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2010

ESCOLA EB2,3/SEC DE PENACOVA

30-12-2010

ARROZ DO CÉU – GUIÃO DE LEITURA

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Guião de leitura do conto “Arroz do Céu”

de José Rodrigues Miguéis, Gente da Terceira Classe

Ao longo dos passeios de Nova York, por sobre as estações e galerias do subway, abrem-se grandes respiradouros gradeados por onde cai de tudo: o sol e a chuva, o luar e a neve, luvas, lunetas e botões, papelada. chewing gum, tacões de sapatos de mulheres que ficam entalados, e até dinheiro. Às vezes, lá no fundo, no lixo acumulado ou em poças de água estagnada, brilham moedas de níquel e mesmo de prata. Os garotos ajoelham de nariz colado às grades, tentando lobrigar tesouros na obscuridade donde sopra um hálito húmido e oleoso e o cheiro dos freios queimados. Fazem prodígios de habilidade e obstinação para pescar as moedas perdidas. Alguns têm êxito nisso, mas depois engalfinham-se em disputas tremendas sobre a posse e a partilha do tesouro: nunca se sabe quem foi que viu primeiro.

Outros, quando a colheita promete, chegam a arriscar nisso algum capital: juntam as posses, e entram dois, é quanto basta, no subway; uma vez lá dentro, trepam sub-repticiamente aos respiradouros, o que é uma difícil operação de acrobacia, para colher aquele dinheiro-de-ninguém, enquanto um ou mais camaradas vigilantes os vão guiando cá de fora. Também os há que entram sem pagar, por entre as pernas da freguesia e agachando-se por baixo dos torniquetes.

O limpa-vias trabalhava há muitos anos no subway, sempre de olhos no chão. Uma toupeira, um rato dos canos. Picava papéis na ponta de um pau com um prego, e metia-os no saco. Varria milhões de pontas de cigarros, na maioria quase intactos, de fumadores impacientes, raspava das plataformas o chewing gum odioso, limpava as latrinas, espalhava desinfectantes, ajudava a pôr graxa nas calhas, polvilhava as vias de um pó branco e misterioso, e todas as vezes que o camarada da lanterna soltava um apito estrídulo – lá vem o comboio! – Ele encolhia-se contra a parede negra, onde escorriam águas de infiltração, na estreita passagem de serviço. Até já tinha ajudado a recolher pedaços de cadáveres, de gente que se atirava para debaixo dos trens, e a transportar os corpos exangues de velhos que de repente se lembravam de morrer de ataque cardíaco, nas horas de maior ajuntamento, uns e outros perturbando o horário e provocando a curiosidade casual e momentânea dos passageiros apressados. Sempre de olhos no chão, bisonho e calado, como quem nada espera do Alto, e não esperava. A vida dele vinha toda do chão imundo e viscoso. Nem sequer olhava a lívida claridade que resvala dos respiradouros para o negrume interior, onde tremeluzem lâmpadas eléctricas, entre as pilastras inumeráveis daquela floresta subterrânea metalizada: nunca lhos tinham mandado limpar. Eram provavelmente o domínio exclusivo de operários especializados, membros de outro sindicato, que ele não conhecia. Nem talvez soubesse que existiam os respiradouros. Era estrangeiro, imigrante, como tanta gente. Não brincara nem vadiara na voragem empolgante das ruas da grande cidade, e vivia perfeitamente resignado à sua obscuridade. Devia aquele emprego a um camarada que era membro dum clube onde mandavam homens de peso, mas ele de política não entendia nada, nem fazia perguntas. Como tinha nascido na Lituânia, ou talvez na Estónia, só falava em monossílabos; e, debaixo da pátina oleosa e negra que o ar do subway nela imprimira com o tempo, a sua face era incolor e a raça indistinta. Antes disso tinha trabalhado em escavações, um «toupeira». Este emprego era muito melhor, embora também fosse subterrâneo. E não tinha que falar o inglês, que mal entendia.

Ora, à esquina de certa rua, no Uptown, há uma igreja, a de São João Baptista e do Santíssimo Sacramento, a todo o comprimento de cuja fachada barroca e cinzenta os respiradouros do subway formam uma longa plataforma de aço arrendado. Os casamentos são frequentes, ali, por ser chique a paróquia e imponente a igreja. O arroz chove às

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cabazadas em cima dos noivos, à saída da cerimónia, num grande estrago de alegria. Metade dele some-se logo pelas grelhas dos respiradouros, outra parte fica espalhada nas placas de cimento do passeio. Depois dos casamentos, o sacristão ou porteiro da igreja, de cigarro ao canto da boca, varre o arroz para dentro das grades, por comodidade. Provavelmente é irlandês, o arroz não lhe interessa, nem se ocupa de pombos: pombos é lá com os italianos, que, apesar de se dizerem católicos, são uma espécie de pagãos. O que se derramou no pavimento da rua, lá fica: é com os varredores municipais.

Volta e meia há casório, sobretudo no bom tempo, ou aos domingos. E um desperdício de arroz, não sei donde vem o costume: talvez seja um prenúncio votivo de abundância, ou um símbolo do «crescei e multiplicai-vos» (como arroz). A gente pára a olhar, e tem vontade de perguntar: «A como está hoje o arroz de primeira cá na freguesia?»

Aquela chuva de grãos atravessa as grades, resvala no plano inclinado do respiradouro, e, se não adere à sujidade pegajosa ou ao chewing gum (o bairro é pouco dado a mastigar o chicle), ressalta para dentro do subterrâneo, numa estreita passagem de serviço vedada aos passageiros.

A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como ia agora por ali com mais frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. O homem matutou: donde é que viria tanto arroz? Intrigado, ergueu os olhos pela primeira vez para o Alto, e avistou a vaga luz de masmorra que escorria da parede. Mas o respiradouro, se bem me compreendem, obliquava como uma chaminé, e a grade, ela própria, ficava-lhe invisível do interior. Era dali, com certeza, que caía o arroz, como as moedas, a poeira, a água da chuva e o resto. O limpa-vias encolheu os ombros, sem entender. Desconhecia os ritos e as elegâncias. No casamento dele não tinha havido arroz de qualidade nenhuma, nem cru, nem doce, nem de galinha.

