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Gestão da Assistência Farmacêutica Eixo 2: Serviços Farmacêuticos Módulo Transversal: Gestão da Assistência Farmacêutica UnA-SUS EaD

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O Módulo Transversal 1 apresentou, por meio de 3 unidades e por inserções nas demais unidades do Curso, a interface entre a gestão, o planejamento e a avaliação dos serviços farmacêuticos.

UnA-SUSM

ódulo Transversal: Gestão da Assistência Farmacêutica

Gestão da AssistênciaFarmacêutica

Eixo 2: Serviços Farmacêuticos

Módulo Transversal: Gestão da

Assistência Farmacêutica

UnA-SUS

EaD

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AvAliAção em sAúde e AvAliAção dA AssistênciA

fArmAcêuticA

Módulo Transversal

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GOVERNO FEDERALPresidente da República Dilma Vana Rousseff Ministro da Saúde Alexandre Rocha Santos PadilhaSecretário de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde (SGTES) Mozart Júlio Tabosa SalesDiretor do Departamento de Gestão da Educação na Saúde (DEGES/SGTES) Felipe Proenço de OliveiraSecretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos (SCTIE) Carlos Augusto Grabois Gadelha Diretor do Departamento de Assistência Farmacêutica e Insumos Estratégicos (DAF/SCTIE) José Miguel do Nascimento JúniorResponsável Técnico pelo Projeto UnA-SUS Francisco Eduardo de Campos

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINAReitor Roselane Neckel Vice-Reitor Lúcia Helena PachecoPró-Reitora de Pós-Graduação Joana Maria PedroPró-Reitora de Pesquisa e Extensão Edison da Rosa

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDEDiretora Sérgio Fernando Torres de Freitas Vice-Diretor Isabela de Carlos Back Giuliano

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS FARMACÊUTICASChefe do Departamento Míriam de Barcellos FalkenbergSubchefe do Departamento Maique Weber BiavattiCoordenadora do Curso Eliana Elisabeth Diehl

COMISSÃO GESTORACoordenadora do Curso Eliana Elisabeth DiehlCoordenadora Pedagógica Mareni Rocha FariasCoordenadora de Tutoria Rosana Isabel dos SantosCoordenadora de Regionalização Silvana Nair LeiteCoordenador do Trabalho de Conclusão de Curso Luciano Soares

Coordenação Técnica Alessandra Fontana, Bernd Heinrich Storb, Fernanda Manzini, Kaite Cristiane Peres, Guilherme Daniel Pupo, Marcelo Campese, Samara Jamile Mendes

AUTORESJoslene Lacerda BarretoMaria Cristina Marino Calvo

AUTORES (2ª EDIÇÃO)Joslene Lacerda BarretoMaria Cristina Marino Calvo

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© 2013. Todos os direitos de reprodução são reservados à Universidade Federal de Santa Catarina. Somente será permitida a reprodução parcial ou total desta publicação, desde que citada a fonte.

Edição, distribuição e informações:Universidade Federal de Santa CatarinaCampus Universitário 88040-900 Trindade – Florianópolis - SCDisponível em: www.unasus.ufsc.br

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIALCoordenadora de Produção Giovana SchuelterDesign Instrucional Equipe Necont Revisão Textual Equipe Necont Design Gráfico Felipe Augusto Franke, Patrícia Cella Azzolini Ilustrações Aurino Manoel dos Santos Neto, Rafaella Volkmann PaschoalDesign de Capa André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal Projeto Editorial André Rodrigues da Silva, Felipe Augusto Franke, Rafaella Volkmann Paschoal

EQUIPE DE PRODUÇÃO DE MATERIAL (2ª EDIÇÃO)Coordenação Geral da Equipe Eleonora Milano Falcão Vieira e Marialice de MoraesCoordenação de Produção de Material Andreia Mara FialaRevisão Textual Judith Terezinha Muller LohnDesign Gráfico Taís Massaro

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SUMÁRIO

unidade 3 - avaliação eM saúde e avaliação da assisTência farMacêuTica ..................................... 7

Lição 1− Avaliar ................................................................................... 9Lição 2− Avaliação em saúde ............................................................. 12Lição 3− Tipologias de avaliação ........................................................ 14Lição 4 - Avaliação da gestão da assistência farmacêutica ................. 21Lição 5 – Modelo metodológico para avaliação da gestão da

assistência farmacêutica .............................................................. 30

referências ......................................................................... 35

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Unidade 3

Módulo Transversal

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UNIDADE 3 − AVALIAÇÃO EM SAÚDE E AVALIAÇÃO DA ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA

Ementa da unidade

• Conceitosdeavaliação;

• conceitosdeavaliaçãoemsaúde;

• tipologiasdeavaliação;

• avaliaçãodegestãoeindicadores;

• diferençasentreavaliaçãoemonitoramento;

• avaliaçãodaassistênciafarmacêutica.

Carga horária da unidade: 15 horas.

Objetivos específicos de aprendizagem

• Identificaroconceitodeavaliação;

• Relacionarosprincipaisconceitosdeavaliaçãoemsaúde;

• Classificarediferenciarasdiferentestipologiasdeavaliação;

• Conheceraavaliaçãodegestãoeosindicadores;

• Diferenciaravaliaçãoemonitoramento;

• Conhecerasdiferentespossibilidadesparaaavaliaçãodeumapolíticapública;

• Conhecer as etapas metodológicas para avaliar a gestão daassistênciafarmacêutica,apartirdeummodelojávalidadoparaaárea.

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Apresentação

Caroestudante,

Estaunidadequevocêiniciaagoratratadaavaliação.EsseassuntoécontempladonesteCurso,porquenãohácomofazergestãosemavaliarseoresultadoestásendoalcançado,seocaminhotomadoestáatendendoàsexpectativas,seos recursosestãoadequados,entre tantasoutrasperguntasquedevemser respondidasporumgestor.

Nós, as conteudistas desta unidade,mostraremos a você que aavaliação pode e deve ser estruturada, que há ferramentas paraisso e que alguns conceitos precisam ser conhecidos para que aavaliaçãopossaserentendidaeutilizadadurantetodooprocessodagestãodaassistênciafarmacêutica.

Discutiremos,também,aavaliação,especificamente,nasatividadesdaassistênciafarmacêutica,incluindooPlanoOperativoeaimportânciadeumsistemademonitoramentoeavaliaçãodosprodutos,efeitoseimpactosdeprogramasdesaúde,easdiferentespossibilidadesparaaavaliaçãodeumapolíticapública,comoaassistênciafarmacêutica.

Lembre-se de que, apesar de abordados pedagogicamente, emmomentosdistintos,nãoépossívelsepararagestão,oplanejamentoeaavaliaçãonocotidianodosserviços.

Bonsestudos!

Conteudistas responsáveis:

JosleneLacerdaBarretoMariaCristinaMarinoCalvo

Conteudista de referência:

JosleneLacerdaBarreto

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ENTRANDO NO ASSUNTO

Lição 1− Avaliar

Começando seus estudos sobre este assunto, a primeira lição foiestruturadaparaquevocêconsigaidentificaromelhorconceitoparaavaliação.

Aavaliaçãoestánonossodiaadia,dasquestõesmaissimplesàsmaiscomplexas.Vocêjáparouparapensarnisso?

Na unidade de planejamento, você foi questionado sobre comocomeçouoseudia,doquevocêselembravaeoquetinhaplanejadoparaoseudia.

