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09. CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, girassol, melancia, quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. Deve-se evitar o consórcio do abacaxi com milho que é hospedeiro da gomose ou fusariose. O consórcio deve restringir-se aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi e ser de porte baixo para evitar o sombreamento excessivo do abacaxi. Por outro lado, o plantio do abacaxi nas entrelinhas de pomares de citros, manga, coco, abacate e de outras fruteiras de porte arbóreo, de ciclo longo ou perene, é uma boa opção para a exploração mais intensiva da terra disponível, servindo para custear a instalação da cultura principal. 10. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS Planta de crescimento lento e de sistema radicular superficial, o abacaxizeiro ressente-se bastante da concorrência de plantas daninhas, que contribuem para atrasar o desenvolvimento da cultura e reduzir sua produção. Por isso, recomenda-se manter a cultura sempre no limpo, principalmente nos primeiros cinco a seis meses após o plantio. As plantas daninhas devem ser controladas com capinas manuais (enxada), roçadeiras manuais, cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas recomendados para a cultura. Durante as capinas manuais e

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09. CONSORCIAÇÃO DE CULTURAS

O abacaxi pode ser consorciado com feijão, amendoim, girassol, melancia,

quiabo, repolho, tomate e outras culturas de ciclo curto, que são plantadas nas

entrelinhas e na mesma época da cultura do abacaxi. Deve-se evitar o consórcio do

abacaxi com milho que é hospedeiro da gomose ou fusariose. O consórcio deve

restringir-se aos primeiros seis meses do ciclo do abacaxi e ser de porte baixo para evitar

o sombreamento excessivo do abacaxi.

Por outro lado, o plantio do abacaxi nas entrelinhas de pomares de citros, manga,

coco, abacate e de outras fruteiras de porte arbóreo, de ciclo longo ou perene, é uma boa

opção para a exploração mais intensiva da terra disponível, servindo para custear a

instalação da cultura principal.

10. CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS

Planta de crescimento lento e de sistema radicular superficial, o abacaxizeiro

ressente-se bastante da concorrência de plantas daninhas, que contribuem para atrasar o

desenvolvimento da cultura e reduzir sua produção. Por isso, recomenda-se manter a

cultura sempre no limpo, principalmente nos primeiros cinco a seis meses após o

plantio. As plantas daninhas devem ser controladas com capinas manuais (enxada),

roçadeiras manuais, cultivos à tração animal, uso de cobertura morta e herbicidas

recomendados para a cultura. Durante as capinas manuais e logo após as adubações,

deve-se chegar terra às plantas (amontoa), o que ajuda a sustentá-las e aumentar a área

de absorção de nutrientes. Evitar que caia terra no “olho” das plantas.

O uso de herbicidas (Tab. 2) é indicado para grandes áreas por reduzir a mão-de-

obra. Entretanto, a aplicação tem que ser feita com cuidado para evitar que o

abacaxizeiro sofra os eventuais efeitos tóxicos dos produtos químicos (siga as instruções

apresentadas pelo serviço de assistência técnica para a devida aplicação).

Os herbicidas indicados para a cultura do abacaxi são fitotóxicos para outras

culturas, a exemplo do feijão, o que impossibilita o seu uso em plantios consorciados.

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Tabela 2. Principais herbicidas usados na cultura do abacaxi.

Nome Comercial Nome Químico Formulação Dose* (kg ou litros do

p.c. por ha)

Karmex 800 ou similar**

Diuron PM 80 %

2,0 - 4,0

Karmex 500 SC ou similar

Diuron SC 50 %

3,2 - 6,4

Krovar ou similar Diuron + Bromacil

PM 80 %

2,0 - 4,0

Top Z SC 500 ou similar

Ametryn + Simazine

SC 50 %

4,0 - 8,0

Gesapax 500 ou similar

Ametryn SC 50 %

4,0 - 6,0

Gesatop 800 ou similar

Simazine PM 80 %

2,5 - 5,0

Herbazin 500 BR ou similar

Simazine SC 50 %

4,0 - 8,0

* Usar as doses baixas em solos arenosos e as mais altas em solos argilosos ou com alto teor de matéria orgânica. Quando as aplicações se restringem às entrelinhas, as doses têm que ser reduzidas proporcionalmente à redução da área coberta pelo herbicida (em geral, cerca de 50 % da área total). ** Para cada princípio ativo (nome químico) mencionado nesta relação existem, na maioria dos casos, vários produtos e formulações no mercado, não havendo preferência na recomendação para algum deles.

Desde que disponível na propriedade ou na região, a palha seca de diversos

produtos (milho, feijão, capins etc.) ou os restos culturais (folhas) do próprio abacaxi

(Fig. 14), devem ser uniformemente distribuídos sobre a superfície do solo, sobretudo

nas linhas de plantio. Esta cobertura morta, além de reduzir o aparecimento de plantas

daninhas, minimiza a erosão, diminui a perda de nutrientes por lixiviação, aumenta o

teor de matéria orgânica e conserva a umidade do solo, evitando ou reduzindo as perdas

por evaporação.

Figura 14. Restos de cultura incorporados ao solo.

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11. ASPECTOS DA ADUBAÇÃO

- Análise Química do Solo e Recomendação de Adubos

Em plantios com fins comerciais, a utilização de adubos na cultura do

abacaxizeiro constitui prática quase que obrigatória devido ao elevado grau de exigência

da planta. No entanto, uma parte das necessidades nutricionais da planta pode ser

suprida pelo próprio solo. Esta contribuição do próprio solo para a nutrição da planta só

pode ser adequadamente determinada mediante a análise do solo da área destinada ao

plantio, a qual fornece informações valiosas para a orientação do programa de

adubação. As amostras de solo devem ser coletadas e enviadas ao laboratório antes da

implantação da cultura.

