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Hansenase

HansenaseHistria da HansenaseA hansenase, amplamente conhecida pela designao de "lepra", uma doena muito antiga mencionada por Hipcrates, mas que encontra na Bblia, nos captulos 13 e 14 do Levtico, a sua conotao repugnante e terrvel como condio de impureza e de abominao. O doente era ainda obrigado a usar vestimentas caractersticas que o identificavam como tal e fazer soar uma sineta ou matraca para avisar os sadios de sua aproximao. Na Idade Mdia, a hansenase manteve alta prevalncia na Europa e no Oriente Mdio. O declnio desta doena na Europa foi gradual, tendo se iniciado a partir do sculo XVII. Por volta de 1870, a doena j havia praticamente desaparecido em quase todos os pases da Europa e a causa mais provvel deste desaparecimento foi a melhoria das condies socioeconmicas.

Definio da HansenaseHansenase uma doena infecto-contagiosa, de evoluo lenta, que se manifesta principalmente atravs de sinais e sintomas dermatoneurolgicos: leses na pele e nos nervos perifricos, principalmente nos olhos, mos e ps.

O comprometimento dos nervos perifricos a caracterstica principal da doena, dando-lhe um grande potencial para provocar incapacidades fsicas que podem, inclusive, evoluir para deformidades. Estas incapacidades e deformidades podem acarretar alguns problemas, tais como diminuio da capacidade de trabalho, limitao da vida social e problemas psicolgicos. So responsveis, tambm, pelo estigma e preconceito contra a doena.

Definio de Caso de HansenaseUm caso de hansenase uma pessoa que apresenta uma ou mais de uma das seguintes caractersticas e que requer quimioterapia:

Leso(es) de pele com alterao de sensibilidade;

Acometimento de nervo(s) com espessamento neural;Baciloscopia positiva;

Aspectos Epidemiolgicos4.1. CLASSIFICAO DOS CASOS DE HANSENASE

Paucibacilar (PB): casos com at 5 leses de pele.

Hansenase Indeterminada: forma mais benigna e inicial da doena. Geralmente, encontra-se apenas uma mancha, de cor ais clara que a pele normal, com diminuio da sensibilidade. Mais comum em crianas.

Hansenase Tuberculide: as manchas so bem delimitadas e assimtricas, e geralmente so encontradas apenas poucas leses no corpo.Aspectos EpidemiolgicosMultibacilar (MB): caso com mais de cinco leses na peleHansenase Dimorfa ou Borderline: forma intermediria que resultado de uma imunidade tambm intermediria. O nmero de leses maior, formando manchas que podem atingir grandes reas da pele, envolvendo reas da pele sadia. O acometimento dos nervos mais extenso.

Hansenase Virchowiana ou Lepromatosa: a forma mais insidiosa e lenta da doena, e ocorre nos casos em que os pacientes tem pouca defesa imunitria contra o bacio. As leses cutneas so lepromas ou hansenomas (ndulos infiltrados), numerosas, afetando todo o corpo, particularmente o rosto, com o nariz apresentando coriza e congesto nasal.

Aspectos Epidemiolgicos4.2. Agente EtiolgicoA hansenase causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, que um parasita intracelular obrigatrio, com afinidade por clulas cutneas e por clulas dos nervos perifricos, que se instala no organismo da pessoa infectada, podendo se multiplicar. O tempo de multiplicao do bacilo lento, podendo durar, em mdia, de 11 a 16 dias.O Mycobacterium.leprae tem alta infectividade e baixa patogenicidade, isto infecta muitas pessoas no entanto s poucas adoecem. O homem reconhecido como nica fonte de infeco (reservatrio), embora tenham sido identificados animais naturalmente infectados.

Aspectos Epidemiolgicos4.3. Modo de TransioO homem considerado a nica fonte de infeco da hansenase. O contgio d-se atravs de uma pessoa doente, portadora do bacilo de Hansen, no tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando pessoas susceptveis.A principal via de eliminao do bacilo, pelo indivduo doente de hansenase, e a mais provvel porta de entrada no organismo passvel de ser infectado so as vias areas superiores, o trato respiratrio. No entanto, para que a transmisso do bacilo ocorra, necessrio um contato direto com a pessoa doente no tratada. O aparecimento da doena na pessoa infectada pelo bacilo, da relao parasita / hospedeiro e pode ocorrer aps um longo perodo de incubao, de 2 a 7 anos.