Reflexão

Você consegue se lembrar de como o seu dia começou hoje, sobre

quantas questões você teve que parar para pensar, organizar o seu dia?

Seja para levar o filho à escola, o carro à oficina, seja para fazer outra

atividade qualquer, você deve ter pensado no seu tempo disponível, no

trajeto a ser percorrido, em quem deveria ir junto, em informar a essa

pessoa a hora...

Imagineque,paracadacoisaquevocêplanejoufazer,instintivamentevocê avaliou se poderia fazer ou não, se o tempoque você tinhadisponívelseriasuficiente,seteriatempoparaabastecerocarroetc.

Oque você fez foi planejar umaatividade específicaouo seudiatodo. Você, alémde planejar, teve que avaliar qual seria amelhorescolhaaserfeitaparaalcançaroresultadoquepretendiae,depois,damesmaforma,avaliarsuasaçõesparadecidirsefarianovamentedamesmaforma,nomesmolugar,comasmesmaspessoasou,até,senãoseriamelhorfazerdeoutromodo.

Claroqueessasavaliaçõesnãoaconteceramdeformasistematizada.Vocênãousoufórmulasououtrasferramentasparachegaraalgumaconclusão. Sua experiência e conhecimento sobre as opçõesdisponíveis, provavelmente, foram suficientes para, muito rápido,chegaraumasolução.

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Assim como nesse exemplo, no trabalho, tanto nas atividadesrotineirascomoemnovosprojetos,sempreénecessárioalgumtipodeavaliaçãoparavocêchegaraconclusões,indispensáveisparaumavançoestruturado.

O que você aprenderá aqui é que a avaliação pode e deve serestruturadaequeháferramentasparaisso.Vocêtambémidentificaráconceitosqueprecisamserconhecidosparaqueaavaliaçãopossaser entendida e utilizada durante todo o processo da gestão daassistênciafarmacêutica.

Então,vamoscomeçarpeloprincípio:saberoqueéumaavaliação.Paraisso,vocêvaiaprenderoprimeiroconceitodaunidade,queéonossofoco:avaliar.

Avaliar significa “emitir um juízo de valor” sobre alguma coisa.

As pessoas passam grande parte do tempo avaliando algumasituação, mas cada um pode atribuir diferentes juízos de valorparaumamesmasituação.Oprocessodeavaliaçãoéautomático,inerenteaoserhumano.

Umaformabastantecomumdeavaliaçãoéaquelaqueestabeleceum valor monetário sobre determinado objeto ou serviço, ouquandoocorreumaverificaçãodeaprendizadonosistemaescolar.Essasavaliações são traduzidasempreçosenotasouconceitos,respectivamente.Epodeacontecerdeovalordefinidopelovendedoroupeloprofessornãocoincidircomovaloratribuídopelocompradoroupeloaluno.

Reflexão

Isso nos leva a pensar que a avaliação não tem um resultado confiável

ou consistente?

Para responder a essa pergunta, devemos ter em mente que asquestões em jogo são “quemdefineoque será avaliado” e “comquais critérios” se avaliará. Devemos ter em mente, ainda, que,dependendodaposiçãodoavaliadoredafinalidadedaavaliação,osresultadospodemserdiferentes.Nãopodemosesquecer,contudo,queavaliarenvolveumainvestigaçãoe,porisso,exigemétodosclaros

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paraobtençãodosdadose,principalmente,dasinformaçõesusadasparaanálisedessesdadosemfunçãodoscritériosdesucesso.

Figura 1 – Diversidade na avaliação

Esses exemplos do cotidiano ilustram alguns dos vários aspectosenvolvidosnoprocessodeavaliar,porissonãosepodefalarapenasem“avaliar”determinadoobjeto,açãoouserviço.Hánecessidadedeestabelecerprecisãoaoatodeavaliar,demonstrando,claramente,oscritérios,definindoparâmetros,considerandoosatoresenvolvidos,incorporandoosaspectosculturaiseinstitucionaisinerentesaoqueéavaliado.

A avaliação muda de acordo com o contexto através do tempo,gerando mais complexidade das informações, e tornando-a maissofisticadaemtermosdeseuspropósitos.

Nãoháumadefiniçãoúnicaparaavaliação.Avariaçãoeasimprecisõesencontradasna literaturasãoprovocadaspelo fatodequeotermo“avaliação”,paraganharsignificado,necessitaestaracompanhadodeoutrostermosqueinformemsobreoobjetoeosujeitodaavaliação,alémdosseuspropósitos,objetivosemodosdeproceder(GARCIA,2001).Noentanto,existemalgunsconsensosestabelecidos:

• oconceitodeavaliaçãoestádiretamenterelacionadocomaideiadeformularumjuízodevalorsobreoobjetoaseravaliado,oqueincorporaumacargasubjetiva;

• medirnemsempresignificaavaliar;e

• aavaliaçãodeveserumprocessodinâmico,sistêmico.

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É muito importante não perdermos a memória de todas as informações

já construídas sobre os serviços em que atuamos - elas sempre

podem ajudar a compreender e melhorar a realidade atual, por mais

equivocadas ou antiquadas que possam parecer! Você conhece dados

sobre avaliações, de qualquer natureza, já realizadas no serviço/setor

em que trabalha agora? e no sistema de saúde local?

Se não, procure saber sobre isso! Vá ao Bloco de notas e registre estas

informações: quais avaliações foram realizadas, por quem, com quais

métodos, e quais resultados foram alcançados.

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Lição 2− Avaliação em saúde

Nestalição,serádiscutidaaavaliaçãoemsaúdecomoobjetivodetornarvocêcapazderelacionarosprincipaisconceitosdeavaliaçãoemsaúde.Paraisso,vocêprecisavoltarumpouconahistória...

LogoapósaSegundaGuerraMundial,oEstadocomeçouaintervirnaspolíticassociais−educação,assistênciasocial,empregoesaúde.Essa intervenção do Estado, na economia, criou a necessidadedeseencontrarmeiosparaqueadestinaçãode recursos fosseamaiseficientepossível.Oseconomistasforamosprimeirosautilizarmétodosparaanalisarasvantagenseoscustos,econstituíramasprimeirasformasdeavaliaçãonosetorpúblico.

Desse período, destacam-se os termos eficiência, eficácia eefetividade:

1) falamosdeeficiênciaquandoestabelecemosumarelaçãoentreocustoeobenefíciodedeterminadaação,programa,projeto,ouseja,quandoprocuramosfazermaiscommenosrecursos.Équandoagimossemdesperdiçarrecursos;

2) eficácia significa realizar, da melhor forma, as ações que seplanejamouseprogramam,considerandoumasituaçãoidealdeatuação;e

3) efetividade implica mudança de determinada realidade outransformação de uma situação, sendomuito utilizada para oestudodeavaliaçãoderesultados.

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EficáciaEficiência Efetividade

Estabelecer uma relação entre custo e benefício de

uma ação

Agir sem desperdício

Realizar, da melhor forma, o que se planeja

Considerar a situação ideal de atuação

Implicar mudança, transformação da situação

Usar para estudos de avaliação de resultados

Figura 2 – Termos da avaliação de resultados

Ousodaavaliação,comindicadorespertinentesàsrealidadeslocais,podecontribuirnãoapenascomotrabalhogerencial,mascomtodooprocessodeplanejamento.Ojuízodevalordecorrentedaavaliaçãoindicaráadecisãoasertomadanosprogramasouserviçosdesaúde.Portanto, é necessário que esteja claramente definido quem tempoderdedecidirenoque irádecidir.Nassituaçõesde indefiniçãodessesaspectos,nãosefazumaavaliaçãopropriamentedita,esimumdiagnósticodesituação.

