Gestor Geral da JUNEDAS Pr. Jadyr Lima A Missão Integral ... · que é a Igreja que adora e que...

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Missão Integral A Missão Integral da Igreja Pr. Jadyr Lima Gestor Geral da JUNEDAS Desenvolvendo um Projeto Voluntário Pra. Raquel Miranda Assistente voluntária de Marketing da JUNEDAS Ação Social Cristã Filomena Ribeiro Vieira Primeiro tenente do Corpo de Bombeiros/RJ, Assistente Social da JUNEDAS

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Missão Integral

A Missão Integral da IgrejaPr. Jadyr Lima

Gestor Geral da JUNEDAS

Desenvolvendo um Projeto VoluntárioPra. Raquel Miranda

Assistente voluntária de Marketing da JUNEDAS

Ação Social CristãFilomena Ribeiro Vieira

Primeiro tenente do Corpo de Bombeiros/RJ, Assistente Social da JUNEDAS

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Sumário

1. Missão Integral da Igreja – pág. 31.1 Missão em relação a Deus – pág. 4 1.2 Missão em relação a si mesma – pág. 51.2.1 Comunhão – pág. 61.2.2 Crescimento cristão – pág. 71.3. Missão em relação ao Mundo – pág. 91.3.1 Evangelização – pág. 101.3.2 Ação Social – pág. 121.3.3 Justiça Social – pág. 14Conclusão – pág. 162. Desenvolvendo um Projeto Voluntário – pág. 182.1 Nome do projeto – pequena descrição do projeto – pág. 192.2 Por que fazer? O que move o grupo a tomar esta iniciativa? – pág. 202.3 Quem está disposto a fazer parte? – pág. 212.4 Como faz? Quais as ações e fases necessárias? Quando? Qual o tempo necessário para cada fase? – pág. 212.5 Quanto é necessário para a realização do projeto, em termos de recursos

materiais, humanos e financeiros? Quais serão os parceiros envolvidos? – pág. 22

3. Ação Social Cristã3.1 Níveis diferentes de Ação Social – pág. 263.2 Princípios de um programa de Ação Social Cristã eficaz – pág. 283.3 Outras coisas para ler – pág. 28

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1 ­ A MISSÃO INTEGRAL DA IGREJAPr. Jadyr Lima

“A declaração de missão é uma definição dos objetivos do ministério­chave da Igreja”. 1

Podemos entender a missão da Igreja em três esferas, ou seja, em relação a Deus, que é a Igreja que adora e que glorifica o nome do Senhor, em relação a si mesma, onde promove a união e o crescimento espiritual de seus membros e em relação ao mundo, sendo instrumento de transformação da sociedade como um todo. O Pr. Nobu Handa, membro da Igreja Batista de Água Branca, Gerente de Marketing e Relações Eclesiásticas da AEB – Associação Evangélica Beneficente comenta no artigo “Cristãos sim, conformados não” sobre a missão integral da Igreja:

“Os defensores da Missão Integral advogam que a presença cristã no mundo se faz também na luta pelas políticas sociais. Uma grande área de tensão ainda permanece quanto à opção pelo modelo econômico e a relação com as propostas da pós­modernidade. Apesar de serem considerados “liberais” em seus posicionamentos quanto ao social e ao político, os proponentes da Missão Integral nunca pretenderam existir como contraste com outras posições, mas afirmar sua própria história......A história tem nos ensinado que a evangelização sem o ensino de todo o conselho de Deus é inócua, vazia. A conversão sem o discipulado integral não gera, automaticamente, uma consciência e um compromisso com a ética, com responsabilidade ambiental e social e cidadania. Há, ainda, neste país o protestantismo individualista, místico, ufanista, não engajado no social, desconfiado e ignorante quanto aos avanços da ciência. O discipulado fácil, a conversão por adesão e a teologia da prosperidade identificam o modo de ser “crente” à moda brasileira, da religiosidade, do sincretismo, do misticismo, com a cosmovisão pós­moderna. Hoje a Responsabilidade Social dos cristãos tem expressado de três maneiras: 1. Filantropia: obras de misericórdia; 2. Projetos de desenvolvimento comunitário, de promoção de grupos humanos; 3. Ação Política: visando mudanças estruturais, que alterem as causas dos problemas. Este último grupo ainda é muito tímido em suas ações”. 2

Quando a Igreja funciona corretamente o seu potencial é indescritível e podemos vê­la, segundo nos diz Bill Hybels,como a esperança para o mundo.

“Não há nada como a Igreja local, quando ela funciona corretamente. Sua beleza é indescritível. Seu poder é assombroso. Seu potencial é ilimitado. Ela conforta o pesar e cura o que é rompido no contexto da comunidade. Ela constrói pontes para os que buscam e oferece a verdade aos que estão confusos. Ela traz recursos aos que tem necessidade e abre seus braços para os esquecidos, humilhados e desiludidos. Ela quebra as cadeias do vício, liberta os oprimidos e oferece integração aos marginalizados deste mundo. Por maior que seja o sofrimento humano, a igreja terá capacidade ainda maior de curar e de unir.Ainda hoje, o potencial da igreja é maior do que posso compreender. Nenhuma outra instituição sobre a terra é como a igreja. Nada se compara a ela”. 3

1 BARNA, George. O Poder da Visão. São Paulo. Abba Press Editora, 1995. p.44.2 HANDA, Nobu.Cristãos sim, conformados não.Revista Igreja. Jan/fev 2006.

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1.1­ Missão em relação a Deus“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai procura para seus adoradores”. 4

Fomos criados para glória de Deus. Amar a Deus sobre todas as coisas é a síntese dos mandamentos em relação a Deus. Não existe Cristianismo sem uma verdadeira adoração. Não existe Igreja se não cumprir o sentido maior que é adorar a Deus em espírito e em verdade.

A Igreja tem uma missão a cumprir em relação a Deus e isto nada mais é do que um estilo de vida. Adoramos não somente através de uma reunião no templo, mas com as nossas vidas depositadas no altar do Senhor, como diz Paulo em Romanos 12:1 “Rogo­vos, pois irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional”5. O Pr. Osmar Silva nos dá uma visão bem esclarecedora do que é adoração em seu artigo sobre adoração na igreja contemporânea:

“Adoração é sempre uma resposta humilde, alegre, reverente àquilo que Deus é e faz. Adoramos porque algo aconteceu, algo nos foi revelado, e não o contrário, como pensam alguns, que recebemos a revelação e as coisas acontecem porque adoramos. A igreja perde quando não há reverência ou temor. O que resta é euforia, excitação e sensações prazerosas. O que é bom em si mesmo, mas não é necessariamente adoração. É um equívoco pensar que Deus se impressiona com nossos cultos de domingo. Antes, ele acolhe muito mais nossos gestos simples do cotidiano, fruto de um coração humilde e quebrantado, que busca se desprender de ambições e serve ao próximo com alegria. Adoração não é um evento domingueiro bem produzido, mas um estilo de vida que glorifica ao Senhor”. 6

É importante lembrar que adoração e culto são expressões que vão além de um momento em que os cristãos se reúnem em um templo, mas é o reflexo das suas vidas apresentadas dia após dia no altar do Senhor. Muitos erros têm sido cometidos por igrejas que se isolam da sociedade e da vida cotidiana dos seus membros e fazem dos seus cultos um momento totalmente isolado da realidade. Com isso passa a ser uma fuga, uma experiência marcada apenas por emoções e que não tem eco na vida de seus membros, que não faz diferença na sociedade e que não transforma o mundo. Esse tipo de “adoração” é isolacionista e alienadora.

Em Costa Rica há uma igreja bem antiga que reflete bem o significado da verdadeira adoração. Na sua parede frontal está escrito em letras garrafais: “Entramos para

3 HYBELS, Bill. Liderança Corajosa. Trad. James Monteiro dos Reis. São Paulo. Vida, 2002. P.23.

4BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003. João 4:23.p. 143. _______________________. .op. Cit. Romanos 12:1.p. 233.5 6 SILVA, Osmar Ludovico. Adoração na igreja evangélica contemporânea.Ultimato. jan/fev 2008.

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adorar e saímos para servir”. É neste equilíbrio que surge a verdadeira adoração. O que acontece dentro do templo precisa ter um a relação direta com o que acontece lá fora. Fazendo uma analogia com o jogo de futebol podemos dizer que dentro do templo é a concentração, mas que o jogo de fato só acontece lá fora. Segundo o Pr. Ebenézer “o culto reflete o nível de compromisso que tem assumido a igreja com o mundo”7 e cita O. S Costas:

”O culto é um índice da realidade que vive a Igreja porque reflete, em grande medida, o nível de compromisso que assume com o mundo...O culto atualiza o compromisso de Deus com a humanidade e sua condição precária, já que celebra e proclama a vitória de Cristo sobre os poderes deste mundo. Ao celebrar e proclamar o salvador, a igreja atua como comunidade profética e sacerdotal...Assim a Igreja a igreja anuncia os desígnios e propósitos salvíficos de Deus para com o mundo, intercede por ele e se consagra aos serviços de Deus”. 8

A igreja cumpre a sua missão em relação a Deus quando reconhece a sua soberania e santidade e o adora através da sua vida contribuindo para a construção de um mundo melhor, ou seja, se põe como instrumento para trazer ao mundo os valores do reino de Deus, como ensinou Jesus na oração do Pai Nosso: “Venha o teu reino, faça­se a tua vontade, assim na terra como no céu”. 9

1.2­ Missão em relação a si mesma

Para que a igreja cumpra adequadamente a sua missão para com Deus e para com o mundo ela precisa cumprir uma missão para consigo mesma, pois se ela não estiver funcionando adequadamente ela não poderá cumprir o seu propósito. É importante lembrar que isto não é um fim em si mesmo, mas um meio através do qual Deus vai agir e transformar o mundo. Se a igreja não estiver em comunhão com Deus ela não poderá desenvolver a sua missão para consigo, pois é Deus quem capacita e quem sustenta a igreja.