Até que um dia, depois de olhar em roda, não andasse alguém a espiá-lo, abaixou-se, ajuntou os bagos com a mão, num montículo, e encheu com eles um bolso do macaco. Chegado a casa, a mulher cruzou as mãos de assombro: alvo, carolino, de primeira! Dias depois, sempre sozinho, varreu o arroz para dentro de um cartucho que apanhara abandonado num cesto de lixo da estação, e levou-o para casa. Pobres, aquela fartura de arroz enchia-lhes a barriga, a ele, à patroa e aos seis ou sete filhos. Ela habituou-se, e às vezes dizia-lhe: «Vê lá se hoje há arroz, acabou-se-nos o que tínhamos em casa.» Confiada naquele remedeio de vida!

O limpa-vias nunca perguntou donde é que chovia tanto grão, sobretudo no bom tempo, pelo Verão, e aos domingos, que até parecia uma colheita regular. Embrulhava-o num jornal ou metia-o num cartucho, e assim o levava à família. Ignorando que lá em cima era a Igreja de São João Baptista e do Santíssimo Sacramento, e como tal de bom-tom, não sabia a que atribuir o fenómeno. Pelo lado da raiz, no subway, os palácios, os casebres e os templos não se distinguem.

E foi assim que aquela chuva benéfica, de arroz polido, carolino, de primeira, acabou por lhe dar a noção concreta de uma Providência. O arroz vinha do Céu, como a chuva, a neve, o sol e o raio. Deus, no Alto, pensava no limpa-vias, tão pobre e calado, e mandava-lhe aquele maná para encher a barriga aos filhos. Sem ele ter pedido nada. Guardou segredo – é mau contar os prodígios com que a graça divina nos favorece. Resignou-se a ser o objecto da vontade misericordiosa do Senhor. E começou a rezar-lhe fervorosamente, à noite, o que nunca fizera: ao lado da mulher. Arroz do Céu...

O Céu do limpa-vias é a rua que os outros pisam.

In Gente da Terceira Classe, Lisboa, Editorial Estúdios Cor, 1971, pp. 67-71 (1ª ed. 1962)

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TESTE DE COMPREENSÃO DO CONTO

"ARROZ DO CÉU" DE JOSÉ RODRIGUES MIGUÉIS

Depois de teres ouvido / lido o conto, resolve a seguinte ficha para verificar se o compreendeste bem.

A. Indica se as seguintes afirmações são verdadeiras ou falsas CORRIGINDO AS FALSAS:

1. O limpa-vias é um homem que varre as ruas da cidade. 2. A família do limpa-vias é composta por ele, mulher, 3 filhos e uma avó. 3. A primeira vez que o limpa-vias viu o arroz, apanhou-o e levou-o para casa. 4. O limpa-vias costuma apanhar o arroz e leva-o para casa para a família comer. 5. O arroz que o limpa-vias apanha vem de um armazém de arroz. 6. Para o limpa-vias o arroz é uma dádiva do Céu.

B. Selecciona a melhor opção das apresentadas:

1. O limpa-vias é originário da: a) Alabama ou Alasca. b) Polónia ou Letónia. c) Ucrânia ou Geórgia. d) Estónia ou Lituânia

4. O limpa-vias costumava levar o arroz para casa: a) no boné. b) num balde. c) num cartucho de papel. d) no bolso.

2. Nos respiradouros caem: a) peúgas, latrinas, neve. b) luvas, botões, pastilha elástica, dinheiro. c) botões, papeladas, óculos. d) luvas, sapatos, latas.

5. Pelos respiradouros do metropolitano caía arroz proveniente de: a)um mercado abastecedor da cidade;b) uma igreja de fachada barroca;c) um armazém de arroz.

3. Devido ao seu trabalho, a sua face era: a) incolor e a raça indistinta. b) de cor amarela e a raça oriental. c) de cor negra e a raça africana. d) de raça cigana.

6. A família do limpa-vias ficou: a) pouco satisfeita pois não gostava de arroz. b) pouco satisfeita pois já comia muito arroz. c) satisfeita, pois assim não passava fome. d) satisfeita, porque só comia arroz.

C. Para saberes se compreendeste bem o conto "Arroz do Céu", preenche a seguinte grelha:

ESPAÇO DA ACÇÃO

PRINCIPAIS MOMENTOS DA ACÇÃO DO CONTO.

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I. ESTRUTURA / ACÇÃO

1. O conto “Arroz do Céu” pode ser dividido em cinco partes. Delimita cada uma dessas partes e distingue o assunto de cada uma delas.

Parágrafos do texto Assunto

1.2.Delimita as seguintes partes da narrativa :introdução (ou situação inicial), desenvolvimento (ponto culminante) e conclusão (desenlace).

Segmentos do texto Assunto

INTRODUÇÃO (Acontecimentos principais -situação inicial: o dia-a-dia de um limpa-vias )

DESENVOLVIMENTO(acontecimento inesperado: -mudança na vida familiar)

CONCLUSÃO(situação final)

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ESPAÇO1. No início do conto é feita a localização espacial da acção. Indica-a.2. Por que razão é que os garotos dedicam tanto tempo aos respiradores? 2.1. Que estratégias utilizam os garotos para alcançar o que se encontra lá em baixo?

3. Os respiradouros por onde cai o arroz são o elemento de ligação entre o subway e o Uptown. Contudo, o arroz não tem a mesma importância para estas duas partes da cidade. 3.1. Faz corresponder as seguintes expressões ao subway e ao Uptown, tendo em conta o significado que o

arroz tem em cada um desses espaços.

CONCLUSÃO:A acção deste conto passa-se em Nova Iorque, e dentro da cidade são apresentados dois espaços distintos. Subway Uptown

↓ ↓ Símbolo do mundo ao Símbolo do mundo ao qual o Limpa-vias pertence qual o Limpa-vias não pertence

↓ ↓ 6 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora

Graça Viais

“chuva benéfica”, “trabalho”, “obscuridade”, “prenúncio votivo de abundância”, “mundo abastado”, “imponente igreja”, “chão imundo e viscoso” , “cerimónias”, “enchia-lhes a barriga”, “sustento”, “lívida claridade”, “símbolo do “crescei e multiplicai-vos” , ” maná”, “desperdício”, pobreza”, “grande estrago de alegria”, “arroz carolino, de primeira”, “negrume interior”

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O LIMPA-VIAS RECOLHE O MUNDO ABASTADO QUE OUTROS DESPERDIÇAM QUE DESPERDIÇA

SÃO DOIS MUNDOS QUE SE TOCAM, MAS NUNCA SE MISTURAM.

