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H8 Especial SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO O s portos esperam por um pacote de estímu- los, mas, no Porto de Santos, as obras de dragagem de aprofundamento do canal de acesso terminaram em junho. A dragagem aumenta a profundidade do canal e permi- te que os grandes navios trafe- guem sem riscos – providência essencial para as embarcações que ganham maiores dimensões (calado, extensão e largura) com o avanço da tecnologia. Os grandes navios, porém, ainda não podem entrar em San- tos: não foram concluídos os le- vantamentos para homologar a profundidade alcançada com a obra (levantamento barimétri- co), a cargo da Marinha. Segun- do uma fonte do setor, “passa- ram-se quatro anos e os navios ainda não podem carregar seu máximo potencial. Esta- mos com o velho problema de sempre”. A obra para aumento da dra- gagem do Porto de Santos so- ma-se a outras 12 em todo País, que consumiram até aqui R$ 1,2 bilhão, recursos provenientes do PAC. Empre- sários ligados ao setor portuá- rio revelam ser preciso um in- vestimento maciço para revi- talizar os portos brasileiros, particularmente em máqui- nas, equipamentos, além de uma logística integrada com rodovias e ferrovias. Há forte interesse da inicia- tiva privada em investir na área através das PPPs, mas persistem as críticas relacio- nadas à gestão, ainda vista co- mo muito burocrática, em es- pecial a relacionada aos ór- gãos de controle. Além disso, cobra-se a necessidade de avançar para mentalidade mais empresarial e melhor qualificação da mão de obra. A BR-101 é uma das prin- cipais rodovias brasilei- ras e atravessa doze es- tados brasileiros na chamada faixa litorânea do País. Fatiada em vários trechos, conta com expressivos recursos do PAC em obras de duplicação e modernização. A concessão pa- ra a BR-101, disputada por oito consórcios, foi classificada pelo governo federal como uma das obras prioritárias de infraestru- tura , embora apresente o selo de ritmo “adequado” na execução de obras na visão do Planalto no último balanço divulgado. O modelo de concessão da BR-101 prevê um planejamento detalhado do concessionário, com investimentos em redução de tarifas em vez de apenas mul- tas. Apesar de observada como fórmula a ser seguida em outras obras, em julho a Justiça Fe- deral suspendeu a assinatura do primeiro contrato de con- cessão de 476 quilômetros (km), entre o Espírito Santo e a Bahia, por suspeita sobre a atuação da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) em relação ao vence- dor do leilão, o consórcio Ro- dovia da Vitória, liderado pe- la EcoRodovias. O leilão, disputado por oito consórcios, foi realizado no dia 18 de janeiro. No entanto, o consórcio vencedor – com ágio de 45,63% – não cumpriu o edital, segundo a juíza, por- que não previu quanto custa- riam 27 km de uma terceira faixa na estrada. Em seu des- pacho, a magistrada Maria Ce- cília de Marco Rocha criticou ainda a ausência de previsão de gastos na proposta vence- dora, como os valores a serem despendidos com gestão am- biental, construção de pon- tes, viadutos e passarelas e na construção de postos da Polí- cia Rodoviária Federal. A ferrovia conecta as re- giões Norte, Nordeste e Sudeste do País, de Açailandia (MA) até Anápolis (GO), perfazendo 1.574 km do seu projeto inicial. Na segunda parte da obra, com recursos do PAC, o trecho sul conecta Anápolis a Estrela d’Oeste (SP), totalizando 682 km. Nessa etapa, que começou em 2011, a empresa responsável pela obra, a Valec – Engenharia e Construções Rodovias S.A, tem esbarrado em uma série de pro- blemas relacionados a desapro- priações e questões ambientais junto ao Ibama. A expectativa, contudo, é de que as obras avancem além dos 17% já realizados somente neste trecho. Há ainda problemas rela- cionados a várias paralisações e atrasos em diversos pontos da obra; vencimento de contratos com as empreiteiras; trechos inacabados e sem drenagem; crí- ticas relacionadas ao projeto, como o fato de ter poucos pá- tios de manobras, onde são fei- tos carregamentos e a passa- gem dos trens. Em março deste ano, durante visita às obras da ferrovia em Goiânia, a presidente Dilma Rousseff afirmou que a