Ginástica Olímpica e Desempenho Escolar: Uma Experiência ... · na medida em que seu objeto de...

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Universidade de Brasília Denise Cemin Dani Ginástica Olímpica e Desempenho Escolar: Uma Experiência com Crianças e Adolescentes da Periferia. Porto Alegre 2007

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Universidade de Brasília

Denise Cemin Dani

Ginástica Olímpica e Desempenho Escolar: Uma Experiência com Crianças e Adolescentes da Periferia.

Porto Alegre 2007

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DENISE CEMIN DANI

Ginástica Olímpica e Desempenho escolar: Uma Experiência com Crianças e Adolescentes da Periferia.

Monografia realizada como requisito

parcial para obtenção do título de

Especialista em Esporte Escolar, pelo

Centro de Educação a Distância, da

Universidade de Brasília.

Orientador: Professor Ms. Carlos Gabriel Gallina Bonone

Porto Alegre 2007

DENISE CEMIN DANI

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Ginástica Olímpica e Desempenho Escolar: Uma Experiência com Crianças e Adolescentes da Periferia.

Monografia apresentada como

requisito parcial para obtenção do

título de Especialista em Esporte

Escolar, pelo Centro de Educação a

Distância, da Universidade de

Brasília, pela Comissão formada pelos

professores:

Professora Ms. Carlos Gabriel Gallina Bonone (orientador)

Universidade de Caxias do Sul

Professora Doutoranda Siomara Aparecida da Silva (leitora)

Universidade de Brasília

Caxias do Sul/RS – 2007.

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Dedico este trabalho a todas as

pessoas que se preocupam

com o desenvolvimento, físico,

social e cultural de nossas

crianças e jovens.

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Agradeço a todos aqueles que, direta ou

indiretamente contribuíram para a

elaboração desta monografia e, de modo

especial ao professor Carlos Gabriel

Gallina Bonone pela orientação.

Ao colega Álvaro Acco koslowski e ao

Ministério do Esporte pela oportunidade

de participar de um Curso de

Especialização a Distância.

Ao meu tutor Moacir de Freitas Mendes

que me acompanhou durante todos os

módulos com paciência e carinho.

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“Mas o ideal é que a escola me prepare

para a vida, discutindo e ensinando os

problemas atuais e não me dando as

mesmas aulas que eles deram pro’s

meus pais”. (Gabriel, o pensador)

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RESUMO O esporte é um fenômeno social de grande importância devido a sua

abrangência em todas as camadas sociais. O trabalho realizado tem como objetivo

verificar como o Projeto Recrear na Ginástica Olímpica interfere no rendimento

escolar e convivência social de alunos da rede municipal de ensino de Caxias do Sul

atendidos no Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz. Com isto, é necessário

haver um conhecimento e estudo da importância da Educação Física e sua

finalidade no contexto escolar, relacionada ao conceito cultural corporal de

movimento. Entre tantos projetos apresentados na linha educacional, foi constato

que um atingira os objetivos exigidos pelo Fundo Municipal de Desenvolvimento do

Esporte e Lazer (FUNDEL) que é o projeto “Recrear na Ginástica Olímpica” por ser

uma atividade pouco desenvolvida em escolas públicas, pela pouca estrutura das

mesmas e profissionais pouco preparados para realizar este trabalho. O estudo foi

realizado através de uma abordagem qualitativa e o levantamento das informações

foi através de entrevistas semi-estruturadas, para quatro crianças das cento e

cinqüenta atendidas no Projeto Recrear na Ginástica Olímpica e atendidas no

Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz, e suas respectivas mães, dois

professores da mesma instituição e a professora coordenadora do projeto.

Percebeu-se no final da pesquisa que um tripé fortemente consolidado em prol do

desenvolvimento das crianças e adolescentes, que vivem na periferia, formado pelo

Poder Público através da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, de onde parte os

recursos do FUNDEL via Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, pelo Centro de

Cuidados Nossa Senhora da Paz, e o projeto Recrear na Ginástica Olímpica

interfere positivamente no rendimento escolar e convívio social nos seguintes

aspectos: relação interpessoal realizando novas amizades; percepção da família na

melhora da interação entre pais e filhos; percepção do aluno sobre si mesmo na

melhora da capacidade de superar obstáculos e na perspectiva de um futuro melhor,

percepção do centro de cuidados referente ao crescimento pessoal dos alunos por

eles atendidos, e, percepção do Programa Recrear na melhora no rendimento

esportivo, constatadas nas entrevistas realizadas nesta pesquisa.

Palavras-chave: Educação Física escolar; ginástica olímpica; instituições públicas.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO............................................................................................. 09

2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR................................................................. 11

2.1 Finalidades da Educação Física Escolar.............................................. 11

2.2 Uma Proposta Pedagógica................................................................... 13

3. GINÁSTICA OLÍMPICA............................................................................... 16

3.1 Histórico................................................................................................ 16

3.2 O que é a Ginástica Olímpica?............................................................. 19

3.3 A Estrutura do Esporte.......................................................................... 20

3.4 Local para a Prática do Esporte............................................................ 21

3.5 Idade Ideal para Iniciar a Ginástica Olímpica e seus Benefícios.......... 22

3.6 Treinamentos e Cuidados Especiais..................................................... 23

4. FINANCIAMENTOS DE PROJETOS PARA ESPORTE E LAZER............ 25

4.1 Financiamentos..................................................................................... 25

4.2 Projeto Recrear na Ginástica Olímpica................................................. 26

4.3 Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz........................................ 28

5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.................................................... 30

5.1 Problema de Investigação..................................................................... 30

5.2 Objetivos............................................................................................... 30

5.2.1 Objetivo Geral............................................................................. 30

5.2.2 Objetivos Específicos................................................................. 30

5.3 Tipo de Pesquisa.................................................................................. 30

5.4 Instrumentos de Coleta das Informações............................................. 31

5.5.Procedimentos de Coleta das Informações.......................................... 31

6. DISCUSSÃO DAS INFORMAÇÕES........................................................... 32

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................ 35

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................... 37

9. APÊNDICES................................................................................................ 38

Apêndice 1 – Autorização Institucional do Projeto Recrear........................ 38

Apêndice 2 – Autorização Institucional do Centro Nossa Senhora da Paz 39

Apêndice 3 – Autorização do professor do Centro Nossa Senhora da

Paz ..................................................................................................................

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Apêndice 4 – Entrevista com a coordenadora do Projeto Recrear ............ 41

Apêndice 5 – Entrevista com professor do Centro Nossa Senhora da Paz 44

Apêndice 6 – Entrevista com aluno............................................................. 47

Apêndice 7 – Entrevista com mãe de aluno................................................ 48

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1. INTRODUÇÃO

A Educação Física é um componente importante na construção da cidadania,

na medida em que seu objeto de estudo é a produção cultural da sociedade, da qual

os cidadãos têm o direito de se apropriar. Neste sentido, entende-se a Educação

Física como uma área de conhecimento da cultura corporal do movimento e a

Educação Física escolar como uma área/disciplina que introduz e integra o aluno

nesta área da cultura, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e

transformá-la, instrumentalizando-o para usufruir dos jogos, dos esportes, das

danças, das lutas e das ginásticas em benefício do exercício crítico da cidadania e

da melhoria da qualidade de vida.

A Educação Física Escolar tem suas raízes no fim do sex. XVIII, com

surgimento no Brasil no início do séc. XIX, com o nome de ginástica. A formação das

crianças, adolescentes e jovens passa a ser concebida como uma educação

integral, corpo, mente e espírito, como desenvolvimento da personalidade. A

Educação Física vem somar-se a educação intelectual e a educação moral.

Dentro deste contexto a escola, embora suas limitações, é um espaço onde

se transmite a cultura e o saber sistematizado, por obedecer aos critérios de divisão

de conhecimento que estão nos currículos escolares.

Sendo a escola limitada em sua estrutura busca-se, hoje, formas de

atendimento a crianças, adolescentes e jovens em situação de risco e

vulnerabilidade social no contra turno da mesma para serem atendidos.

Na tentativa de resolver determinados problemas, é que alguns projetos são

elaborados, partindo da existência de uma situação preexistente que atinge pessoas

de um setor da sociedade. Na maioria das vezes os projetos ficam somente no papel

e muitos não são implantados e, quando funcionam, não conseguem atingir seus

objetivos por completo. Sendo assim, o Projeto Recrear na Ginástica Olímpica vem

suprir essa lacuna educacional, sendo realizado há quatro anos consecutivos com

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parceria do Poder Público, do Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz e da

professora coordenadora responsável.