- Análise foliar

A avaliação do estado nutricional da planta, após o estabelecimento da cultura,

pode ser feita mediante análises foliares. Para a efetivação da diagnose foliar no

abacaxizeiro, coleta-se, normalmente, a folha “D” considerada como a que melhor

representa o estado nutricional da planta. Na prática, essa folha pode ser identificada

como sendo aquela que forma um ângulo de 45 entre o nível do solo e um eixo

imaginário passando pelo centro da planta.

Recomenda-se na amostragem, a coleta de um mínimo de 25 folhas tomadas ao

acaso, para cada talhão uniforme de produção, considerando-se uma folha por planta. O

período de coleta das folhas para análise tem variado do plantio a indução floral.

- Modo de aplicação dos adubos

As adubações podem ser feitas tanto por meio sólido quanto por meio líquido.

Sob a forma sólida, os fertilizantes podem ser aplicados nas covas ou nos sucos de

plantio (mais usado para adubos orgânicos e adubos fosfatados), ou em cobertura, junto

das plantas ou nas axilas das folhas basais (opção preferida para os adubos nitrogenados

e potássicos).

Para as aplicações por via sólida pode ser utilizado um funil acoplado a um tubo

plástico rígido, de aproximadamente 80cm desenvolvido aqui no Estado da Paraíba,

visando reduzir o contato direto das mãos e braços do operador com os espinhos das

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folhas (Fig. 15). É conveniente, após as adubações em cobertura, que se faça uma

amontoa para cobrir os fertilizantes, visando reduzir a perda de nutrientes e fixar a

planta no solo. Deve-se sempre evitar que os adubos caiam nas folhas superiores (mais

novas) ou no centro da roseta foliar, em razão dos danos que podem causar, incluindo a

morte da planta.

Para a adubação foliar pela forma líquida (N,K e micronutrientes) podem-se

utilizar os pulverizadores costais (Fig. 16) ou barra de pulverização acoplados a tanques

tracionados mecanicamente (Fig. 17). Quanto às pulverizações foliares com adubos,

devem-se evitar as horas mais quentes do dia, assim como o escorrimento excessivo e o

acúmulo das soluções nas axilas das folhas, para que não ocorram queimas.

- Épocas de aplicação e parcelamento

A adubação do abacaxizeiro deve ser realizada na fase vegetativa do ciclo da

planta, ou seja, do plantio a indução do florescimento, período em que há um

aproveitamento mais eficiente dos nutrientes aplicados.

Os fertilizantes fosfatados são, na maioria, aplicados de uma única vez, por

ocasião do plantio, ou na primeira adubação em cobertura. Os adubos nitrogenados e

potássicos devem ser parcelados no máximo em 3 vezes no período compreendido entre

o plantio e 30 dias antes da indução floral, lembrando que para isso o solo precisa estar

úmido.

As fontes de nitrogênio são a uréia e o sulfato de amônio, nitrato de amônio e os

fertilizantes orgânicos (estercos animais, tortas vegetais, etc.). Como fontes de fósforo,

podem ser utilizados superfosfato triplo, fosfato monoamônico, superfosfato simples,

etc. As adubações potássicas podem ser supridas com o cloreto de potássio, sulfato de

potássio, nitrato de potássio, etc.

- Aplicação de micronutrientes

A aplicação de micronutrientes na cultura do abacaxi pode ser feita pelas vias

sólida e líquida, sendo esta última a mais utilizada. Nas pulverizações foliares são

usadas fórmulas comerciais que contenham os micronutrientes pretendidos, ou os sais

dos respectivos nutrientes (sulfato de zinco a 1%; sulfato de cobre de 1% a 2% ou

oxicloreto de cobre a 0,15%; borax a 0,3%; sulfato ferroso de 1% a 3%).

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12. MANEJO DA FLORAÇÃO (FLORAÇÃO NATURAL X INDUÇÃO

ARTIFICIAL)

- Controle da Floração Natural

A floração natural do abacaxizeiro ocorre, em geral, em períodos de dias mais

curtos e temperaturas noturnas mais baixas, portanto, principalmente nos meses de

junho a agosto, na maioria das regiões produtoras. Períodos de alta nebulosidade, baixa

radiação solar e estresse hídrico, podem, às vezes, desencadear a diferenciação floral

natural em outras épocas do ano, a exemplo do outono (abril e maio) e da primavera

(outubro e novembro).

A floração natural ocorre mais cedo em plantas mais desenvolvidas. Plantas da

cv. Pérola tendem a florescer mais precocemente que as da cv. Smooth Cayenne.

Florações naturais precoces são indesejáveis, pois ocorrem de maneira bastante

desuniforme nas plantações comerciais, dificultando o manejo da cultura e a colheita,

encarecendo o custo de produção. Podem, também, inviabilizar a exploração da soca

(segundo ciclo) e afetar a comercialização do produto, devido à diminuição do tamanho

médio dos frutos e à coincidência da maturação dos mesmos com o período de safra

(novembro a janeiro), quando a grande oferta causa a redução dos preços.

- Tratamento de Indução Floral (TIF)

A época do florescimento e da colheita do abacaxizeiro pode ser antecipada e

homogeneizada por meio da aplicação de certas substâncias químicas (fitorreguladores

Figura 15. Aplicação de adubos sólidos. Foto: Souza, J.