Norte- Sul “é uma ferrovia estratégica para o País (...) o que a caracteri- za como a coluna vertebral do Brasil que estamos construin- do”. Ainda segundo a presidente, a ideia é que a até o final do seu mandato, em 2014, a ferrovia “funcione com locomotivas e trens transportando cargas e pes- soas de Estrela d´Oeste até Açai- landia”. De acordo com o gover- no, a parte sul da Ferrovia já con- sumiu R$ 3,41 bilhões de 2007 a 2010. Outros R$ 3,57 bilhões es- tão orçados para o período 2011-2014. A duplicação da rodovia Régis Bittencourt, en- tre São Paulo (SP) e Curitiba (PR), equiva- lente a 19 km de serra, é avaliada por especialistas como crucial para melhorar a competitivida- de do País. Espera-se que a obra alivie os longos congestionamen- tos e o excessivo número de aci- dentes neste trecho. Por lá trafe- gam mais de 20 mil veículos dia- riamente e, de acordo com a Au- toban, concessionária que admi- nistra a rodovia há quatro anos, de janeiro a abril de 2012 foram registrados 160 acidentes, com quatro mortes. No projeto estão previstas a duplicação de duas pistas na des- cida da Serra e três na subida, além de quatro túneis e cerca de sete quilômetros de pontes e via- dutos. Um dos maiores gargalos está entre as cidades de Juquiti- ba e Miracatu, ambas em territó- rio paulista, no Vale do Ribeira. Ali, carros, caminhões e motos se espremem para trafegar nas estreitas vias da estrada, cuja du- plicação está sendo projetada há mais de duas décadas. O maior problema refere-se à liberação das licenças ambien- tais do Ibama, o que tem atrasa- do a obra. O diretor da conces- sionária, Eneo Palazzi, decla- rou recentemente que o docu- mento com todos os procedi- mentos pedidos pelo Ibama já foi entregue ao órgão. “Concluí- mos o relatório com todos os requisitos que o Ibama exigiu, e entregamos isso dia 9 de maio. O orgão tem um prazo para ter- minar a análise. A gente espera que isso ocorra em um período não menor do que 60 dias.” A expectativa da Autoban é de retomar os trabalhos assim que forem liberadas as licenças ambientais, para que o trecho da Serra do Cafezal esteja total- mente duplicado entre 2015 e 2016. A obra liga duas impor- tantes rodovias fede- rais – a BR-493 e BR- 140 – em um arco de 97 km no Estado do Rio de Ja- neiro (RJ), para agilizar o transporte na região. O esfor- ço é conjunto entre o governo carioca e inicialmente um con- sórcio formado por quatro empresas, responsável pelo trecho de Santa Guilhermina e Manilha - trecho no qual não se chegou a um acordo para exploração das jazidas no en- torno com os proprietários lo- cais. As jazidas referem-se ao uso de brita, areia e pedra para utilização neste perímetro da obra, que é de 26 km. O consór- cio desistiu do trabalho e have- rá nova licitação do Departa- mento Nacional de Infraestru- tura de Transporte (DNIT). Há ainda problemas relaciona- dos a licenciamento ambiental, acomodação de sítios arqueoló- gicos e desapropriações de qua- se três mil famílias. Recentemen- te o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio, informou que o va- lor da obra, que era de R$ 536 milhões em 2007, deve ficar aci- ma de R$ 1 bilhão em razão de obras complementares e quanti- dade de componentes exigida. A diferença de custos, ainda segun- do o ministro, deve ser paga pelo governo do RJ, porque se refere a um trecho de responsabilidade do Estado. No projeto original, o término da obra estava previsto para se- tembro de 2010. Agora, a estima- tiva é de dezembro de 2014. Este atraso no cronograma fez com que o Arco Rodoviário, a exem- plo de outras obras do PAC, pas- sem a integrar uma agenda na qual ministros a própria presi- dente Dilma Rousseff façam visi- tas periódicas à obra para resol- ver eventuais problemas. A ferrovia liga os por- tos de Pecém (CE) e Suape (PE) ao cerra- dodo Piauí, no muni- cípio de Eliseu Martins, num total de 1.728 km. O objetivo é escoar a produção agrícola e mineral da região, o que deve resultar em aumento da com- petitividade logística ao unir ferrovia e portos de calado profundo, capazes de receber navios de grande porte. A construção foi iniciada em junho de 2006 e, por causa de uma série de atrasos, sua conclusão está prevista para 2014 – a