exerted by chitosan sponges on tissue repair.

Keywords: biomaterials, tissue, liver, implants, polymers, rodents.

INTRODUÇÃO

Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o

número de transplantes hepáticos realizados no país em 2014 não alcançou 50% da

necessidade estimada. Entre 2003 e 2013, 15.139 transplantes hepáticos foram realizados,

porém aproximadamente 6.500 pacientes aguardam atualmente por um transplante de

fígado1,2. O índice de sobrevida após esse procedimento cirúrgico é de aproximadamente

85% em um ano e de 70% em cinco anos, nos Estados Unidos. Na atualidade, não existem

dados oficiais nacionais sobre a taxa de sobrevida dos pacientes transplantados,

estimando-se percentagens um pouco inferiores3.

A insuficiência hepática grave apresenta elevada taxa de mortalidade e

aumenta os custos médicos a cada ano, mundialmente. O transplante de fígado tem sido

a opção terapêutica mais indicada para pacientes acometidos por hepatopatias severas,

porém a taxa de óbito na fila de espera ainda é grande. Tais óbitos ocorrem devido à falta

de um método adequado para manter vivo o paciente com insuficiência hepática e ao

baixo número de doadores de órgãos4.

Frente à necessidade de aumentar a disponibilidade de órgãos para

transplante, iniciou-se a busca por alternativas ao transplante clássico proveniente de

enxerto total de doador falecido. Foram adotados critérios denominados expandidos para

a realização dos procedimentos, divisões anatômicas de fígado de doadores e transplantes

hepáticos intervivos, os quais vêm reduzindo gradualmente, principalmente devido ao

risco de complicações graves do doador3,5.

Como uma nova abordagem para o tratamento das doenças e alternativa ao

transplante hepático surgiram, então, a medicina regenerativa e a tecnologia de liberação

controlada de fármacos6. Terapias de transplantes de células e sistemas de liberação

terapêuticos tornaram-se opções para o tratamento de processos patológicos hepáticos

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agudos, crônicos, hereditários ou neoplásicos, ao estimular a regeneração hepática ou

atuar como um tratamento paliativo até a realização do transplante de fígado7,8.

Dois componentes são complementares e essenciais à medicina regenerativa:

arcabouços (também designados como andaimes ou plataformas) biologicamente

compatíveis com os sistemas orgânicos e células adequadas, capazes de substituir

efetivamente os tecidos danificados sem efeitos adversos. Assim, a escolha do andaime,

a fonte de células e as barreiras imunológicas são decisivas para a regeneração hepática4.

Para aumentar a sobrevivência e a estabilidade funcional das células

transplantadas, os dispositivos implantáveis desenvolvidos com biomateriais e utilizados

como arcabouços devem proporcionar um ambiente ideal para o crescimento e a

diferenciação celular9,10.

Nos últimos anos, buscando desenvolver substitutos hepáticos capazes de

restaurar, manter e melhorar as funções do fígado, diferentes arcabouços têm sido

estudados para engenharia de tecidos e sistemas de liberação controlada de fármacos4,11.

Arcabouços de quitosana utilizados como sistemas de liberação de células para a função

de recuperação estrutural e funcional do fígado vêm apresentando resultados promissores,

como melhora da taxa de sobrevivência e da funcionalidade das células transplantadas9.

Vários estudos6,11,12 demonstraram que biomateriais à base de quitosana,

isolada ou em compósitos, apresentam ação estimulante sobre a expressão de colágeno e

a regeneração tecidual. Tais efeitos são similares em diferentes espécies animais

(camundongos, ratos, coelhos, cães) e tecidos (subcutâneo, músculo, peritônio,

cartilagem, osso, fígado), indicando biocompatibilidade, porém com resposta

inflamatória variável ou ausente frente aos vários modelos experimentais.

Embora alguns estudos4 tenham demonstrado a aplicabilidade de andaimes

na recuperação estrutural e funcional hepática, o atual desafio à medicina regenerativa e

engenharia de tecidos consiste em explorar a versatilidade química da quitosana para o

desenvolvimento do compósito biologicamente compatível ideal para implantes

hepáticos, aplicável a transplantes celulares e à liberação de fármacos. Assim, objetivou-

se com este estudo avaliar o efeito do implante de esponjas de quitosana-alginato em

defeito hepático de camundongos saudáveis, quantificando a percentagem de colágeno

dos segmentos hepáticos receptores aos 7 e 14 dias pós-operatórios, a fim de verificar o

estímulo à síntese de colágeno, comparando-o ao de esponjas de colágeno hidrolisado

liofilizadas.

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37

METODOLOGIA

Local da pesquisa

Após aprovação pela Comissão de Ética na Utilização de Animais da

Universidade Federal de Uberlândia (UFU) (nº 138/11 e 219/11) (ANEXO A), o presente

estudo foi desenvolvido no Laboratório de Cirurgia e Anestesiologia Experimental da

Faculdade de Medicina Veterinária e Laboratório de Histologia da UFU, com a

colaboração da Escola de Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Goiás

(UFG), da Faculdade de Engenharia Química da Universidade Estadual de Campinas

(UNICAMP) e do serpentário Pentapharm©, de Uberlândia, Minas Gerais.

Animais de experimentação

Foram utilizados 48 camundongos (linhagem Swiss) machos de dez semanas

de idade e peso médio de 35g, considerados hígidos após exames clínicos (observação do

estado de alerta, padrão respiratório, presença de secreções nasais ou oculares e diarreia),

sendo 24 para avaliação por microscopia de luz e o restante (24) para avaliação por

microscopia eletrônica de transmissão.