Figura 17 Adubação foliar em abacaxizeiro. Foto: Souza, J.

Figura 16. Pulverizador costal.

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de crescimento) na roseta foliar (olho da planta) ou da sua pulverização sobre a planta.

Esta técnica é chamada de tratamento de indução floral (TIF), sendo uma prática cultural

essencial para o bom manejo e o sucesso econômico no cultivo do abacaxi. Quando bem

planejada e executada, permite uma melhor distribuição das operações e uso de mão-de-

obra na propriedade e a colheita de frutos em épocas mais favoráveis à comercialização.

O período de tempo entre o tratamento de indução floral e a colheita dos frutos na

maioria das regiões produtoras brasileiras é de cinco a seis meses.

A época mais adequada para a realização do TIF depende de diversos fatores, incluindo

o planejamento da data de colheita. Em geral, o TIF deve ser feito em plantas com 8 a

12 meses de idade, o que resulta num ciclo da planta de cerca de 14 a 18 meses até a

primeira produção. O TIF deve ser procedido em plantas com vigor vegetativo e porte

adequados (Fig. 18). A experiência do abacaxicultor ajuda muito na escolha da época e

tamanho adequados das plantas para efetuar-se o TIF, em cada região.

Várias substâncias podem ser usadas com a finalidade de induzir a floração do

abacaxi. As mais comuns são o carbureto de cálcio e produtos à base de etefon (ácido 2-

cloroetilfosfônico). O carbureto de cálcio é normalmente mais barato, sendo muito

usado por pequenos e médios produtores em todas as regiões produtoras brasileiras.

O carbureto de cálcio pode ser aplicado sob forma sólida ou líquida. No primeiro

caso, coloca-se de 0,5 a 1,0 g/planta, no centro da roseta foliar (Fig. 19), a qual deve

conter água para permitir a dissolução do produto, resultando na liberação do gás

acetileno, que é o indutor floral propriamente dito.

Para a forma líquida, a solução é preparada usando-se 12 litros de água limpa e

fria e 50 a 60g de carbureto de cálcio juntos em um recipiente com capacidade para 20L.

Fecha o vasilhame a agita a mistura. Aguarda até não ouvir mais o chiado da reação e

em seguida coloca a mistura em um pulverizador costal e aplica 50ml no olho da planta.

A eficiência no processo de indução é aumentada executando-se a prática à noite

ou nas horas mais frescas do dia, de preferência em dias nublados.

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13. MANEJO DA IRRIGAÇÃO

O abacaxizeiro é uma planta com necessidades hídricas relativamente reduzidas,

se comparado com outras plantas cultivadas. A sua adaptação a condições de deficiência

hídrica decorre de uma série de características morfológicas e fisiológicas próprias de

plantas xerófilas. Entretanto, embora o abacaxizeiro seja uma cultura tolerante à falta de

água, apresenta em períodos de escassez de água acentuada, redução de seu

desenvolvimento vegetativo. Um déficit hídrico durante a frutificação compromete o

peso dos frutos. Os períodos de diferenciação floral e de enchimento do fruto são

considerados as épocas mais críticas durante o ciclo da planta.

A quantidade de água necessária para a cultura é de 60 a 150 mm/mês. A faixa

ideal de precipitação anual, para que ocorra sucesso da exploração da cultura, situa-se

entre 1.000mm e 1.500mm bem distribuídos. Quando tal situação não é alcançada

recomenda-se a irrigação. Os métodos de irrigação mais usados são os de aspersão, pivô

central e gotejamento.

Dos sistemas de irrigação localizada de alta freqüência, o gotejamento é o mais

utilizado na cultura do abacaxizeiro, sobretudo onde a disponibilidade de água é

limitada. Tem como principal inconveniente o custo excessivamente elevado, visto que

para um (01) hectare de abacaxi plantado em fileira dupla no espaçamento de 0,90m x

0,40m x 0,30m seriam necessárias 77 linhas de gotejadores espaçados de 0,30m,

totalizando 7.700 m/ha.

Figura 19. Indução floral do abacaxizeiro com carbureto de cálcio. Foto: Cunha, G.A.P.

Figura 18. Porte vegetativo adequado para fazer a Indução floral do abacaxizeiro. Foto: Costa, N.P.

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A irrigação por aspersão (Fig. 20A) adapta-se melhor ao abacaxizeiro devido ao

formato e à distribuição de suas folhas, o que possibilita melhor captação de água,

aumentando a absorção pelas plantas através das raízes adventícias superiores. Pode ser

usado a aspersão convencional e pivô central (Fig. 20B).

14. PRINCIPAIS PRAGAS DO ABACAXIZEIRO

As pragas mais comuns são: a broca do fruto (Strymon megarus, anteriormente

denominada de Thecla basalides;), a cochonilha (Dysmicoccus brevipes) causadora da

"murcha do abacaxi" e a broca do talo (Castnia icarus).

a) BROCA-DO-FRUTO DO ABACAXI

A broca-do-fruto Strymon megarus, é considerada uma das principais pragas da

abacaxicultura brasileira. A praga ocorre em várias regiões produtoras do país, e quando

não controlada, pode causar prejuízos de até 80%. Ela possui um número reduzido de

hospedeiros; além do abacaxi, pode ser encontrada em espécies nativas de bromeliáceas.