primeira estimativa era de entrega da obra em 2010. A Transnordestina Lo- gística, empresa controlada pela Companhia Siderúrgia Nacional (CSN), responsável pela obra, informa estar em re- negociação com o governo em re- lação a prazos e orçamento. Em agosto, o ministro dos Transportes, Paulo Passos, afir- mou que “a presidente Dilma Rousseff quer ritmo mais forte nas obras para (assegurar) a con- clusão em 2014. Segundo ele, é preciso acelerar as obras entre Trindade (PE) e Eliseu Martins (PI) – 167 km – atualmente sem trabalho devido a problemas de- sapropriações, de responsabili- dade do governo do Piauí. Há, ainda, entraves para desa- propriações entre as cidades de Aurora e Pecém, no Ceará (477 km), e chegada ao porto de Sua- pe. Neste último, corresponden- te a quatro lotes da obra, está prevista a realocação de 600 fa- mílias, na região metropolitana de Recife, além de alterações no traçado original da obra, que pas- saria pela barragem de Serro Azul. Prevista no PAC, o investi- mento realizado para a Trans- nordestina de 2007 a 2010 foi de R$ 2,06 bilhões, e o previsto pa- ra o período 2011-2014 é de R$ 3,24 bilhões. Arco metropolitano do Rio Ferrovia Norte-Sul Porto de Santos Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO Ferrovia Transnordestina Rodovia Régis Bittencourt BR-101 Urgência e necessidade não aceleram as obras Lentidão marca seis das principais obras em execução, que sofrem com problemas de concessões, licenças e priorização de investimentos UM ARCO CHEIO DE PROBLEMAS SEGUNDA ETAPA SEGUE LENTAMENTE FECHADO AOS GRANDES NAVIOS ORDEM DO GOVERNO: ACELERAR À ESPERA DA LICENÇA AMBIENTAL FÓRMULA MODELO, EMBARGADA MARCOS ARCOVERDE/AE DIVULGAÇÃO HÉLVIO ROMERO/AE ANDRE DUSEK/AE CLAYTON DE SOUZA/AE DNIT Trecho problemático. Questões de jazidas pararam obra Obras avançam. Previsão de entrega passou para 2014 Dragagem. Obras concluídas, mas ainda não homologada Rota certa Entraves. Desapropriações causam atrasos constantes Trânsito. Duplicação vai ajudar no escoamento de cargas Embargo. Contrato do trecho entre ES e BA foi suspenso Carlos Dias ESPECIAL PARA O ESTADO Difícil obter um consenso so- bre as obras necessárias para acelerar a competitividade do País. Mas todos concordam, inclusive integrantes do gover- no, que o ritmo de ações e obras está muito abaixo das necessidades do Brasil. Para o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, as bases para um crescimento macroeconômi- co de longo prazo estão dadas, mas é preciso evoluir mais. “Os investimentos em logística e in- fraestrutura serão fundamen- tais para o crescimento. Precisa- mos reduzir custos e ampliar a competitividade da indústria”, diagnosticou. Mas a situação de seis das prin- cipais obras em andamento mos- tra problemas: entraves em con- cessões, questionamentos judi- cias, demora de órgãos públicos como o Ibama para licenciamen- tos ambientais, e mesmo a priori- zação de investimentos. A degra- dação dos portos brasileiros, por exemplo, merecia maior urgên- cia na visão dos empresários. Para o economista Gesner de Oliveira, da GO Associados, o dé- ficit na infraestrutura “constitui fonte do ‘Custo Brasil’ e compro- mete a competitividade da eco- nomia brasileira”. Segundo ele, os sucessivos esforços do gover- no da presidente Dilma Rousseff na infraestrutura estão na dire- ção correta, embora faltem ain- da vetores importantes para o salto desejado, como “ambiente macroeconômico favorável ao investimento, menor risco regu- latório, menos impostos, promo- ção das PPPs, além de novos me- canismos para financiamento de obras ligadas à infraestrutura”. Paulo Godoy, presidente da As- sociação Brasileira da Infraestru- tura e Indústria de Base (Abdib) engrossa o coro e afirma que “uma solução eficiente no longo prazo é ampliar os programas de concessõescom segurança jurídi- ca, regulação clara e estável e ren- tabilidade adequada dos proje- tos”. Segundo ele, sem estes ele- mentos será difícil assegurar um crescimento econômico similar ao de outros países emergentes. Luciano Coutinho Presidente do BNDES “Os investimentos em logística e infraestrutura serão fundamentais para o crescimento. Precisamos reduzir custos e ampliar a competitividade da indústria”