Manejo dos animais

Todos os procedimentos de manejo dos animais foram conduzidos conforme

orientação e normas estabelecidas pela Sociedade Brasileira de Ciência em Animais de

Laboratório (SBCAL). Os camundongos foram alojados em caixas / gaiolas de

polipropileno medindo 34x41x16cm (largura, comprimento, altura), com tampa em

arame galvanizado e bebedouro em polipropileno, com capacidade para 250ml, no

biotério do HV/UFU, que possui ambiente climatizado com temperatura média de 24°C

± 2°C e período de claro / escuro de 12 horas.

Foram colocados seis camundongos por gaiola, perfazendo um total de quatro

gaiolas, todas com cama de maravalha. A alimentação foi constituída de ração específica

para a espécie (Presence® Ratos e Camundongos, Evialis, Paulínia, SP) fornecida ad

libitum. Água limpa permaneceu disponível durante todo o período experimental. A

higienização das gaiolas, bebedouros e ambiente foi realizada diariamente.

Antecedendo à fase experimental, foi considerado um período de 15 dias para

adaptação ambiental dos animais. Para minimizar o estresse e desconforto dos

camundongos, o manejo do biotério e manipulação dos animais foi realizado por equipe

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previamente treinada e em horário pré-determinado. Foi utilizado o mesmo manejo tanto

para a primeira quanto para a segunda etapa do experimento.

Tratamentos

Para a análise por microscopia de luz, os 24 camundongos foram distribuídos

igualmente e aleatoriamente em dois grupos de tratamento, com 12 animais cada:

Tratamento Q, com o uso de esponjas de quitosana-alginato (Figura 1 - A) e Tratamento

C, com o uso de esponjas de colágeno hidrolisado liofilizadas (Figura 1 - B).

Cada grupo foi dividido em dois subgrupos de seis animais (Q7 e Q14; C7 e

C14). A distribuição dos animais ocorreu de acordo com o tempo experimental pré-

determinado para análise histológica hepática pós-cirúrgica, realizada no sétimo dia pós-

operatório (Q7 e C7) e 14 dias após a cirurgia (Q14 e C14) (Quadro 1).

FIGURA 1 – Esponjas utilizadas nos tratamentos hemostáticos.

(A) Esponja de quitosana-alginato; (B) Esponja de

colágeno hidrolisado liofilizada.

QUADRO 1 – Distribuição dos grupos de camundongos conforme o implante e o período para

análise histológica em microscopia de luz

GRUPOS ANÁLISE HISTOLÓGICA

Dia 7 Dia 14

TOTAL DE

ANIMAIS

Quitosana (Q) (Q7)

6 animais

(Q14)

6 animais

12

Colágeno (C) (C7)

6 animais

(C14)

6 animais

12

TOTAL 12 12 24

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39

Para a etapa destinada à microscopia eletrônica cada grupo foi dividido da

mesma forma, porém em diferente período experimental. A distribuição dos animais foi

realizada em dois subgrupos de seis animais, em conformidade com o tempo experimental

pré-determinado para análise microscópica ultraestrutural hepática pós-cirúrgica,

realizada no sétimo dia pós-operatório (Q7 e C7) e 21 dias após a cirurgia (Q21 e C21)

(Quadro 2).

QUADRO 2 – Distribuição dos grupos de camundongos conforme o implante e o período para

análise microscópica ultraestrutural

GRUPOS ANÁLISE HISTOLÓGICA

Dia 7 Dia 21

TOTAL DE

ANIMAIS

Quitosana (Q) (Q7)

6 animais

(Q21)

6 animais

12

Colágeno (C) (C7)

6 animais

(C21)

6 animais

12

TOTAL 12 12 24

Materiais utilizados

Os defeitos hepáticos foram provocados por um punch dermatológico circular

metálico de 5,0mm de diâmetro previamente autoclavado. As esponjas de quitosana-

alginato foram fornecidas pelo Departamento de Processos Biotecnológicos da Faculdade

de Engenharia Química da UNICAMP, São Paulo e esterilizadas em óxido de etileno.

Para os animais do tratamento C foi utilizado colágeno comercial (Hemospon®,

Technew©, Rio de Janeiro, RJ).

Procedimentos pré-cirúrgicos, cirúrgicos e pós-cirúrgicos

Os animais foram submetidos a jejum pré-operatório alimentar e hídrico de

uma hora. Posteriormente, foram contidos manualmente e pré-anestesiados com 1mg/Kg

de cloridrato de tramadol (Cloridrato de tramadol®, União Química Farmacêutica, São

Paulo, SP) e 0,5mg/Kg de acepromazina (Acepran®, Vetnil Indústria e Comércio de

Produtos Veterinários Ltda, Louveira, SP) por via intramuscular (IM), na região posterior

dos membros pélvicos.

A indução e manutenção anestésica foram realizadas por inalação de mistura

gasosa de oxigênio e isofluorano (Isofluorano®, Instituto BioChimico e Indústria

Farmacêutica Ltda, Itatiaia, RJ) por meio de máscara e a profundidade anestésica foi

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40

avaliada pela presença ou ausência de reflexos (cauda e pálpebra) e alterações das

frequências cardíaca (FC) e respiratória (FR).

Toda a região ventral dos animais foi tricotomizada e preparada

assepticamente com álcool etílico 70%, iodopovidona tópico e álcool etílico 70%. Em

seguida, os panos de campo foram adequadamente posicionados.

O acesso à cavidade abdominal foi realizado por meio de uma incisão

longitudinal mediana pré-retro-umbilical, seguida da localização e exposição do lobo

hepático esquerdo. O defeito hepático foi produzido por uma incisão circular através da

cápsula, por meio de um punch dermatológico de 5,0mm, centralizado na região exposta

do lobo esquerdo (Figura 2 - A). Após a remoção do segmento hepático, utilizado como

controle de cada camundongo (Figura 2 – B), foi feito o implante de um fragmento de

esponja de quitosana-alginato na lesão do grupo Q (Figura 2 - C) ou de colágeno

hidrolisado liofilizada, na lesão do grupo C (Figura 2 – D).