Na fase adulta, é uma pequena borboleta de cor cinza com aproximadamente 2,8

a 3,5 cm de envergadura (Fig. 21). As borboletas, em vôos rápidos e irregulares, visitam

as plantas em todas as horas do dia, onde realizam as posturas dos ovos (Fig. 22) desde

a saída da inflorescência até o fechamento das últimas flores. As partes superiores e

medianas da inflorescência são os locais preferidos, embora os ovos também possam ser

observados no pedúnculo e nas gemas que darão origem às mudas do tipo filhote.

Para facilitar o monitoramento recomenda-se, ao induzir a planta, não jogar o

carbureto em pedras, diretamente na roseta foliar, pois o resíduo deste na inflorescência,

dificultará a localização do ovo da broca.

A B Figura 20. Irrigação em abacaxizeiro. A- Aspersão convencional; B-Pivô central. Fotos: Costa, N.P.

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Cinco dias após a postura dos ovos ocorre a eclosão de uma lagartinha de

coloração amarela-pálida, com aproximadamente 1,6 mm de comprimento, que inicia o

seu ataque, normalmente, na base tenra das brácteas. Nessa fase, ela permanece no

interior da inflorescência por aproximadamente 13 a 16 dias. Quando completamente

desenvolvida, desce pelo pedúnculo e, próximo a este, na base das folhas, se transforma

em pupa. Sete a onze dias após, ocorre à emergência do adulto.

A lagarta, ao penetrar na inflorescência, rompe os tecidos, resultando no

aparecimento de uma resina incolor, bastante fluída. Em contato com o ar, a resina

forma bolhas irregulares, tornando-se amarelada e, ao endurecer, marrom-escura.

É interessante observar que a inflorescência, quando infectada pela fusariose

(doença fúngica), também exsuda resina como sintoma de ataque, porém, geralmente,

pelo centro do frutilho, enquanto que no caso da broca-do-fruto a resina surge entre os

frutilhos.

- Monitoramento e controle integrado

Em plantios de até cinco hectares, deve-se amostrar 10 pontos por hectare,

caminhando-se em ziguezague, avaliando-se 20 inflorescências seguidas na linha em

cada ponto, num total de 200 plantas por hectare.

Em plantios com área superior a cinco hectares, deve-se amostrar 20 pontos

avaliando-se 20 inflorescências seguidas na linha em cada ponto, num total de 400

plantas por plantio.

As avaliações, de freqüência semanal, devem ser iniciadas na época do

aparecimento da inflorescência, aproximadamente na 6a. semana após a indução floral e

finalizadas, aproximadamente, na 12a. semana, após o fechamento das últimas flores da

inflorescência (Fig. 23). Nessas avaliações, detectando-se pelo menos um adulto ou

duas inflorescências com pelo menos uma postura (um ovo), iniciar o controle (ver

indicação de inseticidas recomendado pelo MAPA no endereço:

www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_36.pdf). Caso seja

necessário reaplicar o produto, manter intervalos de 15 dias entre as aplicações.

Havendo coincidência de tratamentos, as aplicações do inseticida podem ser associadas

às aplicações do fungicida usado para o controle da fusariose.

O monitoramento periódico das inflorescências é uma prática bastante útil,

permitindo que a primeira aplicação seja iniciada somente quando do aparecimento do

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adulto e/ou das primeiras posturas dos ovos da broca, reduzindo-se assim a aplicação de

inseticidas e os custos com mão-de-obra.

- Outras medidas de manejo integrado da broca-do-fruto compõem-se de:

1 - Métodos Culturais

a) Rotação de cultura: através de plantios alternados de plantas que não sejam

hospedeiras das mesmas pragas. A broca-do-fruto é específica do abacaxizeiro, assim

esse método pode trazer vantagens.

b) Eliminação de inflorescências atacadas: eliminação de inflorescências

atacadas (presença de resinas) pela broca-do-fruto, com o objetivo de diminuir o

potencial de infestação do inseto-praga.

2 - Controle Biológico

Inseticidas microbianos à base de Bacillus thuringhiensis podem ser usados para

controlar esse inseto-praga, sendo de sete a dez dias o intervalo entre aplicações.

I 40 II 20 III 20 IV

Figura 21. Adultos (borboleta) da broca-do-fruto. Foto: Sanches, N.F.

Figura 22. Ovo da broca-do-fruto numaInflorescência. Foto: Sanches, N.F.

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I = Indução do florescimento (aplicação do carbureto); II = Surgimento da inflorescência na roseta foliar; III = Abertura das primeiras flores; IV = Fechamento das últimas flores

Figura 23. Diagrama do abacaxizeiro da indução floral ao fechamento das flores.

B) COCHONILHA DO ABACAXI

A cochonilha do abacaxi, Dysmicoccus brevipes (Hemiptera: Pseudococcidae),

também conhecida como cochonilha pulverulenta do abacaxi, cochonilha farinhosa ou

piolho farinhento, é uma praga que causa sérios prejuízos à abacaxicultura nacional e

mundial, uma vez que ela está associada a uma doença conhecida como “murcha do

abacaxi”.

As perdas na produção devido à murcha podem ultrapassar os 80%, sobretudo

para a cultivar Smooth Cayenne e outras cultivares suscetíveis.

Várias plantas podem ser hospedeiras dessa praga, a exemplo de plantas de

algodão, amendoim, banana, cana-de-açúcar, café, coco, jabuticaba, milho, sorgo,

bambu, sapé e tiririca (dandá).