EMPRÉSTIMOS

São elementos lexicais que podem ser internos a uma língua ou estrangeirismos adoptados por essa língua. A palavra janela é um empréstimo da própria língua, porque além do seu significado comum (Abre a janela para arejar a casa), passou a designar também uma área do ecrã do computador, por tradução do inglês window. O mesmo se passa com o vocábulo rato (o animal e o periférico de entrada que envia informação para o computador). Os estrangeirismos são palavras que a língua não conseguiu adaptar: marketing, software, ballet, croissant… Na língua portuguesa, os estrangeirismos mais significativos são os anglicismos e os galicismos, palavras inglesas e francesas.

1. No conto “Arroz do céu” surge ainda outro estrangeirismo. Identifica-o e diz qual o seu significado. 2. Repara no seguinte exemplo: O meu hobby preferido é fazer natação.

O meu passatempo preferido é fazer natação.2.1. O estrangeirismo foi substituído por uma palavra portuguesa. Tendo em conta este

exemplo, reescreve as seguintes frases:

a) Tens que utilizar uma password para aceder ao programa.

b) O staff da minha empresa é muito competente.

c) Hoje, a Luísa foi a um casting.

d) Este produto tem um bom slogan.

3. Completa as seguintes frases com as palavras que te são dadas:

Paparazzi; performance; bluff; skinhead, stock; check up; check in

a) O António fez ____________ no jogo de cartas.

b) Amanhã vou fazer um ____________ de rotina para ficar mais descansada.

c) No jornal, informaram que dois jovens foram incomodados por um indivíduo que pertencia a um

grupo______________ .

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d) Tenho que chegar ao aeroporto duas horas mais cedo para fazer o ____________.

e) A loja de discos tem pouco _________ .

f) Adorei a ____________ do actor principal da peça de teatro.

g) Os actores de Hollywood normalmente são perseguidos pelos ________________.

AS PERSONAGENS1. Faz o levantamento das personagens do conto, inscrevendo-as no quadro que se segue:

PERSONAGENS PRINCIPAIS PERSONAGENS SECUNDÁRIAS PERSONAGENS FIGURANTESPersonagens mais importantes, cujas acções têm importância para o desenrolar dos acontecimentos, modificando / alterando de alguma forma a situação inicial da história. É o herói.

Personagens menos importantes, cujas acções não têm tanta importância para o desenrolar dos acontecimentos; são normalmente adjuvantes ou oponentes da personagem principal.

personagens que estão presentes mas não intervêm nos acontecimentos da história: têm como único objectivo ilustrar o ambiente e o espaço social, cultural,…

2. Na primeira apresentação da personagem principal é aqui feita, ficamos a saber:

a sua profissão o local onde é exercida o trabalho diário do limpa-vias.

.3. Para caracterizar o Limpa-vias, o narrador utiliza a expressão “uma toupeira, um rato dos canos”. Isto

significa que…

a) O Limpa-vias gostava de andar dentro dos canos.

b) O Limpa-vias passava muito tempo no subterrâneo.

c) O Limpa-vias era peludo e cheirava mal.

3.1. Identifica o recurso estilístico presente na expressão acima mencionada.

3.2. Transforma-o de modo a obteres uma comparação.

3.1. De acordo com a informação que se segue, identifica o modo de caracterização presente na expressão acima referida:

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Caracterização DirectaAs personagens são caracterizadas

directamente, quando as suas características são apresentadas

explicitamente pelo narrador, por outras personagens ou por elas

próprias.

A Caracterização Indirectaé inferida pelo leitor a partir dos

actos, atitudes e comportamentos da personagem ao longo da acção.

O retrato é traçado, principalmente o psicológico e o social, recorrendo a

factos e / ou atitudes.

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4. Caracteriza o limpa-vias, utilizando as seguintes expressões do conto:

“estrangeiro”, “raça indistinta”, “imigrante”, “só falava em monossílabos”, “pobre”, “patina oleosa e negra”, “face incolor”, “sempre de olhos no chão”, “bisonho e calado”, “resignado”

Retrato físico Retrato psicológico Condição social

Ao longo do conto, o Limpa-vias mostra desconhecer algumas das utilidades do arroz.5. Atenta nos 7º, 8º e 9º parágrafos e preenche o quadro:

5.1. Assinalando tudo o que o Limpa-vias desconhecia.5.2. Apontando as razões para o desconhecimento dos aspectos apresentados.

5.1 O Limpa-vias desconhecia… 5.2 porque…

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- Indicação de particularidades como altura, estatura, cor dos olhos..- É geralmente feita de forma directa, mas o facto de a personagem ser apresentada a carregar grandes pesos indica uma constituição física robusta, dando-nos, assim, uma característica física de forma indirecta.

- Indicação de particularidades como hábitos, sentimentos, temperamento, relacionamento com os outros…- A caracterização psicológica feita de forma directa, é, normalmente, realizada através de adjectivos como sensato, teimoso, obstinado, perspicaz, tolerante, agressivo…- Quando é realizada de forma indirecta é ao leitor que cabe a atribuição das qualidades de corajosa a uma personagem que é apresentada a salvar sozinha a sua casa em chamas, quando todas as outras já haviam desistido

- Indicação de particularidades como profissão, estatuto económico, nível cultural…- A caracterização social feita de forma directa, é, normalmente, realizada através de adjectivos como rico, pobre, culto, desfavorecido, desempregado…- Quando é realizada de forma indirecta, é o leitor que tem de inferir a qualidade de pobreza em relação a uma personagem que mora numa rua estreita, sem sol e com as casas em ruína.

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o que ficava por cima da galeria

6. O desconhecimento destes aspectos levou o Limpa-vias à mudança: quer a nível das atitudes perante o concreto, quer a nível das suas crenças.6.1. Completa o esquema com a evolução das suas reacções relativamente ao arroz, de acordo

com o modelo.