SANTOS (2002) cita que a Ginástica Olímpica, no aspecto afetivo-social,

apresenta ganhos visíveis, principalmente no que diz respeito à socialização,

aumento da auto-estima e desenvolvimento de traços de personalidade tais como:

organização, ação, disciplina, responsabilidade, coragem, solidariedade.

Características cognitivas também se observam, tais como a capacidade de análise

e desenvolvimento da memória.

Quanto ao plano estrutural, o trabalho foi organizado em cinco capítulos. O

primeiro relata estudos com a Educação Física Escolar, no segundo pode-se

encontrar o funcionamento da Ginástica Olímpica, no terceiro o financiamento dos

projetos, no quarto os procedimentos metodológicos e, finalizando, com a pesquisa

de campo.

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2. EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

2.1 FINALIDADES DA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR

A Educação Física Escolar deve considerar a diversidade como um princípio

que se aplica à construção dos processos de ensino e aprendizagem e orienta a

escolha de objetivos e conteúdos, visando ampliar as relações entre os

conhecimentos da cultura corporal de movimento e os sujeitos da aprendizagem.

Busca-se legitimar as diversas possibilidades de aprendizagem que se estabelecem

com a consideração das dimensões afetivas, cognitivas, motoras e socioculturais

dos alunos.

Voltando ao passado, consegue-se ver os porquês da educação física

escolar. É quando percebemos como ela foi sendo construída e em alguns

momentos destruída, e porque parece não pertencer à escola. A educação física

escolar, tal como a concebemos hoje, tem suas raízes na Europa de fins do séc.

XVIII e inicio do séc. XIX (SOLER, 2003).

Detendo-nos apenas o surgimento no Brasil no séc. XIX como o nome de

ginástica, estando ligada a classe militar e médica, pode-se dizer que a educação

física é filha legítima do militarismo, e adotiva das medicinas higiênica e eugênica.

Sendo a medicina higiênica importante, pois combatia surtos epidêmicos e doenças

que causavam graves riscos ao povo brasileiro e, a medicina eugênica consistia em

um desdobramento do higienismo e tinha como objetivo a necessidade da

construção de uma raça saudável, pura, sem doenças e dominada (SOLER, 2003).

Décadas após décadas, foram sofrendo modificações, se construiu uma

educação física que visa a formação de um ser humano integral. Foi nos anos

oitenta que iniciou esta transformação se tirando das escolas a obrigação de

promover o esporte de rendimento, sendo o professor contratado não mais pela

suas capacidades de ganhar troféus para a escola, e sim, pela sua competência

como educador (SOLER, 2003)

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Tendo a educação física como objeto de estudo o corpo e o movimento sem

enxergar os aspectos culturais, social, político e o afetivo, ela reduz todo o seu

trabalho a um só aspecto, fazendo que o motor se torne extremamente pobre

(SOLER, 2003). Assim, a Educação Física deve trabalhar vendo todos os aspectos

da vida da criança, para que possa se tornar um indivíduo autônomo e crítico em

suas idéias e atitudes (BARBOSA,1997).

Neste novo contexto histórico a concepção de educação física e seus

objetivos na escola devem ser repensados com a correspondente transformação de

sua prática pedagógica. A educação física enquanto componente curricular deve

assumir todas as formas desta chamada cultura corporal e incluir nos seus

conteúdos: jogos, esportes, dança, ginástica e lutas, formando um cidadão (SOLER,

2003). Desta forma, deve haver uma preocupação para que esses conteúdos sejam

organizados, sistematizados e distribuídos dentro do tempo pedagogicamente

necessário para a sua assimilação (COLETIVO DE AUTORES, 1992). A educação

física escolar tem como finalidade desenvolver no aluno aspectos motores,

psíquicos e sociais, como também auxiliando na aprendizagem escolar.

A perspectiva metodológica de ensino e aprendizagem busca o

desenvolvimento da autonomia, a cooperação, a participação social e a afirmação

de valores e princípios democráticos.

Como relata SOLER (2003), a Educação Física escolar há muito tempo busca

uma mudança, e esta deve começar percebendo as diferenças individuais sem

rotular todas as crianças como iguais, entendendo que os alunos são diferentes no

inicio, e com certeza serão diferentes ao final do processo educativo, não adianta

querer transformá-las em iguais segundo padrões pré-estabelecidos. As relações, os

direitos, as oportunidades é que devem ser iguais, não os gestos, os

comportamentos, os pensamentos e as opiniões. Sendo eles diferentes e tendo aula

de Educação Física que alcancem a todos, alguns padrões de aula terão que ser

alterados. Deve-se trabalhar com o conhecimento prévio da criança a respeito do

corpo e movimento e, assim, na Educação Física ampliar seu conhecimento através

do diálogo, aumentando a complexidade das atividades e gerando desequilíbrio

novo proporcionando aprendizagem significativa.

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Cada vez mais se acredita na importância da Educação Física Escolar, para a

realização de um projeto educacional, não se consegue visualizar uma escola sem

Educação Física, pois com toda certeza ficaria faltando um pedaço, uma vez que

cada área do conhecimento tem a sua importância, nenhuma é mais ou menos

importante que as outras, embora ainda hoje exista uma marginalização da

Educação Física que se configura quando o professor de Educação Física escolar

não é chamado, por exemplo, para uma reunião pedagógica e quando o é, pouca

importância é dada à sua participação (SOLER, 2003; COLETIVO DE AUTORES,

1992).

2.2 UMA PROPOSTA PEDAGÓGICA

A inclusão do aluno é o eixo fundamental que norteia a concepção e a ação

pedagógica da Educação Física Escolar, considerando todos os aspectos ou

elementos, seja na sistematização de conteúdos e objetivos, seja no processo de

ensino e aprendizagem, para evitar a exclusão ou alienação na relação com a

cultura corporal do movimento.

Como relata FREIRE (1994), que todos temos alguma idéia de como é uma

criança, que ela se arrasta, engatinha, corre, pula, joga, fantasia, faz e fala coisas

que nós adultos, nem sempre entendemos, de qualquer maneira, sua característica

é a intensidade da atividade motora e a fantasia. Neste contexto é compreensível

que se faça um relato da pedagogia do movimento na escola.

Iniciamos na pré-escola (primeira infância), onde é um lugar que o próprio

nome diz, prepara a criança para a escola, seria uma pena reduzir o papel da pré-

escola somente para isso, pois como já citamos este período da infância é onde se

pode viver intensamente e se deixarmos que isso aconteça estamos contribuindo

para que a criança se torne um adulto mais realizado (FREIRE, 1994).

O papel da Educação Física e do profissional que atuar com as crianças

nesta fase não basta, simplesmente, que seja realizado de forma em que se

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padronize os movimentos, como relata Freire (1994, pg. 22) “não acredito na

existência de padrões de movimento, pois, para tanto teria que acreditar também na

padronização do mundo”. E sim, preocupar-se com a individualidade de cada

criança respeitando suas limitações.

Portanto, o papel pedagógico da Educação Física na escola deve ser como

qualquer outra disciplina, não desintegrada dela. As habilidades motoras precisam

ser desenvolvidas, sem dúvida, mas deve estar claro quais serão as conseqüências

do ponto de vista cognitivo, social e afetivo. Sem se tornar uma disciplina auxiliar de

outras, a atividade de Educação Física precisa garantir de fato as ações físicas e as

noções lógico-matemáticas que a criança usará nas atividades escolares e fora da

escola, possam se estruturar adequadamente (FREIRE, 1994; BARBOSA, 1997).

Com essa consciência pedagógica que implica em uma nova postura do

professor de Educação Física, nascerá uma nova criança criativa, crítica, quase

ilimitada, conhecedora da sua própria realidade, construtora do próprio

conhecimento e a quem caberá a transformação da nossa sociedade para uma mais

justa e democrática.

Os professores na Educação Física Escolar na primeira infância poderiam

adotar as atividades da cultura infantil como conteúdo pedagógico, pois garantem o

interesse e a motivação das crianças (FREIRE, 1994).

Ao exemplo do que já foi falado sobre a primeira infância, o movimento

corporal pode e deve ser considerado um recurso pedagógico valioso no ensino

fundamental, particularmente nos cinco primeiros anos. Nesta fase, a ação física e

mental estão de tal forma associadas que examinar um desses aspectos

isoladamente causaria graves prejuízos, não só para a aprendizagem escolar mas

para todo o desenvolvimento da criança (FREIRE, 1994).