A avaliação é, muitas vezes, considerada uma atividade tediosa oucomplexa,cujosresultadossãoutilizadossomenteseconvenientesaosgestores.Émuitoimportantemudaressaconcepçãoeencararaavaliaçãocomoumaferramentaessencialdagestão,usadaparaaprimorarnossasações,alcançarnossosobjetivosdamelhorformapossívelnocontextoconsiderado, aumentando a eficiência e a efetividade na tomada dedecisãoquantoàaplicaçãodosrecursoseàdefiniçãoderumos.

Principalmente, devemos entender que a avaliação não é uma ação

isolada das demais ações, que precise ser realizada por um especialista

em momentos especialmente destinados a ela.

Independentementedaposiçãoqueocupamosnainstituição,sempretemosdecisõesa tomarouoferecemossubsídiosparaqueoutrostomemdecisões.Então,énecessárioquesetenhaclarezadospapéisedas responsabilidadesnoprocessodecisório.Noentanto, todosavaliam,dealgumaforma,suasatividadescotidianas,eoadequadoseriaqueesseesforçonaturalfossesistematizado.Dessaforma,asmedidas,ascomparaçõeseos julgamentosfeitospossibilitariamoredirecionamentodasaçõeseummelhordesempenho.

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Váriosautoresmencionamqueasmaioresdificuldadespararealizaravaliações não são técnicas,mas políticas, como de vontade, desensatez, de sentido comum, de sensibilidade pedagógica, deflexibilidadeedecriatividade.

Identifique processos de avaliação na sua rotina diária: nos afazeres

domésticos, na relação com filhos, no ambiente de trabalho. Na sua

atividade profissional, identifique ações de avaliação que são realizadas

por você e por outros colegas. Que outras avaliações poderiam ser

realizadas? Anote suas reflexões no Bloco de notas.

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Lição 3− Tipologias de avaliação

Estaliçãofoielaboradacomoobjetivodeforneceravocêinformaçõessuficientes para que possa classificar e distinguir as diferentestipologias de avaliação. Para dar andamento aos seus estudos,conheçaosmodelosdeavaliação.

Existemmuitas concepções sobre saúde e suas práticas. A cadaumadelasassociam-sediferentesdefiniçõesetécnicasdeavaliaçãodependendo do enfoque adotado, o qual varia desde a avaliaçãodo cuidado individual até a avaliação de complexos sistemasnacionais de saúde.Muitas técnicas emétodos de avaliação têmsidodesenvolvidoseaplicados.

Das várias abordagens adotadas na avaliação em saúde, omodelo mais empregado para avaliação da qualidade em saúde,principalmentereferenteaoscuidadosmédicos,éodeDonabedian(1980),deestruturaçãosistêmica,queestabeleceatríade“estrutura−processo−resultado”.

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Estrutura

Recursos físicos, humanos, materiais,

financeiros.

Inclui financiamento e disponibilidade de mão de

obra qualificada.

Processo

Atividades que envolvem profissionais de saúde e pacientes com base em

padrões aceitos.

A análise pode ocorrer sob o ponto de vista técnico

e/ou administrativo.

Resultado

Produto final da assistência prestada, considerando saúde e

satisfação de padrões e de expectativas.

Figura 3 – Tríade da estruturação sistêmica

Essemodeloentendeaestruturacomorecursosfísicos,humanos,materiais e financeiros necessários para a assistência à saúde, einclui financiamento e disponibilidade demão de obra qualificada.O processo compreende as atividades que envolvemprofissionaisde saúde e pacientes com base em padrões aceitos. A análisepode ocorrer sob o ponto de vista técnico e/ou administrativo,e os resultados buscam o produto final da assistência prestada,considerando saúde e satisfação de padrões e de expectativas(DONABEDIAN,1980).

Um exemplo de aplicação desse modelo na avaliação da assistência

farmacêutica é descrito no artigo de Maria Auxiliadora Oliveira e

colaboradores, intitulado Avaliação da assistência farmacêutica às pessoas vivendo com HIV/AIDS no Município do Rio de Janeiro, que você

pode acessar na Biblioteca.

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O mesmo autor, Donabedian (1980), propôs os sete pilares daqualidadecomoumaalternativaparaavaliarobjetosmaiscomplexos.Organizamos um quadro descritivo para você acompanhar.

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Observe-o!

Quadro 1 – Pilares da qualidade

Pilares significado

Eficácia o melhor que se pode fazer nas condições mais favoráveis.Efetividade melhoria na saúde nas condições usuais da prática cotidiana.Eficiência custo com o qual dada melhoria na saúde é alcançada.

Otimização efeitos do cuidado da saúde relativamente aos custos.Aceitabilidade atender aos desejos, às expectativas e aos valores dos usuários.Legitimidade aceitabilidade pela comunidade ou sociedade em geral.

Equidade ser justo na distribuição do cuidado na população.

Fonte: DONABEDIAN, 1980.

Muitos têm sido os modelos propostos para avaliar qualidade, e você

pode ler mais sobre isso no livro 3 da Coleção Saúde e Cidadania, escrito

por Malik e Schiesari, denominado Qualidade na Gestão Local de Serviços e Ações de Saúde, disponível na Biblioteca.

Ambiente Virtual

Novaes(2000)realizouumaanálisedasvariáveisqueorientaramasdecisõesconceituaisemetodológicasnaconstruçãodasprincipaismodalidadesdeavaliaçãopropostasnaliteratura,identificandotrês linhas predominantes de abordagens para avaliação em saúde(Quadro2):

• investigaçãoavaliativa;

• avaliaçãoparadecisão;e

• avaliaçãoparagestão.

Quadro 2 – Caracterização de tipos de avaliação em saúde

criTÉriosTiPos de avaliação eM saúde

invesTigação avaliaTiva avaliação Para decisão avaliação Para gesTão

objeTivo Conhecimento Tomada de decisão Aprimoramentos

enfoque Priorizado ImpactosCaracterização e

CompreensãoCaracterização e

Quantificação

MeTodologia doMinanTeQuantitativo, experimental,

quase-experimentalQualitativo e quantitativo

situacionalQuantitativo e qualitativo

situacional

conTexTo Controlado Natural Natural

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criTÉriosTiPos de avaliação eM saúde

invesTigação avaliaTiva avaliação Para decisão avaliação Para gesTão

uTilização da inforMação Demonstração Informação Instrumentos para gestão

juízo forMulado Hipóteses Recomendações Normas

TeMPoralidade Pontual/replicado Corrente/pontual Integrado/contínuo

Fonte: NOVAES, 2000.

A avaliação também pode ser classificada considerando suadimensãotemporal,ouseja,omomentoemqueelaérealizada;essemomento costuma ser identificado como ex-ante e ex-post, casoocorraantesoudepoisdeiniciadaaatividadeemquestão.

• A avaliação ex-ante é realizada para identificar os aspectospositivosenegativosantesdeiniciaraatividade,permitindoquesedecidamapertinênciaeaadequaçãodesuaimplantaçãodaformacomofoiplanejada.