1.2.1­ Comunhão“Ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus é luz, e não há nele treva nenhuma. Se dissermos que mantemos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andarmos na luz, como ele está na luz, mantemos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado.”10

Para que a igreja possa cumprir a sua missão integral é necessário que os seus membros vivam em comunhão. Em sua oração sacerdotal em João 17 Jesus ora ao Pai pedindo que os seus pudessem ser um. No início do cristianismo vemos em Atos 2

7 FERREIRA, Ebenézer Soares. A relação entre culto e doutrina.11p. mimeo.8 COSTAS,O. S. El culto como índice de La realidad de La Iglesia. Revista Vida e Renascimento. Vol 1. Marco de 1973. P.139 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003. Mat 6:10

10 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003. I Joao 1:5­7.p.359.

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que a igreja vivia em comunhão. No período das perseguições a igreja precisou se manter unida para ter a vitória e hoje mais do que nunca precisamos vivenciar uma verdadeira comunhão.

Segundo Darrew Robinson ”a comunhão é uma das chaves da eficiência de uma igreja. Uma igreja nunca poderá crescer além dos limites da sua comunhão. Se a comunhão for correta, a igreja prosseguirá ministrando, testemunhando, em amor, e será edificada em maturidade e em número de membros. Mas não sendo correta a comunhão, a igreja entrará em declínio e conseqüentemente morrerá. Com uma comunhão correta, a igreja poderá enfrentar qualquer problema, que continuará crescendo; mas, se for rompida a comunhão, tudo o mais declinará. A freqüência cairá. As contribuições diminuirão. O alcance cessará. Edificar a comunhão é decisivo para o crescimento da igreja.” 11

Segundo Christian Schwarz12, a comunhão é uma das marcas de qualidade para o crescimento da igreja. Segundo a pesquisa feita pelo seu instituto, “existe uma correspondência altíssima entre a capacidade de amar de uma igreja e seu potencial de crescimento”. O fato é que o amor cristão produz na igreja uma atratividade muito grande no local onde ela está inserida. As pessoas sem Deus precisam de amor e na igreja nós vivenciamos o amor na prática. Através da comunhão é possível vencer as dificuldades da vida. Uma igreja que ama é como um pedacinho do céu, um oásis no meio do deserto, e é isto que as pessoas procuram.

Pr. Clóvis Pinto de Castro, docente do programa de Pós­Graduação Stricto Sensu em Ciências da Religião e vice­reitor Acadêmico da Universidade Metodista de São Paulo apresenta a comunhão como base para a igreja cumprir a sua responsabilidade social:

“A cruz pressupõe a construção de pontes. Podemos aproveitar o mesmo material (entulho) dos muros e paredes derrubadas para construir pontes de conciliação, de amizade e de comunhão. Como crentes, precisamos sempre acreditar que é possível construí­las. A expressão grega usada por Paulo para “fazendo a paz” (versículo 15) é poiéo (vem da palavra poiésis) eirene. “Fazer”, na concepção grega, tem também uma dimensão estética (poética), portanto não é o fazer ou construir apenas como obra da engenharia. Diante da mensagem da cruz e da responsabilidade social da Igreja, precisamos ser construtores de pontes e demolidores de paredes e muros, obstáculos à comunhão humana.´13

Rick Warren, em seu livro Uma Igreja com Propósito14, destaca a importância de um ministério de comunhão, sem o qual os outros ministérios não poderiam desenvolver

11 ROBINSON, Darrell W. Vida Total da Igreja. Rio de Janeiro. JUERP, 2001. P. 71.

12 SCHWARZ, Christian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba. Editora Evangélica

Esperança, 1996. P. 36.

13 CASTRO, Clóvis Pinto de .Tempo de construir pontes. Revista Igreja. São Paulo.Maio/junho de 2006..14 WARREN, Rick. Uma Igreja Com Propósitos. Trad. Carlos de Oliveira. São Paulo: Vida,

1997. 67 p.

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os seus projetos. A comunhão é um meio através do qual Deus vai agir na igreja e a igreja vai agir no mundo. Uma igreja sem comunhão é fria, morta e apática. O crescimento da igreja primitiva, em Atos 2, está diretamente ligado a comunhão, pois a igreja caiu na graça do povo e Deus acrescentou à igreja os salvos. Um exemplo disso é a própria igreja do Pr. Rick Warren.

“Uma das razões para o crescimento da Igreja de Saddleback é que eles mantiveram uma atmosfera de harmonia. Quando a igreja ama, atrai as pessoas como ímã. Quando os membros de uma congregação realmente oferecem amor uns aos outros e àqueles que são bem recebidos, falta espaço para acomodar todas as pessoas dentro do templo.”15

1.2.2­ Crescimento Cristão “Ora, vós sois corpo de Cristo; e, individualmente, membros desse corpo. A uns estabeleceu Deus na igreja, primeiramente, apóstolos; em segundo lugar, profetas; em terceiro lugar, mestres; depois, operadores de milagres; depois, dons de curar, socorros, governos, variedades de línguas. Porventura, são todos apóstolos? Ou, todos profetas? São todos mestres? Ou, operadores de milagres? Têm todos dons de curar? Falam todos em outras línguas? Interpretam­nas todos? Entretanto, procurai, com zelo, os melhores dons.”16

A igreja de Cristo é um organismo vivo e deve se portar como tal. Precisa estar saudável e somente dessa forma crescerá e frutificará. A analogia com o corpo expressa claramente o que é a igreja e interliga com a função anterior, ou seja,só haverá crescimento cristão se houver comunhão.Segundo Robinson17 a analogia com o corpo indica o relacionamento da igreja com Cristo, onde Cristo é a cabeça que dirige todo o corpo, que é a igreja.”Individualmente e coletivamente somos o corpo de Cristo! Ele vive em nós. O corpo de Cristo está dinamicamente preenchido por Sua vida.O corpo de Cristo, coletivamente, possui todos os dons espirituais de seus membros e está cheio do próprio Cristo.”18

Só haverá crescimento cristão se a igreja estiver saudável. Para que a igreja tenha saúde é necessário que haja unidade em meio à diversidade. Os membros precisam crescer dentro de diferentes dons, mas todos devem estar ajustados tendo um objetivo comum, como é expresso em I Cor 12. O Próprio Jesus coordena os membros, para que funcionem juntos, complementando um ao outro a fim de cooperarem para proveito de todos, conforme I Cor 12:7.

Este crescimento é possibilitado também através do programa de educação religiosa de nossas igrejas, que não só contribui para o crescimento e edificação dos crentes , mas também como ferramenta evangelizadora como diz o Pr. Daniel Cândido:

15 WARREN, Rick. Segredos de uma igreja que ama.Revista Igreja. São Paulo.Junho/julho de 2007.16 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003. I Cor 12:27­31. P.252.

17 ROBINSON, Darrell W.. Igreja Celeiro de Dons. Rio Janeiro. JUERP, 2000. P.15.

18___________________.. Igreja Celeiro de Dons. Rio Janeiro. JUERP, 2000. P.16.

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“Pode o processo de educação religiosa ser usado como abertura para o evangelismo. Em nossas escolas bíblicas dominicais muitas pessoas têm sido instruídas nas coisas de Deus, e ficam como Nicodemus, que sabia tudo, menos o essencial que era o novo nascimento como base fundamental da salvação. (João 3:9­12).Não adianta ficarmos alegres por pessoas que estudaram em nossas escolas dominicais e hoje nos prestam favores e outras coisas semelhantes mas que são incrédulas e sujeitas à condenação eterna, embora tenham na cabeça uma tonelada de informações sobre Deus e sua obra, mas que nunca receberam a jesus como seu único Salvador pessoal para dar testemunho de uma fé no mesmo.”19

Para haver o crescimento verdadeiro deve haver não apenas a transmissão de conceitos, mas sim um verdadeiro discipulado, que segundo Schwarz20 “é transferência de vida em vez do estudo de conceitos abstratos”. O conceito de transferência de vida pode ser uma realidade através do programa de educação cristã da igreja, através de seus grupos familiares e através das múltiplas atividades que a igreja pode desenvolver.

Ao promover o seu crescimento a igreja se põe mais ainda a disposição da sociedade, pois pode servi­la melhor. Na verdade este crescimento não é um fim em si mesmo, mas é um meio de realizar a obra de Deus alcançando aqueles que precisam da ação redentora de Jesus.

1.3­ Missão em relação ao mundo

A missão da igreja em relação ao mundo está relacionada ao conceito de corpo de Cristo, ou seja, através da igreja Cristo realiza a sua obra redentora na humanidade. Neste sentido a igreja procura alcançar o homem como um todo e ajudá­lo nas suas s mais diferentes necessidades. A igreja contribui para tornar os direitos humanos uma realidade como é destacado no artigo Cristãos evangélicos e os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de autoria de Flávio Conrado.