Aspectos EpidemiolgicosA hansenase pode atingir pessoas de todas as idades, de ambos os sexos, no entanto, raramente ocorre em crianas. H uma incidncia maior da doena nos homens do que nas mulheres, na maioria das regies do mundo.

Quando a pessoa doente inicia o tratamento quimioterpico, ela deixa de ser transmissora da doena, pois as primeiras doses da medicao matam os bacilos, torna-os incapazes de infectar outras pessoas.O diagnstico precoce da hansenase e o seu tratamento adequado evitam a evoluo da doena, consequentemente impedem a instalao das incapacidades fsicas por ela provocadas.

Aspectos ClnicosA hansenase manifesta-se atravs de sinais e sintomas dermatolgicos e neurolgicos, sendo as alteraes neurolgicas, quando no diagnosticadas e tratadas adequadamente, podem causar incapacidades fsicas que podem evoluir para deformidades. 5.1. SINAIS E SINTOMAS DERMATOLGICOSA hansenase manifesta-se atravs de leses de pele que se apresentam com diminuio ou ausncia de sensibilidade; Elas podem estar localizadas em qualquer regio do corpo e podem, tambm, acometer a mucosa nasal e a cavidade oral.Na hansenase, as leses de pele sempre apresentam alterao de sensibilidade.

Aspectos ClnicosEsta uma caracterstica que as diferencia das leses de pele provocadas por outras doenas dermatolgicas. A sensibilidade nas leses pode estar diminuda (hipoestesia) ou ausente (anestesia),podendo tambm haver aumento da sensibilidade (hiperestesia). As leses mais comuns so:Manchas pigmentares ou discrmicas - ausncia, diminuio ou aumento de melanina ou depsito de outros pigmentos ou substncias na pele;Placa - leso que se estende em superfcie por vrios centmetros;Infiltrao - aumento da espessura e consistncia da pele, acompanhando-se, s vezes, de eritema discreto;Pela vitropresso - surge fundo de cor caf com leite. Resulta da presena na derme de infiltrado celular, s vezes com edema e vasodilatao;Tubrculo - designao em desuso significava ppula ou ndulo que evolui deixando cicatriz.Ndulo -leso slida, circunscrita, elevada ou no, de 1 a 3 cm de tamanho. processo patolgico que localiza-se na epiderme, derme e/ou hipoderme. Pode ser leso mais palpvel que visvel.

Aspectos ClnicosHansenase Borderline ou DimorfaForma intermediria, o nmero de leses maior;

Hansenase TuberculideSo manchas bem delimitadas e assimtricas;

Aspectos ClnicosHansenase Virchoviana (ou Lepromatosa): Hansenase Virchoviana (ou Lepromatosa): a forma mais insidiosa e lenta da doena, e ocorre nos casos em que os pacientes tem pouca defesa imunitria contra o bacilo. As leses cutneas so lepromas ou hansenomas (ndulos infiltrados), numerosas, afetando todo o corpo, particularmente rosto, com o nariz apresentando coriza e congesto nasal.

Aspectos Clnicos

Aspectos Clnicos

Aspectos Clnicos5.1. SINAIS E SINTOMAS NEUROLGICOSA neurite, geralmente, manifesta-se atravs de um processo agudo, acompanhado de dor intensa e edema. No incio, no h evidncia de comprometimento funcional do nervo, mas, frequentemente, a neurite torna-se crnica e passa a evidenciar esse comprometimento, atravs da perda da capacidade de suar, causando ressecamento na pele. Quando o acometimento neural no tratado, pode provocar incapacidades e deformidades pela alterao de sensibilidade nas reas inervadas pelos nervos comprometidos. Decorrentes de processos inflamatrios dos nervos perifricos (neurites), essas leses podem ser causadas tanto pela ao do bacilo nos nervos como pela reao do organismo ao bacilo ou por ambas. So elas:

Aspectos ClnicosSo elas:

Dor e espessamento dos nervos perifricos;Perda de sensibilidade nas reas inervadas por esses nervos, principalmente nos olhos, mos e ps;Perda de fora nos msculos inervados por esses nervos principalmente nas plpebras e nos membros superiores e inferiores.