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H8 Especial SEGUNDA-FEIRA, 17 DE SETEMBRO DE 2012 O ESTADO DE S. PAULO

O s portos esperam porum pacote de estímu-los, mas, no Porto deSantos, as obras de

dragagem de aprofundamentodo canal de acesso terminaramem junho. A dragagem aumentaa profundidade do canal e permi-te que os grandes navios trafe-guem sem riscos – providênciaessencial para as embarcaçõesque ganham maiores dimensões(calado, extensão e largura) como avanço da tecnologia.

Os grandes navios, porém,ainda não podem entrar em San-tos: não foram concluídos os le-vantamentos para homologar aprofundidade alcançada com aobra (levantamento barimétri-co), a cargo da Marinha. Segun-do uma fonte do setor, “passa-ram-se quatro anos e os navios

ainda não podem carregarseu máximo potencial. Esta-mos com o velho problemade sempre”.

A obra para aumento da dra-gagem do Porto de Santos so-ma-se a outras 12 em todoPaís, que consumiram atéaqui R$ 1,2 bilhão, recursosprovenientes do PAC. Empre-sários ligados ao setor portuá-rio revelam ser preciso um in-vestimento maciço para revi-talizar os portos brasileiros,particularmente em máqui-nas, equipamentos, além deuma logística integrada comrodovias e ferrovias.

Há forte interesse da inicia-tiva privada em investir naárea através das PPPs, maspersistem as críticas relacio-nadas à gestão, ainda vista co-mo muito burocrática, em es-pecial a relacionada aos ór-gãos de controle. Além disso,cobra-se a necessidade deavançar para mentalidademais empresarial e melhorqualificação da mão de obra.

ABR-101 é uma das prin-cipais rodovias brasilei-ras e atravessa doze es-tados brasileiros na

chamada faixa litorânea do País.Fatiada em vários trechos, contacom expressivos recursos doPAC em obras de duplicação emodernização. A concessão pa-ra a BR-101, disputada por oitoconsórcios, foi classificada pelogoverno federal como uma dasobras prioritárias de infraestru-tura , embora apresente o selo deritmo “adequado” na execuçãode obras na visão do Planalto noúltimo balanço divulgado.