Não resta dúvida de que entre o ideal dos direitos humanos e a realidade que nos cerca há um longo caminho a ser percorrido. Testemunha disso são os elevados índices de violência, de pobreza, de insegurança alimentar, de desemprego, de morte por causas evitáveis, de analfabetismo absoluto e funcional, de discriminação racial e sexual, de exploração do trabalho infantil, entre outros, no Brasil e no mundo. Para os cristãos evangélicos, há o desafio de fazer missão anunciando por palavras, mas também por ações, o evangelho do reino de Deus, que é salvação integral e vida plena oferecidas a todos, sem distinção ou acepção de pessoas. A solidariedade e a denúncia da injustiça são, portanto, partes do

19 CÂNDIDO, Daniel de Oliveira. Reflexões sobre Mordomia Cristã. Duque de Caxias. Editora AFE, 1982. p 54.20SCHWARZ, Christian A. O Desenvolvimento Natural da Igreja. Curitiba. Editora Evangélica

Esperança, 1996. P. 32.

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mandato missionário recebido de Jesus e podem se tornar concretas no envolvimento com a defesa e promoção dos direitos humanos.

Há muitas iniciativas que podem ser desenvolvidas no contexto da igreja local, em grupo e individualmente. Precisamos criar e nos envolver em estratégias missionárias que visem à exigibilidade de direitos, a fim de que todos tenham acesso a políticas sociais adequadas e ao acompanhamento de programas governamentais e de políticas públicas, quando estas existirem, para que sejam efetivas e eficazes. Caso esses programas sociais estejam falhando em atingir seus objetivos por incompetência ou por corrupção ou o Estado esteja ativa ou passivamente violando os direitos humanos pode­se atuar denunciando essas violações aos órgãos competentes ou às instâncias internacionais. Parte do trabalho de denunciar se refere também a levantar a voz quando grupos ou indivíduos atentam contra os direitos de outros grupos, comunidades, etnias ou pessoas.

O desafio de levar a sério os direitos humanos como plataforma que estende o compromisso bíblico de ser “sal da terra” e “luz do mundo” é um desafio missionário urgente que, se enfrentado a contento, contribuirá para que a justiça, a paz, a igualdade e a dignidade humana sejam percebidas como expressão da graça de Deus na demonstração do seu amor infinito.” 21

1.3.1­ Evangelização“E disse­lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”22” A missão do povo de Deus vai além de gestos humanitários. A missão inclui serviço, mas também testemunho verbal. A missão inclui o testemunho verbal da fé no Deus vivo e verdadeiro que nos salvou”23

A evangelização não pode ser dissociada do crescimento cristão, nem da comunhão com Deus e com o próximo.

No dizer de Robinson “quando os membros do corpo estão sendo capacitados e o Salvador está sendo exaltado pela obediência em segui­lo, o evangelismo acontece! Um corpo saudável fará o que a Cabeça, o Senhor Jesus, veio fazer. Ele disse: “o Filho do Homem veio buscar e salvar o que se havia perdido” (Lucas 19:10). Em um corpo de Cristo saudável e obediente, cada crente estará envolvido no uso dos seus dons para evangelizar os que estão perdidos...Esta é a estratégia do evangelismo total. Ela envolve a igreja numa penetração total de sua área com evangelho,compartilhando Jesus com todas as pessoas, sem excluir nenhuma...Todo dom pode ser usado para compartilhar Cristo, levar o perdido a Ele e discipulá­lo.”24

21 CONRADO, Flávio. Revista Compromisso, Cristãos evangélicos e os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos n° 408 (edição de outubro/dezembro 2008), pela editora da Convenção Batista Brasileira.22 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003 Mar 16:15 p. 87.

23 TYMCHAK, Waldomiro, organizador. “Missões em um Mundo Sem Fronteiras”. Rio de Janeiro. JUERP, 2004. p.74

24 ROBINSON, Darrell W.. Igreja Celeiro de Dons. Rio Janeiro. JUERP, 2000. P.24,25.

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O conceito de evangelização passou por uma significativa mudança após o congresso internacional de evangelização mundial realizado em Lausanne.25 O homem passa a ser encarado não apenas como um ser espiritual, mas como um todo, com necessidades físicas, psicológicas e emocionais que precisam ser satisfeitas. A evangelização deixa de ser apenas uma propaganda da igreja e se torna uma ação muito mais completa, visando a transformação da sociedade e das suas mazelas. Merece destaque a tese de Samuel Escobar, que na época do congresso era o Secretário geral da Aliança Bíblica Universitária do Canadá: “ Quando pensamos na evangelização em escala mundial, não podemos negligenciar a realidade que nos cerca em nossa tarefa nos dias atuais, a constatação de que a explosão demográfica, a fome, a opressão, a guerra, a tortura, a violência, a poluição e as formas extremas de opulência, por um lado, e a pobreza, por outro, não estão desaparecendo, mas crescendo em ritmo assustador.”26

Evangelizamos através da vida, de nosso testemunho. Apesar de serem proibidos de fazer proselitismo no Nepal trabalhadores levaram a palavra de Deus e hoje a população de cristãos passou de zero para mais de um milhão como nos diz o artigo abaixo:

“Há sessenta anos não havia presença cristã reconhecida no Nepal. Em 1952, o rei hindu convidou profissionais para irem, trabalharem e contribuírem com o desenvolvimento do seu país em cinco áreas: educação, saúde, desenvolvimento comunitário, engenharia e ciência florestal. O rei foi muito claro em suas expectativas: os profissionais deveriam trabalhar em suas diferentes áreas, mas eram proibidos de qualquer atividade de proselitismo. Como algumas outras organizações, a Interserve passou pela porta aberta e enviou profissionais missionários para o Nepal. Qual a situação da igreja nepalesa hoje? De zero passou para mais de 1 milhão de cristãos. Como isso foi possível? Não existe no mundo lei que proíba alguém de fazer amizades, de ser um profissional do modo como Jesus seria e de responder a perguntas sobre sua própria fé. Com o testemunho de vida daqueles profissionais, o evangelho penetrou a cultura e se estabeleceu.”27

O acompanhamento do novo convertido também merece destaque. Conforme já citamos a evangelização integral se preocupa tanto com os aspectos quantitativos quanto qualitativos. Os batistas têm sido conhecidos historicamente como “ótimos obstetras, mas péssimos pediatras”, isso porque levam as pessoas a Jesus, mas depois não acompanham o seu crescimento espiritual. Isto vale tanto para o conhecimento bíblico, quanto para os relacionamentos e quanto à ética.

Precisamos construir uma igreja saudável, como diz Rick Warren: “A chave para a igreja do sec. XXI será a saúde espiritual, não o crescimento... Se nos concentrarmos somente no crescimento, estaremos nos desviando da verdadeira meta. Quando

25 GRAHAM, Billy et alli. A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. Belo Horizonte. ABU Editora, 1982. p. 7.

26 GRAHAM, Billy et alli. A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. Belo Horizonte. ABU Editora, 1982. p. 174.

27 FASSONI, Klênia Fassoni & César, D.” De zero a um milhão”.Ultimato. Nov/dez 2008.

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congregações estão saudáveis, elas crescem como Deus determinou...Elas crescem naturalmente”28. Isto pode ser comprovado na prática, considerando que a igreja de Sadlleback foi uma das igrejas que mais cresceu nos últimos tempos.

A evangelização também está diretamente ligada a transformação do homem e da sociedade. Evangelho que não transforma é falso evangelho. Algumas igrejas têm crescido à custa de uma pregação das facilidades e conveniências usando frases como “aceite Jesus e todos os seus problemas estarão resolvidos”, ou “ você é filho do Rei e por isso tem direito a todas as bênçãos”. René Padilla, que na época do Congresso de Lausanne era o Secretário Geral Adjunto para a América Latina da Comunidade Internacional de estudantes evangélicos diz: “ O evangelho envolve um apelo ao arrependimento...sem esse apelo ao arrependimento, não existe evangelho. E arrependimento não é simplesmente má consciência, “ a tristeza do mundo” que produz morte( II Cor 7:10), mas uma mudança de atitude, a reestruturação da escala de valores de uma pessoa, a reorientação da personalidade integral.”29 Para realizar essa missão é necessário ter um verdadeiro amor por missões conforme diz o Pr José Bernardo, escritor e conferencista, fundador e presidente da missão AMME Evangelizar

“Amar missões assim é como amar qualquer profissão, esporte ou hobby. Ninguém fará nada de relevante sem amar missões... De fato, amor em missões só tem sentido quando cumpre o maior mandamento. É primeiro amar a Deus sobre todas as coisas; é ter um desejo tão grande de agradá­lo, que este amor nos levará até mesmo a lugares que não admiramos, a culturas com as quais não nos identificamos. Semelhantemente, é amar ao próximo – gente que tem rosto, nome, necessidades, dúvidas, tristezas, alegrias e sonhos. Alguém que eu conheça o suficiente para me importar com sua vida, ao ponto de deixar as escolhas que eu faria para meu próprio bem, para escolher aquilo que beneficia meu próximo.”30

1.3.2­ Ação social“Cada um contribua segundo tiver proposto no coração, não com tristeza ou por necessidade; porque Deus ama a quem dá com alegria. Deus pode fazer­vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Distribuiu, deu aos pobres, a sua justiça permanece para sempre.Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo­vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus. “. 31

A ação social e o evangelismo estão muito relacionados como diz o Dr. Samuel Escobar em tese defendida no Congresso de Lausanne: “...discutir se devemos

28WARREN, Rick. Uma Igreja Com Propósitos. Trad. Carlos de Oliveira. São Paulo: Vida,

1997.p.22.

29 GRAHAM, Billy et alli. A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. Belo Horizonte. ABU Editora, 1982. p. 147.

30 BERNARDO, José.Missões com amor.Revista Igreja. São Paulo.Dezembro2006/janeiro 2007.31 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003 II Coríntios 9:7­11. p. 266.