Já há algum tempo vem ocorrendo uma discussão complexa em torno do

papel da disciplina em questão nos primeiros anos do ensino fundamental. De um

lado, por questões corporativas, um setor da Educação Física brasileira defende, na

organização dos currículos escolares, a inclusão de um especialista na área, isto é,

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de uma pessoa que à parte o trabalho feito em sala de aula por um outro professor

seria a responsável pelas aulas de Educação Física. De outro lado, aos que

defendem a permanência da atual estrutura, alegando ser melhor para a criança

com um único professor, sendo assim, segundo os aspectos, haveria menor risco de

fragmentação do conhecimento (FREIRE, 1994).

O corpo tem uma infindável capacidade de educar-se. Não se pode e nem se

deve negar, sob pena de continuarmos a prejudicar a educação das crianças, a

inteligência corporal componente fundamental do processo de adaptação dos seres

humanos ao seu meio ambiente. Sem risco de errarmos, poderíamos falar em

educação corporal como um dos objetivos a serem atingidos pela Educação Física

(FREIRE, 1994).

Se as crianças forem bem trabalhadas na primeira e segunda infância o

resultado será demonstrado através de uma adolescência com características

próprias e inovadoras. Assim na adolescência observaremos um aprimoramento na

cultura corporal de movimentos adquiridos na infância.

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3. GINÁSTICA OLÍMPICA

3.1 HISTÓRICO

Desde a antiguidade, muitos anos antes de Cristo, o homem dedica-se à

realização de tarefas acrobáticas e funambulescas, que evoluíram no decorrer dos

tempos. Um exemplo característico dessas atividades e a ginástica de solo,

inicialmente praticada em danças sacras por antigos povos; pouco a pouco se foi

distinguindo até se transformar em atividade isolada, a qual passou a ser praticada

por saltimbancos no Egito, na Grécia e na Roma antiga para gradativamente

difundir-se por toda a Europa e provavelmente, também pela Ásia (SANTOS e

ALBUQUERQUE, 1984).

Infelizmente, as acrobacias, por serem praticadas por pessoas das classes

mais baixas, como, por exemplo, os escravos para divertirem seus amos, sofriam

uma grande discriminação das populações (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Na Idade Média, como o corpo passou a ser ignorado, e até mesmo objeto de

sevícias para a purificação da alma, os acrobatas eram usados de cúmplices de satã

(SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Apesar de o corpo estar relegado a um plano inferior na Idade Média, no

século XVI houve uma tentativa de valorização da atividade física por parte de

Rabelais e Montaigne. Após essa época, educadores como Rousseau, Pestalozzi,

Basedow, Salzmann, Guts Muths e outros valorizaram sobremaneira o trabalho

físico. Aos últimos é que mais devemos o surgimento da ginástica com aparelhos,

que foi desenvolvida e difundida por Jahn, seus colaboradores e discípulos, no

transcorrer do século XIX, na Alemanha (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

A ginástica desenvolveu-se na Alemanha com o apoio de Jahn, que fundou o

primeiro ginásio ao ar livre, em 1811. A Jahn também é atribuída a criação da barra

fixa (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

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A ginástica de Jahn era tipicamente militarista, pois visava formar homens

capazes de, principalmente, defender a Pátria. Jahn deu o nome de Turnen a esta

atividade física, que consistia em marchas, corridas, saltos, lançamentos, equitação,

lutas, esgrima, exercícios de escalar e natação. No cavalo-de-pau, Jahn já distinguia

os saltos sobre o aparelho e o trabalho de volteios, típico do cavalo com alças da

atualidade (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

O cavalo com alças teve sua origem na mais remota antiguidade, foi

inventada pelos romanos por razões guerreiras. O aparelho era utilizado para

iniciação e adestramento dos novos guerreiros, em substituição ao animal (SANTOS

e ALBUQUERQUE, 1984).

Ao contrário das acrobacias no solo, o cavalo-de-pau foi bastante utilizado na

Idade Média, pois, na época, montar era atividade prioritária para se locomover de

um ponto a outro, assim como para a guerra (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

A necessidade de utilização da cavalaria nesta época (séculos XVII e XVIII)

fez florescer um grande número de obras sobre os volteios no cavalo-de-pau. Um

dos mais antigos livros sobre o assunto foi escrito em 1679 pelo francês Imbotti de

Beaumont (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Além da barra fixa e do cavalo-de-pau, Jahn utilizava também as paralelas. A

atividade de Jahn foi proibida na Alemanha por motivos políticos, de 1820 a 1842.

Este fato foi denominado Bloqueio Ginástico. Durante este período, discípulos de

Jahn emigraram para vários países, principalmente da Europa, contribuindo para

propagar e desenvolver a atividade (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Na Suíça, este movimento desenvolveu-se com Clias e culminou com a

criação da Federação Suíça de Ginástica, em 1832, sendo, desta forma, a primeira

Federação de Ginástica do mundo. Esta Federação organizou nesse mesmo ano o

Primeiro Festival de Ginástica (Turnfest), na localidade de Arrau (SANTOS e

ALBUQUERQUE, 1984).

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No final do século XIX, o número de Sociedades Ginásticas na Europa era tão

grande, que se tornou um movimento político-social da maior força. Só para se ter

idéia, em 1901 havia um ginasta para cada oitenta e dois habitantes da Suíça e um

ginasta para cada noventa e um habitantes da Alemanha. Muitas federações

nacionais foram surgindo, tendo como exemplo a Federação Suíça (SANTOS e

ALBUQUERQUE, 1984).

A ginástica, entretanto, não era encarada apenas pelo ponto de vista técnico,

mas principalmente como uma forma de melhorar as qualidades físicas e morais dos

indivíduos (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

A ginástica era o meio de aprimorar a população, fortalecendo-a, habilitando-a

a lutar contra os inimigos. Assim, surgiram movimentos como os Sokols nos países

do leste europeu. Esta ligação política fez com que diversas vezes os ginastas

tivessem de emigrar, propiciando a difusão da atividade pelo mundo (SANTOS e

ALBUQUERQUE, 1984).

Em 1881 foi criada a Federação Européia de Ginástica, que deu origem à

atual Federação Internacional de Ginástica, fundada em 1921, consagrando o

movimento eclodido na Suíça em 1832 (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Embora alguns dirigentes fossem contrários à transformação da ginástica em

esporte, como queria Pierre de Coubertim quando restabeleceu os Jogos Olímpicos

em 1896, outros lutaram como tenacidade para que tal acontecesse. Assim, em

1903, a Federação Européia de Ginástica organizou em Anvers o Primeiro Torneio

Internacional de Ginástica, que a partir de 1934 passou a denominar-se

Campeonato do Mundo de Ginástica (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

Assim, eclodiu no início do século XX uma tendência esportiva, marcada por

encontros internacionais, limitados, no entanto a alguns países da Europa.

Gradativamente, a ginástica foi se expandindo para os outros países, concretizando-

se a sua difusão mundial a partir de 1950, no Campeonato do Mundo da Basiléia,

Suíça (SANTOS e ALBUQUERQUE, 1984).

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A Ginástica Olímpica, também denominada Ginástica de Aparelhos, Ginástica

Desportiva ou Ginástica Artística, constituindo-se hoje, um dos esportes mais

populares em vários países e um dos esportes olímpicos mais apreciados (SANTOS

e ALBUQUERQUE, 1984).

A ginástica faz parte das Olimpíadas desde sua primeira realização em

Atenas (1896), somente com a participação masculina. Desde as competições de

Berlim (1936), foram criadas as categorias masculina e feminina, individual e por

equipe. Em anos pares não-olímpicos realizam-se campeonatos mundiais. Até as

olimpíadas de Atlanta (1996), eram realizadas provas com séries obrigatórias, o que

não mais é realizado nos dias de hoje, sendo a competição realizada apenas com

séries livres. Um dos fatores responsáveis pela evolução técnica da ginástica

olímpica é justamente a realização de competições, onde aqueles ginastas que

realizassem elementos diferentes, cada vez mais difíceis, teriam seu nome

imortalizado, pois o elemento criado por ele receberia seria "batizado" com seu

sobrenome. Assim, os ginastas se empenham a cada olimpíada para realizarem

cada vez mais elementos originais em suas séries.

3.2 O QUE É A GINÁSTICA OLÍMPICA?

Pode-se entender a ginástica como uma forma particular de exercitação onde,

com ou sem o uso de aparelhos, abre-se a possibilidade de atividades que

provocam valiosas experiências corporais, enriquecedoras da cultura corporal das

crianças, em particular, e do homem, em geral (COLETIVO DE AUTORES, 1992).

