Giorgio Agamben_ Resenha Uso Dos Corpos
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UniNômade Brasil « Voltar à Home PESQUISAR NO SITE Digite o que procura e tecle Enter.. TENDA Na cabine do avião Podemos, Syriza e Barcelona em comum A democracia hoje é selvagem. O exemplo espanhol. Podemos e o “modelo” venezuelano O governo Dilma não entende de multidão Contra-Plano Piloto Onde eles estão?! A crise colocada pra valer O panelaço no Morro dos Cabritos Giorgio Agamben: a inoperosidade é soberana Por Antonio Negri, resenha do último livro de G. Agamben: L’uso dei corpi (Homo sacer IV, 2), Neri Pozza Editore, 2014, publicado no il manifesto, 19/11 | Trad. UniNômade — Este é um grande livro metafísico por Giorgio Agamben, que explicitamente conclui a sequência de Homo sacer. Mesmo porque, sendo metafísico, é também um livro político. Em muitas páginas, ele nos traz de volta o único Agamben político que conhecemos (em que político significa fazer e não simplesmente conjecturar sobre a dominação à maneira dos juristas e ideólogos), aquele Agamben de A comunidade que vem [ed. portuguesa pela Presença, 1993, download PDF]. Mas traz de volta um Agamben político que é o avesso da Comunidade que vem. O problema sempre é a conquista política de uma vida feliz. Contudo, vinte anos depois, essa pesquisa não se conclui com a construção de uma comunidade possível, nem com a definição de uma potência — ou, pelo menos, não considerando como tal a “potência destituinte”, esperança em que conclui a pesquisa de Agamben. Nesta perspectiva, a felicidade consistiria na singular contemplação de uma “forma de vida”, uma que recomponha zoé e bíos e, de outra parte, desative a separação imposta pela dominação entre os dois termos. Na “forma de vida” assim definida, a potência se apresenta como uso inoperoso; nela, a “vida nua” não seria então mais separável por parte do poder; em vez disso valeria o princípio do comum: “comunidade e potência se identificam sem resíduos, porque a inerência de um princípio comunitário em toda potência é função do caráter necessariamente potencial de toda comunidade”. Somente então teremos de novo uma política da felicidade, quando começa o difícil: “somente agora”, quando começa aquele futuro… Se tudo isso se desdobra no tempo, num tempo ainda não terminado — o percurso exige uma estranha teleologia: uma forma de vida que seria, também, uma forma de esperança? De qualquer modo, já na advertência do início do livro, Agamben nos arranca qualquer ilusão — este livro não é “nem um novo começo nem uma conclusão”, a teoria “apenas remove o campo dos erros”, e quando os reduz à inoperosidade, a teoria se abre à prática. Ausência de movimento Se as coisas estão assim, vale em primeiro lugar fixar um instrumento, construir um ponto de vista que persiga aquele horizonte ainda infindo. Como conferir futuro à forma de vida e à potência da inoperosidade: isto é, à “potência destituinte”? A trama do livro se concentra nessa tarefa. Retornemos a um momento anterior. É sabido que na vida nua reside a condição do exercício do poder. É na exceção que o homo sacer está incluído/excluído da cidade e é sobre a excepcionalidade que o poder se funda. Esta, de tom schmittiano, é nada menos do que uma nova maneira de falar Thomas Hobbes. Sobre este nó, todavia, a insistência foi extrema. Como sair dessa condição? A Comunidade que vem, nos anos 1990, nos mostrava o negativo, a falta, revestida e coberta de desejo — hoje, em vez disso, só se tem a potência destituinte, a convicção de que não há alternativa para uma fuga no enfrentamento com o poder. O poder é dominação. Isto não assume dinâmica interna nem relação, como sustenta Agamben. Para ele, não há clipping Tenda HOME TENDA AGENDA LUGAR COMUM EVENTOS LINKS QUEM SOMOS CONTATO
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Podemos e o modelo
venezuelano
O governo Dilma no
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Contra-Plano Piloto
Onde eles esto?!