• A avaliação ex-post ocorre após a implantação da atividade,enquantoestásendoexecutadaouapóssuaconclusãoepermiteidentificarnecessidadesdealteração,bemcomoasmudançasocorridasdesdeasituaçãoinicial.

Ainda temos a avaliação de impacto, um tipo de avaliação ex-postrealizadaquandoseconsideraquehouvetempoparaalcançaroimpactoesperado,quepodeserapósmesesouanosdotérminodaatividade.

A partir de sua natureza, a avaliação pode ser classificada comonormativaouavaliativa.

• Aavaliaçãoénormativaquando,deacordocomDraibe(2001),assume característica mais pragmática e consiste em medir/julgarumaintervenção,comparandoosrecursosempregadosesuaorganização(estrutura),osserviçosutilizados(processo)eosresultadosobtidos,comcritériosenormas.

• Já,aavaliaçãoclassificadacomopesquisaavaliativaaferejulgamentoex-postusandométodoscientíficos,apartirdaanálisedapertinênciadosfundamentosteóricos,daprodutividadeederesultadosdeumaintervenção,relacionando-oscomocontextonoqualsesitua,comoobjetivodecontribuirparaatomadadedecisão.

É importante ressaltar, na perspectiva de uma avaliação nãonormativaemaisorientadapelalógicadapesquisaavaliativa,quenãobastaapenas identificarproblemas,énecessáriodefinira Imagem-Objetivo1desejada,jáqueoproblemaédefinidocomoalacunaentrea Imagem-Objetivo e a situação atual. Esse problema será maior

Em seu Plano Operativo, você irá definir a Imagem-Objetivo durante o Momento explicativo.

1

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oumenordependendodecomoestamosvendoadistânciaentreaImagem-Objetivoearealidadeatual.

Mas, afinal, você sabe o que é Imagem-Objetivo?

Imagem-Objetivo, segundo Matus (1983), é uma situação futura ideal

ou desejada, que marca a direção das estratégias a serem implantadas.

Podemos considerar como Imagem-Objetivo uma meta ativa, a ser buscada

mediante a atuação consciente e planejada, que não esteja condicionada pela

disponibilidade presente de recursos nem por prazos ou tempos definidos.

NaconstruçãodeumaImagem-Objetivoprecisamos,deacordocomMatus,observarosrequisitosaseguir.

a) Representatividade: deve expressar as aspirações de grupossociais realmente representativos e responder a problemasverdadeirosetranscendentaisparaeles;

b) Validade:sercapazdemobilizarumaestratégiaviável;

c) Singularidade:apresentarcategoriasqualitativasquerepresentemdeterminadopadrãoouestilodedesenvolvimento;

d) Direcionalidade:deverepresentaroquesepretendealcançarnofuturo;

e) Capacidadesemiótica:deveexpressarcompoucossímbolosagamadeproblemasesoluçõesquesebuscaequacionar.

Poroutrolado,tambémémuitoimportante,naperspectivadapesquisaavaliativa,compreendereanalisarosresultadosencontrados.Precisamossaberoquevamosfazercomosresultadosdaavaliação.Porexemplo,nocasodagestãodaassistênciafarmacêutica,osresultadosrevelamoquê?Quemudançasoualteraçõesprecisamospromover,efetivamente,nanossarealidade,paraoalcancedosobjetivosdagestão?

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Políticas, programas e serviços de saúde são, frequentemente, objetos

da pesquisa avaliativa, uma vez que exigem uma avaliação que:

• revele a relação entre condições, meios, resultados e impactos de uma intervenção;

• verifique a eficácia e a eficiência das ações; e• detecte dificuldades e obstáculos e produza recomendações que

possibilitem corrigir rumos ou disseminar lições e aprendizados.

Um exemplo de aplicação desse modelo, na avaliação da gestão da

assistência farmacêutica, tem-se no artigo de Barreto e Guimarrães

Avaliação da gestão descentralizada da assistência farmacêutica básica em municípios baianos, Brasil, que você pode acessar na Biblioteca.

Ambiente Virtual

As avaliações podem, ainda, de acordo com sua natureza, serdistinguidasentreavaliaçãoderesultadosousomativaedeprocessoouformativa(DRAIBE,2004).

A avaliação de resultado procura responder o quanto e com que

qualidade os programas cumpriram seus objetivos. Nesse caso, os

objetivos abrangem três tipos de resultados, denominados pela autora

como resultados propriamente ditos, impactos e efeitos.

Essadiferenciaçãoépertinentenadefiniçãodofocodeavaliaçãoenaseleçãodeindicadoresadequados“paraaferircadaumdessesníveisderealizaçãodosprogramas”(DRAIBE,2004,p.20).Assim,noprimeironívelde realizaçãodosprogramasestãoos resultadospropriamenteditos,quecorrespondemaos“produtosdoprogramaprevistosemsuasmetasederivadosdoseuprocessoparticulardeprodução”(DRAIBE,2004,p.21).

No segundo nível, encontram-se os impactos que correspondem“às alterações oumudanças efetivas na realidade sobre a qual o

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programaintervémeporelesãoprovocadas”(DRAIBE,2004,p.21).E,porúltimo,encontram-seosefeitosquecorrespondemaoutrostiposdeimpactosquepodemseresperadosounão,masquevãoalémdogrupo-alvo,afetandoomeiosocialeinstitucionalnoqualoprogramaserealizou.

VejanaFigura4,aseguir,a representaçãodoprocessoenvolvido,desdeaexecuçãodeatividadesatéaformaçãodaImagem-Objetivo.

Ações/atividades Operações Imagem-Objetivo

Efeitos

Impacto 1

Impacto n

Produto 1

Produto 2

Produto n

Monitoria Monitoria / Avalia Avalia

Figura 4 – Fluxo de resultados e momentos do M&A

Aavaliaçãodeprocesso,navisãodeDraibe(2004),temcomofocoodesenhoeascaracterísticasorganizacionaisededesenvolvimentodos programas, tendo como objetivo a detecção de fatores que,aolongodaimplementação,facilitamouimpedemqueoprogramaatinjaseusresultadosdamelhormaneirapossível.

Esse tipodeavaliaçãoavançaemrelaçãoaodiagnósticodedadasituação,porqueconstróicompromissosemrelaçãoaumadireçãofuturaquesepretendealcançar(Imagem-Objetivo).

Reflexão

Você deve estar se perguntando: por que precisamos saber das tipologias

da avaliação? Precisamos realmente de todo esse conhecimento?

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 21

Todoconhecimentoéimportante,vistoquenosajudaacompreendera realidade e a avaliar, utilizando métodos científicos, até porquenãoexisteummodelometodológicoúnico,nãoexisteumpadrão.Precisamos adaptar a partir do momento em que tomamos adecisãosobre:oqueestamosavaliando;qualofocodaavaliação;oquequeremoscomela;equal a Imagem-Objetivoqueestamosperseguindo.Enfim,oconteúdoteóricovaidarasustentaçãoparaas respostas das questões que definirão o tipo de avaliação quepretendemos.

A avaliação permite entendermelhor nosso processo de trabalho,compararnossos resultadoscomosobjetivospretendidos,corrigirproblemas durante a execução das ações e propor mudançasquemelhoremnossa atuação. Ela é parte indissociável da gestãodaassistênciafarmacêuticaedevefazerpartedocotidianodeseutrabalho.Entretanto,pararealizaraavaliaçãoénecessárioconhecerprecisamente aquilo que será objeto do estudo, ter clareza dosobjetivos perseguidos, buscar a participação dos envolvidos noprocesso, sem imprimir caráter punitivo, e a vontade política paraexpor nossas fragilidades e, com isso, contribuir para resolver osproblemasencontrados.

