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Diretrizes de tratamentos oncológicos recomendados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica Observação As diretrizes seguem níveis pré-definidos de evidência científica e força por trás de cada recomendação (ver anexo). Não são objetivos dessas diretrizes recomendações a respeito de rastreamento nem considerações fisiopatológicas sobre as doenças. Cada opção terapêutica recomendada foi avaliada quanto à relevância clínica, mas também quanto ao impacto econômico. Assim, algumas alternativas podem (não há obrigatoriedade) ser recomendadas como aceitá- veis somente dentro de um cenário de restrição orçamentária, no sistema público de saúde brasileiro (devendo ser identificadas e com a ressalva de que não configuram a alternativa ideal, dentro do espaço considerações). GLIOMAS AUTORES Drª. Clarissa Baldotto Drª. Aknar Calabrich Drª. Caroline Chaul

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Diretrizes de tratamentos oncológicos recomendados pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica

ObservaçãoAs diretrizes seguem níveis pré-definidos de evidência científica e força por trás de cada recomendação (ver anexo). Não são objetivos dessas diretrizes recomendações a respeito de rastreamento nem considerações fisiopatológicas sobre as doenças. Cada opção terapêutica recomendada foi avaliada quanto à relevância clínica, mas também quanto ao impacto econômico. Assim, algumas alternativas podem (não há obrigatoriedade) ser recomendadas como aceitá-veis somente dentro de um cenário de restrição orçamentária, no sistema público de saúde brasileiro (devendo ser identificadas e com a ressalva de que não configuram a alternativa ideal, dentro do espaço considerações).

GLIOMAS

AUTORES

Drª. Clarissa BaldottoDrª. Aknar CalabrichDrª. Caroline Chaul

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Lista de abreviaturasAE1/AE3 Citoqueratinas AE1/AE3ANVISA Agência Nacional de Vigilância SanitáriaATRX Alpha thalassemia/mental retardation syndrome X-linkedDWI Diffusion weighted imagingEORTC/NCIC European Organisation for Research and Treatment of Cancer/

National Cancer Information CenterEV EndovenosoFLAIR Fluid attenuated inversion recoveryFR Força de recomendaçãoGFAP Glial fibrilar acidic proteinHR Hazard ratioIC Intervalo de confiançaIDH Isocitrato desidrogenaseKPS Karnofsky performance scoreMGMT O6-Metilguanina-DNA MetiltransferaseNE Nível de evidênciaOMS Organização Mundial da SaúdePCV Procarbazina, Lomustina e VincristinaPS Performance statusQT QuimioterapiaRM Ressonância magnéticaRT RadioterapiaRTOG Radiation Therapy Oncology GroupSG Sobrevida globalSLP Sobrevida livre de progressãoSWI Susceptibility weighted imagingTMZ TemozolamidaVO Via oral

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� Estadiamento Classificação histológica de gliomas difusos astrocíticos e oligodendrogliais (OMS 2016)1.

Classificação Grau Características moleculares

Tumores astrocíticos

Astrocitoma difuso, IDH mutado II Mutação IDH1/2, ATRX e p53

Astrocitoma difuso, IDH selvagem II IDH1/2 selvagem

Astrocitoma difuso, IDH mutado III Mutação IDH1/2, ATRX e p53

Astrocitoma difuso, IDH selvagem III IDH1/2 selvagem

Glioblastoma, IDH mutado IV Mutação IDH1/2, ATRX e p53

Glioblastoma, IDH selvagem IV IDH1/2 selvagem

Glioblastoma, não especificado IV Teste não conclusivo

Glioblastoma difuso de linha média IV Mutação H3 K27M

Tumores oligodendrogliais

Oligodendroglioma IIIDH1/2 mutado, ATRX selvagem, codeleção de 1p19q

Oligodendroglioma não especificado II Teste não conclusivo

Oligoastrocitoma não especificado II Teste não conclusivo

Oligodendroglioma anaplásico IIIIDH1/2 mutado, ATRX selvagem, codeleção de 1p/19q

Oligodendroglioma anaplásico não especificado III Teste não conclusivo

Oligoastrocitoma anaplásico não especificado III Teste não conclusivo

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� Exames para estadiamento(NE III/FR A)

História e exame físico detalhadosÊnfase no exame neurológico, presença de crises convulsivas, reações alér-gicas e medicamentos utilizados.