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evangelizar ou promover ação social é inútil. As duas coisas caminham juntas, são inseparáveis. Uma sem a outra é prova de uma vida cristã deficiente”32 ou como diz Dr. Darrell Robinson:” Todo dom é para o evangelismo!...Não existe uma maneira melhor de se abrir a porta para um testemunho pessoal sobre Cristo do que por meio do ministério assistencial”. 33Hoje, mais do que nunca, a igreja deve estar atenta às necessidades daqueles que estão ao seu redor. Pr. Daniel Cândido diz: “Nunca o mundo viu tanta pobreza como em nossos dias. Há indivíduos pobres, famílias pobres, bairros pobres, cidades pobres, estados pobres e até nações pobres”34 e que conclui o seu capítulo sobre mordomia filantrópica dizendo:

“1º­ à luz do velho e do novo testamento, a obra de beneficência está profundamente enraizada no ser de Deus e em a própria natureza do homem criado à sua imagem e semelhança. Sendo assim, quando o homem deixa de ajudar o necessitado está contrariando a sua própria natureza e desobedecendo ao seu Criador.2º­ Precisamos com urgência redescobrir a importância da mordomia da beneficência, a fim de cumprirmos o nosso papel nesta dimensão da vida cristã consagrada.3º­ O fato de haver exploradores da caridade pública e dos sentimentos religiosos, não deve ser desculpa para escondermos o nosso egoísmo, deixando de socorrer aos que realmente são necessitados”. 35

Diante deste quadro de miséria a igreja precisa ter uma ação efetiva que pode ser tanto na esfera da assistência social, onde “damos o peixe” quanto na esfera do serviço social, onde “ensinamos a pescar”. O que não podemos fazer é nos acomodarmos a atual situação culpando simplesmente o Estado que não cumpre adequadamente o seu papel social. Neste aspecto vemos que a busca por uma nação justa é tarefa constante da igreja.

“No clamor dos profetas contra a injustiça, a idolatria, a perversão do direito, o abandono da compaixão e da misericórdia e a manipulação do sistema político­religioso para enriquecimento próprio, denuncia­se a ausência de solidariedade entre os seres humanos e a responsabilidade do Estado na complacência ou na ativa violação de direitos humanos. Os profetas são verdadeiros defensores dos direitos humanos no Antigo Testamento, com destaque para Amós, Miquéias e Isaías. A agenda de Jesus é o anúncio da chegada da nova realidade do reino de Deus na sua pessoa e obras. Por meio do seu ministério, os pobres e marginalizados recobram a dignidade e a auto­estima (Lc 4. 18­20), os doentes e atormentados são curados e reinseridos no convívio social (Mt 4.23­24; Lc 5.12­14), se anuncia o juízo aos ricos e poderosos (Lc 1.51­53; Lc 6.24­26). Jesus promete a vida eterna àqueles que solidariamente atentam para os direitos humanos básicos do próximo: alimentação, vestuário, hospitalidade ao migrante, privação de liberdade digna e cuidados à saúde (Mt 25. 31­46).”36

32 GRAHAM, Billy et alli. A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. Belo Horizonte. ABU Editora, 1982. p. 179.

33 ROBINSON, Darrell W.. Igreja Celeiro de Dons. Rio Janeiro. JUERP, 2000. P.123.34 CÂNDIDO, Daniel de Oliveira. Reflexões sobre Mordomia Cristã. Duque de Caxias. Editora AFE, 1982. p 190.

35CÂNDIDO, Daniel de Oliveira. Reflexões sobre Mordomia Cristã. Duque de Caxias. Editora AFE, 1982. p 195.

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1.3.3­ Justiça Social“Bem­aventurados os que tem fome e sede de justiça, porque serão fartos....Bem­aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus”37

O termo justiça social não é muito utilizado em nosso meio, mas é uma ação para com o mundo que a igreja precisa estar atenta, pois a mesma está totalmente integrada a ação social e ao evangelismo e conseqüentemente à outras ações que a igreja realizar para cumprir cabalmente a sua missão. O assunto justiça é de tal relevância que foi pronunciado duas vezes nas bem aventuranças contidas no célebre Sermão da montanha.

O Sermão da montanha pode ser considerado como a síntese do Cristianismo. Segundo Joachim Jeremias 38 ele afeta não apenas o ensino e a nossa pregação, mas ele atinge as próprias raízes de nossa existência. Podemos entender o Sermão da Montanha como uma ética de emergência. “O que Jesus prega não é uma moral do progresso a longo prazo: suas exigências se fundam na terrível gravidade do momento”39Diante da crise que vivenciamos atualmente podemos entender como necessária a aplicação direta em nossas vidas. Neste sentido entendemos que as orientações contidas no Sermão da montanha devem se aplicadas com urgência dentro de nossa sociedade.

O Sermão da montanha inicia­se com as beatitudes. A expressão bem aventurados, tradução da palavra makarios é utilizada na literatura grega para se referir aos deuses, ou seja, “ Na fé cristã há um gozo e uma alegria que são divinos...esse gozo sereno, intocável e autônomo que não é afetado pelas diferentes circunstâncias da vida...é um gozo permanente que nada no mundo pode retirar”40 As beatitudes” não descrevem os sentimentos de uma pessoa a respeito de si mesma, mas o seu estado de bem aventurança, da forma que é visto por Jesus”41 Podemos entender então que o desejo de Jesus nas beatitudes é que sejamos pessoas realizadas e plenamente felizes.

É interessante notar que a expressão justiça está presente em duas beatitudes. Na primeira delas (Mat. 5:6) como tendo fome e sede de justiça, cujo significado podemos traduzir da seguinte forma.

36 CONRADO, Flávio. Revista Compromisso, Cristãos evangélicos e os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos n° 408 (edição de outubro/dezembro 2008), pela editora da Convenção Batista Brasileira.37 BÍBLIA DE ESTUDO ALMEIDA. Revista e Atualizada. Sociedade Bíblica do Brasil.2003 Mateus 5:6,10.p. 20.

38 JEREMIAS, Joachin .O Sermão da Montanha. São Paulo. Edições Paulinas, 1978. p 5. 39 _________________..O Sermão da Montanha. São Paulo. Edições Paulinas, 1978. p.17.

40 BARCLAY, William. El Nuevo Testamento: Mateo I . Buenos Aires. Ediciones La Aurora, 1973. p.97,98.

41 ALLEN, Clifton J. Comentário Bíblico Broadman: Mateus. Rio de Janeiro. JUERP,1986. p.139.

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“Os que têm fome e sede de justiça... fala de um anelo de justiça, que é comparável à tal fome e sede físicas como se conhece apenas em países onde o povo morre à míngua de comida ou água. Benditos são os que anseiam pela vitória do direito sobre o erro, nas suas próprias vidas e no mundo. A esses é assegurado que a justiça de Deus prevalecerá”42

Na segunda (Mat. 5:10) como sendo perseguido por causa da justiça. Segundo Barclay esta perseguição era inevitável.

“A perseguição é inevitável porque a Igreja, quando é verdadeiramente a Igreja, tem que ser a consciência da nação e da sociedade. Quando se faz o bem, a Igreja deve elogiar a seus autores: quando se faz o mal,a Igreja deve condenar e inevitavelmente os homens procurarão calar a voz que molesta suas consciências...a mera forma de agir do cristão é uma silenciosa condenação das vidas pecaminosas dos demais, e não pode evitar o ódio deles.”43

Vemos então que o cristão apenas será plenamente realizado e feliz quando estiver inserido em um contexto em que a justiça estiver presente, sendo esta tarefa não apenas do cristão enquanto indivíduo, mas da Igreja como um todo. Logo a justiça é parte integrante da missão da Igreja e nesse sentido percebemos que temos falhado, como diz o Pacto de Lausanne:

“Externamos o nosso arrependimento por nossa negligência por termos, às vezes, considerado a evangelização e a ação social como mutuamente incompatíveis...A mensagem de da salvação implica também em uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, opressão e discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que prevaleçam...A salvação que afirmamos usufruir deve produzir em nós uma transformação total, em termos de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta.”44

Considerando o tema justiça social o Pr. Josué Mello Salgado, Presidente da Convenção Batista Brasileira no biênio 2009/2010 diz: “Temos que nos esforçar para sermos relevantes para a sociedade e devemos buscar responder aos clamores e inquietações do povo brasileiro. Acredito que a sociedade clama por modelos de ética, por modelos de responsabilidade social e pelo evangelho.”45 Dr. Samuel Escobar cita Leighton Ford em sua tese no Congresso de Lausanne:

“Como cristãos, precisamos ser diligentes tanto no amor quanto como na justiça. O amor vai além da justiça, e somente o poder salvador de Jesus Cristo produz o amor real. Mas o amor não substitui s justiça, e uma vez que nem todos os homens serão convertidos e seguidores de Cristo, e visto que os próprios cristãos só amam imperfeitamente, é nosso dever fazer

42 _______________. Comentário Bíblico Broadman: Mateus. Rio de Janeiro. JUERP,1986. p.140.

43 BARCLAY, William. El Nuevo Testamento: Mateo I . Buenos Aires. Ediciones La Aurora, 1973. p.127.

44 GRAHAM, Billy et alli. A Missão da Igreja no Mundo de Hoje. Belo Horizonte. ABU Editora, 1982. p.

242.

45 LISBOA, Fábio Aguiar. “ Conselho geral da Convenção reúne­se pela 1ª vez com novo presidente”. O Jornal Batista.Rio de Janeiro. 29/03/2009. p. 9.