Para avaliar, precisamos, antecipadamente, responder aquestões,taiscomooqueavaliar,quemavalia,paraqueavaliarecomoavaliar.Paraisso,precisamoslevaremcontatodoesseconhecimentocomointuitodeescolhermos,deformaadequada,qualotipodeavaliaçãoquerespondeaoobjetivoquepretendemos.

Para encerrar, volte a refletir sobre a assistência farmacêutica que você,

seu gestor, os outros profissionais de saúde e os usuários gostariam

de ter. Neste momento estamos sugerindo a você que descreva essa

situação na ferramenta Bloco de notas, disponível no AVEA, aonde você

quer chegar. Essa reflexão será importante para a construção do seu

Plano Operativo e o desenvolvimento do Curso.

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Lição 4 - Avaliação da gestão da assistência farmacêutica

Nestalição,oobjetivoéapresentarasdiferentespossibilidadesparaavaliar uma política pública, com ênfase na identificação do tipodeavaliaçãomaisadequadoparaavaliaragestãodeumaPolítica

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públicacomoadaassistênciafarmacêutica.

Ao longo doCurso você desenvolverá oPlanoOperativo no localonde você trabalha, assuntoque será tratadonaunidade4desteMódulo.Aofinal,vocêdeveráavaliaroPlano.

Antes, porém, de dar continuidade, para dar suporte à sua proposta de

avaliação, vamos falar de mais alguns importantes conceitos e princípios

sobre como avaliar. Acompanhe!

Para começar, cabe destacar que os resultados da avaliaçãoserão influenciados pelas concepções e práticas de saúde, pelosparâmetrosecritériosadotados,pelosvaloresepelamotivaçãodosenvolvidos,epeloaspectodoobjetoqueestásendoavaliado.

Então, aprimeiraquestãoquesecoloca remetepara “oqueestásendo avaliado em cada programa ou política?” É o processo(implementação);éagestão(condução);sãoosresultadosfinalísticos(impacto); são as metas previamente definidas (programado xrealizado)?Éumdiagnósticodesituaçãoouaconstrução/buscadeumaImagem-Objetivo?

Naliteraturacientífica,pode-seencontrarumadiversidadedeartigossobre avaliação da assistência farmacêutica, sendo, muitos deles,voltados para as atividades operacionais da área. Nesse contexto,verificam-se: qual medicamento foi dispensado; a presença demedicamentovencido;ascondiçõesdaprescriçãomédica;ascondiçõesdeaquisição;oacessoadeterminadaterapiamedicamentosa,entreoutras.Todasessasatividadesestãorelacionadas,principalmente,aociclologísticodaassistênciafarmacêutica.

No entanto, a gestão da assistência farmacêutica vai muito alémdessasatividades,considerandoqueexisteumasériedeaspectosmaisrelacionadosaocampodepesquisadasciênciassociaisquenãosãoinvestigadas,provavelmentedevidoaumalacunahistóricanaformaçãoprofissionaldofarmacêutico.

A intenção aqui é verificar como está a gestão da assistência

farmacêutica, produzindo um diagnóstico ou levantamento situacional.

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 23

Apesar desse resultado já nos trazer uma série de informaçõesimportantes,apóstudoqueaprenderemosnesteCurso,nossoníveldeexigênciaaumentaráevamosquerermuitomais:vamosquereravaliar a gestão da assistência farmacêutica visando a melhoriadaqualidadeedoprocessode implementaçãoedodesempenhodessa política, detectando dificuldades e obstáculos e produzindorecomendações, corrigindo rumos do programa e disseminandoliçõeseaprendizagens.EstetipodeavaliaçãoéconsideradocomoumapesquisainteressadaouPolicy Oriented(DRAIBE,2004).

Umaavaliaçãodessetiposecaracterizatambémcomoumaavaliaçãodeprocesso,que,comovimosnasliçõesanterioresdestaunidade,é entendida como aquela que foca o desenho, as característicasorganizacionaiseodesenvolvimentodeprogramas,detectandoosfatoresque,aolongodaimplementação,facilitamouimpedemqueumdadoprogramaatinjaseusresultadosdamelhormaneirapossível(DRAIBE,2004).

Esse tipo de avaliação exige levantamento de hipóteses ou depremissas, que são formuladas à luz de uma Imagem-Objetivoreferenciada pelos avaliadores e pelos outros atores envolvidos,paraquepossibiliteiralémdadescriçãodosfenômenoseavaliarosachados,deacordocomcritériospartilhadoseexplícitos.

A Imagem-Objetivo deve explicitar o consenso de diversos atoressobreoque seria ideal para agestãodaassistência farmacêuticanaquelemomento.Comissopretende-sedizerquedaquiaalgunsanos,ouatéemmenos tempo,essa Imagem-Objetivonãoservirámais,quando,então,seráprecisoreconstruí-la,reformulá-la,repensá-la.Tambémseráassimcomalgunsindicadores,queprecisarãoserexcluídos oumodificados ou até ter seu parâmetro alterado, vistoqueesseéumprocessocontínuo.

Lembre-se sempre de que estamos falando da realidade, e que o fato de

aplicar o protocolo de indicadores e de mostrar seus resultados, mesmo

sem intencionalidade, já é desencadeador de mudanças em algumas

práticas. Quando realizamos uma entrevista ou aplicamos um questionário,

a atenção é despertada para alguns aspectos que, antes, envolvidos na

rotina do trabalho, não eram considerados importantes pelos atores.

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Outraquestãoaserdefinidaésobre“Quemavalia?”.Essadefiniçãoé importanteaoconsiderarmosqueaprocedênciadosavaliadorespode influenciar o processo de avaliação. Avaliadores externos –nãovinculadosàinstituição–possuemavantagemdenãoestaremenvolvidos diretamente com o objeto, o que pode conferir maiorimparcialidadenaavaliação.Poroutro lado,podempossuirmenosconhecimento do objeto avaliado, implicando em compreensõesfragmentadasdosaspectosenvolvidos.

Avaliadores internos são aqueles que pertencem à instituiçãoexecutora,masnãosãoresponsáveispelaexecuçãodoprogramaaseravaliado.Seporumladoessaposiçãoofereceavantagemdoconhecimentodoobjeto,poroutroimplicanoriscodeoenvolvimentoinstitucionalprejudicaraavaliação.

É frequenteacombinaçãodeavaliadoresexternose internosparaampliar as vantagens das posições, constituindo-se, neste caso,avaliações mistas. Ainda, pode ocorrer de o responsável pelaexecução ser o próprio avaliador, quando se trata de uma auto-avaliação. A avaliação para amelhoria da qualidade da EstratégiaSaúde da Família (AMQ) é uma proposta de auto-avaliação,conduzida por equipes de saúde da família, coordenadores deunidadesde saúdeegestoresde sistemas.A avaliaçãoque vocêfarámaisfrequentementetambémédessetipo.Vocêavaliaráações,operações,procedimentoseprogramaspelosquaiséresponsável,comafinalidadedeidentificarpossibilidadesdemelhorar.