Exames de imagemRM do crânio com contraste, incluindo as sequências T1, T2, T2 FLAIR, T1 pós--contraste, difusão (DWI), perfusão e imagem ponderada em susceptibilidade (SWI). A espectroscopia, embora não obrigatória, pode auxiliar na avaliação.

Exames laboratoriaisHemograma completo;

Coagulograma;

Bioquímica (incluindo eletrólitos e funções hepática e renal).

Anatomia patológicaAnálise morfológica da extensão de necrose e atividade mitótica;

Análise imuno-histoquímica, incluindo GFAP, AE1/AE3, IDH-1, ATRX e p53;

A avaliação do Ki67 por imunohistoquímica pode auxiliar;

Pacientes com tumores graus 2 ou 3, IDH positivo e ATRX presente: pes-quisa da codeleção 1p/19q para confirmar histologia oligodendroglial;

Pacientes com glioma estádio IV: Pesquisa da metilação de MGMT (embora não obrigatória, é especialmente recomendada em população idosa).

� Considerações e bases científicas para recomendações

A ressonância magnética (RM) de crânio usualmente é o único exame de imagem recomendado para o diagnóstico e avaliação inicial. Outros exames de imagem são necessários apenas na suspeita de lesões secundárias.

A classificação histopatológica atual é baseada nas recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), publicadas em 2016, segundo as quais a análise molecular é obrigatória para que se estabeleça o diagnóstico correto1.

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� TratamentoImportante: a medicação Procarbazina não está aprovada pela ANVISA para comercialização no Brasil.

Gliomas de baixo grauDoença inicial

Observação

Em pacientes assintomáticos, jovens, com imagem suspeita incidental, pode-se optar em seguimento radiológico com RM do crânio a cada 3-6 meses;

Reserva-se o tratamento para quando houver alteração radiológica mínima ou sintomas neurológicos (NE IIB/FR B).

Cirurgia

Se RM do crânio compatível com glioma de baixo grau, dá-se preferência a ressecção macroscópica total.

Deve-se proceder com biópsia ou ressecção subtotal caso a ressecção com-pleta não seja considerada segura (NE IIA/FR B).

� Considerações e bases científicas para recomendações

A cirurgia permanece como importante modalidade terapêutica e diagnóstica. No entanto, muitos gliomas de baixo grau são descobertos incidentalmente, quando exames de imagem são solicitados por outros motivos, como trauma ou cefaleia.

Se o tumor é assintomático ou localizado em área eloquente, a decisão sobre res-secção cirúrgica pode ser mais complexa.

Inúmeros estudos retrospectivos foram realizados para avaliação entre observa-ção com imagens seriadas versus ressecção cirúrgica precoce em pacientes com gliomas de baixo grau. Um dos mais recentes analisou dados de dois diferentes centros norue-gueses, um que favorecia biópsia e observação, e outro ressecção cirúrgica precoce. O centro que favorecia ressecção precoce teve uma sobrevida global (SG) significativa-mente maior, com sobrevida em 5 anos de 74%, comparada a de 60% no centro que favoreceu biópsia e observação2.

O grau de ressecção também parece impactar em sobrevida global. O estudo prospectivo de Kilic et al. avaliou 28 pacientes com estratificação baseada na extensão da ressecção: total, subtotal, parcial e biópsia3. O resultado demonstrou uma corre-lação entre a extensão da ressecção e a taxa de recorrência e diferenciação tumoral.

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Tratamento adjuvante

Gliomas grau I

Observação, independentemente do grau de ressecção (NE IIA/FR B).