A Ginástica Olímpica é um esporte olímpico com normas oficiais de

competição, conhecido internacionalmente como Ginástica Artística. No Brasil ainda

conservamos o nome original da modalidade. Engloba um conjunto de exercícios

corporais sistematizados, em diversos aparelhos, realizados em série. Nestes

exercícios são explorados praticamente todas as qualidades físicas do ginasta, mas

principalmente a força, a agilidade, a flexibilidade e o equilíbrio. Trata-se, portanto,

de um esporte que margeia a arte. Utiliza, fundamentalmente, o desenvolvimento da

coordenação motora, o uso do intelecto na criatividade, expressão corporal e suas

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implicações sociais, a disciplina e organização, elementos indispensáveis à

formação e educação da criança e do adolescente (SANTOS, 2002).

Para competição é exigida do ginasta muita disciplina e força de vontade,

concentração e prática mental dos movimentos, uma necessidade muito grande de

repetição e auto-domínio do corpo para que tenha um bom desempenho (SANTOS,

2002).

Basicamente a Ginástica Olímpica e o seu aparecimento são baseados nas

formas naturais de desenvolvimento do homem, entretanto, a sofisticação

tecnológica e o alto desenvolvimento técnico dos movimentos, em nossos dias

parece interceder nesta fórmula natural, para torná-la muito mais artificial. Trata-se,

portanto, de uma atividade predominantemente anaeróbica, com técnica apurada,

que produz um efeito de imensa beleza, com movimentos precisos e seguros, que

pode ser considerada como uma arte, idéia deu origem ao terno “Ginástica

Olímpica” (SANTOS, 2002).

PROVAS MASCULINO FEMININO

Barra fixa X

Paralelas simétricas X

Paralelas assimétricas X

Cavalo com alças X

Argolas X

Solo X X com música

Trave de equilíbrio X

Mesa de salto X X

3.3 A ESTRUTURA DO ESPORTE

A organização da Ginástica Olímpica é feita através de federações estaduais

e confederação do Brasil. Internacionalmente fica na competência da FIG (federação

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22 222

Internacional de Ginástica). É a FIG que determina as diretrizes e normatiza as

competições internacionalmente, realizando grêmios após os campeonatos

internacionais, onde é feita a atualização do Código de Pontuação (livro de regras do

esporte). Abaixo da FIG estão as Confederações dos países filiados, dentre elas a

CBG (Confederação Brasiléia de Ginástica), que regulamenta não só a Ginástica

Olímpica, mas todas as outras modalidades ginásticas, que são: Ginástica Aeróbica

Esportiva, Ginástica Geral (única não competitiva), Ginástica Rítmica desportiva,

esportes Acrobáticos e trampolim Acrobático (que envolve as provas de trampolim

individual e sincronizado, duplo-mini, trampolim e tumbling). Subordinados à CBG

estão todas as Federações Estaduais Brasileiras, como a Federação Mineira de

Ginástica, a Paulista, a Brasiliense, e assim por diante, estas federações respondem

pelos clubes a elas filiados.

Todos os ginastas devem ser registrados nas federações estaduais de seus

estados para participarem de campeonatos oficiais, na CBG para participarem de

campeonatos nacionais e na FIG para os internacionais.

3.4 LOCAL PARA A PRÁTICA DO ESPORTE

O esporte deve ser pratica em um ginásio de ginástica para preparação

competitiva que deverá ter os equipamentos básicos, listados a seguir:

ESPORTE MATERIAIS

Solo colchões de espuma densa, modelo Sarneige (1,90m x

1,25m x 0,06m), ou tablado oficial (12m x 12 m e

amortecimento feito por um entrelaçado de madeira e blocos

de borracha ou molas, revestido por camada fina de espuma

e carpete).

Salto sobre o cavalo trampolim oficial, modelo Reuter e cavalo para saltos,

atualmente substituído por uma moderna mesa de saltos (ou

material auxiliar: plinto com seis módulos e mini-tramp) e

colchão denso de 20cm de altura para aterrissagem.

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Demais provas equipamentos oficiais para as provas de paralelas

assimétricas, paralelas simétricas, trave de equilíbrio, barra

fixa, cavalo com alças e argolas, com colchões sob todos

estes aparelhos, para maior segurança na execução das

séries e saídas. Estes equipamentos podem ser facilmente

adaptados para atividades não competitivas, utilizando- se

materiais de baixo custo, devendo-se observar a questão da

segurança dos praticantes no que diz respeito principalmente

às dimensões (devem ser adequadas à clientela alvo), à

resistência dos materiais utilizados e acolchoamento das

superfícies que ofereçam riscos.

Para a ginástica não competitiva, qualquer área gramada plana é suficiente

para que sejam aprendidos os movimentos básicos de ginástica de solo. Os

aparelhos podem ser facilmente adaptados.

3.5 IDADE IDEAL PARA INICIAR A GINÁSTICA OLÍMPICA E SEUS BENEFÍCIOS

A melhor idade para se iniciar a Ginástica Olímpica é em torno dos 5 ou 6

anos, onde de maneira recreativa, se inicia um trabalho mais voltado para o

desenvolvimento da técnica. Crianças de até 12 anos são aceitas em turmas de

iniciação, tendo plenas condições de desenvolver-se o esporte (SANTOS, 2002).

Com a prática da ginástica olímpica a criança terá estímulo para o

desenvolvimento de qualidades físicas e psicomotoras tais como: força, flexibilidade,

agilidade, velocidade, coordenação motora, equilíbrio, noções de espaço e tempo,

lateralidade, perpecção e sentido cinestésico (SANTOS, 2002).

A presença da ginástica na escola e nos programas se faz legítima na medida

em que permite ao aluno a interpretação subjetiva das atividades, através de um

espaço amplo de liberdade para vivenciar as próprias ações corporais. No sentido

da compreensão das relações sociais, a ginástica promove prática das ações em

grupo, onde, nas exercitações como “balançar juntos” ou “saltar com os

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companheiros”, concretiza-se a “co-educação”, entendida como forma particular de

elaborar/praticar formas de ação comuns para os dois sexos, criando um espaço

aberto à colaboração entre eles para a crítica ao “sexismo” socialmente imposto

(COLETIVO DE AUTORES, 1992).

3.6 TREINAMENTOS E CUIDADOS ESPECIAIS

O treinamento da ginástica olímpica pode ser voltado para a educação, para a

recreação ou para a competição. O primeiro tipo visa o desenvolvimento

principalmente das habilidades psicomotoras da criança, bem como a sua

socialização. O treinamento voltado para a recreação explora mais as situações não

habituais, divertidas, traduzidas principalmente em movimentos em duplas e

pequenos grupos envolvendo rotações do corpo e saltos, fazendo uso dos

movimentos básicos da ginástica de solo (SANTOS, 2002).

Já o treinamento que visa a competição fundamenta-se em uma forte

preparação física, que dará condições ao ginasta de progredir na técnica. Este

treinamento deve começar com a criança bem pequena, sendo de grande

importância que se mantenham várias horas de prática por sessão, com uma

freqüência de cinco a seis dias de treino por semana, e com controle de todas as

variáveis do treinamento. Para este treinamento é necessário que a criança passe

por uma seleção, que será baseada inicialmente no biótipo, e depois em

características psciológicas e pessoais de cada ginasta, para que se adapte ao

treinamento intensivo e às competições (SANTOS, 2002).

Na prática da ginástica olímpica, deve-se ter um cuidado especial no que diz

respeito á segurança do praticante, fazendo com que a prática deste esporte deve

ser em local adequado e sob orientação de um professor de educação física

(SANTOS, 2002).

Colchões e materiais de segurança também são necessários para prevenção

de acidentes. Outro cuidado é com relação à ordem de aprendizado dos exercícios,

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sendo sempre do mais simples para os de coordenação mais complexa, pois um irá

depender da aprendizagem anterior (SANTOS, 2002).

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4. FINANCIAMENTOS DE PROJETOS PARA ESPORTE E LAZER

4.1 FINANCIAMENTO

Neste momento em que o Brasil está tomado pelo espírito dos Jogos pan-

americanos a discussão Nacional acerca do financiamento do esporte é retomada

com mais ênfase. A nível nacional temos a Lei Pelé, posteriormente alterada pela

Lei Aguinelo Piva, que trata de repasse de recursos vinculados as loterias para a

área do esporte. São beneficiados desta legislação o Comitê Olímpico Brasileiro

(COB), o Comitê Para-Olímpico (CPOB) e os estados, que deveriam repassar 50%

do que recebem para os municípios. Trata-se de um apoio muito pequeno face às

necessidades do país, por isso está sendo implementada a Lei de Incentivo ao

Esporte. O desafio é garantir que tanto os recursos já existentes quanto os novos

sejam realmente aplicados para as finalidades a que se destinam.