Exemplos dessa avaliação são os estudos de linha de base,conduzidos por universidades para o Projeto de Expansão eConsolidaçãoàSaúdedaFamília(PROESF).

Para saber mais sobre os Estudos de Linha de Base, sugerimos a leitura do artigo Estudos de Linha de Base do Projeto de Expansão e Consolidação do Saúde da Família (ELB/Proesf): considerações sobre seu acompanhamento, de Bodstein e colaboradores, publicado na Revista

Ciência & Saúde Coletiva. O artigo está disponível na Biblioteca.

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Agora,vocêpodeestarsequestionando:comoseavalia?

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 25

Asdefiniçõesprévias,referentesa“oqueavaliar”ea“quemavalia”,sãodecisivasnosucessododesenhodosmodelosmetodológicosdeavaliação,osquaisdevemapresentarumarcabouçoconceitualcapazdeorientaraformulaçãodepremissaseparâmetrosclaros.

Faz-senecessáriodefinirmetodologiasadequadasacadaobjetivoe a cada realidade, por isso não existe ummodelo único ou umformulário padrão, visto que esses serão adaptados a partir dosseguintespontos:

• oqueseestáavaliando;

• qualofocodaavaliação;

• oquequeremoscomestaavaliação;e

• quedefiniçãodeImagem-Objetivoestamosperseguindo.

Se,aoavaliar,estamoscomparando,dandovalor,precisamosdeixarclarocomoqueestamoscomparando. Istoé,a Imagem-Objetivodeveestarmuitobemdefinida,parapossibilitarumaanáliseseguradosresultados.

Outraquestãoqueorientaaavaliaçãoé“vouavaliarparaquê?”,ouseja,devemosnosperguntarparaqueservemosresultadosobtidoscomaavaliação.

AtipologiapropostaporNovaes(2000),ejáapresentadanasliçõesanterioresdestaunidade,ofereceumbom resumodas finalidadesdasavaliaçõesemsaúde,realizadasnosúltimosanos,quaissejam:Investigação Avaliativa, Avaliação para Gestão, e Avaliação paraDecisão.

Enquantoaavaliaçãoéconsideradaumexercícioseletivo,realizadoem diferentes momentos, buscando o alcance de resultados,podemos dizer que o monitoramento é um exercício contínuo esistemático, que visa oferecer informação oportuna e em tempoeficaz sobre a condução do objeto monitorado em direção doalcance dos resultados, revelando o progresso ou os obstáculosexistentes.Ouseja,omonitoramentopermiteavaliaraeficáciadasintervenções,constituindo-seumadasformasdeavaliaçãorealizadascomafinalidadedeaprimoramento.Alémdeidentificarosproblemasrapidamente, omonitoramento deve produzir respostas ágeis aosproblemasdetectados.Alémdisso,normasecritériosdevemestarprevistosparamedidasdecorreção.

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Paramonitorar,énecessárioumsistemadeindicadorespertinentes,que forneçam informações úteis, precisas e sintéticas para quemrespondepelaexecuçãodasações.

O monitoramento dos indicadores do pacto e a vigilância epidemiológica

de agravos são exemplos dessa forma de avaliação.

Aavaliaçãopara subsidiar a decisãodeve responder as questõeslevantadasporaquelesquevivenciamoobjetoaseravaliado(programadesaúde,modelodeassistência),sendoqueoconhecimentoeavivênciadoavaliadorsobreoobjetosãodecisivosnesteprocessodeavaliação.

Aavaliaçãoésubsidiadaporescolhasconceituaisquesãodependentesdo objeto de avaliação, assim, por exemplo, ao contextualizar agestão da assistência farmacêutica municipal que pretendemosavaliar,ficaclaroqueaintençãonãoéavaliarumagestãoqualquer,mas umagestão transparente, descentralizada e compartilhada noâmbitomunicipal;e,apartirdasdimensõesdagestãodaassistênciafarmacêutica,éconstruídoumprotocolodeindicadores.

Indicadores para avaliação

Os indicadores constituem a tradução do fenômeno que vamosavaliar e são construídos a partir dos dados desse fenômeno.Osdados, por sua vez, são valores, números, palavras, frases, queprecisamseranalisadosparaoferecerinformação.

Numa avaliação de processo, os indicadores funcionam comosinalizadores da realidade, constituindo-se em parâmetrosquantitativosouqualitativos,revelandoseosobjetivosestãosendobemconduzidos.Já,emumaavaliaçãoderesultados,osindicadoresrevelamseosobjetivosforamalcançados(MINAYO,2009).

As principais fontes de dados em saúde são os levantamentoscontínuos, registrados na medida em que os fatos ocorrem. Noshospitais e nas unidades de saúde, por exemplo, os dados sãoregistradoscontinuamente.Acadaatendimentosãofeitasanotaçõesnos prontuários, registrados procedimentos ou internações,efetivadosencaminhamentosparaoutrosserviços.Doisexemplosderegistroscontínuosnaassistênciafarmacêuticasãoosregistrosdadispensaçãodemedicamentos(controledeestoque)edeliberaçãodemedicamentoscontrolados(necessidadelegal).

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 27

Links

Você pode identificar os dados disponíveis nos subsistemas de

informação em saúde em Informações de Saúde em http://www.

datasus.gov.br. Acesse e confira!

Quandoosdadospodemserobtidosdiretamentepelointeressado,pormeiode investigações,entrevistas,documentos,observações,sãodenominadosprimários.Já,quandosãoobtidospormeiodeconsultaabancosdedadosourelatórios,publicadoseconduzidosporoutraspessoasouinstituições,sãodenominadossecundários.

Osdadosdisponíveis em sistemasde informações são expressosem números, quantidades ou contagem de eventos. Alguns sãoapresentadosnaformadetaxasouproporçõesdeocorrências.

Todavia, a explicação oferecida por dados quantitativos pode não ser

suficiente para a avaliação pretendida. Nesse caso, são necessários

outros dados, que subsidiem as análises qualitativas, as quais

aprofundam o conhecimento do objeto.

A combinação de abordagens qualitativas e quantitativas permiteavaliarprogramasdesaúdedeformamaisabrangente.TanakaeMelo(2001) fazem uma boa síntese sobre a indicação das abordagensquantitativasequalitativas,conformeapresentadonoQuadro3:

Quadro 3 - Síntese sobre uso de abordagens quantitativas ou qualitativas.

uTiliza-se a abordageM quanTiTaTiva uTiliza-se a abordageM qualiTaTiva

Para avaliar resultados que podem ser contados e expressos em números, taxas, proporções.

Para avaliar resultados individuais dos participantes de um programa,

serviço ou atividade.Para conhecer a cobertura e a concentração do programa.

Para responder a questões sobre como, o quê e por quê.

Para conhecer a eficiência do programa.Para avaliar a dinâmica interna

de processos e atividades.

Para responder a questões relativas a quanto.Para obter uma descrição global e destacar

as nuances de um programa ou serviço.Para avaliar atividades cujos objetivos

sejam bastante específicos.Para avaliar atividades cujos objetivos

são gerais e pouco específicos.

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uTiliza-se a abordageM quanTiTaTiva uTiliza-se a abordageM qualiTaTiva

Quando o objeto a ser avaliado possui diferenças de grau (exigindo uma lógica

de mais ou de menos).

Quando se quer personalizar o processo de avaliação.

Quando se busca estabelecer relações significativas entre variáveis.