Trata-se de um inseto de fácil reconhecimento: a fêmea alcança

aproximadamente 3 mm de comprimento, tem forma oval-alongada, é recoberta por

uma secreção cerosa branca, apresenta 34 prolongamentos ao redor do corpo,

lembrando o formato de uma bolota de algodão (Fig. 24 A). Sem essa camada de cera

branca, ela tem uma cor rosa. Normalmente ela é encontrada mais na base das folhas, na

porção aclorofilada (parte branca) (Fig. 24 B), e também nas raízes, vivendo em

colônias e comumente rodeada de muitas ninfas, que são os indivíduos jovens da

cochonilha. Com o crescimento da população, a cochonilha passa também a infestar o

fruto e as mudas.

Os sintomas de ataque dessa cochonilha ocorrem, inicialmente, nas raízes

(secamento e morte), observando-se depois um murchamento e descoloração graduais

das folhas (avermelhamento, seguido de amarelecimento). A seguir, os bordos das

folhas dobram-se para baixo e, posteriormente, as folhas curvam-se em direção ao solo

e, por fim, secam (Fig. 24 C).

A cultivar Smooth Cayenne é altamente suscetível à murcha, já a cv. Pérola é

menos suscetível. Deste modo, as plantas quando infestadas ainda novas, dificilmente

virão a frutificar; já em casos de uma incidência tardia, a frutificação pode ocorrer,

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porém os frutos ficam atrofiados e murchos, impróprios ao consumo ou à

industrialização.

A presença de formigas doceiras no abacaxizeiro pode indicar a presença da

cochonilha na planta, uma vez que essa praga pode viver associada com espécies de

formigas doceiras, onde essas se alimentam de substâncias açucaradas produzidas pela

cochonilha, e em contrapartida, as formigas protegem as colônias das intempéries e dos

inimigos naturais, cobrindo-as com restos orgânicos e terra, como também servindo de

agentes de dispersão, transportando as ninfas de uma planta a outra.

- Monitoramento e controle integrado

O material de plantio (mudas do tipo filhote, filhote-rebentão e rebentão) é

considerado uma das formas mais eficientes de disseminação desse inseto-praga, de

região para região. Algumas práticas devem ser adotadas para conseguir manter a praga

em baixo nível populacional:

1. Pré-plantio

− Destruir os restos do cultivo anterior de maneira a evitar novos focos de infestação.

− Retirar as mudas de áreas que tenham sido submetidas a um bom tratamento

fitossanitário.

− Após a colheita das mudas, estas devem ficar expostas ao sol (cura), sobre a planta

mãe durante alguns dias, com a finalidade de reduzir a população de cochonilhas.

− Quando as mudas forem oriundas de plantios com histórico de infestação pela

cochonilha, elas devem ser tratadas por imersão, por 3 a 5 minutos, em uma calda

inseticida-acaricida com um dos produtos indicados pelo MAPA (ver produtos no

endereço: www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_35.pdf).

− Após a colheita dos frutos, as mudas podem ser pulverizadas com a mistura

inseticida-acaricida, antes de elas serem removidas da planta-mãe.

− O controle de formigas doceiras (principalmente “lava-pés”) diminui a dispersão da

cochonilha na área.

2. Pós-plantio

− Realizar o monitoramento, isto é, uma vistoria rigorosa, com o objetivo de observar a

presença de plantas com sintomas de murcha ou com colônias de cochonilhas.

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Em plantios de até cinco hectares, deve-se amostrar 10 pontos por hectare,

caminhando-se em ziguezague, avaliando-se 50 plantas seguidas na linha em cada

ponto, num total de 500 plantas por hectare. Em plantios com área superior a cinco

hectares, deve-se amostrar 20 pontos avaliando-se 50 plantas seguidas na linha em cada

ponto, num total de 1.000 plantas por plantio. As avaliações, de freqüência quinzenal,

devem ser iniciadas no segundo mês após o plantio e continuar até o tratamento da

indução floral. A necessidade de efetuar, ou não, o controle químico é fundamentada no

monitoramento. Detectando-se pelo menos uma planta com sintoma de murcha ou com

uma colônia de cochonilhas na área de até cinco hectares, ou pelo menos duas plantas

com sintomas de murcha ou com colônia(s) de cochonilhas em áreas acima de cinco

hectares, iniciar o controle químico.

O controle pode ser repetido a cada três meses, encerrando no décimo primeiro

mês após o plantio, aplicando-se um dos inseticidas indicados pelo MAPA (ver

produtos no endereço:

www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_35.pdf).

C) BROCA DO TALO

Conhecida como broca do olho ou broca gigante, sua ocorrência está restrita às

regiões produtoras do Norte e Nordeste brasileiro. Pode atacar também pseudocaules de

bananeira.

Figura 24. A: Adultos (fêmeas) da cochonilha do abacaxi rodeadas de ninfas. B: Colônias de D. brevipes na base das folhas do abacaxizeiro. C: Abacaxizeiros apresentando sintomas de murcha. Foto: Sanches, N.F.

A

B

C

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Na fase adulta, é uma mariposa cujas asas apresentam uma forte coloração

marrom com reflexo verde nas anteriores e vermelha, nas posteriores (Fig. 25).

As posturas são realizadas durante o dia, na base das folhas mais externas da

planta. Os ovos, facilmente reconhecidos, apresentam uma coloração rosa-alaranjada.

Após a eclosão, a lagarta perfura as folhas, procurando penetrar no talo. Em seu

interior vai abrindo galerias e destruindo os tecidos. As lagartas são de coloração

branco-amarelada (Fig. 26), quando atinge o completo desenvolvimento, confecciona

um casulo, usando as fibras do talo, e, em seguida, transforma-se em pupa.