Os referidos fragmentos foram previamente recortados a fim de assumirem

dimensões idênticas as do defeito hepático produzido. O fragmento de esponja de

quitosana-alginato foi hidratado durante cinco minutos em solução fisiológica de NaCl

0,9% (Solução isotônica de Cloreto de sódio 0,9%, Glicolabor Indústria Farmacêutica

Ltda, Ribeirão Preto, SP) estéril, para então ser implantado.

Finalizando o procedimento, a musculatura abdominal foi suturada por pontos

simples isolados com fio de náilon 4-0 agulhado (Shalon®, Shalon Fios Cirúrgicos, São

Luis de Montes Belos, GO). O tecido subcutâneo foi aproximado com o mesmo material

de síntese, bem como a pele, suturada por pontos simples isolados.

Ao término da cirurgia, os animais foram colocados isoladamente em caixas

para a recuperação anestésica, com mínima manipulação, em local silencioso, com pouca

luz e temperatura ambiente variando entre 27 e 30ºC. Os camundongos foram mantidos

aquecidos e em observação até que retomassem a consciência, para depois serem

recolocados em suas respectivas gaiolas.

A analgesia pós-operatória foi promovida pela administração de cloridrato de

tramadol na dose de 1mg/Kg a cada 12 horas por via subcutânea na região da nuca,

durante três dias consecutivos. Os curativos locais foram realizados com iodopovidona

tópico diariamente, até a total cicatrização da ferida.

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FIGURA 2 – Fotografias de fígados de camundongos. A - Incisão circular através da

cápsula hepática realizada com um punch de 5,0 mm (seta). B - Remoção

do segmento hepático (seta) e detalhe do aspecto e dimensão do

segmento após remoção (cabeça de seta). C - Implante de esponja de

quitosana-alginato em defeito hepático (seta). D - Implante de esponja de

colágeno hidrolisado liofilizada em defeito hepático (seta).

Eutanásia

Ao final do tempo experimental, os animais foram submetidos à eutanásia por

meio de inalação profunda de isofluorano em equipamento de anestesia inalatória.

Estudo histológico e análise de imagens

Os segmentos hepáticos obtidos durante a produção da lesão na região central

do lobo hepático esquerdo, utilizados como controle de cada camundongo, foram

imediatamente fixados em formol tamponado e preparados para microscopia de luz. Logo

após a eutanásia, os animais foram submetidos à necropsia com colheita do sítio hepático

A B

C D

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de implantação das esponjas, localizado em região central do lobo hepático esquerdo,

para análise histológica do parênquima adjacente.

O preparo das amostras para análise histológica em microscopia de luz foi

iniciado pela fixação em solução de formol tamponado a 10% em volume 20 vezes maior

do que o volume da peça. Cada frasco foi devidamente identificado. As peças foram

mantidas no formol até o momento do processamento histológico, quando foram

desidratadas por uma série crescente de álcool etílico, clarificadas em xilol e emblocadas

em parafina. Os blocos de parafina foram seccionados com auxílio de micrótomo em

cortes de 4µm. Cada corte histológico foi posicionado sobre uma lâmina de vidro e corado

pela técnica de hematoxilina eosina (HE), reticulina e picrosirius para análise morfológica

dos tecidos.

Cada parâmetro foi avaliado às cegas, em cinco campos aleatórios por secção,

através de microscópio de luz, utilizando aumento de 40 vezes. As imagens foram

capturadas pelo fotomicroscópio DM500 (Leica Microsystems, Aotec Instrumentos

Científicos, São Paulo, SP, Brasil). Foi estabelecido um escore semiquantitativo para os

achados histopatológicos, de acordo com schreinemacher13 (Quadro 3).

A quantificação da percentagem de colágeno dos segmentos hepáticos

submetidos aos implantes foi efetuada por meio da análise de imagens de

fotomicrografias das lâminas coradas pelo picrosirius, utilizando software para

morfometria HL Image++97 (Leica Aplication Suite, LAS EZ versão 1.8.1 Build:277

copyright© 2003-2010, Leica Microsystems Switzerland Limited). Ao submeter a

imagem ao programa, as áreas não marcadas, correspondentes à ausência de colágeno,

são desconsideradas, enquanto as imagens coradas são convertidas em uma escala de

preto e branco, permitindo a quantificação de fibras colágenas em pixels e seu cálculo em

percentagem.

Para microscopia eletrônica de transmissão, o material foi fixado em

glutaraldeído a 3% em tampão fosfato pH 7,4 por uma a três horas. Posteriormente, foram

feitas três lavagens em tampão fosfato pH 7,4 por 12 horas e duas por 5 minutos cada.

Em seguida, foi realizada a pós-fixação em tetróxido de ósmio 1% por 30 minutos e mais

30 minutos em tetróxido de ósmio 1% com ferrocianeto de potássio 1,25%. Após esta

etapa, os fragmentos foram desidratados em soluções com concentração crescente de

acetona e incluídos em resina Epon 812. Os blocos de resina obtidos foram cortados em

ultra-micrótomo, obtendo-se cortes ultra-finos (60 a 90 nm), os quais foram contrastados

em acetato de uranila e citrato de chumbo. As avaliações dos cortes foram realizadas no

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microscópio eletrônico de transmissão Zeiss EM 109 do Laboratório de Histologia do

Instituto de Ciências Biomédicas (ICBIM), UFU, sendo realizada documentação por

imagens digitais obtidas pelo equipamento Megaview14.