Na Lei maior, a Constituição Federal assegura o direito ao esporte a todos,

como responsabilidade do Estado, este trabalho tem o propósito de mostrar que a

união com o Poder Público, Instituições e responsáveis pelas crianças e

adolescentes, torna a Lei mais acessível à população da cidade de Caxias do Sul.

Em face disto, a Prefeitura de Caxias do Sul criou o Fundo Municipal de

Desenvolvimento do Esporte e Lazer – FUNDEL, instituído pela Lei Municipal nº

6.160, de 17 de dezembro de 2003, que destina de 1 a 1,5% do IPTU e ISSQN para

prestar apoio financeiro a pessoas físicas e jurídicas sem fins lucrativos para

implementação e/ou ampliação de programas e projetos que fomentem e estimulem

o desenvolvimento do esporte e lazer no Município.

Os recursos são distribuídos em três linhas de incentivo: 30% esporte e lazer

com caráter educacional, 30% realização de eventos esportivos e de lazer e 40%

para esporte de rendimento não profissional. Em suas quatro edições, o FUNDEL

beneficiou 356 projetos num valor total de R$ 2.267.750,00. O financiamento cumpre

com uma demanda que é oportunizada por exemplar parceria público/privada, onde

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é demonstrado inequivocamente, que a união da iniciativa privada mais

administração municipal proporciona excelentes resultados.

Dessa forma acredita-se que o poder público tem atuado de maneira

progressiva na garantia do direito ao esporte e lazer, imprescindível quando se

busca qualidade de vida para a população como um todo.

Dentre aqueles que se destaca, o “Projeto Recrear na Ginástica Olímpica”,

vem sendo apresentado e selecionado pela Comissão de Avaliação e Seleção –

CAS, para a obtenção do financiamento do Fundo Municipal de Desenvolvimento do

Esporte e Lazer, desde sua primeira edição ocorrida em 2004, pela sua abrangência

e seus resultados.

4.2 PROJETO RECREAR NA GINÁSTICA OLÍMPICA

Busca apoio financeiro para possibilitar a massificação da ginástica olímpica

em Caxias do Sul, oferecendo oportunidade para crianças carentes praticarem este

esporte, o qual recebe pouco incentivo, devido ao alto investimento que o mesmo

exige.

Indo à contramão da necessidade de recursos significativos, principalmente

em infra-estrutura, para a realização deste projeto, não é necessário que se tenha

um complexo esportivo e nem aparelhos de última geração, basta ter o apoio de

uma entidade que queira fazer uma parceria para a viabilização deste trabalho com

escolinhas de base. É importante lembrar que, esporte não é apenas treinar, vencer

e ser campeão, mas é também uma forma de melhorar a qualidade de vida.

Portanto, este é um espaço para quem gosta de ginástica e não tem como

prioridade atingir o alto rendimento, mas quer participar de forma recreativa e com

vistas à sociabilização pelo esporte. Pensando num crescimento harmônico e

igualmente didático, é mantida uma seqüência lógica de aprendizado respeitando o

nível de desenvolvimento diferenciado entre as crianças participantes do projeto,

dando oportunidade de poder praticar a ginástica olímpica como forma de inclusão

social (ZANROSSO, 2007).

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Ao longo do Projeto Recrear na Ginástica Olímpica, apresentado para

concorrer ao Fundo Municipal de Desenvolvimento de Esporte e Lazer, pode-se

avaliar o desenvolvimento técnico das crianças e aos poucos já ocorre à descoberta

de novos talentos que passaram a fazer parte da equipe de competição e que vem

representando muito bem a nossa cidade, tanto em competições regionais como

estaduais, além de realizar apresentações nos eventos da cidade.

São objetivos do Projeto:

- Massificar este esporte em Caxias do Sul juntamente com a busca de novos

talentos, para que um número maior de crianças tenha a oportunidade de aprender a

ginástica olímpica de forma recreativa e sociabilizante;

- Dispor de um espaço de atividades físicas que vise em primeiro lugar à inclusão

social através do esporte respeitando regras e buscando sua auto-estima como

cidadão, posteriormente conforme for seu rendimento compor as equipes de

competição representando nossa cidade ou participar de festivais de ginástica

olímpica divulgando e integrando Caxias do Sul com outros municípios;

- Oportunizar o conhecimento teórico e pratico desta modalidade esportiva para

acadêmicos e profissionais de educação física;

- Conscientizar as escolas públicas sobre a importância deste esporte para o

desenvolvimento global das crianças, através de cursos de reciclagem aos

professores interessados, sendo assim uma oportunidade de descobrir novos

talentos neste esporte ou ate mesmo fazer com que a criança possa realizar

exercícios básicos de equilíbrio, força e flexibilidade;

- Formar escolinhas, grupos de apresentação, equipes de ginástica olímpica, com a

finalidade de participar em apresentações, encontros esportivos, copas escolares e

futuramente compor equipes que representem a cidade em festivais escolares

regionais;

- Auxiliar no desenvolvimento das potencialidades de ação corporal da criança;

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- Permitir a criança associar o seu empenho e disciplina com o resultado obtido;

- Auxiliar a criança na identificação do seu progresso, fazendo emergir o real valor

de sua conquista;

- Criar um ambiente saudável, no qual a criança possa empreender atitudes

sociabilizantes, à medida que percebe ter um papel dentro do grupo social;

- Desenvolver o espírito de equipe, a lealdade e responsabilidade.

Boa parte das crianças e adolescentes que são atendidos pelo Projeto

Recrear na Ginástica Olímpica está ligado ao Centro de Cuidados Nossa Senhora

da Paz.

4.3 CENTRO DE CUIDADOS NOSSA SENHORA DA PAZ

Missão: “A promoção integrada da família em mobilidade humana, com

especial atenção a criança e o adolescente em situação de vulnerabilidade e risco

social”.

Ao longo dos 32 anos, o Centro vem participando da evolução das políticas

publicas de atendimento a criança e ao adolescente, buscando atender, de forma

eficaz, ás demandas desta população jovem que sofre um processo de exclusão

social. Ao lado do desafio da eficácia, da eficiência e da efetividade, a gestão social

enfrenta o desafio da sustentabilidade dos programas e serviços sociais

disponibilizados a quem tem por direito constitucional o acesso, embora não existam

mecanismos efetivos e/ou suficientes de garantia de financiamento, tanto do ponto

de vista das políticas estatais quanto do marco legal que regulamenta a participação

da sociedade civil na gestão da questão social.

Diante desta realidade, o objetivo do Centro é desenvolver um processo de

ações intencionais, sistematizadas ou não, voltadas para o desenvolvimento integral

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do ser humano e a valorização da vida, contribuindo para a construção de novos

projetos pessoais e coletivos (familiares, comunitários e sociais). Para tanto, o

Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz oportuniza, no contra-turno, atividades

pedagógicas, culturais, recreativas, artísticas, esportivas, de lazer e informática,

garantindo o acesso a direitos básicos e fundamentais ao exercício da cidadania,

acolhendo, acompanhando, orientando e integrando famílias migrantes e/ou que

estejam em situação de vulnerabilidade social, buscando alternativas coletivas para

superação de dificuldades, especialmente as que se referem a aspectos

econômicos, sociais e espirituais.

Futuramente, o Centro pretende ser referencia na defesa e garantia dos

direitos das crianças e adolescentes de Caxias do Sul. Para cumprir sua finalidade e

fazer frente aos desafios contemporâneos, a partir de 2002, um novo modelo de

gestão social foi implantado no Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz, tendo

como principal diretriz o gerenciamento por projetos e foco na inclusão social, no

desenvolvimento da autonomia e nas parcerias com área publica e privada.

(Caderno de Oficinas Novos Horizontes, Sonhos Possíveis, Caxias do Sul, 2005).

Dentro do contexto apresentado, percebe-se um tripé fortemente consolidado

em prol do desenvolvimento integral das crianças e adolescentes, formado pelo

poder público, através da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul, de onde partem os

recursos do FUNDEL via Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, pelo Centro de

Cuidados Nossa Senhora da Paz, entidade sem fins lucrativos que garante a

presença de público garantindo a viabilidade do projeto em questão e, dessa forma,

aproxima do esporte as crianças e adolescentes atendidos e, por fim, o próprio

projeto Recrear na Ginástica Olímpica, que orienta as atividades, através do esporte.

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5. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 5.1 PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO

Como o Projeto Recrear na Ginástica Olímpica interfere no rendimento

escolar e convivência social de alunos da rede municipal de ensino de Caxias do

Sul?