- Sintoma e Danos Os sintomas de seu ataque são as folhas seccionadas na região

basal, o “olho morto”, a presença de resinas misturada com dejetos na base das folhas e

a emissão de rebentão. Apenas uma lagarta é suficiente para destruir toda a planta. Em

áreas infestadas, já foram constatados danos de até 80%.

- Controle Como a broca do talo pode ocorrer, praticamente, durante todo o ciclo da

cultura, o controle químico torna-se demasiado caro, fazendo com que o controle

mecânico, seja ainda a opção mais econômica. Durante o monitoramento dessa praga, o

agricultor deve arrancar as plantas atacadas e com auxílio de um facão cortar o caule até

localizar a lagarta e, então, destruí-la.

15. PRINCIPAIS DOENÇAS DO ABACAXIZEIRO

Dentre as doenças, a fusariose do abacaxizeiro (Fusarium subglutinans) é a

doença que mais causa danos à cultura. Pose-se destacar como importantes ainda a

podridão-do-olho (Phytophthora nicotianae var. parasitica) e a podridão negra

Figura 26. Lagarta da broca-do talo do abacaxi. Foto: Cunha, G.A.P.

Figura 25. Adulto da broca-do talo do abacaxi. Foto: Cunha, G.A.P.

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(Chalara paradoxa) que é uma doença de pós-colheita (ver mais detalhes no endereço:

www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_34.pdf).

A) FUSARIOSE DO ABACAXIZEIRO

A fusariose, causada pelo fungo Fusarium subglutinans, é a doença mais

devastadora do abacaxizeiro no Brasil. Esta doença causa perdas variáveis na produção

de frutos, a depender do inóculo inicial, da região produtora e da época de produção. F.

subglutinans infecta mudas, plantas em desenvolvimento vegetativo e frutos, causando

podridão dos tecidos afetados, com exsudação de substância gomosa a partir da região

atacada (Fig. 27).

O patógeno penetra via aberturas naturais e/ou ferimentos na superfície da

planta; nos frutos a infecção se dá via flores abertas.

- Monitoramento e controle integrado

Em plantios de até cinco hectares deve-se amostrar 500 plantas por hectare. Em

plantios com área superior a cinco hectares, deve-se amostrar 1.000 plantas por plantio.

Idem a forma já descrita para o monitoramente da cochonilha!

As avaliações devem iniciar no segundo mês após o plantio e continuar a

intervalos quinzenais até o tratamento de indução floral. Inflorescências que se

desenvolvem em períodos favoráveis à incidência da fusariose, devem ser pulverizadas

preventivamente com fungicidas para controlar a doença. A tomada de decisão quanto à

necessidade de controle químico fundamenta-se no monitoramento.

Detectando-se incidência de fusariose igual ou superior a 1% durante o ciclo

vegetativo, somada à intensidade da fusariose nas mudas utilizadas para a instalação do

plantio, será necessária a proteção da inflorescência em desenvolvimento mediante

pulverização com fungicidas registrados no MAPA para uso na cultura (ver produtos no

endereço: www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_32.pdf).

As pulverizações devem começar logo após o aparecimento das inflorescências,

35 a 40 dias após o tratamento de indução floral, e continuar até o fechamento das

flores, obedecendo a intervalos de 7 a 10 dias para os benzimidazoles e de 15 dias para

os triazoles.

Outras medidas de controle integrado da fusariose consistem em:

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1. Controle cultural. Utilizar material propagativo sadio para a instalação dos

novos plantios.

Outra alternativa consiste na aquisição de mudas de plantios onde a incidência

da fusariose nos frutos foi até 1%. Qualquer que seja a origem das mudas deve-se

proceder à seleção pré-plantio com o objetivo de eliminar aquelas com sintomas

externos da fusariose. Outra vantagem dessa prática é permitir a separação das mudas

por tamanho, possibilitando a instalação do plantio em talhões uniformes, o que facilita

os tratos culturais, principalmente a indução floral.

Outra medida importante no controle da fusariose consiste na eliminação de

restos culturais, principalmente daqueles plantios onde a incidência da doença foi

elevada.

2. Controle genético. A resistência genética é a alternativa mais eficiente e

econômica, além de ecologicamente segura, para controle de doenças de plantas.

Recentemente o abacaxi ‘Imperial’, um híbrido de Perolera com Smooth Cayenne, foi

recomendado para plantio em regiões onde a fusariose constitui fator limitante ao

cultivo do abacaxi.

B) PODRIDÃO-DO-OLHO

Causada por Phytophthora nicotianae var. parasitica, a podridão-do-olho

(podridão-do-topo ou das raízes) é uma das mais sérias doenças do abacaxizeiro no

mundo, presente principalmente em plantios instalados em solos sujeitos ao

Figura 27. Incidência de Fusariose durante a floração do abacaxizeiro (A), no pendúnculo (B), no centro do frutilho (C) e na base do fruto (D). Fotos: Souza, J.; Costa, N.P.

C

A B

D

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encharcamento ou que apresentam drenagem deficiente. Essa doença também assume

importância econômica em regiões onde ocorre alta pluviosidade ou o suprimento de

água de irrigação é excessivo.