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com que haja justiça na sociedade. Um político cristão empenhado na aprovação de leis que orientem a observância da justiça revela­se um obreiro de Deus tão real e eficiente como um pastor que procura ganhar almas perdidas para Cristo.”

CONCLUSÃO

Após as análises dos textos bíblicos citados, da realidade brasileira e da teologia, ética e práxis batista concluímos que as Igrejas batistas brasileiras tem uma grande missão, que vai além da sua prática litúrgica e evangelística. Esta missão não é para ser desenvolvida apenas por indivíduos, mas pela estrutura eclesiástica e denominacional. Diante de um país que apodrece através da corrupção, da injustiça e do desrespeito ao ser humano como um todo precisamos ser “sal da terra”. O sal conserva e impede que a sociedade se degrade a ponto de apodrecer.Diante de um país que vive nas trevas, onde acordos e negociatas são feitos as escuras, entre quatro paredes e longe dos olhos de todos precisamos ser “luz do mundo”. As trevas não subsistem diante da luz. A luz de Cristo precisa brilhar e mostrar a todos o que está acontecendo por detrás dos “bastidores”.Diante de um país que está aprisionado na mentira precisamos mostrar a “Verdade que liberta”. Apesar do “grito do Ipiranga” os brasileiros continuam escravos aprisionados em estruturas que geram dor e tristeza.A centenária estrutura batista brasileira pode ser um instrumento de Deus para transformação da sociedade brasileira assim como Amós foi “boca de Deus”para falar aos corações que “a injustiça é contra Deus e que a vil miséria afronta os céus”.Se queremos orar: “Venha a nós o Vosso Reino”precisamos nos dispor a construir o Reino de Deus e a instaurar os seus valores aqui na terra.Podemos concluir com o mesmo desejo que iniciamos: Que o Reino de Deus seja uma verdade, onde “o direito corra como água e a justiça como um rio caudaloso”. Quero concluir com uma palavra de esperança, que é o documento elaborado pela Juventude Batista Fluminense em seu Congresso Anual, a qual transpomos na íntegra:

“CARTA DE RIO BONITONós, jovens batistas do Estado do Rio de Janeiro, reunidos no Congresso Juventude Ativa, na cidade de Rio Bonito­RJ, no dias 09­12 de Abril de 2009, nos manifestamos sobre a realidade social do nosso país.Entendemos que a situação de injustiça social, pobreza, fome, desigualdades (raça, gênero, econômica etc.) corrupção, ofendem o caráter de nosso Deus ­ Justo, Santo, Salvador e Libertador – conforme revelado em sua Palavra (A Bíblia).Compreendemos que a vida e mensagem de nosso mestre e Senhor Jesus Cristo, que pregou e manifestou o Reino de Deus, foi revolucionária nos sentidos espiritual, moral e social. É em nome dEle e de Seu Reino que falamos.A) REPUDIAMOS:_ A desigualdade social marcante no Brasil, porque fere os princípios do reino de Deus;_ A omissão da igreja de Cristo frente às necessidades sociais do país e a religiosidade vã e estéril desenvolvida em quatro paredes, que leva ao não desenvolvimento de projetos que visem mudar a realidade social ao redor da igreja local;

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_ Toda espécie de corrupção e falsidade nas relações sociais, sobretudo no campo político._ As formas de exploração do ser humano como trabalho infantil e trabalho escravo.Também as condições de trabalho e renda que não garantem ao cidadão o sustento familiar, o direito ao lazer e às condições básicas de saúde;_ Todas as formas de preconceito e discriminação social, cultural, racial, econômica e de gênero._ As diversas manifestações da violência praticadas em nossa sociedade: Física, sexual, psicológica, contra qualquer grupo populacional, sobretudo mulheres, crianças, adolescentes e idosos. Também a utilização de menores no tráfico de drogas;_ A destruição do nosso planeta e o mau uso dos nossos recursos naturais engendrados por forças produtivas estrangeiras e nacionais, que comprometem a vida da atual e das futuras gerações;_ A não efetividade dos direitos sociais garantidos na Constituição Federal Brasileira;_ O escândalo da presença da fome num país de grandes riquezas naturais (Terras produtivas e farta condições de produção e distribuição de alimentos);_ A banalização da vida e insensibilidade em relação à morte, principalmente as previsíveis e evitáveis;_ O individualismo que acaba por alienar as pessoas frente às necessidades alheias e coloca em segundo plano o interesse coletivo;_ O evangelho interpretado e pregado como oferta de prosperidade, que não reflete a Justiça do Reino de Deus, alienando pessoas;_ A desvalorização da instituição família.B) NOS COMPROMETEMOS A:_ Orar constantemente pela situação social de nosso país, pelas autoridades civis assim como pela liderança eclesiástica;_ Contagiar cada vez mais jovens a exercer a justiça social, utilizando nossas organizações de juventudes (JUBAS) locais e regionais como mobilizadoras de ações sociais nas cidades;_ Estarmos atentos às questões sociais e não ficarmos em silêncio ­ “O que me incomoda não é o grito dos maus e sim o silêncio dos cristãos”. (Parafraseando M. Luther King Jr.)_ Doar nossas vidas em prol do bem­estar social, físico, emocional e espiritual de nossos semelhantes a exemplo de Jesus Cristo, nosso senhor e mestre, cuja vida entregou por todos os seres humanos;_ Preservar o meio ambiente de todas as formas possíveis;_ Buscar o bem comum ao invés de nossos próprios interesses em primeiro lugar; amando o próximo de forma prática. “Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade” (I Jo 3.18)_ Incentivar nossas igrejas a se aproximarem de suas comunidades locais, prestando serviço através de diálogos com instituições de saúde, educação, defesa de direitos etc._ A não sermos omissos, nem negligentes com o cumprimento de nossos direitos e deveres estabelecidos em lei;_ Sermos promotores da paz e da não violência onde estivermos;_ Identificar necessidades e demandas das comunidades em que vivemos e criar estratégias visando ao atendimento das mesmas;_ Buscar conscientizar pessoas, na igreja e comunidade local, sobre os problemas sociais através da realização de fóruns, debates e palestras sobre temáticas sociais;_ Sermos sempre éticos e verdadeiros nas nossas relações pessoais, familiares e profissionais;

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_ Lutar por manter esse compromisso que nasceu no congresso Juventude Ativa 2009.SOMOS FILHOS DE DEUS! JOVENS QUE AMAM A JESUS E VAMOS LUTAR, ONDE ESTIVERMOS, POR PAZ, JUSTIÇA E VIDA.“Pois o Reino de Deus não é comida nem bebida, mas JUSTIÇA, PAZ e ALEGRIA no Espírito Santo!” (Rm 14.17)Essa carta foi elaborada conjuntamente pela liderança da JUBERJ e mais 80 líderes de Jovens que atuam em diversas igrejas Batistas do Estado do Rio de Janeiro.”46Redação: Luís Henrique da Costa Leão, Pr.

Se os jovens batistas do Estado do Rio de janeiro se conscientizaram e querem fazer algo que mude a atual estrutura de corrupção e opressão que rege o Brasil podemos sonhar com um país melhor, mais justo, onde a Justiça de Deus possa estar presente. A Igreja de Cristo, representada de múltiplas formas e com muitos exemplos reais, já tem feito bastante através dessas poucas vozes. Imagino eu qual seria o efeito se toda a igreja se mobilizasse na construção de um mundo melhor. Faço minhas as palavras de Klênia Fassoni em seu artigo “Acorde Igreja”.

“Acorde, Igreja! Abra os olhos para a gravidade da situação em que se encontram as crianças de nosso país e da América Latina. Lembre­se de que Jesus colocou as crianças como modelo no reino dos céus. Reveja suas prioridades. Vá em direção às crianças. Diga a elas que estou escutando seus gemidos e que vou socorrê­las. Sirva você mesma de “abrigo” para elas. Fale a elas do meu amor e seja a demonstração concreta deste amor. Desperte­se também para as injustiças que estão sendo cometidas. ‘Fale a favor daqueles que não podem se defender. Proteja os direitos de todos os desamparados. Fale por eles e seja um juiz justo. Proteja os direitos dos pobres e dos necessitados’ (Pv 31.8­ 9).”47

A responsabilidade cai também sobre nós pastores. Neste sentido concluímos citando as palavras do Pr. Tércio Sá Freire de Oliveira, diretor de programas sociais do vale da bênção (SP) e membro da comissão de ação social e cidadania do conselho de ministros e pastores de São Paulo:

“A responsabilidade dos pastores é enorme – afinal, são eles que conduzem o povo de deus. pastores que promovem a justiça são aqueles que defendem os direitos de crianças e adolescentes, dos idosos, das mulheres, dos trabalhadores, dos presos; promover a justiça é defender o meio ambiente, os direitos humanos; é combater a discriminação de minorias; é promover ações de educação, saúde, preparo profissional e espírito comunitário. o pastor precisa repensar seu ministério. nós, líderes, estamos exercendo de fato o ministério pastoral? o que de fato é relevante? como Jesus agiu? estamos defendendo e protegendo os direitos das ovelhas perdidas e frágeis? somos os defensores e os promotores da justiça? meu avô foi um pastor à moda antiga. ele costumava dizer que pastor precisa ter “cheiro de ovelha”. em outras palavras, o ministro tem que ir onde as ovelhas estão. o pastor precisa conhecer e combater os problemas, as mazelas, as carências e as fragilidades das ovelhas. que sejamos, pois, pastores promotores de justiça social, transformadores,

46 LEÃO, Luis Henrique da Costa, redator.” Carta de Rio Bonito”.Abril de 2009.Rio de janeiro. Mimeo.47 FASSONI,Klênia Fassoni. Acorde Igreja.Ultimato.jan/fev de 2009.