Gliomas grau II

Baixo risco submetidos a ressecção macroscópica total

1. Observação (NE IIA/FR B);

2. RT seguida de 6 ciclos de PCV (Procarbazina 60mg/m² VO diariamente por 2 semanas (D8 ao D21), Lomustina 110mg/m² VO no D1 e Vincristina 1,4mg/m² EV do D8 ao D29, a cada 6 a 8 semanas) (NE IIA/FR B);

3. RT + Temozolamida concomitante (75mg/m²/dia VO nos dias de RT), seguida de 6-12 ciclos de Temozolamida adjuvante (150 a 200mg/m²/dia VO por 5 dias, a cada 4 semanas) (NE IIB/FR B).

Alto risco submetidos a ressecção macroscópica total

1. RT seguida PCV 6 ciclos (NE I/FR A);

2. RT + Temozolamida concomitante, seguida de Temozolamida adju-vante 6-12 ciclos (NE IIA/FR B);

3. RT seguida de Temozolamida adjuvante (NE IIB/FR B);

4. Observação (pacientes altamente selecionados) (NE IIB/FR B).

Ressecção parcial ou somente biopsia

1. RT seguida de PCV 6 ciclos (NE I/FR A);

2. RT + Temozolamida concomitante, seguida de Temozolamida adju-vante 6-12 ciclos (NE IIA/FR B);

3. RT seguida de Temozolamida adjuvante (NE IIB/FR B).

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� Considerações e bases científicas para recomendações

Os pacientes com gliomas de baixo grau são estratificados em baixo ou alto risco com base em características clínicas (idade > 40 anos, KPS < 70, sintomas neurológi-cos à apresentação inicial e diferenciação astrocitária)4 e extensão de ressecção.

Na era da nova classificação dos gliomas de baixo grau, onde as alterações mo-leculares se tornaram parte importante do diagnóstico, o manejo de pacientes IDH selvagem ainda é incerto e observação não se faz atrativa nesse cenário, mesmo em ressecções completas, devido caráter agressivo da doença.

A radioterapia adjuvante isolada (doses de 50 a 54Gy em frações de 1,8 a 2Gy por 5 a 6 semanas), quando comparada a observação com tratamento radioterápico na progressão da doença, não demonstrou ganho de SG em estudos fase III5. Assim, considerando os efeitos a longo prazo dessa modalidade, não se indica rotineiramente a terapia isolada após tratamento cirúrgico inicial.

O estudo fase III RTOG 9802 randomizou pacientes com gliomas de baixo grau de alto risco para radioterapia isolada ou radioterapia seguida de quimioterapia (PCV: Lomustina, Procarbazina e Vincristina)6. Após um seguimento prolongado (mediana de 11,9 anos), observou-se um ganho significativo em SG com a terapia combinada (SG mediana de 13,3 versus 7,8 anos). O benefício foi demonstrado em todos os subgru-pos, mas para astrocitomas anaplásicos, não se alcançou significância estatística. Vale ressaltar que se trata de uma análise post-hoc retrospectiva e não se teve amostragem tecidual adequada de todos os pacientes. Em 2018, no encontro anual da Sociedade Americana de Neuro-Oncologia (SNO meeting), uma avaliação molecular retrospecti-va demonstrou que o benefício do tratamento combinado estava relacionado especial-mente à presença de mutacão de IDH e não à presença de codelecao de 1p/19q.

Apesar da existência de dados robustos para o uso de PCV adjuvante, a escolha da quimioterapia ainda está sob investigação. PCV tem sido amplamente substituido por Temozolomida nos últimos estudos clínicos devido ao melhor perfil de toxicidade e à expectativa de que ambos agentes alquilantes devam ter eficácia similar. No entan-to, a comparação direta desses dois esquemas ainda está para ser completada.