Aspectos ClnicosNervos Acometidos:

DiagnsticosDiagnstico - O diagnstico da hansenase realizado atravs do exame clnico, quando se busca os sinais dermatoneurolgicos da doena.

DIAGNSTICO CLNICOAnamnese - obteno da histria clnica e epidemiolgica;avaliao dermatolgica - identificao de leses de pele com alterao de sensibilidade;avaliao neurolgica - identificao de neurites, incapacidades e deformidades;diagnstico dos estados reacionais;diagnstico diferencial;classificao do grau de incapacidade fsica.

DiagnsticosDIAGNSTICO LABORATORIAL (BACILOSCOPIA)A baciloscopia o exame microscpico onde se observa o Mycobacterium leprae, diretamente nos esfregaos de raspados intradrmicos das leses hansnicas ou de outros locais de coleta selecionados: lbulos auriculares e/ou cotovelos, e leso quando houver.

DiagnsticosProva da Histamina Teste de Mitsuda

DiagnsticosDIAGNSTICO DIFERENCIALA hansenase pode ser confundida com outras doenas de pele que apresentam sinais e sintomas semelhantes aos seus. A principal diferena entre a hansenase e outras doenas dermatolgicas que as leses de pele da hansenase sempre apresentam alterao de sensibilidade. As demais doenas no apresentam essa alterao.

DIAGNSTICO DIFERENCIAL EM RELAO A OUTRAS DOENAS DERMATOLGICAS

Pitirase Versicolor (pano branco);Eczemtide;Anserina;Tinha do corpo;Vitiligo;

DiagnsticosDIAGNSTICO DIFERENCIAL EM RELAO A OUTRAS DOENAS NEUROLGICASAs leses neurolgicas da hansenase podem ser confundidas com doenas que provocam leses neurolgicas semelhantes e que podem ser confundidas com as da Hansenase.As mais importantes so:sndrome do tnel do carpo;neuralgia parestsica;neuropatia alcolica;neuropatia diabtica;leses por esforos repetitivos (LER).

TratamentoO tratamento especfico da pessoa com hansenase, indicado pelo Ministrio da Sade, a poliquimioterapia padronizada pela Organizao Mundial de Sade, conhecida como PQT, devendo ser realizado nas unidades de sade.A Poliquimioterapia constituda pelo conjunto dos seguintes medicamentos: rifampicina, dapsona e clofazimina, com administrao associada. Essa associao evita a resistncia medicamentosa do bacilo que ocorre com frequncia quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doena. administrada atravs de esquema-padro, de acordo com a classificao operacional do doente em Pauci ou Multibacilar. A informao sobre a classificao do doente fundamental para se selecionar o esquema de tratamento adequado ao seu caso. Essa associao evita a resistncia medicamentosa do bacilo que ocorre com frequncia quando se utiliza apenas um medicamento, impossibilitando a cura da doena.

TratamentoTratamento Quimioterpico - Esquema Paucibacilar utilizada uma combinao darifampicina e dapsona, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema:

durao do tratamento: 6 doses mensais supervisionadas de rifampicina.critrio de alta: 6 doses supervisionadas em at 9 meses.

MedicamentoDosagemAdministrao SupervisionadaAuto AdministradaRifampicina600 mg ou (2 Cpsulas de 300 mg)Uma Dose Mensal-----------Dapsona100 mgUma Dose Mensal Uma dose diria Auto-AdministradaTratamento

TratamentoTratamento Quimioterpico - Esquema MultibacilarAqui utilizada uma combinao da rifampicina, dapsona e de clofazimina, acondicionados numa cartela, no seguinte esquema:

Durao do tratamento: 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina;Critrio de alta: 12 doses supervisionadas em at 18 meses.