7. A evolução do Limpa-vias teve outras consequências. Recorda a frase “Sempre de olhos no chão (…) como quem nada espera do Alto e não espera.”7.1. Justifica a utilização de maiúscula na palavra Alto.7.2. Que podemos concluir relativamente à fé do Limpa-vias?7.3. Comprova com elementos do texto que a importância do arroz conduziu o Limpa-vias a uma

mudança relativamente à sua fé.7.4. Esta mudança implicou ainda outras atitudes. Completa as frases com palavras tuas.

8. Sublinha, neste excerto, a frase que caracteriza o arroz.

“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como ia agora por ali com mais frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. O homem matutou: donde é que viria tanto arroz?”

8.1. Qual o recurso estilístico presente na frase que sublinhaste? Completa a frase que se segue:

O arroz é descrito de uma forma muito sugestiva, trata-se de uma _______________. O arroz é ______________ a pérolas, realçando o que ambos têm em comum: a brancura e o brilho.

4.2. Se pensares um pouco existem outras coisas igualmente brilhantes: lâmpadas, estrelas, velas. Tudo isto brilha intensamente no escuro.

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A primeira vez ignorou-o porque considerou-o lixo

Vezes seguintes …………………………… porque ………………………………………...

Um dia ……………………………………… porque ………………………………………...

A partir desse dia ……………………………. porque ………………………………………...

Guardou segredo, pois…Resignou-se à vontade de Deus porque…Começou a rezar-lhe para …

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4.2.1. O narrador compara o arroz a pérolas e não a lâmpadas, velas ou estrelas porque…

a) …as lâmpadas e as velas são pouco brilhantes. b) …as pérolas são mais raras e muito valiosas. c) …as estrelas estão demasiado longe.

4.2.2. A comparação entre as pérolas e o arroz significa que…

a) para o Limpa-vias o arroz era tão raro e tão valioso como pérolas. b) o Limpa-vias encontrava colares de pérolas desfeitos junto com o arroz. c) o sonho do Limpa-vias era ter muitas pérolas.

9. O “arroz do céu” teve duas consequências na vida do limpa-vias: uma, é de ordem material; outra, espiritual. Indica uma e outra.

10. Assim, a imagem que o limpa-vias tem do arroz também muda ao longo da acção. Completa o texto com palavras / expressões retiradas do quadro 2.

11. Como deves ter reparado, os últimos parágrafos do conto têm várias expressões com significado religioso. Relê-os atentamente e, seguidamente, escreve nos espaços vazios as palavras ou expressões ligadas à religião, preenchendo o esquema.

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Texto lacunar quadro 2

Primeiro, o arroz foi visto como ……………………………….……..…, mas começa a destacar-se porque era …………………………………..…….…, polido e brilhava, ao contrário dos detritos. Depois, passou a ser um ………….…………………..…: alvo, carolino, de primeira! A importância que ganhou na subsistência da família e a sua origem possivelmente …………………….……………..…, deu-lhe uma imagem de …………………………………………., isto é, de alimento dado pelos deuses.

divina / limpolixo / manáalimento de qualidade

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Palavras parónimasUma das palavras usadas para caracterizar o limpa-vias foi “imigrante”. Sabes qual o seu significado? Imigrante Emigrante ▼ ▼ pessoa que imigra: que vem estabelecer-se pessoa que emigra; que deixa o seu país num país que não é o seu. para se estabelecer noutro.

Estados Unidos da América ← Estónia ou Lituânia

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Campo lexical Ao seleccionares as palavras e ao agrupá-las em volta do conceito de religião, acabaste de criar um campo lexical. Como podes ver, trata-se de um conjunto de palavras que se podem associar à volta de uma ideia, conceito ou realidade.

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Palavras parónimas: são palavras semelhantes a nível fónico e a nível gráfico, mas que não são equivalentes a nível do significado ( têm grafia e som semelhantes e são passíveis de confusão dada essa semelhança).

1. Faz corresponder as seguintes palavras e o seu significado correcto, de modo a obteres pares de palavras parónimas.

( sono, ascender, emergir, extracto largura, incidente, evadir, ilegível, iminente, rebelar, cumprimento, crer, parecer, apreender, discrição, mandado, assassínio )

PARÓNIMAS SIGNIFICADO SENTIDOS PARÓNIMAS SIGNIFICADOcomprimento INSTRUIR-SE / ASSIMILAR sonho

HOMICIDA / HOMICÍDIOMOSTRAR / INSURGIR

descrição VIR À SUPERFÍCIE / MERGULHAR mandatoMEDIDA / SAUDAÇÃO

assassino DESCREVER / DISCRETO perecerPERÍODO DE ACÇÃO POLÍTICA / ORDEM

querer FUGIR / APODERAR-SE aprenderQUE NÃO SE PODE LER / SER

elegível VONTADE DE DORMIR / SONHAR imergirPRESTES A ACONTECER / ELEVADO

eminente ACREDITAR / PRETENDER invadirILUMINAR / ELEVAR

revelar QUE PODE SER ELEITO acenderMORRER / APARENTAR

estrato CAMADA / ALGO EXTRAÍDO, SEPARADO acidente ACONTECIMENTO CASUAL GRAVE / ACONTECIMENTO CASUAL SEM GRAVIDADE

2. Atenta nas frases seguintes e classifica as palavras sublinhadas: a) A mulher do limpa-vias comprou uma saia linda. O limpa-vias saía muito tarde do trabalho. b) O limpa-vias está sem dinheiro. Os seus pais deram-lhe cem euros. c) A sua mulher foi ao banco pedir um empréstimo. O limpa-vias sentou-se num banco a descansar. d) O limpa-vias arrumou o arroz na despensa. Ele vai pedir dispensa do serviço nocturno.