A crise colocada pra
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O panelao no Morro dos Cabritos
Giorgio Agamben: a inoperosidade soberanaPorAntonioNegri,resenhadoltimolivrodeG.Agamben:Lusodeicorpi(HomosacerIV,2),NeriPozzaEditore,2014,publicadonoilmanifesto,19/11|Trad.UniNmade
EsteumgrandelivrometafsicoporGiorgioAgamben,queexplicitamenteconcluiasequnciadeHomosacer.Mesmoporque,sendometafsico,tambmumlivropoltico.Emmuitaspginas,elenostrazdevoltaonicoAgambenpolticoqueconhecemos(emquepolticosignificafazerenosimplesmenteconjecturarsobreadominaomaneiradosjuristaseidelogos),aqueleAgambendeAcomunidadequevem[ed.portuguesapelaPresena,1993,downloadPDF].MastrazdevoltaumAgambenpolticoqueoavessodaComunidadequevem.Oproblemasempreaconquistapolticadeumavidafeliz.Contudo,vinteanosdepois,essapesquisanoseconcluicomaconstruodeumacomunidadepossvel,nemcomadefiniodeumapotnciaou,pelomenos,noconsiderandocomotalapotnciadestituinte,esperanaemqueconcluiapesquisadeAgamben.Nestaperspectiva,afelicidadeconsistirianasingularcontemplaodeumaformadevida,umaquerecomponhazoebose,deoutraparte,desativeaseparaoimpostapeladominaoentreosdoistermos.
Naformadevidaassimdefinida,apotnciaseapresentacomousoinoperosonela,avidanuanoseriaentomaisseparvelporpartedopoderemvezdissovaleriaoprincpiodocomum:comunidadeepotnciaseidentificamsemresduos,porqueainernciadeumprincpiocomunitrioemtodapotnciafunodocarternecessariamentepotencialdetodacomunidade.Somenteentoteremosdenovoumapolticadafelicidade,quandocomeaodifcil:somenteagora,quandocomeaaquelefuturoSetudoissosedesdobranotempo,numtempoaindanoterminadoopercursoexigeumaestranhateleologia:umaformadevidaqueseria,tambm,umaformadeesperana?Dequalquermodo,jnaadvertnciadoinciodolivro,Agambennosarrancaqualquerilusoestelivrononemumnovocomeonemumaconcluso,ateoriaapenasremoveocampodoserros,equandoosreduzinoperosidade,ateoriaseabreprtica.
Ausnciademovimento
Seascoisasestoassim,valeemprimeirolugarfixaruminstrumento,construirumpontodevistaquepersigaaquelehorizonteaindainfindo.Comoconferirfuturoformadevidaepotnciadainoperosidade:isto,potnciadestituinte?Atramadolivroseconcentranessatarefa.Retornemosaummomentoanterior.sabidoquenavidanuaresideacondiodoexercciodopoder.naexceoqueohomosacerestincludo/excludodacidadeesobreaexcepcionalidadequeopodersefunda.Esta,detomschmittiano,nadamenosdoqueumanovamaneiradefalarThomasHobbes.Sobreesten,todavia,ainsistnciafoiextrema.Comosairdessacondio?AComunidadequevem,nosanos1990,nosmostravaonegativo,afalta,revestidaecobertadedesejohoje,emvezdisso,ssetemapotnciadestituinte,aconvicodequenohalternativaparaumafuganoenfrentamentocomopoder.Opoderdominao.Istonoassumedinmicainternanemrelao,comosustentaAgamben.Paraele,noh
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01/04/2015 GiorgioAgamben:ainoperosidadesoberanaUniversidadeNmadeBrasil
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O um se divide em
dois; de 2013 a 2015
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A corrupo da
democracia, 9/4
Datadoevento:09.04.2015
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laranja
Datadoevento:28.03.2015
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movimento:ento,todopoderconstituintenoheterogneo,massimconsubstancialaopoderconstitudoetodoarchaomesmotempoorigemedominao,fonteeordemporisso,essasrelaesdevemseremtodocasodesativadas.Porque,naperspectivadeumaarqueologiafilosfica,sepoderiaapenaschegaraumpontodeorigemambguo,esegundoAgamben,setrataexatamentededesativaressaorigem.Adesativaoaproduodainoperosidade.Restaumproblema:ese,emvezdisso,arelaoarquetpica,origemcomando,fossesomenteummodelodemistificao,ummodelodelegitimaodeumpodersoberano?aestaaquestoquedeveresponderofilsofopoltico:oquefazer?comoabriratemporalidade?