MedicamentoDosagemAdministrao SupervisionadaAuto AdministradaRifampicina600 mg ou (2 Cpsulas de 300 mg)Uma Dose Mensal----------Dapsona100 mgUma Dose MensalUma dose diria Auto-AdministradaClofazimina300 mg ou (3 Cpsulas de 100 mg)Uma Dose MensalUma dose diria de 50 mg Auto-AdministradaTratamento

TratamentoEsquema RomConhecido como o esquema alternativo ROM (Rifampicina, Ofloxacina, Minociclina)

Medicamento/Classificao(PB), LESO NICA SEM ENVOLVIMENTODE TRONCO NERVOSORifampicina600mg, em dose nica, supervisionadaMinociclina100mg, em dose nica, supervisionadaOfloxacina400mg, em dose nica, supervisionadaTratamentoDurao do Tratamento:A administrao da dose supervisionada deve ser o mais regular possvel, de 28 em 28 dias. Caso no ocorra do paciente ir at a unidade de sade no prazo agendado, a medicao poder ser dada no domiclio. Pois para que o tratamento seja adequado imprescindvel que o medicamento seja administrado dentro do prazo.Considera-se uma pessoa de alta, por cura, aquela que completa o esquema de tratamento PQT, nos seguintes prazos:Esquema Paucibacilar (PB) - 6 doses mensais supervisionadas de rifampicina, em at 9 meses; mais a sulfona auto administrada.Esquema Multibacilar (MB) - 12 doses mensais supervisionadas de rifampicina, em at 18 meses, mais a sulfona auto administrada e a clofazimina auto administrada e supervisionada.O paciente que completou o tratamento PQT no ser considerado com hansenase, mesmo se estiver com alguma sequela da doena. Mas continuar sendo assistido pelos profissionais de sade. No caso de ps-alta, se ocorrer reaes o tratamento PQT no dever continuar.

TratamentoEfeitos Colaterais:Como ocorre com todos os medicamentos, no tratamento PQT e no tratamento dos estados reacionais podem acontecer efeitos colaterais. Mas raramente o tratamento PQT precisa ser interrompido.Efeitos Colaterais da Rifampicina:Rubor de face e pescoo, diminuio do apetite, nuseas, vmitos, diarreias, mal-estar, febre, cefaleia, dor abdominal leve, hemorragias gengivais e uterinas.A colorao avermelhada da urina no deve ser confundida com hematria.A secreo pulmonar avermelhada no deve ser confundida com escarros hemopticos.A pigmentao conjuntival no deve ser confundida com ictercia.

TratamentoEfeitos colaterais da Clofazimina:Ressecamento da pele que pode evoluir para ictiose, alterao da colorao da pele e suor, diminuio da peristalse e dor abdominal, devido ao depsito de cristais de clotazimina nas submucosas e linfonodos intestinais, so mais frequentes nos casos de doses de 300mg/dia por perodos prolongados.

Efeitos colaterais da Dapsona:Sndrome de Stevens-Johnson, nuseas, vmitos, febre, tremores, cefaleia, dispneia, taquicardia, desmaios, em casos mais raros de insnia e neuropatia motora perifrica.

TratamentoEfeitos colaterais dos medicamentos utilizados nos estados reacionaisEfeitos colaterais da talidomida:Teratogenicidade, sonolncia, edema unilateral de membros inferiores, constipao intestinal, secura de mucosas e, mais raramente, linfopenia, neuropatia perifrica, mais frequente em pacientes acima de 65 anos.Efeitos colaterais dos corticosteroides:Hipertenso arterial, disseminao de tuberculose pulmonar, gastrite e lcera pptica, reduo de sdio e depleo de potssio, aumento das taxas de glicose no sangue, alterao no metabolismo do clcio, levando osteoporose.

TratamentoCondutas gerais em relao aos efeitos colaterais dos medicamentos Caso ocorram efeitos colaterais com os medicamentos do tratamento da PQT ou nos estados reacionais, a equipe de sade deve realizar a conduta adequada.Condutas no caso de nuseas e vmitos incontrolveis:- suspender o tratamento;- encaminhar o paciente para a unidade de referncia;- solicitar exames complementares, para realizar diagnstico diferencial com outras causas;- investigar e informar unidade de referncia se estes efeitos ocorrem aps a ingesto da dose supervisionada de rifampicina, ou aps as doses auto administradas de dapsona.

