Hca a cultura do salão caso prático ii

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A Cultura do Salão: Caso Prático II O Urbanismo da Baixa Pombalina (1758) – a planta de Eugénio dos Santos para a reconstrução de Lisboa . Ano Letivo 2016/2017 Prof. Ana Sofia Victor

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Caso Prtico II

A Cultura do Salo: Caso Prtico IIO Urbanismo da Baixa Pombalina (1758) a planta de Eugnio dos Santos para a reconstruo de Lisboa. Ano Letivo 2016/2017Prof. Ana Sofia Victor

Lisboa, capital do ReinoLisboa tornou-se capital do Reino de Portugal em 1255 e, a partir da, registou um assinalvel crescimento da populao.

Era um importante porto martimo, onde se estabeleciam rotas comerciais com o norte da Europa e com as cidades costeiras do Mediterrneo.

Terreiro do Pao em Lisboa uma parada militar, Dirk Stoop, c. 1650.

Lisboa, capital do ReinoA cidade foi crescendo desordenadamente, em ruas estreitas e irregulares, sem qualquer plano urbano.

No sculo XVI, Lisboa era descrita como cosmopolita, muito dinmica e animada, mas tambm catica, suja e violenta.

O Rossio era a praa da cidade e no Terreiro do Pao situava-se o Palcio-Real, constituindo a representao do poder.

Lisboa antes do Terramoto de 1755, gravura de Mateus Sautter, Escola Alem, sculo XVIII.

Lisboa no sculo XVI

O Terramoto de 1755

O Terramoto de 1755Na manh de 1 de novembro de 1755, pelas nove e trinta, no dia de todos-os-santos, um violento terramoto destruiu totalmente a Baixa da cidade, e foi acompanhado de um maremoto e de um gigantesco incndio que durou seis dias.

Tero sido destrudos cerca de 10 000 edifcios e morrido entre 12 000 e 15 000 pessoas.

Seguiu-se o desgoverno e clima de horror, com corpos entre os escombros, pilhagens e fugas em pnico para fora da cidade.

Terramoto de Lisboa de 1755, gravura alem da poca.

O Terramoto de 1755Ficou clebre o pragmatismo da interveno do marqus de Pombal: Enterrem-se os mortos e cuide-se dos vivos.

Mandou remover os cadveres das ruas, assegurar o abastecimento de gua e alimentos populao e repor a ordem pblica, e promoveu a reconstruo da cidade.

Terramoto de Lisboa de 1755, gravura alem da poca.

O Marqus de PombalSebastio Jos de Carvalho e Melo (1699-1782) foi conde de Oeiras (1759) e marqus de Pombal (1769), assim ficando conhecido na Histria.Desde 1738 foi embaixador de D. Joo V nas cortes inglesa e austraca.Com a subida ao poder de D. Jos I, em 1750, foi nomeado secretrio de Estado dos Negcios Estrangeiros e da Guerra, passando a deter plenos poderes no seu governo.Reforou o poder do rei e foi defensor do despotismo esclarecido que defendia o poder absoluto do rei.

Marqus de Pombal, Louis-Michel van Loo e Claude-Joseph Vernet, 1767.

O Marqus de PombalPalcio e Jardins do Palcio do Marqus de Pombal, Oeiras, segunda metade do sculo XVIII.

O Palcio do Conde de Oeiras sem dvida (...) um dos paos mais bonitos de Portugal, imponente com as suas longas e curvilneas escadarias de pedra e o seu austero estilo barroco."

O Marqus de PombalImplementou medidas reformadoras que pretendiam tornar Portugal uma nao forte e moderna.

Medidas mais importantes:

Reformou a administrao pblica criando novas instituies (como o Errio Pblico), as finanas e o exrcito. Expulsou os Jesutas e confiscou os seus bens. Retirou privilgios aos nobres e ao clero.

Marqus de Pombal, escola portuguesa, sculo XVIII.

O Marqus de Pombal Criou companhias monopolistas, fomentou as indstria e o comrcio. Reformou o ensino e a Universidade de Coimbra criando novos cursos e o Real Colgio dos nobres.

Aps o trgico terramoto de 1755, que destruiu grande parte de Lisboa, o marqus de Pombal empreendeu a reconstruo da cidade conferindo-lhe um traado racional e funcional e uma imagem moderna.

Marqus de Pombal, gravura de C. Legrand, sculo XVIII.

Coordenao do processo de reconstruo e dos projetos: Eng. Manuel da Maia (1677-1768)Execuo: a partir de 1758Autoria das plantas de urbanismo e dos projetos de arquitetura: Arq. Eugnio dos Santos (1711-1760) Arq. Carlos Mardel (1695-1763)

Plano urbano da Baixa Pombalinae conceo da arquitetura dos edifcios

Prospecto das frontarias que hande ter as ruas principaes que se mando edificar em Lixboa baixa arruinada e se dividem com colunelos para separao do uzo da gente de p do das carruages. Desenho a tinta-da-china, aguarelado a carmim, assinado por Sabastio Joseph de Carvalho e Mello e Eugnio dos Santos e Carvalho. Dim. 340 x 1000 mm. In Monumentos, n 21, Setembro 2004, p. 70.

Os autores do PlanoManuel da Maia, engenheiro militar de formao, foi nomeado Engenheiro-Mor do Reino em 1754.

Como tal, foi nomeado pelo marqus de Pombal para coordenar os planos de reconstruo da Baixa Pombalina.

A 4 de dezembro de 1755 entregou a sua dissertao com 5 propostas de reconstruo da cidade. Destas, veio a ser escolhida a reedificao da Baixa segundo novos planos.