A podridão-do-olho do abacaxizeiro causa perdas acentuadas na produção,

principalmente quando a infecção ocorre após o tratamento de indução floral e no início

do desenvolvimento da inflorescência. Perdas econômicas também ocorrem logo após o

plantio, devido à morte das mudas nos primeiros meses de desenvolvimento. Uma

planta infectada por P. nicotianae var. parasitica mostra, inicialmente, alterações na

coloração da folha, especialmente as mais novas. A partir da base das folhas o patógeno

alcança o caule e, em estádio mais avançado de desenvolvimento da doença, as folhas

do olho da planta podem ser removidas como um todo, evidenciando uma podridão

(Fig. 28), geralmente com odor fétido.

- Monitoramento e controle integrado

P. nicotianae var. parasitica é um habitante natural do solo pois depende da

presença de água para esporular, dispersar e infectar os tecidos da planta hospedeira.

Por essas características o controle deve ser uma atividade praticada com base no

monitoramento da doença imediatamente após o plantio e após a indução floral.

Controle cultural. Instalar plantios em solos leves, bem drenados, com boa

aeração e não sujeitos ao encharcamento. A calagem, quando recomendada, deve ser

efetuada de maneira cuidadosa, uma vez que P. nicotianae var. parasitica torna-se mais

eficiente em solos com valores de pH próximos da neutralidade. Na instalação do

plantio deve-se evitar a utilização das mudas do tipo coroa uma vez que as mesmas são

mais suscetíveis ao patógeno do que os filhotes e rebentões. Em solos com histórico da

doença, a instalação do plantio em camalhões, cerca de 25cm de altura, geralmente

reduz a incidência da doença, entretanto, esta prática aumenta a necessidade de

suprimento de água durante os períodos secos.

Controle químico. Em regiões produtoras de abacaxi onde a incidência da

podridão-do-olho é alta, deve-se adotar medidas de controle químico, iniciando-se com

o tratamento pré-plantio, por meio da imersão das mudas utilizando-se fungicidas

registrados para este fim pelo MAPA (ver produtos no endereço:

www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/abacaxi_33.pdf)).

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Deve-se proceder ao monitoramento da doença durante os primeiros meses de

desenvolvimento do abacaxizeiro, assim como na época do tratamento de indução floral

e início do desenvolvimento da inflorescência. Em sendo necessário, deve-se proceder a

aplicação de um fungicida sistêmico, três a quatro semanas após o plantio, de maneira a

controlar a doença nos primeiros estádios de desenvolvimento das plantas. De maneira

similar, na fase de floração, mais especificamente uma semana após o tratamento de

indução floral, deve-se pulverizar a planta com um fungicida sistêmico, registrado para

o controle da doença tendo como alvo a roseta foliar.

16. DESBSTES DAS MUDAS

Estudos recentes realizados na Embrapa Mandioca e Fruticultura resultaram na

recomendação de uma nova prática cultural a ser efetuada na semana posterior ao do

fechamento das últimas flores do abacaxizeiro, o que ocorre geralmente aos 90 a 100

após o tratamento de indução floral (TIF). Trata-se do desbaste de mudas do tipo filhote.

As pesquisas mostraram que a redução do número dessas mudas na cv. Pérola, que

normalmente forma um cacho com mais de oito filhotes por planta, resulta num

aumento do peso do fruto e do vigor das mudas remanescentes.

O desbaste resultou num aumento médio de 9,6% da produtividade, o que

representou 4.320 kg de frutos por hectare.

Figura 28. Incidência de Phytophthora nicotianae var. parasitica em abacaxizal novo (A), após o tratamento de indução floral (B) e detalhe dos sintomas no “olho” da planta atacada pelo patógeno (C). Foto: Matos, A.P.

A

B

C

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As mudas eliminadas não significam perdas em renda, pois no desbaste parcial,

de baixa intensidade, apenas as mudas menos desenvolvidas e vigorosas são removidas.

17. COLHEITA

- Colheita e pós-colheita, acondicionamento e transporte

As atividades de colheita compreendem os cuidados na fase imediatamente

anterior a colheita (pré colheita), determinação do ponto de colheita, decisão de colheita

e transporte do campo até o galpão pós-colheita (local destinado à seleção, tratamento e

acondicionamento para encaminhar para a comercialização).

- Determinação do ponto de colheita

O abacaxi não amadurece após a colheita (são frutos não-climatéricos), sendo

portando necessária sua colheita após seu completo desenvolvimento fisiológico. A

concentração de açúcares deve ser medida com um refratômetro e deve ser maior que

19° Brix no verão e 14,5° Brix no inverno. Os frutos devem ser colhidos em estádios de

maturação diferentes, de acordo com o seu destino e a distância do mercado

consumidor.

Indústria – Deve ser colhido maduro (casca mais amarela que verde);

Mercado "in natura" e mercados distantes – Devem ser colhidos "de vez", quando

surgem os primeiros sinais de amarelecimento da casca; pode-se reconhecer também o

fruto “de vez” quando os espaços entre os frutilhos estende-se e adquirem a cor clara;

Mercado "in natura" e mercados locais – Frutos com até a metade da casca amarela.

- Colheita

A colheita pode ser feita com o auxílio de um facão, devendo o colhedor

proteger as mãos utilizando luvas de lona grossa. Não colher frutos verdes, pois, eles

não amadurecem após colhidos. O operário segura o fruto pela coroa e corta o

pedúnculo 3 a 5 centímetros abaixo da base do fruto, de tal forma que apenas 2 a 4

mudas do cacho de filhotes sejam levadas para servirem de embalagem natural do fruto

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(processo chamado de sangria), permanecendo as demais mudas na planta para uso

como material de plantio.