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relevantes, úteis e necessários para as pessoas que precisam ter seus direitos defendidos.”48

2 – DESENVOLVENDO UM PROJETO VOLUNTÁRIOPra. Raquel Miranda

Sabemos que não faltam idéias e energia para atuar socialmente na comunidade, porém, muitas vezes, isso é feito sem um diagnóstico ou planejamento. Este material traz uma sugestão de como colocar no papel seu projeto social e apresentá­lo a parceiros, organizações sociais e empresas. Em cada item, há questões nas quais você e o seu grupo podem refletir, para assim conseguirem estruturar suas ações. Sugerimos que o projeto seja construído no "mundo das idéias", mas, ao mesmo tempo, colocado no papel. Ao redigi­lo, você levanta dúvidas que não haviam surgido. Outra vantagem da redação do projeto é auxiliar na realização de um trabalho mais consistente, que realmente atenda às necessidades da comunidade.

Além disso, você poderá conquistar parceiros, desde que os objetivos, as justificativas e o planejamento sejam apresentados de forma clara e transparente. Esperamos que este material contribua para o seu trabalho. É importante não deixar de buscar mais informações, conversar com pessoas que já fizeram projetos, ver o que funcionou ou não. E bom trabalho!

Existem situações em nossa comunidade que nos incomodam e que gostaríamos muito de transformar. Sonhamos com uma realidade diferente, com uma "comunidade ideal" e, assim, projetamos mudanças para o futuro. Incomodar­se e ter vontade de transformar a realidade são, então, os primeiros passos para que um projeto de voluntariado seja construído. Mas não basta apenas sentir­se incomodado com algo e querer transformá­lo. Para a realização de um projeto de voluntariado, é necessário planejar. Planejar significa elaborar um plano, fazer um roteiro, organizar­se para desenvolver alguma ação.

Quando um projeto é bem planejado, ele se desenvolve de maneira mais eficaz e as possibilidades de sucesso são bem maiores. "Projeto é um empreendimento planejado que consiste num conjunto de atividades inter­relacionadas e coordenadas para alcançar objetivos específicos inter­relacionados dentro dos limites de um orçamento e de um período de tempos dados." Definição da ONU

Uma excelente forma de planejar uma ação solidária é começar a escrever o projeto. Este livro apresenta uma proposta simples de construção e apresentação de um projeto de voluntariado, que facilitará sua divulgação e o

48 OLIVEIRA,Tércio Sá Freire de . “Promotores de justiça”.Revista Igreja.São Paulo.agosto/setembro de 2006

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estabelecimento de parcerias com organizações sociais, comunidades e empresas.

2.1­ Nome do Projeto ­ Pequena descrição do projeto1 ­ Objetivos Quais são os objetivos a ser alcançados? Qual é o público­alvo? 2 ­ Justificativa Por que fazer? Que move o grupo a tomar esta iniciativa? Como foi feito o diagnóstico? Que foi detectado a partir dele?3 ­ Grupo de trabalho Quem são os envolvidos? Como será a divisão de tarefas?4 ­ Avaliação Como será o processo de avaliação? Que indicadores serão considerados? 5 ­ Contrapartidas Quais são as responsabilidades de ambos os lados? Qual o valor das cotas? Como será o retorno de imagem? Como o parceiro poderá contribuir para o projeto? 6 ­ Plano de ação: Quais as ações e as fases necessárias? Como, onde e com que periodicidade elas acontecerão? Qual o cronograma? Qual o plano de divulgação: 7 ­ Recursos necessários: Quanto é necessário para a realização do projeto, em termos de recursos materiais, humanos e financeiros? Qual é o orçamento?Como o projeto será sustentado? Quais os parceiros envolvidos?

Muitas vezes, quando iniciamos o processo de escrita de um projeto de voluntariado, ainda não temos o nome muito claro. À medida que refletimos, discutimos e escrevemos, o projeto vai ganhando forma e consistência. Por isso, o nome, apesar de ser o primeiro dado a aparecer na apresentação do projeto, pode não ser o primeiro fator decidido. O nome do projeto deve transmitir uma mensagem que mobilize os participantes e cative apoiadores. Além disso, tem de ser criativo e despertar o interesse dos possíveis parceiros e da comunidade atendida. Ele pode ser mais explicativo, como, por exemplo, SuperAção, Ação Global, Amor em Ação, etc.

A capa ou a primeira página pode apresentar uma pequena descrição do projeto. Isso facilitará o entendimento do leitor, que saberá de antemão o que será apresentado. Porém, tome cuidado: é necessário que o texto seja bem claro e objetivo. Caso contrário, sua apresentação pode estar comprometida. O que se quer transformar? Quais os objetivos a ser alcançados? Qual é o público­alvo?

Os objetivos expressam os resultados que o grupo pretende alcançar. Por exemplo, se, num determinado bairro, o problema a ser superado é o fato de os moradores reciclarem lixo, um dos objetivos pode ser incentivar a reciclagem de 50% do lixo do bairro universitário, por meio de campanhas educativas. É preciso falar sobre o público­alvo: Quantas pessoas serão diretamente favorecidas? A quem se destina o projeto? Crianças, idosos, jovens? Onde eles vivem? Trata­se de uma população rural ou urbana? Quando uma ação tem objetivos claros, as pessoas envolvidas têm foco, sentem­se orientadas, motivadas e engajadas, e isso faz com que as chances de sucesso sejam maiores. Sendo assim, eles devem ser redigidos de maneira clara e precisa.

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Uma das formas de deixá­los mais claros é torná­los mensuráveis; assim, todos vão compreender quanto se quer atingir. Por exemplo: ampliar em 50% a quantidade do lixo reciclado na cidade. É preciso que os objetivos sejam, além de mensuráveis, realizáveis, observando­se, principalmente, os recursos programados e o tempo estimado no cronograma.

2.2­ Por que fazer? O que move o grupo a tomar esta iniciativa? Justificar um projeto de voluntariado é demonstrar seu impacto e sua necessidade para o público­alvo definido. É fundamental mostrar que ele interessa à comunidade e irá melhorar a vida de muitas pessoas ­­ por exemplo, o caso de um projeto de biblioteca ambulante em locais onde crianças não têm acesso a livros. O primeiro passo para uma boa justificativa é o diagnóstico. Por meio dele, identificamos quais são as reais necessidades daquela pessoa, grupo, área ou organização social beneficiados pela ação voluntária. Existem muitas maneiras de diagnosticar: Entrevistar pessoas da comunidade e das instituições locais que possam ajudar a traçar o perfil das necessidades locais. Fazer e distribuir questionários para mapear as condições atuais. Consultar moradores que vivem há muito tempo no bairro, imprensa, políticos e lideranças locais, para pesquisar o histórico da comunidade. Uma boa ferramenta é o método da “árvore­problema”, onde a própria comunidade detecta dentre suas diversas necessidades, qual a mais urgente.

As informações reunidas no diagnóstico são essenciais para que o projeto se justifique. É fundamental elucidar a necessidade do projeto, o porquê da ação que se pretende realizar e os fatores que levaram ao desenvolvimento da proposta de intervenção. Mostrar que o projeto é relevante e que terá impacto, certamente, fará com que mais pessoas, ou organizações, queiram participar dele ou apoiá­lo. É no aspecto da justificativa que a área de atuação do projeto de voluntariado deve ficar bem definida. Por exemplo: educação, saúde, esportes, cultura e lazer, meio ambiente, nutrição, cidadania. Quanto a este aspecto, quanto mais definida for a área, melhor: educação profissional, saúde bucal, educação nutricional etc.

2.3 ­ Quem está disposto a fazer parte? Neste item, deve­se informar quem está envolvido no grupo de trabalho, quem é o responsável por alcançar os objetivos traçados anteriormente. É importante que, antes de formar o grupo, convidem­se outros alunos para fazer parte. Trabalhar em grupo é elemento­chave para o sucesso.

Quanto mais as pessoas se sentirem "donas" do projeto, mais se sentirão responsáveis pelos resultados. O grupo de trabalho também deve definir as tarefas e os objetivos de cada um. Isso facilitará o andamento do projeto e diminuirá possíveis atritos. Para que o grupo alcance os objetivos traçados, é preciso criar um ambiente de trabalho produtivo e confortável. Para isso, três palavras são importantes: diálogo, respeito e colaboração. O grupo de trabalho pode também escolher um orientador para ajudá­lo na elaboração e execução do projeto.

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2.4­ Como fazer? Quais as ações e fases necessárias? Quando? Qual o tempo necessário para cada fase? O plano de ação determina o momento de organizarmos as nossas idéias de acordo com o tempo de que dispomos, assim como as pessoas e os recursos disponíveis e os objetivos traçados. É o resumo de todas as atividades que devem ser desenvolvidas, por quem e quando. Organizam­se as ações de acordo com o tempo; afinal, um projeto deve sempre ter um cronograma. Mesmo que o desejo inicial seja que o projeto não termine nunca, é preciso que ele tenha começo, meio e fim. Depois, outros projetos, ainda melhores, podem surgir. Mas quanto tempo deve durar um projeto? O período de implementação vai depender dos objetivos traçados, periodicidade e carga horária, grupo de trabalho e recursos. Uma boa forma de construir um plano de ação é respondendo às seguintes perguntas: O que iremos fazer? Qual o primeiro passo a ser dado para se alcançar o resultado desejado? Quem vai fazer o quê? Como serão realizadas as ações? Quais os prazos para as atividades? Como será a divulgação? É possível elaborar uma tabela ou um texto contínuo. O tipo de discurso não importa; o grupo deve relatar as atividades da forma que achar melhor.