TratamentoCondutas no caso de ictercia:- suspender o tratamento se houver alterao das provas de funo heptica, com valores superiores a duas vezes os valores normais;- encaminhar o paciente para a unidade de referncia;- fazer a avaliao da histria pregressa: alcoolismo, hepatite e outras doenas hepticas;- solicitar exames complementares necessrios para realizar diagnstico diferencial;

TratamentoCondutas no caso de anemia hemoltica:- suspender o tratamento;- encaminhar o paciente unidade de referncia ou ao hematologista para avaliao e conduta;Condutas no caso de metahemoglobinemia:- Leve- Suspender o medicamento e observar. Geralmente ela desaparece gradualmente com a suspenso do mesmo.- Severa- Encaminhar para internao hospitalar.

TratamentoCondutas no caso de sndrome pseudogripal:- Suspender a rifampicina imediatamente e avaliar a gravidade do quadro;- Nos quadros leves, administrar anti-histamnico, antitrmico e, deixar o paciente em observao por pelo menos 6 horas;- Nos casos moderados e graves, encaminhar o paciente unidade de referncia para administrar corticosterides (Hidrocordisona 500 mg/ 250 ml de soro fisiolgico - 30 gotas/minuto IV), e em seguida corticosterides (prednisona) via oral com reduo progressiva da dose at a retirada completa.Condutas no caso de efeitos cutneos provocados pela clofazimina:- prescrever a aplicao diria de leo mineral ou creme de ureia, aps o banho, e orientar para evitar a exposio solar, a fim de minimizar esses efeitos;

TratamentoCondutas no caso de farmacodermia leve at Sndrome de Stevens-Johnson, dermatite esfoliativa ou eritrodermia provocados pela dapsona:

- interromper, definitivamente, o tratamento com a dapsona, e encaminhar o paciente unidade de referncia.Condutas no caso de efeitos colaterais provocados pelos corticosterides:

- observar as precaues ao uso de corticosterides;- encaminhar imediatamente ao servio de referncia.

Situaes EspeciaisHANSENASE E GRAVIDEZ

A gestao das mulheres portadora de hansenase tende a apresentar poucas complicaes. No aleitamento materno no existe contra indicaes para o tratamento polioquimioterapico (PQT) da hansenase, que so seguros tanto para a me como para a criana. Porm os recm-nascidos podem apresentar a pele hiperpigmentada pelo efeito da Clofazimina, ocorre regresso gradual da pigmentao aps a parada do PQT.

Situaes EspeciaisHANSENASE E TUBERCULOSEDevido o alto ndice de tuberculose no pas ates e durante o tratamento da hansenase deve se ter ateno ao sinais e sintomas da tuberculose. Na vigncia da tuberculose e da hansenase a Rifampicina deve ser aplicada em uma dose diferenciada, pois a tuberculose resistente Rifampicina, ou seja, a dose aplicada deve ser 600mg/dia.HANSENASE E AIDSNo esquema (PQT) o padro no deve ser alterado nesses doentes, pois a Rifampicina na dose utilizada no tratamento no interfere nos pacientes com AIDS. Pois no interfere nos inibidores de protease.

Acompanhamento e Intercorrncia Ps AltaConsiste no atendimento s possveis intercorrncias que possam vir a ocorrer com pacientes que j tenham concludo o tratamento.Observao: Essas pessoas devero ser tratadas na Unidade de Sade, por um mdico treinado em uma unidade de referencia ambulatorial. Somente os casos graves devero ser encaminhados para hospitalizao.E considerado um caso de recidiva aquele que completar com xito o tratamento e que aps curado venha eventualmente desenvolver novos sinais e sintomas de doenas.No caso de recidiva, o tratamento dever ser repetido havendo a administrao regular dos medicamentos pelo tempo estipulado no esquema.