ACERCA DE – CERCA DE- HÁ CERCA DE1. Escreve-se ACERCA DE: com o sentido de “a respeito de” (O limpa-vias falou acerca do arroz à mulher.)2. Escreve-se CERCA DE: com o sentido de “mais ou menos” (Ele recolheu cerca de um quilo de arroz.)3. Escreve-se HÁ CERCA DE: com o sentido de “intervalo de tempo” (O limpa-vias trabalha há cerca de 3

meses no subway.)Exercícios:Falámos ___________________ tudo e mais Foi _________________ de três dias que ele reparou no

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alguma coisa.Não sei nada _______________ disso.Estive em Nova-Iorque ____________ de um mês.O seminário foi _______________ da pobreza.O que me dizes _________________ de irmos de metro?

arroz.Portugal tem _______________ de 10 milhões de habitantes.Foi um grande casamento: estavam lá ___________ 500 pessoas.O seu trabalho é _________________ de quê?Já não ando de metro ______________ de 6 meses.

CONTUDO – COM TUDO1. Escreve-se CONTUDO:- quando se trata da conjunção adversativa (tal como “MAS”, “PORÉM”)

O limpa-vias trabalha, contudo não ganha o suficiente para sustentar a família.2. Escreve-se COM TUDO:- quando se trata de uma preposição seguida de um pronome indefinido.

Naquele dia, o limpa-vias ficou tão feliz que se esqueceu do saco com tudo lá dentro!Nasci à beira-mar, ___________ não sei nadar.Arruma o quarto_________ como estava.__________ o que reuni na Internet, já posso fazer um bom trabalho; __________ não me posso limitar a copiar o que encontrei.

________ isto desarrumado, nem penses que vais sair!________ o que tens feito, bem mereces um descanso.Estudei bastante, __________ parece que não sei nada.

Fiquei transtornada ___________ o que me contaste. Tenho dinheiro e ____________ não sou feliz.

DEMAIS – DE MAIS1. Escreve-se DEMAIS: com o sentido de “os outros”, “os restantes”

O limpa-vias e os demais emigrantes vivem com muitas dificuldades.2. Escreve-se DE MAIS: com o sentido de “demasiado”, “a mais”

O limpa-vias trabalha de mais.Isto é ______________________.o aluno saiu da sala e os _______ ficaram lá dentro.Estou cansada ______________ para te aturar. Estás a comer ________________________.

Não corras ____________________ que ficas com dor de barriga.Portugal e os _________________ países da Europa são muito procurados pelos emigrantes.

SE NÃO - SENÃO1. Escreve-se SE NÃO: quando SE é uma conjunção e NÃO é um advérbio ( com o sentido de “caso não”.

(Se não tivesse encontrado o arroz, passaria fome.)2. Escreve-se SENÃO: com o sentido de “apenas”, “excepto” (Ninguém ligava àquele arroz, senão o limpa-

vias.)Perdes o comboio, ______________ te apressares.______________ encontrar arroz, a família não terá jantar.__________________ percebes, diz.

Não sei nadar ________________ de costas.Não tinham nada para comer, ______________ arroz.Não dizes ________________ asneiras.

A CARTA

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Querida mãe, querido pai. Então que tal? Nós andamos do jeito que Deus quer Entre dias que passam menos mal Em vem um que nos dá mais que fazer

Mas falemos de coisas bem melhores A Laurinda faz vestidos por medida O rapaz estuda nos computadores Dizem que é um emprego com saída

Cá chegou direitinha a encomenda Pelo "expresso" que parou na Piedade Pão de trigo e linguiça pra merenda Sempre dá para enganar a saudade

Espero que não demorem a mandar Novidade na volta do correio A ribeira corre bem ou vai secar? Como estão as oliveiras de "candeio"?

Já não tenho mais assunto pra escrever Cumprimentos ao nosso pessoal Um abraço deste que tanto vos quer Sou capaz de ir aí pelo Natal

1. Acabaste de ouvir uma canção que se chama “POSTAL DOS CORREIOS”; observa a estrutura da carta e rescreve a canção, obedecendo a essa estrutura e introduzindo os elementos necessários.

2. Como sabes, o limpa-vias é imigrante em Nova Iorque. O seu país de origem é a Estónia ou a Lituânia e, provavelmente, deixou lá alguns familiares. Hoje, ele resolveu escrever uma carta à mãe, contando a sua nova vida em Nova York.

2.1. Redige a carta que o limpa-vias escreveu à mãe.

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- para saudar ou apresentar brevemente o objectivo da carta;

- para encerrar o assunto e fazer despedidas

- para tratar com algum pormenor o assunto principal, introduzir outros assuntos e apresentar argumentos, se necessário;

Além da necessidade de respeitar a estrutura da carta, é fundamental a utilização das fórmulas de tratamento e dos registos de língua adequados ao destinatário e à situação

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O NARRADORPara se partilhar uma história é necessário contá-la.

O narrador é uma entidade imaginária que conta a história. É uma das três entidades da história, sendo as outras o autor e o leitor. O leitor e o autor habitam o mundo real. A função do autor é criar um mundo alternativo, com personagens, cenários e acontecimentos que formem a história. A função do leitor é entender e interpretar a história. Já o narrador existe no mundo da história (e apenas nele) e aparece de uma forma que o leitor possa compreendê-lo.

1. Lê o seguinte excerto: “Volta e meia há casório, sobretudo no bom tempo, ou aos domingos. É um desperdício de arroz, não sei donde vem o costume: talvez seja um prenúncio votivo de abundância, ou um símbolo do «crescei e multiplicai-vos» (como arroz). A gente pára a olhar, e tem vontade de perguntar: «A como está hoje o arroz de primeira cá na freguesia?» “Aquela chuva de grãos atravessa as grades, resvala no plano inclinado do respiradouro, e, se não adere à sujidade pegajosa ou ao chewing gum (o bairro é pouco dado a mastigar o chicle), ressalta para dentro do subterrâneo, numa estreita passagem de serviço vedada aos passageiros.”

2. Quem conta este excerto da história do limpa-vias?

a) O limpa-vias b) O autor c) O sacristão d) O narrador

Narrador participante / não participanteO narrador pode contar a história de diferentes maneiras. Completa o texto com o vocabulário que te é dado.

1. Pode participar na história que está a narrar e nesse caso é um narrador _______________. Assim, se for a personagem principal da história que conta, é um narrador de _______________. Se for apenas uma das personagens secundárias é um narrador de ____________________.

VOCABULÁRIO 2. Pode contar uma história na qual não participa e nesse caso é um narrador ____________________. Este narrador narra a acção na _____________ pessoa.