QUADRO 3 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos após implante de biomaterial, adaptada de

Schreinemacher13

Achados

Histológicos

Escore

Significado

Infiltrado

inflamatório

- mononuclear

- polimorfonuclear

0 Ausência de alteração

1 Discreta

(presente em menos de 25% do campo)

2 Moderada

(presente em 26% a 50% do campo)

3 Acentuada

(presente em 51% a 100% do campo)

Células gigantes

0 Ausência de células gigantes

1 Discreta

(presença de 1 a 3 no campo)

2 Moderada

(presença de 3 a 4 no campo)

3 Acentuada

(presença de 5 ou mais células no campo)

Tecido de granulação

0 Ausência de alteração

1 Discreta

(presente em menos de 25% do campo)

2 Moderada

(presente em 26% a 50% do campo)

3 Acentuada

(presente em 51% a 100% do campo)

Análise estatística

A normalidade de distribuição dos resíduos e homogeneidade das variâncias

foram avaliadas pelos testes de Shapiro-Wilk e Levene, respectivamente, sendo adotado

valor de significância igual a 5%.

A intensidade das características histológicas (infiltrado inflamatório

mononuclear, polimorfonuclear, células gigantes e tecido de granulação) nos diferentes

momentos dentro do mesmo tratamento (quitosana ou colágeno) foi comparada pelo teste

de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn. Para a comparação das referidas características

entre tratamentos dentro do mesmo tempo foi realizado o teste U de Mann-Whitney.

Valor de p<0,05 foi utilizado para significância estatística.

As medianas das percentagens de colágeno nos diferentes tempos de

avaliação dentro do mesmo tratamento (quitosana ou colágeno) foram comparadas pelo

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44

teste de Kruskal-Wallis com pós-teste de Dunn. A comparação entre os tratamentos no

mesmo intervalo de tempo foi realizada pelo teste U de Mann-Whitney. Um valor de

p<0,05 foi utilizado para significância estatística.

Os procedimentos de análise foram feitos nos programas SPSS15 e GraphPad

Prism16.

RESULTADOS

Avaliação macroscópica

Não foram observadas complicações como infecções, deiscência de suturas

ou óbitos durante ou após os procedimentos cirúrgicos. Aderências omentais aos

implantes ou locais de implantação de esponja de quitosana e colágeno hidrolisado e ao

tecido hepático adjacente estavam presentes em todos os camundongos, aos 7, 14 e 21

dias pós-operatórios.

Ao comparar-se a integração do implante ao parênquima hepático notou-se

integração mais precoce da esponja de colágeno ao tecido receptor, tanto no 7º como no

14º e 21º dia do experimento, em todos os animais do referido grupo.

Avaliação microscópica

A avaliação histológica das regiões de implantação das esponjas foi realizada

conforme a análise comparativa dos subgrupos estudados e respectivos controles, cuja

percentagem média de colágeno hepático foi de 0,66%.

Na coloração HE, a avaliação histológica hepática das áreas dos implantes de

quitosana e colágeno revelou, aos 7 dias pós-operatórios, padrão trabecular normal com

degeneração gordurosa discreta na região de veia terminal hepática e área de necrose

adjacente à incisão realizada pelo punch. Nas áreas dos implantes de quitosana foi

observada reação inflamatória principalmente ao tecido necrótico, com exsudato de

polimorfonucleares, mononucleares (linfócitos e plasmócitos), células gigantes tipo

corpo estranho e proliferação vascular em tecido de granulação, além de fragmentos da

esponja de quitosana (Figura 3).

Já nas áreas de implantes de colágeno, a reação inflamatória caracterizou-se

por exsudato predominantemente polimorfonuclear em torno da esponja e delimitando a

área de necrose. Foram observadas células gigantes tipo corpo estranho, proliferação

vascular em tecido de granulação e fragmentos da esponja de colágeno (Figura 3).

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À coloração HE, 14 dias após o implante de quitosana não foram observadas

células gigantes. Os demais achados histológicos de 7 dias mantiveram-se presentes. No

grupo C verificou-se redução na intensidade da reação inflamatória e na concentração de

neutrófilos, permanência de células gigantes e presença de plasmócitos no exsudato. Os

outros achados histológicos de 7 dias continuaram presentes (Figura 3).

A coloração picrosirius evidenciou, 7 dias após a implantação, deposição de

fibras colágenas em torno da esponja de quitosana. A percentagem média de colágeno das

áreas correspondentes aos implantes foi de 25,57%. De maneira similar notou-se

deposição de fibras colágenas em torno da esponja de colágeno, assumindo aspecto de

cápsula. A percentagem média de colágeno nas áreas correspondentes aos implantes foi

de 23,36%. Observou-se, aos 14 dias pós-operatórios, aumento na deposição de fibras

colágenas envolvendo a esponja de quitosana, como uma cápsula. A percentagem média

de colágeno nestes segmentos foi de 40,55%. À semelhança do grupo Q, notou-se maior

deposição de fibras colágenas circundando a esponja de colágeno. A percentagem média

de colágeno nestes segmentos foi de 30,25% (Figura 4 e Tabela 2).

Na coloração reticulina notou-se, 7 dias após o implante, presença de fibras

reticulares entre o parênquima hepático e a esponja de quitosana. No grupo C fibras

reticulares circundando a esponja também foram evidenciadas. Aos 14 dias pós-

operatórios observou-se aumento na deposição de fibras reticulares encapsulando o

implante de quitosana e, da mesma forma, o de colágeno (Figura 5).