Nopassado,nesteescopoAgambenseapoiavaemHeideggeragoranomais.JemOreinoeaglria[ed.brasileirapelaBoitempo,2012],odistanciamentodeHeideggerpareciaparticularmenteforte.Aqui,eleconfirmado,econfirmadodemaneiradefinitiva.Aruptura,naverdade,serefereprpriadimensodoserheideggeriano,asuarelaoconstitutivatemporal,atonalidadeemotivafundamentalquedominaopensamentodeHeidegger.umapossibilidadeaindamuitodensa,muitoplenadetemporalidade:elaassociaohomemhumanidadecomotarefaeadeterminaosemprepodeabrirsenumaindicaopoltica,enumatarefapoltica(afirmativa?real?onazismodeHeideggerdecertoofoi).Etambmquandooviventereduzido,noltimoHeidegger,aoseraqueafirmaasuaanimalidadeefazdelaapossibilidadedohumano,Agambenconsideratudoissoaindainternohistriametafsicadoser,imputadaincapacidadedesubtrairsedarelaoedaobra.Queextrema,mastambmestranhaconcluso!Paraevitarumarespostaquestosobreatemporalidade,recuartambmeleAgambenanimalidade,efazendoretrocederoproblema,fazendoorepousarsobreumnaturalismomtico.OinteiroIntermezzoIImostraemHeideggeradesarticulaodatemporalidadeedoprojetocomodefinitivamentecontraditriaeindissoluvelmenteligadaincapacidadededistinguiroserprojetadoeoserportado.
Osparesirredutveis
TambmemFoucault,Agambenhaviaseapoiadoparatentarresolveroproblemadatemporalidade.Agoranomais.Igualmenteviolenta,naverdade,arupturaaquicomopensamentodeFoucaultecomatemticabiopoltica.InsuportvelparaAgambenofatoqueelehaviaevitadooconfrontocomahistriadaontologiaqueHeideggerhaviasecolocadocomotarefapreliminar(masnoeraexatamenteissoqueerareprovadoemHeidegger?).AformadevidaemFoucaultnosedestacanuncadarelaoconsigoecomosoutros,remetidaaumasubjetivaoticacujaorganizaoacontecemedianterelaesestratgicastudoistorejeitadoporAgamben.somentenoingovernvel,noinoperoso,portanto,dopontodevistatico,queavidased.NoIntermezzoI,AgambenacertaascontascomFoucaulte,denovo,ofazaoredordoparpoderconstituintexpoderconstitudo,subjetivaoxgoverno,queconstituiparaeleumarelaoontologicamenteirredutvel.OqueFoucaultparecenoverapossibilidadedeumarelaoconsigoedeumaformadevidaquenoassumanuncaafiguradeumsujeitolivreisto(seasrelaesdepodersereferemnecessariamenteaumsujeito),umazonadaticatotalmentesubtradadasrelaesestratgicas,umingovernvelquesesituaalmtantodosestadosdedominaoquantodasrelaesdepoder.
Noeradifcilimaginarqueiriaterminarassim,narepetiodeumafugadoser,quandobaterseaoredordonadaseriareconvertidoemfelicidade.Agamben,depoisdetantosanos,correoriscodereencontrarsecomMassimoCacciari.Jeradecausarsuspeitaqueainoperosidadedevesserealizarsecomoumsexosemalegriadegerar,emquesomenteocontato,pontualedesesperadoaoredordonada,pudesseportarumtestemunhodoser.Osvolumesprecedentes,ointeiropercursodeHomosacerjcausavamsuspeitadisso.Agoraestdito.Equantadornointeriordessepercurso.
Oproblemadatcnica
Mastomemosumadasderivasdainoperosidade.Tomemos,porexemplo,aafirmaodequeopoderconstituinteestinteiramenteligadoaoqueimanentequiloqueoconstitui.Opoderconstituinte,antesdetudo,lutacontraopoderconstitudo:certo,mastambmlutacontrasiprprio.Opoderconstituinte,sempre,desejo,movimento,relaodefora.Nobiopoltico,elefoireconduzidoaoconceitodetrabalhovivo,efoiassimcolocadonumarelaoqueotorna,aomesmotempo,assimtricoarespeitodopoderconstitudo,edecisivonoapenasaorequalificararealidadedesteltimo,mastambmemsuperarlheadeterminao.SeaderivainoperosadeAgambenentendidacomoesclarecimentodestadinmicaconstituintee,portanto(semqueeleoqueira),aesclarecerlhetambmoefeitodestituintenelavigente,essaderivatil.