Quando a coleta de dados quantitativos é tão rotineira que não se presta mais atenção

ao significado expresso por eles.Quando o objeto a ser avaliado possui diferenças de gênero.

Fonte: TANAKA; MELO, 2001.

Dificilmente um indicador isolado fornecerá a explicação que sedeseja.Paraconseguiraexplicaçãonecessária,omaisprováveléquesejanecessárioumagrupamentodevários indicadores.Assimsendo,aoverificarqueadispensaçãodedeterminadomedicamentoestáalta,porexemplo,nãobastafazertalindicação,devemtambémserembuscadasasexplicaçõesdacausadessaocorrência, eemquecondiçõesissoestáocorrendo.

Sãocritériosparaseleçãodeumindicador:

Quadro 4 - Critérios para seleção de um indicador.

validade facTibilidade confiabilidade inTeligibilidade reProduTibilidade

O fenômeno ou a situação medido(a)/ observado(a) pelo

indicador é relevante para o que se pretende avaliar?

Existe disponibilidade e são acessíveis ou

possíveis de serem coletados os dados e as informações

necessárias ao cálculo do

indicador?

Os dados e as informações

disponíveis para o cálculo do indicador/

ou os dados a serem coletados são

confiáveis?

A forma de calcular o indicador é

compreensível a todos?

O indicador é possível de ser

utilizado em todas as situações a serem

avaliadas?O indicador reflete o que se deseja

avaliar?

Aqualidadedeumindicadorestáfortementevinculadaàqualidadedosdadosquelhedãoorigem.Esteéomaiorproblemaparaaavaliação:encontrarbonsdadosparaformularbonsindicadores.Temosmuitasfichas,formulários,relatóriosesistemaspararegistrodedados,maselessão,muitasvezes,incompletosounãoconfiáveis.Essasituaçãopodeserconsequênciadafaltadeinteresseporpartedosenvolvidosnacoleta,naanáliseenousodosdadosedainformação.Se,porumlado,osprofissionaisqueestãonoatendimentodiretodapopulação(responsáveispelamaiorpartedos registrosdedados)devemseralertados quanto a esse problema, tambémos gestores precisamserconscientizadosdequeousofrequenteesistemáticodosdadosparaanalisarassituaçõesdetrabalhoegestãovaiinfluirdiretamentenaqualidadedosdados.

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 29

Reflexão

Reflita sobre sua participação na produção de informações para

avaliação e planejamento. Você tem colaborado para que os dados

sejam completos, fidedignos? Qual sua participação no treinamento e

na capacitação para a coleta e o processamento de dados?

A avaliação da gestão depende de mais fatores do que osindicadoresquantitativospossamesclarecer,istoé,sãonecessáriosdados de natureza qualitativa, sendo que tais dados dependemde investigação,buscaecoletaespecíficas.Os instrumentosparacoletadessesdadossãopensadosespecificamenteparaoquesedeseja sabernaquelaocasião.Podemserentrevistas, reuniõesdegrupos,observaçãodesituações, relatórios,atas,entreoutros,osquais sãocuidadosamente verificadose registradosparaposteriorinterpretaçãoporpartedoavaliador.Paraaavaliaçãodeumapolíticapública,comoaassistênciafarmacêutica,éprecisoterclarezadosseusobjetivos,dosseusprincípiosedassuasmetas,ouseja,aondequeremoschegar.Minayo(2009)chamaaatençãodequeaescolhadosindicadoresparaavaliaçãodevelevaremcontaosaspectosdapolíticaorganizacionalquequeremosanalisar,erecomendaaadoçãodeumsistema(protocolo)deindicadoresbaseado:

i) nasconcepções,nosinteressesenosenfoquesdaorganizaçãoedosatoresenvolvidos;

ii) nocontexto(cadaavaliaçãoproduziráumsistemadeindicadoresespecíficos);

iii) nomododagestãoedosrecursos.

Nessa direção, a proposta de construção de um protocolo deindicadoresparamonitoramentoeavaliaçãodoPlanoOperativodaassistênciafarmacêuticadoseulocal(ouprograma,ouprojetoetc)deatuaçãoconsideratodooprocessodeconstruçãocoletivadesseplano,ondeessesaspectosforamincluídos.

Para cada necessidade há que se pensar e formular os instrumentos e

as técnicas adequados.

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Barreto e Calvo 30

Lição 5 – Modelo metodológico para avaliação da gestão da assistência farmacêutica

Nestalição,apresentaremosasetapasmetodológicasparaavaliaragestãodaassistênciafarmacêutica,apartirdeummodelojávalidadoparaaárea.

Comojávimosanteriormente,nãoexisteumafórmulamágicaparaavaliar,nemexisteumaplanilhapadrãoquegarantaosucessodaavaliação.

Ao apresentarmos para você um modelo metodológico para avaliação,

estamos revelando um caminho para ajudar nas escolhas que você deve

fazer para realizar a avaliação da gestão da assistência farmacêutica da

sua realidade.

A intenção desse modelo é detectar dificuldades e obstáculos eproduzir recomendações, aproximando-nos da pesquisa avaliativaPolicy Oriented(DRAIBE,2004).Essetipodeavaliação,pautadanalógicadapesquisa,exigelevantamentodehipótesesoudepremissas,que são formuladas à luz de uma Imagem-Objetivo referenciadapelosavaliadoreseoutrosatoresenvolvidos,oquepermite iralémdadescriçãodosfenômenoseavaliarosachados,deacordocomcritériospartilhadoseexplícitos.

Para saber mais, acesse o artigo Avaliação da gestão descentralizada da assistência farmacêutica básica em municípios baianos, Brasil, de

Barreto e Guimarães, disponibilizado na Biblioteca.

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Veja,aseguir,asetapasdeformulaçãodomodelometodológicodeavaliaçãodagestãodaassistênciafarmacêutica.

Etapa 1 – Formulação

Nesta etapa definimos os conceitos-guias que possibilitama construção da Imagem-Objetivo da gestão da assistênciafarmacêutica,ouseja,apontaparaoquesequerperseguir,aondesequerchegar,tendocomofundamentoasseguintesdiretrizes:

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 31

• O processo de avaliação requer escolhas fundamentadas nocontextotécnico,socialepolíticodagestãoaseravaliada.

• Asescolhasconceituaisdevemserdiscutidaseconsensuadasnão só entre os pesquisadores do grupo de pesquisa, comotambém com os diferentes atores envolvidos na sua gestão(como,porexemplo,os farmacêuticosdaSecretariaMunicipaldeSaúde,SecretariaEstadualdeSaúde,especialistasdaáreadegestãoedeavaliação).

• AImagem-Objetivoeosindicadoresnãosãodefinitivos,elessãodefinidoslevandoemcontaocontextolocal,trata-se,portanto,deumprocessocontínuoeemconstanteaperfeiçoamento.

• Os indicadores são construídos a partir dos conceitos-guiasdefinidos para esta avaliação e das premissas definidas paracadaumadasdimensõesdagestão.

• Osindicadoresmensuramcoisasdiferentes.

Etapa 2 – Operacionalização

Nestaetapaocorreaaplicaçãodoprotocolodeindicadoresnoslocaisobjetos da avaliação (amostra), para isso, entende-se necessáriofazeralgumasdefiniçõespréviascomo:

• Definircritériosparaaamostraaseravaliada.