Os testes de Kruskal-Wallis para comparação da intensidade da reação

inflamatória entre os tempos pós-operatórios do grupo Q indicaram ápice da reação

inflamatória aos 7 dias após o implante, com aumento dos infiltrados mononucleares

(p=0,0022) e polimorfonucleares (p=0,0026) e de células gigantes, as quais não se

fizeram presentes aos 14 dias pós-operatórios (p=0,0078). Quanto ao tecido de granulação

notou-se aumento aos 7 dias, com manutenção até os 14 dias pós-operatórios (p=0,0002)

conforme a Figura 6.

Os testes de Kruskal-Wallis para comparação da intensidade da reação

inflamatória entre os tempos pós-operatórios do grupo C indicaram aumento dos

infiltrados mononucleares (p=0,0002), polimorfonucleares (p=0,0010), de células

gigantes (p=0,0049) e de tecido de granulação (p=0,0002) aos 7 dias, com manutenção

até os 14 dias pós-operatórios (Figura 8).

Os testes de Kruskal-Wallis para comparação da percentagem média de

colágeno entre os tempos pós-operatórios do grupo Q indicaram maior quantidade de

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fibras colágenas no 14º dia após o implante (p=0,001) (Figura 7), bem como a

comparação da percentagem média de colágeno entre os tempos pós-operatórios do grupo

C (p=0,001) (Figura 9).

FIGURA 3 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja de

quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento cirúrgico.

Parênquima hepático normal (asterisco verde); área de necrose (asterisco azul);

fragmentos da esponja de quitosana (estrela amarela); fragmentos da esponja de

colágeno (estrela laranja); reação inflamatória (estrela branca). Coloração: HE.

Barras: 200μm.

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FIGURA 4 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja

de quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento

cirúrgico. Parênquima hepático (asterisco verde); fragmentos da esponja de

quitosana (estrela amarela); fragmentos da esponja de colágeno (estrela laranja);

fibras colágenas entre parênquima e esponja (estrela azul). Nota-se a presença

de fibras colágenas mais maduras no 14ºdia, em ambos os grupos (Q e C).

Coloração: Picrosirius. Barras: 200μm.

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FIGURA 5 – Fotomicrografias de fígados de camundongos. Áreas de implantação de esponja de

quitosana (A) e de colágeno (B) em lesão induzida por punch 7 dias após o

procedimento cirúrgico e áreas de implantação de esponja de quitosana (C) e de

colágeno (D) em lesão induzida por punch 14 dias após o procedimento cirúrgico.

Parênquima hepático (asterisco verde); área de necrose (asterisco azul); fragmentos

da esponja de quitosana (estrela amarela); fragmentos da esponja de colágeno

(estrela laranja); fibras reticulares entre parênquima e esponja (estrela azul).

Coloração: Reticulina. Barras: 200μm.

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FIGURA 6 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os tempos

pós-operatórios do grupo Q (relação asterisco/barra). Aumento dos

infiltrados mononucleares (p=0,0022) e polimorfonucleares

(p=0,0026) entre controles (T0) e 7 dias após o implante (A e B).

Aumento do número de células gigantes entre controles (T0) e 7º dia

pós-operatório, com ausência das mesmas 14 dias após o implante

(p=0,0078) (C). Aumento de tecido de granulação entre controles

(T0) e 7 dias e entre controles (T0) e 14 dias após o implante

(p=0,0002) (D). Teste de Kruskal-Wallis.

FIGURA 7 – Comparação da percentagem média de

colágeno entre os tempos pós-operatórios

do grupo Q (relação asterisco/barra).

Maior quantidade de fibras colágenas

entre controles (T0) e 14 dias após o

implante (p=0,001), pelo teste de Kruskal-

Wallis.

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FIGURA 8 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os tempos

pós-operatórios do grupo C (relação asterisco/barra). Aumento

dos infiltrados mononucleares (p=0,0022) (A),

polimorfonucleares (p=0,0010) (B), de células gigantes

(p=0,0049) (C) e de tecido de granulação (p=0,0002) (D) entre

controles (T0) e 7 dias e entre controles (T0) e 14 dias após o

implante, pelo teste de Kruskal-Wallis.

FIGURA 9 – Comparação da percentagem média de

colágeno entre os tempos pós-operatórios

do grupo C (relação asterisco/barra). Maior

quantidade de fibras colágenas entre

controles (T0) e 14 dias após o implante

(p=0,001), pelo teste de Kruskal-Wallis.

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A avaliação histológica do parênquima hepático das áreas dos implantes de

quitosana e de colágeno, embasada na graduação da intensidade do tecido de granulação

e infiltrado inflamatório mononuclear, polimorfonuclear e de células gigantes, indicou

diferença entre o grupo Q e o grupo C apenas em relação ao maior teor de células gigantes

(7 dias: p=0,699; 14 dias: p=0,015) observadas aos implantes de colágeno, conforme a

análise comparativa dos subgrupos estudados e respectivos controles, pelo teste U de

Mann-Whitney (Tabela 1 e Figura 10).