Frutos que se destinam aos mercados próximos ou à indústria podem ser

colhidos (quebrados) sem as mudas. Para a cultivar Smooth Cayenne, por falta de

mudas tipo filhote e por serem mais fibrosos, pode-se simplesmente quebrar os frutos e

transportar usando-se apenas camadas finas de capim entre os frutos.

Os frutos colhidos são entregues a outros operários que os transportam em

cestos, balaios, caixas ou carrinhos de mão, até o caminhão ou carreta. Os frutos devem

ser colhidos e transportados com o máximo cuidado possível para evitar danos

mecânicos e redução na qualidade do produto.

- Classificação dos frutos

Em geral, os frutos colhidos são acondicionados, no campo, em caminhões e

transportados diretamente para a comercialização. Entretanto, as exigências por

qualidade têm crescido muito, neste sentido devem-se seguir as seguintes

recomendações:

Após a colheita dos frutos, estes devem ser levados para um barracão, devem

sofrer um acabamento para que sua aparência seja melhorada e para que o ataque por

patógenos seja diminuído. Por isso, os abacaxis têm o tamanho do seu pedúnculo

reduzido de 5-6cm para 2-3cm e a superfície do corte tratada com desinfetante para

prevenir contra o ataque de fungos e bolores com uma solução de benomyl (fungicida)

a 4.000 ppm, para evitar a podridão negra. Esse tratamento é imprescindível quando o

fruto se destina a exportação.

A coroa pode ou não ser retirada, mas se a preferência for por eliminá-la,

também deve ser realizado um tratamento desinfetante na inserção. Os frutos deverão

ser submetidos a uma seleção, eliminado-se aqueles com defeitos. Aqueles que não

apresentarem defeitos devem ser classificados por tamanho e se possível por maturação.

Na separação por tamanho pode-se dividir os frutos em pequenos, médios e grandes.

Quanto à maturação, os frutos podem ser divididos em 1/3 maduros, 1/2 maduros e

totalmente maduros. Após isto os frutos estão prontos para serem embalados e

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transportados para os locais de distribuição. Os frutos podem ser classificados em

Primeira (peso superior a 1,5 kg) e Segunda (peso inferior a 1,5 kg).

- Embalagem

As embalagens podem ser caixas de madeira (só aceitas no mercado nacional) e

caixas de papelão. No Brasil ainda é comumente utilizado o transporte a granel, isto é,

sem qualquer tipo de embalagem, fato esse que não é recomendado devido às grandes

perdas que acontecem.

O abacaxi destinado à exportação não deve permanecer em temperatura

ambiente, além de 24 horas após a colheita. As frutas, a serem embaladas, são dispostas

verticalmente, sobre os pedúnculos, nas caixas de papelão e separadas umas das outras

por folhas também de papelão para evitar o atrito entre as mesmas. O fundo dessas

caixas são forrados com mais uma camada de papelão e suas laterais possuem orifícios

por onde ocorre a entrada e saída de ar necessários para manter a fruta em boas

condições. A capacidade das caixas varia de acordo com o tamanho das frutas e

comporta em média 6, 12 ou 20 delas, dependendo do tamanho da caixa.

- Rotulagem

A rotulagem da embalagem é importante, pois ajuda a identificar o produto,

facilitando o manuseio pelos recebedores.

- Armazenamento

As caixas com as frutas devem ser armazenadas a uma temperatura constante,

que não pode ser menor que 7°C, pois podem ocorrer injúrias na casca das frutas

causadas pelo frio excessivo (chilling), nem superior a 10°C, já que acima desta

temperatura a susceptibilidade ao ataque de fungos é aumentada.

A umidade relativa do ar deve estar em torno de 90%. Sob estas condições é

possível conservar as frutas por até quatro semanas.

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- Transporte

Para mercados próximos, o transporte do abacaxi, geralmente, é feito em

caminhões não refrigerados, a granel. Para não causar injúrias aos frutos, estes devem

ser acolchoados. Na cultivar Pérola pode-se usar os próprios filhotes e no caso da

Smooth Cayenne, que não tem filhotes, deve-se utilizar capim. Os frutos devem ser

colocados em camadas alternadas e deve-se cobrir o caminhão com uma lona, para

evitar injúrias causadas pelo vento.

Se o destino das frutas for um local distante do local de produção, o transporte

deve ser feito em caminhões refrigerados. Porém, se não for possível transportar a carga

a longas distâncias neste tipo de caminhão, pode-se realizar o transporte à temperatura

ambiente, porém à noite, sempre cobrindo a carga com uma lona.

REFERÊNCIAS:

REINHARDT, D.H.; SOUZA, L.F.S.; CABRAL, J.R.S. Abacaxi: Produção – aspectos técnicos. Embrapa Mandioca e Fruticultura – Brasília: Embrapa Comunicação para transferência de Tecnologia, 2000. 77p; il. (Frutas do Brasil, 7).

http://www.agricultura.gov.br/

http://www.ibge.gov.br/estadosat/temas.php?sigla=pb&tema=lavouratemporaria2008

http://www.sidra.ibge.gov.br/

 http://www.ibge.gov.br/cidadesat/topwindow.htm?1

 http://www.paraiba.pb.gov.br/4516/emater-alerta-produtor-do-abacaxi-sobre-prazo-para-solicitar-financiamento.html

http://www.agrosoft.org.br/agropag/213079.htm

IBRAF>http://www.ibraf.org.br/estatisticas/Exporta%C3%A7%C3%A3o/Comparativo_das_Exporta%C3%A7%C3%B5es_Brasileiras_de_Frutas_frescas_2010-2009.pdf

EMATER. http://emater.no-ip.org/v2/index.php