NÃO PARTICIPANTEPARTICIPANTE

3ª PESSOA1ª PESSOA

1. Identifica no excerto as oito formas verbais que te indicam que estamos na presença de um narrador não participante.

“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como ia agora por ali com mais frequência, notou que a coisa se repetia. O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. O homem matutou: donde é que viria tanto arroz?”

2. Se o narrador fosse o limpa-vias as formas verbais passariam para a 1ª pessoa e estaríamos perante um narrador participante. Imagina então que o narrador é o limpa-vias e transforma o texto.

“A primeira vez que ________ aquele arroz derramado no chão, e __________ os bagos a ___________ debaixo das botifarras, não ________ caso; __________ com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico, com um aro na boca. Mas como _________ agora por ali com mais frequência, ___________ que a coisa se repetia.O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil colares desfeitos no escuro da galeria. E _______________: donde é que viria tanto arroz?”

Posição do narrador

objectivo subjectivonão toma posição face aos acontecimentos: é isento e imparcial.

toma posição, declara ou sugere a sua posição de adesão ou recusa, fazendo comentários, revelando a sua opinião; é parcial.

3. Relê o conto e transcreve passagens do texto onde sejam evidentes cada uma destas posições.

16 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

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CLASSE DOS VERBOS

DEFINIÇÃO

Os verbos são palavras variáveis que exprimem:1. Acções – “Intrigado, ergueu os olhos pela primeira vez para o alto”2. Qualidades – “O arroz limpo e polido brilhava como as pérolas de mil

colares”FLEXÃO MODOS TEMPOS NÚMERO PESSOAS

MODOS TEMPOSPRESENTE PRETÉRITO

IMPERFEITOPRETÉRITO PERFEITO

PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO

FUTURO IMPERFEITO

Existem ainda as formas

verbais não finitas:

*Infinitivo (pessoal e impessoal)*gerúndio*particípio

passado

INDICATIVO eu estudo eu estudava eu estudei eu estudara

eu estudarei

CONJUNTIVO que eu estude

que eu estudasse

se/quando eu estudar

CONDICIONAL eu estudaria

IMPERATIVO

estuda / estude

/estudemos / estudai / estudem

CONJUGAÇÃO

VERBOS REGULARES: MANTÉM O RADICAL1ª CONJUGAÇÃOVerbos de tema em –a

2ª CONJUGAÇÃOVerbos de tema em -e

3ª CONJUGAÇÃOVerbos de tema em -i

FORMAS ESPECIAIS DE CONJUGAÇÃOConjugação Pronominal(Verbo conjugado com pronome pessoal. EXº: amá-lo)

Conjugação Pronominal Reflexa(Verbo conjugado com pronome reflexo. EXº: lavar-se)

verbos defectivos(Verbos que só se conjugam em algumas pessoas. EXº chover)

VERBOS IRREGULARES: NÃO MANTÊM O RADICAL

SUBCLASSESverbos intransitivos

verbos transitivos DIRECTOS

verbos transitivos INDIRECTOS

verbos transitivos DIRECTOS E INDIRECTOS

verbos copulativos

TPC: Copia o seguinte quadro no caderno diário e conjuga os verbos REPETIR e VARRERPRESENTE PRETÉRITO

IMPERFEITOPRETÉRITO PERFEITO

PRETÉRITO MAIS QUE PERFEITO

FUTURO IMPERFEITO

INDICATIVO CONJUNTIVO CONDICIONAL IMPERATIVO

CONJUGAÇÃO PRONOMINAL

17 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

Page 18: Guiao de-leitura-arroz-do-ceu

1. As formas verbais sublinhadas, no seguinte excerto, encontram-se na conjugação pronominal.

“A primeira vez que viu aquele arroz derramado no chão, e sentiu os bagos a estalar-lhe debaixo das botifarras, o limpa-vias não fez caso; varreu-os com o resto do lixo para dentro do saco cilíndrico…”

“Embrulhava-o num jornal ou metia-o num cartucho, e assim o levava à família.”

1.1. Rescreve o texto substituindo os pronomes pessoais pelas palavras que lhes correspondem.1.2. Identifica a função dessas palavras, nas frases que escreveste.

Pronome pessoal:

O pronome pessoal refere-se aos participantes do discurso, através de uma das três pessoas gramaticais, ou representa um nome anteriormente expresso. Varia quanto à pessoa, ao número, ao género e à função. No quadro que se segue encontram-se todas as formas do pronome pessoal e as funções sintácticas que podem desempenhar:

Pronomes pessoais

Número  Pessoa

FUNÇÕES SINTÁCTICAS

SUJEITOCOMPLEMENTO

DIRECTOCOMPLEMENTO

INDIRECTO

singularprimeirasegundaterceira

eutu

ele, ela

mete

o, a, lhe, se

mim, comigoti, contigo

ele, ela, si, consigo

pluralprimeirasegundaterceira

nósvós

eles, elas

nosvos

os, as, lhes, se

nós, connoscovós, convosco

eles, elas, si, consigo

2. Sublinha os pronomes pessoais presentes nas seguintes frases:

a) trepam sub-repticiamente aos respiradouros (…)para colher aquele dinheiro-de-ninguém, enquanto um ou mais camaradas vigilantes os vão guiando cá de fora. Também os há que entram sem pagar, por entre as pernas da freguesia (..).

b) Ele picava papéis na ponta de um pau com um prego, e metia-os no saco.c) Nem sequer olhava a lívida claridade que resvala dos respiradouros (…) nunca lhos tinham mandado limpar.d) Até que um dia, depois de olhar em roda, não andasse alguém a espiá-lo, abaixou-se, ajuntou os bagos com

a mão, num montículo, e encheu com eles um bolso do macaco.

2.1. Preenche o quadro com os pronomes pessoais que sublinhaste, colocando-os na coluna adequada, consoante a sua função sintáctica.