O modelo de concessão daBR-101 prevê um planejamentodetalhado do concessionário,com investimentos em reduçãode tarifas em vez de apenas mul-tas. Apesar de observada comofórmula a ser seguida em outras

obras, em julho a Justiça Fe-deral suspendeu a assinaturado primeiro contrato de con-cessão de 476 quilômetros(km), entre o Espírito Santoe a Bahia, por suspeita sobre aatuação da Agência Nacionalde Transportes Terrestres(ANTT) em relação ao vence-dor do leilão, o consórcio Ro-dovia da Vitória, liderado pe-la EcoRodovias.

O leilão, disputado por oitoconsórcios, foi realizado nodia 18 de janeiro. No entanto,o consórcio vencedor – comágio de 45,63% – não cumpriuo edital, segundo a juíza, por-que não previu quanto custa-riam 27 km de uma terceirafaixa na estrada. Em seu des-pacho, a magistrada Maria Ce-cília de Marco Rocha criticouainda a ausência de previsãode gastos na proposta vence-dora, como os valores a seremdespendidos com gestão am-biental, construção de pon-tes, viadutos e passarelas e naconstrução de postos da Polí-cia Rodoviária Federal.

A ferrovia conecta as re-giões Norte, Nordestee Sudeste do País, deAçailandia (MA) até

Anápolis (GO), perfazendo1.574 km do seu projeto inicial.

Na segunda parte da obra,com recursos do PAC, o trechosul conecta Anápolis a Estrelad’Oeste (SP), totalizando 682km. Nessa etapa, que começouem 2011, a empresa responsávelpela obra, a Valec – Engenharia eConstruções Rodovias S.A, temesbarrado em uma série de pro-blemas relacionados a desapro-priações e questões ambientaisjunto ao Ibama.

A expectativa, contudo, é deque as obras avancem além dos17% já realizados somente nestetrecho. Há ainda problemas rela-cionados a várias paralisações e

atrasos em diversos pontos daobra; vencimento de contratoscom as empreiteiras; trechosinacabados e sem drenagem; crí-ticas relacionadas ao projeto,como o fato de ter poucos pá-tios de manobras, onde são fei-tos carregamentos e a passa-gem dos trens.

Em março deste ano, durantevisita às obras da ferrovia emGoiânia, a presidente DilmaRousseff afirmou que a Norte-Sul “é uma ferrovia estratégicapara o País (...) o que a caracteri-za como a coluna vertebral doBrasil que estamos construin-do”.

Ainda segundo a presidente, aideia é que a até o final do seumandato, em 2014, a ferrovia“funcione com locomotivas etrens transportando cargas e pes-soas de Estrela d´Oeste até Açai-landia”. De acordo com o gover-no, a parte sul da Ferrovia já con-sumiu R$ 3,41 bilhões de 2007 a2010. Outros R$ 3,57 bilhões es-tão orçados para o período2011-2014.

A duplicação da rodoviaRégis Bittencourt, en-tre São Paulo (SP) eCuritiba (PR), equiva-

lente a 19 km de serra, é avaliadapor especialistas como crucialpara melhorar a competitivida-de do País. Espera-se que a obraalivie os longos congestionamen-tos e o excessivo número de aci-dentes neste trecho. Por lá trafe-gam mais de 20 mil veículos dia-riamente e, de acordo com a Au-toban, concessionária que admi-nistra a rodovia há quatro anos,de janeiro a abril de 2012 foramregistrados 160 acidentes, comquatro mortes.

No projeto estão previstas aduplicação de duas pistas na des-cida da Serra e três na subida,além de quatro túneis e cerca desete quilômetros de pontes e via-dutos. Um dos maiores gargalos

está entre as cidades de Juquiti-ba e Miracatu, ambas em territó-rio paulista, no Vale do Ribeira.Ali, carros, caminhões e motosse espremem para trafegar nasestreitas vias da estrada, cuja du-plicação está sendo projetada hámais de duas décadas.