5.2 OBJETIVOS

5.2.1 OBJETIVO GERAL

Verificar como o Projeto Recrear na Ginástica Olímpica interfere no

rendimento escolar e convivência social de alunos da rede municipal de ensino de

Caxias do Sul atendidos no Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz.

5.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Verificar as principais interferências no processo de formação

social/esportiva que o Projeto Recrear na Ginástica Olímpica promoveu na vida dos

participantes.

- Verificar se houve melhora no relacionamento dos alunos no ambiente

escolar.

- Verificar se houve melhora de relacionamento na Família e na Sociedade.

5.3 TIPO DE PESQUISA

Este estudo caracteriza-se por ser uma pesquisa qualitativa de corte

transversal.

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5.4 AMOSTRA E INSTRUMENTOS DE COLETA DAS INFORMAÇÕES

Foi realizada uma entrevista semi-estruturada e a análise documental, com

mães, alunos, professores e coordenadora do projeto Recrear na Ginástica

Olímpica. O projeto Recrear na Ginástica Olímpica atende 150 crianças e

adolescentes, onde destes foram selecionados quatro meninos das turmas

atendidas no Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz. O critério de escolha

baseou-se nos meninos do projeto que se destacaram e tiveram acesso a equipe de

Ginástica Olímpica, em virtude da existência de poucos participantes do sexo

masculino.

5.5 PROCEDIMENTOS DE COLETA DAS INFORMAÇÕES

Inicialmente, entrei em contato com o Secretário Municipal de Esporte e Lazer

para solicitar autorização de utilização do Projeto Recrear na Ginástica Olímpica que

é financiado pelo Fundo Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer

administrado pela Secretaria Municipal do Esporte e Lazer. Após encaminhei-me ao

Projeto Recrear na Ginástica Olímpica onde conversei com a coordenadora do

mesmo que autorizou a pesquisa de dados do referido projeto (APÊNDICE 1),

permitindo a entrevista com os professores e com as crianças. Posteriormente foi

solicitado a autorização para a diretora do Centro de Cuidados Nossa Senhora da

Paz (APÊNDICE 2) que autorizou as entrevistas, como também, foi solicitado a

autorização do professor de Educação Física (APÊNDICE 3). Realizou-se entrevista

com a coordenadora do projeto (APÊNDICE 4), com o professor (APÊNDICE 5),

com os meninos participantes do projeto (APÊNDICE 6), e as mães dos mesmos

(APÊNDICE 7). As entrevistas foram realizadas com um gravador, transcritas na

íntegra, devolvidas aos entrevistados para que fizessem as alterações que

julgassem necessárias e, posteriormente passaram por um processo de análise, de

onde foram retiradas as discussões e considerações sobre o trabalho.

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6. DISCUSSÃO DAS INFORMAÇÕES

Percebe-se no decorrer do trabalho de entrevistas realizadas nos quatro

segmentos: coordenadora do projeto, professores do Centro de Cuidados Nossa

Senhora da Paz, alunos e mães, uma melhora nos alunos em relação aos aspectos,

físicos, psíquicos e sociais.

Nas entrevistas realizadas com os meninos do projeto, observou-se que em

relação ao rendimento escolar houve uma melhora na atenção e responsabilidade

em todas as disciplinas, eram mais solicitados nas aulas de educação física para

demonstração das atividades desenvolvidas, como também, realizar o aquecimento

e alongamento antes e após as aulas.

“Gostaria que melhorasse minha vida, o projeto tá bom.

Melhorei, mas valorizado perante a família e colegas, a convivência. Acho bom que às vezes eu apareço na televisão. Mudou muito, eu andava na rua, chegava do colégio eu ia brinca, fazia bagunça. Na E.F. mudou, de vez em quando o professor manda eu alongar, fazer alongamento no início das aulas.” Aluno J.S.A.

Somente um deles citou que continua realizando, da mesma forma como

antes, em se tratando de rendimento escolar nada havia mudado, porém, observa-

se através das entrevistas que este menino possui uma família com

comprometimento na educação do mesmo, o que interfere positivamente.

Em se tratando do convívio social, em todos os meninos percebeu-se uma

melhora na auto-estima, valorização perante a família, colegas e professores,

interação social, perda da timidez devido à exposição pública nas competições e

divulgação do próprio projeto presente na mídia.

Da mesma forma, nas entrevistas realizadas com as mães dos meninos,

pode-se perceber a importância que este projeto apresenta na vida de seus filhos,

tanto no rendimento escolar e principalmente no convívio social, devido à citação de

todas que seus filhos não permaneciam mais nas ruas, estavam longe da má

influencia e se tornando exemplos bons para outras crianças e adolescentes.

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“Num ponto foi bom porque ele paro de tá na rua, se

endireitou mais porque ele só queria ficar na rua e aí com esse negócio de ginástica e capoeira ele mudou 100%. Eu acho pra mim excelente, que quero ver ele sempre pra cima.” Mãe do J.S.A.

Para a coordenadora do projeto, seu principal objetivo está sendo alcançado

que é o de tirar as crianças da rua, através da ginástica olímpica onde é considerado

um esporte de elite pela sociedade, realizando uma integração entre os diferentes

níveis sociais. Referindo-se ao rendimento escolar, a coordenadora relata: “Eles tem

muito mais habilidade que outras crianças por causa da vivência que eles têm na

ginástica... trabalha muito a disciplina, a concentração, isso auxilia no rendimento na

escola”.

Os professores que trabalham com os meninos no Centro de Cuidados Nossa

Senhora da Paz salientaram a importância da participação neste projeto, devido ao

bom desempenho no que diz respeito às disciplinas por eles trabalhadas onde

demonstram melhorias na atenção, concentração, disciplina, organização,

aprendizagem, convívio com colegas e professores, auto-estima deles e dos colegas

que não participam do projeto, relacionamento inter-pessoais e auto-confiança.

“Também a gente tem percebido que os alunos melhoram

bastante a relação inter-pessoais com os próprios colegas e nossos professores,.... eles ajudam os colegas a se organizarem de acordo com aquilo que eles aprenderam lá, e que eles aprendem,... eles conseguem manter uma concentração maior através da Ginástica Olímpica, a gente percebeu que isto com certeza influencia positivamente a questão da concentração a lado emocional deles é mais controlado porque exige... uma disciplina, que tem que ter uma disciplina como qualquer outra.” Professor Marcos

Todas as pessoas envolvidas neste trabalho concordam que tudo que se

proporciona de maneira onde há a valorização do ser humano como um todo, os

resultados tornam-se mais eficazes.

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SOLER (2003) afirma que a educação física não pode trabalhar somente o

movimento e sim a criança com um todo para que ela se torne uma pessoa realizada

em seu físico, psíquico e social.

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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A prática de atividades físicas e esportivas, certamente desempenha um

papel de fundamental importância na vida do ser humano. Portanto, deve ser

incentivada desde a infância para que se incorpore ao estilo de vida dos indivíduos e

seguida ao longo de sua existência.

A educação através do apoio de outros projetos sócio-educacionais no contra

turno, hoje é um fato e as escolas utilizam essa forma de educar visando melhorar a

aprendizagem do aluno, orientá-lo para uma interpretação da realidade em que vive

e contribuir para a formação de um verdadeiro cidadão.

É com este intuito que pessoas físicas e jurídicas, juntamente com entidades

públicas e privadas, vêm se comprometendo a criar leis que oportunizem para todas

as classes sociais a possibilidade de ser contempladas com programas e projetos

nas áreas sociais, culturais, esportivas e de lazer.

Este trabalho veio demonstrar que, quando existe o envolvimento de pessoas

e entidades com objetivos comuns, o desenvolvimento de programas e projetos

esportivos que beneficiam a sociedade como um todo se tornam reais. Assim

acontece com o projeto Recrear na Ginástica Olímpica há quatro anos, pois com o

comprometimento de todos os envolvidos é que o mesmo tem apresentado bons

resultados.

Respondendo a questão central do presente trabalho, pode-se afirmar que a

ginástica olímpica desenvolvida em um contra-turno, com crianças e adolescentes

da periferia, consegue interferir positivamente nos aspectos afetivo-sociais,

principalmente no que diz respeito à socialização aumento da auto-estima e

desenvolvimento de traços de personalidade, tais como: organização, ação,

disciplina, responsabilidade, coragem e solidariedade, e, também, nos aspectos

cognitivos observou-se a capacidade de análise e desenvolvimento da memória.

Finalmente, espera-se que este estudo possa contribuir para estimular a

Educação Física Escolar, programas e projetos extra-classe, aprofundamento de

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pesquisas, juntamente com a qualificação de professores capazes de contribuir para

a formação plena do ser humano.