Manuel da Maia, busto de Antnio Duarte, 1968

Os autores do PlanoEugnio dos Santos era arquiteto e engenheiro militar. Foi responsvel pela planta de reconstruo da Baixa e pelo desenho da Praa do Comrcio (Terreiro do Pao).

Carlos Mardel era um arquiteto hngaro, ativo em Portugal desde 1733. Sucedeu a Eugnio dos Santos aps a sua morte, vindo a desenhar a Praa do Rossio.

Eugnio dos Santos, retrato annimo, sculo XVIIICarlos Mardel, retrato annimo, 1760

Anlise do PlanoSeguindo um modelo urbano iluminista (racionalismo, ordem, regularidade e simplicidade), Eugnio dos Santos estabeleceu uma malha regular submetida a uma geometria de ruas ortogonais, definindo quarteires retangulares.

A matriz da arquitetura dos edifcios consistia numa crcea de quatro pisos com guas furtadas na cobertura, sendo o piso trreo destinado a lojas comerciais e os restantes a habitao.

Anlise do PlanoAs ruas foram desenhadas com larguras distintas consoante a sua importncia e funo, e definidas de acordo com as respetivas atividades comerciais: fanqueiros, correeiros, douradores, ouro, prata, etc.

O entulho dos escombros foi aproveitado para elevar os edifcios em relao ao rio.

As ruas largas, retas e alinhadas foram dotadas de uma rede de abastecimento de gua e de um sistema de saneamento de esgotos.

Anlise do PlanoA Praa do Comrcio (Terreiro do Pao) foi desenhada por Eugnio dos Santos e constitua o centro poltico e econmico do Reino, a verdadeira representao do poder.

No centro da Praa foi colocada, em 1775, a Esttua Equestre de D. Jos I, da autoria de Machado de Castro.

O Arco Triunfal da Rua Augusta foi edificado em 1873-75, com trao do arquiteto Verssimo Jos da Costa e esculturas de Vtor Bastos e Anatole Calmels.

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do Plano

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoPraa do Comrcio

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoPraa do Comrcio

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoA Praa da Figueira constitua o mercado da cidade que decorria a cu aberto.Em 1971, foi instalada a Esttua Equestre de D. Joo I, da autoria de Leopoldo de Almeida, e a praa sofreu um arranjo urbanstico.Em 1885, foi construdo um mercado coberto numa estrutura metlica, demolido nos anos 1950.

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoPraa da Figueira

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoA Praa D. Pedro IV, conhecida como Rossio, foi desenhada por Carlos Mardel.Constitua o centro comunitrio da cidade, onde se encontravam as principais lojas e cafs, e se reuniam as figuras mais proeminentes da poltica, da cultura e da arte.No centro foi colocada a Esttua de D. Pedro IV, em 1870, da autoria do arquiteto Jean Davioud e do escultor Elias Robert.No topo norte da praa foi construdo, entre 1842-46, o Teatro Nacional D. Maria II com traa do arquiteto Fortunato Lodi.

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoPraa D. Pedro IV (reconstruda aps o terramoto)A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise do PlanoA ligar aquelas trs praas foram definidas trs ruas principais mais largas:A Rua do Ouro e a Rua Augusta, ligando a Praa do Comrcio ao Rossio.A Rua da Prata, ligando a Praa do Comrcio Praa da Figueira.A Rua Augusta, com o Arco Triunfal a enquadrar a Esttua Equestre de D. Jos I com o rio Tejo ao fundo, constitui uma das imagens urbanas mais significativas da Baixa Pombalina.

A planta de Eugnio dos Santos.

Anlise TcnicaA matriz da arquitetura foi uniformizada em edifcios com quatro pisos e guas-furtadas.Os pisos trreos destinavam-se a lojas comerciais e a pequenas oficinas de indstrias artesanais.Os restantes pisos destinavam-se a habitao.Ficou clebre o sistema construtivo antisssmico, designado estrutura em gaiola.Tambm foi indito o sistema de combate a incndios adotado: para alm dos poos abertos nos sagues dos quarteires, foram criadas paredes corta-fogo.

A estrutura em gaiola consistia numa armao de madeira de vigas horizontais e verticais com travamentos em X.

Os vigamentos verticais eram enterrados profundamente no solo, num sistema de estacas, em terrenos submersos pelas guas do rio Tejo. Paredes corta-fogo

Leitura de significadosA planta da Baixa lisboeta reflete o saber e a prtica de Manuel da Maia, engenheiro-mor do Reino e homem experiente no traado de cidades militares.O racionalismo da interveno ficou marcado pelo rigor geomtrico do traado e pelas preocupaes relativamente salubridade e segurana dos edifcios.A reconstruo da Baixa Pombalina foi igualmente pioneira na produo industrializada de diversos elementos construtivos (cantarias, janelas, sacadas em ferro, azulejos, etc.).Os processos construtivos obedeceram a uma lgica de uniformizao de tipologias e racionalizao construtiva, reduzindo custos e tempo de obra.

A baixa PombalinaA reconstruo da Baixa Pombalina converteu-se numa das mais ousadas intervenes urbansticas da poca.A matriz racional, de traado regular e rigorosamente geomtrico, foi pioneira do urbanismo iluminista.Este foi tambm o primeiro plano urbanstico a criar infraestruturas de saneamento de esgotos, a ter preocupaes antisssmicas e a providenciar um sistema de combate a incndios.

Lisboa antes e depois da reforma Pombalina

http://ensina.rtp.pt/artigo/a-reconstrucao-de-lisboa-apos-o-terramoto/