O maior problema refere-se àliberação das licenças ambien-tais do Ibama, o que tem atrasa-do a obra. O diretor da conces-sionária, Eneo Palazzi, decla-rou recentemente que o docu-mento com todos os procedi-mentos pedidos pelo Ibama jáfoi entregue ao órgão. “Concluí-mos o relatório com todos osrequisitos que o Ibama exigiu, eentregamos isso dia 9 de maio.O orgão tem um prazo para ter-minar a análise. A gente esperaque isso ocorra em um períodonão menor do que 60 dias.”

A expectativa da Autoban éde retomar os trabalhos assimque forem liberadas as licençasambientais, para que o trechoda Serra do Cafezal esteja total-mente duplicado entre 2015 e2016.

A obraliga duas impor-tantesrodovias fede-rais – a BR-493 e BR-140 – em um arco de

97 km no Estado do Rio de Ja-neiro (RJ), para agilizar otransporte na região. O esfor-ço é conjunto entre o governocarioca e inicialmente um con-sórcio formado por quatroempresas, responsável pelotrecho de Santa Guilherminae Manilha - trecho no qual nãose chegou a um acordo paraexploração das jazidas no en-torno com os proprietários lo-cais. As jazidas referem-se aouso de brita, areia e pedra parautilização neste perímetro daobra, que é de 26 km. O consór-ciodesistiu dotrabalho e have-rá nova licitação do Departa-mentoNacional de Infraestru-

tura de Transporte (DNIT).Há ainda problemas relaciona-

dos a licenciamento ambiental,acomodação de sítios arqueoló-gicos e desapropriações de qua-se três mil famílias. Recentemen-te o ministro dos Transportes,Paulo Sérgio, informou que o va-lor da obra, que era de R$ 536milhões em 2007, deve ficar aci-ma de R$ 1 bilhão em razão deobras complementares e quanti-dade de componentes exigida. Adiferença de custos, ainda segun-do o ministro, deve ser paga pelogoverno do RJ, porque se refere aum trecho de responsabilidadedo Estado.

No projeto original, o términoda obra estava previsto para se-tembro de 2010. Agora, a estima-tiva é de dezembro de 2014. Esteatraso no cronograma fez comque o Arco Rodoviário, a exem-plo de outras obras do PAC, pas-sem a integrar uma agenda naqual ministros a própria presi-dente Dilma Rousseff façam visi-tas periódicas à obra para resol-ver eventuais problemas.

A ferrovia liga os por-tos de Pecém (CE) eSuape (PE) ao cerra-dodo Piauí, nomuni-

cípio de Eliseu Martins, numtotal de 1.728 km. O objetivo éescoar a produção agrícola emineral da região, o que deveresultar em aumento da com-petitividade logística ao unirferrovia e portos de caladoprofundo, capazes de recebernavios de grande porte.

A construção foi iniciadaem junho de 2006 e, por causade uma série de atrasos, suaconclusão está prevista para2014 – a primeira estimativaera de entrega da obra em2010. A Transnordestina Lo-gística, empresa controladapela Companhia SiderúrgiaNacional (CSN), responsávelpela obra, informa estar em re-

negociação com o governo em re-lação a prazos e orçamento.

Em agosto, o ministro dosTransportes, Paulo Passos, afir-mou que “a presidente DilmaRousseff quer ritmo mais fortenas obras para (assegurar) a con-clusão em 2014. Segundo ele, épreciso acelerar as obras entreTrindade (PE) e Eliseu Martins(PI) – 167 km – atualmente semtrabalho devido a problemas de-sapropriações, de responsabili-dade do governo do Piauí.