Acompanhamento e Intercorrncia Ps AltaNa Paucibacilares difcil distinguir a recidiva, no entanto, fundamental a identificao correta da Recidiva, com exames clnicos e baciloscpico, para em seguida comear o tratamento adequado.

Nos Multibacilares, a recidiva manifesta-se com leses existentes e tambm com leses novas, devendo o tratamento logo ser iniciado.

Preveno e TratamentoAs atividades de preveno e tratamento no devem ser dissociadas do tratamento, pois durante o mesmo, tambm devem ser integradas na rotina dos servios da Unidade de Sade, de acordo com seu grau de complexidade.Durante o tratamento e em alguns casos aps alta, deve-se ter uma atitude de vigilncia em relao ao potencial incapacitante da doena, visando diagnosticar precocemente e tratar adequadamente as neurites e reaes, afim de prevenir incapacidades e evitar que as mesmas evoluam para deformidades.Deve-se haver um acompanhamento da evoluo do comprometimento neurolgico do indivduo, atravs da avaliao neurolgica. Sero adotadas tcnicas simples e condutas de preveno e tratamento de incapacidades adequadas ao caso.

Preveno e TratamentoAs aes simples de preveno e tratamento de incapacidades fsicas devem ser executadas na prpria Unidades de Sade.Os casos mais complexos devem ser encaminhados Unidade de Referencia, onde haja profissionais especializados.Para a preveno e tambm para evitar complicaes causadas pela incapacidade, o paciente deve ser orientado para realizar regularmente certos auto cuidados apropriados ao seu caso.Pacientes com hansenase que no apresentam comprometimento neural devem tambm ser alertados para a possibilidade de ocorrncia dos mesmos e orientados para observar-se e para procurar a Unidade de Sade ao notar qualquer alterao neurolgica.

Estados Reacionais e Reaes HansnicasSo situaes do sistema imunolgico do doente ao Mycobacterium leprae. Apresenta-se com episdios inflamatrios e podem acometer tanto os casos Pancibacilares como os Multibacilares.Eles ocorrem durante os primeiros meses do tratamento quimioterpico da hansenase, mas tambm podem ocorrer antes ou depois do mesmo, ou seja, aps a cura. Quando ocorre antes, podem induzir ao diagnstico do paciente.Os estados reacionais so a principal causa de leses dos nervos. E importante que o diagnstico seja feito precocemente, para se dar incio imediato ao tratamento. Esse diagnstico feito atravs do Exame Fsico dermatoneurolgico do paciente.

Estados Reacionais e Reaes HansnicasDeve-se ficar atento para que os estados reacionais ps-alta no sejam confundidos com os casos de recidiva da doena.Os estados reacionais ou reaes hansnicas podem ser de dois tipos:Reao tipo IReao tipo IIReao tipo I E caracterizado por novas leses dermatolgicas, infiltrao, alteraes d cor e edema nas leses antigas, bem como dor ou espessamento dos nervos.

Reao tipo II Manifesta-se principalmente como Eritema Nodoso Hansenico, caracterizado por ndulos vermelhos e dolorosos, febre, dores articulares, dor e espessamento nos nervos e mal estar generalizado.

Estados Reacionais e Reaes HansnicasMedidas recomendadas para tratamento da reao Tipo 1 - reao reversaSe o doente estiver sob tratamento quimioterpico, manter o tratamento exceto se apresentar efeitos colaterais graves.Prescrever corticosteride: prednisona conforme avaliao clnica.Manter a dose inicial da prednisona at a regresso clnica do quadro reacional.Reduzir a dose do medicamento em intervalos fixos e quantidade predeterminada, conforme avaliao clnica e quadro a seguir.Estados Reacionais e Reaes HansnicasExemplo da utilizao de prednisona para tratamento de estados reacionais emdoente com 60 kg e com estado reacional:60 mg/dia .........................................................at a regresso clnica50 mg/dia ...............................................................................15 dias40 mg/dia ...............................................................................15 dias30 mg/dia ...............................................................................15 dias25 mg/dia ..............................................................................15 dias20 mg/dia ...............................................................................15 dias15 mg/dia ...............................................................................15 dias10 mg/dia ..............................................................................15 dias05 mg/dia ..............................................................................15 dias