O estudo fase II RTOG 0424 investigou a radioterapia com Temozolomida conco-mitante e adjuvante comparada a controles históricos, demonstrando ganho de SG7. No entanto, é o estudo fase III CODEL, em andamento, que se propõe a comparar direta-mente os dois regimes em gliomas grau 2 e 3 com codeleção de 1p/19q. Os dois braços do estudo são RT seguida de PCV e RT com Temozolomida concomitante e adjuvante. Os dados, ansiosamente aguardados, devem responder essa importante questão.

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Fluxograma para tratamento de gliomas de baixo grau (doença inicial)

Observação com RM a cada

3-6 meses(NE IIB/FR B)

Doença inicial

Cirurgia se alteração

radiológica ou sintomas mínimos

Observação(NE IIA/FR B)

Ressecção macroscópica

total

Observação (NE IIA/FR B)

RT � PCV 6x

(NE IIA/FR B)

RT + TMZ � TMX 6-12x

(NE IIB/FR B)

RT � PCV 6x

(NE I/FR A)

RT + TMZ � TMZ 6-12x

(NE IIA/FR B)

RT � TMZ 6-12x

(NE IIB/FR B)

Observação (NE IIB/FR B)

Ressecção subtotal ou

biopsia

RT � PCV 6x

(NE I/FR A)

RT + TMZ � TMZ 6-12x

(NE IIA/FR B)

RT � TMZ 6-12x

(NE IIB/FR B)

Ressecção macroscópica total ou subtotal/biopsia

se não possível completa

(NE IIA/FR B)

AssintomáticoJovemAchado incidental

G1

G2

G2Baixo risco

Alto risco

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Doença recorrente

Cirurgia

Cirurgia com ressecção macroscópica total (NE IIA/FR B);

Caso a ressecção não seja possível, nova biópsia é recomendada (se alteração de imagem sugerir transformação para alto grau) (NE IIA/FR A).

Tratamento adjuvante

Pacientes em observação (sem adjuvância prévia)

i. RT (54Gy) seguida de PCV 6 ciclos como tratamento definitivo (em pacientes não abordados cirurgicamente) ou como adjuvância após nova ressecção (NE I/FR A);

ii. RT (54Gy) + Temozolamida concomitante, seguida de Temozolamida adjuvante 6-12 ciclos (NE IIA/FR A);

iii. RT isolada em casos selecionados (NE IIB/FR B).

Pacientes submetidos à RT prévia

i. Mudança de regime quimioterápico, caso haja progressão em vigência de tratamento adjuvante inicial (NE IIA/FR A);

ii. Considerar reirradiação seguida de quimioterapia (esquema a depender de tratamento prévio), especialmente se radioterapia prévia há mais de 2 anos ou nova lesão fora do campo inicial (NE IIA/FR B);

iii. QT isolada (NE IIB/FR A)

1. PCV;

2. Carmustina isolada;

3. Regimes baseados em platina.

iv. Bevacizumabe 10mg/kg EV a cada 2 semanas + QT em pacientes com diferenciação anaplásica na progressão (NE IIB/FR B).

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� Considerações e bases científicas para recomendações

As recomendações de tratamento quimioterápico na doença recorrente em pacien-tes tratados previamente com radioterapia e quimioterapia são baseadas em estudos fase II, como o uso de Temozolomida protraída, Carboplatina e Etoposídeo8,9,10. Existem poucos dados em relação ao tratamento de pacientes com gliomas de baixo grau recor-rente ou em progressão que não receberam radioterapia previamente. Resultados do RTOG 9802 suportam o uso de RT seguida de PCV nesse grupo de pacientes6.