Há, ainda, entraves para desa-propriações entre as cidades deAurora e Pecém, no Ceará (477km), e chegada ao porto de Sua-pe. Neste último, corresponden-te a quatro lotes da obra, estáprevista a realocação de 600 fa-mílias, na região metropolitanade Recife, além de alterações notraçado original da obra, que pas-saria pela barragem de SerroAzul. Prevista no PAC, o investi-mento realizado para a Trans-nordestina de 2007 a 2010 foi deR$ 2,06 bilhões, e o previsto pa-ra o período 2011-2014 é de R$3,24 bilhões.

Arco metropolitano do Rio Ferrovia Norte-Sul Porto de Santos

Fóruns Estadão BRASIL COMPETITIVO

Ferrovia Transnordestina Rodovia Régis Bittencourt BR-101

Urgência e necessidadenão aceleram as obrasLentidão marca seis das principais obras em execução, que sofremcom problemas de concessões, licenças e priorização de investimentos

UM ARCOCHEIO DEPROBLEMAS

SEGUNDAETAPA SEGUELENTAMENTE

FECHADOAOS GRANDESNAVIOS

ORDEM DOGOVERNO:ACELERAR

À ESPERA DALICENÇAAMBIENTAL

FÓRMULAMODELO,EMBARGADA

MARCOS ARCOVERDE/AE DIVULGAÇÃO HÉLVIO ROMERO/AE

ANDRE DUSEK/AE CLAYTON DE SOUZA/AE DNIT

Trecho problemático. Questões de jazidas pararam obra Obras avançam. Previsão de entrega passou para 2014 Dragagem. Obras concluídas, mas ainda não homologada

● Rota certa

Entraves. Desapropriações causam atrasos constantes Trânsito. Duplicação vai ajudar no escoamento de cargas Embargo. Contrato do trecho entre ES e BA foi suspenso

Carlos DiasESPECIAL PARA O ESTADO

Difícil obter um consenso so-bre as obras necessárias paraacelerar a competitividade do

País. Mas todos concordam,inclusive integrantes do gover-no, que o ritmo de ações eobras está muito abaixo dasnecessidades do Brasil.

Para o presidente do BNDES,

Luciano Coutinho, as bases paraum crescimento macroeconômi-co de longo prazo estão dadas,mas é preciso evoluir mais. “Osinvestimentos em logística e in-fraestrutura serão fundamen-

tais para o crescimento. Precisa-mos reduzir custos e ampliar acompetitividade da indústria”,diagnosticou.

Mas a situação de seis das prin-cipais obras em andamento mos-tra problemas: entraves em con-cessões, questionamentos judi-cias, demora de órgãos públicoscomo o Ibama para licenciamen-tos ambientais, e mesmo a priori-zação de investimentos. A degra-dação dos portos brasileiros, porexemplo, merecia maior urgên-cia na visão dos empresários.

Para o economista Gesner deOliveira, da GO Associados, o dé-ficit na infraestrutura “constituifonte do ‘Custo Brasil’ e compro-mete a competitividade da eco-

nomia brasileira”. Segundo ele,os sucessivos esforços do gover-no da presidente Dilma Rousseffna infraestrutura estão na dire-ção correta, embora faltem ain-da vetores importantes para o

salto desejado, como “ambientemacroeconômico favorável aoinvestimento, menor risco regu-latório, menos impostos, promo-ção das PPPs, além de novos me-canismos para financiamento deobras ligadas à infraestrutura”.

PauloGodoy,presidente da As-sociação Brasileira da Infraestru-tura e Indústria de Base (Abdib)engrossa o coro e afirma que“uma solução eficiente no longoprazo é ampliar os programas deconcessõescom segurança jurídi-ca, regulação clara e estável e ren-tabilidade adequada dos proje-tos”. Segundo ele, sem estes ele-mentos será difícil assegurar umcrescimento econômico similarao de outros países emergentes.

Luciano CoutinhoPresidente do BNDES“Os investimentos emlogística e infraestruturaserão fundamentais para ocrescimento.Precisamos reduzircustos e ampliar acompetitividade da indústria”