Estados Reacionais e Reaes HansnicasDevem ser tomadas algumas precaues para o uso da predsona, tais como, registrar o peso, a presso arterial e a taxa de glicose no sangue, para o controle e observao dos efeitos colaterais do medicamento.Medidas recomendadas para tratamento da reao Tipo 2 - Eritema Nodoso Hansnico (ENH)O paciente estando em tratamento quimioterpico, continuar com o tratamento, exceto se estiver apresentando efeitos colaterais graves.Prescrever talidomida, conforme a intensidade do quadro.Manter a dose inicial at a regresso clnica do quadro reacional.Em casos com comprometimento neural, introduzir corticosterides, imobilizar o segmento afetado, e programar aes de preveno de incapacidades.Nos casos de reao Tipo 2, dever tambm ser indicado a utilizao da prednisona.

Vigilncia EpidemiolgicaVigilncia epidemiolgica um conjunto de medidas e aes que visam proporcionar informaes tanto aos profissionais de sade quanto populao, afim de, prevenir, detectar e controlar doenas e agravos em reas geogrficas estratgicas e/ou populaes determinadas.

Essas atividades realizadas pela vigilncia epidemiolgica so complementares e inter-relacionadas:

Manter-se informada e atualizada sobre a doena e seu comportamento nas reas determinadas para que sejam eficazes as medidas de interveno e preveno.Colher dadosProcessar dados colhidosAnalisar e interpretar os dados Orientar e avaliar as atividades pertinentes ao controle da doena

Vigilncia EpidemiolgicaDescoberta De Casos Podem ocorrer por deteco passiva ou ativa:Deteco passiva:A deteco passiva de casos de hansenase acontece na prpria unidade de sade durante o atendimento populao. Neste h uma busca sistemtica de portadores da doena por toda a equipe.Existem duas situaes onde ocorre a deteco passiva:-Demanda espontnea da populao para os servios da unidade de sade, onde poder haver casos com sinais e sintomas dermatolgico e/ou neurolgico.-Encaminhamento feito por outras unidades de sade para confirmao diagnstica da doena.

Vigilncia EpidemiolgicaDeteco ativa:A busca de casos de hansenase feito pela equipe de sade atravs de atividades:-Investigao epidemiolgica de um ou mais casos conhecidos (exame de contato);-Exame das pessoas que demandam os servios da unidade de sade por outros motivos;-Exame de grupo especfico (presdios, quarteis, escolas, pessoas ou grupos sob suspeita);-Mobilizao da comunidade a unidade de sade em reas de alta prevalncia da doena;

Visando ao diagnstico precoce da doena, deve-se intensificar a busca ativa de doentes atravs do exame de todos os contatos do caso diagnosticado.

Vigilncia EpidemiolgicaAssim algumas medidas so importantes:- A populao deve conhecer os sinais e sintomas da doena e deve estar informada que a hansenase tem cura, assim como o tratamento e os locais onde encontr-lo.- As unidades de sade devem garantir o acesso a toda a populao de informaes, como tambm, o acolhimento diante de casos suspeitos.- Os profissionais de sade devem estar capacitados para diagnosticar e tratar os casos de hansenase. Assim como realizar aes de promoo de sade.A descoberta de novos casos implica o cumprimento dos seguintes passos:- Suspeio diagnstica de hansenase.- Confirmao diagnstica.- Tratamento poli quimioterpico.- Investigao epidemiolgica.

Vigilncia EpidemiolgicaInvestigao de caso:

Diagnosticado um caso de hansenase a investigao epidemiolgica deve ser realizada imediatamente.

A investigao tem por objetivo romper a cadeia epidemiolgica da doena, procurando identificar a fonte de contgio e a descoberta de novos casos no mesmo domiclio. Todos os contatos que residem ou residiram nos ltimos cinco anos devem ser investigados.