Fluxograma para tratamento de gliomas de baixo grau (doença recorrente)

Ressecção macroscópica

total (NE IIA/FR B)

Ressecção subtotal/biopsia se não possível

ressecção completa (NE IIA/FR A)

RT � PCV 6x

(NE I/FR A)

RT + TMZ � TMZ 6-12x

(NE IIA/FR B)

RT isolada (NE IIB/FR B)

Pacientes anteriormente em observação

Mudança do regime de QT se progressão

em vigência (NE IIA/FR A)

Re-RT (Se RT > 2 anos ou

lesão fora do campo inicial)

(NE IIA/FR B)

QT isolada (NE IIB/FR A)

- PCV- Carmustina

- Esquemas com platina

Bevacizuambe + QT

(Diferenciação anaplásica na progressão)(NE IIB/FR B)

Pacientes com RT prévia

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Gliomas de alto grauDoença inicial

Cirurgia

Ressecção macroscópica total para confirmação histológica, preser-vando a função neurológica (NE III/FR A);

Quando a cirurgia macroscópica total não é possível pela localização ou risco de comprometimento neurológico do paciente, apenas uma ressecção parcial ou biópsia deve ser realizada (NE III/FR A).

� Considerações e bases científicas para recomendações

Existe muita controvérsia entre a extensão da ressecção e o prognóstico em vir-tude da ausência de estudos randomizados. Algumas séries demonstram que somente a ressecção completa está associado a melhor sobrevida11, enquanto outras apontam uma correlação progressiva entre ressecção e prognóstico12. Monitorizações funcio-nais intraoperatórias e RM intraoperatória são métodos utilizados para aumentar a extensão da ressecção. O uso de fluorescência com ácido 5-amino-levulinico (ALA) foi associado a aumento da sobrevida livre de progressão (SLP)13.

Tratamento adjuvante

Glioblastoma multiforme

Idade < 70 anos e/ou bom PS (KPS ≥ 60%)

1. RT 3D ou IMRT (60Gy) + Temozolamida concomitante, seguida de Temozolamida adjuvante 6-12 ciclos (NE I/FR A);

Idade ≥ 70 anos e bom PS (KPS ≥ 60%)

1. RT hipofracionada (40Gy/15 frações) + Temozolamida conco-mitante, seguida de Temozolamida adjuvante 6-12 ciclos (NE I/FR A);

PS ruim (KPS < 60%)

1. MGMT metilado: Temozolamida adjuvante 6-12 ciclos (NE II/FR B);

2. MGMT não-metilado: RT isolada (40Gy/15 frações ou 25Gy/5 frações) (NE II/FR B);

3. Terapia de suporte isolada (NE IV/FR B).

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� Considerações e bases científicas para recomendações

O estudo do EORTC/NCIC randomizou 573 pacientes entre 18-70 anos por-tadores de glioblastoma multiforme para receberem RT de campo envolvido apenas ou combinado a temozolomida diário seguido de temozolomida mensal por 6 ciclos14. O tratamento combinado foi associado a uma maior SG (14,6 versus 12,1 meses; HR 0,63; p<0,0001). O seguimento de longo prazo mostrou uma sobrevida de 27% em 2 anos no braço combinado versus 11% no braço da radioterapia isolada15. A metilação do MGTM mostrou-se um fator prognóstico significativo de sobrevida e benefício da quimioterapia16, porém, na ausência de estratégias efetivas para os pacientes não metilados, o tratamento combinado de radioterapia com temozolomida seguido de manutenção continua sendo o padrão em pacientes jovens e com bom KPS.

Um estudo randomizado de fase III com 562 pacientes acima de 65 anos com-parou radioterapia hipofracionada (40Gy/15 frações) isolada versus associada a temo-zolomida concomitante e adjuvante. Houve aumento na SLP (5,3 versus 3,9 meses; HR 0,50; p<0,001) e SG (9,3 versus 7,6 meses; HR 0,67; p<0,001) no braço da terapia combinada consolidando o tratamento multimodal em pacientes idosos com boa con-dição clínica17.