TABELA 1 – Graduação da intensidade das características histológicas do parênquima

hepático de camundongos controle (N) e após implante de esponjas de quitosana

(Q) e colágeno (C)

Achados

Histológicos

Infiltrado

inflamatório

mononuclear

Infiltrado

inflamatório

polimorfonuclear

Células

gigantes

Tecido de

granulação

Grupos Escore (%) (%) (%) (%)

Controle N 0 0 0 0

Qu

ito

san

a (

Q)

Q7 0 - - 33,3 -

1 50 100 66,6 100

2 50 - - -

3 - - - -

Q14 0 - 33,3 100 -

1 100 66,6 - 100

2 - - - -

3 - - - -

Co

lág

eno

(C

)

C7 0 - - 16,6 -

1 100 66,6 83,3 100

2 - 33,3 - -

3 - - - -

C14 0 - - 16,6 -

1 100 83,3 83,3 100

2 - 16,6 - -

3 - - - -

* referência: 0 = ausência de alteração; 1= alteração discreta; 2 = alteração moderada; 3 =

alteração acentuada

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FIGURA 10 – Comparação da intensidade da reação inflamatória entre os grupos Q e C nos

momentos experimentais 7 e 14 dias. Não há diferenças de infiltrados

mononucleares (controles T0: p=0,699; 7 dias: p=0,180; 14 dias: p=1) (A),

infiltrados polimorfonucleares (controles T0: p=1; 7 dias: p=0,394; 14 dias:

p=0,24) (B) e tecido de granulação (controles T0: p=1; 7 dias: p=1; 14 dias:

p=1) (D). Há diferença de células gigantes em 7 dias (p=0,699) e em 14 dias

(p=0,015) (controles T0: p=1) (asterisco) (C), pelo teste U de Mann-

Whitney.

A comparação das áreas de deposição do colágeno entre os grupos Q (Q7:

25,57%; Q14: 40,55%) e C (C7: 23,36%; C14: 30,25%) não indicou diferença estatística,

pelo teste U de Mann-Whitney (Tabela 2).

TABELA 2 - Percentagens médias de colágeno das áreas submetidas ao implante de esponjas

de quitosana e colágeno aos 7 e 14 dias após implantação

Tempo Quitosana (Q) A Colágeno (C) B

Q C

7 dias 25,57%Aa 23,36%Bb

14 dias 40,55%Aa 30,25%Bb

Teste U de Mann-Whitney (T0: p=0,699; T7: p=0,699; T14: p=0,695): AB não indicou diferença estatística entre grupos em relação aos diferentes tempos experimentais

Teste de Kruskal Wallis: Aacomparação da percentagem média de colágeno entre os tempos pós-operatórios do grupo Q

indicou diferenças estatísticas (p=0,001) Bbcomparação da percentagem média de colágeno entre os tempos pós-operatórios do grupo C

indicou diferenças estatísticas (p=0,001)

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Avaliação ultramicroscópica

Ao microscópio eletrônico de transmissão, a outra etapa do presente estudo,

a avaliação do parênquima hepático das áreas dos implantes de esponjas de quitosana não

indicou a presença de alterações ultraestruturais significativas. Aos 7 dias pós-operatórios

notou-se a presença de fibras colágenas desorganizadas e aos 21 dias após o implante,

apesar da tendência à organização em feixes de fibras colágenas, indicando síntese de

colágeno tipo I, ainda se verificou áreas em que as fibras apresentam algum grau de

desorganização (Figura 11).

A análise ultramicroscópica do parênquima hepático dos segmentos

receptores de esponjas de colágeno também não indicou alterações ultraestruturais

significativas. Observou-se, 7 dias após o implante, presença de fibrilas colágenas

desorganizadas e em processo de organização para a formação de feixes. Aos 21 dias após

o implante, apesar da tendência à organização em feixes de fibras colágenas, indicando

síntese de colágeno tipo I, ainda se verificou áreas em que as fibras apresentam algum

grau de desorganização, conforme a análise comparativa dos períodos estudados

representada pela Figura 11.

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FIGURA 11 - Eletromicrografias de fígados de camundongos. Áreas adjacentes aos

implantes de esponjas de quitosana (A, B e C). A - Grupo Q7: fibrilas

colágenas desorganizadas (estrela). B - Grupo Q21

: fibrilas colágenas

em processo de organização (estrela). C - Grupo Q21

: fibrilas

colágenas desorganizadas (estrela). Áreas adjacentes aos implantes

de esponjas de colágeno (D, E e F). D - Grupo C7: fibrilas colágenas

organizadas em feixe (corte transversal) (estrela). E - Grupo C21

:

fibrilas colágenas desorganizadas (estrela). F - Grupo C21

: maior

densidade de fibrilas colágenas em processo de organização (estrela).

Nota-se prolongamento citoplasmático de fibroblasto (cabeça de

seta). Barras: A e B - 1μm, C, D e E - 2μm. F - 1μm. Magnificação:

A, B e F - 20.000X, C – 7.000X. D e E - 12.000X.

DISCUSSÃO

A resposta orgânica a sistemas implantáveis vem sendo estudada em animais

de laboratório, dada a importância destes arcabouços para a engenharia de tecidos17,18.

Entretanto, a maioria destes sistemas é derivada de polímeros à base de poliéster,

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geradores de subprodutos ácidos capazes de acelerar a degradação dos elementos por eles

transportados19. O presente estudo avaliou polímeros naturais, a base de proteínas

(colágeno) e polissacarídeos (quitosana) de crescente interesse como alternativas para a

medicina regenerativa.

A ausência de complicações trans-operatórias, infecções, deiscência de

suturas e óbitos durante o período pós-operatório, bem como a observação do aspecto

anatômico normal do fígado à necropsia, indicaram biocompatibilidade da esponja de

quitosana-alginato implantada em fígado de camundongos, em concordância com relatos

prévios frente a compostos de quitosana implantados em peritônio de camundongos e

fígado de ratos6,19-21.

As aderências omentais aos implantes de esponja de quitosana e de colágeno

e ao tecido hepático adjacente, observadas em todos os camundongos aos 7 e 14 dias pós-

operatórios, podem ter sido provocadas pela reação inflamatória local aos biomateriais.

Aderências peritoniais são frequentemente relatadas em cirurgias abdominais,

principalmente em seres humanos, equinos e animais de laboratório quando, a partir do

dano tecidual, diferentes mecanismos relacionados ao processo inflamatório e

desequilíbrio entre produção de fibrina e fibrinólise culminam com a transformação da

fibrina em tecido fibroso22.