Vigilncia EpidemiolgicaVacinao BCGO nvel de proteo varia de 20 a 80% no Brasil e em outros pases e sugere uma maior proteo para as formas multibacilares da doena. Aplica-se duas doses da vacina BCG-ID a todos os contatos intradomiciliares(comunicantes) dos casos, sejam PB ou MB.-A primeira dose est condicionada ao exame dermato-neurolgico.-Todo contato deve receber orientaes de que no se trata de vacina especfica para hansenase e que est prioritariamente destinada ao grupo de risco. Em alguns casos o aparecimento de sinais clnicos de hansenase logo aps a vacina, pode estar relacionado com o aumento da resposta imunolgica de indivduos infectados anteriormente.- A vacina ser administrada na dose de 0,1ml sem a prvia prova tuberculnica.- Recomenda-se a aplicao de duas doses da BCG- A aplicao da segunda dose deve ser realizada a partir dos 6 meses da primeira dose. Se j existe cicatriz da BCG-ID, esta deve ser considerada como a primeira dose independente da poca que foi aplicada.- Na duvida deve-se administrar as duas doses. Todo norma da vacinao est descrita no manual de normas e procedimentos do programa nacional de imunizao(PNI).

Vigilncia EpidemiolgicaNotificao SINAN

SINAN: Sistema de Notificao de Agravos Notificveis: o sistema oficial brasileiro para toda e qualquer informao sobre hansenase. gerenciado pelo rgo nacional de epidemiologia da Fundao nacional do Ministrio da sade. Este rgo responsvel pela elaborao e expedio de normas que regem sua utilizao e operacionalidade em todo o territrio brasileiro.Indicadores:So aproximaes quantitativas de um determinado fenmeno. Podem ser usados para ajudar a descrever determinadas situaes e acompanhar suas mudanas ou tendncias em determinado perodo de tempo.Esses indicadores permitem a comparabilidade de diferentes reas e momentos, alm de fornecer subsdios aos planejamentos e execuo de aes em sade.

Atribuies Do Professional De Sade - Planejar aes de assistncia e controle do paciente, famlia e comunidade com base no levantamento epidemiolgico e operacional. - Participar de estudos e levantamento que identifiquemos determinantes do processo sade/doena da populao, famlia e individuo. - Estabelecer relaes entre as condies de vida e os problemas de sade. - Identificar diversidades culturais dentro da populao e problemas de sade destacando os quais representam riscos. - Sistematizar e interpretar informaes e definir propostas de interveno. - Realizar atividades observando normas vigentes. - Prever demanda de material necessrio aos cuidados a serem prestados.

Atribuies Do Professional De Sade Promoo de sade: - Identificar determinantes fundamentais da qualidade de vida trabalho/renda entre outros. - Interagir com organizaes governamentais e no governamentais que atendem a comunidade ou regio. - Avaliar as instituies no esforo conjunto, contextualizando as possibilidades e limitaes das organizaes do SUS. - Promover mobilizao social dirigidas aos grupos de riscos. Promover aes educativas. Avaliar estado de sade do individuo atravs da consulta de enfermagem. Atribuies Do Professional De Sade Preveno de enfermidade: Realizar busca ativa de casos de hansenase. Monitorar situaes de risco.

Monitorar situao vacinal da comunidade e populao de risco. - Aes bsicas de vigilncia epidemiolgica. Atribuies Do Professional De Sade Recuperao e reabilitao em sade: - Realizar visitas domiciliares. - Aplicar tcnicas simples de A.V.D(atividade da vida diria) Em pacientes de hansenase. - Realizar coleta de material, segundo tcnicas padronizadas. - Realizar procedimentos semiotecnicos. - Tratamento de incapacidade fsica. - Controle de doentes e contatos. - Aplicar teste de mitsuda(diferenciar tipos de hansenase em LL ou LT)LL:lepramatosa; LT: tuberculnica. Atribuies Do Professional De Sade - Efetivar medidas de assepsia, desinfeco e esterilizao. - Fazer avaliao clinica dermato-neurolgica. - Aplicar tratamento. - Solicitar exames, prescrever medicamentos. - Executar tratamento no medicamentoso das reaes hansenicas. - Gerenciar as aes da assistncia de enfermagem.