NÃO SE ESQUEÇA DE INCLUIR EM SEU PLANO DE AÇÃO: LOCAL DAS AÇÕES. PERIODICIDADE. CRONOGRAMA. PLANO DE DIVULGAÇÃO.

Quando o grupo elabora um plano de ação, as pessoas sentem­se mais comprometidas, pois cada um sabe exatamente o que, quando, como e com quem deverá atuar. Além disso, todos ficam cientes dos resultados esperados. Periodicamente, o grupo deve trocar impressões, idéias, para analisar os problemas e imprevistos do projeto e avaliar se o resultado da ação corresponde ao esperado. Nestes momentos de reflexão, os voluntários podem trocar experiências, levantar possíveis soluções e redirecionar parte do que foi planejado. O importante é saber como solucioná­los. Por exemplo, no projeto de plantio de mudas nativas às margens do rio Tietê, cogitou­se a possibilidade de as mudas não "irem para a frente". Depois de refletir um pouco sobre as possibilidades de solução, o grupo decidiu que a solução seria pesquisar e plantar outras mudas nativas, mais resistentes. É importante reservar espaço no plano de ação para a reflexão sobre o projeto. Isso permite que os voluntários resolvam suas dúvidas, dêem sugestões, repensem atitudes, troquem idéias e participem ativamente do desenvolvimento do projeto de voluntariado.

2.5 ­ Quanto é necessário para a realização do projeto, em termos de recursos materiais, humanos e financeiros? Quais serão os parceiros envolvidos? Todo projeto necessita de recursos para ser viabilizado. Em um projeto de voluntariado, geralmente, esses recursos são constituídos pelo trabalho das

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pessoas, as parcerias, as idéias, o tempo, o espaço físico, os materiais e serviços. É importante listar todos os recursos físicos, humanos e financeiros necessários e um orçamento total do projeto. Além disso, é bom indicar quais parceiros já estão envolvidos em seu projeto e a responsabilidade que cabe a cada um.

O projeto tem que ser idealizado no sentido de tornar­se autossustentável. Isso facilita a aproximação de parceiros e garante sua continuidade. Num primeiro momento, são necessários recursos financeiros, mas, depois, o projeto precisa adquirir autonomia e/ou arrecadar recursos de formas criativas. "Usamos muitas vezes a palavra falta. Dizemos que falta dinheiro, falta material, falta tempo... ou, o que é mais comum: faltam recursos! Quando afirmamos que falta, parece não existir nada. Podemos até dizer que os recursos são insuficientes. Mas, se não tivéssemos nenhum, o grupo nem existiria, porque as pessoas que o formam podem ser consideradas recursos." Maria Carla Corrochano e Dílson Wrasse, in Elaboração participativa de projetos ­­ Ação educativa.

Qualquer tipo de projeto deve levar em consideração os resultados esperados e como eles serão medidos. É fundamental descrever como será o processo de avaliação, que indicadores serão levantados e se será realizado algum tipo de pesquisa.

Atualmente, as empresas e organizações sociais estão interessadas não só na ação, mas, principalmente, nos resultados e nos impactos do projeto. Ter planejado um processo de avaliação demonstra que o projeto não é uma ação pontual, mas que, por trás dele, há reflexão e preocupação com os resultados. É necessário deixar claro que aqueles objetivos colocados no início do projeto não são utópicos; eles são realizáveis, e há uma forma viável de comprovar os resultados. Da mesma forma que se fez um diagnóstico para comprovar a necessidade do projeto, é preciso fazer uma avaliação para descobrir como foi a evolução dos indicadores.

Na última etapa da apresentação do projeto, destaque quais serão as responsabilidades dos organizadores do projeto e dos parceiros. É fundamental que o texto seja transparente quanto ao que cada um deve fazer; isso dará maior credibilidade ao projeto e evitará possíveis mal­entendidos.

Quando for o caso, indique o valor das cotas de patrocínio e a descrição do retorno da imagem. Seja criativo, ofereça espaço em todos os materiais impressos, mas pense em outras alternativas. Se você realmente buscou parceiros que têm sintonia com seu projeto, com certeza irá encontrar outras formas de interação com o parceiro.

Não se esqueça: a organização não quer ser mera doadora de recursos, ela quer participar, interagir, envolver seu público. É o "ganha­ganha" que será

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determinante para o sucesso do projeto. E, para concluir seu projeto, mencione todos os benefícios que ele trará para a empresa.

Parcerias podem ser fechadas para obter recursos financeiros, físicos ou humanos. Seja o que for que tenha sido acordado, é importante desenvolver a parceria, pois somente doar recursos não significa que ela exista. É importante que ambos se conheçam e desenvolvam um relacionamento de médio e longo prazo.

"Parcerias e alianças são associações intra e entre setores, nas quais indivíduos, grupos ou organizações concordam em trabalhar em conjunto para realizar um objetivo ou comprometer­se com uma tarefa específica; dividir os riscos, assim como os benefícios; avaliar o relacionamento e os resultados regularmente, revendo o acordo entre as partes, se necessário. Elas acontecem a partir da constatação de que ações integradas ampliam as possibilidades de alcançar um impacto social mais amplo e baseiam­se no somatório de conhecimentos, recursos e competências das partes envolvidas." Ashoka Empreendedores Sociais.

É importante que o grupo de voluntários faça algumas perguntas e, junto com o parceiro, tente respondê­las. Esta é uma forma de se conhecerem melhor e evitarem futuros problemas: “Até onde vão as responsabilidades de cada parte? Como trabalhar em conjunto sem perder o foco e a identidade? Como garantir benefício e aprendizado a ambas as partes? Que impacto deve ser esperado num projeto em parceria/aliança? Que ética deve reger as parcerias/alianças? “ (Ashoka)

É fundamental também que os parceiros tenham: Visão e valores compartilhados. Eqüidade, respeito à igualdade de direitos. Respeito à cultura, identidade e filosofia de cada parceiro. Transparência, base para uma relação de confiança e de crescimento contínuo. Benefício mútuo. Cooperação, e não competição. Parcerias nem sempre são fáceis. Trabalhe junto com o parceiro para identificar os princípios fundamentais da parceria e, assim, criar as bases para o desenvolvimento de uma relação bem­sucedida e eficiente. Chaves para o sucesso de uma parceria/aliança: Ter cuidado na seleção do parceiro. Negociar de forma criteriosa, com expectativas e resultados bem definidos. Inovar e criar. Saber falar e saber ouvir. Ter flexibilidade para mudanças no decorrer do processo. Entender as necessidades do parceiro tanto quanto as suas. Realizar projetos de qualidade e impacto. Parcerias são excelentes oportunidades de desenvolvimento e crescimento. Não deixe de procurá­las e buscar sinergias. É impossível querer fazer tudo sozinho. Elas são uma ótima forma de garantir a consistência e a continuidade do projeto.

Depois de o projeto ter sido redigido e lido por todos, é hora de buscar as parcerias. Talvez o texto completo tenha muitas páginas, então é interessante criar também uma apresentação em Power Point ou em Word, com uma versão resumida. Utilize cores e imagens e faça com que sua proposta seja diferenciada. Você também pode fazer uma carta de apresentação. Sua

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principal função é fornecer informações que despertem o interesse dos potenciais parceiros, para provocar a leitura da proposta. Com todo o material em mãos, é hora de buscar os parceiros, que podem ser empresas, organizações sociais, a administração local, ou a própria universidade, e universitários. Algumas dicas:

1 ­ Liste as organizações que possam se tornar parceiras. Identifique aquelas que mais se ajustem ao projeto, mesmo que não tenha contato nenhum com elas. 2 ­ Envie a proposta: Depois de identificadas, levante os telefones, endereços e os e­mails, verificando se há, nessas empresas, algum conhecido que possa facilitar a chegada da proposta até o departamento responsável. A proposta pode ser entregue à empresa por e­mail, correio ou pessoalmente. Esta última forma é a mais indicada, pois, em pessoa, podemos apresentá­la melhor e com mais detalhes, além de sanar qualquer dúvida que eventualmente possa surgir. Antes de entrar em contato e fazer a visita, descubra mais sobre a organização e tente enxergar objetivos comuns. Assim, será mais fácil fechar uma parceria que seja interessante para ambos os lados. 3 ­ Contrato de patrocínio: Elabore um termo de compromisso registrando a responsabilidade de ambas as instituições. Para pessoa física, prepare um termo de voluntariado onde consta o que será feito e o período que será realizado. Isso demonstra seriedade e compromisso e fortalece a parceria. 4 ­ Resultados: As organizações envolvidas, seja como patrocinadoras, seja como apoiadoras, sempre ficam ansiosas para receber os resultados do investimento feito. Um relatório bem produzido, que contemple os resultados alcançados e uma discussão sobre a diferença entre estes e os esperados, deixa uma ótima impressão e as portas abertas para participação em novos projetos. Ao final do projeto, atualize sua agenda de contatos, o que será útil para futuras ações.

Elaborar um projeto de voluntariado pode parecer um bicho­de­sete­cabeças num primeiro momento, mas não se assuste. É preciso persistência, paciência e motivação. As coisas nem sempre correm como esperamos, mas isso não deve desmotivá­lo. Encare todas as dificuldades como desafios e vá em frente. Quando você olhar para trás, verá que você e seus parceiros atuaram de forma a trazer benefícios reais para a comunidade com a qual trabalharam. Mãos à obra!