ExisteoutropontoparticularmenteinteressantenolivroeaanliselargamentelevadaporAgambensobreopensamentoheideggerianodatcnica.Realizaessahistriadesdelonge,Agamben,desdeafiguradoescravoassimcomodefinidaemAristtelesatchegaraconclusesquerevolvemadestinalidadeniilistadatcnicaemHeidegger.Aescravidoestparaohomemantigocomoatcnicaparaohomemmoderno:ambas,assimcomoavidanua,
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guarnecemolimiardacondioverdadeiramentehumana,eambasserevelaraminadequadasnesseescopo,avidamodernaserevelandonofinalnomenosdesumanadoqueaantiga.Apesardisso,atrsdaconstataodesconsolada,existeaquiumaretomada(finalmente!)dacorporeidade,porosidade,ergon(trabalho)enquantousooperosodocorposeatcnicatemumdestinoeticamentenegativo,setemapesardisso,aqui,epelaprimeiravez,umaretomadadocorpoemrelaoaodestino,umainstrumentalidadeanimada,atrsdoqueaparececomforaaquelamesmarelaoconstitutivadestitutivaqueopoderconstituintepropunha.Seriaumareapropriaodocapitalfixodapartedotrabalhovivo?
Eainda,quandoqueremosexperimentaromundocomobemsupremo,quando,baseandosenarecusadapropriedade,doprprio,reconhecemosousoemrelaoaoinapropriveltambmnessecasoaquelaambiguidadeintrnsecadarelaosedespedaa:porque,deumlado,existenousooriscodeanularsenoinapropriveldooutro,dentrodessatensodoinaproprivel,reconhecemosaenormepositividadedosercomumdapotncia.Aoanimalcabeaprimeiradestinao,aohomemasegunda.Ofranciscanismovivenciouessaalternativa.
Eassimaolongodolivrointeiro,ondeacadavezarelaocolocacomtodaasuaforaumoperarqueconfrontaoefeitonegativodadominao,queodevoraeodestri.Acadaveznosencontramosdiantedaalternativadefechamentodarelao,umfechamentoquelevaaumforadaprpriarelao,enailusoabstratamentelgicadeestarforadequalquerrelaosubmergindoassimnumaespciedebance,umainoperosidadeenquantovcuoimpossveldeserpreenchidonoutraspalavras,comoemtodaexperinciaradicaldeimanncia(comoemSpinoza),aoencontrarooutrochifredacontradio,aqueledaplenitudeoperosa,ticaepolticadabeatitude.
Ofundamentodosujeito
Amim,quesoumarxista,essasparbolasagambenianascausamoefeitodeassistiraumespetculoemquealgumpegouoproblemaenoquer,melhor,nopodemaisresolvlo.Oquequerdizerdesativarodispositivodooperar?Paraummarxista,significadesativararelaoentredominaocapitalistaetrabalhovivo:umarelaoqueestsemprefechadadentrodocapitalmasque,aomesmotempo,estsemprefora,assimtrica,autnomaemrelaoaeleumarelaoqueotrabalhovivomostraqueestforadamedida,desmedidadoladodaprodutividadequesomenteotrabalhovivoproduz.Podeotrabalhovivodesligarsedocapital,ouserdesligadodocapital?Podesim,organizandoseerompendoarelao.Umarupturanuncaabsoluta,masquesempreserepeteeserepetir,inscrevendoseontologicamentenahistriadoser.RecusarseaverestarelaocomoonicodestinopresenteaooperarodefeitodeAgamben.
Apesardisso,Agamben,nestetrabalho,definiudemaneiracristalinaepositivaasituaoatualdapesquisaontolgica.DepoisdeHeidegger,nopsmoderno,aontologiasedefinenomaiscomoofundamentodosujeito,mascomoumamquinalingustica,prticaecooperativa,comotecidodapraxis,eodispositivoontolgicocomoeixoderecomposioconstituintedooperaredalinguagemnocomum.Estarequalificaodaontologialevaaqualquercoisamenosaonada.Umbandodefilsofosnoprofissionais,deNietzscheaW.BenjaminaFoucault,comeoualeressanovarelaoontolgicacomodecisivanohorizontedooperar.EreabriuemMarxumterrenodeao.EsteAgambenpareceodesenhonegativodessasequnciamasoreconhecimentodeumanovapocadaontologiapleno.Obrigado!
Publicadoem24denovembrode2014porToniNegrinacategoriaTenda.341visualizaes.
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