Em implantes hepáticos de camundongos, a integração tecidual mais lenta das

esponjas de quitosana em relação às de colágeno, com presença de menor reação

inflamatória à quitosana que ao colágeno, pode ser atribuída à fagocitose precoce das

esponjas de colágeno pelos macrófagos (células gigantes) observados em maior

concentração frente a estes implantes. Também pode ser explicada pela combinação

biomaterial-tecido. Em meio aquoso, mesmo sob efeito de lisozimas, a degradação da

quitosana apresentou-se mais lenta quando comparada ao colágeno, justificada pela maior

hidrofilicidade e baixa resistência a forças mecânicas do mesmo em relação à

quitosana23,24. A velocidade de degradação de gel de gelatina/quitosana implantado em

fígado de camundongo foi mais lenta quando comparada à de gelatina isolada (proteína

obtida a partir do colágeno)11, e a degradação de membranas de quitosana/colágeno foi

diretamente proporcional ao teor de colágeno do compósito utilizado como sistema de

liberação de fármacos em cavidade abdominal de ratos25.

A degradação mais lenta dos implantes de quitosana associada a reação

inflamatória de menor intensidade constatada neste estudo confirma seu potencial como

plataforma para liberação controlada. A taxa de degradação da quitosana pode ser

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administrada alterando-se sua composição polimérica (proporção de co-polimerização de

glucosamina para N-acetilglucosamina ou comprimento de cadeia lateral ácida em N-

acetilglucosamina) e/ou o seu peso molecular26. Tal característica permite adequar o

tempo de degradação do implante à duração do tratamento, prevenindo falha da terapia

por degradação precoce do arcabouço. Este diferencial tem sido bastante explorado na

produção de sistemas de liberação18. Uma grande vantagem dos sistemas de quitosana

reside em sua degradação por hidrólise ou reação enzima-específica, dispensando

técnicas invasivas, tais como cirurgias, para a sua remoção, ao término do período de

liberação necessário. Além disso, seus produtos de degradação são atóxicos, não

imunogênicos e não carcinogênicos. Adicionalmente, suas propriedades hidrofílicas

tornam possíveis reações químicas de entrecruzamentos para desenvolvimento de

compósitos que podem favorecer sua solubilidade6,26.

A resposta inflamatória de menor intensidade ao implante de quitosana

quando comparada ao de colágeno, observada no presente estudo em fígado de

camundongo, permite inferir elevado grau de biocompatibilidade à esponja de quitosana.

A implantação de arcabouços de quitosana no peritônio de camundongos resultou em

mínimos sinais de reação inflamatória durante acompanhamento de até 12 semanas27.

A observação de degeneração gordurosa discreta na região de veia terminal

hepática, bem como de área de necrose adjacente à incisão realizada pelo punch podem

ser atribuídas à hipóxia por lesão vascular iatrogênica, determinada pelo procedimento

cirúrgico promotor da falha hepática. O lobo hepático do camundongo é bastante delgado,

sendo transfixado em alguns segmentos pelo punch utilizado no experimento. A presença

de reação inflamatória ao tecido necrótico, com exsudato de polimorfonucleares,

mononucleares, células gigantes tipo corpo estranho e proliferação vascular em tecido de

granulação é justificável como evolução do processo de reparação tecidual6,13.

Para a implantação das esponjas estudadas, promoveu-se uma incisão circular

e ampla, dada à dimensão do lobo hepático do camundongo, comprometendo

consideravelmente a circulação sanguínea do segmento. Quando um biomaterial é

implantado, a lesão local ao tecido conjuntivo vascularizado é inevitável, suscitando uma

resposta inflamatória imediata6. A intensidade e duração do processo inflamatório

depende da composição química, energia livre de superfície, cargas de superfície,

porosidade e rugosidade do material, além do tamanho e forma do implante e extensão da

lesão criada durante sua inserção28.

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A sequência de achados histológicos nos fígados dos camundongos do

presente estudo, aos 7 e 14 dias pós-operatórios, foi condizente com a dinâmica da reação

inflamatória a implantes. Tal resposta inflamatória pode ser caracterizada pela presença

de polimorfonucleares, linfócitos, plasmócitos, células gigantes tipo corpo estranho,

proliferação vascular em tecido de granulação e deposição de fibras reticulares e

colágenas em torno dos materiais implantados. Os eventos cicatriciais típicos da lesão

envolvem a formação de uma cápsula fibrótica em torno dos materiais, mesmo quando

ditos inertes, tais como os implantes de aço inoxidável6,20.

Formação de cápsula envolvendo implante de quitosana, conforme observada

nesta pesquisa, foi previamente relatada em diferentes estudos de biocompatibilidade: gel

de gelatina/quitosana implantado em fígado de camundongos11, formulação à base de

quitosana em cavidade peritoneal de camundongos6 e esponjas de quitosana em fígado de

ratos29.

A maior deposição de fibras colágenas circundando a esponja de quitosana,

quando comparada à de colágeno, sugere capacidade estimulante da quitosana sobre

regeneração tecidual e expressão de fibras colágenas tipo I e III em fígado de

camundongo. Compósitos de gelatina/quitosana implantados em fígado de camundongo

foram mais eficientes em induzir produção de fibrina e vascularização na interface

implante-fígado, quando comparados a implantes da proteína derivada do colágeno

isolada. Estudos vêm demonstrando que diferentes biomateriais podem modular funções

celulares e induzir o crescimento celular de formas distintas, e que a interação específica

de células com sua matriz extracelular é responsável por promover e regular o processo

de reparação tecidual. A quitosana tem sido utilizada para a regeneração de órgãos porque

facilita a adesão e a diferenciação celular, promovendo angiogênese e granulação durante

a cicatrização de lesões11.