SUJEITO COMPLEMENTO DIRECTO COMPLEMENTO INDIRECTO

CONJUGAÇÃO PRONOMINAL ( transformações dos pronomes o, a, os, as )

18 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

Page 19: Guiao de-leitura-arroz-do-ceu

Quando juntamos pronomes aos verbos, há algumas regras que temos que ter em conta:1 – Quando a forma verbal termina em vogal, o pronome não sofre alterações.

ex: Vi o filme. > Vi-o

2 - Quando a forma verbal termina em R, S, ou Z, estas consoantes caem e o pronome pessoal passa a ser: -lo, -la, -los, -las.

ex: Vou ver o Luís. > Vou vê-lo. Tu contas histórias. > Tu conta-las. Ele faz os trabalhos de casa. > Ele fá-los.

3 - Se a forma verbal terminar em M ou em ditongo nasal (õe, ão), o pronome tomará as formas: -no, -na -nos, -nas. ex: Os alunos viram o filme. > Os alunos viram-no O João põe o livro na estante. > O João põe-no na estante.

4 – Quando a forma verbal estiver no modo condicional, o pronome coloca-se entre o radi-cal do verbo e as terminações verbais (-ia, -ias, -ia, -íamos, -íeis, –iam). No entanto, como o radical termina em R, este cai e o pronome ganha um L, tomando a forma -lo, -la, -los, -las.

ex: Eu levaria a bicicleta para a escola. > Eu levá-la-ia para a escola. Tu convidarias os teus amigos para a festa. > Tu convidá-los-ias para a festa.

5 - Quando a forma verbal estiver no futuro, o pronome coloca-se entre o radical do verbo e as terminações verbais (-á, -ás, -á, -emos, -eis, –ão). No entanto, como o radical termina em «R», este cai e o pronome ganha um L, tomando a forma -lo, -la, -los, -las.

ex: Ele entregará a encomenda a tempo. > Ele entregá-la-á a tempo. Eles pedirão a prenda à mãe. > Eles pedi-la-ão à mãe.

6 – Se a frase estiver na negativa, o pronome vai para antes do verbo, sem sofrer alterações (tal como nalguns casos em que a frase está na forma interrogativa).

ex: Ele não levou o livro para a aula. > Ele não o levou para a aula Já leste o livro todo?. > Já o leste todo?

CASOS ESPECIAIS: Sempre que na frase se encontrem em contacto duas formas de pronome pessoal, complemento directo e indirecto, elas contraem-se formando uma só palavra (em qualquer tempo verbal).

ex: Já li o livro. Posso emprestar-to ( te o ) Encontraste a peça? Então dá-ma. (me a)

verbo + lo, la, los, las

verbo + no, na, nos, nas

verbo + pronome + ia,ias, ia, íamos, íeis, iam.

verbo + pronome + ei, ás,á, emos, eis, ão.

_!( formas contraídas )

6. Substitui as expressões destacadas pelo pronome correspondente e faz as alterações necessárias:

Os rapazes tiraram as moedas do respiradouro.Ele levará o arroz para casa.O limpa-vias contou tudo à mulher.Os colegas do limpa-vias não viram o lixo no chão. O limpa-vias metia os papéis no saco.

ele pôs o arroz dentro do saco.Aquele arroz mataria a fome à família e si próprio.A mulher pediu-lhe arroz.O limpa-vias vai arrumar o arroz na despensa.O sacristão não varre o arroz quando acabam os casamentos.

19 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

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Desenlace do conto “Arroz do Céu”1. O “arroz do céu” teve duas consequências na vida do limpa-vias: uma, é de ordem material; outra, espiritual. 1.1. Indica uma e outra.

.

A frase final é profundamente irónica, dando a entender que há um Céu para os ricos e outro Céu (muito mais baixo) para os pobres.

Preenche o esquema-síntese do conto com palavras/expressões QUE OS CARACTERIZEM, OPONDO-OS, segundo o modelo:

20 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

“O céu do limpa-vias é a rua que os outros pisam”“O céu do limpa-vias é a rua que os outros pisam”

MUNDO DO LIMPA-VIAS

__________________________

OBSCURIDADE

__________________________

FOME

__________________________

__________________________

REMEDEIO

RESIGNAÇÃO

ABUNDÂNCIA

__________________________

CONSUMISMO

__________________________

ALEGRIA

LUXO

_________________________

_________________________

DESPERDÍCIO

UPTOWNUPTOWNSUBWAYSUBWAY

MUNDO

DOSOUTROS

MUNDO

DOSOUTROS

MUNDO

DO

LIMPA

VIAS

MUNDO

DO

LIMPA

VIAS

Page 21: Guiao de-leitura-arroz-do-ceu

NARRATIVA ABERTA VS NARRATIVA FECHADA

1. De acordo com a informação acima, podemos considerar que o conto “ARROZ DO CÉU” permite-nos imaginar uma continuação da história.

1.1. Imagina a continuação da história, escrevendo um desenlace para este conto de modo a torná-lo numa narrativa fechada.

21 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

História completa — Geralmente a história

começa por preparar o leitor para o que se vai

passar em algumas linhas iniciais (introdução). Só

então se narram os acontecimentos

(desenvolvimento) e, finalmente, também em

poucas linhas, o leitor sente, através de um

desenlace ( conclusão), opinião ou parecer, que

termina a história (conclusão ou final).

Narrativa fechada — A este tipo de narrativa com

introdução, desenvolvimento e conclusão, damos o

nome de narrativa fechada porque sabemos a

sorte final das personagens.

È uma narrativa fechada porque a história foi

solucionada até ao pormenor, até um ponto que

sentimos como acabada.

Pode acontecer que o destino das personagens fique suspenso, incompleto, A história não é totalmente solucionada (não se conhecendo o final) ou permitindo ao leitor imaginar uma continuação ou um final. Sendo assim, trata-se de uma narrativa aberta.

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Lê um possível desenlace para o conto Arroz do Céu:

1. Um director de jornal enviou, ao local do sinistro, um jornalista pouco experiente que, embora tenha recolhido todos os dados, tem muitas dificuldades em redigir uma notícia bem estruturada. 1.1. Partindo dos apontamentos do jovem jornalista e da informação sobre as características da

notícia, na página seguinte, ajuda-o a escrever a notícia.

1.2. Como reparaste, o jornalista também não pontuou o seu texto. Ajuda-o novamente.

1.3. Dá um título preciso e sugestivo à notícia.

22 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

Confiado naquele remedeio de vida, o limpa-vias vivia agora obcecado por aquele arroz que Deus, lá no Alto, lhe mandava para encher a barriga dos filhos.