Em 2000, a Organização das Nações Unidas (ONU), ao analisar os maiores problemas mundiais, estabeleceu as 8 Metas do Milênio, que são os 8 JEITOS DE MUDAR O MUNDO. Os objetivos de desenvolvimento do milênio são um conjunto de oito macro objetivos, a ser atingidos pelos países até o ano de 2015, por meio de ações concretas dos governos e da sociedade. 1) Acabar com a fome e a miséria. 2) Educação básica de qualidade para todos. 3) Igualdade entre sexos e valorização da mulher. 4) Reduzir a mortalidade infantil. 5) Melhorar a saúde das gestantes.

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6) Combater a aids, a malária e outras doenças. 7) Qualidade de vida e respeito ao meio ambiente. 8) Todo mundo trabalhando pelo desenvolvimento.

Para saber mais, visite: www.objetivosdomilenio.org.br www.nospodemos.org.br

3 – AÇÃO SOCIAL CRISTÃ Filomena Ribeiro Vieira

Entendemos que existem três passos que precisam ser tomados para implantar um novo programa de Ação Social em uma Igreja.

Conscientização Mobilização Ação

Conscientização é o processo pelo qual as pessoas da igreja venham a entender o que é a Ação Social Cristã, e comecem a desejar a se envolver com a mesma.

Mobilização é quando um grupo de pessoas da igreja começa a organizar­se e planejar ações sociais.

Ação é quando as pessoas de fato fazem algo que pode ser considerado o programa social da igreja.

Antes de mais nada precisamos saber: O que é um programa de Ação Social?

Coloque aqui sua resposta a esta pergunta:

A primeira coisa que diríamos em reposta a essa pergunta é que um programa social não é a mesma coisa que uma instituição social ou uma ONG. O seu programa pode eventualmente tomar a forma de uma instituição, sim, mas tem muita coisa que se pode fazer na área social sem ser uma instituição, associação registrada ou uma ONG. Um programa de ação social pode ser caracterizado simplesmente por ações sociais coordenadas. É comum imaginar que um programa social necessita de uma grande estrutura, como por exemplo, um centro de recuperação para cinquenta drogados, apoiado por organizações internacionais. Porém, uma irmã visitando presidiárias, levando kits de higiene pessoal e recados de parentes distantes que não tem condições

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de visitar o presídio, quando ela faz com o apoio oficial da Igreja, já constitui um programa social.

Isso é muito importante quando você está pensando em iniciar um programa social, pois abre muitas possibilidades para uma igreja que talvez não tenha um número expressivo de pessoas disponíveis para servir, como voluntários, gente com dons administrativos ou dinheiro. Para uma instituição registrada esses três fatores são importantes, mas um programa social pode ter uma estrutura muito mais simples, utilizando talvez dons e tempo de um ou duas pessoas, até sem necessidade de dinheiro externo.

Assim não há necessidade de esperar até juntar certos recursos difíceis: você já pode começar com aquilo que tem em mãos.

Agora, uma coisa que não é um programa de ação social, mesmo que muitas pessoas a chamam de “Uma Ação Social”, é um dia isolado de ações beneficentes em uma certa comunidade, seguido por um ato evangelístico à noite. Um dia desses pode contar com ações de cunho social, tais como corte de cabelo, medição de pressão sanguínea, emissão de documentos e o servir de sopões, porém, muitas vezes o intuito dessas ações não é uma mudança de longo prazo nas condições sociais da comunidade. O alvo é evangelístico, desejando atrair as pessoas pela boa ação. Em si, isso não é necessariamente errado, mas não é um programa de ação social. É um programa evangelístico que utiliza ações beneficentes como uma ferramenta de evangelismo.

Um programa de ação social, em contraste, existe com a meta principal de trazer uma melhora para as condições de vida das pessoas e comunidades. Estes programas tem impactos espirituais, direta ou indiretamente, e estudaremos isso mais tarde, mas a meta central não é cortar cabelo de alguém para depois pregar­lhe o evangelho. A meta é que a pessoa sempre tenha condições de ir ao barbeiro por conta própria (ou até para abrir uma barbearia) e, quando a igreja trabalhar para isso, que através desta ação a pessoa presencia o amor de Deus.

3.1­ Níveis diferentes de Ação Social

Havendo estabelecido a ideia de que um programa social pode tomar muitas formas, do mais simples ministério de amor, à mais elaborada organização, agora precisamos pensar um pouco sobre o tipo de impacto que um programa social pode efetuar. Para fazer isso, pensamos em três níveis em que um programa pode atuar:

Auxílio social diz respeito a auxílio temporário, curativo; tal como doações de cestas básicas, ou ajuda a uma comunidade após uma calamidade. Planejamento para estas ações pode fazer parte de um programa social.

Oportunidade social são ações que providenciam oportunidades para pessoas marginalizadas participarem ativamente na sociedade, por exemplo, através de alfabetização para adultos ou cursos profissionalizantes.

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Transformação social é quando a comunidade engaja­se na transformação das condições sociais em que ela vive. Isso pode ser através de ações comunitárias, mutirões, associações, ou ações políticas, por exemplo, pressionando politicamente para que não haja analfabetismo.

Alguns preferem denominar somente este terceiro nível de “Ação Social”, acreditando que os primeiros dois níveis não são, de fato, ação social por não desafiar as situações sociais e políticas que produzem a desigualdade social, que gera as carências das pessoas. Por exemplo, o auxílio pode criar relacionamentos de dependência mútua entre beneficiados, que acomodam­se, sempre esperando pela ajuda, e os doadores, que doam para poderem sentir­se bem. Esse relacionamento chama­se assistencialismo. Por outro lado, não podemos negar que certas situações demandam auxílio. Uma visão exclusiva que nega o valor de auxílio deixaria uma pessoa morrer de fome.

Um perigo com o processo de providenciar oportunidades sociais é que, enquanto ele providencia ferramentas para sobrevivência em uma sociedade movida pelo capitalismo, ele não questiona o fato de que certos aspectos de capitalismo estimulam desigualdade social, e então pobreza.

De fato um programa saudável de ação social contempla todos os três níveis de ação: auxilio, oportunidade e transformação social. Se uma família está com fome aguda, primeiro dê­lhe de comer, depois providencie oportunidades para uma vida produtiva, terceiro, lute por uma sociedade em que ninguém precisa passar fome.

Por isso aqui, consideramos todos os níveis como Ação Social, reconhecendo que, apesar de certos perigos, eles contribuem juntos para aliviar sofrimento e construir uma sociedade melhor.

Relate aqui alguma situação de carência, real ou imaginária, que demonstra a relação entre os três níveis de ação social, e a importância de cada um:

OBS: Os termos normalmente utilizados na literatura cristã para “auxílio” e “oportunidade” sociais, como eu os descrevi acima, são “assistência” e “serviço” social. Porém, este uso dos termos não corresponde aos conceitos profissionais e jurídicos brasileiros de Assistência Social e Serviço Social.

3.2 – Princípios de um programa de Ação Social Cristã eficaz

Providenciamos aqui uma relação de elementos que consideramos chave para um programa eficaz, para você verificar se existem no seu programa (um tipo de check­list).

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[Acreditamos que se implantar o seu programa de acordo com a visão que expomos neste manual, ele terá todos estes elementos, mas é bom guardar a lista para verificar, de vez em quando, ao longo do andamento do programa]:ƒ

Oração; Conheça a comunidade, os seus anseios, problemas e desejos (Mateus

11.19);ƒ Conheça os recursos que existem entre os irmãos e na comunidade (Atos

4.32­37);ƒ Identifique quais problemas e/ou anseios a igreja pode tratar com os recursos

que tem; Priorizar ações.

1. Descobrir os pontos de encontro entre as necessidades da comunidade e os recursos já disponíveis na igreja local. 2. Estabelecer qual ação é a mais viável entre as mais urgentes. 3. Começar com essa. Parta para outra quando essa for estabelecida. 4. Realizar outras ações também uma por uma 5. Sempre utilizar pessoas diferentes para cada ação diferente

Planejamento (Lucas 14.28­32) ƒ Avaliação (Mateus 11.1­6; 16.13­20) ƒ Envolver membros da comunidade na busca de soluções e na ação, assim

fazendo COM, não para ou por (João 5.1­9; 2 Reis 4.1­7, Elias e a Viúva) ƒ Buscar recursos externos (2 Coríntios 8) ƒ Realizar estudos bíblicos constantemente, como parte normal da vida da igreja,

que tratam de questões sociais (Deuteronômio, Levítico 25, Neemias 5, Amos, Malaquias 3.5, Tiago etc., etc., etc., etc…!!!!!) ƒ

Buscar ter um impacto nos três níveis de ação: Auxilio, Oportunidade e Transformação.

3.3 Outras coisas para ler

Ao longo do manual fazemos referência a vários livros e autores. Na página seguinte destacamos alguns que ajudariam muito na sua compreensão de Ação Social Cristã, o papel que ela cumpre na missão da igreja, e as várias formas que um programa de Ação Social pode tomar. Recomendamos a leitura de pelo menos três destas obras. Também, para quem tem acesso à internet, vale à pena visitar os seguintes sites:

Sobre mobilizando a igreja: http://tilz.tearfund.org/CP/Mobilizando+a+igreja.htmA página de Ação Social da Convenção Batista Brasileira: www.batistas.com/acaosocialUma rede de igrejas praticando Ação Social: www.renas.com.br