O delineamento do presente estudo em 2 etapas possibilitou a observação dos

fenômenos da fase aguda da reação inflamatória aos 14 dias, em microscopia de luz, bem

como sua evolução, aos 21 dias, em microscopia eletrônica. A análise ultramicroscópica

indicou a presença de fibrilas colágenas desorganizadas e em processo de organização

para a formação de feixes aos 7 dias após o implante, evoluindo para uma apresentação

mais densa, caracterizando produção de colágeno tipo I em 21 dias. Após uma lesão

tecidual instaura-se um processo de reparação caracterizado por etapas interdependentes

e sobrepostas dinamicamente em relação ao tempo. Inicialmente ocorre a fibroplasia, com

formação de uma matriz frouxa de colágenos tipo I e II, fibronectina, ácido hialurônico,

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macrófagos, fibroblastos e vasos recém-formados e exsudativos. O sítio de lesão vai

gradativamente sendo enriquecido com mais fibras de colágeno e surgem as fibras de

colágeno tipo I30.

Com o advento da medicina regenerativa, a pesquisa pelo biomaterial ou

compósito ideal para engenharia de tecidos e sistemas de liberação controlada de

terapêuticos visa aliar, além do diferencial de ser reabsorvível, biocompatibilidade,

facilidade de processamento e disponibilidade, a fim de obter uma boa relação custo-

benefício. A quitosana apresenta estrutura química passível de modificações, permitindo

a introdução de grupamentos químicos e o desenvolvimento de polímeros destinados a

aplicações específicas31-33.

CONCLUSÃO

Implantes de esponjas de quitosana-alginato são biocompatíveis, suscitam

reação inflamatória discreta e exercem efeito estimulante sobre a síntese de fibras

colágenas em fígado de camundongos.

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CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

A literatura consultada, além de destacar a quitosana como biomaterial,

enfatiza sua versatilidade química e tecnológica, a qual permite sua combinação com

outros polímeros e partículas bioativas, gerando vários compósitos promissores para

utilização médica.

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Em relação à hemostasia, os resultados obtidos neste modelo de hemorragia

ressaltaram o discrepante desempenho do tradicional tratamento por compressão com

gaze frente à eficácia hemostática das esponjas testadas, destacando a importância de uma

hemostasia mais eficiente para o paciente e também para o cirurgião, a fim de minimizar

riscos trans-cirúrgicos, complicações pós-operatórias, custos e tempos cirúrgicos e

hospitalares.

Diante de hemorragias hepáticas, o difícil acesso cirúrgico e a característica

friável do fígado naturalmente prejudicam a aplicação das técnicas convencionais de

hemostasia, como compressão local, ligaduras ou eletro-cauterização. A hemostasia

torna-se mais comprometida ainda quando existe doença hepática grave simultânea. Na

presença de diáteses hemorrágicas, a quitosana é capaz de produzir um complexo adesivo

independente de ativação plaquetária e de fatores de coagulação sanguínea, graças a sua

propriedade policatiônica e sua ligação inespecífica às membranas celulares das

hemácias. Sua utilização seria indicada neste caso, principalmente se seu efeito perdurar

o tempo necessário para evitar recidivas. Esta linha de pesquisa continua atual, dada a

importância prática de seus resultados, pois o controle imediato, efetivo e duradouro da

hemorragia hepática está diretamente correlacionado à taxa de sobrevida do paciente.

A estrutura química passível de modificações da quitosana permite a

introdução de grupamentos químicos e o controle de sua solubilidade, propiciando o

desenvolvimento de polímeros destinados a aplicações específicas. A resposta orgânica e

a velocidade de degradação dos implantes de quitosana-alginato em fígado de

camundongo indicaram biocompatibilidade, estímulo à colagênese e tempo de reabsorção

adequados para sua aplicação em nanomedicina. Estes resultados possibilitam a produção

de arcabouços com maior afinidade pelo tecido receptor, tanto para liberação de fármacos

como para crescimento de células e criação de órgãos artificiais, como fígado para

transplantes. Adicionalmente, seu efeito sobre a coagulação sanguínea auxilia

naturalmente o controle de sangramentos quando são implantados cirurgicamente.

Sistemas de carregamento e liberação à base de quitosana são capazes de

controlar a liberação do princípio ativo, protegendo fármacos e vacinas contra a

degradação prematura e diminuindo o risco de doses tóxicas ou subterapêuticas. Além

disso, viabilizam maior intervalo de administração, melhor aceitação do tratamento pelo

paciente, direcionamento do princípio ativo para seu alvo específico, utilização de menor

quantidade do princípio ativo e integram-se ao tecido receptor, eliminando a necessidade

de procedimentos invasivos para sua retirada e resultando em menor custo.

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O delineamento do presente estudo não permitiu a verificação do tempo

necessário para a reabsorção total das esponjas de quitosana-alginato implantadas em

fígado de camundongo, as quais foram observadas nos segmentos hepáticos receptores

até o 21º dia após sua implantação. Esta informação é essencial para um melhor

aproveitamento dos diferenciais oferecidos pela quitosana para o desenvolvimento de

terapias personalizadas.

Estudos futuros utilizando biopolímeros de baixo custo, como a quitosana,

podem tornar possível e rotineiro o emprego de sistemas de liberação controlada de

fármacos para o tratamento de doenças que afetam populações de baixo poder aquisitivo,

visto que, para o mercado farmacêutico, o alto custo de medicamentos nanoestruturados

atualmente não justifica seu investimento.

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ANEXO A

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