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8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Associação Educadora São Carlos - Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz – Caderno de Oficinas Novos Horizontes, Sonhos Possíveis, (Celita Zandonadi, Kelin Garcia Pinheiro), Caxias do Sul, 2005 – Impressão Lorigraf – Gráfica e Editora Ltda. BARBOSA, Cláudio L. de Alvarenga. Educação Física Escolar – da alienação a libertação. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. CÓDIGO CIVIL – CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 2 ED. São Paulo:Revista dos Tribunais, 2000. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 1992.

Edital nº 01/2006 – SMEL - Fundo Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer FUNDEL, Caxias do Sul, dezembro 2006.

FREIRE, João Batista. Educação de Corpo Inteiro – Teoria e prática da educação física. 4 ed. São Paulo: Scipione, 1994.

SANTOS, Flávia. A Ginástica Olímpica. Fev. 2002. Disponível em /http://www.virtual.unilestemg.br/Flavia/esporte.htm/. Acessado dia 03 de abr. 2007. SANTOS, José C. Eustáquio dos., FILHO José A. Albuquerque de. Manual de Ginástica Olímpica.Rio de Janeiro. Editora Sprint , 1984. SOLER, Reinaldo. Educação Física Escolar. Rio de Janeiro: Sprint, 2003. ZANROSSO, Ivanete Avelina. Projeto Recrear na Ginástica Olímpica, Caxias do Sul, janeiro 2007;

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39 393

9. APÊNDICES

UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR

APÊNDICE 1 – AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Eu, IVANETE AVELINA ZANRROSSO, coordenadora do Projeto Recrear na

Ginástica Olímpica, autorizo a utilização/publicação das informações constantes no

meu projeto, eis que esse é parte integrante da monografia “GINÁSTICA OLÍMPICA

E DESEMPENHO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DA PERIFERIA”, que a Profissional de Educação Física Denise

Cemin Dani, apresentará junto a Universidade de Brasília – Centro de Educação a

Distancia - Especialização em Esporte Escolar.

Caxias do Sul, dezembro de 2006.

Ivanete Avelina Zanrrosso

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR

APÊNDICE 2 – AUTORIZAÇÃO INSTITUCIONAL

Eu, IR. CELINA LESSA NAZARIO, diretora do Centro de Cuidados Nossa

Senhora da Paz, autorizo a realização de pesquisa de campo com os professores e

alunos da instituição, eis que esse é parte integrante da monografia “GINÁSTICA

OLÍMPICA E DESEMPENHO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DA PERIFERIA”, que a Profissional de Educação Física Denise

Cemin Dani, apresentará junto a Universidade de Brasília – Centro de Educação a

Distancia - Especialização em Esporte Escolar.

Caxias do Sul, dezembro de 2006.

Ir. Celina Lessa Nazario

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA

CENTRO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ESPORTE ESCOLAR

APÊNDICE 3 – AUTORIZAÇÃO PROFESSOR

Eu, MARCOS WILSON DA SILVA, professor de Educação Física do Centro

de Cuidados Nossa Senhora da Paz, autorizo a utilização/publicação das respostas

por mim emanadas, quando da análise do questionário oral referente ao

desempenhos dos alunos em relação ao Projeto Recrear na Ginástica Olímpica, eis

que esse é parte integrante da monografia “GINÁSTICA OLÍMPICA E

DESEMPENHO ESCOLAR: UMA EXPERIÊNCIA COM CRIANÇAS E

ADOLESCENTES DA PERIFERIA”, que a Profissional de Educação Física Denise

Cemin Dani, apresentará junto a Universidade de Brasília – Centro de Educação a

Distancia - Especialização em Esporte Escolar.

Caxias do Sul, dezembro de 2006.

Marcos Wilson da Silva

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APÊNDICE 4 – ENTREVISTA COORDENADORA DO PROJETO

Entrevista para Coordenadora do Projeto - IVANETE AVELINA ZANROSSO

1. Qual seu objetivo com o projeto?

“Principal objetivo é tirar as crianças da rua, e principalmente fazer com que a

ginástica em Caxias tenham mais praticantes, como é um esporte de elite é muito

difícil as crianças pagarem este esporte então, e foi uma oportunidade que o poder

público me deu e que vem dando certo.”

2. Qual a importância da participação do Fundo Municipal de Desenvolvimento

do Esporte e Lazer?

“Bom se eu não tivesse o auxilio da Prefeitura de Caxias agente no conseguiria

desenvolver este esporte, porque a gente solicita também, além do auxilio com

profissionais da Educação Física ou estagiários a gente também precisa do

transporte, entoa uma parceria que vem dando certo já a quatro anos.”

3. Como você vê a participação dos alunos nas atividades?

“Bom eu percebo que as crianças vêm com bastante vontade de aprender pena

que a gente não tem muito horário assim disponível porque a gente já atende 150

crianças, então eles fazem 1h30min. Por semana só, mas mesmo assim eles

aproveitam bem as aulas e a gente vem percebendo sim a evolução dos grupos que

vem desde o primeiro ano, e todo ano entra crianças novas eles trocam muito, tem

muitas entidades que começam com um grupo de crianças e ai eles trocam estas

crianças na metade do ano ai estas crianças não estão evoluindo tanto como eu

esperava, mas aqueles que vem fazendo desde o começo tem uma boa evolução.”

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4. Qual seu método de trabalho com os alunos?

“A gente faz um trabalho de iniciação em cada aparelho os elementos básicos e

daí depois conforme eles vai superando aquelas dificuldades a gente vai

aumentando cada vez mais o grau de dificuldades dos exercícios, e aqueles que tem

dificuldades a gente vai trabalhando até que ele consiga superar.”

5. Quantos alunos são atendidos?

“A academia atende aproximadamente 500 crianças e a gente faz trabalho com

escolas maternais também, onde a criança fica uma hora por semana, os meninos

fazem meia hora de futebol e meia hora de Ginástica Olímpica, as meninas fazem

meia hora de dança e meia hora de Ginástica Olímpica, isso é para que eles criem

um vinculo com o esporte e aos poucos eles vão criando o gosto pela Ginástica,

além deste eu tenho as crianças do projeto Recrear, que no primeiro ano a gente

teve 200 crianças mas ficou muito, a gente ficou com dificuldade de pagar os

transportes e ai a gente reduziu pra 150, e temos trabalho de Ginástica Rítmica

dentro da academia que tem o auxilio da Prefeitura.”

6. Você recebe algum retorno do rendimento escolar dos alunos?

“Assim, o rendimento escolar a gente, pelo menos assim eu sou professora de

Educação Física também algumas crianças que eu tenho aqui na Ginástica na

escola eles são, posso te dizer que eles tem muito mais habilidades que outras

crianças por causa da vivencia que eles tem na ginástica, acredito que as outras

crianças nas escolas tenham também a mesma facilidade além de a ginástica

trabalhar muito a disciplina, a concentração, isso auxilia no rendimento na escola.”

7. Você percebeu alguma modificação social ou comportamental dos alunos

após o ingresso em seu projeto?

“Os primeiros dias que eles vem, eles não tem todos os hábitos de higiene, aquela

consciência do esporte tem que ter, fazer com roupa de Educação Física, então a

gente tem que ir trabalhando aos poucos isso, e aquelas crianças que passam para

as equipes de competição eles criam o habito do banho antes e depois da atividade.

O projeto, um dos objetivos dele e tirar as crianças com talentos que passem para a

equipe de competição, nessas crianças eu percebo muito mais é claro porque eles

passam três dias por semana comigo então a gente vai trabalhando com eles a

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parte de educação mesmo que a gente tem que auxiliar a família, e eu percebo sim

que a mudança deles é muito grande eles passam a criar outros hábitos, eles se

sentem melhor dentro da academia, se sentem valorizados, então acredito eu a

gente ta fazendo a que pode mas já algumas crianças mudaram assim totalmente.”

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APÊNDICE 5 – ENTREVISTA PROFESSOR

Entrevista para o professor do Centro de Cuidados ao professor Marcos Wilson da Silva - 6 anos de trabalho no Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz. Educação Física e Informática.

1. Como vocês ficaram sabendo das atividades no Projeto Recrear na Ginástica

Olímpica?

“Primeiramente a professora Ivanete veio até a nossa instituição ela veio divulgar

o projeto dela e dessa forma a gente já havia durante as minhas aulas, aqui, de

Educação Física, a gente já tinha a necessidades também dos alunos de

participarem de atividades onde eles pudessem realmente se destacar na questão

principalmente da parte física deles aonde a professora Ivanete veio com este

projeto de encontro realmente com as necessidades do aluno e ai agente acabou

conversando a respeito do projeto e ela colocou como é que daria este projeto e a

gente prontamente colocou os alunos a disposição deste no projeto.”