Para avaliar o tratamento unimodal na população mais idosa, o estudo NOA-08, randomizou 373 pacientes > 65 anos portadores de glioblastoma multiforme (90%) ou astrocitoma anaplásico (10%) para tratamento de radioterapia isolada (60Gy/30 frações) ou temozolomida 100mg/m²/dia por 7 dias a cada 14 dias18. Não houve diferença na SG entre os dois grupos. Também foi demonstrado que a presença de metilação do MGTM esteve associada a melhor sobrevida e os pacientes metilados tratados inicialmente com temozolomida tiveram maior tempo livre de evento sendo o inverso para os pacientes não metilados, ou seja, melhor desfecho quando inicial-mente tratados com RT. Já o estudo do Nordic Clinical Brain Tumor Study Group randomizou 342 pacientes portadores de glioblastoma multiforme acima de 60 anos para um de três braços: RT na dose padrão de 60Gy/30 frações ou RT hipofraciona-da 34Gy/10 frações ou temozolomida 200mg/m²/dia por 5 dias a cada 28 dias19. O braço da temozolomida apresentou SG significativa maior do que a RT padrão (8,3 versus 6,0 meses; HR 0,70; IC 95% 0,52-0,93), porém similar à RT hipofracionada (8,4 versus 7,5 meses; HR 0,82; IC 95% 0,63-1,06). Similar ao estudo anterior, pacientes metilados tratados com temozolomida tiveram maior SG do que os não metilados (9,7 versus 6,8 meses; HR 0,34; IC 95% 0,34-0,93)

Não existem estudos randomizados que tenham avaliado o benefício da conti-nuidade da temozolomida além de 6 ciclos naqueles pacientes que não progrediram. Dados de estudos retrospectivos são controversos. O estudo GLIOSTRY demons-trou aumento de SG (26,3 versus 16,7 meses; p<0,001) e SLP (14,3 versus 8,4 meses; p<0,001) nos pacientes tratados com mais de 6 ciclos de temozomolida20. Já outra análise retrospectiva de 4 estudos randomizados de fase III com 642 pacientes livres de progressão após 6 ciclos de temozolomida adjuvante, demonstrou aumento de SLP, principalmente nos pacientes MGMT metilados (HR 0,80; P=0,03 para todo o grupo e HR 0,65; P=0,0019 para os metilados) sem diferença na SG (HR 0,92; P=0,52)21.

Astrocitoma anaplásico

RT (60Gy/30 frações) seguido Temozolamida adjuvante 12 ciclos (NE I/FR A);

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RT (60Gy) + Temozolamida concomitante, seguida de Temozolamida adjuvante 6-12 ciclos (NE III/FR B);

Pacientes que não toleram o tratamento multimodal por idade ou comorbidades

1. Temozolamida adjuvante 12 ciclos (NE II/FR B);

2. RT isolada (NE II/FR B);

3. Terapia de suporte isolada (NE IV/FR B).

� Considerações e bases científicas para recomendações

A análise interina do estudo randomizado CATNON de 4 braços contendo 748 pacientes portadores de gliomas anaplásicos não codeletados 1p19q demonstrou que os pacientes tratados com RT seguido de temozolomida tiveram aumento da SLP (19 versus 42,8 meses; p=0,003) e SG (41,1 meses versus mediana ainda não alcançada; p<0,0001) comparado a RT isolada. Esse estudo apresenta outros 2 braços contendo radioterapia concomitante a temozolomida com ou sem temozolomida adjuvante, po-rém os dados ainda não estão maduros para responder essa pergunta22.

O estudo de fase III NOA-4 avaliou a RT isolada pós-operatória seguido de QT na progressão versus QT adjuvante isolada deixando a radioterapia para progressão em 318 pacientes portadores de astrocitoma anaplásico (53%), oligoastrocitoma anaplá-sico (33%) e oligodendroglioma (14%). Os esquemas utilizados foram temozolomida ou PCV. Após seguimento mediano de 9,5 anos, não houve diferença no tempo para falência do tratamento, que era o objetivo primário, ou SG entre começar com a RT ou QT23.

Oligodendroglioma anaplásico

RT (60Gy) seguido de PCV 6 ciclos (NE I/FR A);

RT (60Gy) seguida de Temozolamida adjuvante 12 ciclos (NE II/FR B).