• Identificar os informantes-chave, detentores das informaçõesrelevantessobreagestãodaassistênciafarmacêutica.Noatualcontexto em que se encontra a assistência farmacêutica noBrasil, consideramos como informantes-chaves os seguintesatores: secretários municipais de saúde, coordenadores daassistência farmacêutica, gerentes de unidades básicas desaúde,coordenadoresdeprogramasdesaúde, farmacêuticos,prescritores(médicoseodontólogos),usuários.

Etapa 3 – Etapa Síntese – Plano de análise ou “caminho de volta”Parametrização dos Indicadores

Apósdefiniçãodostiposdeindicadoresselecionados,deve-separtirpara suaparametrização,ou seja, atribuir “umamedida”desejávelcomoreferênciaparaanálise/leituradosresultadosdecadaindicador.Os parâmetros devem ser contextualizados com a realidade dosfenômenosqueestãosendoavaliados,esãodefinidosapartirde

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discussão com os diferentes atores envolvidos com a assistênciafarmacêutica,levandoemconsideraçãoocontextodoSUSnopaís.Paratanto,sugere-seconsideraroseguinte:

• a adoção de uma escala com quatro pontos de corte, paraindicarosresultadosqueforemobtidospormeiodafrequênciadedeterminadas respostasentreumconjuntodeatores.Essaescala, considerada inclusiva, pode ser de 25%, 50%, 75%e100%,querepresentamospercentuaisderespostasesperadas.

• A adoção de uma escala de cores para representação dosresultados. Para tanto, sugere-se tomar como modelo asinalizaçãoutilizadanotrânsito:verde(situaçãopositiva,quedevesermantidaouultrapassada);amarela (situaçãodecuidado);evermelha (situação de perigo); a cor roxa (como intermediáriaentreoamareloeovermelho)significandoumasituaçãodealerta.

Emsíntese,osresultados,apartirdoconjuntodeindicadores,serãodadosdaseguinteforma:

• Os indicadores que apresentam a cor vermelha revelam assituaçõesqueprecisamserpriorizadas.

• Osindicadoresqueapresentamacorroxaindicamumasituaçãodealertaquerevelaqueprecisasermodificada.

• Osindicadoresqueapresentamacoramarelarevelamsituaçõesquejáevidenciamavanços,masqueprecisamseraperfeiçoados.

• Osindicadoresqueapresentamacorverderevelamumasituaçãopositiva,ouseja,queestãodeacordocomaImagem-Objetivoquesedesejaconstruir.

Leitura dos resultados

Parareconhecerospontoscríticos,bemcomoospontosaltosdagestãoda assistência farmacêutica, retoma-se amatriz e faz-se aleituracríticadosresultadosobtidospormeiodosindicadores.Tendoemvistaodesenhodaavaliação,esseretornoàmatrizpermite,entreoutrosaspectos:

• identificar os indicadores que obtiveram piores e melhoresresultados;

• identificar os constrangimentos2 à gestão, os quais podem sesituaremdiferentesníveisdosistemadesaúde;

Pode ser entendido como constrangimento tudo

o que pode interferir de forma negativa, ou seja, que impeça, que atrase,

que limite, que dificulte a observação de qualquer uma das características da gestão.

2

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Unidade 3 - Avaliação em saúde e avaliação da assistência farmacêutica 33

• promover discussões internas com a equipe sobre osdeterminantes e os condicionantes do comportamento dedeterminadasvariáveis;

• definirearticularestratégiasparasuperaçãodosconstrangimentosidentificados,e/ouparamanutençãodascondições favoráveis,emcurto,médioelongoprazo.

Essa característica de retorno à matriz confere a este modelometodológicoacondiçãodeferramentadegestão,importanteparaavaliar e acompanharosconstrangimentoseasoportunidadesnaconduçãodapolíticadeassistênciafarmacêuticabásica,noâmbitomunicipalesuasinterfacescomasinstânciasestadualefederaldoSistemaÚnicodeSaúde.

Essemodelodeavaliaçãonãoseencerraemsimesmo,aocontrário,subsidia o planejamento do presente na direção da conquista deumdesenvolvimentoplenodacapacidadedegestãodaassistênciafarmacêuticanoSUS.

Chegamos ao fim desta etapa de estudos, quando conhecemosmelhorosaspectoseascaracterísticasdaavaliação.Desejamosatodosumótimoaprendizado.Bonsestudos!

Concluímos os estudos desta unidade. Acesse o AVEA e confira as

atividades propostas.

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Análise crítica

Nessaslições,apresentamosoconceitodeavaliaçãoqueadotamosnoCursoparaquevocêcompreendacomoeporqueelaocorre.

Lembre-sedequenãoháapenasumconceitoequevocê temaliberdade de ir buscar outros na literatura para aumentar o seuconhecimentoarespeitodoassunto.

Vocêtambémaprendeuquehámetodologiaparaavaliar,eaprendeutambémsobreostiposdeavaliaçãoparaaáreadasaúde.

Com esse conhecimento, você estámais preparado não só paracompreender melhor o conteúdo apresentado, bem como maispreparadoparaimplantaragestãoemseumunicípio.

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Referências

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Barreto e Calvo 36

Autores

Joslene Lacerda Barreto

GraduadaemFarmáciapelaUniversidadeFederaldaBahia(UFBA)em1991.CursouespecializaçãoemAssistênciaFarmacêutica(1997),mestradoemAdministração (2007)eatualmenteédoutorandaemAdministração na mesma universidade. Profissionalmente, iniciounaSecretariadaSaúdedoEstadodaBahia (SESAB)em farmáciahospitalar, na qual permaneceu por oito anos, depois atuou naassistência farmacêuticadonível central daSESAB,exercendoasatividadesdeplanejamento,avaliaçãoemonitoramento.

Dessa experiência, surgiu a necessidade de aprofundamento naáreadegestão,pormeiodomestradonaEscoladeAdministraçãoda UFBA, cujo tema foi avaliação da gestão descentralizada daassistênciafarmacêutica.Essadecisãofoioiníciodeumaaproximaçãoprofissional com a academia, na qual foi professora substituta dadisciplinadeFarmáciaeSaúdeColetiva.ÉpesquisadoradoNúcleode Estudo e Pesquisa em Assistência Farmacêutica (NEPAF),coordenadopelaprofessoraMariadoCarmoGuimarães.AtualmenteéfuncionáriaconcursadadaUFBA.

http://lattes.cnpq.br/7212864955110687

Maria Cristina Marino Calvo

BolsistadeProdutividadeemPesquisadoCNPq−nível2,possuigraduação emOdontologia pelaUniversidadedeSãoPaulo (USP,Bauru,1981), mestrado em Saúde Pública pela Universidade deSão Paulo (1996) e doutorado em Engenharia de Produção pelaUniversidadeFederal deSantaCatarina (UFSC,2002).Atualmenteéprofessora adjuntadaUniversidadeFederal deSantaCatarina eatuanoDepartamentodeSaúdePúblicaenosProgramasdePós-GraduaçãoemSaúdePúblicaeemOdontologia.TemexperiêncianaáreadeSaúdeColetiva,comênfaseemAvaliaçãoemSaúde.Nosúltimo cinco anos (2008-2012), publicou 44 artigos emperiódicosnacionaiseinternacionais,4capítulosdelivroseváriosresumosemanaisdecongressos.Orientououcoorientou3tesesdedoutorado,13dissertaçõesdemestradoe39monografiasdeespecialização.

http://lattes.cnpq.br/9980742756657663

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