2. Houve melhorias no rendimento escolar dos alunos? Quais as disciplinas?

“Eu trabalho com as disciplinas de educação física e informática e com certeza a

gente pode observar que houve melhorias sim, melhorias no sentido de até de

convivência com seus colegas, na questão da educação física especificamente

questão de flexibilidade dos alunos melhorou muito, na questão de organização dos

próprios alunos nas atividades e na questão da concentração, destaco bem na

questão da concentração porque eles obtiveram resultados bem grandes e

conseguem acompanhar a questão da concentração não soas aulas de educação

física nas aulas de informática também com certeza é bom de mais para eles.”

3. O que o motivou a indicar as atividades no Projeto Recrear na Ginástica

Olímpica aos alunos?

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“Bom primeiramente a necessidade e realmente das crianças poderem participar

de um projeto fora também que é um espaço onde eles podem experimentar algo

diferente, e também experimentarem uma coisa que eles gostam que realmente a

ginástica olímpica é uma coisa que normalmente a gente não tem e não se vê, não é

muito difundida principalmente na nossa região e dessa forma então concerteza vai

ao encontro as necessidades e o que mais a gente privilegia nas aulas é

exatamente isto, a diversificação de atividades que os alunos possam vir a

experimentar.”

4. Quais os aspectos positivos e negativos em ter indicado o Projeto Recrear na

Ginástica Olímpica para os alunos no contra-turno Escolar?

“Bom como aqui é prioridade os alunos estarem matriculados aqui freqüentando

tem que estar no turno inverso a escola ele tem que estar estudando, para eles

poderem e freqüentar aqui, então como a gente tem algumas oficinas também a

gente percebeu a real importância dos alunos participarem lá, e os aspectos

positivos realmente e a questão da organização do projeto que a gente vê que é um

projeto organizado, é um projeto sério e que isso é o que a gente privilegia aqui no

Centro de Cuidados Nossa Senhora da Paz, a gente privilegia o ser humano e a

gente viu que lá realmente o ser humano é valorizado como tal. A principio a gente

tem uma conversa bem franca com a Ivanete, a Ivanete assim, sempre quando tem

qualquer problema, principalmente questões de comportamento dos alunos ela vem

até aqui, ela tem essa liberdade de fazer esta troca, agente conversa muito, porque

a gente trabalha diretamente com os mesmos alunos, então a gente tem este

contato, então hoje eu te diria Denise que o jeito que ta o projeto assim se ele

continuar ta excelente está ótimo.”

5. Houve alguma modificação na vida dos alunos nos seguintes pontos de vista:

• pessoais (auto-estima)

• sociais (relacionamento com colegas e professores)

• comportamentais (emocionais)

• rendimento escolar

“A gente percebeu que através da Ginástica Olímpica não só melhorou a auto-

estima deles próprios como eles puderam, quando eles participam, quando retornam

aqui para o Centro de Cuidados eles elevam a auto-estima dos colegas também,

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porque os colegas ficam motivados em querer participar também e saber como

funciona o projeto, então isto ajuda bastante não só para os alunos que estão indo lá

mas também por incrível que pareça os que estão e ficam aqui, que também

gostariam de participar do projeto , então na verdade faltaria até oportunidade para

mais. Também a gente tem percebido que os alunos melhoram bastante a relação

inter-pessoais com os próprios colegas e nossos professores, por que a gente

percebeu de uma forma organizada, quando a gente participa de uma aula que a

gente vai dar inicio, a uma aula de educação Física a gente percebeu que tem uma

rotina lá também, e isso acaba influenciando a nossa aula, porque esta rotina a

gente percebe que acontece realmente lá, se acontece lá , acaba acontecendo aqui

também, então isto ajuda os colegas também organizarem, então eles ajudam os

colegas a se organizarem de acordo com aquilo que eles aprenderam lá, e que eles

aprendem. E a questão de comportamento, que a gente sabe que, como a gente

trabalha com crianças de situação de risco e vulnerabilidade social, a gente sabe

que eles vem com uma gama de problemas para cá e a questão emocional deles é

bem afetada, então a gente sempre procura, e percebemos que lá no projeto de

Ginástica Olímpica também é feito isso, valorizar o ser humano, o ser humano em

primeiro lugar então sim as crianças elas realmente tem dificuldades de

aprendizado, por determinadas situações que eles acabam passando em casa

enfim, mas a gente percebeu que o estado emocional deles, eles vem mais

concentrados para cá eles conseguem manter uma concentração maior através da

Ginástica Olímpica, a gente percebeu que isto com certeza influencia positivamente

a questão da concentração a lado emocional deles é mais controlado porque exige

dentro da Ginástica Olímpica aquela questão de ter uma disciplina, que tem que ter

uma disciplina como qualquer outra.”

6- “Agradeço a oportunidade da gente poder estar divulgando o trabalho e, os

nossos alunos também fazem parte de outros projetos como a gente tem o nosso

aqui, mas de uma forma geral a gente faz uma parceria e acaba conhecendo, como

eu já disse anteriormente, conhecendo e experimentando novos atividades que é o

mais importante para a vida deles.”

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APÊNDICE 6 – ENTREVISTA ALUNO

Entrevista para o aluno J.S.A. – 12 anos de idade – há 4 anos no projeto

1. O que o motivou a iniciar suas atividades no Projeto Recrear na Ginástica

Olímpica?

2. Como você foi informado da existência do Projeto Recrear na Ginástica

Olímpica?

“Vim com o professor de capoeira. Vendo os guris fazer ginástica, vendo todo

mundo faze.”

3. Como foi seu início nas aulas (dificuldades e motivações)?

“Um pouco fui rui, não sabia muito, e um pouco foi bom porque gostei de fazer.”

4. Quais os aspectos positivos e negativos em estar participado deste projeto?

“A Ginástica os aparelhos, coisas assim. Amizade dos professores e colegas.”

5. Houve alguma modificação na sua vida nos seguintes pontos de vista:

• Pessoais (auto-estima)

• Sociais (relacionamento com colegas e familiares)

• Comportamentais (emocionais)

• Rendimento escolar além da Educação Física

“Gostaria que melhorasse minha vida, o projeto ta bom. Melhorei, mais

valorizado perante a família e colegas, a convivência. Acho bom que às vezes eu

apareço na televisão. Mudou muita, eu andava na rua, chegava do colégio eu ia

brinca, fazia bagunça. A Iva me apoiando me falando algumas coisas. Na educação

Física mudou, de vez em quando o professor manda eu alongar, fazer o

alongamento no inicio das aulas.”

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APÊNDICE 7 – ENTREVISTA MÃE DO ALUNO

Entrevista para a mãe do J.S.A.

1. O que o motivou a permitir que seu filho iniciasse suas atividades no

Projeto Recrear na Ginástica Olímpica?

“Autorizei, porque ele começou a gostar e achei muito bom.”

“O que motivou é que ele gosta muito disso.”

2. Como foi o início de seu filho nas aulas (dificuldades e motivações)?

“Pra ele foi tudo fácil pois já tinha experiência sobre isso ai depois na rua

começou a treinar todo mundo começaram a incentivar ele.”

3. Como você foi informado da existência do Projeto Recrear na Ginástica

Olímpica?

“Através do professor Jerri, professor de capoeira.”

4. Quais os aspectos positivos e negativos de seu filho participar do Projeto

Recrear na Ginástica Olímpica?

“Mudou 100%, ele mudou ele se sente faceiro, todo dia eu pergunto como foi,

muito bem, uma coisa que eu sempre peço e para ele respeitar muito a Ivã porque

eu adoro muito ela, eu peço pelo amor de Deus tu não desrespeite ela porque tu

sabe, ele ta muito faceiro.”

5. Houve alguma modificação na vida do seu filho nos seguintes pontos de

vista:

• pessoais (auto-estima)

• sociais (relacionamento com colegas e familiares)

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• comportamentais (emocionais)

• Rendimento escolar

“Na escola deu uma atrazadinha acho que ele se empolgou muito sobre a

Ginástica daí deu uma meia paradinha, começou a cancã e ai de manhã era um

sacrifício ele levanta, preguiça um pouco também, só faltava, no negócio da

Ginástica tava faceiro, depois ele voltou o normal dele de novo, eu conversei com

ele tudo, agora ta indo normal.”

“Num ponto foi bom porque ele paro de ta na rua, se endireitou mais porque ele

só queria ficar na rua e ai com esse negócio da Ginástica e capoeira ele mudou

100%.

“Eu acho pra mim excelente, eu quero ver ele sempre pra cima.”

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