� Considerações e bases científicas para recomendações

Dois estudos randomizados demonstraram aumento da SLP e SG com o trata-mento adjuvante com RT seguido de PCV em pacientes com oligodendrogliomas anaplásicos24-26.

O EORTC 26951 randomizou 368 pacientes para receberem radioterapia apenas ou seguido de 6 ciclos de PCV24. Após seguimento mediano de 60 meses, houve di-ferença na SLP favorecendo o braço da adição do PCV (23 versus 13 meses; p=0,003) com diferença na SG após um seguimento mais prolongado (42 versus 31 meses; p=0,018)25. Os pacientes codeletados foram os que apresentaram melhor prognóstico e maior benefício da adição da QT.

O segundo estudo foi o RTOG 9402 com 291 pacientes portadores de oligo-dendrogliomas anaplásicos ou oligoastrocitomas anaplásicos e corroborou os dados

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Diretrizes de tratamentos oncológicosGliomas

anteriores demonstrando aumento da SLP e SG com o tratamento multimodal de RT e PCV nos pacientes codeletados26.

Não há estudos randomizados de pacientes tratados isoladamente com QT com-parando PCV e temozolomida. O estudo NOA4 (acima descrito) incluiu oligodendo-gliomas anaplásicos, porém não tem poder estatístico suficiente para comparar desfe-chos entre os braços de PCV e temozolomida23. Devido à posologia, à tolerância e a resultados positivos em outros subtipos de alto grau, o uso da temozolomida torna-se uma opção nesse cenário.

Fluxograma para tratamento de gliomas de alto grau (doença inicial)

Ressecção macroscópica

total(NE III/FR A)

Ressecção subtotal/biopsia se não possível

ressecção completa (NE III/FR A)

RT 60Gy + TMZ � TMZ

6-12x (NE I/FR A)

RT 40Gy + TMZ � TMZ

6-12x (NE IIA/FR B)

MGMT metilado: TMZ

6-12x (NE II/FR B)

MGMT não-metilado:

RT (NE II/FR B)

Suporte (NE IV/FR B)

GBM

RT � TMZ 6-12x

(NE I/FR A)

RT + TMZ � TMZ 6-12x

(NE III/FR B)

TMZ 12x

(NE II/FR B)

RT (NE II/FR B)

Suporte (NE IV/FR B)

RT � PCV 6x

(NE I/FR A)

RT � TMZ 12x

(NE II/FR B)

Astrocitoma anaplásico

Oligoastrocitoma anaplásico

Intolerante por idade/comorbidades

≥ 70 aKPS ≥ 60%

< 70 aKPS ≥ 60%

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Doença recorrente

Cirurgia com ressecção macroscópica total, especialmente se intervalo livre de progressão ≥ 6 meses (NE IIA/FR B);

Mudança de regime quimioterápico caso haja progressão em vigência de tra-tamento adjuvante inicial ou em intervalo menor que 6 meses após término do mesmo (NE IIA/FR A);

Considerar reirradiação seguida de quimioterapia (esquema a depender de tra-tamento prévio), especialmente se RT prévia > 2 anos ou nova lesão fora do campo inicial (NE IIA/FR B);

QT isolada (NE IIB/FR A)

a. Temozolomida isolada;

b. Lomustina isolada;

c. PCV;

d. Irinotecano;

e. Regimes baseados em platina.

Bevacizumabe 10mg/kg EV a cada 2 semanas + QT (especialmente em pacientes com edema cerebral e dependentes de corticoterapia) (NE IIB/FR B);

Terapia de suporte isolada (NE IV/FR B).

� Considerações e bases científicas para recomendações

Pacientes com glioma de alto grau recorrente apresentam SG mediana menor que 1 ano e quase sempre estão sintomáticos. Portanto o tratamento deve levar em conta o estado geral do paciente e o suporte clínico paliativo é muito importante.