Todos os dias, levava um saco no bolso e apanhava, fervorosamente, todo o arroz que encontrava.Mas, certo dia, embrenhado na recolha do arroz, só tendo olhos para os bagos alvos, não se apercebeu da chegada fatal do metropolitano das 17 horas.

Ajoelhado no meio da via, repentinamente, viu iluminarem-se os bagos; agora, nas suas mãos, os bagos pareciam ouro!

Depois, um violento embate, sombras, trevas, uma sensação de entorpecimento, a lembrança da mulher e dos filhos à espera do arroz do céu.

Em casa, a mulher e os filhos daí a pouco saberiam: aquela chuva de arroz polido, carolino, de primeira, nunca mais os alegraria.

Eram 17 horas quando de repente o condutor do metropolitano John Smith, se deu conta de um vulto na via; travou de imediato mas não conseguiu evitar o embate.

Um limpa-vias sucumbiu ontem à tarde na linha do metro em Nova Iorque.

O limpa-vias Antunius Juri de 43 anos de idade imigrante foi atropelado por um metropolitano tendo morte imediata.

O condutor afirma ainda que o limpa-vias nem sequer se apercebeu da aproximação do veículo pois que não fez qualquer tentativa de fuga.

As circunstâncias desta morte permanecem obscuras: as autoridades locais referem a possibilidade de o limpa-vias ter tropeçado e caído na linha aí permanecendo inconsciente.

A reforçar esta hipótese foi adiantado o facto de ter sido encontrado no local do sinistro arroz espalhado pelo chão assim como um saco com arroz na mão do sinistrado.

O limpa-vias que residia num dos subúrbios de Nova Iorque deixa a mulher e os sete filhos sem quaisquer recursos.

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A NOTÍCIANotícia - estrutura e linguagem

A notícia é um texto de carácter informativo do domínio da Comunicação Social. Caracteriza-se pela actualidade, objectividade, brevidade e interesse geral. Relata, por vezes, situações pouco habituais. É redigida na 3.a pessoa. As informações são, geralmente, apresentadas por ordem decrescente de importância.

A estrutura da notícia

Uma notícia bem estruturada deve ser constituída por:1. A notícia é encabeçada por um TÍTULO que deve ser muito preciso e expressivo, para

chamar a atenção do leitor. Este título relaciona-se, habitualmente, com o que é tratado no LEAD e pode ser acompanhado por um antetítulo ou por um subtítulo.

2. LEAD, CABEÇA ou PARÁGRAFO-GUIA - primeiro parágrafo, no qual se resume o que aconteceu. É a parte mais importante da notícia e o seu objectivo é, não só captar a atenção do leitor, mas ainda fornecer-lhe as informações fundamentais.Neste parágrafo deverá ser dada resposta às seguintes perguntas essenciais: quem?, o quê?, onde?, quando?

3. CORPO DA NOTÍCIA - desenvolvimento da notícia, onde se faz a descrição pormenorizada do que aconteceu.Nesta segunda parte, deverá responder-se às perguntas: como?, porquê?

O esquema acima refere-se à técnica da pirâmide invertida - é habitual representar-se graficamente a notícia por esta pirâmide invertida.Na prática, aparecem muitas notícias que não respeitam a estrutura atrás apresentada.

Características da linguagem da notícia

A linguagem a utilizar na notícia deverá respeitar os seguintes princípios:- ser simples, clara, concisa e acessível, utilizando vocabulário corrente e frases curtas;- recorrer prioritariamente ao nome e ao verbo, evitando sobretudo os adjectivos valorativos;

23 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

ANTETÍTULOTÍTULO

SUBTÍTULO

LEAD

CORPO DA NOTÍCIA

quem? o quê? onde?quando?

como? porquê? consequências?etc.…

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Algumas soluções / sugestões:

24 guião leitura Arroz do céu de José Rodrigues Miguéis Professora Graça Viais

Este guião foi elaborado com base na seguinte bibliografia:Uma análise do conto “Arroz do Céu” Maria Filomena Ruivo Ferreira SantosIlustrações a partir da Escola Virtual, Porto Editoraficha formativa da Professora Paula do Aido AlmeidaManual: Oficina da língua 7, Carla Marques e outros, edições Asa

MORTE NA LINHA DO METROUm limpa-vias sucumbiu ontem à tarde na linha do metro em Nova Iorque.O limpa-vias Antunius Juri de 43 anos de idade imigrante foi atropelado por um metropolitano tendo morte imediata.Eram 17 horas quando de repente o condutor do metropolitano John Smith, se deu conta de um vulto na via; travou de imediato mas não conseguiu evitar o embate. O condutor afirma ainda que o limpa-vias nem sequer se apercebeu da aproximação do veículo pois que não fez qualquer tentativa de fuga.As circunstâncias desta morte permanecem obscuras: as autoridades locais referem a possibilidade de o limpa-vias ter tropeçado e caído na linha aí permanecendo inconsciente. A reforçar esta hipótese foi adiantado o facto de ter sido encontrado no local do sinistro arroz espalhado pelo chão assim como um saco com arroz na mão do sinistrado.O limpa-vias que residia num dos subúrbios de Nova Iorque deixa a mulher e os sete filhos sem quaisquer recursos.

Nova Iorque, 19 de Novembro de 2006 Querida mãe, Espero que, quando receberes esta carta, estejas de perfeita saúde. Bem sei que esperavas notícias minhas mais cedo, mas nem sempre posso escrever quando quero. A nossa vida por cá continua muito difícil. Ainda não entendo muito bem o inglês e sinto-me muito sozinho. Além disso, o dinheiro é pouco e quase não chega para comer. Mas ultimamente temos tido uma ajuda vinda do Céu. Tem caído muito arroz para dentro da estação de metro onde trabalho. Não sei bem o que se passa, mas acho que Deus não se esqueceu de nós… Gostávamos muito de ir passar o Natal convosco, mas infelizmente não temos dinheiro para a viagem. Pelo menos, este ano temos arroz com fartura para a ceia de Natal. Tenho de terminar. Estou cheio de saudades vossas e mal posso esperar pela hora de vos voltar a ver e a abraçar. Um grande abraço cheio de saudade O teu filho