Não há evidências de que a reoperação possa aumentar a sobrevida. Pacientes com bom PS, longo intervalo sem progressão e sem envolvimento ependimário pare-cem obter maior benefício27.

Lomustina, temozolomida e bevacizumabe são os agentes mais estudados no glioma de alto grau recorrente.

O retratamento com temozolomida, em dose tradicional ou intensa, pode ser utilizado especialmente em pacientes com longo intervalo para progressão e MGMT metilado. O estudo de fase II RESCUE avaliou temozolamida 50mg/m²/dia de for-ma contínua. A sobrevida livre de progressão em 6 meses foi maior para pacientes que completaram a terapia adjuvante28.

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Bevacizumabe foi estudado de forma isolada ou combinado à QT, como lomustina e irinotecano. O maior estudo randomizado (BELOB), comparou 2 braços: lomustina isolada 110mg/m² a cada 6 semanas e lomustina 90mg/m² a cada 6 semanas com beva-cizumabe 10mg/kg a cada 2 semanas. O acréscimo do bevacizumabe melhorou a SLP e taxa de resposta, mas não a SG29. A combinação com irinotecano se baseia em estudos de fase II e a dose deve ser ajustada de 125mg/m² EV a cada 2 semanas, para 350mg/m² EV a cada 2 semanas, caso o paciente faça uso de drogas indutoras de enzimas hepáticas.

Fluxograma para tratamento de gliomas de alto grau (doença recorrente)

Doença recorrente

Ressecção macroscópica

total(Se tempo livre de progressão � 6 meses) (NE IIA/FR B)

Mudança QT(Se durante

adjuvância ou tempo livre

de progressão < 6 meses) (NE IIA/FR A)

Re-RT (Se RT > 2 anos ou lesão fora do

campo inicial)(NE IIA/FR B)

QT isolada (NE IIB/FR A)

- TMZ- Lomustina

- PCV- Irinotecano

- Esquemas com platina

Bevacizuambe + QT

(Diferenciação anaplásica na progressão) (NE IIB/FR B)

Suporte (NE IV/FR B)

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� Seguimento

Gliomas de baixo grauProcedimentos e exames a serem realizados (NE IIA/FR B)

1. História e exame neurológico, com ênfase em novos sintomas, a cada 3-6 meses;

2. RM do crânio a cada 3 a 6 meses por 5 anos e, após, a cada 6-12 meses.

� Considerações e bases científicas para recomendações

Devido à sensibilidade à RT e à QT dos gliomas de baixo grau, especialmente em tumores com mutação de IDH, é importante no seguimento saber diferenciar efeitos do tratamento (necrose e pseudoprogressão) de uma real progressão de doença, algo nem sempre factível.

Métodos avançados de imagem, como RM de crânio com espectroscopia e perfusão, são indicadas quando há alteração de imagem, especialmente se há captação de contraste.

Nos gliomas de baixo grau, a comparação com exames anteriores e com inter-valos maiores (12 meses) são fundamentais. Nesse caso, a sequência FLAIR é a mais indicada para avaliação comparativa.

Gliomas de alto grauProcedimentos e exames a serem realizados (NE II/FR B)

1. História e exame neurológico, com ênfase em novos sintomas, a cada 2-4 meses;

2. RM do crânio a cada 2-4 meses por 3 anos e depois a cada 4-6 meses.

� Considerações e bases científicas para recomendações

Não existem recomendações baseadas em estudos randomizados para seguimen-to de gliomas de alto grau. Deve-se levar em consideração a SLP e agressividade da doença, valorizando mudanças no quadro clínico do paciente, além da imagem.

Importante no seguimento saber diferenciar efeitos do tratamento (necrose e pseu-doprogressão) de uma real progressão de doença, algo nem sempre factível. Métodos avançados de imagem, como RM de crânio com espectroscopia e perfusão, são indi-cadas quando há alteração de imagem e é fundamental fazer avaliações comparativas.

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Diretrizes de tratamentos oncológicosGliomas

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